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Dicas para redação de


Relatórios de Pesquisa Mineral
Introdução
Para a maioria dos geólogos, trabalhos de campo e ou laboratórios são as melhores
etapas de suas atividades. Mas, concluídas estas etapas vem outra tão importante quanto,
que consiste em converter toda essa informação em textos, o que para estes mesmos
profissionais, é a etapa mais penosa, pois, muitas vezes, falta a veia literária e a técnica
de redação.

Para aprovação de um relatório de pesquisa, é crucial que os textos estejam claros e


objetivos, que ressaltem os conteúdos mais importantes sem ser prolixo. Devemos tomar
cuidado com o uso de estilos regionais, com a precisão dos termos técnicos, com o
emprego das “traduções livres”, etc.

Imagine todo o esforço de consulta a fontes bibliográficas, idas ao campo para a descrição,
mapeamento e amostragem de rochas, análises laboratoriais para verificação de teores
e demais fases da pesquisa mineral. Seria muito tempo, dinheiro e esforço perdido se
esses dados técnicos precisos não fossem colocados de forma correta no relatório para
sua aprovação.

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Então, fica a dica
Conduza o texto de forma a obter um produto final claro, preciso e
conciso, para colocar em evidência não apenas o que sabe, mas
também o que sabe fazer com o conhecimento

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Escreva bem!
É importante saber se expressar na forma textual

• Correção gramatical
• Correção ortográfica
• Problemas de coerência: concatenação de ideias, numa abordagem sequencial,
didática
• Pense no esforço de consulta a fontes bibliográficas, idas ao campo para a descrição,
mapeamento e amostragem de rochas, análises laboratoriais para verificação de
teores e demais fases da pesquisa mineral
• Quão ruim é se esses dados precisos, com qualidade técnica, não forem colocados de
forma correta no relatório?
• Escreva um texto simples, direto e preciso

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• Deixe claro para o DNPM que as técnicas foram utilizadas corretamente, que os dados
são confiáveis e que a jazida mineral foi bem descrita
• Todo o esforço de redação deve focar este item
• Evite estilos regionais.
• Cuidado para seu texto não esconder conteúdos importantes e ressaltar o que é
irrelevante
• Um relatório grande, com muitas páginas não é necessariamente um relatório bom

Não seja prolixo.


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A linguagem científica no relatório
• Sua forma deve ser aceita pelo rigor científico (geológico)
• Deve ter rigor literário que identifique imediatamente o rigor científico
• Deve permitir a compreensão pelos pares
• Não deve ter limites geográficos, mas ser universal

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Ao redigir, tenha sempre em mente
• Exercício de coerência e ênfase
• Foque na clareza para não confundir os objetivos
• Na simplicidade para compreensão fácil
• E na concisão para leitura ágil

Venda seu peixe


de forma profissional e competitiva
Abandone estilos pessoais
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Coerência
• Escreva com raciocínio lógico
• Coloque o termo mais importante no início da frase
Ex. O gabro consiste de hornblenda e labradorita
Melhor: Hornblenda e labradorita compõem o gabro
• Escalas (do geral para o detalhe, do início para o fim...)
• Definir os temas dos parágrafos, que devem ter sequência temática linear

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Ênfase
Use-a de forma a chamar a atenção para o que deseja. Exemplos abaixo.

A deposição de areia originou os arenitos do Paraná (ênfase em deposição)


A origem dos arenitos do Paraná se deve à deposição de areia (ênfase em origem)

Os arenitos do Paraná originaram-se pela deposição de areia (ênfase em arenitos)


No Paraná, os arenitos originaram-se por deposição (ênfase em Paraná)

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Clareza
• Escolha as palavras certas e coloque-as na posição certa
• Evite a repetição de termos, frases e ideias
• Evite o gerúndio (ele gera ambiguidade)
• Estruture bem as frases
Ex. As camadas são siltitos e argilitos, seus fósseis indicam idades cambrianas
Melhor: Os siltitos e argilitos compõem o pacote. A ocorrência de fósseis indicam
idades cambrianas para o conjunto.

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Concisão
Escrever de forma direta, sem ser prolixo.

Ex. Um grande número de ocorrências econômicas de mineralizações de bauxita é


encontrado na região norte do Estado do Pará.
Melhor: Um grande número de jazidas de bauxita ocorre no Estado do Pará.

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Simplicidade
Não impor obstáculos com termos incomuns

Ex. Epístolas pretéritas, que decifram o trato com fragas de embasamento patentes
nas serranias centrais goianas e que materializam o somatório de acontecimento
tectônicos, custodiam-nas vários museus.

Melhor: Vários museus contém documentos antigos que descrevem as rochas


do embasamento das regiões montanhosas da porção central de Goiás, as quais
representam sucessivos eventos de acreção crustal.

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Abandone os vícios
Nome de minerais no plural (para se referir a cristais ou grãos), a não ser que esteja se
referindo à variações na substância.

“A nível de”

“Através de”

Troque “baseado em” por “em base a análises...”

Sedimento VS rocha sedimentar

“Grosseiro”...

Entre muitos outros

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Em mapas

Não custa
lembrar: escala,
coordenadas e
datum
Texto legível e bem dimensionado
Restrinja-se ao tema do texto
Sempre prefira escalas gráficas

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Em gráficos

O objetivo é a
agilidade de leitura
Faça-os bem desenhados
Valorize os dados, não o entorno
Atenção nos eixos (densidade e tamanho
dos valores)

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Em tabelas

Facilite a leitura de
grupos de dados
Deve ser simples
Deve ser auto-explicativa
Deve ser completa
Deve conter dados precisos

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Em imagens

Devem mostrar
claramente seu
objetivo
Evite desperdício de espaço

Não há necessidade de moldura

! Cuidado com o foco

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Dicas Importantes

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Evite termos que resultaram de traduções livres:
Ex: depletado, emplaçado, pervasivo...

Prefira os correspondentes em nosso idioma


Ex: empobrecido, colocado, penetrativo

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A formulação geral do problema
Colocação clara da natureza e importância da pesquisa

Revisão da literatura mais significativa que descreve a geologia local

A localização da área

Mapa de acesso georreferenciado

Mapa geológico georreferenciado

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Métodos usados na pesquisa
• Relacione os métodos (mapas, imagens, arquivos digitais, amostras, procedimentos
analíticos...)
• Deixe de lado os materiais de uso implícito
• Relacione equipamentos e softwares (se pertinente, sua localização e empresas
responsáveis)
• Ressalte as vantagens e limitações dos métodos, mas sem abordar detalhes

Evite declarações irrelevantes


“as amostras foram pesadas em balança...”

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Descrições da jazida
Devem:
• Ser sucintas
• Ser lineares
• Se restringir ao mais significativo para a caracterização do depósito mineral
• Incluir resultados que informem insucessos na investigação

Enfatizar o resultado para sua


exploração comercial

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Não deixe de enfatizar na
conclusão do relatório
Os dados de campo foram bem aplicados para a delimitação da jazida.
As análises garantem a exequibilidade de seu aproveitamento econômico

É extremamente importante demonstrar


compromisso nesse sentido

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Revise.

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Terminou o seu texto?
Salve o arquivo, com um backup de segurança, durma, durma bem.

No outro dia, retome. Porém como se fosse um um leitor. Tenha foco em relação a forma
para monitorar a clareza, retocar conteúdos mais importantes e eliminar os supérfluos.

Estamos quase lá!


Para fechar com chave de ouro, peça alguém para revisar seu texto, e fazer uma crítica
feroz.

Está seguro com seu texto?


Salve seu arquivo, faça um backup em dispositivo externo ou na internet

Agora você já pode partir


para o abraço ;)
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A pesquisa
mineral é cara
O conteúdo e a forma do relatório devem
fazer jus ao investimento!

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05
Motivos de reprovação do
Relatório de Pesquisa Mineral

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Os Relatórios em pesquisa mineral, que são submetidos aos órgãos governamentais
competentes, por vezes, apesar de deter conteúdo com comprovada e suficiente atividade
de pesquisa em campo, não conseguem a aprovação.

Diversas são as causas pelas quais os relatórios técnicos de atividades de pesquisa,


não são bem elaborados e, por consequência, não atingem seu objetivo proposto, qual
seja, sua aprovação. Muitas vezes um profissional com grande conhecimento técnico,
não consegue retratar o que foi visto em campo e foi diagnosticado por análises, sejam
químicas, físicas ou de quaisquer outras naturezas, em seu relatório. Diversas são as
causas e estatísticas elaboradas em 2015 (ZIMMERMANN, 2015), retratam o seguinte
cenário de causas principais para o insucesso:

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Interpretação de análises químicas e físicas inseridas de modo a não se chegar em
32% conclusão alguma ou deixando o analista do relatório confuso sobre a conclusão obtida;

Técnica incorreta de elaboração do relatório com texto mal redigido levando a


26% interpretações dúbias ou interpretações incorretas do que está disposto no relatório;

Atividade de campo efetuada de modo a não englobar toda a área ou não retratada de
24% forma coerente levando a interpretações dúbias sobre sua caminhamento em campo;

Inserção de informações em relatório que não agregam nada em conteúdo (geologia


10% regional exagerada, fitofisionomia, clima...), resumindo, não seja prolixo.

Interpretação incorreta das legislações vigentes (prazos, entes a ser enviados, conteúdo
8% legal em vigor).

Obs.: Dados de pesquisa não divulgados pelo DNPM


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Para uma atividade de Pesquisa Mineral, a qual é premissa para uma atividade de lavra
via concessão de lavra no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), alguns
passos devem ser dados para que estágios sejam atingidos. Deve-se requerer a área
alvo, elaborar um bom Plano de Pesquisa Mineral – que será alvo de aprovação do DNPM
– comunicar seu início de pesquisa, executar as atividades em campo com a anuência
do superficiário para, por fim, elaborar um relatório de pesquisa. Este relatório pode ser
parcial, solicitando prorrogação de prazo para a pesquisa, ou final, ensejando o final da
pesquisa propriamente dita. Outra forma de se pesquisar, após a fase de autorização de
pesquisa, propriamente dita, são os Alvarás Especiais, submetidos à aprovação do Diretor
Geral do DNPM.

A atividade de pesquisa é algo complexo e que deve concluir por algo simples, porém
completo. A forma de se chegar a este fim é de suma importância para que o minerador
possa atingir seus objetivos propostos, quais sejam, as aprovações de seus relatórios
submetidos aos órgãos competentes, em especial ao DNPM.

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Sobre o Autor

Henrique Zimmermann
Geólogo doutorando pela Universidade de Brasília,
possui experiência em legislação minerária, exploração
mineral e em trabalhos de diagnóstico e salvamento
paleontológico em empreendimentos de mineração
e energia. Atua como representante de mineradoras
junto ao DNPM em todo o território nacional.

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