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Escola
Politécnica
da
Universidade
de
São
Paulo
Departamento
de
Engenharia
Hidráulica
e
Ambiental
–
PHA
PHA2537
–
Água
em
Ambientes
Urbanos
Seminários
TÉCNICAS
URBANÍSTICAS
PARA
MITIGAÇÃO
DA
IMPERMEABILIZAÇÃO
Ewerton
Mendes
Rosa
-‐N.
USP
7177470
Gabriel
de
Alencar
Novaes
-‐N.
USP
7177696
Maria
Fernanda
Pilotto
Brandi
-‐N.
USP
4358302
Nathália
Fieri
Jorge
Mir
-‐N.
USP
7598379
Vanessa
Dantas
de
Moraes
-‐N.
USP
6817972
Prof.
Dr.
José
Rodolfo
Scarati
Martins
2015
1
Sumário
1.Introdução
................................................................
3
1.1
Impermeabilização
x
inundações
........................................
3
2.
Drenagem
Urbana
..........................................................
8
2.1.Medidas
não-‐estruturais
junto
à
fonte
(Lotes)
.........................
9
2.1.1
Limitação
..........................................................
10
2.1.2.1
Dispositivos
enterrados
..........................................
11
Poço
de
infiltração
......................................................
11
2.1.2.2
Dispositivos
em
coberturas
.......................................
12
Teto
verde
...............................................................
12
Telhado
Reservatório
.....................................................
13
2.1.2.2
Combinação
de
dispositivos
diversos
..............................
13
Ecocontas
e
comércio
de
certificados
de
desenvolvimento
-‐
Europa
.........
13
Proposta
de
Cota
Ambiental
-‐
São
Paulo
...................................
13
2.2
Medidas
junto
à
microdrenagem
(Vias
públicas)
.................
16
Pavimentos
permeáveis
....................................................
16
Pavimentos
infiltrantes
..................................................
17
Valas
de
infiltração
.....................................................
17
Trincheiras
de
infiltração
...............................................
18
2.3
Medidas
junto
à
macro-‐drenagem
................................
19
2.3.1.1
PÔLDERES
.........................................................
19
2.3.1.2.
RESERVATÓRIOS
DE
DETENÇÃO/PISCINÕES
.............................
21
2.3.1.3.
OBRAS
DE
CANALIZAÇÃO
............................................
22
2.3.1.4.
RESERVATÓRIOS
SUBTERRÂNEOS
......................................
23
2.3.1.5.
DESVIO
DO
EXCEDENTE
DE
VAZÃO
ATRAVÉS
DE
TÚNEL
...................
23
2.3.1.6.
AUMENTO
DA
DECLIVIDADE
DO
CANAL
.................................
24
4.Considerações
Finais
.....................................................
29
5.Bibliografia
.............................................................
29
2
1.Introdução
A
impermeabilização
é
um
dos
maiores
impactos
decorrentes
do
processo
de
urbanização.
Segundo
MARTINS
(2012,
pp.
01)
“no
estado
de
São
Paulo,
mais
de
95%
dos
habitantes
vivem
nas
cidades,
configurando
um
retrato
demográfico
que
sofreu
uma
alteração
drástica
nos
anos
1960
e
atualmente
mostra
certa
estabilidade,
com
taxas
de
crescimento
moderadas
e
baixas.
A
tendência,
entretanto,
é
de
que
as
cidades
se
consolidem
como
‘a
parada
definitiva’
da
população
do
futuro,
tornando-‐se
também
o
grande
vilão
ambiental,
por
concentrarem
grandes
demandas
sobre
o
solo,
o
ar
e
os
recursos
hídricos.
”
Considerando
a
já
consolidação
de
uma
mancha
urbana
impermeável,
o
presente
trabalho
tem
enfoque
sobre
a
atenuação
e
compensação
em
regiões
já
muito
impermeabilizadas
e
medidas
de
controle
em
áreas
de
expansão
urbana
ou
mudança
do
uso
do
solo.
picos
e
reduz
a
base
dos
histogramas.
Podemos
observar
esse
efeito
na
figura
01.
Figura
01:
Relação
entre
a
impermeabilização
e
o
run
off
a
partir
de
diferentes
pesquisadores
(Tucci,
2007).
Fonte:
MARTINS.
J.
R.
S.
2012,
pp.04
A
densidade
populacional
tem
uma
correlação
com
a
taxa
de
impermeabilização
dos
terrenos,
segundo
MARTINS,
2012,
pp.
04.
Onde
3
essa
taxa
de
impermeabilização
“tendia
a
uma
saturação
ao
redor
de
65%
a
partir
de
100
habitantes/hectare,
quando
então
a
verticalização
manifesta-‐se
mais
fortemente.
”
Porém,
como
a
cidade
é
composta
por
diversas
pessoas
com
diferentes
ocupações
e
núcleos
sociais
seria
um
pouco
simplista
dizer
que
somente
a
densidade
populacional
tem
uma
correlação
com
a
taxa
de
impermeabilização.
Portanto,
segundo
Okubo
(apud
PINTO,
2011)
a
dinâmica
do
uso
do
solo
muda
constantemente
(não
necessariamente
só
em
relação
ao
crescimento
populacional)
seja
por
questões
culturais,
econômicas,
legislativas
e
tanto
por
efeitos
de
políticas
públicas
ou
segundo
a
própria
comunidade.
Utilizando
a
relação
de
domicílios/hectares
e
taxa
de
impermeabilização
observou-‐se
que
há
uma
grande
relação
e
variabilidade
(apud
PINTO,
2008).
A
figura
02
mostra
esse
estudo
realizado
por
PINTO.
Figura
02:
Relação
entre
a
densidade
de
domicílios
e
a
impermeabilização
dos
terrenos
em
diferentes
cidades
comparadas
com
o
estudo
de
Campana
et
all
(PINTO
et
all,
2008).
Fonte:
MARTINS.
J.
R.
S.
2012,
pp.04.
Contudo,
a
densidade
de
domicílios
está,
assim
como
tudo
dentro
da
dinâmica
das
cidades,
sofrendo
mudanças
culturais
e
sociais.
Pelo
gráfico
apresentado
a
seguir,
podemos
observar
que
há
uma
tendência
na
diminuição
de
habitantes
por
domicilio,
tendo
pessoas
preferindo
morar
sozinhas
ou
em
casal.
Assim
temos
mais
domicílios
por
habitante,
possivelmente
espalhando
mais
a
mancha
urbana
e
gerando
uma
tendência
a
impermeabilizar
mesmo
com
populações
relativamente
menores.
4
Figura
03:
Relação
habitantes/domicilio
no
município
de
Praia
Grande/São
Paulo
e
com
projeção
até
o
senso
de
2000.
Fonte:
MARTINS.
J.
R.
S.
2012,
pp.04.
Definiremos
impermeabilização
como
cobrir
uma
superfície
de
terreno
com
material
impermeável
artificial,
de
forma
e
servir
de
base
à
construção
de
edifícios
e
infraestrutura.
Mesmo
tendo
lados
positivos
como
proteger
o
subsolo
e
controlar
o
escoamento
das
águas
pluviais,
o
solo
possui
diversas
funções
além
da
base
e
sustentação
para
edificações
e
infraestrutura,
como
de
caráter
estético
para
a
paisagem,
retirar
alimentos
pela
agricultura
e
as
vezes
até
de
caráter
térmico.
Ao
impermeabilizar
o
solo,
reduzimos
sua
função
a
de
simplesmente
servir
de
apoio
para
construções.
Para
deixar
mais
claro
os
efeitos
da
impermeabilização
do
solo,
utilizou-‐se
os
esquemas
abaixo
5
Figura
04:
Efeitos
da
impermeabilização
no
solo
(Fonte:
http://www.coastal.ca.gov/nps/watercyclefacts.pdf).
As
retenções
das
águas
pluviais
no
solo
podem
aumentar
o
tempo
em
que
elas
levariam
para
chegar
nos
corpos
d’água
o
que
reduziria
o
risco
de
inundações.
Contudo,
com
a
impermeabilização
do
solo
não
retém
a
água
da
chuva
aumentando
assim
o
risco
de
inundações.
Nas
cidades,
onde
a
impermeabilização
do
solo
é
maior
que
na
parte
rural,
há
a
necessidade
de
captar,
escoar
e
tratar
as
águas
pluviais.
Assim,
devido
à
natureza
do
solo
das
cidades
torna-‐se
necessário
um
ordenamento
mais
organizado
e
feito
pensando-‐se
no
escoamento
das
águas.
Contudo
esse
ordenamento
depende
de
várias
instancias
como
as
autoridades
públicas,
responsáveis
pelo
planejamento
e
ambiente
como
outras
que
possuem
influencia
indireta
ao
tema,
principalmente
as
de
níveis
administrativos
pois
elas
que,
normalmente,
cuidam
da
gestão
dos
terrenos.
Muitas
medidas
foram
feitas
para
compensar
ou
mitigar
os
problemas
gerados
pela
impermeabilização
do
solo.
Nessas
medidas
temos
as
de
maior
abrangência
como
a
criação
de
zonas
úmidas
(SCHUELER,
1987
apud
RANDOLPH,
2004)
ou
ações
pontuais,
tais
como
a
exigência
de
dispositivos
de
infiltração
em
construções
individuais
estabelecida
na
Lei
n.º
12.526,
de
02
de
janeiro
de
2007
(SÃO
PAULO,
2007).
As
técnicas
compensatórias
são
um
conjunto
de
dispositivos
que
se
baseiam
nos
princípios
do
armazenamento
de
água
para
regular
as
vazões
à
jusante
e
da
infiltração
no
solo,
possibilitando
a
reduzir
os
volumes
escoados.
Além
da
exigência
do
emprego
de
determinados
materiais
ou
técnicas
pode-‐se
recorrer
ao
estabelecimento
de
cotas
que
limitam
o
lançamento
de
águas
pluviais
no
sistema
público.
6
A
seguir
veremos
diversos
exemplos
de
medidas
compensatórias
e/ou
mitigadoras
para
a
impermeabilização
do
solo
urbano.
7
2.
Drenagem
Urbana
A
drenagem
urbana
é
um
gerenciamento
da
água
da
chuva
que
escoa
no
meio
urbano.
Ela
consiste
em
diversas
medidas
com
o
objetivo
de
minimizar
os
riscos
que
a
população
está
sujeita,
diminuir
os
prejuízos
causados
por
inundações
e
proporcionar
um
desenvolvimento
urbano
de
forma
harmônica,
articulada
e
sustentável
com
os
recursos
hídricos.
Assim,
a
drenagem
urbana
é
uma
condição
necessária
para
se
ter
uma
cidade
melhor,
pois
contribui
efetivamente
para
a
melhoria
da
qualidade
de
vida
no
ambiente
urbano.
No
entanto,
algumas
práticas
atuais,
no
que
se
refere
ao
tratamento
da
drenagem,
consistem
em
práticas
tradicionais,
com
atuação
sobre
a
ampliação
de
galerias
e
canis.
Esse
tipo
de
tratamento,
por
vezes,
apenas
muda
o
endereço
dos
problemas
de
alagamentos
para
regiões
mais
a
jusante.
Cada
vez
mais
há
uma
tendência
de
adoção
de
práticas
sustentáveis
que
almejam
uma
urbanização
integrada
a
um
planejamento
de
gestão
das
águas,
a
fim
de
que
os
problemas
possam
ser
previstos
e
equacionados.
Essa
tendência
é
fundamentada
em
conceitos
modernos
de
desenvolvimento
de
baixo
impacto,
que
consiste
em
uma
análise
hidrológica
da
bacia,
a
fim
de
se
compreender
o
funcionamento
desta
antes
e
depois
da
urbanização,
para
que
as
estratégias
sejam
desenvolvidas
de
modo
que
o
projeto
implementado
incorpore
as
funções
de
reserva
são
e
infiltração
perdidas
por
ela
devido
ao
processo
de
urbanização.
Outro
conceito
é
o
de
práticas
sustentáveis
na
administração
do
meio,
que
é
um
conjunto
de
ações
na
bacia
com
o
intuito
de
promover
a
atenuação
dos
impactos
da
urbanização,
considerando
aspectos
relacionados
à
quantidade
e
qualidade
da
água.
A
incorporação
de
medidas
sustentáveis
no
planejamento
da
drenagem
urbana
é
cada
vez
mais
necessária,
pois
com
isto
pode-‐se
encontrar
um
caminho
racional
para
os
problemas
relacionados
ao
gerenciamento
das
águas
no
ambiente
urbano.
Abaixo
segue
uma
tabela
com
algumas
possíveis
soluções
sustentáveis
de
drenagem
urbana.
-‐-‐
8
Figura
05:
Classificação
das
soluções
sustentáveis
de
drenagem
urbana
segundo
escala
de
aplicação.
Fonte:
SANTOS,
2006,
pp.
29.
9
2.1.1
Limitação
As
medidas
de
limitação
provêm
essencialmente
de
um
arcabouço
legal
que
regule
o
uso
e
ocupação
do
solo
urbano.
Evidentemente
que
no
estágio
de
impermeabilização
existente
nas
grandes
cidades
brasileiras,
limitações
devem
ser
abordadas
como
medida
para
novos
empreendimentos
em
áreas
de
expansão
urbana
ou
em
mudanças
de
uso.
Em
relação
às
áreas
urbanas
como
um
todo
são
medidas
de
controle,
limitando
o
avanço
da
impermeabilização
nos
níveis
correntes
em
novos
empreendimentos.
Na
abordagem
individualizada
de
lotes
urbanos,
a
limitação
do
uso
em
outros
lotes
vizinhos
pode
ser
entendida
como
uma
compensação
em
outro
local
da
bacia,
uma
vez
que
dificilmente
é
aplicável
a
“desimpermeabilização”
de
uma
situação
existente,
exceto
os
casos
nos
quais,
pela
dinâmica
urbana,
há
mudança
de
ocupação.
2.1.1.1
Taxa
de
permeabilidade
É
a
relação
entre
a
parte
permeável
que
permite
a
infiltração
de
água
no
solo,
livre
de
qualquer
edificação,
e
a
área
do
lote.
Foi
introduzida
na
legislação
do
município
de
São
Paulo
na
década
de
2000,
sendo
em
média
de
20%
da
área
do
lote.
Santos
(2014)
aponta
que
os
resultados
hidrológicos
são
pouco
satisfatórios,
pois
se
reduz
pouco
o
escoamento
superficial,
além
de
que
para
as
áreas
“permeáveis”
não
são
considerados
fatores
de
resistência
à
infiltração
como
as
diferentes
permeabilidades
naturais
do
solo,
graus
de
compactação
e
lajes
de
garagens
subterrâneas
a
baixa
profundidade.
2.1.2
Atenuação
e
Compensação
Problemas
decorrentes
da
impermeabilização
podem
ser
atenuados
através
do
retardamento
ou
diminuição
do
lançamento
da
água
pluvial
coletada
no
lote.
Podem
ser
utilizados
reservatórios,
coberturas
verdes,
além
de
materiais
e
superfícies
permeáveis
nos
pavimentos,
de
forma
a
conservar
algumas
das
principais
funções
do
solo,
mantendo
a
ligação
entre
a
superfície
e
as
camadas
mais
profundas,
dessa
forma
reduzindo
o
escoamento
superficial.
São
ainda
possíveis
medidas
compensatórias:
manter
ou
propiciar
a
“desimpermeabilização”
de
um
local
para
compensar
outro,
utilizar
cotas
e
certificados
e
cobrar
uma
10
taxa
para
impermeabilização,
utilizando
a
receita
para
objetivos
ambientais.
11
Figura
06:
Esquema
poço
de
infiltração.
Fonte:
Selo
Casa
Azul,
CEF
Proposta
de
Cotas
de
Acumulação/Infiltração:
De
forma
semelhante
a
“Lei
das
Piscininhas”,
Santos
(2014)
defende
a
obrigatoriedade
de
reservatórios,
porém,
em
todos
os
lotes
já
ocupados
ou
não.
A
cota
do
volume
de
água
para
acumulação
e
infiltração
seria
calculada
de
maneira
proporcional
ao
tamanho
dos
lotes,
nos
maiores
de
300m².
Lotes
menores
que
300m²
também
estariam
obrigados
a
instalar
dispositivos,
também
proporcionalmente
a
sua
área.
Acrescentou-‐se
à
proposta
da
Lei
a
exigência
de
infiltração
de
parte
da
água,
não
sendo
detalhado
o
critério
de
cálculo
nem
qual
a
abordagem
em
relações
às
possíveis
limitações,
anteriormente
expostas.
A
proposição
é
mais
abrangente
por
acrescentar
o
conceito
de
infiltração
da
água
no
solo
e
por
englobar
todos
os
tamanhos
lotes
e
os
já
construídos,
no
entanto
mais
abrangente
ainda
deveria
ser
a
efetividade
da
fiscalização
e
os
investimentos
privados
necessários,
sendo
fatores
muito
limitantes
para
sua
aplicabilidade.
Teto
verde
Utilização
de
vegetação
de
pequeno
porte
e
plantação
rasteira
em
lajes
de
cobertura
para
armazenar
a
água
pluvial.
A
estratégia
da
medida
é
a
de
retardar
o
deflúvio,
podendo
armazenar
de
30
a
100%
da
chuva
recebida.
Uma
parcela
da
água
pode
ser
devolvida
ao
ambiente
por
evapotranspiração.
Podem
ser
adotadas
soluções
pouco
profundas
(mínimo
de
5
cm)
até
soluções
com
pequenas
árvores
(profundidade
de
60cm).
Deve-‐se
considerar
o
impacto
da
carga
adicional
no
projeto
estrutural
do
edifício
e
a
necessidade
de
projeto
e
execução
adequados
de
impermeabilização
e
barreira
contra
raízes
nessa
12
área,
assim
como
as
limitações
de
aplicação
em
coberturas
com
inclinação
maior
de
20%.
Telhado
Reservatório
Armazena
temporariamente
a
água
pluvial,
liberação
gradativa
através
de
dispositivo
que
regula
a
vazão
a
partir
de
uma
vazão
máxima.
Válidos
os
mesmos
cuidados
em
relação
às
cargas
e
limitações
de
inclinação
de
tetos
verdes,
requerendo
estratégias
específicas
em
tetos
inclinados,
e
em
todos
os
casos
uma
frequência
maior
de
manutenção.
Figura
07:
Esquema
do
telhado
reservatório
(Azzout
apud
Silveira,
2002)
13
computadas
pontuações
a
partir
de
áreas
ajardináveis,
pisos
semipermeáveis,
coberturas
e
fachadas
verdes,
vegetação
e
reservatórios
de
detenção.
Tais
medidas,
em
maior
ou
menor
grau
colaboram
para
retardar
o
lançamento
de
águas
pluviais
na
rede
pública,
a
qual
devido
a
impermeabilização
apresenta
grande
sobrecarga
a
jusante
na
ocorrência
de
maiores
precipitações.
Cada
lote
ou
empreendimento
precisaria
obter
uma
pontuação
mínima
a
partir
da
combinação
de
medidas,
sendo
essa
variável
conforme
a
região
dentro
da
cidade,
mitigando
os
efeitos
em
áreas
mais
críticas
e
colaborando
para
manutenção
de
áreas
bem
qualificadas.
Além
de
indicadores
em
relação
à
drenagem,
foi
utilizada
na
metodologia
critérios
quanto
ao
microclima
e
biodiversidade.
A
abordagem
da
proposta
considera
que
o
conjunto
de
medidas
internas
aos
lotes
podem
colaborar
para
a
sustentabilidade
na
drenagem
urbana,
no
entanto
é
válido
ressaltar
que
resultados
expressivos
dependem
da
aplicação
maciça
e
em
escala
das
soluções
apresentadas.
Figura
08:
exemplos
(SMDU,
2014)
14
Figura
09:
Perímetros
de
Qualificação
Ambiental
(SMDU,
2014)
2.1.3
Aspectos
dos
custos
das
ações
individuais
Em
estudos
de
caso,
Fantinatti
e
Zuffo
(2013)
verificaram
os
custos
de
execução
de
caixas
de
retenção
e
infiltração
utilizando
os
parâmetros
legais.
Constatou-‐se
um
custo
relativo
inferior
a
0,5%
do
total
de
obra
nas
sete
situações
levantadas,
englobando
usos
industrial,
residencial
e
comercial
em
lotes.
Os
autores
defendem
a
aplicação
de
ações
junto
à
fonte,
por
considerarem
mais
efetivo
e
com
menor
custo
do
que
ações
públicas
sobre
os
efeitos.
No
entanto
deve-‐se
ressaltar
o
entrave
ocasionado
pela
dificuldade
de
fiscalizar
lotes
e
averiguar
a
eficiência
na
operação
dos
dispositivos
ao
longo
da
sua
vida
útil.
15
Figura
10:
Valores
comparando
custo
de
soluções.
Fonte:
Fantinatti
e
Zuffo,
2013
Pavimentos
permeáveis
São
caracterizados
pelos
espaços
livres
em
sua
estrutura,
por
onde
a
água
pode
escoar
e
ficar
retida
na
camada
porosa
de
agregados
sob
a
superfície,
localizada
entre
a
base
impermeável
e
o
revestimento
asfáltico
permeável
ou
de
outros
materiais
como
blocos
vazados,
concreto
poroso
ou
grama
reforçada.
A
água
armazenada
é
transportada
através
de
drenos
que
são
conectados
às
bocas
de
lobo
ou
poços
de
visita.
A
capacidade
de
armazenamento
é
função
da
altura
da
camada
de
britas,
definida
no
projeto
viário
pelas
cargas
atuantes
e
resistência
do
terreno.
Com
a
sua
aplicação
reduz-‐se
o
escoamento
superficial
e
retarda-‐
se
o
lançamento
da
água
pluvial
no
sistema
público
de
micro
drenagem,
assim
como
preserva-‐se
a
característica
da
limitação
de
umidade
sob
o
pavimento,
requisito
para
o
seu
desempenho,
graças
a
camada
impermeável
asfáltica
ou
de
geomanta.
São
desvantagens
o
maior
custo
de
implantação
em
relação
aos
pavimentos
comuns
e
a
necessidade
de
manutenção
mais
frequente
da
camada
superficial,
no
caso
do
asfalto.
16
Figura
11:
Pavimento
de
concreto
poroso
tipo
B.
Fonte:
CIRIA,
2007
Pavimentos
infiltrantes
Semelhantes
aos
permeáveis,
também
contando
com
uma
camada
porosa
de
agregados,
porém
neste
caso
a
água
é
infiltrada
no
subsolo.
Passeios
e
áreas
de
estacionamento
privados,
com
pouco
tráfego
e
sujeitos
a
baixas
cargas,
apresentam
potencial
de
utilização
da
técnica,
porém
com
condições
de
tráfego
mais
severas
ou
com
grandes
cargas
atuando,
limita-‐se
a
aplicação
de
pavimentos
infiltrantes
devido
à
umidade
resultante
sob
ele.
Nesses
locais,
a
utilização
de
pavimento
permeável
é
uma
solução
mais
adequada.
Figura
12:
Pavimento
infiltrante.
Fonte:
Araújo,
1999.
17
manutenção.
De
acordo
com
(BAPTISTA;
NASCIMENTO;
BARRAUDl,
2005)
as
valas
também
auxiliam
na
filtragem
do
escoamento
superficial,
removendo
sólidos
em
suspensão
e
também
outros
poluentes.
São
desvantagens
a
execução
desses
dispositivos
em
áreas
densamente
ocupadas
devido
a
indisponibilidade
de
espaço
na
seção
das
vias,
a
possibilidade
de
acúmulo
de
água
e
lixo
em
determinados
pontos,
bem
como
a
limitação
de
declividade
para
não
gerar
erosão
na
vala
com
grandes
velocidades
de
escoamento.
Figura
13:
Vala
de
infiltração.
Fonte:
Schueler
apud
Silveira,
2002.
18
Figura
14:
Trincheira
de
infiltração
Fonte:
Schueler
apud
Silveira,
2002.
2.3.1.1
pôlderes
Figura
15:
Exemplo
de
pôlderes
Fonte:
https://marcoarosa.wordpress.com/2014/03/08/polderes-‐na-‐marginal-‐tiete-‐vem-‐para-‐
corrigir-‐obras-‐do-‐passado/
19
Figura
16:
Figura
da
inauguração
de
um
pôlder
e
seu
funcionamento.
Fonte:
http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia2.php?id=242549
Pôlderes
são
compostos
por
diques,
reservatórios,
dutos
e
bombas.
Promovem
o
aumento
da
cota
de
inundação
do
rio
por
paredes
verticais
Á
água
é
contida
pelos
diques.
Após
isso,
as
águas
são
direcionadas
para
reservatórios
que
não
chegam
a
ser
piscinões.
Á
água
é
então
armazenada
e
lançada
de
volta
ao
rio
após
o
período
de
pico
de
vazão.
20
2.3.1.2.
Reservatórios
de
detenção/piscinões
Figura
17:
Foto
aérea
de
um
piscinão.
Fonte:
http://www.solucoesparacidades.com.br/wp-‐
content/uploads/2013/09/AF_Reservatorios%20Deten_web.pdf
São
estruturas
de
acumulação
temporária
de
água
que
contribuem
para
a
redução
das
vazões
de
pico
inundações
urbanas,
retardam
o
fluxo
de
vazões,
sendo
implantados
em
áreas
densamente
ocupadas.
Nestes
locais,
a
ampliação
de
canais
ou
galerias
de
drenagem
pode
tornar-‐se
onerosa.
Normalmente
são
construídos
em
terrenos
ociosos
e
degradados.
Após
a
passagem
da
onda
de
cheia,
a
água
retorna
ao
rio.
21
2.3.1.3.
Obras
de
canalização
Figura
18:
Obra
de
construção
de
um
canal.
Fonte:
http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=775:daee-‐
comeca-‐obras-‐de-‐canalizacao-‐do-‐ribeirao-‐vermelho&catid=48:noticias&Itemid=53
Obras
de
canalização
devem
promover
o
afastamento
rápido
das
águas
em
direção
à
jusante
e
aumentar
a
seção
do
canal
de
escoamento.
Segundo
o
PDMAT,
essas
obras
oferecem
o
inconveniente
de
concentrar
vazões
à
jusante
do
escoamento,
mas
este
problema
pode
ser
contornado.
“Com
base
em
estudos
hidrológicos,
sabe-‐se
que
o
aumento
das
velocidades
resulta
em
vazões
maiores
nos
canais,
pois
a
defasagem
temporal
entre
os
hidrogramas
das
sub-‐bacias
e
do
rio
principal
tende
a
diminuir
e,
assim,
a
somatória
dos
mesmos
resulta
superior
àquela
da
condição
de
escoamento
sem
a
canalização.
Para
minimizar
a
transferência
dos
impactos
para
jusante,
as
canalizações
podem
ser
associadas
a
obras
de
redução
de
pico
de
enchentes
descritas
no
item
1.1.
”
22
2.3.1.4.
Reservatórios
subterrâneos
Figura
19:
Reservatório
subterrâneo.
Fonte:
Panorâmico
–
Google
Earth
Tem
a
mesma
função
dos
piscinões,
com
a
diferença
de
serem
subterrâneos:
são
estruturas
destinadas
a
conterem
temporariamente
as
águas
e
devolvê-‐las
ao
rio
após
o
pico
de
vazões.
Figura
20:
Desvio
excedente
vazão
por
túnel
subterrâneo.
Fonte:
http://www.oglobo.globo.com/
e
http://www.aquafluxus.com.br/
23
Como
consta
no
PDMAT
3,
no
Brasil,
só
há
um
tipo
de
obra
desse
porte
e
fica
no
Rio
de
Janeiro:
“No
Brasil,
mais
especificamente
no
Rio
de
Janeiro,
está
em
construção
um
túnel
de
2,4
km
a
8
m
de
profundidade
(imagens
no
Quadro
1.02)
para
desvio
de
um
terço
das
vazões
do
Rio
13
Joana,
evitando
alagamentos
na
Praça
da
Bandeira
que
possui
importantes
acessos
ao
complexo
do
Maracanã.
Sem
a
implantação
desse
túnel,
a
totalidade
das
águas
desaguaria
no
Canal
do
Mangue
em
direção
à
Bacia
de
Guanabara”
24
No
PDMAT
3
também
constam
os
7
eixos
temáticos
que
norteiam
a
os
critérios
e
diretrizes
sobre
a
gestão
de
águas
pluviais
e
controle
dos
riscos
de
inundação
e
que
orientam
as
medidas
estruturais.
25
Segundo
o
PDMAT-‐3
“Os
critérios
e
diretrizes
de
planejamento
de
ações
não
estruturais
foram
definidos
mediante
a
intersecção
entre
as
quatro
funções
do
saneamento
básico
apregoados
no
artigo
2º
do
Decreto
Federal
n.
7.217/2010
que
regulamenta
a
Política
Nacional
de
Saneamento
(Lei
Federal
n.
11.445/2007),
a
saber,
planejamento,
regulação,
fiscalização
e
prestação
de
serviços
e
os
sete
eixos
temáticos
que
mantêm
relação
estrita
com
a
drenagem
urbana,
quais
sejam,
uso
e
ocupação
do
solo;
drenagem
urbana
e
manejo
de
águas
pluviais;
pesquisa,
capacitação
e
educação
ambiental;
equilíbrio
econômico
e
financeiro;
sistema
de
informação,
monitoramento
e
avaliação;
sistema
de
alerta
e
organização
da
gestão
(Figura
2.03.).”
Assim,
foram
definidos
critérios
e
diretrizes
para
a
gestão
de
águas
pluviais
e
controle
dos
riscos
de
inundação
segundo
as
quatro
funções
do
Saneamento
Básico
contidas
na
Política
Nacional
de
Saneamento
e
segundo
os
eixos
temáticos.
26
O
número
de
critérios
e
diretrizes
por
função
do
saneamento
básico
está
representada
no
gráfico
abaixo.
O
número
de
critérios
e
diretrizes
por
função
do
saneamento
básico
está
representada
no
gráfico
abaixo.
A
partir
dos
critérios
e
diretrizes
elaborados,
foram
formuladas
as
principais
medidas
não
estruturais,
apresentadas
a
seguir,
como
constam
no
PDMAT
3.
27
2.3.2.1.
MEDIDAS
NÃO
ESTRUTURAIS
DE
GESTÃO
PLANEJAMENTO
PLANO
DE
AÇAO
DE
EMERGÊNCIA
2.3.2.2.
MEDIDAS
NÃO
ESTRUTURAIS
DE
USO
E
OCUPAÇÃO
DO
SOLO
LEGISLAÇÃO
INFRAESTRUTURA
VERDE
2.3.2.2.
MEDIDAS
NÃO
ESTRUTURAIS
DE
EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
28
4.Considerações
Finais
Por
se
tratar
de
um
sistema
que
envolve
diversas
partes
(seja
do
clima,
hidrologia,
administrativo,
social,
construtivo,
entre
outros)
tentar
compensar
um
problema
atacando
em
um
único
ponto
pode
não
ser
eficiente.
Sendo
um
sistema
complexo
e
dependendo
de
muitas
pessoas
em
diversas
instâncias
(de
moradores
a
governadores
e
em
muitos
casos
chefes
de
estado)
deve-‐se
tentar
minimizar
o
problema
encontrando
várias
soluções
e
aplicando-‐
as
como
um
todo.
Ou
seja,
para
solucionar
a
questão
das
inundações
não
basta
só
aplicar
a
lei
das
piscininhas
e
não
pensar
na
drenagem
urbana
ou
na
macrodrenagem.
Ações
integradas
em
diversas
instâncias
são
a
solução
para
minimizar
a
questão
das
inundações
devido
a
impermeabilização
do
solo
urbano.
O
que
vale
é
uma
visão
sistêmica
do
todo.
5.Bibliografia
COMISSÃO
EUROPEIA,
Orientações
sobre
as
melhores
práticas
para
limitar,
atenuar
ou
compensar
a
impermeabilização
dos
solos.
Luxemburgo:
Serviço
das
Publicações
da
União
Europeia,
2012.
SECRETARIA
MUNICIPAL
DE
DESENVOLVIMENTO
URBANO.
Caderno
de
Propostas
para
Revisão
do
Zoneamento.
São
Paulo:
PMSP,
2014.
FANTINATTI,
P.A.P.;
ZUFFO,
A.C.
Instrumento
legal
para
mitigação
do
excesso
de
escoamento
superficial
em
lotes
individuais:
uma
abordagem
técnica
e
econômica.
Campinas:
Revista
Labor
&
Engenho
(v.7,
n.2),
2013.
Disponível
em:
www.conpadre.org.
Acesso
em
28/09/2015
SANTOS,
Álvaro
Rodrigues
dos.
Geólogo
propõe
a
adoção
de
cotas
de
infiltração
por
lote
para
evitar
enchentes
em
São
Paulo.
São
Paulo:
Piniweb,
2014.
Disponível
em:
http://piniweb.pini.com.br/construcao/Infraestrutura/geologo-‐
propoe-‐a-‐adocao-‐de-‐cotas-‐de-‐infiltracao-‐por-‐lote-‐311226-‐1.aspx.
Acesso
em
02/10/2015
29
CORMIER,
Nathaniel;
PELLEGRINO,
Paulo
Renato
Mesquita.
Infraestrutura
verde:
uma
abordagem
paisagística
para
a
água
urbana.
São
Paulo:
Paisagem
e
Ambiente
(ed
25),
2008
BAPTISTA,
M.,
NASCIMENTO,
N.,
&
BARRAUD.
Técnicas
Compensatórias
em
Drenagem
Urbana.
Porto
Alegre:
ABRH,
2005
SOUZA,
Christopher
Freire.
Mecanismos
técnico-‐institucionais
para
a
sustentabilidade
da
drenagem
urbana
-‐
Dissertação
submetida
ao
programa
de
pós-‐graduação
em
recursos
hídricos
e
saneamento
ambiental.
Porto
Alegre:
UFRGS,
2005.
SILVEIRA,
André
Luiz
Lopes
da.
Drenagem
Urbana:
Aspectos
de
gestão.
Porto
Alegre:
UFRGS,
2002.
Disponível
em
ftp://ftp.cefetes.br/cursos/transportes/Zorzal/Drenagem%20Urbana/Apost
ila%20de%20drenagem%20urbana%20do%20prof%20Silveira.pdf.
Acesso
em
12/10/2015
SANTOS,
Valéria
Diniz
dos.
Drenagem
urbana
em
áreas
especiais:
o
caso
da
bacia
do
bairro
de
oitizeiro,
João
Pessoa.
Dissertação
de
mestrado.
Programa
de
pós-‐graduação
em
engenharia
urbana.
João
Pessoa:
UFPB,
2006.
30