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São Paulo
2023
SUBTÍTULO: Uma reflexão profunda sobre a responsabilidade, reparação e prevenção após
a devastadora tragédia ambiental da Samarco.
INTRODUÇÃO:
Pôde-se afirmar que existe muitos requisitos que podem afetar negativamente os
resultados de uma organização, causando redução de vendas, diminuição de base de clientes,
prejuízos e entre outros. A Samarco, mineradora brasileira, tornou-se um símbolo por conta de
sua crise de reputação. Em 2015, a empresa foi responsável pelo devastador desastre
ambiental ocorrido em Mariana, Minas Gerais. Desta vez, a barragem de rejeitos estourou,
causando um desastre impressionante e muito triste. O acidente trouxe muitas consequências
negativas para a Samarco, dentro delas sendo os danos ambientais, as perda de vidas e
também perdas econômicas significativas.
A análise do artigo “Crise de imagem: Uma abordagem Conceitual”, demonstra a
importância de uma gestão eficaz durante uma crise de reputação levando em conta a
situação vivida pela Samarco. A empresa teve que superar muitos desafios para reformular sua
imagem e reconquistar a confiança do público. Nesse trajeto, estratégias de comunicação
transparente, ações de responsabilidade social e esforços para consertar da melhor forma
possível os danos causados. Deste modo, o caso da Samarco destaca a necessidade de uma
abordagem conceitual integrada para a gestão de crises de imagem da marca.
Após analisar toda a situação vivenciada pela Samarco e identificar os mecanismos
necessários para a gestão de crise, as seguintes questões foram levantadas para o estudo de
caso da Samarco; Em que medida a gestão de crise e comunicação podem ajudar para que a
reputação de uma organização seja preservado? Como a Samarco atuou diante de todo o
ocorrido com rompimento das barragens? Quais foram os impactos resultantes hoje?
Deste modo, foi estruturada o trabalho com base em 6 pilares, revisão bibliográfica,
estudo de caso, histórico da crise, reação da empresa, resultado da crise e considerações
finais.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:
Em busca de uma compreensão da crise apresentada e conceitos relacionados ao
gerenciamento de crise, trouxe alguns autores para elaborar a revisão bibliográfica deste
artigo como Jorge Duarte (2002), João José Forni (2015) entre outros citados a baixo.
O artigo citado a cima "Crise de imagem: Uma abordagem Conceitual" avalia a
temática sobre crise de imagem e fornece uma visão conceitual abrangente do tema. Foi
discutido as repercussões da crise e estudaram-se quatro aspectos principais relacionados com
a sua gestão. De acordo com o artigo, uma crise é definida como uma situação em que a
reputação e a imagem de uma organização são ameaçadas por um evento adverso, como
escândalo, falha de produto, má conduta ou desastre. A comunicação eficaz é uma parte
essencial da gestão de crises. Foi destacada o poder de uma comunicação transparente,
honesta e responsável por parte das organizações durante uma crise.
O artigo também conta sobre a necessidade de elaborar um bom plano de
gerenciamento de crise e implementar uma estratégia de relações públicas durante uma crise
de imagem. Isso inclui contratar um porta-voz competente, tomar medidas corretivas,
comunicar-se proativamente com o público e buscar soluções para restaurar a confiança. O
texto também destaca o valor de se antecipar e prevenir possíveis crises por meio do
monitoramento contínuo da imagem e do engajamento com as partes interessadas. Isso inclui
a identificação de riscos potenciais e a implementação de medidas preventivas.
De acordo com Forni (2015, p. 16), a grande parte das crises ocorre por erros na
gestão. O próprio afirma, com base em uma pesquisa do Institute for Crisis Management
(ICM), dos EUA, que desde 1900, próximo de 35 grandes crises resultaram em grandes
impactos e centenas de mortes e que a grande origem disso seria pela falta de gestão ligada
pela arrogância e julgamento errado sobre o fato. Tendo em vista que quase sempre numa
situação de crise, as falhas na gestão se associam também à falta de comunicação e
transparência.
Segundo o conceito de imagem apresentado por Kunsch (2003) afirma que a imagem
tem a ver com o imaginário das pessoas, com as percepções, somando deste modo ainda que é
uma visão intangível, abstrata das coisas, uma visão subjetiva da realidade. Ou seja,
representa o que está na cabeça do público a respeito do comportamento institucional das
organizações e dos seus integrantes, qual é a imagem pública, interna, comercial e financeira
que passa pela mente dos públicos e da opinião pública sobre as mesmas organizações
(KUNSCH, 2003, p.171). Já a reputação é construída ao longo do tempo, portanto podemos
dizer que é uma soma de imagens, pois resulta da percepção coletiva dos atributos de uma
determinada empresa. Trata-se de um patrimônio da organização, por isso deve ser trabalhada
continuamente, por meio de práticas que a representem e pelas quais o público a identifique.
Levando em conta o pensamento de Duarte, afirma (2003, p.387): “É possível
conviver com crises? Sim. Desde que a empresa seja reconhecida pela sociedade pela atuação
ética e responsável e adote um relacionamento permanente e consistente com a mídia”. Deste
modo, podemos pensar quer ao ter uma reação preventiva, a empresa transparece estar
preparada para crise e está engajado e preocupado em manter um bom relacionamento com a
mídia e sociedade.
Deste modo, os artigos destacam a importância de abordar com eficácia as crises de
imagem por meio de uma abordagem conceitual abrangente. A importância da comunicação,
prevenção, planejamento estratégico e responsabilidade corporativa é destacada como
elementos essenciais para lidar com crises e reconstruir a reputação organizacional.
HISTÓRICO DA CRISE:
A crise da Samarco tornou-se um momento decisivo em 5 de novembro de 2015 por
volta das 16h20 da tarde, quando a barragem de Fundão rompeu em Mariana, Minas Gerais.
O desastre criou um fluxo devastador de toneladas de lama tóxica, especificamente, a cerca de
62 milhões de metros cúbicos de lama e resíduos de mineração que nivelou a área e afetou
comunidades, rios e ecossistemas ao longo do Rio Doce. Deste modo, atingindo os distritos
de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, sendo a fonte dessas informações o jornal Estado de
Minas.
Deste modo a tragédia de Mariana é um marco para refletir sobre a importância de
uma gestão responsável e segura no setor de mineração, além de destacar a necessidade de
aumentar as medidas de vigilância e prevenção para evitar futuros incidentes como este.
O rompimento da barragem de Fundão infelizmente causou muitas vítimas, matando
tragicamente 19 pessoas e causando grandes prejuízos. O derramamento contaminou o Rio
Doce, uma fonte vital de água que atravessa os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O
desastre provocou uma das maiores crises ambientais, sociais e econômicas do Brasil,
afetando diretamente as comunidades ribeirinhas, a flora e a fauna e atividades econômicas
como a pesca e a agricultura. Deste modo, a Samarco tem sido criticada por sua má gestão da
barragem e sua falta de prevenção de riscos ambientais.
A empresa enfrenta processos, multas e sanções gerais. Sua reputação foi severamente
prejudicada e medidas urgentes foram necessárias para mitigar o impacto da tragédia. Depois
da crise, a Samarco trabalhou para reparar os danos ambientais, apoiar as comunidades
afetadas e rever os processos de gestão de barragens e segurança operacional. Foram
elaborados acordos de compensação e implementados planos de recuperação ambiental com o
objetivo de restaurar os ecossistemas afetados pela tragédia.
A Samarco é uma joint venture entre a Vale e a BHP Billiton. A Vale é outra empresa
que esteve envolvida, com a Samarco em uma crise ambiental. Em janeiro de 2019, o caso da
Vale mais conhecido ocorreu em Brumadinho, também em Minas Gerais. Ambos os casos
envolveram o rompimento de barragens de rejeitos de mineração, resultando em danos
ambientais graves e perdas de vidas humanas. O desastre da Samarco em Mariana, em 2015,
foi considerado o maior da história do Brasil na época, enquanto o desastre da Vale em
Brumadinho, em 2019, foi o segundo maior do país pela quantidade de mortes e impactos
ambientais graves em uma área extensa.
Além disso, os casos envolvendo a Vale receberam mais atenção e repercussão pública
na época gerando um aumento da pressão da opinião pública, cobertura midiática e
investigações governamentais mais intensas. Ambas as empresas enfrentaram consequências
legais, financeiras e de reputação, incluindo processos judiciais e esforços de reparação.
Embora muito parecidas em termos de desastres ambientais, cada caso teve suas
peculiaridades e impactos específicos no meio ambiente e nas comunidades afetadas.
Portando, a tragédia de Mariana e em Brumadinho foram marcos de reflexão sobre a
importância de uma gestão responsável e segura no setor de mineração, destacando a
necessidade de aumentar as medidas de vigilância e prevenção para evitar ocorrências
semelhantes no futuro.
Figura 1 - Desastre em Mariana
Fonte: https://jovempan.com.br/noticias/fundo-da-samarco-para-reparacao-de-danos-causados-pela-
lama-tem-r-501-milhoes-2015-12-03.html
RESULTADO GERAL:
A crise continua desde o rompimento da barragem em 2015, e seu impacto negativo
permanece devido à dimensão da tragédia e ao número de pessoas envolvidas. A escala desse
fato repercutiu em todo o mundo e causou enormes prejuízos financeiros e de imagem. As
ações da Vale caíram 6% na Bovespa no dia seguinte ao incidente. Embora medidas e ações
tenham sido tomadas para lidar com as repercussões do desastre de Mariana, ainda não se
pode dizer que a empresa superou totalmente a crise. Reconstruir uma reputação e se
recuperar dos danos causados por uma crise é um processo complexo e demorado, ou seja,
que leva tempo. Para se diferenciar de seus concorrentes, a Samarco assumiu o desafio de
reconquistar a confiança e a credibilidade em um mercado pós-desastre.
Pode- se dizer que a crise, sem dúvida, afetou sua imagem e posição em relação a
outras empresas do setor de mineração, e recuperar sua posição favorável exigirá esforços
contínuos para melhorar sua reputação. Em termos de imagem corporativa, é provável que a
Samarco tenha passado por uma grande mudança após a crise. A necessidade de lidar com as
consequências ambientais, sociais e legais dos desastres pode levar as empresas a reavaliar
suas práticas, políticas e cultura organizacional. Essas mudanças podem ter efeitos positivos e
negativos na reputação de uma empresa, dependendo de como são percebidas e
implementadas.
Com o desenrolar da crise que resultou na maior catástrofe ambiental do Brasil, as
falhas corporativas na gestão e identificação de riscos tornaram-se evidentes. Portanto, a
opinião pública exige uma resposta e uma solução para o caso. A Samarco enfrentou o grande
desafio de consolidar suas questões de qualidade, garantir credibilidade e manter-se integrada
para reconstruir seus negócios e sua reputação. No entanto, ao estudar esse caso e avaliar
outros casos de crise, fica claro que, adotando práticas e atitudes corretas, as empresas podem
construir uma base sólida para uma recuperação mais rápida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Pela avaliação geral de todo o ocorrido, verifica-se que a Samarco enfrenta uma grave
crise de reputação por conta do desastre ambiental de 2015. Deste modo, a empresa tem
tomado diversas ações para lidar com as repercussões dessa crise e tentar reconstruir sua
reputação e reconquistar a confiança. Mas, os danos no entanto, a superação total da crise
continua está sendo um desafio contínuo.
Uma crise é um desdobramento negativo de um evento de risco, que pode gerar
prejuízos financeiros, de marca, de imagem. No caso da Samarco, a crise decorreu de uma
grande tragédia que afetou a comunidade. Deste modo se torna mais complicado e difícil de
reconquistar o público e, consequentemente, a reputação. No entanto, independente do porte,
as empresas devem sempre proceder com cautela.
Para recuperar a confiança, é fundamental fortalecer a atuação no mercado, fortalecer
o planejamento estratégico para gestão de crises e riscos, fortalecer a comunicação e manter a
imagem. Identificar oportunidades na crise para permitir que as empresas se reestruturem e
avancem. Afinal, é a força da credibilidade que garante a sobrevivência, traduzida em uma
imagem corporativa adquirida por meio de um trabalho constante de comunicação com os
stakeholders. A Samarco está ainda num processo de reestruturação, mas ainda surgem
reclamações como, sobre a qualidade da água, os efeitos negativos dos rejeitos sólidos da
lama, além de questionamentos sobre o apoio a determinadas comunidades. Sendo que o
assunto é atribuído dentro das redes sociais e em outros veículos de comunicação, o que
influencia a percepção do público.
Nesse trajeto, algumas das recomendações da Samarco incluem a comunicação
transparente e aberta com todas as partes interessadas, fornecendo informações claras, diretas
e precisas sobre seus procedimentos, planos de tratamento e melhorias implementadas. Além
de que, as empresas devem demonstrar constantemente seu comprometimento com a
responsabilidade social e ambiental, implementar práticas sustentáveis, fortalecer suas
políticas de segurança e ir busca de soluções eficazes para reparar os danos causados.
Mais importante ainda, a Samarco continua a se envolver ativamente com as
comunidades afetadas, autoridades governamentais, ONGs e outras partes interessadas
relevantes. O diálogo aberto e a cooperação são fundamentais para construir confiança e
encontrar soluções comuns. É importante que as empresas monitorem constantemente as
percepções sobre sua reputação e o impacto de suas ações. Assim, ajudará a identificar áreas
para melhoria e ajustar as estratégias de gerenciamento de reputação, se necessário.
A Samarco continuará aprendendo com a crise e buscando inovar em suas práticas,
processos e tecnologias. A adoção de uma abordagem inovadora para a gestão ambiental e de
segurança pode ajudar as empresas a se diferenciarem e fortalecerem sua posição no mercado.
A conformidade com os regulamentos ambientais e de segurança é essencial e demonstra um
compromisso demonstrado com a conformidade legal e a responsabilidade.
Portando, essas recomendações citadas podem ajudar a Samarco a administrar sua
reputação e se recuperar totalmente da crise. Mas é importante ter em mente que a situação
que cada indivíduo viveu, é única e as empresas devem se adaptar utilizando suas estratégias e
abordagens às circunstâncias específicas, tendo em conta as necessidades e expectativas dos
seus stakeholders no geral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:
FORNI, João José. Comunicação em tempo de crise. In: DUARTE, Jorge (Org.). Assessoria
de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. São Paulo: Atlas, 2002.
FORNI, João José. Gestão de Crises e Comunicação - O que gestores e profissionais de
comunicação precisam saber para enfrentar crises corporativas. 2 edição. São Paulo: Editora
Atlas S.A, 2015.
KUNSCH, Margarida M. K. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada.
São Paulo: Summus, 2003.
DUARTE, Jorge (org). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e
técnica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2003.
OLIVEIRA, Aline. Superando crises com a reputação. Análise do caso da Samarco. FESV,
Vitoria/ ES. Disponível em:https://estacio.periodicoscientificos.com.br/index.php/destarte/
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SILVA, Aline. Gestão de crise e comunicação: O caso Samarco. FATECS. Brasília, 2016.
Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/187133488.pdf
Figura 1 - Disponível em: https://jovempan.com.br/noticias/fundo-da-samarco-para-
reparacao-de-danos-causados-pela-lama-tem-r-501-milhoes-2015-12-03.html
Figura 2 - Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/dois-anos-apos-
brumadinho-acao-da-vale-quase-dobrou-mas-podia-ter-subido-mais/