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TÍTULO: IMPACTO DA TRAGÉDIA DE BRUMADINHO(MG) SOBRE OS ATIVOS E PASSIVOS

CONTINGENTES DA VALE S.A

CATEGORIA: EM ANDAMENTO

ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS

SUBÁREA: Ciências Contábeis

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA - CUML

AUTOR(ES): QUEZIA DANIELA DE SOUZA PEREIRA

ORIENTADOR(ES): LETÍCIA MARIA FALEIRO NASCIMENTO

COLABORADOR(ES): LETÍCIA MARIA FALEIRO NASCIMENTO

Realização: Apoio:
Resumo
O estudo analisará como os ativos e passivos contingentes da Vale serão
impactados após a tragédia de Brumadinho. , que pode ser considerada uma das
maiores do mundo no âmbito ambiental. A pesquisa contribuirá com o
esclarecimento de como o incidente afetou financeiramente a empresa e como ela
vem usando os relatórios financeiros para expor suas justificativas. O estudo está
sendo realizado analisando relatórios financeiros e não financeiros da Vale S.A,
abrangendo Balanço patrimonial, DVA, Notas Explicativas (NE´s), Relatório de
Sustentabilidade e Formulário de referência.

INTRODUÇÃO
Diante ao desastre de Brumadinho, que obteve alcance mundial, várias
dúvidas estão chamando a atenção não só da população numa forma geral, mas
também de estudiosos. Há muitos questionamentos a respeito da falta de
fiscalização dos órgãos competentes, do uso excessivo e indiscriminado que as
empresas fazem de recursos naturais e do meio ambiente; nesse caso específico,
envolvendo a Vale S. A.
Além disso, dúvidas sobre a forma como ela procederá diante do acidente no
âmbito contábil no que se refere a evidenciação e mensuração das sanções e
indenizações que o rompimento da barragem irá gerar, e ainda o impacto que isso
acarretará para as ações da empresa.
A contabilidade como ferramenta principal de gestão, foi normatizada e a sua
aplicabilidade foi disseminada em diversas áreas do conhecimento. Entre elas, é a
vertente da contabilidade ambiental, a qual se faz necessária nas organizações para
alcançar o desenvolvimento sustentável. (LAURINDO, 2014)
Para Ribeiro (2005, p 45), os objetivos da contabilidade ambiental se
consubstanciam em:
“[...] identificar, mensurar e esclarecer os eventos e transações econômico-
financeiros que estejam relacionados com a proteção, preservação e recuperação
ambiental, ocorridos em um determinado período, visando à evidenciação da
situação patrimonial de uma entidade”.
Por isso, é de grande valia que nesse caso, não seja aplicada somente um
estudo que envolva a contabilidade gerencial, mas também, a contabilidade
ambiental, que ajudará a nortear o trabalho e proporcionará uma análise mais ampla
e completa.
A questão que norteia o estudo é: como a Vale S.A irá expor os impactos
econômico-financeiros após o rompimento da barragem em Brumadinho?

OBJETIVOS
Objetivo Geral
O objetivo geral do estudo é analisar como os ativos e passivos contingentes
da Vale serão impactados após a tragédia de Brumadinho, que pode ser
considerada uma das maiores do mundo no âmbito ambiental. No decorrer da
pesquisa serão feitas análises das demonstrações contábeis dos exercícios de 2017
a 2019 da empresa Vale S.A com intuito de comparar como a empresa divulgou
custos e indenizações ambientais após o rompimento da barragem.

Objetivos Específicos
Em corroboração com objetivo geral, foram delineados os seguintes objetivos
específicos:
i) Analisar os relatórios financeiros anuais da Vale S.A;
ii) Analisar como foi feita divulgação do incidente ambiental nas notas explicativas;
iii) Averiguar o relatório anual de sustentabilidade, verificando seu uso para legitimar
suas atividades;
iv) Analisar o formulário de referência da Vale S.A;
v) Preço das ações da empresa.

JUSTIFICATIVA
Segundo relatório da Agência de Meio Ambiente das Nações Unidas, desde
1985 foram registrados grandes acidentes com rompimentos de barragens pelo
mundo, entre eles Itália (1985), África do Sul (1994), e Hungria (2010), e no Brasil,
que lamentavelmente se tornou um destaque nesse sentido por ser o país com o
maior número, já que de 2014 até hoje, foram três acidentes com perda humana ou
danos ambientais graves.
Dentre eles, pode citar o rompimento de uma barragem da Herculano
Mineração, em Itabirito (MG), em 2014, com três mortes; o vazamento na barragem
do Fundão, em Mariana (MG), em 2015, com 19 mortes e aproximadamente 50
milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração despejados no Rio Doce e,
agora, a tragédia em Brumadinho, com 165 mortes confirmadas até agora e 155
desaparecidos, sem falar nos aproximados 125 hectares de florestas que foram
devastados.
As práticas contábeis são utilizadas para controlar, gerir, e mensurar,
auxiliando assim na tomada de decisões das organizações. A empresa Vale S.A
teve o bloqueio de vários bilhões de reais, para cobrir danos ambientais, danos
causados às pessoas afetadas, e também terá que prestar auxílio financeiro
imediato e efetivo amparo às vítimas e redução das consequências, bem como
pagar multas junto aos órgãos ambientais competentes.
Diante da necessidade de conhecimento por parte de credores e investidores
sobre a situação econômico-financeira a pesquisa se justifica por contribuir com o
levantamento de informações relacionadas a custos e indenizações ambientais após
o rompimento de barragens em Brumadinho, ressaltando como essas informações
estão divulgadas nas demonstrações contábeis da Vale S.A.

REVISÃO DE LITERATURA
Este estudo contribuirá por meio de análise de como os gestores da Vale S.A
apresentarão informações contábeis quantitativas e qualitativas com intuito de
recuperar a legitimidade após o rompimento da barragem em brumadinho.
A legitimidade surgiu como construto central na organização da pesquisa
teórica e gerencial. As organizações buscam legitimidade, isto é, percepção ou
suposição generalizada de que as ações da entidade são desejáveis, adequadas ou
apropriadas (Suchman, 1995 Harmon, Green, e Goodnight, 2015), porque as partes
interessadas deixarão de apoiá-las se deixarem de considerar seu comportamento
como legítimo (PFEFFER e SALANCIK, 1978).
Logo, o comportamento e os resultados da organização dependem muito da
medida em que as práticas de uma organização são consideradas legítimas, já que
a legitimidade pode ser considerada como qualquer outro meio que a organização
busca para continuar com sua existência (CHENN e ROBERTS, 2010).
Nesse sentido, Deegan e Rankin(1997), afirmam que a teoria da legitimidade
tem suas raízes na ideia de um "contrato social" entre empresa e sociedade, já que
a teoria baseia-se na premissa de que a empresa só opera na sociedade se
concordar em atuar dentro dos limites impostos para desfrutar do acesso contínuo
ao mercado e aos recursos (PATTEN, 1992).
Dessa forma, quando a entidade não obedece ao contrato, sendo ilegítima, a
sociedade pode retirar o direito da empresa operar (Deegan 2002), portanto, toda
vez que houver diferenças entre os valores da empresa e da sociedade, existirá uma
ameaça a legitimidade.
Suchman (1995) em seu estudo sobre essa teoria, estabeleceu três formas de
ganhar legitimidade: pragmática, moral e cognitiva. Na forma pragmática as
empresas buscam ações sustentáveis que geram reações imediatas, como
parcerias para ações de desenvolvimento sustentável e investimentos em projetos
ambientais a fim de promover sua imagem evidenciando a sociedade que é uma
empresa sustentável.
Já na forma moral, as empresas buscam desenvolver ações que mostrem as
vantagens de seus projetos ambientais, além de estarem dispostas a produzir
resultados adequados que reduzam os impactos de suas ações no meio ambiente e
também se dispor a melhorar sua eficiência sustentável para que seja possível
apresentar um resultado satisfatório à sociedade. Por fim, para ganhar legitimidade
de forma cognitiva, a empresa pode adotar modelos, projetos e ações sustentáveis
já legitimados e também esclarecer os padrões legais e normativos do
desenvolvimento de suas operações.
Entretanto, segundo a teoria da legitimidade, ao realizar certas ações sociais
e/ou ambientais as corporações não estariam, necessariamente, pensando no bem
estar da comunidade, mas sim, buscando adequar-se às regras impostas pelo
ambiente institucional no qual está inserida, possivelmente para evitar sanções
futuras, tais como: multas, regulação, pressões sociais, indenizações, reparação de
danos, dentre outros (Campos et al, 2017).
Em estudo realizado por Patten (1992 apud Dias Filho 2007), após grande
desastre ecológico provocado por empresa do setor petrolífero, no Alasca, em 1989,
o autor buscou verificar se as empresas do mesmo setor passariam a divulgar mais
informações relativas aos seus impactos socioambientais do que antes do incidente.
Com base na teoria da legitimidade seus estudos mostraram que sempre que um
incidente ocorria às empresas divulgavam mais informações em seus relatórios em
comparação com relatórios passados. O autor concluiu que as empresas se utilizam
desses relatórios para influenciar a percepção da sociedade sobre si e
principalmente de validar existência e constância, mas nunca evidenciando uma
tentativa de maior responsabilização pelo ocorrido.
Em vista disso, Dias Filho (2007) assegura que quanto mais as empresas se
distanciam do que é considerado correto pela sociedade, mais riscos a sua
legitimação social corre. Diante disso, Cho e Patten(2007) afirmam que a teoria de
legitimidade social sugere a divulgação de informações socioambientais, já que isso
pode influenciar no modo da sociedade enxergar a empresa. Portanto, as empresas
mais evidentes são mais propensas a distribuir maior número de relatórios, com o
objetivo de manter sua legitimidade.
No entanto, pouco se sabe sobre como as suposições de legitimidade dos
atores se reproduzem e mudam num cenário de abalo na legitimação, como
envolvimento em desastres ambientais (Harmon et al., 2015). Diante disso, é
necessário analisar se é possível que gestores modifiquem a forma de apresentar as
informações com intuito de manter ou recuperar sua imagem perante a sociedade e
stakeholders.
Dias Filho(2007) afirma que, a contabilidade como uma importante forma de
linguagem e ferramenta de informações tem um papel relevante nas organizações,
já que através dela, os resultados podem ser facilmente modificados,
proporcionando aos usuários dessas informações dados falsos, que podem ser
utilizados para conquistar, manter e recuperar a legitimidade, sendo esse meio de
modificação de dados mais conhecido como contabilidade criativa.

"a contabilidade criativa é essencialmente um processo de uso das normas


contábeis, que consiste em dar voltas às legislações para buscar uma
escapatória baseada na flexibilidade e nas omissões existentes dentro delas
para fazer com que as demonstrações contábeis pareçam algo diferente ao
que estava estabelecido em ditas normas." Kraemer (apud Jameson,1988,
p. 3).

Mayoral (2000) classificou três distintos blocos de objetivos que levam as


empresas a utilizar a contabilidade criativa e modificar seus dados.

Quadro 1 – OBJETIVOS PARA A UTILIZAÇÃO DE CONTABILIDADE CRIATIVA

Objetivos perseguidos Incentivos para a empresa

Melhorar a imagem  Pressão da comunidade investidora para que a


apresentada empresa se encontre em uma situação ideal.
 Exigência de responder adequadamente às
expectativas do mercado geradas por prognósticos
favoráveis.
 Interesses em determinadas políticas de
dividendos.
 Desejo de obter recursos externos.
 Necessidade de procurar “parceiros” para absorção
da empresa.
 Sistema de remuneração vinculado aos lucros.

Estabilizar a imagem no  Existência de uma clara preferência externa por


decorrer dos anos comportamentos regulares.
 Efeito positivo da estabilidade na situação da
empresa, com reflexo positivo na cotação das
ações.
 Benefícios nas políticas de dividendos em razão de
ganhos menos oscilantes.
 Preferência externa por perfis de riscos reduzidos.

Debilitar a imagem  Preferência por pagar poucos impostos.


demonstrada  Interesse em distribuir baixos níveis de resultados.
 Existência de possibilidade de atribuir êxitos em
anos posteriores.
 Sistemas de remunerações que se baseiam em
aumentos salariais vinculados às melhoras
conseguidas.
 Dependências de tarifas máximas prescritas pelo
Estado.
 Interesse na obtenção de subvenções
condicionadas à situação que atravessa a empresa.
Fonte: Mayoral (2000)

Portanto, a contabilidade criativa nada mais é que uma maquiagem da


realidade de uma entidade, ou seja, a manipulação de dados e informações de
forma intencional, para se apresentar a imagem desejada e quando somada a teoria
da legitimidade, pode causar danos internos e externos, que afetam não só a
empresa, mas também a sociedade em que está inserida bem como aos seus
investidores e colaboradores.

HISTÓRICO DA EMPRESA
A Vale S. A. é uma mineradora brasileira que atua em diversos países, sendo
considerada a maior empresa do mundo na produção de minério de ferro, pelotas e
níquel, além de também atuar nos setores de energia elétrica, logística e siderurgia
(Vale, 2019). Foi criada em 1942 pelo governo do então presidente Getúlio Vargas
sob o nome de Companhia Vale do Rio Doce, com a finalidade de explorar as minas
de ferro na região de Itabira no estado de Minas Gerais, tendo sido privatizada no
ano de 1997, se tornando assim uma empresa de capital aberto. Já no ano de 2006
comprou a empresa canadense Inco e em 2007 mudou seu nome para Vale S. A., e
atualmente a empresa opera em 14 estados brasileiros e está presente nos cinco
continentes do mundo.

DESASTRE AMBIENTAL DA BARRAGEM DE BRUMADINHO


Em 25 de janeiro de 2019, a Vale S. A. divulgou nota informando sobre o
acidente no rompimento da barragem I na Mina Feijão, em Brumadinho (MG). A
barragem tinha como finalidade a disposição de rejeitos provenientes da produção,
mas estava inativa (não recebia rejeitos), e passava pelo processo de
descomissionamento desde 2016 (Vale, 2019).
Com o rompimento, a área administrativa da companhia e parte da
comunidade próxima foram atingidas pelos rejeitos, o que ocasionou um acidente
com proporções gigantescas, deixando aproximadamente 248 mortos, 22
desaparecidos, 395 pessoas resgatadas, além do impacto ambiental, já que os
rejeitos atingiram mais de 300 quilômetros do Rio Paraopeba e destruíram 133,27
hectares de Mata Atlântica e 70,65 hectares de Áreas de Preservação
Permanente(IBAMA, 2019), o que afetou toda a vida e rotina de pessoas, fauna e
biodiversidade presentes na região.
Devido à gravidade do acidente, no mesmo dia a empresa se colocou à
disposição, priorizando o resgate de funcionários, terceiros e comunidade local, bem
como o fornecimento de informações relevantes no momento. Após tomar medidas
emergências, foram anunciadas a criação de planos para elevar a segurança de
barragens, recuperação do rio atingido e prevenção de doenças; também foram
tomadas medidas para pagamento de indenizações a sobreviventes e familiares de
mortos e desaparecidos, entre outros.
A Vale S.A foi autuada pelo Estado de Minas Gerais, IBAMA e UFMG em
mais de 376 milhões de reais, além de ter 11 bilhões bloqueados pelo Ministério
Público de Minas Gerais e mais de 16 bilhões pelo Ministério Público do Trabalho
(Vale, 2019). Mediante a grande repercussão do acidente, em junho de 2019 a Vale
entendeu ser de grande valia e necessidade a prestação de contas sobre o evento,
por isso dedicou uma parte de seu Relatório de Sustentabilidade de 2018 ao
rompimento da Barragem I da Mina de Córrego do Feijão (Vale, 2019).

METODOLOGIA
No que se refere aos objetivos da pesquisa este estudo é classificado como
uma pesquisa descritiva, pois será feita análise e interpretação das demonstrações
contábeis, relatórios financeiros e ambientais da Vale S.A. Conforme Andrade
(2002), “a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los,
analisá-los, classificá-los e interpretá-los, contudo sem interferência do pesquisador”.
Quanto à abordagem do problema, primeiramente será utilizada a abordagem
quantitativa, visto que será realizado levantamento de percentuais, indicadores,
quocientes e variação dos valores apresentados nas demonstrações contábeis da
empresa em estudo e, posteriormente, será utilizada abordagem qualitativa,
procurando interpretar os dados da primeira abordagem e sua relação com as
informações e justificativas apresentadas nos relatórios ambientais e formulários de
referência.
Em relação aos procedimentos, serão utilizadas técnicas de pesquisa
bibliográfica e documental buscando dados nas demonstrações contábeis da
empresa analisada, bem como verificação nas notas explicativas das contas que
estão relacionadas com divulgação de informações relacionadas ao incidente
ambiental.
As análises de dados se darão em contas patrimoniais e de resultados sendo
que no Balanço patrimonial serão priorizados caixa e equivalentes de caixa,
depósitos judiciais, conta de imobilizado, fornecedores, empréstimos, financiamentos
e provisões.
Com o intuito de verificar os impactos ocasionados através dos efeitos sociais
na distribuição de riqueza gerada como participação dos empregados, governo,
agentes financiadores e dos acionistas, será utilizada a DVA.
As Notas Explicativas (NE´s), Relatório de Sustentabilidade e Formulário de
referência serão também utilizados como fontes de informações para averiguação
dos impactos ocasionados pelo desastre ambiental.

RESULTADOS PARCIAIS
De acordo com o CPC 25, item 14, uma provisão deve ser reconhecida
quando:
(a) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como
resultado de evento passado;
(b) seja provável que será necessária uma saída de recursos que incorporam
benefícios econômicos para liquidar a obrigação; e
(c) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação.
Se essas condições não forem satisfeitas, nenhuma provisão deve ser
reconhecida. Diante disso, com relação ao rompimento da barragem I de Córrego do
Feijão, a seguinte informação foi extraída do relatório dos auditores independes da
PWC:

"A mensuração dos custos e o registro da referida provisão levam em


consideração diversas premissas e estimativas que dependem de fatores,
alguns dos quais não estão sob o controle da Companhia. As principais
estimativas e premissas críticas aplicadas consideram, dentre outros: (i) o
volume de rejeitos a ser removido que foi baseado nas informações
históricas disponíveis e na interpretação das leis e regulamentos que estão
em vigor; (ii) a disponibilidade de locais para o depósito dos rejeitos; e (iii) a
aprovação dos métodos e soluções de engenharia apresentados para as
autoridades competentes. Portanto, mudanças nas premissas e estimativas
relevantes poderão resultar em alteração significativa no montante
provisionado em 31 de março de 2019."
Analisando os balanços dos anos 2017 a 2019, observa-se que a conta de
depósitos judiciais triplicou seu valor, e isso se deve ao incidente ocorrido em
Brumadinho, pois conforme relatório financeiro intermediário divulgado pela Vale
sobre o 1° trimestre do ano 2019, na nota explicativa de n° 22 no item C(depósitos
judiciais), é esclarecido que esses depósitos têm o propósito de garantir potencias
pagamentos de contingencias e que os mesmos serão atualizados e registrados no
ativo não circulante até que a decisão judicial sobre o evento aconteça. Esses
depósitos são compostos por Processos Cíveis; Processos Trabalhistas e Processos
Ambientais, o que resulta um montante de 3.235 em milhares de dólares
relacionados a Brumadinho.
No que se refere às provisões passivas relacionadas ao incidente, observa se
que as obrigações ambientais de curto prazo não se alteraram, enquanto que as de
longo prazo em 2019 obtiveram crescimento de 10,39% comparado a 2018 e
também houve a criação de provisão para a descaracterização das barragens a
montante para curto e longo prazo, além de processos judiciais futuros.

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