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1.

INTRODUÇÃO

Ao longo dos últimos anos, constata-se um crescimento das discussões na


sociedade e nas organizações sobre as questões sociais e ambientais, numa procura a
fim de contribuir para o bem-estar social, preservação do meio ambiente e uso racional
de recursos naturais. Com isso, as organizações passaram a criar maneiras de
crescimento sustentáveis que previnem consequências negativas relacionadas aos
processos de produção que afetam gerações futuras.
  O uso excessivo e irresponsável dos recursos naturais geram situações
desastrosas causando impactos ambientais bastantes visíveis e nocivos afetando não só
o meio ambiente, mas também a humanidade que depende destes recursos para
sobreviver. 
  Ao decorrer do tempo, a sociedade passou a ter conhecimento desses
ocorridos e começaram a criar movimentos contra estes projetos que provocam
impactos negativos ao meio ambiente. E assim, surgiu o primeiro movimento
ambientalista no Brasil a Associação Gaúcha de Proteção ao Meio Ambiente
(AGAPAN) fundada em 27 de abril de 1971, sendo a primeira organização não
governamental ambientalista que levantou uma pauta importante a favor do meio
ambiente no país.
  A partir de 1972, a ONU realizou a primeira Conferência de Estocolmo, na
Suécia, segundo DIAS,2004, P.79 com o intuito de “estabelecer uma visão global e
princípios comuns que servissem de inspiração e orientação à humanidade para a
preservação e melhoria do meio ambiente”. 
 Presentemente as empresas de vários segmentos principalmente as instituições
financeiras começaram a adotar práticas de desenvolvimento sustentável, políticas de
proteção ao meio ambiente e atividades sociais se tornando comum no mundo
empresarial mostrando uma maior conscientização.

A responsabilidade social tem sido cada vez mais propagada por instituições
financeiras do Brasil, considerado como um compromisso caracterizado por práticas
para a consecução do bem-estar social. As ações desenvolvidas por estas entidades são
demonstradas, entre outros, por meio dos relatórios anuais de sustentabilidade. Estas
instituições têm procurado manter esforços para serem agentes de mudança,
colaborando com recursos humanos, financeiros e materiais, agindo inclusive em
parceria com o poder público. Carrol (1999) apresenta um modelo de conceito sobre
responsabilidade social que engloba e articula categorias em quatro tipos básicos de
expectativas esperadas pelas organizações, que são: a responsabilidade econômica,
legal, ética e social que presume sua postura e o seu compromisso para com a sociedade
na sua gestão.
  O presente trabalho tem como objetivo analisar os benefícios sociais e
ambientais da contabilidade através de três empresas do setor financeiro sendo elas:
Bradesco, Santander e Itaú. Essa notoriedade é necessária, para percebermos como as
práticas de responsabilidade social empresarial podem ter relação com o mundo
corporativo, o meio ambiente e social com auxílio da contabilidade. 
  Nesse caso, o problema da presente pesquisa é: Quais os benefícios sociais e
ambientais da contabilidade nas instituições financeiras?
  Esta pesquisa se justifica em função dos benefícios que a Contabilidade
Ambiental leva para as Instituições financeiras, além de transmitir uma boa imagem,
passam informações para as mesmas que possam ser rentáveis sem prejudicar a
sociedade e o meio ambiente.      
   
2. REFERENCIAL TEÓRICO

A fundamentação teórica deste presente capítulo está dividida em 2 subseções, a


primeira delas é referente às Instituições Financeiras, a segunda, sobre a Contabilidade
socioambiental.

2.1 As Instituições Financeiras

De  acordo, com o Artigo 17 da Lei 4.595/64, as Instituições Financeiras “são


pessoas jurídicas, públicas ou privadas que tenham como atividade principal ou
acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de
terceiros.”

Segundo o Banco Central (2007), o sistema financeiro compõe de três grandes


grupos de instituições: Órgãos Normativos, Entidades Supervisoras e Agentes
Operadores. Os agentes operadores são responsáveis pela realização dos procedimentos
operacionais que envolvem a intermediação financeira entre poupadores e investidores.
Dentre os agentes operadores, encontram-se as chamadas instituições financeiras.

Em 1981 surgiu a lei 6.938 que protege o meio ambiente no Brasil, em relação
às instituições financeiras, fazendo-as exigirem o licenciamento dos projetos
financiados, conforme estabelecido no Art. 12: 

 “As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais


condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao
licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e
dos padrões expedidos pelo CONAMA.

Parágrafo único – As entidades e órgãos referidos no caput deste artigo deverão fazer
constar dos projetos a realização de obras e aquisição de equipamentos destinados ao
controle de degradação ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente.”

No parágrafo 1º do artigo 14 da lei 6.938 determina a responsabilidade civil do


poluidor por danos ambientais sendo:

“Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor


obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.”

Segundo o artigo 3º da Lei 6.938/81 refere-se ao dano causado pelo poluidor no


meio ambiente, “O poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.”

Podemos definir como poluidora a Instituição Financeira que se enquadra na


definição do art. 3º, inciso IV, da Lei 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente), que fala que poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, responsável direta ou indiretamente por alguma atividade que degrade o meio
ambiente. Segundo o artigo 12 da Lei 6.938/81, as entidades e órgãos de financiamento
e incentivos governamentais deverão ocasionar a aprovação de projetos ao cumprimento
dos padrões, normas e critérios do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama,
2016).

Reforçando ao que está na lei para Antonio Benjamin  (1988, p. 37) o termo
poluidor é amplo valendo para os que atuam diretamente na degradação do meio
ambiente que executa a ação como fazendeiro, industrial, madeireiro, minerador e etc. E
também para o poluidor indireto que contribui para a existência ou ocorrência do evento
poluidor como o banco, o engenheiro, o corretor entre outros.

Moretti (2010) analisou a comunicação de alguns bancos nacionais com base no


pedido social ou ambiental, comparativamente a evidências de suas práticas de
responsabilidade social. O autor constata que práticas de instituições financeiras em
temas como trabalhadores, meio ambiente e consumidores apresentam resultados
assimétricos negativos em comparação ao que é demonstrado nas campanhas
publicitárias, e o relacionamento com os consumidores teve notas baixas. 

De acordo com a Global Reporting Initiative (2012), a implantação do relatório


de sustentabilidade traz diversos benefícios para a empresa, como o desenvolvimento de
visão e estratégia, melhorias no sistema de gestão, aperfeiçoamento dos processos
internos e estabelecimento de metas, identificação de pontos fortes e fracos, atração e
retenção de funcionários, integração entre departamentos, estímulo à inovação e atração
de investidores.

No Brasil, Wajnberg e Lemme (2009) estudaram os relatórios socioambientais


divulgados por instituições financeiras no intuito de entender a relação do desempenho
financeiro corporativo com o respeito ao meio ambiente e sociedade em geral. Com a
pesquisa, os autores puderam concluir que as práticas de sustentabilidade e sua
associação com o desempenho financeiro corporativo é mais presente em empresas de
grande porte.

Os investimentos em projetos culturais e ambientais podem proporcionar retorno


em imagem institucional assim enfatizou (Freitas, 1997), em dividendos políticos e em
redução de custos de campanhas publicitárias. Conforme a autora, as organizações têm
investido na construção de uma autoimagem passada para os seus membros internos e
para a sociedade no seu conjunto, e se apresentam como empresas-cidadãs, para
responderem pelo esfacelamento dos vínculos sociais e pelas identidades que
constroem.
Os pontos positivos dos investimentos socioambientais foram destacados por
vários autores da literatura nacional sobre o tema, que discutiram principalmente a
diversidade de conceitos de responsabilidade social corporativa (ASHLEY, 2002;
CURADO, 2003; FERREIRA e PASSADOR, 2002; VENTURA, 2003).

2.2 Contabilidade Socioambiental

A definição de desenvolvimento socioambiental foi construída por meio de um


longo processo histórico juntamente com o desenvolvimento sustentável, considerando
a sensibilização para os problemas ambientais, crises econômicas e as desigualdades
sociais. Atualmente, existe uma grande variedade de conceitos e formas de abordagens
que podem ser averiguados pelas inúmeras definições relativas a seu significado. De
modo geral, estes procuram explicar a sustentabilidade considerando o processo de
reavaliação crítica nas relações entre a sociedade civil e seu meio natural. Nesse
panorama, o campo da sustentabilidade é considerado emergente e identificado por
diferentes áreas do conhecimento. As alegações mais aceitas em definir o
desenvolvimento sustentável surgiram por meio do Relatório Brundtland - elaborado a
partir da World Commission on Environment and Development (WCED) que traz uma
das definições mais conhecidas de acordo com: o desenvolvimento sustentável é aquele
capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de
atender as necessidades das gerações futuras (WCED, 1987; VAN BELLEN, 2004;
SARTORI et al., 2014).

As organizações estão cada vez mais preocupadas com a responsabilidade


socioambiental, com isso buscam métodos de desenvolvimento sustentável. À vista
disso, Monteiro e Ferreira (2007) apontam que são evidenciadas diversas ações e em
diferentes campos de conhecimento, com o intuito de elaborar mecanismos que
possibilitam à preservação do meio ambiente e dos recursos naturais, além de fiscalizar
e controlar os efeitos sociais e ambientais decorrentes do crescimento econômico.
     
E um destes campos que ajuda no desenvolvimento sustentável é a
contabilidade. De acordo com Ribeiro (2010) é a ciência que se preocupa com a
identificação, mensuração e informação dos recursos alocados a uma empresa, além dos
eventos econômicos que podem afetá-la. Dessa forma, a contabilidade tem como papel
evidenciar as informações sobre fatos e eventos, sejam internos ou externos, que podem
vir a afetar o meio ambiente e o patrimônio empresarial (Souza & Costa, 2012).

Entende-se por responsabilidade socioambiental das empresas a relação que


existe entre a comunidade em seu entorno e com o meio ambiente, que possa garantir a
continuidade de suas atividades em paralelo com a sustentabilidade econômica, social e
ambiental. De acordo com Stray Ballantine (2000), as instituições financeiras
tradicionalmente não se envolvem com a questão ambiental, por causarem pouco
impacto direto sobre o meio ambiente e conseqüentemente, esse setor não é muito
destacado na literatura sobre o desenvolvimento sustentável.

Entretanto Andrade, Tachizawa, Carvalho (2002) realçaram que todas as


empresas podem implementar estratégias ambientais que ajudem o desempenho
sustentável em suas atividades, incluindo o setor de serviços financeiros, que pode
diminuir ou eliminar os riscos ambientais internos de suas instalações, garantindo assim
a segurança e uma resultante redução de despesas operacionais com essas iniciativas.

A contabilidade deve evoluir no sentido de prestar informações atualizadas,


observando a forma como as mudanças patrimoniais refletem no meio ambiente e na
sociedade de forma geral. Segundo Kroetz (2000), as divulgações devem envolver
diferentes aspectos, não se limitando só as informações de ordem financeira. Sendo
assim, a contabilidade deve elaborar relatórios com informações transparentes da
empresa com a sociedade.

Diante deste contexto, Azevedo Cruz (2008) afirma que as organizações


evidenciam nos relatórios de responsabilidade social informações sobre investimentos e
indicadores socioambientais, buscando revelar a natureza e o montante de recursos
empresariais destinados às ações de responsabilidade social interna e externa, de forma
a medir o desempenho da cidadania empresarial. 

Nesse caso, a definição de Contabilidade Socioambiental surge no ramo da


contabilidade através de uma abordagem que tem como base o preparo teórico
construído através dos paradigmas inerentes à Responsabilidade Social Corporativa e
que tem como objetivo evidenciar informações socioambientais das organizações. 

Segundo Alves e Barbosa (2013) dentre as várias iniciativas realizadas, podem


ser destacadas as seguintes: Conferência da Biosfera (Paris, 1968), Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Estocolmo, 1972), Eco 92 (Rio de Janeiro,
1992), Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (Johanesburgo, 2002) e
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Paris, 2007). Para Alves e
Barbosa (2013, p.884) “essas conferências resultaram em documentos que auxiliam na
conscientização da população e, consequentemente, numa mudança de postura dos
indivíduos e das empresas”. Esta mudança tem levado as organizações e o meio
acadêmico, dentro da área de gestão, a se preocuparem mais com as questões ambientais
no âmbito das decisões estratégicas (MARTINS; ESCRIVÃO FILHO; NAGANO,
2015).

De acordo com Kraemer (2006), o papel dos contadores é fundamental nesta


perspectiva, pois incentiva as organizações a adotarem ações que levam a uma boa
gestão ambiental de forma consciente, gerando dados e informações, seja por
intermédio dos relatórios de sustentabilidade, seja por intermédio das próprias
demonstrações financeiras tradicionais.

O relatório de sustentabilidade é visto como uma das principais ferramentas de


comunicação do desempenho social, ambiental e econômico das organizações
financeiras. Um dos modelos de publicação de relatórios mais divulgados e utilizados
atualmente é o recomendado pela GRI (GLOBAL REPORTING INITIATIVE, 2012;
FERREIRA QUILICE e CALDANA, 2015).

A definição de indicadores pode ser descrita de diferentes formas e às vezes são


contraditórias. A discordância e aplicação de indicadores sustentáveis são de certa
forma um retrato de que o conceito ainda não obteve um consenso integralmente aceito.
Boa parte desses conceitos foi desenvolvida por razões específicas no âmbito de
questões de ordem econômica, social, ambiental. Nesse entendimento, o problema surge
não só dentro das especificidades de um ambiente, mas por refletir ambiguidades e
contradições em relação ao significado do conceito fundamental de indicador, de uma
forma em geral. A discussão sobre a natureza de indicadores e suas implicações básicas,
conceitua o termo indicador como algo que aponta ou representa outra coisa,
considerada aparentemente uma forma particular do conceito de sinal (GALLOPIN,
1996; SILVA, FREIRE e QUEVEDO-SILVA, 2014).

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