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LISTA DE ELEMENTOS GRÁFICOS

Você encontrará, neste material, os símbolos a seguir. Não esqueça os significados,


pois eles o orientarão nas atividades propostas.

Indica os objetivos.

Referência a sites da Internet/Intranet, para consulta, pesquisa ou download


de material.

Representa o momento de refletir sobre os conceitos desenvolvidos no


decorrer da unidade.

Observações importantes que devem ser anotadas.

Indica exercícios a serem realizados na unidade de estudo.

Referência a dicas diversas e informações adicionais ao longo da


unidade.

Indica a existência de referências a livros, revistas, monografias e


outras leituras complementares.

Indica a existência de fórum de discussão para aprofundamento da


aprendizagem.

Referência a filmes, slides, comerciais e material em multimídia.

Representa um momento de atenção na unidade.


APRESENTAÇÃO

Olá, nós somos a Zônia e o AMAZ e iremos acompanhá-lo (a) nos estudos sobre a política
de responsabilidade socioambiental e o gerenciamento de risco socioambiental. Por meio
da leitura e estudo deste caderno, você entenderá a dimensão do tema e sua importância
para o Banco da Amazônia S.A.

OBJETIVO DA APRENDIZAGEM
Capacitar os empregados quanto a responsabilidade socioambiental das
instituições financeiras (IFs), de forma que consigam relacionar o conteúdo
estudado com as atividades desenvolvidas e, consequente aplicação na
implantação da Política de Responsabilidade Socioambiental e do sistema de
gerenciamento de risco socioambiental, principal foco da regulamentação do
Banco Central do Brasil - BCB.

Nossos estudos perpassarão pelos seguintes tópicos:


1. A política de responsabilidade socioambiental e o gerenciamento de risco
socioambiental.

2. Regulamentação socioambiental no setor bancário.


2.1. Resolução CMN nº 4.327/2014 comentada;
2.2. As leis;
2.3. Regulações socioambientais específicas;
2.4. Outras normas relacionadas à Responsabilidade Socioambiental;
2.5. Normativo SARB 014/2014 FEBRABAN.

Lembre-se de que o sucesso deste curso depende muito de você.


Tenha um bom estudo!
INTRODUÇÃO

A inserção do sistema financeiro ao tema da sustentabilidade surgiu com o


amadurecimento do debate sobre a preponderância do resultado econômico das empresas
em detrimento de sua responsabilidade social e ambiental, discussão que vem ocupando
destaque ao longo das últimas quatro décadas na sociedade, no meio empresarial,
acadêmico e regulatório.
No Brasil, a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) regulamentada pela Lei
6.938/81 em seu artigo 4º estabeleceu a compatibilização entre o crescimento econômico,
social e preservação do meio ambiente, entre outros objetivos, figura como um marco
regulatório.
Como outro marco podemos citar o princípio do poluidor-pagador ressalvado na
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, § 3º, “condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar
os danos causados”. Assim, o princípio do poluidor pagador considera a escassez dos
recursos ambientais, visto que a produção e consumo de bens materiais pela sociedade e
empresas geram reflexos que resultam em sua degradação (BRASIL,
1988).
Em 1992, por meio da Declaração Internacional dos Bancos para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o sistema financeiro assumiu
o compromisso de inserção dos aspectos ambientais na avaliação dos
riscos de investimento e financiamento, no desenvolvimento de produtos
e serviços, e no uso racional de recursos internamente.
Dessa forma, as instituições financeiras desempenham fundamental papel
e responsabilidade socioambiental para a promoção do crescimento
econômico sustentável, pois atuam como principal agente na alocação de
recursos na economia, unindo diferentes interesses na sociedade.
Antes de iniciarmos os estudos, consideramos importante elucidar alguns
conceitos para melhor compreensão do conteúdo:
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: modelo de
desenvolvimento que busca harmonizar o desenvolvimento econômico,
proteção ambiental e inclusão social.
SUSTENTABILIDADE: relacionado ao desenvolvimento sustentável, ou seja, formado
por um conjunto de ideias, estratégias e demais atitudes ecologicamente corretas,
economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas;
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: compromisso de uma organização para
com a sociedade¸ expresso por meio de ações que afetem positivamente¸ de modo amplo
ou específico, agindo coerentemente de forma a cumprir seu papel específico na sociedade
e na sua prestação de contas para com ela;
DANO SOCIOAMBIENTAL: prejuízo material, físico ou moral causado a sociedade ou
ao ambiente, originado das próprias atividades da instituição, ou de operações com
tomadores de crédito, emissores de títulos, fornecedores e outros parceiros de negócios.
GERENCIAMENTO DE RISCOS: processo para identificar, avaliar, administrar e
controlar potenciais eventos ou situações, para fornecer razoável certeza quanto ao alcance
dos objetivos da organização;
PERDA SOCIOAMBIENTAL: desembolso financeiro com objetivo de reparar “dano
socioambiental” causado por falhas cometidas pela instituição;
PRINCÍPIO DA RELEVÂNCIA: grau de exposição aos riscos socioambientais das
atividades e das operações da Instituição.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: a compatibilidade da presente Política de
Responsabilidade Socioambiental com a natureza e com a complexidade das atividades,
negócios, serviços e produtos financeiros do Banco.
RISCO DE IMAGEM E REPUTAÇÃO: possibilidade de perdas em decorrência de
alterações na reputação perante clientes, concorrentes, órgãos governamentais, mercado ou
autoridades, em razão de publicidade negativa, verdadeira ou não.
RISCO SOCIOAMBIENTAL: possibilidade de ocorrência de perdas da Instituição
decorrentes de danos socioambientais causados no desenvolvimento de suas atividades, ou
por ações de seus tomadores, emissores e contrapartes com os quais mantém algum tipo de
operação ou serviço. O risco socioambiental deve ser
identificado como um componente das diversas
modalidades de risco a que a instituição está exposta.

Então, vamos em frente para aprender e praticar!


1. A política de responsabilidade socioambiental e o
gerenciamento de risco socioambiental

O setor bancário possui importante função referente às


questões sociais e ambientais, e vem incorporando essa
responsabilidade à medida que alia crescimento econômico a
proteção ambiental e social, ainda que de forma normativa.
As exigências legais referentes ao tema são estabelecidas
pelos órgãos reguladores e adotadas de forma gradual pelas
instituições financeiras (IFs), favorecendo a disseminação
das boas práticas socioambientais e redução dos impactos
negativos sobre a sociedade, ambiente e empresas (ABBC e
PwC, 2015).
A regulamentação socioambiental do sistema financeiro tem
como marco a Declaração Internacional dos Bancos para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, em 1992, e,
encontra abrigo em vários princípios do direito ambiental
como o princípio do poluidor pagador e do protetor-recebedor, da prevenção e da
precaução, entre outros incorporados no Brasil, principalmente pela Constituição Federal
de 1988 em seu artigo 225, §3º e pela Lei n º 6.938/1981, a Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA).
Dessa forma, as IFs devem considerar os impactos a que estão sujeitas para que fique clara
sua atuação na gestão dos riscos sociais e ambientais, relacionando-os as diversas
regulamentações vigentes.
Os riscos sociais e ambientais referem-se aos impactos diretos e indiretos potencialmente
negativos gerados pela atividade bancária. Os impactos diretos das IFs estão relacionados
à gestão de recursos naturais (ecoeficiência, TI verde, conformidade com a legislação –
resíduos sólidos, etc.); a gestão das relações sociais (redução do risco de passivos com
questões trabalhistas, corrupção, conflito de interesses; saúde e segurança, diversidade) e;
a gestão de fornecedores (melhoria de processos, redução de custos). Enquanto os
impactos indiretos se relacionam as operações no mercado, como crédito, investimentos e
seguros, fazendo-se necessário identificar previamente os riscos de clientes e projetos
(BID, 2014).
Em 2014, após discussão entre a sociedade civil e entidades representantes das IFs, foi
publicada a Resolução CMN/BCB nº 4.327/2014 que estabeleceu diretrizes para a
implantação da política de responsabilidade socioambiental devendo ser integrada as
demais políticas da instituição, como a de crédito, gestão de recursos humanos e gestão de
risco.

No entanto, para alcançarmos os principais objetivos da política, devemos não só


identificar e gerenciar os riscos inerentes às atividades das IFs, mas também
apoiar as oportunidades de negócio as quais geram impactos positivos nas
operações e nas relações com nossos stakeholders (partes interessadas).

Dessa forma, nos deteremos às diretrizes da Resolução CMN/BCB nº 4.327/2014 e a


importância de sua implantação nas instituições financeiras, abordando a Política de
Responsabilidade Socioambiental, o plano de implantação e o gerenciamento de risco
socioambiental.

2. Regulamentação socioambiental no setor bancário

A regulação socioambiental aplicável ao Sistema Financeiro


Nacional (SFN) é composta por leis e documentos adicionais,
editadas pelo Conselho do Meio Ambiente (CONAMA) e
conselhos estaduais, quando se trata do meio ambiente, e pelo
Conselho Monetário Nacional (CMN), quando as leis se
referem ao sistema financeiro.
A incorporação das questões socioambientais na gestão e
negócios das instituições financeiras vem sendo exigida
legalmente há mais de 30 anos, pela asseguração de princípios
do direito ambiental, por exemplo, a tríplice responsabilidade
pelo dano civil, administrativa e penal, e a responsabilidade
civil objetiva e solidária, bem como os demais princípios já
mencionados (ABBC e PwC, 2015).

Considerando a diversa regulamentação existente, torna-se imprescindível que as


IFs priorizem o aperfeiçoamento da estrutura de Compliance, os controles
internos e a governança, de forma ao acompanhamento tempestivo dessa
legislação, a atualização sobre as decisões judiciais, jurisprudências e
recomendações sobre o tema (ABBC e PwC, 2015).

O conjunto de normas que compõe essa regulação aproxima a instituição financeira de


diferentes órgãos e decisões como: as Justiças Federal e Estadual, o Ministério Público, o
Ministério do Meio Ambiente, o IBAMA, as agências reguladoras estaduais, os órgãos de
proteção ao consumidor, o Ministério do Trabalho e Emprego, além dos governos
estaduais e municipais.
Abordaremos, em seguida, as leis, resoluções e demais normativos que impactam o
Sistema Financeiro Nacional direta e indiretamente, e nos deteremos mais especificamente
a Resolução CMN/BCB nº 4.327/2014.

2.1. Resolução CMN nº 4.327/2014 comentada

Baseado na crescente relevância do tema e na relação das


instituições financeiras aos riscos decorrentes de questões
socioambientais, em 2014, o Conselho Monetário Nacional
publicou a Resolução nº 4.327, de 25 de abril de 2014,
apresentada a seguir com comentários pautados na publicação
da ABBC e PwC (2015).

Dispõe sobre as diretrizes que devem ser observadas no estabelecimento e


na implementação da Política de Responsabilidade Socioambiental pelas
instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo
Banco Central do Brasil.

A norma trata da implantação da Política de Responsabilidade


Socioambiental pelas IFs, estabelecendo como principal
objetivo a gestão de risco, visando a integração do risco
socioambiental a todos os processos que envolvem sua
análise. Para isso, estabelece dispositivos para o continuo
aperfeiçoamento da governança das instituições.
A meta é garantir a viabilidade econômica dos negócios aliados aos aspectos sociais e
ambientais de forma a alcançar a diminuição de riscos e a gestão responsável dos recursos
humanos. E como instrumento fundamental na efetivação desse projeto, o regulador
incentiva fortemente a capacitação.

CAPÍTULO I
DO OBJETO E DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre as diretrizes que, considerados os
princípios de relevância e proporcionalidade, devem ser observadas no
estabelecimento e na implementação da Política de Responsabilidade
Socioambiental (PRSA) pelas instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
Parágrafo único. Para fins do estabelecimento e da implementação da PRSA, as
instituições referidas no caput devem observar os seguintes princípios:
I - relevância: o grau de exposição ao risco socioambiental das atividades e das
operações da instituição; e
II - proporcionalidade: a compatibilidade da PRSA com a natureza da
instituição e com a complexidade de suas atividades e de seus serviços e
produtos financeiros.

Uma vez determinado que as IFs devem estabelecer e implementar


uma PRSA, estas devem observar os princípios de relevância, ou seja,
o grau de exposição ao risco socioambiental das atividades e das
operações da instituição, e a proporcionalidade, de forma a tornar
compatível a PRSA à natureza da instituição e à complexidade de suas
atividades e produtos.
Em virtude de o órgão regulador não ter padronizado a política, como
ponto de partida cada instituição deve fazer uma avaliação das
atividades e operações, considerando projetos em andamento ou
futuros que agreguem novos mercados ao rol de atividades, como um
diagnóstico.

CAPÍTULO II
DA POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Art. 2º A PRSA deve conter princípios e diretrizes que norteiem as ações de
natureza socioambiental nos negócios e na relação com as partes interessadas.
§ 1º Para fins do disposto no caput, são partes interessadas os clientes e
usuários dos produtos e serviços oferecidos pela instituição, à comunidade
interna à sua organização e as demais pessoas que, conforme avaliação da
instituição, sejam impactadas por suas atividades.
§ 2º A PRSA deve estabelecer diretrizes sobre as ações estratégicas
relacionadas à sua governança, inclusive para fins do gerenciamento do risco
socioambiental.
§ 3º As instituições mencionadas no art. 1º devem estimular a participação de
partes interessadas no processo de elaboração da política a ser estabelecida.
§ 4º Admite-se a instituição de uma PRSA por:
I. conglomerado financeiro;
II. sistema cooperativo de crédito, inclusive a cooperativa central de
crédito, e, quando houver, a sua confederação e banco cooperativo.
§ 5º A PRSA deve ser objeto de avaliação a cada cinco anos por parte da
diretoria e, quando houver, do conselho de administração.

Um dos pontos centrais da norma é a consulta e participação das partes interessadas na


elaboração da política. E determina a reavaliação periódica, de no mínimo cinco anos,
vinculando-a a diretoria e conselho de administração da instituição.

CAPÍTULO III
DA GOVERNANÇA
Art. 3º As instituições mencionadas no art. 1º devem manter estrutura de
governança compatível com o seu porte, a natureza do seu negócio, a
complexidade de serviços e produtos oferecidos, bem como com as atividades,
processos e sistemas adotados, para assegurar o cumprimento das diretrizes e
dos objetivos da PRSA.
§ 1º A estrutura de governança mencionada no caput deve prover condições
para o exercício das seguintes atividades:
I - implementar as ações no âmbito da PRSA;
II - monitorar o cumprimento das ações estabelecidas na PRSA;
III - avaliar a efetividade das ações implementadas;
IV - verificar a adequação do gerenciamento do risco socioambiental
estabelecido na PRSA; e
V - identificar eventuais deficiências na implementação das ações.
§ 2º É facultada a constituição de comitê de responsabilidade socioambiental,
de natureza consultiva, vinculado ao conselho de administração ou, quando não
houver, à diretoria executiva, com a atribuição de monitorar e avaliar a PRSA,
podendo propor aprimoramentos.
§ 3º Na hipótese de constituição do comitê a que se refere o § 2º, a instituição
deve divulgar sua composição, inclusive no caso de ser integrado por parte
interessada externa à instituição.

A estrutura de governança vincula-se aos princípios de relevância e


proporcionalidade, devendo ter capacidade para implementar as ações
da PRSA, monitorar, avaliar a efetividade e verificar a adequação dos
processos para o gerenciamento do risco socioambiental estabelecidos.
Apesar do regulador facultar a criação de um comitê de
responsabilidade socioambiental, seria benéfica à estrutura de
governança, cabendo à instituição essa avaliação considerando a
natureza das atividades e operações. Também não é estabelecido
requisitos para a composição desse órgão consultivo, mas determina
que ele seja subordinado a alta administração e sua composição
divulgada, indicando oportuna a participação de um membro externo no
comitê.

CAPÍTULO IV
DO GERENCIAMENTO DO RISCO SOCIOAMBIENTAL
Art. 4º Para fins desta Resolução, define-se risco socioambiental como a
possibilidade de ocorrência de perdas das instituições mencionadas no art.1º
decorrentes de danos socioambientais.

Conforme trataremos mais adiante, esse artigo deixa claro o foco da norma no
gerenciamento de risco socioambiental e a preocupação do regulador em definir risco
associado a perdas decorrentes de danos socioambientais.

Art. 5º O risco socioambiental deve ser identificado pelas


instituições mencionadas no art. 1º como um componente das
diversas modalidades de risco a que estão expostas.

O regulador determina que esse risco deva ser identificado e tratado como componente dos
demais riscos a que a Instituição está exposto. Portanto, necessita para isso, uma avaliação
completa dos seus processos operacionais verificando a interação entre os diversos riscos.

Art. 6º O gerenciamento do risco socioambiental das instituições mencionadas


no art. 1º deve considerar:
I - sistemas, rotinas e procedimentos que possibilitem identificar, classificar,
avaliar, monitorar, mitigar e controlar o risco socioambiental presente nas
atividades e nas operações da instituição;
II - registro de dados referentes às perdas efetivas em função de danos
socioambientais, pelo período mínimo de cinco anos, incluindo valores, tipo,
localização e setor econômico objeto da operação;
III - avaliação prévia dos potenciais impactos socioambientais negativos de
novas modalidades de produtos e serviços, inclusive em relação ao risco de
reputação; e
IV - procedimentos para adequação do gerenciamento do risco socioambiental
às mudanças legais, regulamentares e de mercado.
O regulador estabelece as condições mínimas para a realização do
gerenciamento do risco. Importante frisar que os princípios de relevância e
proporcionalidade aplicam-se, neste caso, somente em relação a
complexidade dos processos de trabalho e não quanto a necessidade de
observância das disposições regulatórias.

Art. 7º As ações relacionadas ao gerenciamento do risco socioambiental devem estar


subordinadas a uma unidade de gerenciamento de risco da instituição.
Parágrafo único. Independente da exigência prevista no caput, procedimentos para
identificação, classificação, avaliação, monitoramento, mitigação e controle do risco
socioambiental podem ser também adotados em outras estruturas de gerenciamento de
risco da instituição.

Este dispositivo não só reforça que o risco socioambiental integre a mesma


estrutura de gerenciamento dos demais riscos a que estão sujeitas as instituições, como
estimula que os processos de trabalho inerentes à análise de cada risco sejam realizados de
forma coordenada.
Art. 8º As instituições mencionadas no art. 1º devem estabelecer critérios e
mecanismos específicos de avaliação de risco quando da realização de
operações relacionadas a atividades econômicas com maior potencial de causar
danos socioambientais.

Nesse artigo, há evidente preocupação do regulador com riscos de operações relativas a


atividades com maior potencial de provocar danos socioambientais, exigindo avaliação
criteriosa e mecanismos específicos, de preferência ter equipe especializada para avaliação
e monitoramento.

CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 9º As instituições mencionadas no art. 1º devem estabelecer plano de ação
visando à implementação da PRSA.
Parágrafo único. O plano mencionado no caput deve definir as ações
requeridas para a adequação da estrutura organizacional e operacional da
instituição, se necessário, bem como as rotinas e os procedimentos a serem
executados em conformidade com as diretrizes da política, segundo cronograma
especificado pela instituição.

O regulador define o plano de ação como instrumento de gestão a implantação da política,


sendo principal ferramenta de acompanhamento e monitoramento das diretrizes
estratégicas formalizadas na PRSA.

Art. 10. A PRSA e o respectivo plano de ação mencionado no art. 9º devem ser
aprovados pela diretoria e, quando houver, pelo conselho de administração,
assegurando a adequada integração com as demais políticas da instituição, tais
como a de crédito, a de gestão de recursos humanos e a de gestão de risco.

Nesse artigo, vincula-se a efetividade da norma à necessidade de


aprovação da PRSA e plano de ação pela alta administração da
instituição, visto a responsabilidade pelo seu cumprimento.
O regulador ainda alerta que a PRSA deve ser integrada as demais
políticas (de crédito, recursos humanos e gestão de risco), deixando
claro que as ações da PRSA não devem e não podem ser executadas
exclusivamente por uma única unidade.

Art. 11. As instituições mencionadas no art. 1º devem aprovar a PRSA e o respectivo


plano de ação, na forma prevista no art. 10, e iniciar a execução das ações
correspondentes ao plano de ação segundo o cronograma a seguir:
I - até 28 de fevereiro de 2015, por parte das instituições obrigadas a
implementar o Processo Interno de Avaliação da Adequação de Capital (Icaap),
conforme regulamentação em vigor; e
II - até 31 de julho de 2015, pelas demais instituições.
O cronograma foi estabelecido com o objetivo de permitir que as determinações
regulatórias possam ser cumpridas de forma gradual, sem impactos relevantes na estrutura
operacional das instituições financeiras, respeitando, inclusive, a premissa de não lhe
imputar custos desnecessários.

Art. 12. As instituições mencionadas no art. 1º devem:


I - designar diretor responsável pelo cumprimento da PRSA;
II - formalizar a PRSA e assegurar sua divulgação interna e externa; e
III - manter documentação relativa à PRSA à disposição do Banco Central do
Brasil.

Reforçando as determinações referentes a governança, assim como a relação com o


regulador, o artigo trata da designação do diretor responsável, da forma de divulgação da
política e da manutenção da documentação relativa a PRSA a disposição do Banco Central
do Brasil.

Art. 13. O Banco Central do Brasil poderá determinar a adoção de controles e


procedimentos relativos à PRSA, estabelecendo prazo para sua implementação.

Dessa forma, a Resolução nº 4.327/2014 tem como objetivo oferecer condições para que
as IFs adotem uma política de responsabilidade socioambiental que agregue valor a
instituição, mitigando riscos e buscando novas oportunidades de negócios que contribuam
para o desenvolvimento sustentável. Portanto, a expectativa do órgão regulador é que as
IFs:
• Gerenciem o risco socioambiental inerente às atividades e às operações.
• Observem os princípios de boa governança corporativa.
• Promovam o engajamento das partes interessadas.
• Garantam a divulgação das informações de forma oportuna e precisa.
• Adotem uma política compatível com a natureza, a dimensão e as
características de seus negócios, avaliando adequadamente o custo
envolvido.
• Sejam indutoras de boas práticas socioambientais entre seus pares e suas
partes interessadas.
(ABBC e PwC, 2015; p.30).

2.2. As leis

Para ilustrar a diversidade da regulação socioambiental,


apresentamos no quadro abaixo, exemplos de leis que envolvem
as instituições financeiras, ainda que indiretamente relacionadas
ao SFN:
DIREITO DIFUSO
Ação civil Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao
pública - Lei nº meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
7.347, de 1985. estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer outro interesse
difuso ou coletivo, por infração da ordem econômica, à ordem urbanística,
à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, ao
patrimônio público e social, e dá outras providências.
Art. 1º - Lei nº Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação
7.347, de 1985. popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais
causados:
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;
V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística;
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;
VIII – ao patrimônio público e social.
Art. 3º - Lei nº Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o
7.347, de 1985. cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
Art. 5º - Lei nº Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
7.347, de 1985. I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia
mista;
V- a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio
público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à
livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou
ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará
obrigatoriamente como fiscal da lei.
§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas
nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das
partes.
§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá
a titularidade ativa.
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz,
quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
§ 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos
da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e
direitos de que cuida esta lei.
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
ASPECTOS AMBIENTAIS
Poluidor indireto Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
Art. 3º inciso IV - IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
Lei nº 6.938, de responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
1981 - Lei PNMA. degradação ambiental;
Art. 2º - Lei nº Art. 2º - Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes
9.605, de1998 - Lei previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da
de Crimes sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de
Ambientais. conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou
mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de
outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
Responsabilidade Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187 ), causar dano a
Civil Objetiva- Art. outrem, fica obrigado a repará-lo.
927 – Lei nº Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
10.406, de 2002 – independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
Novo Código Civil. quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Obrigações para Art 12 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivos
instituições governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a
financeiras - Art. esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao
12 - Lei nº 6.938, cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo
de 1981. CONAMA.
Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no " caput " deste
artigo deverão fazer constar dos projetos a realização de obras e
aquisição de equipamentos destinados ao controle de degradação
ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente.
Licenças Art. 19. O Poder Público, no exercício de sua competência de controle,
ambientais - Art. expedirá as seguintes licenças:
19, § 3º - Decreto (...)
nº 99.274, de 3º Iniciadas as atividades de implantação e operação, antes da
1990. expedição das respectivas licenças, os dirigentes dos Órgãos Setoriais
do Ibama deverão, sob pena de responsabilidade funcional, comunicar
o fato às entidades financiadoras dessas atividades, sem prejuízo da
imposição de penalidades, medidas administrativas de interdição,
judiciais, de embargo, e outras providências cautelares.
Educação Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito
ambiental - Art. 3º, à educação ambiental, incumbindo:
V - Lei nº 9.795, de I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição
1999. Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental,
promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o
engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do
meio ambiente;
II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de
maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem;
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente -
Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos
programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e
permanente na disseminação de informações e práticas educativas
sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua
programação;
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas,
promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores,
visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho,
bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio
ambiente;
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à
formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação
individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a
solução de problemas ambientais.
Corresponsabilid Art. 2º As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados,
ade pelo dano relacionados ao ensino com manipulação de organismos vivos, à
ambiental na pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção
biossegurança - industrial ficam restritos ao âmbito de entidades de direito público ou
Art. 2º - Lei nº privado, que serão responsáveis pela obediência aos preceitos desta
11.105, de 2005 - Lei e de sua regulamentação, bem como pelas eventuais
Lei de conseqüências ou efeitos advindos de seu descumprimento.
Biossegurança. § 1º Para os fins desta Lei, consideram-se atividades e projetos no
âmbito de entidade os conduzidos em instalações próprias ou sob a
responsabilidade administrativa, técnica ou científica da entidade.
§ 2º As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a
pessoas físicas em atuação autônoma e independente, ainda que
mantenham vínculo empregatício ou qualquer outro com pessoas
jurídicas.
§ 3º Os interessados em realizar atividade prevista nesta Lei deverão
requerer autorização à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança –
CTNBio, que se manifestará no prazo fixado em regulamento.
§ 4º As organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou
internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de
projetos referidos no caput deste artigo devem exigir a apresentação de
Certificado de Qualidade em Biossegurança, emitido pela CTNBio, sob
pena de se tornarem co-responsáveis pelos eventuais efeitos
decorrentes do descumprimento desta Lei ou de sua regulamentação.
Mudança
climática - Lei nº Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC e dá outras
12.187, de 2009 - providências.
Política Nacional
sobre Mudança do
Clima.
Geração de Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
resíduos e áreas dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como
contaminadas - sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
Arts. 1º e 3º - Lei resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos
nº 12.305, de 2010 geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos
- Política Nacional aplicáveis.
de Resíduos § 1o Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou
Sólidos. jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou
indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam
ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de
resíduos sólidos.
§ 2o Esta Lei não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados
por legislação específica.
Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder
público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes,
tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida do produto;
(...)
Novo Código Art. 78-A. Após 31 de dezembro de 2017, as instituições financeiras só
Florestal – concederão crédito agrícola, em qualquer de suas modalidades, para
Acesso ao proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos no CAR.
Crédito Rural - Parágrafo único. O prazo de que trata este artigo será prorrogado em
Art. 78, A- Lei nº observância aos novos prazos de que trata o § 3º do art. 29.
12.651, de 2012
(Código Florestal
Brasileiro)
ASPECTOS SOCIAIS
Direitos Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando
Trabalhistas - fôr em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se
Decreto-Lei nº aplicam:
5.452, de 1943 - a) aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo
Consolidação das geral, os que prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou
Leis do Trabalho à família, no âmbito residencial destas;
Art. 7º - b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que,
Constituição exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não
Federal, de 1988. sejam empregados em atividades que, pelos métodos de execução dos
respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operações, se
classifiquem como industriais ou comerciais;
c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios e
aos respectivos extranumerários em serviço nas próprias repartições;
d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a
regime próprio de proteção ao trabalho que lhes assegure situação
análoga à dos funcionários públicos.
e) aos empregados das empresas de propriedade da União Federal,
quando por esta ou pelos Estados administradas, salvo em se tratando
daquelas cuja propriedade ou administração resultem de circunstâncias
transitórias.
f) às atividades de direção e assessoramento nos órgãos, institutos e
fundações dos partidos, assim definidas em normas internas de
organização partidária.
Terceirização - Resolução nº 194, de 2014
Resolução nº 194, Institui Política Nacional de Atenção Prioritária ao Primeiro Grau de
de 2014, Súmula Jurisdição e dá outras providências.
nº 331 do Tribunal
Superior do Súmula nº 331 do TST
Trabalho. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova
redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res.
174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal,
formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo
no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa
interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da
Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da
CF/1988).
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de
serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e
limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-
meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a
subordinação direta.
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
relação processual e conste também do título executivo judicial.
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da
Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de
mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
empresa regularmente contratada.
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange
todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da
prestação laboral.
Trabalho análogo Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o
ao escravo - Art. representado a responder civilmente até a importância do proveito que
149 - Lei nº teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o
10.406, de 2002 – representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
Novo Código Civil.
Trabalho infantil - Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de
Arts. 60 a 69 - Lei idade, salvo na condição de aprendiz.
nº 8.069, de 1990- (...)
Estatuto da Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no
Criança e do trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:
Adolescente. I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Diversidade Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716, de 5 de
social (Estatuto janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de
da Igualdade 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.
Racial) - Lei nº
12.288, de 2010 -
Estatuto da
Igualdade Racial.
Portadores de Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a
necessidades preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus
especiais - Art. 93 cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de
- Lei nº 8.213, de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
1991 - Lei de I - até 200 empregados........................2%;
Cotas para II - de 201 a 500....................................3%;
Portadores de III - de 501 a 1.000.................................4%;
Necessidades IV - de 1.001 em diante. .......................5%.
Especiais (...)
DEVER GERAL COM A COMUNIDADE
S/As - Art. 116 - Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou
Lei nº 6.404, de jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob
1976 - Lei das controle comum, que:
Sociedades a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo
Anônimas permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral
e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e
b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e
orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim
de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social,
e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da
empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que
atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.
Cooperativismo - Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico
Lei nº 5.764, de das sociedades cooperativas, e dá outras providências.
1971 - Lei das
Cooperativas
Lavagem de Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e
dinheiro - Lei nº valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos
9.613,de 1998 - Lei previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades
da Lavagem de Financeiras - COAF, e dá outras providências.
Dinheiro
Lei Anticorrupção Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas
- Lei nº 12.846, de jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional
2013 - Lei ou estrangeira, e dá outras providências.
Anticorrupção.
Quadro adaptado ABBC E PwC (2015).

2.3. Regulações socioambientais específicas

Especificamente ao tema socioambiental, relacionamos a seguir


as normas cronologicamente editadas pelo Conselho Monetário
Nacional visando à observância das referidas resoluções e
circulares pelas instituições financeiras.
ANO NORMA TEOR
Exige documentação comprobatória de
regularidade ambiental e outras condicionantes
2008 Resolução nº 3.545
para financiamento agropecuário no Bioma
Amazônia.
Condiciona o crédito rural para expansão da
produção e industrialização da cana-de-açúcar
ao Zoneamento Agroecológico e veda o
2009 Resolução nº 3.813
financiamento da expansão do plantio nos
Biomas Amazônia, Pantanal e Bacia do Alto
Paraguai, entre outras áreas.
Veda a concessão de crédito rural para pessoas
físicas ou jurídicas que estão inscritas no
Cadastro de Empregadores que mantiveram
Resolução nº 3.876
trabalhadores em condições análogas à de
escravo instituído pelo Ministério do Trabalho e
2010 Emprego.
Institui, no âmbito do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Resolução nº 3.896 o Programa para Redução da Emissão de
Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa
ABC)
Estabelece que instituições financeiras com
mais de R$ 100 bilhões em ativos demonstrem
como consideram o risco decorrente da
2011 Circular nº 3.547
exposição a danos socioambientais gerados por
suas atividades, para Processo Interno de
Avaliação da Adequação de Capital (Icaap).
Dispõe sobre financiamentos de projetos
destinados a mitigação e adaptação à mudança
2013 Resolução nº 4.267
do clima com recursos do Fundo Nacional sobre
Mudança do Clima (FNMC).
Quadro adaptado ABBC e PwC (2015).

2.4. Outras normas relacionadas à Responsabilidade Socioambiental

NORMA TEOR
Transparência nas operações de O normativo tem relação direta com a PRSA, visto que
crédito suas determinações tratam da prestação de
Circular nº 2.905, de 1999. informações necessárias a livre escolha da instituição
ou de seus produtos por parte do cliente. Tem o
objetivo de permitir o completo entendimento do
conteúdo contratual e a clara identificação de
condições, prazos, valores, encargos, multas, entre
outros.
Portabilidades de Crédito, Salário Esse conjunto de normativos fortemente vinculados a
e Cadastral PRSA, fundamenta o processo de estimulo a
Resoluções nº 3.401, de 2006; nº competição e a correção de assimetria de informações.
3.402, de 2006; e nº 2.835, de 2001. As IFs, na busca de atrair novos clientes a partir do
oferecimento de condições mais favoráveis, devem
estar atentas aos processos de análise cadastral e
documental, tendo em vista que as “portabilidades”, ao
permitirem rápida migração de clientes e operações
interinstituições, poderiam eventualmente
comprometer o processo normal de análise.
Resolução nº 3.517, de 2007 Ela trata da obrigatoriedade da prestação de
Custo Efetivo Total – CET informações ao cliente previamente à contratação das
operações de crédito, modalidade fortemente
vinculada às questões socioambientais. Pelo fato de
essas informações incluírem juros, tarifas, seguros,
entre outras, um tratamento adequado da matéria
também se constitui em elemento fundamental no
processo de mitigação de risco.
Transparência contratual A norma da transparência contratual trata da prestação
Res. nº 3.694, de 2009. de informações necessárias à livre escolha da
instituição ou de seus produtos por parte do cliente.
Para tanto, ela faz menção à importância das cláusulas
contratuais que abordam os mútuos deveres,
responsabilidades e penalidades.
Adequabilidade de Produtos e Esta regra também está plenamente atrelada à
Serviços (Suitability). regulamentação que trata da responsabilidade
Resolução nº 3.694, de 2009. socioambiental, ao dispor sobre a obrigatoriedade de
adequação dos produtos e serviços ofertados pela
instituição às necessidades, interesses e objetivos dos
clientes.
Tarifas Essa norma se aplica somente às pessoas físicas ou
Resolução nº 3.919, de 2010. microempresas. A estrutura da norma sobre o assunto
está baseada em quatro grandes grupos:
· Serviços essenciais: dispositivo que trata das tarifas
que não podem ser cobradas ou que contam com
limite para os eventos de cobrança gratuita.
· Serviços prioritários: regra que padroniza as tarifas
mais comuns por meio de tabela específica, contendo
os serviços, a abreviatura e a descrição de seu
propósito.
· Serviços especiais: comando que trata da cobrança
de tarifas que eventualmente disponham de tratamento
específico em legislação ou regulamentação própria.
· Serviços diferenciados: disposição que trata da
cobrança de tarifas expressamente relacionadas no
normativo.
A tarifa que estaria mais diretamente relacionada às
operações com impactos socioambientais é a de
cadastro, e sua cobrança foi permitida basicamente
para suprir custos das ações relacionadas à “Política
de Conheça seu Cliente”, de modo que o valor deve
refletir os esforços necessários para a adequada
avaliação do cliente. Ou seja, não existe possibilidade
de cobrança de tarifa específica para eventuais custos
diretamente relacionados à contratação de operações
com impacto socioambiental. Por outro lado, no caso
dos serviços especiais, permite-se a cobrança de
tarifas em algumas operações, a exemplo daquelas
relacionadas aos Créditos Rural, Habitacional e ao
Microcrédito. Nesse caso, o contrato deve explicitar
claramente tarifa, custos, periodicidade e,
principalmente, em qual comando regulatório ou legal
a cobrança está amparada.
Correspondentes no país Tendo em vista que a atuação desse segmento refere-
Resolução nº 3.954, de 2011. se a prestação de serviços de atendimento a clientes e
usuários da instituição contratante, necessário se faz
alertar para o grau de envolvimento desse setor com a
PRSA. A instituição financeira deverá estar
especialmente atenta às questões jurídicas que
envolvem a matéria, ante os evidentes riscos, diretos e
indiretos, que essa relação impõe.
Quadro adaptado ABBC e PwC (2015).
2.5. Normativo SARB 014/2014 FEBRABAN

O normativo SARB 014/2014 foi instituído pelo Sistema de


Autorregulação Bancária (SARB) da Federação Brasileira de
Bancos (FEBRABAN) com o objetivo de formalizar diretrizes e
procedimentos fundamentais para incorporar práticas de
avaliação e gestão de riscos socioambientais nos negócios e na
relação com as partes interessadas a seus signatários.
Ao orientar a identificação das operações sujeitas à análise de
aspectos socioambientais, o normativo define um padrão mínimo
de diligência a ser adotado pelos bancos.
A autorregulação inclui um capítulo sobre o gerenciamento do
risco socioambiental, considerando os diferentes tipos de
negócios e procedimentos a serem adotados quanto às operações,
garantias imobiliárias, registro e controle de danos e perdas,
além dos anexos contendo detalhamento dos procedimentos.

SAIBA MAIS
Conheça o normativo SARB 014/2014 (link disponível nos textos
complementares).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Parabéns! Você finalizou seus estudos deste caderno, que abordou


os temas: a política de responsabilidade socioambiental e o
gerenciamento de risco socioambiental e regulamentação
socioambiental no setor bancário.

No próximo caderno, você aprofundará seus conhecimentos sobre a


implantando a Política de Responsabilidade Socioambiental e o
gerenciamento de riscos socioambientais.

Lembre-se de que aprender/reaprender é uma constante e, para tanto


é importante e fundamental manter-se atualizado (a) com as
mudanças organizacionais e no mercado.
REFERÊNCIAS

ABBC E PwC BRASIL. Guia de Responsabilidade Socioambiental, 2015.

BID. Gerenciamento dos riscos ambientais e sociais: um roteiro para os bancos nacionais
de desenvolvimento da América Latina e Caribe. 2014.

FEBRABAN. Guia prático para elaboração e implementação de política de


responsabilidade socioambiental. 2015.

TOSINI, M. F. C. Risco ambiental para as Instituições Financeiras Bancárias. In: Boletim


Responsabilidade Social e Ambiental do Sistema Financeiro; Ano 1, nº2, Jan/2006. BCB.

BRASIL. Lei 6.938/81 - Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA).

BRASIL. Constituição de 1988.


FICHA TÉCNICA

CURSO: RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO SETOR BANCÁRIO

EMPRESA: BANCO DA AMAZÔNIA

PRESIDENTE: VALDECI TOSE

DIRETORES: LUIZ OTÁVIO (DIREP)

CONTEUDISTA: KARLA REGIANE FERREIRA DA SILVA

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