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Unidade III
7 RESPONSABILIDADE SOCIAL: CONCEITOS, VISÕES E DIMENSÕES
A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) refere-se à responsabilidade geral das empresas por
uma gestão sustentável em termos econômicos, ecológicos e sociais. A grande variedade de empresas e
mercados confere diferentes interpretações a esse termo. Assim, podemos entender a Responsabilidade
Social Empresarial (RSE) como um conceito fundamental, criado para ajudar as empresas a integrar
voluntariamente preocupações sociais e ecológicas nas suas atividades de negócio e nas relações com
stakeholders, ou seja, a responsabilidade social ocorre quando as empresas decidem, voluntariamente,
contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo.
• O nível interno relaciona-se com os trabalhadores e, a todas as partes afetadas pela empresa e
que, podem influenciar no alcance de seus resultados.
• O nível externo são as consequências das ações de uma organização sobre o meio ambiente, os
seus parceiros de negócio e o meio em que estão inseridos.
A responsabilidade social implica a noção de que uma empresa não tem apenas o objetivo de buscar
o lucro e trazer benefício financeiro às pessoas que trabalham na empresa, também deve contribuir
socialmente para o seu meio envolvente. Dessa forma, a responsabilidade social muitas vezes envolve
medidas que trazem cultura e boas condições para a sociedade.
Existem diversos fatores que determinaram a adoção de práticas de responsabilidade social, pois em
um contexto da globalização e das mudanças nas indústrias, surgiram novas preocupações e expectativas
dos cidadãos, dos consumidores, das autoridades públicas e dos investidores em relação às organizações.
Nesse sentido, os indivíduos e as instituições, como consumidores e investidores, começaram a condenar
os danos causados ao ambiente pelas atividades econômicas e também a pressionar as empresas para a
observância de requisitos ambientais, exigindo à entidades reguladoras, legislativas e governamentais a
produção de quadros legais apropriados e a vigilância da sua aplicação.
Os primeiros estudos que tratam da responsabilidade social tiveram início nos Estados Unidos,
na década de 1950, e na Europa, nos anos 1960. Porém, as primeiras manifestações sobre este tema
surgiram em 1906, contudo, essas não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista, e
foi somente em 1953, nos Estados Unidos, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço.
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Unidade III
Observação
Negócios sustentáveis fazem parte de um novo modelo empresarial, em
que produtos e serviços baseiam-se na incorporação de forma integrada
dos aspectos sociais, econômicos e ambientais e suas estratégias devem ir
para além da mera tecnologia, abrangendo todo o ciclo de vida do produto
– da matéria-prima à eliminação.
O conceito de RSE recai sobretudo nos desafios ecológicos e sociais para as empresas, assumindo
apenas duas das três dimensões da sustentabilidade. Embora a RSE considere unicamente o lucro de
uma empresa como condição estrutural para ações empresariais responsáveis, o conceito de RE integra
explicitamente a dimensão econômica da sustentabilidade. O diálogo aberto com os stakeholders é um
dos pilares da RE. Isto inclui, por exemplo, clientes, colaboradores, investidores, fornecedores, Estado e
organizações não governamentais.
Para ser credível, este compromisso deve estar integrado na estratégia de sustentabilidade das
empresas e ter uma ligação estreita com a sua principal área de negócio ou know-how. O compromisso
permite gerar vantagens, tanto para a sociedade como para a empresa, resultando assim numa situação
de vantagem mútua.
Saiba mais
A responsabilidade social está cada vez mais integrada à vida das empresas e da comunidade, o
consumidor está atento e passou a avaliar a origem de produtos e serviços. Somando-se a isso, as
tecnologias da informação, em especial as redes sociais, permitem acompanhamento e a divulgação de
informações e práticas em tempo real, evidenciando a coerência (ou incoerência) entre os discursos e as
ações das empresas. O não fazer (omissões), ou seja, não causar danos ou prejuízos, já não é suficiente.
Fornecedores, clientes, consumidores, comunidades e a opinião pública, de uma forma geral, têm acesso
a informações, comparam, avaliam e fazem suas opções.
Por esses motivos, a responsabilidade social está deixando de ser diferencial competitivo, tornando-se
pré-requisito para as empresas que buscam se desenvolver, atrair/fidelizar colaboradores e clientes, e
se manter no mercado. Essa mudança de comportamento e as novas exigências são percebidas pelas
empresas em tempos e proporções distintas, de acordo com a característica dos negócios.
Há alguns anos, as empresas poderiam ter a percepção ou crença que ‘o mundo’ girava ao seu
redor e seus interlocutores eram os governos, colaboradores, clientes e fornecedores e, muitas vezes,
sendo esses, seus dependentes, pois se entendia como geradora de oportunidade e desenvolvimento.
Com o tempo, as relações na sociedade tornaram-se mais complexas e foram agravadas pelas crises
econômicas, sociais e as mudanças climáticas, repercutindo nas relações das empresas com o meio onde
estão inseridas, passando a prevalecer a interdependência e a necessidade de considerar as múltiplas
possibilidades de afetar e ser afetada pelo contexto onde atuam, sendo as partes interessadas as mais
próximas, devido às relações diretas com o negócio.
Lembrete
Seguem algumas fases (eras) de gestão de responsabilidade social que o mercado percorreu desde a
adoção até o momento:
• 3ª Era dos Danos, de 2010 em diante: reflexo do consumidor consciente, com maior conhecimento
sobre as empresas e seus produtos. São exigentes, observadores e críticos, apoiando-se nas redes
de informação e mídias sociais para exercer seu poder, recebendo e compartilhando sua opinião e
posicionamento. Essas motivações refletem a percepção e participação do cliente/consumidor, ou
melhor, têm foco no relacionamento com uma das partes interessadas da empresa, responsável
pela validação ou não o negócio, produtos e serviços.
• Mercado (externa e reativa): para manter e/ou adquirir competitividade, a empresa reconhece
o exemplo, normas e/ou pré-requisitos estabelecidos por clientes, fornecedores, consumidores,
governo etc., adotando, a partir de então, a responsabilidade social em sua gestão.
Como resultado da evolução da responsabilidade social e da adesão das empresas e dos resultados
e impactos possíveis, nas últimas décadas surgiram uma série de normas e certificações de instituições
nacionais e internacionais tratando de temas relacionados, direta e indiretamente.
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Contudo, um aspecto importante de se considerar são as cartas e/ou compromissos propostos por
grupos de empresas, abrigados, ou não, por instituições representativas, demonstrando o amadurecimento,
reconhecimento, valorização e adesão às causas de cunho social.
Assim, as organizações precisam estar atentas, pois algumas dessas normas e certificações, como no
caso daquelas normas ambientais, que integram um sistema legal, têm características de lei e podem
ser confundidas com aquelas que são facultativas, com o objetivo de qualificar as atividades do negócio.
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Como outros aspectos da gestão, a responsabilidade social deve ser acompanhada e avaliada
sistematicamente.
É uma ferramenta de uso, essencialmente, interno, que permite avaliar a gestão no aspecto das
práticas de responsabilidade social, além do planejamento de estratégias e do monitoramento do
desempenho geral da empresa.
Saiba mais
De acordo com Duarte et al.(1986 apud PASSOS, 2012), os primeiros estudos sobre
responsabilidade social no Brasil afirmavam que o termo era “controvertido e de difícil precisão”.
Segundo os autores, havia quem a entendesse como obrigação legal, comportamento ético, ou
filantropia e caridade.
Schommer et al. (1999 apud PASSOS, 2012, p. 165) “[...] asseguram que o termo continua sendo de
difícil precisão, agora já envolvido com outros conceitos, tais como: filantropia empresarial, filantropia
estratégica, cidadania empresarial e ética nos negócios”.
Diferentes autores defendem que algumas empresas confundem responsabilidade social com
filantropia, sendo esses conceitos distintos.
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Para Passos (2012), no Brasil há uma rejeição ao termo filantropia, “[...] porque o mesmo está
impregnado de significados que o conduzem à ideia religiosa de caridade e doação”. Alguns preferem
denominar de “cidadania empresarial”, por achar que este termo é mais amplo e pode incluir práticas
filantrópicas e de responsabilidade social; entretanto, “[...] ele é mais apropriado a ações voltadas para a
comunidade, realizadas por empresas a partir da criação de fundações e institutos” (p. 165).
No entanto, o autor defende que em nosso país é mais comum o uso da expressão responsabilidade
social para as ações praticadas por empresas, estando relacionada à ação empresarial, lucrativa, podendo
incluir ou não ações filantrópicas ou com a comunidade.
No Brasil, a concepção de responsabilidade social “[...] aparece com muita evidência sob a forma
de responsabilidade social corporativa, associada a iniciativas empresarias de intervenção social, ou de
apoio a projetos, programas e entidades voltados à ação social” (CAVALCANTE, 2009, p. 29).
De acordo com Kraemer (2005) o conceito responsabilidade social corporativa acompanha a noção
de sustentabilidade, que busca “[...] conciliar as esferas econômica, ambiental e social na geração de
um cenário compatível à continuidade e à expansão das atividades das empresas no presente e no
futuro”. Ou seja, para ser considerada uma empresa socialmente responsável, torna‑se necessário que
esta apresente ações que respeitem o ser humano e a natureza.
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Nessa perspectiva, a responsabilidade social corporativa tem crescido nos últimos anos, em
companhias de diferentes tamanhos e setores, o que influencia no desenvolvimento de estratégias nos
seus programas, em áreas como ética de negócio, ambiente de trabalho, meio ambiente, marketing
responsável e envolvimento comunitário.
Cavalcante (2009) afirma que foi na década de 1970 que a concepção de responsabilidade social
coorporativa passou a ser utilizada para a elaboração do termo desempenho corporativo, sendo este, na
época, pouco operacional.
Nessa década, Sethi (1975 apud PASSOS, 2012) definiu três estágios de desempenho baseado no
comportamento das empresas: “[...] obrigação social, responsabilidade social e responsividade social” (p. 24).
Entretanto, apesar da sua contribuição ser importante, o autor não definiu clara e operacionalmente o
termo desempenho social corporativo.
No final da década de 1970, Carroll (1979, p. 499 apud CAVALCANTE, 2009), definiu responsabilidade
social corporativa como:
Carroll (1979, p. 500 apud CAVALCANTE, 2009) define essas quatro categorias:
A partir dessas colocações, a autora define que a responsabilidade social corporativa dos negócios
“[...] abrange as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade possui em
relação às organizações em determinado período de tempo” (CARROLL,1979, p. 500 apud CAVALCANTE,
2009, p. 25).
Ou seja, a responsabilidade social corporativa constitui‑se das expectativas que a sociedade possui
em relação às organizações em determinado momento histórico.
Porém, inúmeros autores, dentre eles Cavalcante (2009), defendem que esse conceito merece uma
análise mais aprofundada, já que existe “[...] inconsistências conceituais e práticas mal elaboradas que
geram um ambiente bastante confuso e teoricamente frágil” (p. 29).
Para Kraemer (2005), a concepção de responsabilidade social vem sendo amplamente difundida por
parte das empresas, pois elas têm enfrentado novos e crescentes desafios impostos pelas
Na contramão desse argumento, Belisário e Ramos (2011) defendem que a responsabilidade social
corporativa tem sido usada como mercadoria para responder “[...] às constantes pressões de consumidores
informados, atualizados e conscientes. Responsabilidade social e sustentabilidade passam então a ser
palavras de ordem para conquistar um mercado extremamente competitivo” (p. 1).
Segundo Cavalcante (2009, p. 31), o tema responsabilidade social corporativa torna‑se cada vez mais
comum nos espaço da mídia, na organização e no campo de atuação de diversas entidades da sociedade
civil, tais como:
• O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), criado em 1981 e responsável pelo
Balanço Social no Brasil entre as empresas, como instrumento de gerenciamento da atividade
social das organizações.
• O Grupo de Instituto, Fundações e Empresas (Gife), que apoia as empresas a desenvolverem ações
sociais com racionalidade econômica e eficiência administrativa, entre outros.
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Lembrete
Rasquinha (2010) afirma que o Instituto Ethos é uma das instituições que mais se destacam na
divulgação do conceito de responsabilidade social na sociedade brasileira. Oded Grajew assim define
este conceito:
A lógica da responsabilidade social exige uma nova postura dos atores envolvidos, pautada em
valores éticos – os quais estudaremos a seguir – que visem ao desenvolvimento sustentado da sociedade
em sua totalidade. Vai
É importante destacar que as empresas socialmente responsáveis são vistas pelo consumidor
com “bons olhos”, tornando‑se, como a própria autora defende, “[...] um diferencial competitivo e
um indicador de rentabilidade e sustentabilidade no longo prazo” (RASQUINHA, 2010), o que explicita um
contexto contraditório, permeados pela lógica neoliberal, em que o objetivo principal é criar condições
para o acúmulo de capital.
No entanto, a responsabilidade social é uma realidade que está em crescimento no Brasil, sendo
impossível negá‑la ou agir como se ela não existisse.
Para Passos (2012), de fato, existe aceitação maior por parte dos clientes de serviços e produtos
oferecidos por empresas consideradas socialmente responsáveis. Tendo como alvo esses clientes, o
número de empresas que iniciam experiência nesse campo crescem a cada dia.
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PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Porém, nem toda a ação praticada por essas empresas pode ser considerada responsabilidade social.
De acordo com Moysés (2001 apud PASSOS, 2012), esses compromissos são condições para que uma
empresa possa ser considerada socialmente responsável, ou como defende, uma “empresa cidadã”:
O fato é que o envolvimento das empresas no Terceiro Setor – mesmo que dentro dessa lógica
perversa do capital – tem encontrado ambiente propício para seu fortalecimento, resultando inclusive
em algumas experiências expressivas no enfrentamento da questão social.
• Responsabilidade social empresarial (SER): é a forma de gestão que se define pela relação ética e
transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento
de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando
recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a
redução das desigualdades sociais.
• Stakeholder: termo em inglês amplamente utilizado para designar as partes interessadas, ou seja,
qualquer indivíduo ou grupo que possa afetar a empresa por meio de suas opiniões ou ações,
ou ser por ela afetado. Há uma tendência cada vez maior em se considerar stakeholder quem se
julgue como tal.
• Colaboradores: todos aqueles que estão envolvidos na execução das atividades de uma organização
como empregados, prestadores de serviços e funcionários terceirizados.
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• Ação social: é qualquer atividade realizada pelas empresas para atender às comunidades em
suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não governamentais, associações
comunitárias etc.), em áreas como assistência social, alimentação, saúde, educação, cultura,
meio ambiente e desenvolvimento comunitário. Abrange desde pequenas doações a pessoas ou
instituições até ações estruturadas, com uso planejado e monitorado de recursos, seja pela própria
empresa, por fundações e institutos de origem empresarial ou por indivíduos especialmente
contratados para a atividade.
• Diversidade: princípio básico de cidadania que visa assegurar a cada um condições de pleno
desenvolvimento de seus talentos e de suas potencialidades, considerando a busca por
oportunidades iguais e respeito à dignidade de todas as pessoas. A prática da diversidade
representa a efetivação do direito à diferença, criando condições e ambientes em que as pessoas
possam agir em conformidade com seus valores individuais.
Lembrete
8.1.1 Processos fundamentais para que a responsabilidade social passe a fazer parte do
planejamento estratégico de uma organização
Implantação
A implantação destes programas de maneira efetiva significa uma mudança de mentalidade e/ou
cultura, fazendo com que acionistas, gestores, colaboradores, fornecedores e todos demais envolvidos
na rede de relacionamentos da empresa acreditem e internalizem a ética como a única maneira de
realizar negócios e atingir seus resultados, de forma sustentável.
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Este processo só irá ocorrer a médio prazo em algumas empresas, em outras a longo prazo e em
algumas nunca. Mas, todo processo deve começar por uma ação ou conjunto de ações que irão abrir as
portas para esta mudança. A essa ação ou conjunto de ações denominamos sensibilização.
Sensibilização
Por sensibilização entendemos como o ato ou efeito de sensibilizar a si mesmo e/ou a outros,
envolvidos direta e/ou indiretamente em um processo e/ou situação definida previamente. Por sensibilizar,
a exposição de uma pessoa, grupo de pessoas e/ou instituição a um propósito específico, do que resulta
uma resposta, atitude e/ou reação.
Pelo próprio conceito fica claro que precisamos conhecer e definir a situação envolvida, respondendo
algumas questões:
O mais importante é que percebamos a importância dessa atividade, como também que a
sensibilização não deve ser realizada apenas no momento inicial do programa de responsabilidade social
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empresarial, mas, sempre que necessário. Desta forma, o processo de implantação como a formação de
multiplicadores da causa e/ou do programa de responsabilidade social acontecerão de maneira menos
sacrificada, minimizando a possibilidade de insucesso.
Comunidade e educação
Visa encontrar meios pelos quais a empresa poderá dar suporte e melhorar a educação oferecida
pelas escolas públicas locais.
Estratégias:
• Visitar a escola para dar pequenas palestras sobre diferentes assuntos, por exemplo, aconselhamento
sobre carreiras, ou aconselhamento sobre as matérias que estão sendo estudadas.
• Convidar os alunos da escola para visitarem a empresa. Se possível, permitir que os alunos
operem equipamentos.
• Criar um intercâmbio com a escola, muitas escolas procuram por empresas locais que possam
oferecer estágio, remunerado ou não, para os seus alunos.
Comunidade/global
O envolvimento com a comunidade deve ser uma prioridade da administração. É importante usar
todas as oportunidades para comunicar aos funcionários que o suporte à comunidade e o envolvimento
com ela é importante para a empresa.
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PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Estratégias:
• Procurar locais comunitários que possuam boas instalações para o estabelecimento de escritórios,
produção e venda, com acesso fácil para as demais áreas da cidade. Verificar se há incentivos para
a instalação de empresas nessas áreas e onde estão localizadas.
• Listar várias organizações que procuram por voluntários, especificando qual o tipo de trabalho a
ser realizado e o tipo de habilidade necessária.
• Solicitar aos funcionários sugestões sobre outras organizações e encorajar o envolvimento com o
trabalho delas.
• Oferecer apoio financeiro para estimular o trabalho voluntário Considerar a possibilidade de fazer
contribuições para organizações das quais os funcionários fazem parte da diretoria, ou para as
quais eles façam trabalho voluntário. Algumas empresas costumam fazer contribuições em nome
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da própria empresa, outras, em nome dos funcionários. Nos dois casos, elas não só estimulam
o funcionário a continuar seu trabalho voluntário, como também melhoram a imagem de sua
empresa, por abraçar causas nobres.
• Recompensar os funcionários pelo trabalho voluntário. Uma ideia seria organizar uma festa
especial para os voluntários (e convidar seus parceiros de trabalho). Organize um sorteio, autorize
dias extras para o período de férias ou providencie quaisquer outros incentivos para encorajar o
trabalho voluntário. Não se esquecer de que recompensas simples podem também ter um valor
significativo para o funcionário. Um certificado ou carta de reconhecimento assinada por um dos
diretores da empresa é uma opção.
Comunidade/filantropia: estratégias
• Apoiar eventos locais. Considerar a possibilidade de comprar um bloco de ingressos para eventos
comunitários de cunho cultural ou esportivo, de forma a vendê-los com desconto para funcionários
e clientes da empresa, ou para doação a usuários de serviços de organizações sem fins lucrativos,
os quais não teriam recursos financeiros para realizar essa aquisição.
• Encorajar outros tipos de doações. Encorajar os funcionários a doarem comida, roupas usadas,
móveis e outros itens. Da mesma forma, organizar para que a empresa faça doações de máquinas
usadas, mobílias e outros materiais e equipamentos para escolas e organizações sem fins lucrativos
da localidade.
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• Apoiar o comércio local. Considerar a possibilidade de conseguir descontos juntos aos comerciantes
locais para os funcionários da empresa.
• Cessão de espaço para alfabetização, aulas particulares, encontros, ou outros programas. Procurar
por oportunidades de fazer o uso do espaço e instalações da empresa em benefício de programas
comunitários. Informar-se sobre os riscos que tal empréstimo pode acarretar: consultar sempre
sua companhia de seguros sobre essa questão.
Direitos humanos
Na escolha dos fornecedores de produtos e/ou serviços, procurar trabalhar com parceiros que
compartilham com a empresa a preocupação de dar um tratamento justo aos trabalhadores. Até
mesmo empresas que contratam mão de obra em outras localidades para a produção de seus produtos
(geralmente em países em desenvolvimento) devem considerar o contexto econômico, cultural e social
do trabalhador. Estratégias:
• Verificar quais são os fornecedores; quais as fábricas utilizadas para a manufatura dos produtos;
onde estão localizadas e suas capacidades de produção.
• Adotar um código de conduta. Muitas empresas criaram seus próprios códigos de conduta, os quais
podem ser utilizados como modelo. A maioria destes códigos incorpora as leis trabalhistas locais e
padrões internacionais aceitáveis de conduta. Um código de conduta pode ser um guia para o pessoal
de sua empresa aferir até que ponto os itens ali relacionados estão sendo cumpridos de forma justa.
• Comunicar suas expectativas aos fornecedores. A empresa tem maiores possibilidades de alcançar
os objetivos propostos se estes forem comunicados claramente aos fornecedores.
• Oferecer sugestões sobre possíveis ajustes para a melhoria da prática. Tentar criar um clima de
confiança, tentando discutir, inicialmente, itens menos sensíveis, tais como saúde e segurança.
• Criar um código de reciclagem. Promover a ideia, do ponto de vista de sua empresa, que “resíduo”
representa tudo aquilo que não se pode utilizar ou vender, mas que se deverá pagar para poder se
livrar dele.
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• Evitar produtos que geram resíduos. Ao fazer as compras da empresa, procurar por produtos que
sejam mais duráveis, de melhor qualidade, recicláveis ou que possam ser reutilizados.
Estabelecer uma diretriz contra o assédio. Esta não é só uma atitude social responsável, mas uma
exigência legal. Desenvolver e implementar um política firme contra o assédio sexual. Estratégias:
• Explicar a matéria de forma clara e concisa, dando exemplos concretos para definir o
comportamento proibido.
• Comunicar a todos que qualquer reclamação recebida, implicará em uma investigação objetiva,
salientando as penalidades aplicadas por violação da regra, inclusive a possível demissão.
• Proibir, estritamente, qualquer vingança contra aqueles que apresentarem reclamações e monitorar
pessoalmente tais situações, especialmente quando a reclamação envolver o supervisor direto do
funcionário molestado.
• Estabelecer uma regra justa para encaminhamento das reclamações. Propiciar um ambiente
correto para a apresentação e discussão de reclamações recebidas, bem como um processo justo
para investigar as alegadas acusações.
• Criar um processo investigatório que respeite a privacidade, discutindo a matéria somente
com as partes envolvidas. Estar atento que, ao tratar desses assuntos, os atos poderão ter
implicações legais.
• Considerar a possibilidade de criar uma comissão composta de um corpo de funcionários de
áreas diversas e da diretoria, como uma última instância, para se propor uma medida concreta a
respeito do ocorrido.
• Criar um ambiente propício para a discussão do assunto. Considerar a criação de um mecanismo
que possa ser utilizado pelo funcionário para aconselhamento, de forma anônima. Disponibilizar
pessoal treinado para aconselhamento e discussão de possíveis casos de assédio e promover
discussões e palestras sobre o assunto.
Trata-se de uma ferramenta de uso essencialmente interno, que permite a avaliação da gestão
no que diz respeito à incorporação de práticas de responsabilidade social, além do planejamento de
estratégias e do monitoramento do desempenho geral da empresa.
Para muitos autores, pensar responsabilidade social das empresas está diretamente ligado a uma
questão ética, dado que implica mudança de valores e atitudes. Para Moysés (2001 apud PASSOS, 2012)
refletir a responsabilidade social como uma questão ética
[...] pressupõe uma atuação eficaz da empresa com todos aqueles que são
afetados por sua atividade, sejam diretas sejam indiretas, possuindo um
alto grau de comprometimento com seus colaboradores internos e externos
(MOYSÉS, 2001 apud PASSOS, 2012, p. 164).
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Logo, refletir sobre ética empresarial significa pensar sobre os valores que imperam em nossa
sociedade e que permeiam as relações sociais dentro e fora das empresas em um contexto no qual a
chamada responsabilidade social vem ganhando força nas últimas décadas.
Segundo Passos (2012), etimologicamente ética e moral são palavras que possuem origens distintas,
mas significados iguais. Moral vem do latim mores, que quer dizer costume, conduta, modo de agir;
ética vem do grego ethos e, do mesmo modo, quer dizer costume, modo de agir. Contudo, alguns
autores, entre eles Vázquez (apud PASSOS, 2012), defendem que, apesar da proximidade são termos
distintos, como veremos a seguir:
Pode‑se assim dizer que “[...] a moral normatiza e direciona a prática das pessoas, e a ética teoriza
sobre as condutas, estudando as concepções que dão suporte à moral” (PASSOS, 2012, p. 23).
Sánchez (1975, p. 12 apud PASSOS, 2012, p. 23) define que a Ética “[...] é a ciência que estuda o
comportamento moral dos homens na sociedade”.
Saiba mais
Nasch (1993, p. 6 apud PASSOS, 2012, p. 66) define ética nas organização como “[...] o estudo
da forma pela qual normas morais pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos de uma
empresa comercial”.
O que nos permite pensar que a ética nas organizações apresenta‑se como uma reflexão aprofundada
da forma como os valores morais historicamente construídos são experimentados no ambiente empresarial.
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PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Apesar do crescimento do número de empresas que demonstram interesse pela ética, ainda é forte
a tensão entre a busca do lucro e a possibilidade de agir com ética (PASSOS, 2012).
Como essa tensão não se resolveu, os problemas morais continuaram crescendo dentro das organizações,
vividos desde situações corriqueiras, “[...] como prática do favoritismo, a obediência inquestionável às leis
[...] até subornos, sonegação fiscal entre outros” (PASSOS, 2012, p. 67). Sendo que esses comportamentos
antiéticos ferem não só os outros, como também o próprio indivíduo, pois são desumanos com todos.
É importante destacar que os valores considerados como antiéticos, que colocam o lucro na frente
do ser humano, são aqueles que fundamentam a sociedade capitalista, cujo objetivo é acumular capital.
Sendo que – como vimos anteriormente – o capitalismo, na realidade brasileira, tem características
próprias devido à forma como esse modo de reprodução foi implantado.
Passos (2012) defende que a ética “[...] nos ajuda a entender que um bom profissional não é aquele que
age como uma máquina, cumprindo ordens inconscientes e deixando de impor limites entre os mundos
profissional e pessoal” (p. 67). Logo, a ética nas organizações implica não somente mudanças, mas também
uma revolução que transforme a relação capital x trabalho, o que não nos parece tarefa fácil.
A autora concorda que na prática, em uma organização, as ações humanas são orientadas por princípios
morais que, na maioria das situações, não satisfazem, dado que objetivam apenas garantir a sobrevivência de
alguns de seus membros e, no máximo, da empresa, visando manter o posto de trabalho.
Outro exemplo de ação moral dentro de uma organização, destacado pela autora, é a que se
constitui pela imposição de leis e pela cobrança do seu cumprimento, seguida por processos punitivos,
entre outros.
Porém, defende “[...] uma ética em que as empresas procurem e alcancem o lucro, que é imprescindível
para sua continuidade, dede que seja o ‘lucro virtuoso’, aquele capaz de gerar valor e que é posto a
serviço do desenvolvimento social” (PASSOS, 2012, p. 69).
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Exemplo de aplicação
Você acredita que o “lucro” pode ser “virtuoso” e priorizar qualidade de vida? Pesquise sobre esse
tema e tire suas próprias conclusões. Afinal, a ética nos aponta esse caminho.
Na perspectiva de Passos (2012), a discussão sobre responsabilidade social como uma questão
ética pressupõe:
a) [...] atuação eficaz da empresa com todos aqueles que são afetados por
sua atividade, sejam diretas, sejam indiretas, possuindo um alto grau de
comprometimento com seus colaboradores internos e externos (MOYSÉS,
2001, p. 85 apud PASSOS, 2012); b) [...] reconhecer obrigação não só com
acionista e clientes, mas também com os seres humanos, com a construção
de uma sociedade mais justa, honesta e solidária, uma sociedade melhor
para todos, assim, ela é uma prática moral. É uma prática orientada pela
ética, que vai além das obrigações legais e econômicas, rumo às sociais,
respeitando‑se a cultura e as necessidades e desejos das pessoas; c) [...] que
as empresas precisam comportar‑se de forma justa com todas as pessoas
com quem elas se relacionam direta ou indiretamente: colaboradores,
clientes, fornecedores, consumidores, acionistas e comunidade. Precisam
ficar atentas às necessidades das pessoas que são afetadas por elas,
não como uma postura legal ou filantrópica, mas como compromisso e
responsabilidade (PASSOS, 2012, p. 166‑167).
Ou seja, pensar em responsabilidade social nos obriga a pensar em ética. O que nos leva a colocar o
ser humano em primeiro lugar, “[...] respeitando os direitos humanos, justiça, dignidade; e com o planeta,
comportando‑se de forma responsável e comprometida com a sustentabilidade de toda a rede da vida”
(PASSOS, 2012, p. 167).
Para ilustrar a nossa reflexão sobre ética nas organizações, apresentaremos a seguir o Código de Ética
elaborado pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), a primeira Associação da América do
Sul a agrupar organizações de origem privada que financiam ou executam projetos sociais, ambientais
e culturais de interesse público.
• Servir ao ideal do Gife, zelando pela aplicação profissional e ética dos conceitos e
práticas de investimento social, conforme aqui descritas.
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PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
VI. A conduta dos profissionais pertencentes aos quadros das entidades associadas
do Gife
• Trabalhar pela efetiva realização da missão do Gife, observando os valores éticos que
o embasam.
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Isso porque, no contexto neoliberal, a sociedade civil, assim como a então “filantropia empresarial”,
tem sido chamada a “contribuir” no enfrentamento da questão social, concretizando uma “[...]
transferência de responsabilidade para a iniciativa privada no campo do investimento social, que,
na verdade, seria uma atribuição constitucional do Estado brasileiro em todos os níveis do governo”
(MENEZES, 2010, p. 505).
Desse modo, a atuação das empresas na área social tem se expandido por meio de financiamento
de OSCs, parcerias com associações de moradores, criação e a manutenção de fundações sociais,
em uma estratégia de gestão empresarial, conhecida atualmente como “responsabilidade social
empresarial” (RSE), podendo, inclusive, contar com o auxilio governamental, via parcerias, tendo as
OSCs como “pontes” e/ou via deduções de impostos devidos ao Estado, respaldadas por leis federais
(MENEZES, 2010).
Nesse cenário, as organizações que compõem o Terceiro Setor “[...] têm se aprimorado para buscar
financiamentos junto a essas empresas, firmando parcerias e até se adequando aos seus interesses
para atraí‑las” (MENEZES, 2010, p. 505) e, com a ampliação das ações sociais empresariais, ascende um
campo potencial para a atuação do assistente social na chamada responsabilidade social das empresas
(MENEZES, 2010).
Ou seja, o Terceiro Setor – como estudamos – é composto por diferentes instituições e compreende a
soma de esforços envolvendo a empresa privada, o governo, as ONGs e a sociedade civil. Tem se tornado
em sua totalidade um campo de trabalho emergente para os profissionais do Serviço Social.
A atuação do assistente social na responsabilidade social das empresas pode ser considerada nova
(ou renovada), dado que se diferencia das tradicionais demandas impostas à profissão no âmbito da
120
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
empresa – onde a atuação profissional se voltava basicamente para o público interno – funcionários e
suas famílias (MENEZES, 2010, p. 505).
No contexto da responsabilidade social, a empresa visa superar a postura assistencialista em que mantinham
ações sociais caracterizadas como “[...] ajudas, doações esporádicas feitas diretamente às comunidades ou
pessoas pobres que se localizavam no entorno das empresas” (BEHRING apud MENEZES, 2010, p. 508-509).
Institui‑se então a chamada por alguns autores de “neofilantropia empresarial”, ou seja, retorno da
filantropia, porém com características distintas, já que a empresa busca ações
Para Menezes (2010), a chamada responsabilidade social das empresas pauta‑se em um discurso
de defesa da cidadania, da democracia, da participação social etc. para o enfrentamento da “questão
social” como uma estratégia ideológica, objetivando facilitar o aumento de seus níveis de acumulação.
No entanto, a referida autora afirma que isso não significa que o profissional deva recusar‑se a atuar
nesse espaço, já que, como trabalhador, necessita vender sua força de trabalho. Porém, defende que ele
não deve alimentar ilusões quanto à possibilidade de as práticas sociais das empresas tornarem‑se a
solução para as expressões da questão social, muito menos enganar‑se, confiando que o mercado está
de fato totalmente comprometido com a superação da desigualdade social.
Saiba mais
O livro a seguir poderá contribuir para uma reflexão mais ampla sobre
os desafios impostos ao assistente social na sociedade atual.
121
Unidade III
Como nos alerta Sarachu (1999 apud Santos, 2007), é responsabilidade do profissional do serviço
social refletir sobre essas transformações, compreendendo a ampliação do conceito de Estado e de
sociedade civil, e a própria condição de uma profissão que atua nessa mediação.
Menezes (2010) defende que este é um contexto contraditório, em que as fundações sociais das
empresas e seus projetos de cidadania empresarial não têm condições de substituir os postos de trabalho
fechados no âmbito estatal e que o vínculo empregatício com esses projetos é precário, flexível e, muitas
vezes, temporário.
O que só reforça o fato de que a inserção do assistente social nesse espaço deve ser crítica no
sentido de identificar as forças presentes nessa arena de conflitos, visualizando limites, mas buscando
possibilidades que potencialize a prática profissional.
Como afirma Santos (2007), o Serviço Social brasileiro tem elementos para que se realizem uma
análise dessa realidade e se elaborarem respostas para as novas demandas impostas à profissão.
Para superar ações pautadas no senso comum, enfatiza a autora, faz‑se necessário que a atuação
profissional no Terceiro Setor se fundamente em reflexões sobre a relação entre a dimensão do público
e do privado, assim como sobre os conflitos na sociedade capitalista e sobre o compromisso histórico
da profissão no Brasil.
O fato é que temos experimentado tempos difíceis, onde o capital mostra‑se cada vez mais valioso
em relação ao homem. Nessa lógica, as expressões da questão social têm se aprofundado, tornando a
vida da classe trabalhadora cada vez mais difícil.
Nesse cenário, o Estado apresenta‑se cada vez mais distante de concretizar a proteção social
pautada nos princípios constitucionais que garantem a atendimento do ser humano em suas múltiplas
necessidades. Na contramão, ele convoca a sociedade civil e o setor privado para exercer ações no
enfrentamento da questão social que deveriam ser de sua responsabilidade.
122
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Essa realidade implica que o profissional que tem como objeto de trabalho as expressões da questão
social busque uma compreensão profunda dos elementos que se manifestam nas diferentes áreas de
atuação profissional, seja ela pública ou privada, não sendo diferente no Terceiro Setor.
Apenas sabendo interpretar essa realidade é que o assistente social será capaz de pensar em ações
profissionais comprometidas com seu projeto ético‑político e, para esse fim, é preciso instrumentalizar‑se,
entender a lógica instituída no seu local de trabalho, preparando‑se para enfrentar os desafios impostos
cotidianamente, superando o imediatismo e traçando uma trajetória norteada pelo projeto ético‑político
da profissão. “O conformismo imperante em alguns profissionais determina, muitas vezes, a falta de
análise e de resposta às novas questões que se colocam na atualidade” (SARACHU, 1999, p. 150 apud
SANTOS, 2007, p. 130, tradução nossa).
Observação
O assistente social que atua Terceiro Setor deve ser crítico, no sentido de
identificar as forças presentes nessa arena de conflitos, visualizando limites,
mas buscando possibilidades que potencializem a prática profissional.
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que são as oito metas estabelecidas pela Organização
das Nações Unidas (ONU) em 2000, com o apoio de 191 nações, inclusive do Brasil, e ficaram conhecidas
como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). São elas:
Saiba mais
Já os ODS surgiram com o propósito de serem criadas metas internacionais para o desenvolvimento
dos países. Nesse sentido, em setembro de 2015, líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em
Nova York, e decidiram mais um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir
que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade. Nesse encontro ficou estabelecida a Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável, a qual contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS).
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas
as idades.
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos
marinhos para o desenvolvimento sustentável.
A Agenda 2030 e os ODS afirmam que para pôr o mundo em um caminho sustentável é urgentemente
necessário tomar medidas ousadas e transformadoras. Assim, os ODS constituem uma ambiciosa lista
de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a serem cumpridas até 2030. Se cumprirmos suas
metas, seremos a primeira geração a erradicar a pobreza extrema e iremos poupar as gerações futuras
dos piores efeitos adversos da mudança do clima.
Por esses motivos, todos os profissionais que estiverem relacionados com a Responsabilidade Social
devem, necessariamente, estudar e conhecer profundamente esses objetivos. Pois somente, dessa forma
conseguiram obter um reconhecimento da seriedade do projeto.
Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, acesse:
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. 17 objetivos para transformar o mundo. [s.d.].
Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/. Acesso em: 3 fev. 2020.
125
Unidade III
Resumo
126
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Exercícios
Enquanto o setor empresarial, em sua grande maioria, apoiava as reformas liberais do Estado, o
significado dominante atribuído à responsabilidade social e empresarial e às práticas de ação social
empresarial foi incorporado como uma forma de compensar os efeitos negativos dessas reformas [...].
Um dos problemas dessas ações é que elas retiram da arena política e pública os conflitos distributivos
e as demandas coletivas por cidadania e igualdade. Distanciada de uma cidadania fundada na garantia
de direitos, a noção de cidadania sugerida pela significação atribuída à responsabilidade social, uma
vez reduzida à prática da ação social empresarial, está sujeita a decisões particulares e à intervenção
pulverizada, ao arbítrio das preferências privadas de financiamento [...].
ASHLEY, P. A. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 138-155 (com adaptações).
B) As práticas de ação social eram uma forma que as empresas encontraram de compensar os efeitos
adversos do não apoio às reformas liberais do Estado.
C) As ações de responsabilidade social promovidas pelas empresas estão sujeitas a decisões individuais.
D) Na visão da autora, é positivo que as demandas por cidadania e igualdade estejam afastadas das
discussões políticas.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: o texto afirma que a maioria das empresas apoiava as reformas neoliberais.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: segundo a autora, as ações de responsabilidade social foram uma compensação das
empresas às reformas neoliberais. Essa compensação é parcial, pois não favorece a construção de uma
cidadania fundamentada em direitos.
128
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: para a autora, a arena pública democrática seria o espaço ideal para a discussão sobre
os direitos sociais.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: os projetos sociais executado pelas empresas e pelo Terceiro Setor estão sujeitos à
discricionariedade dos controladores dessas organizações. Assim, a responsabilidade social não garante
a provisão de direitos sociais universais para todos os cidadãos.
Questão 2. (FCC 2015) Uma empresa fabricante de vidros está instalada em um bairro residencial há
mais de 30 anos. Com o aumento da demanda, houve crescimento dos processos fabris, e máquinas que
emitem ruídos mais altos e são mais poluidoras tiveram de ser instaladas nas áreas vizinhas às residências.
A empresa, que no passado tinha imagem positiva na comunidade, passou a receber reclamações por
carta e pelo fale conosco do site institucional. Para mitigar os problemas gerados com esta situação a
empresa deve realizar:
III – Fechamento dos canais de interação do site institucional e migração para a rede social LinkedIn.
A) I, III, IV e V.
B) I, II e V.
129
Unidade III
D) I, II e IV.
E) I, II, III e V.
I – Afirmativa correta.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: o desenvolvimento, o apoio e o financiamento de iniciativas locais que beneficiem a
comunidade são estratégias possíveis de responsabilidade social.
Justificativa: a empresa com atuação ética deve ser transparente em seus canais de comunicação e
não deve criar barreiras para a sinalização de problemas e reclamações.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: a empresa que fizer pesquisa de imagem antes e depois das ações de mitigação poderá
avaliar o impacto das ações de responsabilidade social na percepção da população.
V – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a conduta ética para a empresa é a postura aberta ao entendimento das reclamações
da comunidade vizinha e a tentativa sincera de resolver os problemas por ela causados. O uso de
propaganda contra a concorrente para desviar a atenção da comunidade é uma prática desonesta.
130
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Exercícios
Unidade I – Questão 2: FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS (FCC). Defensoria Pública do Estado do Rio
Grande do Sul 2017. Assistente Social. (Adaptada).
Unidade III – Questão 2: FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS (FCC). Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região Minas Gerais 2015. Analista Judiciário. (Adaptada).
135
136
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000