Você está na página 1de 42

PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Unidade III
7 RESPONSABILIDADE SOCIAL: CONCEITOS, VISÕES E DIMENSÕES

7.1 Responsabilidade social empresarial

A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) refere-se à responsabilidade geral das empresas por
uma gestão sustentável em termos econômicos, ecológicos e sociais. A grande variedade de empresas e
mercados confere diferentes interpretações a esse termo. Assim, podemos entender a Responsabilidade
Social Empresarial (RSE) como um conceito fundamental, criado para ajudar as empresas a integrar
voluntariamente preocupações sociais e ecológicas nas suas atividades de negócio e nas relações com
stakeholders, ou seja, a responsabilidade social ocorre quando as empresas decidem, voluntariamente,
contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo.

O conceito de responsabilidade social pode ser compreendido em dois níveis:

• O nível interno relaciona-se com os trabalhadores e, a todas as partes afetadas pela empresa e
que, podem influenciar no alcance de seus resultados.

• O nível externo são as consequências das ações de uma organização sobre o meio ambiente, os
seus parceiros de negócio e o meio em que estão inseridos.

A responsabilidade social implica a noção de que uma empresa não tem apenas o objetivo de buscar
o lucro e trazer benefício financeiro às pessoas que trabalham na empresa, também deve contribuir
socialmente para o seu meio envolvente. Dessa forma, a responsabilidade social muitas vezes envolve
medidas que trazem cultura e boas condições para a sociedade.

Existem diversos fatores que determinaram a adoção de práticas de responsabilidade social, pois em
um contexto da globalização e das mudanças nas indústrias, surgiram novas preocupações e expectativas
dos cidadãos, dos consumidores, das autoridades públicas e dos investidores em relação às organizações.
Nesse sentido, os indivíduos e as instituições, como consumidores e investidores, começaram a condenar
os danos causados ao ambiente pelas atividades econômicas e também a pressionar as empresas para a
observância de requisitos ambientais, exigindo à entidades reguladoras, legislativas e governamentais a
produção de quadros legais apropriados e a vigilância da sua aplicação.

Os primeiros estudos que tratam da responsabilidade social tiveram início nos Estados Unidos,
na década de 1950, e na Europa, nos anos 1960. Porém, as primeiras manifestações sobre este tema
surgiram em 1906, contudo, essas não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista, e
foi somente em 1953, nos Estados Unidos, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço.

97
Unidade III

Na década de 1970, começaram a surgir associações de profissionais interessados em estudar o


tema, e somente a partir daí a responsabilidade social deixou de ser uma simples curiosidade e se
transformou em um novo campo de estudo.

Observação
Negócios sustentáveis fazem parte de um novo modelo empresarial, em
que produtos e serviços baseiam-se na incorporação de forma integrada
dos aspectos sociais, econômicos e ambientais e suas estratégias devem ir
para além da mera tecnologia, abrangendo todo o ciclo de vida do produto
– da matéria-prima à eliminação.

Na prática empresarial, como nos discursos científico e sociopolíticos, a responsabilidade


empresarial e o compromisso voluntário são referidos sob diferentes designações. Os termos mais
usados são a Responsabilidade Social Empresarial (RSE), a Responsabilidade Empresarial (RE) e a
Cidadania Empresarial (CE).

Responsabilidade Social Empresarial (RSE): refere-se a empresas e outras organizações e instituições


que integrem de forma voluntária a responsabilidade social – para além das suas obrigações legais.
É um sistema criado para ajudar as empresas a integrar de forma voluntária preocupações sociais e
ambientais nas suas atividades de negócio e na sua interação com os seus stakeholders numa base
voluntária. A RSE não substitui medidas políticas e legislação. Não obstante, a RSE garante as condições
para prosseguir objetivos sociais alargados e definir padrões.

Responsabilidade Empresarial (RE): a Responsabilidade Empresarial (RE) descreve o sentido de


responsabilidade de uma empresa sobre os efeitos, num dado momento, da sua atividade de negócio
na sociedade, nos trabalhadores, no seu meio ambiente econômico. Neste processo, a responsabilidade
empresarial representa uma filosofia de negócio que incide na transparência, numa conduta de ética e no
respeito pelos stakeholders. O termo abrange os conceitos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE),
Governança Corporativa e Cidadania Empresarial. Embora os termos de RE e RSE sejam frequentemente
usados como sinônimos, o conceito de RE é mais amplo que o de RSE.

O conceito de RSE recai sobretudo nos desafios ecológicos e sociais para as empresas, assumindo
apenas duas das três dimensões da sustentabilidade. Embora a RSE considere unicamente o lucro de
uma empresa como condição estrutural para ações empresariais responsáveis, o conceito de RE integra
explicitamente a dimensão econômica da sustentabilidade. O diálogo aberto com os stakeholders é um
dos pilares da RE. Isto inclui, por exemplo, clientes, colaboradores, investidores, fornecedores, Estado e
organizações não governamentais.

Compromisso Social Empresarial (Cidadania Empresarial/CE): o Compromisso Social Empresarial


refere-se ao investimento voluntário e sem fins lucrativos na comunidade feito por uma dada empresa.
Para este efeito, a empresa disponibiliza dinheiro, produtos ou simplesmente o know-how ou a mão
de obra dos seus empregados. O compromisso pode ser realizado recorrendo a diversos meios, como
donativos e patrocínios, voluntariado empresarial e parcerias público-privadas.
98
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Para ser credível, este compromisso deve estar integrado na estratégia de sustentabilidade das
empresas e ter uma ligação estreita com a sua principal área de negócio ou know-how. O compromisso
permite gerar vantagens, tanto para a sociedade como para a empresa, resultando assim numa situação
de vantagem mútua.

Saiba mais

SILVA, D. L. A. Responsabilidade social empresarial: a Constituição Federal


Brasileira e o Terceiro Setor. 2009. Disponível em: https://administradores.
com.br/artigos/responsabilidade-social-empresarial-a-constituicao-
federal-brasileira-e-o-terceiro-setor. Acesso em: 31 jan. 2020.

7.2 Responsabilidade social na atualidade

A responsabilidade social está cada vez mais integrada à vida das empresas e da comunidade, o
consumidor está atento e passou a avaliar a origem de produtos e serviços. Somando-se a isso, as
tecnologias da informação, em especial as redes sociais, permitem acompanhamento e a divulgação de
informações e práticas em tempo real, evidenciando a coerência (ou incoerência) entre os discursos e as
ações das empresas. O não fazer (omissões), ou seja, não causar danos ou prejuízos, já não é suficiente.
Fornecedores, clientes, consumidores, comunidades e a opinião pública, de uma forma geral, têm acesso
a informações, comparam, avaliam e fazem suas opções.

Por esses motivos, a responsabilidade social está deixando de ser diferencial competitivo, tornando-se
pré-requisito para as empresas que buscam se desenvolver, atrair/fidelizar colaboradores e clientes, e
se manter no mercado. Essa mudança de comportamento e as novas exigências são percebidas pelas
empresas em tempos e proporções distintas, de acordo com a característica dos negócios.

Há alguns anos, as empresas poderiam ter a percepção ou crença que ‘o mundo’ girava ao seu
redor e seus interlocutores eram os governos, colaboradores, clientes e fornecedores e, muitas vezes,
sendo esses, seus dependentes, pois se entendia como geradora de oportunidade e desenvolvimento.
Com o tempo, as relações na sociedade tornaram-se mais complexas e foram agravadas pelas crises
econômicas, sociais e as mudanças climáticas, repercutindo nas relações das empresas com o meio onde
estão inseridas, passando a prevalecer a interdependência e a necessidade de considerar as múltiplas
possibilidades de afetar e ser afetada pelo contexto onde atuam, sendo as partes interessadas as mais
próximas, devido às relações diretas com o negócio.

Lembrete

A Responsabilidade Social Empresarial geralmente envolve a busca


de novas oportunidades como uma maneira de responder às demandas
ambientais, sociais e econômicas do mercado.
99
Unidade III

7.3 Fases (eras) de gestão de responsabilidade social

Seguem algumas fases (eras) de gestão de responsabilidade social que o mercado percorreu desde a
adoção até o momento:

• 1ª Era da Imagem, de 1990-2000: na década de 1990, as empresas se valiam do crescente interesse


de clientes e consumidores pelas causas ambientais. Fazendo uso desse interesse, algumas
empresas criaram estratégias que objetivavam estabelecer ou modificar a imagem do negócio na
mente do consumidor, maquiando o desempenho ambiental e os compromissos éticos.

• 2ª Era da Vantagem, de 2000-2010: as empresas passaram a reconhecer as vantagens adquiridas


e propiciadas pela Responsabilidade Social, ou seja, os líderes empresariais passaram a reconhecer
as vantagens resultantes da responsabilidade social.

• 3ª Era dos Danos, de 2010 em diante: reflexo do consumidor consciente, com maior conhecimento
sobre as empresas e seus produtos. São exigentes, observadores e críticos, apoiando-se nas redes
de informação e mídias sociais para exercer seu poder, recebendo e compartilhando sua opinião e
posicionamento. Essas motivações refletem a percepção e participação do cliente/consumidor, ou
melhor, têm foco no relacionamento com uma das partes interessadas da empresa, responsável
pela validação ou não o negócio, produtos e serviços.

7.4 As motivações que levam à responsabilidade social

• Valores pessoais (interna e proativa): a iniciativa da adoção da responsabilidade social está


vinculada aos valores pessoais e crenças do empresário e/ou dos sócios da empresa, que os
emprestam à organização.

• Mercado (externa e reativa): para manter e/ou adquirir competitividade, a empresa reconhece
o exemplo, normas e/ou pré-requisitos estabelecidos por clientes, fornecedores, consumidores,
governo etc., adotando, a partir de então, a responsabilidade social em sua gestão.

• Mudanças climáticas (interna ou externa; proativa ou reativa): as alterações climáticas são


representativas das questões ambientais que, por sua vez, se sobrepõem às divisões geopolíticas.
Atualmente, estratégias e planos das empresas são influenciados pela sustentabilidade, nas quais
a dimensão ambiental, juntamente com as dimensões sociais e econômicas, inspiram, subsidiam
e norteiam a gestão de responsabilidade social.

7.5 Normas, certificações e compromissos relacionados com a


responsabilidade social

Como resultado da evolução da responsabilidade social e da adesão das empresas e dos resultados
e impactos possíveis, nas últimas décadas surgiram uma série de normas e certificações de instituições
nacionais e internacionais tratando de temas relacionados, direta e indiretamente.

100
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Contudo, um aspecto importante de se considerar são as cartas e/ou compromissos propostos por
grupos de empresas, abrigados, ou não, por instituições representativas, demonstrando o amadurecimento,
reconhecimento, valorização e adesão às causas de cunho social.

Assim, as organizações precisam estar atentas, pois algumas dessas normas e certificações, como no
caso daquelas normas ambientais, que integram um sistema legal, têm características de lei e podem
ser confundidas com aquelas que são facultativas, com o objetivo de qualificar as atividades do negócio.

Quadro 3 – Normativas e compromissos

Normas Descrição Comentário


Voltada para o público interno da empresa.
Norma Internacional da Trata-se de estratégias, processos e
SA 8000 -1997/2001 Responsabilidade Social – Certificada procedimentos das relações de trabalho,
amparadas nos princípios da OIT e ONU.
É um conjunto de normas relacionadas a
Série de normas que tratam das
ISO 14000 – década de 1990 sistemas de gestão ambiental. Algumas têm
questões ambientais – Certificada caráter legal.
Orienta o estabelecimento de um sistema
de Gestão da Responsabilidade Social,
Norma brasileira (ABNT) que permitindo à organização formular e
regulamenta responsabilidade social implementar políticas e objetivos integrados
NBR 16001 – 20047 – dirigida para governos, empresas e à gestão do negócio, considerando os
Terceiro Setor – Certificada requisitos legais e compromissos éticos,
a partir dos princípios e temas centrais,
propostos pela norma.
Padrão internacional de gestão ética, de
Norma internacional – dirigida para responsabilização e transparência, tendo por
AA1000 – 2006 governos, empresas e Terceiro Setor – base o processo de engajamento das partes
Certificada interessadas.
ISO 26000 destina-se às organizações
ISO 26000 é uma norma internacional, governamentais, sociais e empresas, tendo
integra o sistema ISSO (Internatinal como objetivo contribuir para adoção e
ISO 26000 – dez 2010 Organization for Standardization) gestão da responsabilidade social, com vistas
– Guia de orientação para ao desenvolvimento sustentável. No Brasil, a
responsabilidade social instituição responsável é a ABNT.
Objetivos comuns, como desenvolver
mercados sustentáveis, combater a
corrupção, defender os direitos humanos e
Pacto firmado na ONU, por empresas, proteger o meio ambiente, estão resultando
Pacto Global – 1998 sobre o papel e compromisso social das em novos níveis de parceria e de abertura
empresas entre empresas, sociedade civil, trabalhadores,
governos, as Nações Unidas e outras partes
interessadas.
Compromisso resultante da RIO+20, proposto
Compromissos e demandas para Compromisso de Empresas (I Ethos) – pela iniciativa do Instituto Ethos, com adesão
a construção do futuro que julho 2012 de várias empresas nacionais ou que possuem
queremos – 2012 representação no Brasil.
Compromisso internacional do setor
Declaração do Capital Declaração do setor financeiro – julho financeiro, resultante da RIO+20, com adesão
Natural – 2012 de 2012 de bancos nacionais e internacionais, visando
à proteção do capital natural do planeta.

101
Unidade III

7.6 Sistemas de avaliação da responsabilidade social

Como outros aspectos da gestão, a responsabilidade social deve ser acompanhada e avaliada
sistematicamente.

As organizações podem adotar ou elaborar um sistema de avaliação (indicadores, periodicidade,


envolvidos, registro, retroalimentação), de acordo com suas especificidades e necessidades, especialmente
se optou por um processo gradual e contínuo de implantação. Assim, a cada etapa pode revisar e
ajustar o sistema, adequando-o ao momento, utilizando metodologias. Existem algumas ferramentas
reconhecidas que podem contribuir como parâmetros para realização de avaliações. Esses sistemas se
complementam às normas e permitem acompanhar e avaliar a gestão da responsabilidade social, por
meio de indicadores, abrangendo aspectos distintos.

Indicadores de responsabilidade social empresarial – Instituto Ethos

É uma ferramenta de uso, essencialmente, interno, que permite avaliar a gestão no aspecto das
práticas de responsabilidade social, além do planejamento de estratégias e do monitoramento do
desempenho geral da empresa.

Saiba mais

Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, leia:

INSTITUTO ETHOS. Indicadores Ethos. [s.d.]. Disponível em: https://www.


ethos.org.br/conteudo/indicadores/. Acesso em: 3 fev. 2019.

7.7 Responsabilidade social: refletindo sobre possibilidades e limites

De acordo com Duarte et al.(1986 apud PASSOS, 2012), os primeiros estudos sobre
responsabilidade social no Brasil afirmavam que o termo era “controvertido e de difícil precisão”.
Segundo os autores, havia quem a entendesse como obrigação legal, comportamento ético, ou
filantropia e caridade.

Schommer et al. (1999 apud PASSOS, 2012, p. 165) “[...] asseguram que o termo continua sendo de
difícil precisão, agora já envolvido com outros conceitos, tais como: filantropia empresarial, filantropia
estratégica, cidadania empresarial e ética nos negócios”.

Diferentes autores defendem que algumas empresas confundem responsabilidade social com
filantropia, sendo esses conceitos distintos.

102
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Toldo (2002) registra a diferença entre os dois conceitos:

Filantropia significa “amizade do homem para com outro homem”


(ABBAGNANO, 1998 apud TOLDO, 2002, p. 1) [...]. Na linguagem moderna,
filantropia restringe‑se à ajuda. Passando para a esfera empresarial, temos
o seguinte entendimento: filantropia é o ato de a empresa distribuir uma
parte de seu lucro a ocasionais pedintes. Acontece de maneira eventual. É
uma ajuda (PASSOS, 2012, p. 84).

Já o conceito de Responsabilidade Social:

[...] são estratégias pensadas para orientar as ações das empresas em


consonância com as necessidades sociais, de modo que a empresa
garanta, além do lucro a da satisfação de seus clientes, o bem estar da
sociedade. A empresa está inserida nela e seus negócios dependerão de seu
desenvolvimento, e, portanto, esse envolvimento deverá ser duradouro. É
um compromisso (TOLDO, 2002, p. 84).

Para Passos (2012), no Brasil há uma rejeição ao termo filantropia, “[...] porque o mesmo está
impregnado de significados que o conduzem à ideia religiosa de caridade e doação”. Alguns preferem
denominar de “cidadania empresarial”, por achar que este termo é mais amplo e pode incluir práticas
filantrópicas e de responsabilidade social; entretanto, “[...] ele é mais apropriado a ações voltadas para a
comunidade, realizadas por empresas a partir da criação de fundações e institutos” (p. 165).

No entanto, o autor defende que em nosso país é mais comum o uso da expressão responsabilidade
social para as ações praticadas por empresas, estando relacionada à ação empresarial, lucrativa, podendo
incluir ou não ações filantrópicas ou com a comunidade.

7.7.1 Responsabilidade social corporativa: algumas contribuições

Segundo Cavalcante (2009), as recentes transformações globais tecnológicas, econômicas e políticas


que afetaram a vida social em todo o mundo geraram questionamentos novos acerca dos valores e da
ética social. Nesse contexto, Fischer (2003 apud CAVALCANTE, 2009) afirma que ocorre o resgate do
conceito e da prática da responsabilidade social, perdidos ao longo de décadas.

No Brasil, a concepção de responsabilidade social “[...] aparece com muita evidência sob a forma
de responsabilidade social corporativa, associada a iniciativas empresarias de intervenção social, ou de
apoio a projetos, programas e entidades voltados à ação social” (CAVALCANTE, 2009, p. 29).

De acordo com Kraemer (2005) o conceito responsabilidade social corporativa acompanha a noção
de sustentabilidade, que busca “[...] conciliar as esferas econômica, ambiental e social na geração de
um cenário compatível à continuidade e à expansão das atividades das empresas no presente e no
futuro”. Ou seja, para ser considerada uma empresa socialmente responsável, torna‑se necessário que
esta apresente ações que respeitem o ser humano e a natureza.
103
Unidade III

Nessa perspectiva, a responsabilidade social corporativa tem crescido nos últimos anos, em
companhias de diferentes tamanhos e setores, o que influencia no desenvolvimento de estratégias nos
seus programas, em áreas como ética de negócio, ambiente de trabalho, meio ambiente, marketing
responsável e envolvimento comunitário.

Cavalcante (2009) afirma que foi na década de 1970 que a concepção de responsabilidade social
coorporativa passou a ser utilizada para a elaboração do termo desempenho corporativo, sendo este, na
época, pouco operacional.

Nessa década, Sethi (1975 apud PASSOS, 2012) definiu três estágios de desempenho baseado no
comportamento das empresas: “[...] obrigação social, responsabilidade social e responsividade social” (p. 24).
Entretanto, apesar da sua contribuição ser importante, o autor não definiu clara e operacionalmente o
termo desempenho social corporativo.

No final da década de 1970, Carroll (1979, p. 499 apud CAVALCANTE, 2009), definiu responsabilidade
social corporativa como:

[...] desempenho corporativo em quatro diferentes categorias de responsabilidade:


econômica, legal, ética e discricionária. [...] Sendo que estas quatro categorias
não são mutuamente exclusivas, e nem pretendem retratar um contínuo com as
preocupações econômicas de um lado e as preocupações sociais do outro. Além
disso, elas não são nem cumulativas, nem aditivas (p. 25).

Carroll (1979, p. 500 apud CAVALCANTE, 2009) define essas quatro categorias:

— As responsabilidades econômicas como fundamentais e a base para


todas as outras, já que antes de qualquer coisa, a instituição negócio
é a unidade econômica básica da sociedade.

— As responsabilidades legais são definidas como parte integrante do


contrato social entre empresa e sociedade, uma vez que a sociedade
espera que os negócios cumpram sua missão econômica dentro da
estrutura de requisitos legais.

— As éticas, em que, apesar de não serem necessariamente codificadas


em leis e regulamentações, são esperadas pelos membros da sociedade
em relação às empresas, já que a sociedade possui expectativas acima
dos requisitos legais em relação aos negócios.

— As responsabilidades discricionárias, ou seja, aquela em que os negócios


têm a liberdade de assumir ou não, uma vez que não há imposição legal ou
ética, além de não haver uma mensagem clara da sociedade neste sentido.
Dessa forma, esta categoria seria de natureza voluntária por parte das
empresas (CARROLL, 1979, p. 500 apud CAVALCANTE, 2009, p. 25).
104
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

A partir dessas colocações, a autora define que a responsabilidade social corporativa dos negócios
“[...] abrange as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade possui em
relação às organizações em determinado período de tempo” (CARROLL,1979, p. 500 apud CAVALCANTE,
2009, p. 25).

Ou seja, a responsabilidade social corporativa constitui‑se das expectativas que a sociedade possui
em relação às organizações em determinado momento histórico.

Porém, inúmeros autores, dentre eles Cavalcante (2009), defendem que esse conceito merece uma
análise mais aprofundada, já que existe “[...] inconsistências conceituais e práticas mal elaboradas que
geram um ambiente bastante confuso e teoricamente frágil” (p. 29).

Para Kraemer (2005), a concepção de responsabilidade social vem sendo amplamente difundida por
parte das empresas, pois elas têm enfrentado novos e crescentes desafios impostos pelas

[...] exigências dos consumidores, pela pressão de grupos da sociedade


organizada e por legislações e regras comerciais que demandam, por
exemplo, proteção ambiental, produtos mais seguros e menos nocivos à
natureza e o cumprimento de normas éticas e trabalhistas em todos os
locais de produção e em toda a cadeia produtiva.

Na contramão desse argumento, Belisário e Ramos (2011) defendem que a responsabilidade social
corporativa tem sido usada como mercadoria para responder “[...] às constantes pressões de consumidores
informados, atualizados e conscientes. Responsabilidade social e sustentabilidade passam então a ser
palavras de ordem para conquistar um mercado extremamente competitivo” (p. 1).

Segundo Cavalcante (2009, p. 31), o tema responsabilidade social corporativa torna‑se cada vez mais
comum nos espaço da mídia, na organização e no campo de atuação de diversas entidades da sociedade
civil, tais como:

• O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), criado em 1981 e responsável pelo
Balanço Social no Brasil entre as empresas, como instrumento de gerenciamento da atividade
social das organizações.

• O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, criado em 1998 e responsável pela


elaboração de manuais e indicadores para a autoavaliação das empresas em relação ao desempenho
empresarial responsável.

• A Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES), que estimula iniciativas de


responsabilidade social corporativa e empreendedorismo social.

• O Grupo de Instituto, Fundações e Empresas (Gife), que apoia as empresas a desenvolverem ações
sociais com racionalidade econômica e eficiência administrativa, entre outros.

105
Unidade III

Lembrete

A responsabilidade social corporativa pressupõe o desenvolvimento


sustentável pautado na harmonia entre as esferas econômica, ambiental e
social que possibilite a expansão das atividades das empresas no presente
e no futuro.

Feitas essas distinções, avancemos em nossa reflexão.

Rasquinha (2010) afirma que o Instituto Ethos é uma das instituições que mais se destacam na
divulgação do conceito de responsabilidade social na sociedade brasileira. Oded Grajew assim define
este conceito:

[...] a atitude ética da empresa em todas as suas atividades. Diz respeito às


interações da empresa com funcionários, fornecedores, clientes, acionistas,
governo, concorrentes, meio ambiente e comunidade. Os preceitos da
responsabilidade social podem balizar, inclusive, todas as atividades políticas
empresariais (GRAJEW; INSTITUTO ETHOS, 2001 apud RASQUINHA, 2010).

A lógica da responsabilidade social exige uma nova postura dos atores envolvidos, pautada em
valores éticos – os quais estudaremos a seguir – que visem ao desenvolvimento sustentado da sociedade
em sua totalidade. Vai

[...] muito além da postura legal da empresa, da prática filantrópica ou do


apoio à comunidade. Significa mudança de atitude, numa perspectiva
de gestão empresarial com foco na qualidade das relações e na geração de
valor para todos (RASQUINHA, 2010).

É importante destacar que as empresas socialmente responsáveis são vistas pelo consumidor
com “bons olhos”, tornando‑se, como a própria autora defende, “[...] um diferencial competitivo e
um indicador de rentabilidade e sustentabilidade no longo prazo” (RASQUINHA, 2010), o que explicita um
contexto contraditório, permeados pela lógica neoliberal, em que o objetivo principal é criar condições
para o acúmulo de capital.

No entanto, a responsabilidade social é uma realidade que está em crescimento no Brasil, sendo
impossível negá‑la ou agir como se ela não existisse.

Para Passos (2012), de fato, existe aceitação maior por parte dos clientes de serviços e produtos
oferecidos por empresas consideradas socialmente responsáveis. Tendo como alvo esses clientes, o
número de empresas que iniciam experiência nesse campo crescem a cada dia.

106
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Porém, nem toda a ação praticada por essas empresas pode ser considerada responsabilidade social.

Não é socialmente responsável a empresa que age agora de uma forma


correta e em outro momento de maneira inversa [...] a responsabilidade
social pressupõe consciência e compromisso das empresas com as mudanças
sociais (PASSOS, 2012, p. 166).

De acordo com Moysés (2001 apud PASSOS, 2012), esses compromissos são condições para que uma
empresa possa ser considerada socialmente responsável, ou como defende, uma “empresa cidadã”:

[...] no estágio de empresa cidadã, a empresa passa na transformação do


ambiente social, sem se ater apenas aos resultados financeiros do balanço
econômico; busca avaliar a sua contribuição à sociedade e se posiciona de
forma pró‑ativa nas suas contribuições com os problemas sociais (MOYSÉS,
2001 apud PASSOS, 2012, p. 90).

O fato é que o envolvimento das empresas no Terceiro Setor – mesmo que dentro dessa lógica
perversa do capital – tem encontrado ambiente propício para seu fortalecimento, resultando inclusive
em algumas experiências expressivas no enfrentamento da questão social.

8 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS

8.1 A implantação de um processo de responsabilidade social nas empresas

A seguir apresentaremos alguns conceitos fundamentais para implantação de um processo de


responsabilidade social nas empresas:

• Responsabilidade social empresarial (SER): é a forma de gestão que se define pela relação ética e
transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento
de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando
recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a
redução das desigualdades sociais.

• Stakeholder: termo em inglês amplamente utilizado para designar as partes interessadas, ou seja,
qualquer indivíduo ou grupo que possa afetar a empresa por meio de suas opiniões ou ações,
ou ser por ela afetado. Há uma tendência cada vez maior em se considerar stakeholder quem se
julgue como tal.

• Parceiros: organizações com as quais se estabelece um relacionamento especial e estreito em


função de fatores e razões diversas.

• Colaboradores: todos aqueles que estão envolvidos na execução das atividades de uma organização
como empregados, prestadores de serviços e funcionários terceirizados.

107
Unidade III

• Balanço social: é um meio de dar transparência às atividades corporativas através de um


levantamento dos principais indicadores de desempenho econômico, social e ambiental da
empresa. Além disso, é um instrumento que amplia o diálogo com todos os públicos com os quais
a empresa relaciona-se: acionistas, consumidores e clientes, comunidade vizinha, funcionários,
fornecedores, governo, organizações não governamentais, mercado financeiro e a sociedade
em geral. Durante sua realização, o balanço social funciona também como uma ferramenta de
autoavaliação, já que dá à empresa uma visão geral sobre sua gestão e o alinhamento dos valores
e objetivos presentes e futuros da empresa com seus resultados atuais.

• Ação social: é qualquer atividade realizada pelas empresas para atender às comunidades em
suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não governamentais, associações
comunitárias etc.), em áreas como assistência social, alimentação, saúde, educação, cultura,
meio ambiente e desenvolvimento comunitário. Abrange desde pequenas doações a pessoas ou
instituições até ações estruturadas, com uso planejado e monitorado de recursos, seja pela própria
empresa, por fundações e institutos de origem empresarial ou por indivíduos especialmente
contratados para a atividade.

• Diversidade: princípio básico de cidadania que visa assegurar a cada um condições de pleno
desenvolvimento de seus talentos e de suas potencialidades, considerando a busca por
oportunidades iguais e respeito à dignidade de todas as pessoas. A prática da diversidade
representa a efetivação do direito à diferença, criando condições e ambientes em que as pessoas
possam agir em conformidade com seus valores individuais.

Lembrete

A área de responsabilidade social pode estar em diferentes segmentos


dentro de uma organização, mas necessariamente tem interface com
vários deles.

8.1.1 Processos fundamentais para que a responsabilidade social passe a fazer parte do
planejamento estratégico de uma organização

Implantação

A implantação de um programa de responsabilidade social empresarial não acontece por


decreto, portaria e/ou comunicado interno, como também pela realização de grandes eventos e/ou
campanhas publicitárias.

A implantação destes programas de maneira efetiva significa uma mudança de mentalidade e/ou
cultura, fazendo com que acionistas, gestores, colaboradores, fornecedores e todos demais envolvidos
na rede de relacionamentos da empresa acreditem e internalizem a ética como a única maneira de
realizar negócios e atingir seus resultados, de forma sustentável.

108
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Este processo só irá ocorrer a médio prazo em algumas empresas, em outras a longo prazo e em
algumas nunca. Mas, todo processo deve começar por uma ação ou conjunto de ações que irão abrir as
portas para esta mudança. A essa ação ou conjunto de ações denominamos sensibilização.

Sensibilização

Por sensibilização entendemos como o ato ou efeito de sensibilizar a si mesmo e/ou a outros,
envolvidos direta e/ou indiretamente em um processo e/ou situação definida previamente. Por sensibilizar,
a exposição de uma pessoa, grupo de pessoas e/ou instituição a um propósito específico, do que resulta
uma resposta, atitude e/ou reação.

Pelo próprio conceito fica claro que precisamos conhecer e definir a situação envolvida, respondendo
algumas questões:

• Qual o cenário da sensibilização?

• Quem iremos sensibilizar?

• Como iremos realizar esta sensibilização?

• Utilizaremos instrumentos, metodologias e/ou linguagens específicas para cada público-alvo?

• Quanto tempo necessitaremos para realizar este processo?

• As ações e/ou conjunto de ações serão realizadas simultaneamente ou não?

• Quem irá realizar estas ações?

• O presidente da empresa, diretores, gestores e/ou consultores?

• Que indicadores utilizaremos para avaliar o sucesso ou não do processo de sensibilização?

O processo de sensibilização deve ser realizado antes da concepção do programa de responsabilidade


social empresarial, como também da sua divulgação para o público interno e/ou externo. Deve-se utilizar
além da intranet e de informativos, palestras, grupos de estudo, fóruns de discussão e workshops. Estas
atividades ajudam a empresa no estabelecimento de uma linguagem comum ou seja que a empresa
tenha clareza dos conceitos de responsabilidade social empresarial corretos, independentemente do
nível hierárquico, da escolaridade ou da área que pertencem.

A linguagem, os exemplos, os atrativos e as situações também devem ser desenhadas de acordo


com a característica de cada público-alvo. Por exemplo, quando pensamos no público interno podemos
estabelecer grandes especificidades entre acionistas, diretores, gestores e colaboradores em geral.

O mais importante é que percebamos a importância dessa atividade, como também que a
sensibilização não deve ser realizada apenas no momento inicial do programa de responsabilidade social
109
Unidade III

empresarial, mas, sempre que necessário. Desta forma, o processo de implantação como a formação de
multiplicadores da causa e/ou do programa de responsabilidade social acontecerão de maneira menos
sacrificada, minimizando a possibilidade de insucesso.

8.1.2 Exemplos de projetos de responsabilidade social

Comunidade e educação

Visa encontrar meios pelos quais a empresa poderá dar suporte e melhorar a educação oferecida
pelas escolas públicas locais.

Estratégias:

• Encorajar os funcionários a se tornarem mentores ou voluntários e a participarem de eventos


organizados pelas escolas, ou até mesmo a darem palestras a alunos e professores sobre habilidades
profissionais necessárias para atuar em suas áreas de trabalho.

• Viabilizar doações de equipamento usado ou excedente, restos de matéria-prima ou produtos


ultrapassados e que podem ser utilizados para projetos escolares.

• Doar de tempo de trabalho dos funcionários para ajudar em consertos ou faxinas.

• Visitar a escola para dar pequenas palestras sobre diferentes assuntos, por exemplo, aconselhamento
sobre carreiras, ou aconselhamento sobre as matérias que estão sendo estudadas.

• Ajudar na gestão da escola.

• Promover de programas de melhoria da qualidade de ensino, como preparação de material


didático ou treinamento de professores.

• Convidar os alunos da escola para visitarem a empresa. Se possível, permitir que os alunos
operem equipamentos.

• Organizar de um intervalo para lanche do qual funcionários e alunos possam participar.

• Criar um intercâmbio com a escola, muitas escolas procuram por empresas locais que possam
oferecer estágio, remunerado ou não, para os seus alunos.

Comunidade/global

O envolvimento com a comunidade deve ser uma prioridade da administração. É importante usar
todas as oportunidades para comunicar aos funcionários que o suporte à comunidade e o envolvimento
com ela é importante para a empresa.

110
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Estratégias:

• Sempre que possível, recompensar aqueles que participam de projetos comunitários.

• Incentivar gerentes e supervisores a encorajar os funcionários na participação de projetos


comunitários que não interfiram na execução de suas tarefas.

• Considerar a possibilidade de incluir na avaliação de desempenho de gerentes e supervisores a


capacidade que possuem de encorajar seus subordinados a se envolverem com a comunidade.
Invista na comunidade.

• Considerar a possibilidade de utilização de serviços providos por organizações comunitárias. Dessa


forma, a empresa poderá ajudar na revitalização de uma comunidade carente.

• Considerar, também, a destinação de recursos do imposto de renda para fundos municipais da


criança e do adolescente, ou outros similares.

• Considerar o recrutamento em comunidades carentes. Há também várias organizações sem


fins lucrativos que poderão identificar nestas comunidades indivíduos que estejam treinados e
capacitados a exercer as funções pretendidas.

• Procurar locais comunitários que possuam boas instalações para o estabelecimento de escritórios,
produção e venda, com acesso fácil para as demais áreas da cidade. Verificar se há incentivos para
a instalação de empresas nessas áreas e onde estão localizadas.

Comunidade/trabalho voluntário: estratégias

• Considerar a possibilidade da criação de uma lista de oportunidades de trabalhos voluntários.

• Listar várias organizações que procuram por voluntários, especificando qual o tipo de trabalho a
ser realizado e o tipo de habilidade necessária.

• Solicitar aos funcionários sugestões sobre outras organizações e encorajar o envolvimento com o
trabalho delas.

• Disponibilizar tempo para voluntários. Considerar uma política de autorizar a dispensa de


funcionários para a realização de trabalho voluntário em comunidades carentes, ou para
organizações beneficentes. Algumas empresas autorizam a dispensa remunerada, enquanto
outras realizam a dispensa sem pagamento, mas sem ônus para o período de férias. A dispensa
autorizada pelas empresas geralmente vai de uma hora por mês até uma semana por ano.

• Oferecer apoio financeiro para estimular o trabalho voluntário Considerar a possibilidade de fazer
contribuições para organizações das quais os funcionários fazem parte da diretoria, ou para as
quais eles façam trabalho voluntário. Algumas empresas costumam fazer contribuições em nome
111
Unidade III

da própria empresa, outras, em nome dos funcionários. Nos dois casos, elas não só estimulam
o funcionário a continuar seu trabalho voluntário, como também melhoram a imagem de sua
empresa, por abraçar causas nobres.

• Recompensar os funcionários pelo trabalho voluntário. Uma ideia seria organizar uma festa
especial para os voluntários (e convidar seus parceiros de trabalho). Organize um sorteio, autorize
dias extras para o período de férias ou providencie quaisquer outros incentivos para encorajar o
trabalho voluntário. Não se esquecer de que recompensas simples podem também ter um valor
significativo para o funcionário. Um certificado ou carta de reconhecimento assinada por um dos
diretores da empresa é uma opção.

• Adotar um projeto específico. Considerar a possibilidade de envolver a empresa em um projeto


ou causa que envolva vários voluntários, talvez um cujo objetivo se aproxime da declaração de
missão de sua empresa. Por exemplo, um restaurante ou uma empresa do ramo de alimentos
poderá se engajar em campanhas para o extermínio da fome ou para o encorajamento de práticas
agrárias sustentáveis, ou ainda organizar uma horta comunitária ou a distribuição de sopa para
pessoas carentes.

• Mobilizar fornecedores e clientes. Unir os esforços de sua empresa em empreender projetos


de trabalho voluntário aos de seus fornecedores e clientes. Considerar a possibilidade de fazer
parcerias com outras empresas da comunidade, sejam elas de grande ou pequeno porte, de forma
a desenvolver projetos que a empresa não poderia empreender individualmente.

Comunidade/filantropia: estratégias

• Verificar a possibilidade da contribuição de produtos ou serviços diretamente para organizações


da comunidade que possam fazer uso deles.

• Encorajar a contribuição por parte dos funcionários. Considerar a possibilidade da empresa


contribuir nas mesmas bases em que contribui cada um dos funcionários, ou uma contribuição da
empresa ainda maior, baseada naquela efetuada por eles. Para facilitar as contribuições, considerar
a possibilidade de deduzi-las automaticamente na folha de pagamento dos funcionários.

• Apoiar eventos locais. Considerar a possibilidade de comprar um bloco de ingressos para eventos
comunitários de cunho cultural ou esportivo, de forma a vendê-los com desconto para funcionários
e clientes da empresa, ou para doação a usuários de serviços de organizações sem fins lucrativos,
os quais não teriam recursos financeiros para realizar essa aquisição.

• Encorajar outros tipos de doações. Encorajar os funcionários a doarem comida, roupas usadas,
móveis e outros itens. Da mesma forma, organizar para que a empresa faça doações de máquinas
usadas, mobílias e outros materiais e equipamentos para escolas e organizações sem fins lucrativos
da localidade.

112
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Comunidade/outros projetos comunitários: estratégias

• Apoiar o comércio local. Considerar a possibilidade de conseguir descontos juntos aos comerciantes
locais para os funcionários da empresa.

• Considerar a possibilidade de ceder espaço interno da empresa para encontros de organizações


e grupos sem fins lucrativos, de maneira tal que a segurança e as operações da empresa não
fiquem comprometidas.

• Cessão de espaço para alfabetização, aulas particulares, encontros, ou outros programas. Procurar
por oportunidades de fazer o uso do espaço e instalações da empresa em benefício de programas
comunitários. Informar-se sobre os riscos que tal empréstimo pode acarretar: consultar sempre
sua companhia de seguros sobre essa questão.

Direitos humanos

Na escolha dos fornecedores de produtos e/ou serviços, procurar trabalhar com parceiros que
compartilham com a empresa a preocupação de dar um tratamento justo aos trabalhadores. Até
mesmo empresas que contratam mão de obra em outras localidades para a produção de seus produtos
(geralmente em países em desenvolvimento) devem considerar o contexto econômico, cultural e social
do trabalhador. Estratégias:

• Verificar quais são os fornecedores; quais as fábricas utilizadas para a manufatura dos produtos;
onde estão localizadas e suas capacidades de produção.

• Adotar um código de conduta. Muitas empresas criaram seus próprios códigos de conduta, os quais
podem ser utilizados como modelo. A maioria destes códigos incorpora as leis trabalhistas locais e
padrões internacionais aceitáveis de conduta. Um código de conduta pode ser um guia para o pessoal
de sua empresa aferir até que ponto os itens ali relacionados estão sendo cumpridos de forma justa.

• Comunicar suas expectativas aos fornecedores. A empresa tem maiores possibilidades de alcançar
os objetivos propostos se estes forem comunicados claramente aos fornecedores.

• Solicitar aos fornecedores um comprometimento formal.

• Utilizar todas as oportunidades para monitorar o cumprimento das regras estabelecidas.

• Oferecer sugestões sobre possíveis ajustes para a melhoria da prática. Tentar criar um clima de
confiança, tentando discutir, inicialmente, itens menos sensíveis, tais como saúde e segurança.

Meio ambiente/minimização de resíduos: estratégias

• Criar um código de reciclagem. Promover a ideia, do ponto de vista de sua empresa, que “resíduo”
representa tudo aquilo que não se pode utilizar ou vender, mas que se deverá pagar para poder se
livrar dele.
113
Unidade III

• Encorajar os funcionários a apresentar sugestões para a redução do resíduo através da reutilização


de materiais e reciclagem daqueles que não poderão mais ser utilizados.

• Reduzir o consumo de papel. Em muitas empresas, o papel é a maior fonte de lixo.

• Doar o excedente de móveis e equipamentos. Criar uma relação informal de organizações


beneficentes que aceitam essas doações.

• Evitar produtos que geram resíduos. Ao fazer as compras da empresa, procurar por produtos que
sejam mais duráveis, de melhor qualidade, recicláveis ou que possam ser reutilizados.

• Evitar produtos descartáveis.

• Considerar o aluguel de máquinas ou equipamentos usados, ou compartilhados com outros


empresários da área.

Mercado e outras ideias

Fazer os investimentos de sua empresa com instituições socialmente responsáveis. Considerar a


possibilidade de aplicar os fundos da empresa em instituições financeiras que suportem uma causa
social. Existe uma grande variedade delas trabalhando no desenvolvimento de programas comunitários.
Utilizar cartões de afinidade e serviços de instituições socialmente responsáveis.

Local de trabalho/Combate ao Assédio Sexual

Estabelecer uma diretriz contra o assédio. Esta não é só uma atitude social responsável, mas uma
exigência legal. Desenvolver e implementar um política firme contra o assédio sexual. Estratégias:

• Explicar a matéria de forma clara e concisa, dando exemplos concretos para definir o
comportamento proibido.

• Explicar os meios disponíveis na empresa para formalizar reclamações.

• Comunicar frequentemente aos funcionários, fornecedores, clientes e outros parceiros de trabalho,


as diretrizes da empresa com relação ao assunto, sempre de forma consistente.

• Comunicar a todos que qualquer reclamação recebida, implicará em uma investigação objetiva,
salientando as penalidades aplicadas por violação da regra, inclusive a possível demissão.

• Proibir, estritamente, qualquer vingança contra aqueles que apresentarem reclamações e monitorar
pessoalmente tais situações, especialmente quando a reclamação envolver o supervisor direto do
funcionário molestado.

• Proporcionar programas de treinamento. Treinar supervisores e gerentes para criar um ambiente


de trabalho positivo e livre de assédios, para que reconheçam e confrontem o assunto de forma
rápida e eficaz.
114
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

• Estabelecer uma regra justa para encaminhamento das reclamações. Propiciar um ambiente
correto para a apresentação e discussão de reclamações recebidas, bem como um processo justo
para investigar as alegadas acusações.
• Criar um processo investigatório que respeite a privacidade, discutindo a matéria somente
com as partes envolvidas. Estar atento que, ao tratar desses assuntos, os atos poderão ter
implicações legais.
• Considerar a possibilidade de criar uma comissão composta de um corpo de funcionários de
áreas diversas e da diretoria, como uma última instância, para se propor uma medida concreta a
respeito do ocorrido.
• Criar um ambiente propício para a discussão do assunto. Considerar a criação de um mecanismo
que possa ser utilizado pelo funcionário para aconselhamento, de forma anônima. Disponibilizar
pessoal treinado para aconselhamento e discussão de possíveis casos de assédio e promover
discussões e palestras sobre o assunto.

8.1.3 Cheklist e autoavaliação e aprendizagem

Trata-se de uma ferramenta de uso essencialmente interno, que permite a avaliação da gestão
no que diz respeito à incorporação de práticas de responsabilidade social, além do planejamento de
estratégias e do monitoramento do desempenho geral da empresa.

Auditorias e prestação de contas

Ao obter os primeiros resultados sobre a avaliação da empresa, é recomendado compartilhar com


outras pessoas de confiança que possam dar um parecer honesto sobre os resultados obtidos e depois,
incorporar os pareceres e comentários recebidos ao texto final do relatório de avaliação.

Também é importante compartilhar a avaliação. Começando o compartilhamento com grupos


selecionados e, em um segundo momento, tornando-a pública. Considerar a possibilidade de torná-
la pública anualmente. Incluir os sucessos, dificuldades e as metas para futuras melhorias. Distribuir
o relatório para os funcionários, fornecedores, clientes chaves e outros que sejam considerados como
interessados pela avaliação.

8.2 Ética empresarial: apontamentos para o debate

Para muitos autores, pensar responsabilidade social das empresas está diretamente ligado a uma
questão ética, dado que implica mudança de valores e atitudes. Para Moysés (2001 apud PASSOS, 2012)
refletir a responsabilidade social como uma questão ética

[...] pressupõe uma atuação eficaz da empresa com todos aqueles que são
afetados por sua atividade, sejam diretas sejam indiretas, possuindo um
alto grau de comprometimento com seus colaboradores internos e externos
(MOYSÉS, 2001 apud PASSOS, 2012, p. 164).
115
Unidade III

Logo, refletir sobre ética empresarial significa pensar sobre os valores que imperam em nossa
sociedade e que permeiam as relações sociais dentro e fora das empresas em um contexto no qual a
chamada responsabilidade social vem ganhando força nas últimas décadas.

8.2.1 Ética e moral: existe diferença?

Segundo Passos (2012), etimologicamente ética e moral são palavras que possuem origens distintas,
mas significados iguais. Moral vem do latim mores, que quer dizer costume, conduta, modo de agir;
ética vem do grego ethos e, do mesmo modo, quer dizer costume, modo de agir. Contudo, alguns
autores, entre eles Vázquez (apud PASSOS, 2012), defendem que, apesar da proximidade são termos
distintos, como veremos a seguir:

• Moral: “[...] enquanto norma de conduta, refere‑se a situações


particulares e quotidianas, não chegando à superação desse nível”
(PASSOS, 2012, p. 22).

• Ética: “[...] destituída do papel normatizador, ao menos no que diz


respeito aos atos isolados, torna‑se examinadora da moral. Exame que
consiste em reflexão, em investigação, em teorização” (PASSOS, 2012,
p. 22‑23).

Pode‑se assim dizer que “[...] a moral normatiza e direciona a prática das pessoas, e a ética teoriza
sobre as condutas, estudando as concepções que dão suporte à moral” (PASSOS, 2012, p. 23).

Sánchez (1975, p. 12 apud PASSOS, 2012, p. 23) define que a Ética “[...] é a ciência que estuda o
comportamento moral dos homens na sociedade”.

Saiba mais

O livro a seguir poderá contribuir para uma reflexão mais aprofundada,


porém sucinta sobre ética:

VALLS, A. L. M. O que é ética. São Paulo: Brasilense, 2008. (Coleção


Primeiros Passos, 177).

Nasch (1993, p. 6 apud PASSOS, 2012, p. 66) define ética nas organização como “[...] o estudo
da forma pela qual normas morais pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos de uma
empresa comercial”.

O que nos permite pensar que a ética nas organizações apresenta‑se como uma reflexão aprofundada
da forma como os valores morais historicamente construídos são experimentados no ambiente empresarial.

116
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

De acordo com Passos (2012):

[...] a ética nas organizações não se caracteriza como valores abstratos


nem alheios aos que vigoram na sociedade; ao contrário, as pessoas que as
constituem, sendo sujeitos históricos e sociais, levam para elas as mesmas
crenças e princípios que aprenderam enquanto membros da sociedade [...].
Visa tornar inteligível a moral vigente nas empresas, através de estudos que
contemplem também as questões de tempo e o espaço [...], pois os valores
organizacionais mudam com as mudanças histórico‑sociais e as relações
humanas seguem a mesma tendência (p. 66).

Apesar do crescimento do número de empresas que demonstram interesse pela ética, ainda é forte
a tensão entre a busca do lucro e a possibilidade de agir com ética (PASSOS, 2012).

Como essa tensão não se resolveu, os problemas morais continuaram crescendo dentro das organizações,
vividos desde situações corriqueiras, “[...] como prática do favoritismo, a obediência inquestionável às leis
[...] até subornos, sonegação fiscal entre outros” (PASSOS, 2012, p. 67). Sendo que esses comportamentos
antiéticos ferem não só os outros, como também o próprio indivíduo, pois são desumanos com todos.

Os valores vigorantes na sociedade transformam as pessoas em seres apenas produtivos, desprezando


a consciência de sua dimensão humana, que implica tempo para a vida, para o lazer e para a família
(PASSOS, 2012).

É importante destacar que os valores considerados como antiéticos, que colocam o lucro na frente
do ser humano, são aqueles que fundamentam a sociedade capitalista, cujo objetivo é acumular capital.
Sendo que – como vimos anteriormente – o capitalismo, na realidade brasileira, tem características
próprias devido à forma como esse modo de reprodução foi implantado.

Passos (2012) defende que a ética “[...] nos ajuda a entender que um bom profissional não é aquele que
age como uma máquina, cumprindo ordens inconscientes e deixando de impor limites entre os mundos
profissional e pessoal” (p. 67). Logo, a ética nas organizações implica não somente mudanças, mas também
uma revolução que transforme a relação capital x trabalho, o que não nos parece tarefa fácil.

A autora concorda que na prática, em uma organização, as ações humanas são orientadas por princípios
morais que, na maioria das situações, não satisfazem, dado que objetivam apenas garantir a sobrevivência de
alguns de seus membros e, no máximo, da empresa, visando manter o posto de trabalho.

Outro exemplo de ação moral dentro de uma organização, destacado pela autora, é a que se
constitui pela imposição de leis e pela cobrança do seu cumprimento, seguida por processos punitivos,
entre outros.

Porém, defende “[...] uma ética em que as empresas procurem e alcancem o lucro, que é imprescindível
para sua continuidade, dede que seja o ‘lucro virtuoso’, aquele capaz de gerar valor e que é posto a
serviço do desenvolvimento social” (PASSOS, 2012, p. 69).
117
Unidade III

Exemplo de aplicação

Você acredita que o “lucro” pode ser “virtuoso” e priorizar qualidade de vida? Pesquise sobre esse
tema e tire suas próprias conclusões. Afinal, a ética nos aponta esse caminho.

Na perspectiva de Passos (2012), a discussão sobre responsabilidade social como uma questão
ética pressupõe:

a) [...] atuação eficaz da empresa com todos aqueles que são afetados por
sua atividade, sejam diretas, sejam indiretas, possuindo um alto grau de
comprometimento com seus colaboradores internos e externos (MOYSÉS,
2001, p. 85 apud PASSOS, 2012); b) [...] reconhecer obrigação não só com
acionista e clientes, mas também com os seres humanos, com a construção
de uma sociedade mais justa, honesta e solidária, uma sociedade melhor
para todos, assim, ela é uma prática moral. É uma prática orientada pela
ética, que vai além das obrigações legais e econômicas, rumo às sociais,
respeitando‑se a cultura e as necessidades e desejos das pessoas; c) [...] que
as empresas precisam comportar‑se de forma justa com todas as pessoas
com quem elas se relacionam direta ou indiretamente: colaboradores,
clientes, fornecedores, consumidores, acionistas e comunidade. Precisam
ficar atentas às necessidades das pessoas que são afetadas por elas,
não como uma postura legal ou filantrópica, mas como compromisso e
responsabilidade (PASSOS, 2012, p. 166‑167).

Ou seja, pensar em responsabilidade social nos obriga a pensar em ética. O que nos leva a colocar o
ser humano em primeiro lugar, “[...] respeitando os direitos humanos, justiça, dignidade; e com o planeta,
comportando‑se de forma responsável e comprometida com a sustentabilidade de toda a rede da vida”
(PASSOS, 2012, p. 167).

Para ilustrar a nossa reflexão sobre ética nas organizações, apresentaremos a seguir o Código de Ética
elaborado pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), a primeira Associação da América do
Sul a agrupar organizações de origem privada que financiam ou executam projetos sociais, ambientais
e culturais de interesse público.

Código de ética Gife: um exemplo para ilustrar

I) Compromissos dos associados do Gife

• Servir ao ideal do Gife, zelando pela aplicação profissional e ética dos conceitos e
práticas de investimento social, conforme aqui descritas.

• Procurar disseminar esses conceitos e práticas, inspirando outros, principalmente


por meio de seu próprio exemplo.

118
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

• Adotar sempre uma atitude transparente quanto aos procedimentos e reais


motivações de suas práticas de investimento social.

II. A relação dos associados com seus mantenedores/doadores

• Zelar para que, na definição e implementação dos programas de desenvolvimento


social patrocinados por terceiros, os ideais do Gife sejam observados, sem distorções.
• Gerenciar eticamente, com competência e eficácia, os recursos a si confiados,
cumprindo fielmente as intenções dos doadores, mantendo‑os informados quanto
aos resultados.

III. A relação dos associados com seus beneficiários/parceiros

• Proceder sempre de modo a privilegiar o benefício do parceiro sobre vantagens do


próprio associado.
• Colaborar para manter uma relação produtiva entre as partes, tendo por base respeito,
compromisso e confiança, privilegiando o processo de negociação em caso de conflitos.
• Não alimentar expectativas infundadas, nem avançar promessas que não possam
ser cumpridas.

IV. A relação dos associados com outras entidades similares

• Proceder de modo cooperativo, buscando colaborar dentro das possibilidades,


interesses e princípios éticos.
• Assumir na crítica, quando esta se fizer necessária, uma atitude construtiva.
• Assumir, em situação de conflitos, uma posição aberta à negociação e ao entendimento.

V. A relação dos associados com o Poder Público

• Ater‑se estritamente à legislação geral e específica.


• Não buscar relações que privilegiem interesses corporativos, em detrimento do
bem comum.
• Agir de maneira clara, com transparência quanto aos objetivos e interesses envolvidos.

VI. A conduta dos profissionais pertencentes aos quadros das entidades associadas
do Gife

• Trabalhar pela efetiva realização da missão do Gife, observando os valores éticos que
o embasam.

119
Unidade III

• Conduzir todas as atividades pessoais e profissionais com honestidade e integridade


de modo a refletir favoravelmente no setor de investimento social.

• Esforçar‑se por agir sempre com competência, definindo objetivos de


autodesenvolvimento permanente.

• Afirmar com atitudes pessoais o compromisso com o desenvolvimento social e seu


papel na sociedade.

• Respeitar o sigilo profissional, quando necessário.

Fonte: Gife (s.d.).

8.3 Responsabilidade social de empresas: um desafio para o serviço social

Como estudamos, as organizações filantrópicas há muito tempo estão presentes na realidade


brasileira, porém, é a partir da década de 1990 que o Terceiro Setor tem encontrado terreno propício
para sua proliferação.

Isso porque, no contexto neoliberal, a sociedade civil, assim como a então “filantropia empresarial”,
tem sido chamada a “contribuir” no enfrentamento da questão social, concretizando uma “[...]
transferência de responsabilidade para a iniciativa privada no campo do investimento social, que,
na verdade, seria uma atribuição constitucional do Estado brasileiro em todos os níveis do governo”
(MENEZES, 2010, p. 505).

Desse modo, a atuação das empresas na área social tem se expandido por meio de financiamento
de OSCs, parcerias com associações de moradores, criação e a manutenção de fundações sociais,
em uma estratégia de gestão empresarial, conhecida atualmente como “responsabilidade social
empresarial” (RSE), podendo, inclusive, contar com o auxilio governamental, via parcerias, tendo as
OSCs como “pontes” e/ou via deduções de impostos devidos ao Estado, respaldadas por leis federais
(MENEZES, 2010).

Nesse cenário, as organizações que compõem o Terceiro Setor “[...] têm se aprimorado para buscar
financiamentos junto a essas empresas, firmando parcerias e até se adequando aos seus interesses
para atraí‑las” (MENEZES, 2010, p. 505) e, com a ampliação das ações sociais empresariais, ascende um
campo potencial para a atuação do assistente social na chamada responsabilidade social das empresas
(MENEZES, 2010).

Ou seja, o Terceiro Setor – como estudamos – é composto por diferentes instituições e compreende a
soma de esforços envolvendo a empresa privada, o governo, as ONGs e a sociedade civil. Tem se tornado
em sua totalidade um campo de trabalho emergente para os profissionais do Serviço Social.

A atuação do assistente social na responsabilidade social das empresas pode ser considerada nova
(ou renovada), dado que se diferencia das tradicionais demandas impostas à profissão no âmbito da
120
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

empresa – onde a atuação profissional se voltava basicamente para o público interno – funcionários e
suas famílias (MENEZES, 2010, p. 505).

No contexto da responsabilidade social, a empresa visa superar a postura assistencialista em que mantinham
ações sociais caracterizadas como “[...] ajudas, doações esporádicas feitas diretamente às comunidades ou
pessoas pobres que se localizavam no entorno das empresas” (BEHRING apud MENEZES, 2010, p. 508-509).

Institui‑se então a chamada por alguns autores de “neofilantropia empresarial”, ou seja, retorno da
filantropia, porém com características distintas, já que a empresa busca ações

[...] mais preventivas dos “problemas sociais”. É calçada por um discurso


baseado em conceitos como ética e cidadania, participação e parceria, mas
ainda representa uma modalidade de intervenção reguladora da “pobreza”.
Estado e sociedade devem trabalhar em parceria para amenizar a “exclusão
social” [...]. Tem como características/objetivos principais: o incentivo à
educação como meio de aumentar “a competitividade econômica nacional”
e facilitar as “condições de inserção do país na nova ordem mundial” (idem,
p. 56) seguindo uma lógica de eficiência. Esse ativismo é divulgado pelo
marketing social, onde ganha centralidade a figura do “cidadão consumidor”
e suas preocupações com as desigualdades sociais e um desenvolvimento
sustentável; o discurso da “parceria” e o comprometimento com uma causa
(BEHRING apud MENEZES, 2010, p. 509).

Para Menezes (2010), a chamada responsabilidade social das empresas pauta‑se em um discurso
de defesa da cidadania, da democracia, da participação social etc. para o enfrentamento da “questão
social” como uma estratégia ideológica, objetivando facilitar o aumento de seus níveis de acumulação.

No entanto, a referida autora afirma que isso não significa que o profissional deva recusar‑se a atuar
nesse espaço, já que, como trabalhador, necessita vender sua força de trabalho. Porém, defende que ele
não deve alimentar ilusões quanto à possibilidade de as práticas sociais das empresas tornarem‑se a
solução para as expressões da questão social, muito menos enganar‑se, confiando que o mercado está
de fato totalmente comprometido com a superação da desigualdade social.

Saiba mais

O livro a seguir poderá contribuir para uma reflexão mais ampla sobre
os desafios impostos ao assistente social na sociedade atual.

IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e


formação profissional. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

121
Unidade III

Como nos alerta Sarachu (1999 apud Santos, 2007), é responsabilidade do profissional do serviço
social refletir sobre essas transformações, compreendendo a ampliação do conceito de Estado e de
sociedade civil, e a própria condição de uma profissão que atua nessa mediação.

Menezes (2010) defende que este é um contexto contraditório, em que as fundações sociais das
empresas e seus projetos de cidadania empresarial não têm condições de substituir os postos de trabalho
fechados no âmbito estatal e que o vínculo empregatício com esses projetos é precário, flexível e, muitas
vezes, temporário.

Pontua ainda que a prática do assistente social nesse campo de atuação

[...] embora tenha um discurso de construção de cidadania, se restringe a uma


prática assistencialista, que busca o consenso entre classes antagônicas, ou mesmo
de enquadramento ou cooptação do usuário já que nesse campo não existe
espaço para “sujeito de direito” – existem usuários de serviços privados. Nessas
ações não existe nenhuma garantia de atendimento; o público alvo é escolhido
de acordo com a imagem que a empresa pretende passar aos consumidores; suas
ações são paliativas e superficiais, já que as empresas precisam mostrar resultados
rápidos para ganhar visibilidade e garantir seus lucros. Seus atendimentos não se
constituem em direitos sociais, ao contrário do que ocorre no Estado. Estão inscritas
no campo “não direito”, contribuem para o paternalismo nos atendimentos e para
a refilantropização da assistência social (MENEZES, 2010, p. 526).

O que só reforça o fato de que a inserção do assistente social nesse espaço deve ser crítica no
sentido de identificar as forças presentes nessa arena de conflitos, visualizando limites, mas buscando
possibilidades que potencialize a prática profissional.

Como afirma Santos (2007), o Serviço Social brasileiro tem elementos para que se realizem uma
análise dessa realidade e se elaborarem respostas para as novas demandas impostas à profissão.

Para superar ações pautadas no senso comum, enfatiza a autora, faz‑se necessário que a atuação
profissional no Terceiro Setor se fundamente em reflexões sobre a relação entre a dimensão do público
e do privado, assim como sobre os conflitos na sociedade capitalista e sobre o compromisso histórico
da profissão no Brasil.

O fato é que temos experimentado tempos difíceis, onde o capital mostra‑se cada vez mais valioso
em relação ao homem. Nessa lógica, as expressões da questão social têm se aprofundado, tornando a
vida da classe trabalhadora cada vez mais difícil.

Nesse cenário, o Estado apresenta‑se cada vez mais distante de concretizar a proteção social
pautada nos princípios constitucionais que garantem a atendimento do ser humano em suas múltiplas
necessidades. Na contramão, ele convoca a sociedade civil e o setor privado para exercer ações no
enfrentamento da questão social que deveriam ser de sua responsabilidade.

122
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Essa realidade implica que o profissional que tem como objeto de trabalho as expressões da questão
social busque uma compreensão profunda dos elementos que se manifestam nas diferentes áreas de
atuação profissional, seja ela pública ou privada, não sendo diferente no Terceiro Setor.

Apenas sabendo interpretar essa realidade é que o assistente social será capaz de pensar em ações
profissionais comprometidas com seu projeto ético‑político e, para esse fim, é preciso instrumentalizar‑se,
entender a lógica instituída no seu local de trabalho, preparando‑se para enfrentar os desafios impostos
cotidianamente, superando o imediatismo e traçando uma trajetória norteada pelo projeto ético‑político
da profissão. “O conformismo imperante em alguns profissionais determina, muitas vezes, a falta de
análise e de resposta às novas questões que se colocam na atualidade” (SARACHU, 1999, p. 150 apud
SANTOS, 2007, p. 130, tradução nossa).

Observação

O assistente social que atua Terceiro Setor deve ser crítico, no sentido de
identificar as forças presentes nessa arena de conflitos, visualizando limites,
mas buscando possibilidades que potencializem a prática profissional.

8.3.1 A interface entre a responsabilidade social e os Objetivos de Desenvolvimento do


Milênio (ODMs) e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs)

Quando se trata da elaboração e implantação de processos de responsabilidade social nas organizações


é fundamental estabelecer uma relação das ações com os ODMs e ODSs.

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que são as oito metas estabelecidas pela Organização
das Nações Unidas (ONU) em 2000, com o apoio de 191 nações, inclusive do Brasil, e ficaram conhecidas
como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). São elas:

1. Acabar com a fome e a miséria.

2. Oferecer educação básica de qualidade para todos.

3. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres.

4. Reduzir a mortalidade infantil.

5. Melhorar a saúde das gestantes.

6. Combater a aids, a malária e outras doenças.

7. Garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente.

8. Estabelecer parcerias para o desenvolvimento.


123
Unidade III

Saiba mais

Os ODMs foram aprovados na Organização das Nações Unidas (ONU)


pelos seus 191 países integrantes, incluindo o Brasil, no ano 2000, que
se comprometeram através de governo e sociedade a colaborar para a
sustentabilidade do planeta, por meio de ações concretas até o ano 2015.

INSTITUTO ETHOS. Objetivos do desenvolvimento do milênio. São Paulo:


Instituto Ethos, 2006. Disponível em: https://www.ethos.org.br/wp-content/
uploads/2014/05/pubPOR_Objet_de_Desenv_do_Milenio_1edi.pdf. Acesso
em: 3 fev. 2020.

Já os ODS surgiram com o propósito de serem criadas metas internacionais para o desenvolvimento
dos países. Nesse sentido, em setembro de 2015, líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em
Nova York, e decidiram mais um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir
que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade. Nesse encontro ficou estabelecida a Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável, a qual contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS).

17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhoria da nutrição e


promover a agricultura sustentável.

Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas
as idades.

Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover


oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento


para todos.

Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à


energia para todos.

Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável,


emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.
124
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e


sustentável e fomentar a inovação.

Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.

Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes


e sustentáveis.

Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.

Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos
marinhos para o desenvolvimento sustentável.

Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas


terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter
a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento


sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes,
responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o


desenvolvimento sustentável.
Adaptado de: Nações Unidas Brasil (s.d.).

A Agenda 2030 e os ODS afirmam que para pôr o mundo em um caminho sustentável é urgentemente
necessário tomar medidas ousadas e transformadoras. Assim, os ODS constituem uma ambiciosa lista
de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a serem cumpridas até 2030. Se cumprirmos suas
metas, seremos a primeira geração a erradicar a pobreza extrema e iremos poupar as gerações futuras
dos piores efeitos adversos da mudança do clima.

Por esses motivos, todos os profissionais que estiverem relacionados com a Responsabilidade Social
devem, necessariamente, estudar e conhecer profundamente esses objetivos. Pois somente, dessa forma
conseguiram obter um reconhecimento da seriedade do projeto.

Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, acesse:
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. 17 objetivos para transformar o mundo. [s.d.].
Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/. Acesso em: 3 fev. 2020.

125
Unidade III

Resumo

As organizações filantrópicas há muito tempo estão presentes na


realidade brasileira, mas é a partir da década de 1990 que o Terceiro Setor
tem encontrado terreno propício para sua proliferação, cuja composição
tem se tornado cada vez mais complexa, contemplando diferentes atores
e revelando a emergência de um novo modelo de atuação na área social,
sendo ela a atuação envolvendo a chamada parceira entre empresa,
governo, OSCs.

A proliferação e a diversificação das organizações se mantiveram por


meio do movimento da responsabilidade social, onde para ser considerada
uma empresa socialmente responsável a organização necessita desenvolver
ações que conciliem as esferas econômica, ambiental e social na geração
de um ambiente compatível com a expansão das atividades das empresas,
no presente e no futuro.

A introdução do setor empresarial no Terceiro Setor se deu de maneira


organizada, por meio da intensificação de doações de recursos e da firmação
de parcerias com as OSCs, além da criação de suas próprias fundações
e institutos empresarias, que passaram a implementar diretamente os
programas e projetos.

No debate acerca da responsabilidade social das empresas, alguns


autores defendem que, embora paute‑se em um discurso de defesa da
cidadania, da democracia, da participação social etc., para o enfrentamento
da questão social, na prática, essa é mais uma estratégia ideológica do que
objetiva para facilitar o aumento de seus níveis de acumulação.

Contra esse argumento, outros autores defendem que os objetivos e


práticas sociais não podem ser confundidos com interesses comerciais e
econômicos e que, embora na prática essa seja uma tendência, a verdadeira
responsabilidade social deve efetivar‑se na promoção da cidadania e do
bem‑estar para o público interno e externo, contemplado desde seus
colaboradores até os membros da sociedade e o meio ambiente.

O fato é que a responsabilidade social é uma realidade que está em


crescimento no Brasil. Esse modo de atuação empresarial e a introdução
da visão de mercado no Terceiro Setor têm reforçado a tendência de
modernização e multiplicação das organizações sem fins lucrativos como
um todo.

126
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

As organizações que compõem o Terceiro Setor têm se aprimorado


para buscar financiamentos junto a essas empresas, firmando parcerias
e até se adequando aos seus interesses para atraí‑las. Elas têm buscado
instrumentos para atuar com melhor qualificação técnica, visando à
qualidade e resultados para atrair credibilidade e identificar novas estratégias
de sustentabilidade e financiamento.

A lógica da responsabilidade social exige uma nova postura dos atores


envolvidos, pautada em valores éticos que visem o desenvolvimento
sustentado da sociedade em sua totalidade. Logo, pensar responsabilidade
social das empresas está diretamente ligado à uma questão ética, já que
implica mudança de valores e atitudes. O que não nos parece tarefa fácil!

Com a ampliação das ações sociais empresariais, ascende um campo


potencial para a atuação do assistente social na chamada responsabilidade
social, que coloca demandas diferenciadas das tradicionais impostas à
profissão no âmbito da empresa – onde a atuação profissional voltava‑se
basicamente para o público interno – funcionários e suas famílias.

Esse é um campo de atuação contraditório, em que se expressam


valores opostos aos defendidos pelo projeto ético‑político‑profissional.
Isso só reforça o fato de que a inserção do assistente social nesse espaço
deve ser crítica, no sentido de identificar as forças presentes nesse campo
de conflitos, visualizando limites, mas buscando possibilidades que
potencializem práticas norteadas pelo projeto em questão.

Faz‑se necessária uma atuação profissional fundamentada na reflexão


sobre a relação entre a dimensão do público e do privado, assim como sobre
os conflitos na sociedade capitalista e sobre o compromisso histórico da
profissão no Brasil.

Apenas sabendo interpretar essa realidade é que o assistente social


será capaz de pensar ações profissionais comprometidas com seu projeto
ético‑político e para esse fim é preciso instrumentalizar‑se, entender a
lógica instituída no seu local de trabalho, preparando‑se para enfrentar
os desafios impostos cotidianamente, superando o senso comum e o
imediatismo, e traçando uma trajetória à luz desse projeto.

Nesse mesmo sentido, é fundamental que qualquer projeto


de responsabilidade social esteja alinhado com os 17 objetivos de
desenvolvimento sustentável. Pois tais objetivos buscam concretizar
os direitos humanos de todos e alcançar a igualdade de gênero e o
empoderamento das mulheres. Por esses motivos, eles são integrados e
indivisíveis e equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável:
a econômica, a social e a ambiental.
127
Unidade III

Exercícios

Questão 1. (IADES 2018, adaptada) Leia o trecho a seguir:

Enquanto o setor empresarial, em sua grande maioria, apoiava as reformas liberais do Estado, o
significado dominante atribuído à responsabilidade social e empresarial e às práticas de ação social
empresarial foi incorporado como uma forma de compensar os efeitos negativos dessas reformas [...].
Um dos problemas dessas ações é que elas retiram da arena política e pública os conflitos distributivos
e as demandas coletivas por cidadania e igualdade. Distanciada de uma cidadania fundada na garantia
de direitos, a noção de cidadania sugerida pela significação atribuída à responsabilidade social, uma
vez reduzida à prática da ação social empresarial, está sujeita a decisões particulares e à intervenção
pulverizada, ao arbítrio das preferências privadas de financiamento [...].

ASHLEY, P. A. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 138-155 (com adaptações).

Considerando o fragmento do texto apresentado, assinale a alternativa correta.

A) A maior parte do setor empresarial era contrária às reformas liberais do Estado.

B) As práticas de ação social eram uma forma que as empresas encontraram de compensar os efeitos
adversos do não apoio às reformas liberais do Estado.

C) As ações de responsabilidade social promovidas pelas empresas estão sujeitas a decisões individuais.

D) Na visão da autora, é positivo que as demandas por cidadania e igualdade estejam afastadas das
discussões políticas.

E) As empresas provocam o fortalecimento da cidadania fundada na garantia de direitos.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: o texto afirma que a maioria das empresas apoiava as reformas neoliberais.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: segundo a autora, as ações de responsabilidade social foram uma compensação das
empresas às reformas neoliberais. Essa compensação é parcial, pois não favorece a construção de uma
cidadania fundamentada em direitos.

128
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

C) Alternativa correta.

Justificativa: um problema da delegação de funções públicas a entidades do setor privado e do Terceiro


Setor é o fato de que não há um controle democrático sobre os projetos sociais por eles desenvolvidos,
de maneira que as decisões sobre a provisão dos serviços sociais ficam à mercê das preferências, dos
preconceitos e dos interesses por lucro e por construção de marca de particulares.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: para a autora, a arena pública democrática seria o espaço ideal para a discussão sobre
os direitos sociais.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: os projetos sociais executado pelas empresas e pelo Terceiro Setor estão sujeitos à
discricionariedade dos controladores dessas organizações. Assim, a responsabilidade social não garante
a provisão de direitos sociais universais para todos os cidadãos.

Questão 2. (FCC 2015) Uma empresa fabricante de vidros está instalada em um bairro residencial há
mais de 30 anos. Com o aumento da demanda, houve crescimento dos processos fabris, e máquinas que
emitem ruídos mais altos e são mais poluidoras tiveram de ser instaladas nas áreas vizinhas às residências.
A empresa, que no passado tinha imagem positiva na comunidade, passou a receber reclamações por
carta e pelo fale conosco do site institucional. Para mitigar os problemas gerados com esta situação a
empresa deve realizar:

I – Pesquisa de percepção de imagem com a comunidade, seguida de ações mitigadoras no


processo fabril.

II – Ações de responsabilidade social com a comunidade (cursos de capacitação, alfabetização,


formação de empreendedores, reformas de praças e espaços públicos).

III – Fechamento dos canais de interação do site institucional e migração para a rede social LinkedIn.

IV – Nova pesquisa de percepção de imagem e reputação após as ações de mitigação e


responsabilidade social.

V – Campanha publicitária agressiva contra a concorrente para desviar a atenção da comunidade.

Está correto o que consta em:

A) I, III, IV e V.

B) I, II e V.

129
Unidade III

C) II, III e IV.

D) I, II e IV.

E) I, II, III e V.

Resposta correta: alternativa D.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: a empresa socialmente responsável estará interessada em saber a imagem que a


comunidade percebe dela e em mitigar os danos causados à comunidade.

II – Afirmativa correta.
Justificativa: o desenvolvimento, o apoio e o financiamento de iniciativas locais que beneficiem a
comunidade são estratégias possíveis de responsabilidade social.

III – Afirmativa incorreta.

Justificativa: a empresa com atuação ética deve ser transparente em seus canais de comunicação e
não deve criar barreiras para a sinalização de problemas e reclamações.

IV – Afirmativa correta.

Justificativa: a empresa que fizer pesquisa de imagem antes e depois das ações de mitigação poderá
avaliar o impacto das ações de responsabilidade social na percepção da população.

V – Afirmativa incorreta.

Justificativa: a conduta ética para a empresa é a postura aberta ao entendimento das reclamações
da comunidade vizinha e a tentativa sincera de resolver os problemas por ela causados. O uso de
propaganda contra a concorrente para desviar a atenção da comunidade é uma prática desonesta.

130
REFERÊNCIAS

Audiovisuais

DAENS – um grito de justiça. Dir. Stijn Coninx. Bélgica; França; Holanda: Dérives Productions;
Favourite Films; Shooting Star Filmcompany BV, 1992. 138 minutos.

ILHA das Flores. Documentário. Dir. Jorge Furtado. Brasil: Casa de Cinema de Porto Alegre, 1989.
13 minutos.

QUANTO vale ou e por quilo? Dir. Sergio Bianchi. Brasil: Agravo Produções Cinematográficas,
2005. 110 minutos.

Textuais

ANTUNES, R. Adeus ao trabalho. Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho.


São Paulo: Cortez, 2005.

ANTUNES, R. Uma esquerda fora do lugar: o governo Lula e os descaminhos do PT. Campinas:
Armazém do Ipê, 2006.

BARROCO, M. L. S. Ética: fundamentos sócio-históricos. 3. ed. São Paulo: 2010. (Biblioteca Básica de
Serviço Social) v. 4.

BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política social: fundamentos e história. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
(Biblioteca Básica de Serviço Social) v. 2.

BELISÁRIO, K. M.; RAMOS, M. C. A mercadorização da responsabilidade social corporativa. Revista


Brasileira de Políticas de Comunicação, Brasília, n. 1, p. 1-19, 2011.

BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/


leis/l8069.htm. Acesso em: 29 jan. 2020.

BRASIL. Lei n. 8.313, de 23 de dezembro de 1991. Brasília, 1991. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8313cons.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

BRASIL. Lei n. 9.608, de 18 de fevereiro de 1998. Brasília, 1998. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L9608.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

BRASIL. Lei n. 9.637, de 15 de maio de 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/


LEIS/L9637.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

BRASIL. Lei n. 9.790, de 23 de março de 1999. Brasília, 1999. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9790.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.
131
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Brasília, 2002. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 27 jan. 2020.

BRASIL. Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

BRASIL. Lei n. 11.438, de 29 de dezembro de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11438.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

BRASIL. Lei n. 12.101, de 27 de novembro de 2009. Brasília, 2009. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12101.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

BRASIL. Lei n. 12.213, de 20 de janeiro de 2010. Brasília, 2010. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12213.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

BRASIL. Lei n. 12.715, de 17 de setembro de 2012. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12715.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

BRASIL. Lei n. 13.019, de 31 de julho de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13019.htm. Acesso em: 30 jan. 2020.

BRASIL. Lei n. 13.204, de 14 de dezembro de 2015.Brasília, 2015. Disponível em: http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13204.htm#art9. Acesso em: 4 fev. 2020.

BRASIL. Lei n. 13.151, de 28 de julho de 2015. Brasília, 2015. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13151.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

CARVALHO, D. N. de. Gestão e sustentabilidade: um estudo multicasos em ONGs ambientalistas


em Minas Gerais. 2006. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Centro de
Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Belo Horizonte, 2006.

CAVALCANTE, R. L. Desenvolvimento sustentável e responsabilidade social corporativa. 2009.


Monografia (Finanças e Gestão Corporativa) – Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro,
2009. Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/t205549.pdf.
Acesso em: Acesso em: 4 fev. 2020.

COELHO, S. C. T. Terceiro setor: um estudo comparado entre Brasil e Estados Unidos. 2. ed. São
Paulo: SENAC, 2002.

COSTA, S. F. O serviço social e o terceiro setor. 2006. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/


ssrevista/c_v7n2_selma.htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

DRUCK, G.; BORGES, A. Terceirização: balanço de uma década. 2001. Caderno CRH, Salvador,
n. 37, p. 111-139, jul./dez. 2002. Disponível em: http://www.flexibilizacao.ufba.br/RCRH-2006-
132graca.pdf. Acesso em: 4 fev. 2020.
132
ELABORAÇÃO de projetos: o que é e por que realizar? Instituto de Desenvolvimento do
Investimento Social. 2009. Disponível em: https://www.idis.org.br/elaboracao-de-projetos-o-que-
e-e-por-que-realizar/. Acesso em: 30 jan. 2020.

FALEIROS, V. P. A política social do estado capitalista: as funções da previdência e assistência


sociais. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2009.

FERNANDES, R. C. Privado, porém público. O terceiro setor na América Latina. 2. ed. Rio de
Janeiro: Relume Dumará, 1996.

GIFE. Código de ética. São Paulo, [s.d.]. https://gife.org.br/wp/media/2015/07/GIFEC%C3%B3digo-de-


%C3%89tica.pdf. Acesso em: 4 fev. 2020.

GOMES, D. G. P. Direito do trabalho e dignidade da pessoa humana: no contexto da globalização


econômica: problemas e perspectivas. São Paulo: LTR, 2005.

IAMAMOTO, M. V. Relações sociais e serviço social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-
metodológica. 6. ed. São Paulo: Cortez; Lima (Peru): CELATS, 2004.

IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 9. ed. São


Paulo: Cortez, 2005.

INSTITUTO ETHOS. Indicadores Ethos. [s.d.]. Disponível em: https://www.ethos.org.br/conteudo/


indicadores/. Acesso em: 3 fev. 2019.

GOLDSTEIN, I. Responsabilidade social: das grandes corporações ao terceiro setor. São Paulo: Ática, 2007.

IVO, A. B. L. A reconversão da questão social e a retórica da pobreza nos anos 1990. In: CIMADAMORE,
A.; HARTLEY, D.; SIQUEIRA, J. (Coord.). A pobreza do estado: reconsiderando o papel do estado na luta
contra a pobreza global. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciências Sociales (Clacso), 2006.

KANITZ, S. O que é terceiro setor? [s.d.]. Disponível em: http://www.filantropia.org/OqueeTerceiroSetor.


htm. Acesso em: 4 fev. 2020.

KISIL, R. Elaboração de projetos e propostas para organizações da sociedade civil. São Paulo: Global, 2001.
(Coleção gestão e sustentabilidade).

KRAEMER, M. E. P. Responsabilidade social corporativa: uma contribuição das empresas para o


desenvolvimento sustentável. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, v. 4, n. 1, p. 1-50, 2005.
Disponível em: http://www.periodicosibepes.org.br/index.php/recadm/article/view/404/304.
Acesso em: 4 fev. 2020.

LOPES, N. terceiro setor: organizações civis sem fins lucrativos. [s.d.]. Disponível em: http://www.
ciprianoassessoria.com.br/artigos/terceiro_setor.pdf. Acesso em: 4 fev. 2020.
133
MANUAL do terceiro setor. São Paulo: Instituto Pro Bono, [s.d.]. Disponível em: http://www.abong.org.
br/final/download/manualdoterceirosetor.pdf. Acesso em: 4 fev. 2020.

MAPA DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL. Dados e indicadores. 2018. Disponível em: https://
mapaosc.ipea.gov.br/dados-indicadores.html. Acesso em: 27 jan. 2019.

MELO NETO, F. P. Responsabilidade social e cidadania empresarial: a administração do terceiro setor.


Cesar Froes. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.

MENEZES, F. C. O serviço social e a “responsabilidade social das empresas”: o debate da categoria


profissional na Revista Serviço Social e Sociedade e nos CBAS. Serviço Social e Sociedade, São Paulo,
n. 103, p. 503-531, jul./set. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n103/a06n103.pdf.
Acesso em: 4 fev. 2020.

MONTAÑO, C. terceiro setor e questão social. Crítica ao padrão emergente de intervenção social. 6. ed.
São Paulo: Cortez, 2010.

NAÇÕES UNIDAS BRASIL. 17 objetivos para transformar o mundo. [s.d.]. Disponível em: https://
nacoesunidas.org/pos2015/. Acesso em: 3 fev. 2020.

NEGRÃO, J. J. O neoliberalismo na redemocratização brasileira. 1996. Dissertação (Mestrado em


Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1996.

OLIVEIRA, P. B. M. A intersetorialidade das políticas sociais na urbanização de favelas: uma


possibilidade para a concretização do direito à cidade? 2011. Dissertação (Mestrado em Serviço Social)
– Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011.

PASSOS, E. Ética nas organizações. São Paulo: Atlas, 2012.

PEREIRA, L. C. B. Notas introdutórias ao modo tecnoburocrático ou estatal de produção. Estudos


Cebrap 20, p. 77-109, abr./jun. 1977. Disponível em: http://bresserpereira.org.br/papers/1977/77.
NotasIntrodutoriasModoTecnoburocratico.pdf. Acesso em: 4 fev. 2020.

POMPEO, J. N. Brasil e o Consenso de Washington: nos primeiro e segundo mandatos de FHC. Tese
(Doutorado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2003.

PROCHNOW, M.; SCHAFFER, W. B. Pequeno manual para elaboração de projetos. Rio do Sul: UFRS, 1999.

RAICHELIS, R. Gestão pública e cidade: notas sobre a questão social em São Paulo. Revista Serviço
Social e Sociedade, São Paulo, n. 90, jun. 2007.

RASQUINHA, E. F. Mas o que é responsabilidade social. 2010. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/


acaosocial/articleaeba.html?id_article=632. Acesso em: 4 fev. 2020.

134
RIZOTTI, M. L. A. A construção do sistema de proteção social no Brasil: avanços e retrocessos na
legislação social. [s.d.]. Disponível em: http://sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/
construcao.pdf. Acesso em: 4 fev. 2020.

SANTOS, V. N. terceiro setor no serviço social brasileiro: aproximações ao debate. Serviço Social & Sociedade:
Projeto Profissional e Conjuntura (Especial), São Paulo: Cortez, n. 91, p.123-142, set. 2007. Trimestral.

SILVA, C. E. G. Gestão, legislação e fontes de recurso no terceiro setor brasileiro: uma perspectiva histórica.
Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 44, n. 6, nov./dez. 2010. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122010000600003. Acesso em: 4 fev. 2020.

SILVA, D. L. A. Responsabilidade social empresarial: a Constituição Federal Brasileira e o terceiro setor.


2009. Disponível em: https://administradores.com.br/artigos/responsabilidade-social-empresarial-a-
constituicao-federal-brasileira-e-o-terceiro-setor. Acesso em: 31 jan. 2020.

Exercícios

Unidade I – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2013. Serviço Social. Questão
34. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2013/12_SERVICO_
SOCIAL.pdf. Acesso em: 4 fev. 2020.

Unidade I – Questão 2: FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS (FCC). Defensoria Pública do Estado do Rio
Grande do Sul 2017. Assistente Social. (Adaptada).

Unidade III – Questão 1: INSTITUTO AMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (IADES). Conselho Federal de


Medicina. Assistente Administrativo 2018.

Unidade III – Questão 2: FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS (FCC). Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região Minas Gerais 2015. Analista Judiciário. (Adaptada).

135
136
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

Você também pode gostar