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PROPÓSITO
Apresentar o crescente debate sobre a Responsabilidade Social nas organizações, bem como
sua relação com o desenvolvimento sustentável.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a evolução da Responsabilidade Social Empresarial no contexto do
desenvolvimento sustentável
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
A Responsabilidade Social Empresarial é uma pauta que vem sendo cada vez mais debatida.
Diferentes visões e transformações sociais, como a maior preocupação com questões
ambientais e sociais, fizeram com que a pauta se expandisse, abrigasse novos tópicos e se
consolidasse.
MÓDULO 1
Fonte: Pixabay
Desse modo, tratava-se de promover a aplicação dos princípios éticos tradicionais nas
empresas, tais como confiança, honestidade, integridade e senso de justiça. Percebemos,
então, que a responsabilidade ética tinha como foco o indivíduo – neste caso, os gestores das
empresas –, e não a empresa como um todo (KREITLON, 2004).
Embora Bowen (1953) tenha tratado o tema de forma singular, ele faz referências ao “homem
de negócios”, assim como a literatura dos anos 1950 sobre Responsabilidade Social
Corporativa de modo geral. Nas décadas seguintes, a RSC passa a ser conferida às empresas,
a partir da transição da racionalidade do indivíduo para a racionalidade da organização
(CARMO, 2015).
Defendia a primazia dos interesses dos acionistas como objetivo final das organizações.
A autora
Neste esquema, a empresa está vinculada aos stockholders (sócios e acionistas), e deve
priorizá-los, mantendo a busca por maximização dos retornos financeiros.
á neste esquema, apresenta-se a RSE pela visão dos stakeholders. Assim, a empresa está
ligada aos stockholders, mas também a outros atores da sociedade em que está inserida,
como gestores, credores, fornecedores, funcionários, clientes, comunidade local e governo.
Nessa visão, a ideia básica da RSC é que empresas e sociedade são entidades interligadas, e
não distintas.
Fonte: Tumisu/pixabay
FUNCIONÁRIOS
Têm seus empregos e esperam salários e benefícios em troca de seu trabalho. Os
fornecedores ofertam o suprimento de matérias-primas, contribuindo para a determinação da
qualidade e do preço final dos produtos.
Fonte: RonaldCandonga/pixabay
ORGANIZAÇÃO
Fonte: Preis_King/pixabay
CONSUMIDORES
Fonte: 889520/pixabay
COMUNIDADE LOCAL
EXTERNALIDADES
Conclui-se, então, que a corrente da visão dos stakeholders se baseia na ideia de que o saldo
final da atividade de determinada organização empresarial deve levar em consideração os
retornos que otimizam os resultados de todos os stakeholders envolvidos, e não apenas os
resultados dos acionistas.
Jensen (2000) propôs um novo foco baseado na convergência das visões de stockholders e
stakeholders, sendo denominado enlightened stakeholder theory. Neste, as empresas
devem ter objetivos claros de criação de valor – parâmetro básico que deve guiar as ações dos
gestores. Dessa maneira, o objetivo clássico final da empresa de obter lucros continua vigente.
Contudo, para atender a esse propósito, a empresa leva cada vez mais em consideração a
preocupação com o conjunto de stakeholders. Assim, essa contribuição teórica traz pontos de
convergência das correntes anteriormente expostas (MACHADO FILHO, 2006).
RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL E BUSCA PELO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Junto ao avanço do debate sobre a Responsabilidade Social Empresarial, a problemática
ambiental também ganhava força e foi tema de conferências internacionais.
COMENTÁRIO
Desse modo, intensificou-se a pressão social para que as empresas não permanecessem mais
inertes aos problemas socioambientais provocados por suas atividades e respondessem aos
que se sentissem prejudicados (CARMO, 2015).
Fonte: umutavci/pixabay
Em 1983, em uma Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), foi
estabelecida uma comissão especial que disponibilizaria um relatório sobre o meio ambiente e
a problemática global para o ano 2000 e anos posteriores, incluindo estratégias propostas para
o desenvolvimento sustentável.
Essa comissão foi nomeada como Comissão Mundial para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD) e dela resultou o documento intitulado Nosso Futuro Comum
(1987), conhecido como Relatório Brundtland – visto que a CMMAD era presidida por Gro
Harlem Brundtland.
Esse relatório apresentou uma das definições mais difundidas sobre desenvolvimento
sustentável:
“[...] O DESENVOLVIMENTO QUE SATISFAZ AS
NECESSIDADES PRESENTES, SEM COMPROMETER A
CAPACIDADE DAS GERAÇÕES FUTURAS DE SUPRIR
SUAS PRÓPRIAS NECESSIDADES.”
(BRUNDTLAND, 1987)
Proteção ambiental;
Crescimento econômico;
Equidade social.
Os ODS reconhecem que os países ao redor do mundo enfrentam desafios universais que
exigem investimento e colaboração de governos, cidadãos e empresas. Nenhum indivíduo,
nenhuma organização e nenhum país é capaz de atingir os ODS agindo isoladamente. Por
isso, é preciso uma forte colaboração nesse sentido.
Assim, a conduta social das empresas deve levar em consideração tais objetivos. São eles:
Fonte: itamaraty.gov.br
Governos, empresas privadas e sociedade civil devem contribuir conjuntamente para que se
possa caminhar em direção ao desenvolvimento sustentável. Dessa forma, com as diferentes
esferas da sociedade agindo de maneira integrada, os resultados podem ser mais
significativos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESTUDAMOS A EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL E SUAS DIFERENTES CORRENTES. SOBRE A VISÃO DOS
STAKEHOLDERS, PODEMOS AFIRMAR QUE:
A) Os gestores têm a atribuição ética de respeitar os direitos de todos os agentes afetados pela
empresa e promover seu bem-estar.
D) Ressalta a necessidade de acompanhamento, por parte das empresas, das metas para o
desenvolvimento sustentável.
GABARITO
A corrente baseada na visão dos stakeholders defende que as atividades empresariais estão
inseridas nas sociedades. Portanto, os gestores têm o dever de respeitar e promover todos os
afetados pela empresa, como funcionários, fornecedores, clientes, consumidores, investidores,
comunidades, governos etc.
2. Friedman (1970) afirmava que a Responsabilidade Social Empresarial:
Para Friedman (1970), os gestores deveriam atuar somente com o objetivo de aumentar os
lucros dos acionistas e cotistas da empresa, não se responsabilizando por outros agentes
afetados por ela.
MÓDULO 2
RESPONSABILIDADE SOCIAL
CORPORATIVA E FUTURO DAS
ORGANIZAÇÕES
No módulo anterior, vimos a evolução do conceito de Responsabilidade Social Empresarial, o
qual ganhou importância e entrou nas organizações como forma de conduzir os negócios.
Hoje, a Responsabilidade Social Corporativa deve ser vista como prática para gerenciar a
empresa como um todo, de maneira integrada a seu processo produtivo e à gestão, e não
como atitude tomada de modo desarticulado. Assim, a empresa passou a levar em
consideração a questão social na sua organização.
Fonte: thommas68/pixabay
DIFERENTES ASPECTOS DA
RESPONSABILIDADE SOCIAL
CORPORATIVA
A estratégia da empresa deve levar em consideração os impactos do negócio em toda sua
rede de relacionamentos, como sócios e acionistas, funcionários, fornecedores, consumidores,
comunidade e governo.
Fonte: nattanan23/pixabay
O conceito de Responsabilidade Social seria, então, uma forma de gestão da empresa, que vai
além dos compromissos legais e compulsórios relacionados à legislação trabalhista, tributária,
ambiental ou social, e da postura de fazer caridade ou filantropia. Esse conceito estaria dentro
de sua estratégia de sustentabilidade de longo prazo, que permitiria obter lucros.
Além disso, a empresa deveria dar devido tratamento às consequências de sua atividade,
destinando parte da riqueza adicional produzida ao desenvolvimento de comunidades
vinculadas, direta ou indiretamente, a seus objetivos de negócio (QUILICI, 2006). Ainda que
demande recursos, a prática da Responsabilidade Social Corporativa não deve ser vista como
um custo adicional, pois também é uma forma de obter ganhos concretos.
GANHOS CONCRETOS
Muitas vezes, confundimos Responsabilidade Social com “ações sociais” de cunho filantrópico.
Isso distorce a essência do que se espera de uma conduta socialmente responsável das
empresas.
Embora não exista uma definição unânime aceita para o termo Responsabilidade Social
Corporativa, de acordo com o Business for Social Responsibility (BSR), a expressão se
refere às decisões de negócios tomadas com base em valores éticos que incorporem as
dimensões legais, o respeito pelas pessoas, pelas comunidades e pelo meio ambiente.
O BSR sustenta que o conceito de empresa socialmente responsável se aplicará àquelas que
atuem no ambiente de negócios, de forma que atinjam ou excedam as expectativas éticas,
leais e comerciais do ambiente social no qual estão inseridas (MACHADO FILHO, 2006).
Carroll (1979) propõe uma abordagem na qual a Responsabilidade Social seria subdividida em
quatro dimensões. São elas:
Fonte: geralt/pixabay
RESPONSABILIDADE ECONÔMICA
Fonte: 7515461/pixabay
RESPONSABILIDADE LEGAL
Fonte: geralt/pixabay
RESPONSABILIDADE ÉTICA
Fonte: geralt/pixabay
RESPONSABILIDADE DISCRICIONÁRIA OU
FILANTRÓPICA
Quando tratamos da Responsabilidade Social, devemos abordar a Norma ISO 26000, que
determina diretrizes nessa área. Criada em 1º de novembro de 2010, em Genebra, esta foi a
primeira norma internacional de Responsabilidade Social Organizacional.
ISO
Fonte: Free-Photos/pixabay
ACCOUNTABILITY
Fonte: PhotoMIX-Company/pixabay
TRANSPARÊNCIA
Fonte: geralt/pixabay
COMPORTAMENTO ÉTICO
Agir de modo aceito como correto pela sociedade (com base nos valores da honestidade,
equidade e integridade, perante as pessoas e a natureza) e de forma consistente com as
normas internacionais de comportamento.
Fonte: succo/pixabay
Ouvir, considerar e responder aos interesses das pessoas ou dos grupos que são partícipes
nas atividades da organização ou que por ela possam ser afetados.
Fonte: qimono/pixabay
Fonte: qimono/pixabay
Fonte: vait_mcright/pixabay
DIREITOS HUMANOS
A ISO 26000 também determina sete temas centrais para a Responsabilidade Social nas
organizações, que representam aspectos práticos que as empresas devem buscar
implementar ativamente. São eles:
GOVERNANÇA ORGANIZACIONAL
Trata de processos e estruturas de tomada de decisão, delegação de poder e controle. O tema
é algo sobre o qual a organização deve agir e uma forma de incorporar os princípios e as
práticas da Responsabilidade social a sua forma de atuação cotidiana.
DIREITOS HUMANOS
Referem-se à resolução de queixas, combate à discriminação e proteção de grupos
vulneráveis, direito civis e políticos, direitos econômicos, sociais e culturais, princípios e direitos
fundamentais do trabalho.
PRÁTICAS TRABALHISTAS
Referem-se tanto ao emprego direto quanto ao terceirizado e ao trabalho autônomo. Incluem
emprego e relações de trabalho, condições laborais e proteção social, diálogo social, saúde e
segurança no trabalho, desenvolvimento humano e treinamento no local de trabalho.
MEIO AMBIENTE
Inclui prevenção da poluição, uso sustentável de recursos, mitigação e adaptação às
mudanças climáticas, proteção do meio ambiente e da biodiversidade, e restauração de
habitats naturais.
ENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA
COMUNIDADE
Refere-se ao envolvimento da comunidade, à educação e à cultura, à geração de emprego e à
capacitação, ao desenvolvimento tecnológico e ao acesso a tecnologias, à geração de riqueza
e renda, à saúde e investimento social.
ATENÇÃO
Desse modo, a ISO 26000 é um instrumento importante para promover a RSE em empresas de
todos os portes e segmentos. A fim de gerar incentivos à Responsabilidade Social Empresarial,
a norma trata de diversos temas fundamentais para a gestão ética e transparente.
Com a forte concorrência, em muitas situações, o fator determinante para a sobrevivência das
empresas pode depender do desenvolvimento e da sustentação de uma reputação favorável.
REPUTAÇÃO CORPORATIVA
Diversos autores têm sugerido que o capital social reputacional da firma pode ter efeito nas
vendas, revelando a premissa de que este capital afeta seu valor de mercado em razão da
publicidade. Os consumidores, funcionários e fornecedores tendem a punir firmas que adotam
práticas socialmente irresponsáveis.
O efeito positivo da boa reputação social também pode ser obtido por meio da confiança dos
investidores de que consumidores preferirão comprar bens e serviços de bons empregadores,
refletindo a estimativa do efeito que a reputação da empresa no mercado de trabalho é capaz
de ter nas vendas.
Em outras palavras, é possível que as ações que aprimorem a imagem pública de uma
corporação tragam mudanças positivas e aumentem a demanda por produtos dessa
corporação.
Tais ações sociais então inseridas na visão teórica dos stakeholders de que as empresas têm
responsabilidades sociais com um amplo conjunto de agentes, que podem se beneficiar de
ações sociais promovidas por organizações (MACHADO FILHO, 2006).
Stakeholder
Oportunidades Minimização de
envolvido
riscos
envolvido
riscos
Assim, observamos que a construção de uma reputação, a partir de uma conduta socialmente
responsável, tem efeitos positivos com diferentes stakeholders, trazendo benefícios às
empresas que adotam esse comportamento.
Aqui, também dividiremos a conduta socialmente responsável das empresas em três faces,
de acordo com os três componentes do desenvolvimento sustentável. Essas faces trazem
diferentes benefícios para a empresa, como veremos a seguir.
Fonte: geralt/pixabay
Contudo, devemos atentar, também, aos benefícios que a integridade ambiental da empresa
pode gerar para além da melhoria de sua reputação. Por meio da avaliação contínua de sua
conduta diária, a empresa consegue identificar ineficiências e melhorar seus processos. Com
uma empresa mais eficiente, pode-se gerar economias, seja gastando menos matéria-prima na
produção, seja gerando menos lixo e desperdício.
Logo, uma melhor gestão corporativa do meio ambiente permite que a organização reduza
seus custos, de processos, produtos ou custos fixos organizacionais, que, no final,
representam um aumento na margem de lucro e na erformance organizacional, garantindo
melhor desenvolvimento sustentável corporativo (ZUQUETTO, 2019).
A segunda face da conduta socialmente responsável trata da igualdade social por meio
da Responsabilidade Social Corporativa, que leva em consideração todas as partes
interessadas (stakeholders) nas atividades da organização.
Fonte: Free-Photos/pixabay
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE
Permite que a organização identifique questões sociais, econômicas e ambientais e que
responda a elas. Por meio da gestão das partes interessadas, a empresa responde aos
indivíduos dentro e fora da organização.
Fonte: viganhajdari/pixabay
Já na face da equidade social, uma empresa que se preocupa com as demais partes
envolvidas age com ética e compromete as partes interessadas, sejam clientes, fornecedores,
sejam governo, sociedade e funcionários. Além disso, pode promover a melhoria de seus
processos, produtos e serviços, bem como beneficiar sua imagem com clientes e com a
comunidade na qual está inserida.
Por fim, quanto à prosperidade econômica que envolve a criação de valor, uma empresa
deve criar valor para ela e para os outros. Aquela que busca apenas criar valor para si mesma,
e não melhorar, não inovar, não criar valor para o cliente, corre o risco de se tornar irrelevante
no mercado. A empresa deve buscar um equilíbrio e criar valor para todas as partes
interessadas que podem impactar em suas operações atuais e futuras (ZUQUETTO, 2019)
Neste vídeo, você verá um exemplo de empresa ética em relação à sustentabilidade social.
PARTES INTERESSADAS
É necessário compreender quem são as partes interessadas, que são representadas por:
Governo – que ganha com os impostos gerados pelas atividades diretas e indiretas
da organização
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
A Norma ISO 26000 visa à criação de incentivos para que as empresas tenham como base
ações que respeitem a Responsabilidade Social. A criação da norma permite avaliar diretrizes
que norteiam esse processo e criam indicadores para que as empresas possam progredir para
uma maior responsabilidade.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do conteúdo, abordamos a Responsabilidade Social nas organizações.
Assim, empresas que exercem a Responsabilidade Social Corporativa estão contribuindo para
a sociedade como um todo, mas também estão trazendo benefícios para elas mesmas. Dessa
maneira, agindo junto aos governos e à sociedade civil, as empresas podem trazer resultados
concretos na busca pelo desenvolvimento sustentável.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BANCO MUNDIAL. Public sector roles in strengthening Corporate Social Responsibility: a
baseline study. Washington, 2002.
FREEMAN, E. The politics of stakeholder theory: some future directions. In: Business
Ethics Quarterly, v. 4, n. 4, p. 409-421, 1994.
FRIEDMAN, M. The Social Responsibility of business is to increase its profits. In: New
York Times Magazine, 1970.
JENSEN, M. Value maximization, stakeholder theory and the corporate objective function.
Boston: Harvard Business School, 2000.
EXPLORE+
Ao longo deste estudo, vimos a importância da Responsabilidade Social das empresas e como
esta vem ganhando relevância ao longo dos anos.
Para além da temática, sugerimos que você pesquise na internet e acesse o site do Instituto
Ethos de Empresas e Responsabilidade Social: uma Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público, cuja missão é “mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus
negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma
sociedade justa e sustentável”.
CONTEUDISTA
Ana Carolina Ramos Cordeiro
CURRÍCULO LATTES