Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A RSE é também conhecida por uma série de vários outros nomes, que incluem a
responsabilidade corporativa, ética empresarial, responsabilidade empresarial, cidadania
corporativa e “triple bottom line”, responsabilidade social ambiental, para citar apenas
alguns.
A presente investigação terá como base uma metodologia quantitativa assente nos
sistemas de equações estruturais, desenvolvidas com base no software pls. O estudo de
campo aplicou-se a 80 empresas de Angola mais precisamente da província de Luanda.
A investigação teve como base um levantamento bibliográfico de aspetos históricos,
culturais, Ciências Económica, das socioeconômicos e demográficos sobre a aplicação
da Responsabilidade Social das empresas, que serviram de base ao enquadramento,
contextualização deste conceito num país em desenvolvimento, assim como ao conjunto
de componentes subjacentes ao mesmo.
É cada vez mais evidente que o Estado não tem mais condições de arcar sozinho
com o bem-estar da sociedade em que vivemos. Tal fato gera a necessidade de ação por
parte das empresas e dos cidadãos preocupados com o futuro da nação.
Com o passar dos tempos podemos ver o quanto as empresas vem crescendo e se
inovando. Então, passamos a refletir sobre os desafios globais que têm feito parte da
nossa sociedade nas últimas décadas. Neste contexto, as empresas começaram a se
preocupar mais com seus consumidores, funcionários, meio ambiente e a sociedade em
geral.
De um modo geral a sociedade precisa de um apoio por das empresas , é muito comum
as empresas começarem a se envolverem nos problemas da sociedade. Ao resolver os
problemas da sociedade geralmente as empresas disponibilizam os seus bens financeiros
ou mesmo materias.
3.9 Hipóteses
A chegada de novos conceitos, visões por novos horizontes e materiais humanos faz
com a ideia de responsabilidade social cresça cada dia mais entre as grandes e pequenas
empresas. E está mudança é fundamental para o crescimento e fortalecimento da
empresa na sociedade.
4 Metodologia
4.1 Metódos
Em termos gerais e, entrando mais afundo no nosso tema, que é o de Responsabilidade Social
Empresarial (RSE), verificamos que responsabilidade de um agente, neste caso individual ou
coletivo, é a obrigação de responder pelas consequências previsíveis das suas ações em virtude
de leis, contratos, normas de grupos sociais ou de sua convicção íntima. É através da proteção
do capitalismo, na sociedade de produção, que surge a RSE. Surge a partir de um determinado
estágio da gestão empresarial, onde se verifica que essa nova forma apresenta valores éticos
como guia de negócios e exige o pensamento em estratégias e políticas que abracem uma
relação socialmente responsável por parte das empresas, tornando-as agentes e parceiras de
uma sociedade mais sustentável. Além disso, deve haver aqui uma interligação entre as
empresas e os grupos com o qual elas se relacionam, os famosos stakeholders.
Segundo Fischer (2002), no século XX, existiram várias correntes de pensamento que
procuraram estreitar a relação da empresa com o ambiente social, destacando a importância
da relação entre as organizações com a envolvente social do qual integravam. Conforme a
autora,
Desta reflexão provém o conceito de responsabilidade social empresarial, que é cunhado, no
âmbito da teoria das organizações, como uma das funções organizacionais a serem
administradas, no fluxo das relações e interações, que se estabelecem entre os sistemas
empresariais específicos e o sistema social mais amplo.” Fischer (2002, p.74-75).
De início, segundo Fischer (2002), o conceito não foi acatado. As empresas, em termos
teóricos, mostravam interesse em fazer cumprir as suas obrigações sociais, mas na prática
limitavam a ações pontuais e esporádicas. Seria, pois, o cenário complexo da mundialização
económica que tornaria conveniente o ressurgimento do exercício da RSE.
Segundo Grayson e Hodges (2012, p.74, citado por Milani & Aguiar, 2017, p. 829), “numa
economia global interconectada, os consumidores (que hoje são em geral mais bem
informados e mais afluentes do que nunca) serão fiéis a marcas e organizações que lhes deem
razões para confiar”. De acordo com os mesmos autores, para garantir contratos e negócios,
também é importante que as companhias demonstrem determinado envolvimento com o
meio ambiente e com a comunidade. De facto, Paes (2003) sustenta que:
“Diante dessa nova organização empresarial global, as organizações privadas possuem uma
nova diretriz nos rumos da obtenção do lucro, pois simplesmente as vantagens oferecidas em
relação a valores (preços) não estão sendo suficientes para a obtenção de um mercado
consumidor. Cada vez mais a qualidade do produto está relacionada à relação da empresa com
a sociedade e seu comportamento ético e esses fatores determinam o comportamento dos
consumidores.” (Paes, 2003, p. 25)
Para Oliveira e Moura-Leite (2014), a responsabilidade social está cada vez mais
presente nos genes das organizações, pois cada vez mais se observa a pressão das partes
interessadas para que as empresas assumam e diminuam os impactos gerados pelas suas
ações na sociedade como um todo. Segundo Savitz e Weber (2007), a gestão de forma
responsável do negócio auxilia na proteção da organização por meio da identificação de
falhas na gestão, na redução dos riscos de prejudicar os clientes, proporciona a redução
de custos, melhora a produtividade, elimina desperdícios, e, por fim, promove o
crescimento da empresa através de conquistas de novos mercados e lançamento de
novos bens e serviços.
Segundo Porter e Kramer (2006), a RSE estratégica procura avançar em relação aos
aspetos abrangidos pela responsiva. Essas ações de caráter estratégico procuram investir
em fatores que fomentem a competitividade da organização do contexto no qual está
inserida. Sendo assim, quanto mais próxima do negócio da empresa estiver a questão
social, melhor será o crescimento da capacidade e dos recursos da organização, além de
trazer benefícios efetivos para a comunidade. Ou seja, as organizações devem tomar
providências nas questões de responsabilidade social, desde que estas estejam ligadas ao
ramo de atuação e os benefícios obtidos sejam para as comunidades no entorno das
organizações, pois quando isso se verifica, dá-se uma relação benéfica para todos os
envolvidos que também podemos designar de “ganho- ganha”.
De acordo com Pontes (2011, citado por Oliveira & Moura-Leite, 2014), a utilização da
responsabilidade social estratégica ou responsiva pelas organizações direciona os
investimentos para questões sociais que afetam o meio em que estão incorporadas. Em
função do problema social abordado, adota-se uma das duas RSE designadas
anteriormente. E para isso é necessário verificar as características dos projetos
implementados. Além disso, é mportante considerar o setor de atuação, as necessidades
da comunidade e o que for melhor para o negócio da organização.
É importante frisar que não existem parâmetros rígidos na classificação de projetos e
iniciativas das organizações, em questões sociais genéricas, cadeia de valor e contexto
competitivo, pois as organizações são distintas e possuem diferentes objetos e
preocupações sociais e negócios diversos. Como exemplo temos a situação de uma
redução de emissão de CO2. Para uma organização do setor financeiro, a relevância é
baixa, mas, é um aspeto importante para a cadeia de valor de uma empresa de transporte
e estratégico para uma montadora de automóveis (Porter & Kramer, 2006).
Segundo Pereira et al., (2009, citado por Oliveira & Moura-Leite, 2014), a escolha da
área em que a ação será estabelecida dependerá do negócio da organização, da
localização e do seu propósito. Portanto, para classificar uma ação desenvolvida pela
empresa como estratégica será necessário que os impactos causados aos stakeholders
afetados pela atividade operacional sejam transformados em métodos para atingir os
resultados.
Para que uma organização seja considerada socialmente responsável, segundo Ashley et
al. (2006, p.7), é necessário que cumpra certos requisitos. Tais como:
“Preocupação com atitudes éticas e moralmente corretas que afetam todos os
públicos/stakeholders envolvidos; promoção de valores e comportamentos morais que
respeitem os padrões universais de direitos humanos e de cidadania e participação na
sociedade; respeito ao meio ambiente e contribuição para sua sustentabilidade em todo o
mundo; maior envolvimento nas comunidades em que se insere a organização,
contribuindo para o desenvolvimento económico e humano dos indivíduos ou até
atuando diretamente na área social, em parceria com governos ou isoladamente.”
(Ashley et al., 2006, p.7)
Segundo Melo Neto e Froes (1999), a organização precisa de mais para ser considerada
socialmente responsável do que apenas apoiar o desenvolvimento da sociedade e
preservar o meio ambiente. Para estes autores, a organização deve apoiar e investir no
bem-estar dos seus colaboradores e dependentes, promover a comunicação transparente,
apresentar os resultados aos acionistas, bem como garantir a cooperação com os seus
parceiros além de assegurar a satisfação dos seus clientes.
Ainda segundo Melo Neto e Froes (1999), a RSE está dividida em duas dimensões: a
interna, que foca no público interno da empresa, seus empregados e dependentes; a e a
externa, cujo foco é a comunidade mais próxima da empresa ou local onde ela está
inserida. Já a organização que atua em ambas as dimensões exerce a sua cidadania
empresarial e é reconhecida como “empresa-cidadão”.
A empresa que deixa de cumprir os seus deveres sociais com os seus grupos de
interesse, perde o seu capital de responsabilidade social, ou seja, a imagem da empresa é
prejudicada e sua reputação torna-se ameaçada. Os riscos da falta ou perda da
responsabilidade social externa são mais prejudiciais à empresa do que os riscos da falta
de responsabilidade social interna, e eles são: acusações de injustiça social, perda de
clientes, reclamações dos fornecedores e revendedores, boicote de consumidores, queda
nas vendas, gastos extras com passivos ambientais, ações na justiça, risco de invasões e
até mesmo risco de falência. (Melo Neto e Froes, 1999).
De acordo com a Comissão Europeia (2013), sempre que uma empresa assume a
responsabilidade para com a sociedade, o meio ambiente e os trabalhadores, acarreta
uma situação de vantagem a todos os níveis, a qual contribui para aumentar a base de
confiança necessária ao sucesso económico. Considera ainda que a governação
empresarial constitui um elemento fundamental da responsabilidade social das
empresas, em particular no que diz respeito à relação com as autoridades públicas, os
trabalhadores e as suas associações representativas, bem como no que toca à política de
bónus, salários e retribuições seguidos pela empresa; entende que bónus, indemnizações
e salários excessivos pagos a gestores, em particular nos casos em que a empresa
enfrenta dificuldades, não são compatíveis com um comportamento socialmente
responsável.
A política fiscal de uma empresa dever ser considerada como parte da RSE e que as
estratégias de evasão fiscal ou o recurso a paraísos fiscais são, portanto, incompatíveis
com um comportamento socialmente responsável. Entende também que, no quadro da
avaliação da responsabilidade social de uma empresa, deve ser tido em conta o
comportamento das empresas que fazem parte da sua cadeia de fornecimento, bem
como das empresas subcontratadas.
A CE define RSE como sendo a responsabilidade das empresas pelo impacto que têm na
sociedade. Com esta definição, as empresas devem adotar um processo que integre as
questões sociais, ambientais e éticas, os direitos humanos e as solicitações dos
consumidores na sua estratégia comercial e de base. Com o objetivo de criar uma
comunidade de valores para proprietários e acionistas, as outras partes interessadas e a
sociedade em geral, a fim de identificar, evitar e atenuar os possíveis impactos
negativos das atividades da empresa.
Este relatório salienta ainda que o investimento socialmente responsável (ISR) é parte
integrante do processo de execução da responsabilidade social das empresas no quadro
de decisões de investimento; e refere que, embora não exista uma definição de ISR, este
combina habitualmente os objetivos financeiros dos investidores com as suas
preocupações com as questões sociais, ambientais, éticas e relativas ao governo das
empresas.
Salienta também que a responsabilidade das empresas não deve ser reduzida a uma
ferramenta de comercialização, e que a única maneira de desenvolver a RSE plenamente
consiste em incorporá-la na estratégia global da empresa, implementando-a e
traduzindo-a na realidade das operações quotidianas da empresa e da sua estratégia
financeira.
RSC é a designação mais utilizada para definir a responsabilidade social das grandes
empresas, empresas que geralmente praticam ações sociais observando no seu público
interno ou no ambiente de negócio. Alguns dos princípios básicos que guiam a RSC
são: ação social, código de conduta, auditoria social, código de bom governo,
desenvolvimento sustentável empresa-cidadã, ética empresarial, gestão ambiental e
sustentabilidade.
Também podemos definir RSE como sendo o compromisso que nós (geração presente)
temos em relação à geração futura, com a sociedade como um todo, de livre e
espontânea vontade e que tem como dever seguir normas, filosofias e ideais para se
alcançar um objetivo único que é o de uma sociedade melhor para todos.
A responsabilidade social não se deve confundir com negócio local. Ela é, nada mais,
que uma área da empresa destacada a implementar medidas que promovam o bem
comum, ajudando deste modo a comunidade em que está inserida e melhorar,
consequentemente, a imagem da própria empresa, promovendo a ideia de que é uma boa
cidadã.
Alguns fatores que podem levar as empresas a serem socialmente responsáveis são:
expectativas dos consumidores, depredação do meio ambiente, perda dos valores sociais
na comunidade, a globalização e os seus efeitos secundários bem como as alterações nas
formas tradicionais de gestão.
“A noção de responsabilidade social por parte das empresas tem sido bem difundida.
Isso ocorre principalmente em países considerados mais desenvolvidos por exigência do
mercado consumidor, pela pressão da sociedade civil organizada e por mudanças
profundas nas legislações para gerar produtos mais seguros e menos prejudiciais à
natureza.” (Costa, 2007, p.20)
Para assumir um papel socialmente responsável é necessário que as empresas, governos
e sociedade, deem respostas aos inúmeros desafios que surgem devido à globalização a
questões que envolvem tanto aspetos económicos como sociais e ambientais, e que
sejam acima de tudo sustentáveis, visando diminuir os impactos diretos ou indiretos na
sociedade ou no planeta devido ao exercício do negócio.
Como há tantas definições de RSE, muitas empresas quiseram sinalizar ao mercado que
são responsáveis com a sociedade e procuraram entre as diferentes definições qual delas
melhor se adequa à maneira como seus negócios são conduzidos, o que significa que
muitas empresas identificam como responsáveis, embora, na prática, elas também não
se responsabilizam pelas externalidades negativas que afetaram algum ou alguns de seus
grupos de interesse.
1.2. Responsabilidade Social Empresarial. Uma breve resenha histórica
De acordo com Andrade et al. (2010), esta ideia permaneceu no mundo ocidental até
o início do século XX, mais precisamente em 1929 quando se deu a queda da Bolsa de Nova
Iorque. Apercebeu-se então que a economia livre do controlo do Estado era insustentável e
gerava grandes desequilíbrios socias. Notou-se que as organizações privadas, com o seu
propósito de maximização constante dos lucros, não asseguravam o bem-estar e a segurança
dos trabalhadores, assim como não investiam em importantes setores da sociedade
fundamentais para o equilíbrio social. É nesta época que surge a ideia do Estado
intervencionista, a partir da obra de John Keynes, que regulamenta e financia a economia e as
relações trabalhistas (Tenório, 2004). Este modelo de Keynes, apesar dos elevados impostos
que acarretava, permitiu, após a Segunda Guerra Mundial, especialmente nos países
desenvolvidos – onde de facto se efetivou este modelo –, que as organizações pudessem
trabalhar em um ambiente de menos incerteza, investindo fortemente na sua produção e
desenvolvimento tecnológico, o que lhestrouxe enormes vantagens. Singer (2002) sustenta
que:
“Apesar da volta do liberalismo, o panorama teórico da economia nunca mais será o mesmo;
tampouco o da política. A razão disso é que a teoria de Keynes foi aplicada no mundo inteiro,
dos anos 30 aos 70 do século passado, e deu certo. Durante mais de 30 anos o pleno emprego
foi geral, e o comando do Estado sobre a economia capitalista garantiu altas taxas de
crescimento do produto, da produtividade, de emprego e dos salários.” (Singer, 2002, p. 14).
Esse modelo funcionou bem durante quatro décadas, mas nos anos 1980, principalmente com
o sucesso da política económica liberal em Inglaterra, houve uma volta aos moldes do início do
século XX, que passaram a denominar “neoliberalismo”
(Singer, 2002). Em muitos lugares, essa nova política originou um forte desemprego e o
reaparecimento de diversos problemas de carácter social. Isso, associado aos ganhos que as
sociedades obtiveram com a intervenção do Estado nas décadas anteriores, o
desenvolvimento das tecnologias da informação, o aumento do nível de escolaridade em geral
e o surgimento de grandes problemas ambientais, fez com que surgisse uma cobrança: cobrir
as lacunas abertas pela nova economia. Tenório (2004), a partir das proposições de Toffler
(1995), afirma que a sociedade industrial – típica do período liberal – tinha como valor central
o sucesso económico, enquanto a sociedade pós-industrial – modelo Keynesiano – passou a
estimar também o: “... aumento da qualidade de vida; a valorização do ser humano; o respeito
ao meio ambiente; a organização empresarial de múltiplos objetivos; e a valorização das ações
sociais, tanto das empresas quanto dos indivíduos.” (Tenório, 2004, p. 20) As sociedades
então, quando o Estado deixou de ser o provedor, passam a demandar das organizações não
somente a boa qualidade dos produtos, da distribuição e dos preços, mas também um
compromisso empresarial com a ética, o desenvolvimento social e o respeito à natureza,
ambiente propício para que o debate teórico e a prática da Responsabilidade Social
Empresarial se intensificassem. Sobre a função social empresarial, Friedman refere:
“Os altos funcionários das grandes empresas e os líderes trabalhistas têm uma
responsabilidade social além dos serviços que devem prestar aos interesses de seus acionistas
ou de seus membros. Isso mostra uma conceção errada do carácter e da natureza de uma
economia livre, através da qual só existe uma responsabilidade social do capital que é a de
usar seus recursos e dedicar-se a atividade destinadas a aumentar seus lucros até onde
permaneça dentro das regras do jogo, o que significa participar de uma competição libre e
aberta, sem enganos ou fraude”. (Friedman, 1985, p.23, citado por Tenório, 2004).
Neste período, segundo Galbraith (1982, citado por Tenório, 2004), o mercado era formado
por empresários de pequenas empresas, em regime de concorrência perfeita, com base
tecnológica estável e acessível, e com pouco ou nenhum poder de influenciar individualmente
o mercado. O património confundia-se com o do dono. A maximização dos lucros era o
objetivo da companhia e expressava a vontade dos acionistas, sendo essa a principal
contribuição social da empresa.
Abordagem contemporânea, estendendo-se desde a década de 1950 até aos dias atuais
Segundo Alban (1999) esta época é marcada por uma fase de forte mobilização cívica e
revolucionária, além de um enorme progresso científico e tecnológico. O modo de produção e
de acumulação do capital continua sendo intenso, e a regulação de tipo monopolístico. Com a
crise do dólar e do petróleo, finda o ciclo dos “anos dourados” (1945-1973), e a economia
capitalista volta a apresentar grandes debilidades conjunturais, longas e profundas recessões,
queda do ritmo de crescimento e altas taxas de desemprego. Dentro de um cenário de
contestações e turbulência social, as empresas tornam-se alvo de reivindicações cada vez mais
numerosas e variadas. Inúmeros movimentos da sociedade civil passam a exercer pressão
sobre elas, particularmente no que toca a questões de poluição, consumo, emprego,
discriminações raciais e de género, ou natureza do produto comercializado (principalmente a
industrial bélica e de cigarros). As demandas tornam-se centrais e generalizadas e vários
movimentos de contracultura questionam o ato egoísta das empresas que vivam
exclusivamente para a maximização de seus lucros.
Em 1970 começam a surgir protestos argumentando que o contrato social sobre o qual se
baseia o sistema da livre empresa havia mudado, e que as organizações deviam responder a
obrigações mais amplas que a simples rentabilidade (Gendron, 2000). Em 1972, a publicação
do relatório do Clube de Roma, intitulado The limits of growth, vem fornecer ainda mais
argumentos aos grupos contestatários. Cresce uma atmosfera “anti-negócios” que inquieta o
mundo organizacional – e dá-se então o início do verdadeiro debate sobre a RSE.
Nasce também, nesta época, a escola Business Ethics aquando do surgimento da bioética,
através da qual é estimulado o desenvolvimento de um novo ramo da ética normativa e
aplicada, voltada especificamente para o mundo dos negócios e das empresas (De George,
1987).
A partir desta data ressurgem as políticas neoliberais: ajuste fiscal, redução das despesas
sociais do Estado, privatizações, desregulamentação, liberalização do comércio, das taxas de
câmbio e das relações trabalhistas. O fordismo cede lugar ao pós-fordismo, modo de produção
e de acumulação flexíveis, de base microeletrónica, cujas consequências revelam-se
devastadoras para os níveis de emprego, tanto nos países industrializados como nos
periféricos (Alban, 1999). Graças às novas tecnologias, a produção torna-se descentralizada, e
a mão-deobra pode ser subcontratada e operar a partir de qualquer continente. Os
trabalhadores trocam o estatuto de assalariados pelo de autónomos, informais ou
contratados, sem garantia de trabalho estável ou segurança social.
Sob o ponto de vista social, a pobreza, o desemprego e outros tipos de exclusão marcam tanto
o cenário norte-americano quanto o europeu, e também nos países menos desenvolvidos. A
problemática ambiental é tema de diversas conferências internacionais, e, em 1987, o
Relatório Brundtland lança o conceito de “desenvolvimento sustentável”, que pretende
conciliar desenvolvimento económico e proteção ambiental (Nobre & Amazonas, 2002).
Consolida-se definitivamente, no início da década de 80, a abordagem intitulada Business &
Society, a qual concebe empresa e sociedade como uma rede inextrincável de interesses e
relações, permeada por disputas de poder, acordos contratuais explícitos e implícitos, e pela
busca de legitimidade. Nesta época surge a famosa teoria dos stakeholders, desenvolvida por
Freeman (1984), segundo a qual a ideia de que as empresas não possuem responsabilidades
senão em relação aos acionistas deve ser substituída pelo conceito de relação de confiança
entre a empresa e as suas partes interessadas. Esta teoria revelar-se-á suficientemente rica e
abrangente para ser encampada (e adaptada) pelas três correntes teóricas dedicadas ao
estudo das relações entre ética, empresas e sociedade. Surge também, neste período a escola
Social Issues Management – resultado da preocupação, nos círculos de gestão, com os
inevitáveis conflitos inerentes às interações entre empresas e sociedade, e com a crescente
intensificação de tais conflitos. Esta abordagem visa atender à demanda por instrumentos para
a gestão sistemática dos problemas éticos e sociais enfrentados (ou antecipados) pelas
companhias, de tal modo que a sensibilidade (responsiveness) corporativa transforme-se
numa vantagem competitiva (Kreitlon, 2004).
Já nos séculos XVIII e XIX era possível encontrar acções colectivas de
carácter criativo que envolviam o Estado e o empresariado e que visavam
sobretudo reduzir situações de pobreza e antagonismo dela decorrentes.
Nesta época, a intervenção social empresarial expressava-se através da
caridade pontual de beneméritos como forma de governar a miséria.
É a partir do século XIX que começamos a encontrar ações, pontuais, que
envolvem o Estado e as empresas com o objetivo de reduzir a pobreza e
todas as diferenças que daí decorriam. Os empresários da altura
preocupavam-se, pontualmente, com os seus colaboradores e como
torná-los mais competitivos. Não se sabendo se as motivações seriam
económicas ou sociais.
Após a 2ªGuerra Mundial as empresas passam a ter como missão não só o lucro mas
também a preocupação com o bem-estar. Ainda assim, a década de 50 e 60, foi
marcada como uma década de desejos mas não de aplicação prática. A partir da
década dos anos 80, preocupações ambientais, laborais, direitos do consumidor e a
saúde começam a fazer parte da ordem do dia nas empresas. É neste década
que se desenvolvem as teses dos stakeholderse a ética empresarial.
A partir dos anos 90 emerge a boa reputação das empresas associada à RSE.
Atualmente, as empresas vêm a sua missão para lá da obtenção do lucro, cada
vez mais impelidas de fazer mais e melhor pela sociedade, sentindo-se como
verdadeiras responsáveis pela sustentabilidade social e ambiental.
No dias de hoje, Tem predominado a concepção de que a vocação das empresas é
gerar dividendos para investidores e accionistas, contribuir para o desenvolvimento
económico, criar empregos e fornecer bens e serviços ao mercado. Nesta fórmula
clássica, espera-se que as empresas, na consecução de suas actividades, cumpram
com as exigências legais de pagamento de impostos e contribuições aos trabalhadores,
evitem práticas de corrupção, suborno e mantenham uma conduta transparente e
responsável pelos seus lucros.
A nível mundial verificaram-se fenómenos sociais, tais como a luta pela igualdade
de direitos entre homens e mulheres, entre raças, assim como a contestação e luta por
novos valores e atitudes (v.g. Maio de 1968 em França), que vieram gerar novas
práticas no relacionamento das empresas com a sociedade e meio ambiente. É
neste contexto que se passou a divulgar informação acerca das práticas das empresas no
domínio ambiental e social. Assim, no início da década de 70, esta matéria assume
especial relevo aquando da elaboração e publicação dos relatórios sobre actividades
de índole social. Surge em França, em 1972, um dos modelos e práticas associadas
àquelas actividades, o Balanço Social e, em 1977, aquele país foi o primeiro a
estabelecer a sua obrigatoriedade para empresas com mais de 750 trabalhadores
(Monteiro, 2005).
A crescente globalização das economias através da acção das grandes
multinacionais, condicionada pelas preferências e “valores” do mercado, veio
acelerar todo o processo associado à definição do conceito de RSE. Desde então, têm-se
realizado diversos estudos e investigação acerca dos efeitos das políticas de
responsabilidade social praticadas pelas empresas, todavia, por falta de resultados
consistentes e conclusivos, prosseguem as investigações a nível académico sobre
esta temática dada a sua complexidade (Moreno, 2004).
No entanto, a realidade demonstra que estas práticas ainda não têm uma aplicação
efectiva e generalizada a nível mundial. Neste domínio, a União Europeia (UE) tem
desenvolvido acções para (i) divulgar os resultados e impacto positivo da adopção das
práticas de RSE nas empresas e na sociedade, (fomentar competências de gestão nesta
temática, intensificar a RSE nas pequenas e médias empresas e (iv) promover a
convergência e transparência das práticas de RSE (Monteiro, 2005). Em Março de
2000, a UE apresentou na Cimeira de Lisboa, entre outros, o objectivo estratégico de
se tornar na economia baseada no conhecimento mais dinâmica e competitiva do
mundo, capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e
melhores empregos, e com maior coesão.
determinada uma estratégia para a UE, consubstanciada num conjunto de medidas para
as áreas tecnológica, científica, económica e social, entre outras, que visa a
divulgação de melhores práticas e pretende alcançar uma maior convergência ao
nível dos seus principais objectivos: sociedade da informação, investigação e
desenvolvimento, política de empresa, educação e combate à exclusão social. A UE
demonstra o maior interesse pelo tema da RSE e reconhece-lhe grande potencial
para a consecução dos objectivos visados.
Estes autores referem que a literatura faz uma distinção entre duas tendências
informação.
Após a análise empírica podemos concluir que a divulgação da informação sobre RSE
tem um efeito positivo sobre as dimensões económica, social e ambiental, fazendo desta
o indicador mais forte. Em contrapartida temos a dimensão ambiental como sendo a
mais fraca, depois de ter sido rejeitada uma associação positiva com o grau de inovação
e o sucesso competitivo. Considerando que Angola está a atravessar um momento mais
conturbado em termos económicos e financeiros, o que influência o desenvolvimento
presente e futuro do país, seria interessante num horizonte temporal alargado, de pelo
menos quatro anos, desenvolver-se o mesmo estudo descritivo com o objetivo de
analisar eventuais mudanças, citando, por exemplo, a atividade. Sendo assim, seria
possível estabelecer uma eventual analogia entre os fatores que integram o estudo atual
e os fatores que contextualizam o estudo posterior.
Em suma, a RSE em Angola é aplicada de forma positiva, tendo sido verificado, através
do nosso estudo, que as empresas estão comprometidas em melhorar a sua relação e
comprometimento com a comunidade envolvente, através das diferentes dimensões
económica, social e ambiental. A prova disso é que as empresas estão motivadas em
melhorar a qualidade de vida dos seus empregados, em proporcionar produtos e serviços
de alta qualidade aos seus clientes, estando ainda conscientes que devem planear os seus
investimentos considerando a redução do impacto ambiental.