Você está na página 1de 55

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2

2 A HISTÓRIA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL ...................................... 3

3 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL? ................................................ 6

4 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS .................................... 7

5 A RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL


10

6 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA ..................................... 11

7 ÉTICA, MORAL E VALORES ................................................................... 14

8 CONCEITO DA ÉTICA NOS NEGÓCIOS................................................. 15

9 ÉTICA NAS EMPRESAS .......................................................................... 17

10 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 20

11 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 22

12 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................. 31

BIBLIOGRAFIAS ............................................................................................ 53

1
1 INTRODUÇÃO

Fonte: www.slideplayer.com.br

A quebra da confiança por parte da sociedade em instituições tradicionais,


como o governo e igreja, é uma realidade da última década. O capitalismo
descontrolado tem produzido um grande número de excluídos e o terrorismo,
mobilizado por políticas má conduzidas e fanatismos religiosos, vem acentuar esse
processo, levando a sociedade a adotar uma nova postura perante as organizações,
sejam elas de natureza governamental, empresarial ou ligadas ao terceiro setor. O
novo consumidor se posiciona de forma mais consciente e exigente.
A partir dessa nova realidade, as organizações têm encontrado nas ações
sociais estratégias que não apenas contribuem na solução das eventuais dificuldades,
como também geram bons frutos juntos aos stakeholders. Recente pesquisa realizada
pelo Instituto Akatu e pelo Instituto Ethos, que apurou a “Responsabilidade Social
Empresarial: um retrato da realidade brasileira”, concluiu que a cada dez ações sociais
publicadas pelas empresas, seis são voltadas para o cliente ou consumidor. Esse
resultado comprova que a demanda dos consumidores é fator-chave para o
crescimento do movimento das empresas para a gestão socialmente responsável,
orientando as ações de responsabilidade social das empresas.
2
Com o mundo globalizado e as informações circulando na internet e redes
sociais, é cada vez mais difícil aos profissionais de marketing trabalharem diferenciais
competitivos para seus produtos, serviços e marcas. Para Pringle e Tompson (2000,
p. 13) esse é um dos principais problemas das marcas nas economias. “Cada
inovação tecnológica ou um novo produto lançado são rapidamente imitados por
fabricantes de marcas rivais e cada vez mais solicitadas pelos varejistas.” (PRINGLE
E TOMPSON, 2000, p.13).
Assim, seja em função da consciência das empresas, dos escândalos
corporativos, da ameaça dos concorrentes ou da importância da fidelidade de marca,
o fato é que investimentos responsáveis estão em alta.
Em resumo, podemos dizer que cada vez mais as empresas arriscam mudar
suas práticas de marketing para conferir-lhes novos contornos e sentidos mais éticos.
Isso em função da valorização dos conceitos de ética e responsabilidade social,
mudança do comportamento do consumidor que passa a ser mais exigentes diante
das corporações para que elas façam mais pela sociedade, além de pagar impostos
e gerar empregos.

2 A HISTÓRIA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Resgatando acontecimentos mundiais que possivelmente influenciaram o


surgimento da responsabilidade social nas empresas, podemos destacar os
movimentos entorno dos direitos civis ocorridos na Europa e na França na década de
60. As manifestações contra os efeitos das armas químicas na Guerra do Vietnã
fortaleceram as organizações da Sociedade Civil (Igreja e Fundações). Isso se deu
devido aos “armamentos” que afetaram o meio ambiente e a população, colocando
em risco a sobrevivência da natureza e dos seres humanos. Todos esses fatores
provocaram um repensar na postura ética das empresas frente à sociedade.
As empresas nos Estados Unidos foram às pioneiras em prestar contas ao
público de suas ações sociais, daí a ideia de balanço social. Porém, a França foi à
primeira nação a tornar obrigatória a prestação de contas dos investimentos sociais
das empresas.

3
Em resumo, no cenário mundial contemporâneo, processaram-se
transformações de ordem social, econômica, política e cultural, as quais se adaptam
aos novos modelos de relações entre mercados e instituições, sociedade e
organizações.
No Brasil, a responsabilidade social começou a ser discutida na década de 60,
a partir da criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE). Em
1965, essa associação publicou uma carta, a Carta de Princípios do Dirigente Cristão
de Empresas, cujo objetivo maior era mostrar que as empresas possuem função social
perante seus trabalhadores e a comunidade na qual se insere.
Porém, o conceito de responsabilidade social somente ganhou, efetivamente,
espaço no final da década de 80, consolidando-se nos últimos anos, por meio do
cenário econômico, tendo como pilar a competitividade mundial, insuficiência do
Estado, o aumento das condições de pobreza, a degradação ambiental, o
fortalecimento dos movimentos sociais e as transformações do mundo
contemporâneo, que provocou incerteza e instabilidade, fatores ameaçadores à
sobrevivência das organizações.
A ação de chamadas organizações não-governamentais (ONG’s) ou entidades
do Terceiro Setor foi fator fundamental para instigar a busca por soluções para as
questões ambientais e sociais do país. O Instituto Brasileiro de Análises Sociais
Econômicas (Ibase) foi o grande destaque nesse setor. Criado pelo sociólogo Hebert
de Souza, até hoje defensor da elaboração e divulgação do balanço social das
empresas.
Em 1997, o Ibase lançou o modelo de balanço social em parceria com o jornal
Gazeta Mercantil (gratuidade na publicação). Criou-se o Selo do Balanço Social,
objetivando estimular a participação voluntária das empresas em projetos sociais.
Nesse mesmo ano, o Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS) surgiu para facilitar o entendimento sobre questões ambientais,
econômicas e sociais entre o setor produtivo, sociedade civil e governo, viabilizando
o desenvolvimento sustentável.
Em termos legais, o tema Balanço Social passou a ser objeto do Projeto de Lei
nº 3.1416, estabelecendo a obrigatoriedade da publicação do balanço social para

4
empresas privadas com mais de 100 funcionários e para todas as empresas públicas,
concessionárias e permissionárias de serviços públicos.
Em 1998 surgiu o Instituto Ethos, criado por um grupo de empresários e
executivos da iniciativa privada. Ele é um pólo de troca de experiências, organização
de conhecimento e desenvolvimento de ferramentas que auxiliam empresas a analisar
suas práticas de gestão e aprofundar o compromisso com a responsabilidade social e
o desenvolvimento sustentável.
Com essa perspectiva, o investimento social privado ganha corpo no Brasil,
cujo olhar se centraliza na alocação voluntária de recursos privados, para buscar
retorno alternativo de inclusão social e influenciar nas políticas públicas, organização
e universidade.
Parece lícito afirmar, então, atualmente as organizações precisam estar atentas
não só a suas responsabilidades econômicas e legais, mas também a suas
responsabilidades éticas, morais e sociais. Responsabilidades éticas correspondem a
atividades, políticas e comportamentos esperados por membros da sociedade, apesar
de não codificados em leis. Elas envolvem série de padrões, normas ou expectativas
de comportamentos para atender ao que os públicos (stakeholders) consideram
legítimo, justo, correto, de acordo com suas expectativas.
As organizações terão de aprender a balancear a necessidade de obter lucros,
obedecer às leis, ter comportamento ético e envolver-se em alguma forma de
filantropia para com as comunidades.
Dessa forma, podemos afirmar que um dos efeitos da economia global é a
adoção, por todo o mundo, de padrões éticos e morais mais rigorosos, seja pela
necessidade das próprias organizações de manter sua boa imagem perante o público,
seja pelas demandas diretas do público para que as organizações atuem de acordo
com tais padrões. Isso tudo é uma resposta dos negócios às novas pressões sociais
e econômicas criadas pela globalização. Essas pressões fazem com que as empresas
se auto-analisem continuamente. Criar-se assim, um novo ethos que rege o modo
como os negócios são feitos em todo o mundo.

5
3 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL?

Não existe uma definição única desse conceito, mas sim, várias definições que
giram em torno da mesma questão: ações para melhoria da qualidade de vida da
sociedade.
Agumas dessas definições:
Para Melo Neto e Brennand (2004, p. 39)
“Uma empresa socialmente responsável é aquela que investe no bem-estar de
seus funcionários e dependentes e num ambiente de trabalho saudável, além de
preservar o meio ambiente e investir em ações sociais.”

Para o Instituto Ethos de Responsabilidade Social (www.ethos.org.br)

“É a forma de conduzir os negócios da empresa com o objetivo de torná-la


parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social.”

Para Ashley (2005, p. 6)

“É toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de


vida da sociedade.”
“Responsabilidade social, significa algo, mas nem sempre a mesma coisa para
todos. Para alguns, ela representa a idéia de responsabilidade ou obrigação legal;
para outros, significa um comportamento responsável no sentido ético; para outros
ainda, o significado é transmitido é o de ‘responsável por’, num modo causal. Muitos
simplesmente equiparam-na a uma contribuição caridosa; outros tomam-na pelo
sentido de socialmente consciente.”
Uma empresa socialmente responsável vai além de sua obrigação de respeitar
as leis, observar condições adequadas de segurança e saúde para os seus
trabalhadores e pagar impostos. Ela faz isso tudo por acreditar que será, dessa forma,
uma empresa melhor e contribuirá para a construção de uma sociedade mais justa.

6
Porém, por muitas vezes, a responsabilidade social é confundida com
filantropia. Podemos dizer que a responsabilidade social é um estágio mais avançado
da cidadania corporativa, que busca estimular o desenvolvimento do cidadão e
fomentar a cidadania individual e coletiva. Tem sua base na consciência social e dever
cívico, não na caridade. Já a filantropia está baseada no assistencialismo que objetiva
contribuir para a sobrevivência de grupos sociais desfavorecidos, assumidos pelas
empresas por ações de doações a grupos e entidades.
A filantropia é uma simples doação, fruto da maior sensibilidade e consciência
social do empresário, enquanto a responsabilidade social reflete a ação de uma
empresa em prol da cidadania, uma forma de inserção social, uma intervenção direta
em busca da solução de problemas sociais.
Com maiores detalhes, podemos afirmar que a filantropia parte de uma ação
individual e voluntária e tem muitos méritos. Mas a responsabilidade social vai além
das vontades individuais – constitui um consenso, uma obrigação moral e econômica
para com todos que vivem na sociedade e seu foco está nos direitos humanos, sociais,
políticos, culturais e econômicos.
Em resumo, a filantropia é apenas um tipo de ação, um estágio preparatório
para um contexto mais amplo da responsabilidade social – estágio pré-
responsabilidade social. O fato da empresa realizar ações sociais não a caracteriza
como socialmente responsável: para ser, são necessárias muitas outras ações e
envolvimentos.

4 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS

No Brasil, como em toda parte, as limitações da ação estatal geram um


consenso de que uma política de desenvolvimento social exige a participação de
novos atores. Diante do fenômeno da exclusão social, observa-se nos últimos anos
que as empresas privadas vêm mobilizando um volume cada vez maior de recursos
destinados a iniciativas sociais. Os empresários passam a ter cosciência de que
governos não podem atender sozinhos às demandas de ações sociais.

7
Tal multiplicação de iniciativas privadas com sentido público é um fenômeno
recente. A partir dos anos 80, percebe-se que as organizações têm-se preocupado
com problemas que envolvem a sociedade e o meio ambiente.
A década de 90 abre caminho para uma percepção de novos rumos de ação
social – partilha de responsabilidades necessárias ao enfrentamento da exclusão
social, pois o bem estar comum depende de uma ação cooperativa de todos os setores
da economia. Nesse cenário, é importante ressaltar a importância das empresas como
um agente de promoção do desenvolvimento econômico e do avanço tecnológico -
grandes possuidoras de capacidade de criação e geração de recursos.
Rompendo com o velho paradigma de que empresas somente se preocupam
com a geração de lucros, para que a empresa sobreviva no mercado, é necessário a
prática de preços baixos, oferta de produtos de qualidade e a realização da parte que
lhe cabe na responsabilidade social, pois os consumidores estão cada vez mais
seletivos, preferindo empresas que se integrem à comunidade. É inegável que fazer
o bem e conscientizar-se de sua responsabilidade social vem se tornando um
componente vital para o sucesso dos negócios e, mais do que isso, vem se tornando
uma vantagem competitiva.
Dessa forma, o compromisso pelo comportamento ético, contribuição ao
desenvolvimento econômico e à melhoria da qualidade de vida dos empregados, suas
famílias e comunidade são fatos percebidos nas empresas socialmente responsáveis.
A responsabilidade social possui sete vetores, que são:
Vetor 1) Apoio ao desenvolvimento da comunidade na qual atua;
Vetor 2) Preservação do meio ambiente;
Vetor 3) Investimentos do bem-estar dos funcionários e dependentes e em um
ambiente de trabalho agradável;
Vetor 4) Comunicações transparentes;
Vetor 5) Retorno aos acionistas;
Vetor 6) Sinergia com parceiros;
Vetor 7) Satisfação de clientes e consumidores.
No entanto, a prática da responsabilidade social vai além da postura legal da
empresa, da prática filantrópica ou do apoio à comunidade. Significa mudança de

8
atitude, numa perspectiva de gestão empresarial com foco na qualidade das relações
e na geração de valores para todos.
Assim, podemos afirmar que a responsabilidade social depende da
compreensão de que a ação social deve trazer benefícios para a sociedade,
proporcionar a realização profissional dos empregados , promover benefícios para os
parceiros e meio ambiente e trazer retornos para os investidores.
“Começa a haver a percepção de que uma sociedade empobrecida, com renda
mal distribuída, violenta, como a nossa, não é uma sociedade propícia para os
negócios. Henri Ford, quando aumentou o salário de seus funcionários, queria ter uma
sociedade que pudesse ser mais justa. Os empresários começam a perceber (mas
ainda em pouco grau) que uma sociedade deteriorada ameaça os próprios negócios
e que não adianta demitir os funcionários, pois não terão quem compre, não terão
uma sociedade justa.”
(GRAEJ, O. Responsablidade social nas empresas. Programa Roda Viva/TV
Cultura. São Paulo, setembro, 2001.)

O título de empresa cidadã pode trazer uma série de benefícios para a


empresa, tais como:

 fortalecimento de sua imagem;


 capacidade de atrair e reter talentos;
 maior comprometimento e lealdade dos empregados, que
passam a se identificar melhor com a empresa;
 maior aceitação pelos clientes, que a cada dia se tornam mais
exigentes;
 maior facilidade de acesso a financiamento, pois é real a
tendência de os fundos de investimentos passarem a financiar
apenas empresas socialmente responsáveis;
 contribuição para sua legitimidade perante o Estado e a
sociedade.

9
5 A RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

Fone: www.blog.fipecafi.org

Durante o século XX, o conceito de cidadania se expandiu na sociedade política


e foi incorporado pela sociedade civil (pessoas físicas e jurídicas).
As empresas socialmente responsáveis lidam com o investimento social não só
como caridade, mas como investimento, incorporando-o ao seu planejamento
estratégico.
Hoje, somente fazer doações a entidades filantrópicas não é mais o objetivo
principal dos empresários. Eles estão atentos às novas exigências do mercado:
investir no social. Diferentemente de uma ajuda assistencialista, as empresas
preocupam-se com o resultado de seus investimentos e exigem o monitoramento e a
avaliação das ações.
Empresas que podem ser consideradas cidadãs investem no social não só no
que tange ao cumprimento das leis, mas também no sentido de antever necessidades
humanas, para que haja desenvolvimento pleno da sociedade.
Uma prática que, a partir desse cenário, passa a ser desenvolvida, é a
realização do empregado como ser humano, com o aproveitamento máximo de suas
potencialidades. Assim, a empresa ganha, pois funcionários mais satisfeitos,
10
produzem mais; funcionários ganham, pois investindo no social, a empresa está
investindo na vida particular dele e na comunidade; a sociedade ganha, afinal é nela
que todas estas transformações acontecem.
No meio empresarial brasileiro, pode-se perceber duas visões distintas sobre a
atuação social: a visão pós-lucro da responsabilidade social empresarial e a visão pré-
lucro.
A primeira visão surge da mentalidade clássica da administração de empresas,
a da simples maximização dos lucros, na qual a análise ambiental não é utilizada como
ferramenta estratégica. Neste contexto, as ações normalmente partem após um
acontecimento nas comunidades vizinhas, com repercussões negativas para a
empresa, como desastres ambientais, situações diversas de calamidade, elevados
índices de criminalidade, analfabetismo, péssimas condições de saneamento, dentre
outros diversos tipos de carências sociais.
A segunda visão tem como objetivo maior o desenvolvimento sustentável da
sociedade, fazendo parte do planejamento estratégico da organização, apontando
para o equilíbrio entre performance corporativa ética e compromisso social.
Atualmente, fatores como educação, saúde, meio ambiente, segurança,
cultura, esporte e lazer são responsáveis pela continuidade de um crescente ciclo de
consumo e pelo desenvolvimento de toda a cadeia produtiva em torno da sociedade.
Não é preciso muito esforço para perceber que as empresas socialmente
responsáveis, que pensam não somente no lucro, mas acima de tudo, no ser humano,
são mais valorizadas e reconhecidas, com a preferência dos seus clientes. Em uma
pesquisa da You & Company com cerca de 2.000 estudantes de MBA revelou que
mais de 50% deles preferiria trabalhar em empresas éticas, mesmo que isso
significasse salários menores. Dessa forma, comprova-se que as empresas com essa
filosofia são capazes de atrair e reter talentos.

6 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

Nesse contexto apresentado até agora, também temos o marketing societal,


que envolve toda a cadeia que se relaciona com a organização – colaboradores,
fornecedores, distribuidores e a comunidade – e não mais apenas com a sociedade,
incluindo nesse processo ética nos negócios e respeito ao meio ambiente. Portanto,

11
relação passa a ir além de atender aos desejos do consumidor, com responsabilidade
a médio e longo prazo. Essa ampliação de estratégias é o que denomina-se
Responsabilidade Social Corporativa.

Fonte: www.rvcons.com.br

Para Melo Neto e Brennand (2004, 31), Responsabilidade Social Corporativa:

(...) “compreende gestão ética, adoção de práticas de governança corporativa,


gestão com transparência e responsabilidade, respeito à diversidade, pagamento de
impostos devidos, respeito à legislação vigente, aos contratos vigentes com clientes,
fornecedores e parceiros, pagamento de salários justos e benefícios, não uso de
propaganda enganosa, fabricação de produtos que não causem danos físicos aos
clientes.” (MELO NETO e BRENNAND 2004, p. 31)
Responsabilidade social corporativa é um processo contínuo, visando alcançar
desenvolvimento socialmente responsável, econômico e ambientalmente sustentável.
É uma filosofia implantada pela empresa, em primeiro lugar, aos funcionários e
parceiros, a fim de que a ideia seja absorvida e comprada para assim atuarem como
verdadeiros agentes de mudança, contribuindo para a criação da empresa-cidadã.
Com essa percepção, a empresa não só começa a despertar interesse no seu nicho
de mercado, mas sim em outros, com a simples exposição e fortificação da marca.

12
A responsabilidade social é apenas uma das dimensões da responsabilidade
social corporativa. O exercício da responsabilidade social baseia-se na prática de
ações sociais voltadas para o público interno e externo. Já a responsabilidade social
corporativa é mais abrangente, pois compreende além das ações sociais, práticas e
modelos de gestão ética e socialmente responsáveis. É a somatória da
responsabilidade ética, responsabilidade social e responsabilidade ambiental.

“Responsabilidade Social Corporativa é o comprometimento dos empresários


em adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico,
simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de seus familiares, da
comunidade local e da sociedade como um todo.” (Conselho Empresarial Mundial,
1998).

A busca da responsabilidade social corporativa tem, em resumo, as seguintes


características:
É plural: empresas devem satisfações aos acionistas, funcionários, mídia,
governo, setor não-governamental e ambiental e comunidades. Diálogo participativo
nos processos representa mudança de comportamento da empresa e maior
legitimidade social.
É distributiva: a responsabilidade social nos negócios é um conceito que se
aplica a toda a cadeia produtiva. É um conceito de interesse comum, ou seja, deve
ser difundido ao longo de todo o processo produtivo.
É sustentável: responsabilidade social e desenvolvimento sustentável são
conceitos que andam de mãos dadas. Uma atitude responsável garante a não
escassez de recursos. O desenvolvimento sustentável se refere ao ambiente,
promove a imagem da empresa e leva ao crescimento orientado. Uma postura
sustentável é preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros.
É transparente: a globalização demanda transparência. Empresas são
gradualmente obrigadas a publicar relatórios anuais, onde sua performance é aferida
nas mais diferentes modalidades.

13
7 ÉTICA, MORAL E VALORES

Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser e moral tem sua origem
no latim, que vem de “mores”, significando costumes. Valores, etimologicamente valor,
provém do latim valere, ou seja, que tem valor, custo. As palavras desvalorização,
inválido, valente ou válido têm a mesma origem e, transferindo esses conceitos a
valores humanos, conseguimos entender que valores são ensinamentos do que é
certo e errado e, a partir disso, reproduzimos os valores impostos pela sociedade.
Diante dessas definições, nos confundimos com o verdadeiro significado que
cada uma delas têm e esta confusão pode ser resolvida com o seguinte
esclarecimento: moral é um conjunto de normas adquiridas peça educação, tradição
e cotidiano que regulam o comportamento do homem em sociedade; moral tem
caráter obrigatório; já a palavra ética representa um conjunto de valores que orientam
o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade,
garantindo, assim, o bem-estar social.
Os valores são o que orientam a nossa conduta. Com base neles decidimos
como agir diante das diferentes situações que a vida nos impõe. Relacionam-se,
principalmente, com os efeitos que tem sobre o que fazemos para as pessoas, para a
sociedade ou em nosso ambiente.
A moral sempre existiu, pois, todo ser humano possui a consciência moral que
o leva a distinguir o bem do mal. A moral surgiu nas sociedades primitivas, nas
primeiras tribos. Já a ética teria surgido com Sócrates, pois foi exigido um maior grau
de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só
por tradição, educação ou hábito, mas, principalmente, por convicção e inteligência.
A moral não é somente um ato individual, pois as pessoas são, por natureza,
seres sociais, ou seja, a moral também é um empreendimento social. E esses atos
morais, quando realizados por livre participação da pessoa, são aceitos,
voluntariamente.
Conceito de ética está vinculado à percepção dos conflitos, autonomia,
coerência. Um indivíduo tornar-se-á ético quando puder compreender e interpretar o
código de ética, além de atuar de acordo com os princípios por ele propostos. Ética é

14
uma espécie de legislação do comportamento moral das pessoas. Mas a função
fundamental é a mesma de toda teoria, explorar, esclarecer ou investigar uma
determinada realidade.
Ética e moral são os maiores valores do homem. Ambos significam "respeitar
e venerar a vida". O homem, com seu livre arbítrio, forma seu meio ambiente ou o
destrói, ou ele apoia a natureza e suas criaturas ou ele subjuga tudo que pode
dominar, e assim ele mesmo se torna no bem ou no mal deste planeta. Deste modo,
Ética, Moral e valores se formam numa mesma realidade.
Ética e moral são discutidos com igual significado. No entanto, em um nível
intelectual, enquanto que a moral tende a ser particular, pela concretude de seus
objetos, a ética tende a ser universal, pela abstração de seus princípios.

8 CONCEITO DA ÉTICA NOS NEGÓCIOS

Fonte: www.encontresuafranquia.com.br

As organizações e o mundo não permanecem estáticos com o passar do


tempo. O mercado capitalista gerou um aumento na competitividade que, por vezes,
assusta com a proporção dos negócios a serem tratados. Não se pode deixar de dizer
que o crescimento de novas tecnologias, dos sistemas de comunicação mundial e da

15
globalização econômica e cultural também fez com que o interesse pelas questões
éticas no campo econômico aumentasse.
A ética pode ser considerada como um conjunto de valores e regras sociais que
distinguem o que está certo do que está errado, ou seja, indicam quando um
comportamento é socialmente aceitável ou não. No plano empresarial, a ética tem a
ver com a tomada de decisões de gestão, isto é, quais as escolhas efetuadas pelos
gestores face a uma pluralidade de opções, tendo como plano de fundo a moralidade.
Cada vez mais, as organizações estão sendo requeridas a adotarem boas
práticas de governança que são divididas em quatro componentes, sendo os três
primeiros principalmente relacionados à relação da empresa com seus acionistas. A
prestação de contas pela administração, a transparência das informações prestadas,
a equidade no tratamento desses acionistas e, por último, a responsabilidade
corporativa, que objetiva a relação da empresa como uma entidade inteira e completa,
desde a sua relação com os próprios funcionários, bem como com os fornecedores,
clientes, governo, entidades, instituições de classe, organizações não
governamentais, e até o próprio meio ambiente e a sustentabilidade.
Entretanto, isso não tira a necessidade de que organizações menores e até as
familiares também tenham seus códigos, mesmo que eventualmente não escritos,
mas concebidos de forma clara pelo seu fundador, proprietário ou gestor principal,
para que os demais indivíduos possam atuar de forma harmônica e em sintonia com
uma conduta ética profissional.
Em negociações comerciais, a necessidade da existência de regras de
comportamentos bem como direitos e deveres respeitados e obedecidos é talvez
ainda mais importante. Em ética empresarial, a menor das infrações provoca um
impacto gravíssimo na reputação de uma companhia ou das equipes que a compõe.
O que foi construído em um longo tempo é perdido rapidamente. O comportamento
das empresas, bem como seus valores, repercute diretamente nas relações com
clientes, fornecedores e com a própria sociedade.
A grande necessidade de conquistar a preferência do cliente faz com que
alguns vendedores transgridam a ética, distorcendo fatos e omitindo informações
relevantes. Enfrentar uma concorrência acirrada leva alguns vendedores a exagerar

16
nas vantagens da sua oferta. Isso também pode ser antiético se a crença nesses
exageros resultar em prejuízo para o cliente.
O grande desafio dos gestores é saber dosar até que ponto se pode chegar
numa negociação para que não afete a corrente ética estabelecida. Ainda assim, uma
conduta ética só é possível se cada um dos intervenientes atuarem nesse sentido,
particularmente não colocando os seus interesses pessoais à frente dos interesses da
organização e da sociedade, o que será facilitado a partir do momento em que os
gestores perceberem que essa conduta também proporciona rentabilidade e ganhos
financeiros.
Em negociações comerciais, o grande negócio é ser ético. Embora o
comportamento antiético possa levar as vendas imediatas, isso só acontece em curto
prazo. Com o tempo, pessoas que costumam ter esse tipo de comportamento antiético
veem sua reputação sofrer as consequências. Por outro lado, pessoas que
costumeiramente comportam-se de acordo com os mais elevados padrões éticos,
veem suas reputações subirem. Uma reputação favorável fará mais pela criação de
vendas e sucesso duradouro do que qualquer comportamento antiético.

9 ÉTICA NAS EMPRESAS

Falar sobre ética nas empresas é algo em que nos dias de hoje é fundamental
e preciso, ainda mais neste momento no qual o mundo passa por grandes mudanças
em seus comportamentos éticos.
As empresas se reformam e se transformam para sobreviver a essas mudanças
e atender melhor seu consumidor. Assim, hoje, para um sucesso continuado, o desafio
maior das empresas é ter uma ética interna que oriente suas decisões e permeie as
relações entre as pessoas que delas participam e, ao mesmo tempo, um
comportamento ético reconhecido pela comunidade.
Se a empresa, como espaço social, produz e reproduz esses valores, ela se
torna importante em qualquer processo de mudança de perspectiva das pessoas,
tanto das que nela convivem e participam, quanto daquelas com as quais essas
pessoas se relacionam. Assim, quanto mais empresas tenham preocupações éticas
mais a sociedade na qual essas empresas estejam inseridas tenderão a melhorar no

17
sentido de constituir um espaço agradável onde as pessoas vivam realizadas, seguras
e felizes.
Mas afinal, o que é ética?
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ética é "o estudo dos juízos
de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto
de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo
absoluto”. Ética vem do grego "ethos", e tem seu correlato no latim "morale", com o
mesmo significado: Conduta, ou relativo aos costumes. Podemos concluir que
etimologicamente ética e moral são palavras sinônimas.
A história da ética é um assunto complexo e que exigem alguns cuidados em
seu estudo. Como disciplina ou campo de conhecimento humano, ética se refere à
teoria ou estudos sistemáticos sobre a prática moral. Dessa forma ela analisa e critica
os fundamentos e princípios que orientam ou justificam determinados sistemas e
conjunto de valores morais. É, em outras palavras, a ciência da conduta, a teoria do
comportamento moral dos homens em sociedade.
A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossas
atividades envolvem uma carga moral. Ideias sobre o bem e o mal, o certo e o errado,
o permitido e o proibido definem a nossa realidade e dentro das empresas ética diz
respeito a regras, padrões e princípios morais sobre o que é certo ou errado em
situações específicas.
As empresas precisam ter um comportamento ético tanto dentro quanto fora da
empresa, com isso permite que elas barateiem os produtos, sem diminuir a qualidade
e nem os custos de coordenação, outras razões também podem ser feitas como o não
pagamento de subornos, compensações indevidas. Algumas questões básicas sobre
a eficácia da ética nos negócios precisam ser devidamente avaliadas para um melhor
entendimento, sendo que a ética é determinada pela cultura na qual cada empresa
possui a sua, ética da empresa deve mostrar, então, que em optar por valores que
humanizam, é o melhor para a empresa, entendida como um grupo humano, e para a
sociedade onde ela opera, deixando claro que não precisar passar por cima de
ninguém para ter um bom sucesso.
O consumidor tem os olhos atentos e a tendência é que fiquem mais atentos
ainda às empresas destituídas de ética. O consumidor mais critico em decorrência da

18
falta de ética nas empresas, da falta de respeito ao ser humano e da dignidade
humana, em atenção aos crimes ecológicos e condições inumanas trabalho tem
manifestado sua postura critica, boicotando assim os produtos de tais empresas e tal
escolha além de elevar o capital reputacional da empresa, uma vez que necessita
deste para sobreviver, aumenta também os lucros, já que consumidor satisfeito pode
significar consumidor fiel.
Algumas empresas, tem como missão a satisfação do cliente, mas esta
satisfação acaba quando o cliente efetua o pagamento, o querer ganhar sempre faz
com que muitas empresas estejam perdendo gradativamente espaço no mercado,
pois consumidores querem ser tratados com respeito, e buscam nas empresas
confiança e garantia dos serviços prestados assim como foi acordado, quando isso
não acontece, se rompe o elo empresa/cliente.
No campo profissional são condutas que só é aceita, respeitada, admirada, se
respaldada pelo comportamento que rege as ações da categoria profissional em uma
sociedade específica que foi formada pelo conjunto de usos e costumes da mesma
sociedade. A ética profissional tem como premissa o maior relacionamento do
profissional com seus clientes e com outros profissionais, levando em conta valores
como dignidade humana, auto realização e sociabilidade.
Num cenário globalizado, percebe-se que há muitas cobranças e as exigências
por parte da sociedade, pela transparência dentro das organizações, tanto no trato
com os cliente, fornecedores, serviços prestados, para que não sejam enganados e
que não prejudiquem o meio ambiente. As empresas precisam utilizar métodos de
fiscalização dos seus processos e a sociedade adotar medidas para inibir abusos
cometidos pelas organizações.
Muitas organizações procuram, hoje, criar seu código de ética. Essa tendência,
que à primeira vista pode se assemelhar a um modismo, parece estar entranhando o
tecido social e a comunidade empresarial de forma mais profunda que um passageiro
entusiasmo dos profissionais de recursos humanos, relações públicas ou auditoria.
Percebe-se claramente a necessidade da moderna gestão empresarial em cria
profissionais mais éticos no mundo dos negócios para poder sobreviver e,
obviamente, obter vantagens competitivas. A organização deve então agir de forma

19
honesta com todos aqueles que têm algum tipo de relacionamento com ela. Seus
valores, rumos e expectativas devem levar em conta todo esse universo.
Acredita-se que bons resultados profissionais e empresariais devem resultar de
decisões morais ou éticas e que ter padrões éticos pode significar bons negócios a
longo prazo.

10 BIBLIOGRAFIA

ASHLEY, Patrícia Almeida. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2005.

INSTITUTO ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL – Disponível em


http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/29/o_que_e_rse/o_que_e_rse.aspx. Acesso
em 09/03/2012.

MELO NETO, Francisco Paulo de; BRENNAND, Jorgina Melo. Empresas Socialmente
Sustentáveis: o novo desafio da gestão moderna. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.

NEVES, Roberto de Castro. Imagem Empresarial: como as organizações (e as


pessoas) podem proteger e tirar partido do seu maior patrimônio. Rio de Janeiro:
Mauad, 1998.

ORCHIS, Marcelo; YUNG, Maurício; MORALES, Santiago. Impactos da


responsabilidade social nos objetivos e estratégias empresariais. São Paulo:
Peirópolis, 2002.

20
OS 10 MANDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL. Disponível em
http://blog.kanitz.com.br/2009/04/os-10-mandamentos-da-responsabilidade-
social.html. Acesso em 09/03/2012.

PRINGLE, Hamish e TOMPSON, Marjorie. Marketing Social. São Paulo: Makron


Books, 2000.

RESPONSABILIDADE SOCIAL – Disponível em


http://www.responsabilidadesocial.com/. Acesso em 10/03/2012.www.rh.com.br.
Acesso em 11/03/2012.

DE ALMEIDA, Patrícia Ashley; GOVATTO, Ana Claudia Marques. Ética e


responsabilidade social nos negócios. Comunicação & Inovação, v. 3, n. 5, 2010.

TENÓRIO, Organizador Fernando Guilherme. Responsabilidade social


empresarial: teoria e prática. Editora FGV, 2015.

DE MORAES, Maria Cristina Pavan; JÚDICE, Josy. Empreendedorismo, ética e


responsabilidade social para micro e pequenas empresas: crescer com foco
social. Revista de Ciências Gerenciais, v. 12, n. 16, p. 121-136, 2015.

SIMÕES, Roberto. Iniciação ao Marketing. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1980.


SOCIAL, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade. Responsabilidade Social
das empresas: a contribuição das universidades, v. III. São Paulo: Peirópolis, 2004.

21
11 LEITURA COMPLEMENTAR

ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Camila Cristina S. Honório1

Maristela Perpétua Ferreira1

Rosecleia Perpétua Gomes dos Santos1

O presente artigo tem por finalidade mostrar a importância de ser uma empresa
eticamente solidária, de responsabilidade social, assim como os benefícios obtidos
com esse novo perfil. Procura também levar ao conhecimento de todos, que uma
empresa solidária preocupa- -se não só com o bem-estar dos seus colaboradores,
assim como da sociedade em geral e que atualmente estão agregando valores éticos
aos seus produtos, resultando em um significativo aumento nas vendas. A medida que
as empresas vão se conscientizando com a importância da ética e da
responsabilidade social, passam a adotar esse novo modelo para atrair os
consumidores, agregando valores aos seus produtos e ou serviços, como forma de
criar diferenciais competitivos e alcançar seus objetivos no mercado, que por sua vez,
está cada vez mais competitivo. A globalização é outro fator que muito contribuiu com
esse novo cenário. Atualmente, as empresas investem com mais frequência em
valores éticos, os quais, associados à diversas ferramentas de marketing, podem
agregar bastante valor à marca e, com isso, alcançar resultados muito satisfatórios.
Certamente, o valor ético que mais vem sendo associado às marcas das empresas é
o desenvolvimento de programas de responsabilidade social.
Palavras–chave: ética, empresa solidária, colaboradores, valores éticos,
responsabilidade social, produtos

INTRODUÇÃO

As empresas, entendidas como unidades fundamentais no contexto global, são


cada vez mais desafiadas a aplicar princípios éticos e a responsabilizar- se por atos
22
relacionados direta ou indiretamente com os problemas da sociedade. Em casos como
esses, elas não podem se limitar a uma visão rígida e estreita de seus interesses
particulares, e sim desenvolver critérios específicos fazendo jus à sua realidade, isto
é, considerando não somente fatores econômicos, mas também os contextos
políticos, os impactos sociais e ambientais e vários outros aspectos associados às
suas atividades.
É um assunto que, embora tenha aparecido na mídia a pouco tempo, tornou-
se muito debatido ultimamente, deixando de ser uma simples discussão para se
tornar um tema de grande importância no mundo corporativo Mas será que todos
sabem o que significa ética e responsabilidade social principalmente no âmbito
empresarial?
Ética, primeiramente, é o conjunto de modelos morais que guiam o
comportamento no meio dos negócios e na sociedade, construindo o próprio
caráter em prol do bem-estar de todos.
Ela é a base para a sustentabilidade e para orientar e guiar as ações das
empresas com responsabilidade social.
Existem dois tipos de ética: a ética empresarial que pode ser entendida como
um valor da organização que assegura sua sobrevivência, sua reputação e,
consequentemente, seus bons resultados a ética social que se pratica internamente,
recrutando e formando profissionais e executivos que compartilham desta filosofia,
privilegiando a diversidade e o pluralismo, relacionando-se de maneira democrática
com os diversos públicos, adotando o consumo responsável, respeitando as
diferenças, cultivando a liberdade de expressão e a lisura nas relações comerciais.
Por outro lado, a responsabilidade social aparece para obrigar mais ética e
clareza na gestão das organizações.
Muitas empresas já estão adotando esse novo modelo, agregando valores
éticos ao marketing, obtendo resultados positivos com marcas mais valorizadas.
Consumidores preferem pagar um pouco mais pelo produto, e em troca receberem o
valor agregado.
Elas também têm maior durabilidade no mercado e conseguem contratar e
manter profissionais com mais facilidade.

23
Uma empresa que age com responsabilidade social, planeja e traça seus
objetivos e metas baseado tanto nos interesses de seus colaboradores e
presidentes, quanto de indivíduos externos.

Ética e responsabilidade social nas empresas

Atualmente, esse tema é assunto em várias mídias, seminários, congressos


passando a fazer parte do dia a dia das empresas.
Diante da acirrada competição mercadológica, as empresas buscam uma
nova maneira para adequar seus valores às necessidades presentes, no sentindo
de desenvolver um novo comportamento para sua permanência no mundo
empresarial. Trata-se da Responsabilidade Social, do novo como fazer adquirido
pelas organizações modernas.
Atrelado a esse novo comportamento, está a Ética empresarial, funda- mentada
no relacionamento dos funcionários com os clientes e outros profissionais, atentando-
se aos valores humanísticos de cada um.
Para uma empresa tornar-se ética, precisa ter persuasão, possuir com-
potências para transformar suas ações em concretas e objetivas, evitando e di-
minuindo os obstáculos e dar atenção aos valores que defende, não se deixando
influenciar por fatores externos.
Até pouco tempo atrás, os empresários eram preocupados apenas com
assuntos e atividades que lhes traziam lucros e com seu próprio bem-estar, hoje já se
pode observar certa mudança nesse perfil. Estão assumindo um modelo ético, social
e ambiental, em virtude das sérias questões sociais e ecológicas enfrentadas pela
população e pelo p l a n e t a .
A preocupação com os sérios problemas que o mundo enfrenta, como a fome,
a deficiência na educação, a falta de moradia, a violência e o desemprego, aumentou
de forma considerável, levando as empresas a assumirem uma postura de empresa
solidária, em conjunto com seus colaboradores, todos uni- dos em busca de um único
objetivo: melhorar a qualidade de vida no planeta.
Cada vez mais, pesquisas apontam o crescimento de ações sociais
realizadas pelas empresas com a colaboração de seus profissionais. Mediante

24
esse resultado, pode-se concluir que os executivos e seus funcionários estão
obtendo uma nova consciência ética em seus negócios e os consumidores,
dispostos a participar com a certeza que será para um bom motivo.
Com a globalização, as empresas precisaram se auto avaliar frequente-
temente. Passaram a adotar valores éticos e morais rigorosos para manter uma boa
imagem diante do público, como é o caso da Natura, O Boticário, e de alguns bancos
como Banco Real/Santander, Unibanco/Itau e Bradesco.
Pode-se concluir que as empresas associaram valores éticos à marca, para ser
um diferencial em seus produtos e alcançar um bom resultado, como por exemplo,
garantir sua permanência no atual mercado competitivo, atrair e preservar clientes que
também se preocupam com as condições sociais. E hoje são as maiores
transformadoras da sociedade.
Outro fator que contribui para o sucesso de tal investimento é a inserção dos
programas sociais na cultura e missão da organização, só que os colaboradores
devem ter total conhecimento dessa cultura para que assim a valorize e a admire.
É claro que tem muito ainda que se investir nesses projetos de desenvolvimento
social e na gestão participativa, mas aos poucos, as empresas estão promovendo
treinamentos e eventos para incentivar seus colaboradores e líderes nesse sentido.
A realização desses projetos é importante, pois estabelecem normas e padrões
adequados para tarefas empresariais socialmente responsáveis.
Outra questão considerável a ser adotada, é a inclusão como requisito no
processo seletivo o ser cidadão, aquele que tem a função de contribuir com a missão
da empresa e com a finalidade de transformar o mundo em outro melhor, recuperando
a segurança social, pois uma empresa só se transforma em empresa cidadã quando
é constituída por cidadãos.
O indivíduo cidadão irá trabalhar em função da responsabilidade e segurança
social, na tentativa de reverter o atual quadro de pobreza e exclusão social
existente em vários locais do planeta.
Portanto, pode-se dizer que uma empresa é responsavelmente social
quando ela deixa de ser apenas um agente econômico, que visa somente o lucro
e a riqueza, para também ser um agente social contando com a influência e a
participação de membros externos.

25
Responsabilidade social de empresas

Várias definições podem ser atribuídas a Responsabilidade Social. A mais


comum, porém, é conceituá-la como o conjunto das atitudes dos cidadãos e
organizações públicas ligadas a ética e direcionadas para o desenvolvimento
sustentado da sociedade, preservando o meio ambiente para futuras gerações e
impulsionando a diminuição das desigualdades sociais.
As empresas sentem o dever de se tornarem responsáveis, uma vez que
questionadas sobre o futuro da sociedade e da economia, percebem os efeitos
causados pelas suas atividades e reconhecem a necessidade de reparar seu
comportamento.
Se veem frente a um desafio, o de modificar sua identidade para uma que
agregue responsabilidade social à áreas financeira, logística, comercial e operacional.
Dessa forma, uma empresa com responsabilidade social, além de participar de
forma mais direta das ações comunitárias nos locais onde estão inseri- das e
reduzirem os danos ambientais resultantes de suas atividades, tornam-se parceiras e
corresponsáveis pelo desenvolvimento social.
Responsabilidade social empresarial é o com- prometimento permanente
dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o
desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente, a qualidade de vida
de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como
um todo. (SILVA, 2001).
Toda empresa responsavelmente social possui deveres morais junto à
sociedade. Tais deveres podem ser do tipo reparador ou preventivo. Reparador,
quando a empresa recupera o meio ambiente após prejudicá-lo com suas ativi- dades
e preventivo, quando a empresa se esforça para não causar danos à ele.
As seis diretrizes da responsabilidade social?

Adote valores e trabalhe com transparência: O passo inicial para se tornar


uma empresa socialmente responsável é avaliar os seus valores éticos e transmiti-
los aos seus públicos através de um documento formal. Além disso, a empresa tem
que praticar o que ela se propõe e agir da forma mais transparente possível.

26
Valorize empregados e colaboradores: É prioritário que a empresa cumpra as
leis trabalhistas, pois empresas que valorizam seus funcionários valorizam, na
verdade, a si mesmas.
Faça sempre mais pelo meio ambiente: O produtor deve se informar e
cumprir toda a legislação ambiental, com destaque para o uso da água (ortoga),
para a proteção de matas ciliares e de reserva legal.
Proteja clientes e consumidores: Outro passo é adotar técnicas de Produção
Integrada de Frutas (PIF) e, se possível, ter alguma certificação de ali- mento
seguro. É importante ter a certeza de que esse produto que saiu da sua
propriedade não sofra nenhuma contaminação ou qualquer outro processo até o
seu destino final que possa apresentar risco à saúde e à imagem da sua em- presa
junto ao consumidor.
Promova a comunidade: É importante à empresa identificar os problemas da
comunidade e tentar soluções em conjunto.
Comprometa-se com o bem comum: As diretrizes anteriores já de- mostram
resultados em prol do bem comum. Mas, é importante que o empresário se
comprometa em ações que não sejam simplesmente marketing para diferenciar o
seu produto junto ao consumidor final. É preciso que o empresário tenha ações que
decisivamente contribuam para o desenvolvimento de sua região e do país.

Benefícios da responsabilidade social nas empresas

É a nova forma de gestão empresarial, onde existe um compromisso da


empresa em relação à sociedade em geral. E, para uma empresa ter sucesso, para
conquistar e ampliar mercado, para ter competitividade, a prática da responsabilidade
social e a prestação de contas de seu desempenho são indispensáveis.
A Responsabilidade Social está sendo vista, como um compromisso da
empresa com relação à sociedade e a humanidade em geral, compreendendo que
o papel atual das empresas vai muito além da obtenção de lucro.
Sendo assim Responsabilidade Social é entendida como o compromisso que
uma empresa tem com o desenvolvimento, bem-estar e melhoramento da
qualidade de vida dos empregados, suas famílias e comunidade em geral.

27
A base da responsabilidade social corporativa está na concepção de que a
entidade responde a critérios éticos de comportamento

O valor da Ética

Como citado anteriormente, ética é o estudo do comportamento dos indivíduos,


julgando-os adequado ou não, perante a sociedade ou a organização. É estar sempre
bem consigo, opor-se às fraquezas e vícios, desenvolver e cultivar virtudes, preservar
o meio ambiente, enfim, é ser feliz.
Esse tema tornou-se um assunto debatido em toda sociedade brasileira. Na
atualidade, observa-se uma renovação moral, com uma nova conscientização, pois
não é possível viver em sociedade sem possuir limites, princípios, valores e respeito
à pessoa.
No mundo empresarial, a Ética é a chave para a Sustentabilidade - maneira
como a sociedade suprirá suas necessidades, ao mesmo tempo que preservará o
meio ambiente e seus ecossistemas - e são as atitudes e os comporta- mentos de
seus colaboradores que fazem dela uma empresa ética ou não.
A Ética contribui para o desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo que
colabora com a preservação ambiental e com a melhora da qualidade de vida de
seus colaboradores, familiares e da comunidade em geral.
Algumas até, possuem um código de ética, que deve ser seguido
rigorosamente pelos funcionários, obtendo a confiança e o respeito deles, além de
assumir um compromisso com parceiros e clientes e em muitos casos, em virtude
do grande comprometimento da equipe, adquirem o tão sonhado certificado de
reconhecimento.
A pessoa ética, assim como a empresa, só tem a ganhar. Por sempre agir
corretamente e respeitando ao próximo, ganham confiança, credibilidade, clientes e
como retorno, obtém-se o lucro. Este, porém, é a realização pessoal e fator motivador
quando o funcionário se sente envolvido com um projeto de vida.
Na função de gestor, a ética é demonstrada por algumas atitudes, como
abertura para criatividade, delegação de tarefas, fornecer informações necessárias,
observar e proporcionar feedback, estabelecer canais de comunicação, entre outros.

28
Ser ético também é se revoltar com as condições de miséria em que muitas
pessoas vivem ou sobrevivem e tomar atitudes para que essas pessoas retornem
ao convívio social com dignidade.
A ética se destina em realizar o bem comum – não prejudicar ninguém, não se
prejudicar e não permitir que ninguém o prejudique.
Como nos negócios, em razão dos vários relacionamentos com
fornecedores e clientes de diferentes perfis, não há conduta sem que alguém saia
prejudicado, foi adotado um modelo de ética baseado na responsabilidade,
convicção e virtude.
Responsabilidade: o indivíduo precisa ter consciência que toda ação da
organização afetará as pessoas com as quais têm contato.
Convicção: aquisição de valores que limitam a busca dos resultados
planejados e a ambição da empresa.
Virtude: é a tendência para prática do bem e as pessoas participam das
decisões da organização.
Faz-se necessário lembrar que a ética organizacional não se limita a cada um
desses modelos individualmente, mas sim na sua junção.

CONCLUSÃO

Em decorrência da globalização econômica, as condições ambientais e


sociais do planeta sofreram alguns impactos negativos.
Para reverter tal situação, esse assunto tornou-se pauta principal em grandes
acontecimentos e várias empresas passaram a aderir o projeto para melhoria social e
ambiental. E hoje, pode-se observar significantes adequações feitas pelas empresas
no intuito de amenizar os danos provocados ao meio ambiente ao longo do tempo e
evitar que outros ocorram.
Há uma preocupação crescente das empresas com responsabilidades
social, fazendo nascer uma nova mentalidade empresarial, que valoriza a cultura de
uma boa conduta empresarial para a qual eficiência e lucro podem ser com-
binados com valores, cidadania, preservação ambiental e ética nos negócios.

29
Ao adotar políticas éticas e consolidar esta política a seus funcionários, a
corporação, além de confiável ao corpo funcional que também é responsável pelo
sucesso da empresa, acresce sua imagem perante o mercado, fornecedores e
consumidores, ou seja, os pilares para que uma empresa atinja o verdadeiro sucesso.
Estas políticas éticas levam ao empreendedor o alcance de melhorar o
marketing da organização em busca de aumentar visibilidade, principalmente em
relação a sua fonte de renda e sucesso, os consumidores, através do exercício da
ética com práticas sociais em benefício da comunidade, dos membros da
corporação, do governo e do meio-ambiente seguindo principalmente nas seis
diretrizes da Responsabilidade Social.

BIBLIOGRAFIA

Ética e Responsabilidade Social. Disponível em < http://www.rh.com.br/Portal/


Responsabilidade_Social/Artigo/4402/etica-e-responsabilidade-social-das-em-
presas.html>. Acesso em: 26 de maio 2011

FERNANDES, A. A Responsabilidade Social e a Contribuição das Relações Públi-


cas. Disponível em <http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/responsabi-
lidadesocial/0098.ht >. Acesso em 12/05/11.

MATOS, F. G. Ética Empresarial e Responsabilidade social. Disponível em < http://


www.iacat.com/revista/recrearte/recrearte03/etica_soc-empr.htm>. Acesso em
11/05/11.

ROALE, R. Paradigmas da Administração: Ética e Responsabilidade Social. Dis-


ponível em <http://minhagestao.com/artigos/paradigmas-da-administracao-etica-
e-responsabilidade-social/>. Acesso em 11/05/11.

SANTARÉN, R. Ética e Responsabilidade social. Disponível em < http://www.gol-


finho.com.br/leitores/etica.htm>. Acesso em 09/05/11.

30
SILVA, R. D. O melhor caminho, para àquele que deseja trilhar o rumo da res-
ponsabilidade social e do marketing social. Monografia de Conclusão de Curso
(Graduação em Administração de Empresas) – Departamento de Administração,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001. Disponível
em < http://www.artigonal.com/gestao-artigos/responsabilidade-social-de--empresas-
507837.html>. Acesso em 11/05/11.

SILVA, R. D. O melhor caminho, para àquele que deseja trilhar o rumo da res-
ponsabilidade social e do marketing social. Monografia de Conclusão de Curso
(Graduação em Administração de Empresas) – Departamento de Administração,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001. Disponível
em < http://www.artigonal.com/gestao-artigos/responsabilidade-social-de-empresas-
507837.html>. Acesso em 11/05/11.

TONIELLO, V. B. Ética e responsabilidade social das empresas. Disponível em <


http://www.rh.com.br/Portal/Responsabilidade_Social/Artigo/4402/etica-e-
responsabilidade-social-das-empresas.html>. Acesso em 09/05/11.
bwww.congressocfc.org.br/palestras/26_08_08/Pain%C3%A9is/PAINEL%20
N%C2%BA%208%20%C3%89tica%20e%20responsabilidade%20social/
C%C3%A9sar%20Eduardo%20Stevens%20Kroetz/Cesar%20Kroetz%20Pai-
nelRSCesar.pdf>. Acesso em 12/05/11.

12 LEITURA COMPLEMENTAR 2

Ética e Responsabilidade Social Empresarial na utilização da Tecnologia da


Informação

Bárbara Neves de Britto


Universidade Federal de Pelotas
- UFPEL

31
RESUMO
A sociedade da informação vem proporcionando ao homem uma melhor
qualidade de vida e cultura. Entretanto, vimos a consolidação do desemprego, da
exclusão digital e social, da concentração de renda e a excessiva falta de ética no
uso da tecnologia da informação.

Assim, neste artigo, analisa-se fundamentos da ética, sobretudo a aplicada


ao contexto empresarial, de modo que agregue valor às organizações e fundamente
suas responsabilidades sociais com seus diversos públicos, utilizando, por
exemplo, códigos de ética e programas estratégicos que conscientizem o uso
adequado dos recursos humanos e tecnológicos.

• Palavras-Chave: Ética. Responsabilidade Social Empresarial.


Tecnologia da Informação.

INTRODUÇÃO

A preocupação com questões sociais é constante na humanidade. O estudo da


conduta vem evoluindo desde a antiguidade grega, com diversas teorias e aplicações,
a ética torna-se fundamental em todas as áreas.
No ramo empresarial, questões de caráter ético e social, são verdadeiros
diferencias às organizações. Nossa sociedade, com o avanço dos recursos
tecnológicos, se mostra cada vez mais exigente em relação a estes aspectos.
Com isso, a responsabilidade social empresarial consiste naquelas ações,
medidas e estratégias desenvolvidas pelas organizações que permitem a interação
entre as partes envolvidas no todo organizacional, de modo que haja uma melhor
satisfação de todos, em paralelo ao planejamento e as atividades da organização.
Neste contexto, o artigo apresenta fundamentos e princípios de ética e de
responsabilidade social empresarial com foco no uso adequado dos recursos da
tecnologia da informação, de modo que se fortaleça a imagem das instituições, em
uma estratégia de mercado significativa, favorecendo a sustentabilidade e agregando
valor à sociedade.

32
CONSIDERAÇÕES DE ÉTICA

Conforme ABBAGNAMO (1998), definimos ética e moral:


Ética, “a ciência da conduta”, refere-se ao estudo dos juízos de apreciação da
conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal.
Moral, “o objeto da ética, conduta dirigida ou disciplinada por normas”,
referindo-se ao conjunto de regras de conduta ou hábitos julgados válidos, quer de
modo absoluto, quer para grupo ou pessoa determinada.
Em suas derivações vimos que palavra ética vem do grego ethos, que pode se
entender como “modo de ser” ou caráter. E moral deriva do latim mos ou mores,
podendo se traduzir por “costume” ou “costumes”.
Vimos assim, ética e moral como um conjunto de padrões que são adquiridos
pelos seres humanos por meio dos seus hábitos. Mas, embora muito próximos, não
podemos unificar os termos, pois, segundo SOARES (apud SROUR, 2000):

“A ética opera no plano da reflexão ou das indagações, estuda os costumes


das coletividades e as morais que podem conferir-lhes consistência com o
objetivo de libertar os agentes sociais da prisão do egoísmo que não se
importa com os efeitos produzidos sobre os outros. A ética visa a sabedoria
ou o conhecimento temperado pelo juízo. A moral, por outro lado,
corresponde a um feixe de normas que as práticas cotidianas deveriam
observar, por exemplo, as leis, que iluminam o entendimento dos usos e dos
costumes (p.18-19) ”1.

O ponto de partida da ética é a multiplicidade de diferenças de morais em


épocas diferentes com seus valores, princípios e normas equivalentes. A ética, como
as demais ciências, confronta-se com acontecimentos praticados pelo homem.
Em princípio, tomamos conhecimento da ética filosófica que, em todo o tempo,
buscou estabelecer princípios constantes e universalmente válidos para a boa
convivência em sociedade, definindo o bem moral como o modelo perfeito para agir e
para ser e buscando a inspiração nas divindades, na natureza ou no pensamento
racional. Em seguida, da ética científica que, reconhece o relativismo cultural e o adota
como pressuposto, considerando as normas que as coletividades adotam sem, no
entanto, julgá-las, investigando e explicando a razão de ser da diversidade e da
dinâmica das morais históricas.

33
Ainda segundo SOARES (apud SACCOL e MUNCK), na Grécia, no século V
a.C., Sócrates, questionava os cidadãos atenienses diante os valores de suas
crenças, com o objetivo de fazer com que os indivíduos fossem ao encontro de si
mesmos, fazendo de si próprios o ponto de partida. Conforme sua máxima "conhece-
te a ti mesmo".
Logo, vimos a sociedade medieval que se organiza em regime de servidão,
estratificada em feudos, e a religião estabelece uma unidade social onde a política
depende dela e a Igreja exerce um poder espiritual que controla a vida intelectual.
Assim, neste período a ética está cercada de conteúdo religioso.
Chegamos então a Ética Moderna que compreende o período desde o século
XVI até o início do século XIX, onde a Europa apresenta uma série de transformações
de ordem econômica, política e social, como o Renascimento, onde o homem, ao
invés de Deus, passa a ser o centro da ciência, da política, da arte e da moral.
A ética contemporânea tem suas origens em um movimento que se opõe a uma
ética centrada em valores absolutos. Inclui-se na ética contemporânea tanto as
doutrinas éticas atuais como aquelas que, apesar de terem surgido no século XIX,
continuam exercendo a sua influência nos dias de hoje, como por exemplo, os
pensamentos de KIERKEGAARD, STINER ou MARX.
Neste contexto, compreendemos melhor a preocupação com as questões
humanas em nossa história e fundamenta-se o estudo da ética que pode ser dividida
em metaética, aquela que estuda as condições de verdade e validade dos enunciados
éticos; em ética normativa, que visa responder questões de o que fazer para melhor
viver determinado ações e regras corretas ou ampliando aspectos morais e em ética
aplicada a aspectos de nossa atualidade, no caso deste artigo aos ambientes
empresariais, conforme expõe-se a seguir.

ÉTICA APLICADA AO CONTEXTO EMPRESARIAL

A ética aplicada surge como uma resposta à problemas, sendo uma reflexão
com base na realidade.
O debate acerca da ética aplicada é uma questão inteiramente contemporânea.
O ethical turn representa, pois, uma transformação na filosofia contemporânea. Essa

34
mudança introduz uma preocupação com os interesses e necessidades concretas de
uma sociedade em transformação. Assim, além da fundamentação, surge, por
conseguinte, a necessidade de normatizar as práticas nas suas situações específicas.
Nesse contexto, aparecem diversos âmbitos de aplicação, envolvendo profissionais
de diferentes áreas. Cada esfera da vida prática se vincula a uma ética aplicada. Daí,
então, a expressões éticas aplicadas. Da mesma forma como se fala em distintas
situações específicas, utiliza-se o plural para designar o conjunto das diferentes áreas.
A expressão surgiu na década de 60, ampliando-se nos anos 70, com setores
como a bioética, a ética refletindo sobre a vida (animal e ambiental) e a ética nos
negócios. Atualmente, esse horizonte parece ampliar-se, buscando contemplar a
diversidade de áreas ou campos de aplicação.
Em outras palavras, esses novos âmbitos abarcam a bioética, a genética, a
ética econômica, a ética dos negócios e do mundo empresarial, a ética dos meios de
comunicação (ou da mídia), a ecoética ou a ética do meio ambiente, a infoética e
assim por diante. Há, pois, éticas para todos os gostos e setores, isto é, uma divisão
bastante significativa de novos vocábulos, que vão do esporte ao consumo, do
conceito de economia e de desenvolvimento à questão da responsabilidade social.
Chegamos então a analisar a questão da ética aplicada aos negócios, para
LEISINGER (2001), moral empresarial é o conjunto daqueles valores e normas que,
dentro de uma determinada empresa, são reconhecidos como vinculantes. E a ética
empresarial reflete sobre as normas e valores efetivamente dominantes em uma
empresa, interroga-se pelos fatores qualitativos que fazem com que determinado agir
seja um agir “bom”. Como ética aplicada ela tem como meta estabelecer, por meio do
acordo com as pessoas atingidas pelo agir empresarial, normas materiais e
processuais que foram postas em vigor na empresa como possuindo caráter
vinculante. Com isso visa-se restringir os efeitos conflituosos do princípio do lucro na
direção das atividades empresariais concretas. Em sentido amplo este modo de
pensar baseia-se na ideia de um contrato social segundo o qual todos os membros da
sociedade se comportam de uma maneira harmoniosa, levando em conta os
interesses dos outros.

35
SOARES, Bárbara. Artigo: A abordagem da ética nos cursos de
2

graduação em administração de salvador. Salvador 2005.

Para SOARES (apud BRIGHAM e HOUSTON), a ética empresarial pode ser


entendida como “a atitude e a conduta de uma empresa em relação a seus
2
empregados, clientes, comunidade e investidores. (p.16).”

Para os autores é essencial que essa relação considere o respeito a leis e


regulamentos quanto à elaboração de seus produtos, prestação de serviços,
destinação ambiental dos rejeitos das atividades produtivas, qualidade, meios,
métodos de comercialização, relações com investidores e acionistas, entre outros.
Assim, o comportamento ético premia a empresa ao fortalecer a sua imagem
perante investidores e comunidade, ao atrair talentos e manter satisfeito o corpo de
funcionários e ao permitir ampliar os negócios com clientes que compartilhem da
mesma linha ética de atuação.
A base ética da organização envolve o processo de como as escolhas são
realizadas e a repercussão destas escolhas na vida da organização.
De acordo com SOARES (apud NASH), o gestor, para atingir aqueles objetivos
desejados pelos acionistas, toma decisões que em geral compreendem três áreas
básicas: escolhas quanto à lei, escolhas em áreas de valores humanos e escolhas
que levam em consideração o interesse próprio.
Quanto à lei, as escolhas apresentam-se como um quesito concreto e muito
aderente aos regimes jurídicos como o brasileiro que tem origem no direito romano e,
assim, não se admite a resolução de conflitos pela adoção do costume. O gestor, ao
escolher de que forma a lei se aplica ou não ao seu caso, faz juízo de valor conforme
suas crenças pessoais e institucionais.
As escolhas relativas a valores humanos referem-se às ações que têm por base
a responsabilidade social e ao reparo de danos a terceiros por iniciativa própria de
quem os causou independente de ser ou não uma obrigação prevista em lei.
As escolhas, tendo por base o interesse próprio, ocorrem quando os objetivos
individuais vêm antes dos interesses organizacionais ou daqueles que possuem
interesses legítimos nos resultados da organização e incluem decisões quanto aos
direitos de distribuição de dividendos aos acionistas, por exemplo.

36
Entretanto, PIZZI (2006), vê um problema em como reunir interesses diferentes
ou discordantes, ou seja, possibilitar um diálogo e um possível acordo consensual
entre os protagonistas ou implicados com propósitos que nem sempre parecem ser
conciliáveis.

SOARES, Bárbara. Artigo: A abordagem da ética nos cursos de graduação em


administração de salvador. Salvador 2005.

Deste modo, a ética aplicada, não trata apenas de empregar princípios


definidos através do processo de fundamentação, mas de aplicá-los a casos
específicos. Sendo assim, a legitimidade das decisões somente pode ser reconhecida
como válida sempre e quando houver um mínimo de consenso de todos os
concernentes, ou seja, dos que estão direta e indiretamente, envolvidos com as
consequências das deliberações.
Logo, a ética aplicada trata de fazer com que a reflexão dê-se por meio do
aprender uns com os outros. Não dependendo somente do interesse particular de
cada sujeito, nem permitindo supremacia das ambições de grupos fechados ou
facções interesseiras. A força das decisões está no caráter ético coletivo e
intersubjetivo, isto é, no procedimento deliberativo que permite o consenso entre todos
os envolvidos (direta ou indiretamente).
Assim, a cooperação entre todos e também a participação são essenciais. Pois
não há como reclamar colaboração de alguém que não participou do processo
decisório. Não se exige do sujeito responsabilidade, uma vez que foi excluído da
decisão lhe sendo negada participação no momento de deliberar.
Neste contexto, conforme SOARES (apud SROUR), o meio empresarial está
permeado de contradições éticas. Os objetivos da empresa de maximizar o lucro vão
de encontro com os objetivos dos empregados de receber o maior salário possível. O
desejo dos fornecedores de cobrar preços confortáveis colide com o desejo dos
clientes de ter produtos de boa qualidade e preço baixo. O desejo de um executivo
de contratar um amigo choca-se com a necessidade da organização em buscar o
candidato mais competente que o mercado possa oferecer e com a exigência da
sociedade de dar oportunidade igual para todos.

37
No mundo dos negócios, os dilemas éticos parecem complicados porque os
benefícios da conduta ética aparentam ser, num primeiro momento, pouco
quantificáveis, mas é indiscutível a importância da ética para as organizações nos
relacionamentos com seus diversos públicos, tanto que conforme SILVA (2003)
podemos ver, em nível mundial, movimentos de setores da sociedade em busca da
ética:
Em 2000 foi criada a Social Accountability Internacional (SAI), para implementar
o selo AS 8000, que certifica a conduta ética das empresas em relação aos
trabalhadores e o respeito aos direitos humanos, nos moldes das normas ISO 9000 e
da ISO 14000. Outra organização, a AccountAbility, com sede no Reino Unido, lançou
há dois meses seu certificado de comportamento ético, o AA 1000.
Um estudo de 1999, envolvendo 124 empresas de 22 países, produzido pela
Conference Board, uma organização não lucrativa que promove estudos sobre
gestão, concluiu que 78% dos Conselhos de Administração das companhias
americanas estavam disseminando padrões éticos (em 1991, eram 41% e, em 1987
apenas 21%).
No Brasil, o Instituto Ethos tinha apenas 11 sócios em 1998, quando foi
fundado. Esse número já ultrapassou a casa dos 750, formado por empresas que
respondem por 30% do PIB do país.
Criada em 1992, com cerca de 50 empresas a organização americana Business
for Social Responsability (Negócios pela Responsabilidade Social), reúne hoje mais
de 1400 filiadas, que faturam em conjunto mais de 2 trilhões de dólares por ano.
Também fundada em 1992, a Ethics Officer Association (associação que busca
orientar o trabalho dos diretores de ética nas empresas), contava apenas com 12
membros. Tem hoje 890 sócios (cerca de 150 se filiaram depois dos escândalos das
fraudes contábeis nos Estados Unidos), e a frequência das reuniões aumentou 50%,
segundo seu diretor Ed Petry.
Sendo assim, a ética apresenta-se inerente à vida humana e empresarial.
Todos como agentes sociais, possuem o dever de prestar a contribuição que lhes seja
possível para que se alcance um desenvolvimento duradouro.
A importância da ética é bastante evidenciada na vida pessoal e profissional de
cada um, porque todos têm suas responsabilidades individuais e sociais. Tanto que

38
várias profissões possuem seus códigos de ética e conduta consolidados, assim
como, diversas empresas estão compondo comitês de ética, participando de
auditorias éticas e elaborando seus códigos de ética, onde expõem seus
compromissos adquiridos frente a cada um de seus interlocutores e expressão dos
valores básicos que orientam suas atividades.
Assim, nas as empresas se reconhece que as responsabilidades não envolvem
unicamente os eventuais resultados financeiros da empresa, pois existe uma relação
entre as atividades empresariais e a sociedade, e deve se levar em conta as
responsabilidades econômicas, sociais, ecológicas e tecnológicas de cada
organização.
O capítulo a seguir fundamenta a responsabilidade social empresarial, focando,
sobretudo, o público interno e logo o uso ético dos recursos da tecnologia da
informação.

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL –RSE


Muitos fatores contribuíram para a ascensão do tema Responsabilidade Social.
Mudanças ocorridas, principalmente nas últimas duas décadas, no contexto sócio-
político-econômico, tais como: a quebra do modelo fordista/keynesiano de trabalho,
avanços tecnológicos e de gestão, desemprego, exclusão social, questões
relacionadas aos impactos negativos causados ao meio ambiente, mercado
consumidor mais exigente e participativo, dentre outros, estabeleceram um novo
panorama mundial, voltado para as questões de cunho social.
Assim, o movimento da RSE (Responsabilidade Social Empresarial) decorre de
três fatores que marcam a época atual:
A revolução tecnológica (satélites, telecomunicações), que eliminou distâncias
e multiplicou a troca de informações via televisão, jornais, rádio, telefone e internet;
A revolução educacional, que é consequência do número cada vez maior de
pessoas que frequentam escolas e querem mais informações;
A revolução cívica, que é representada por milhões de pessoas organizadas de
todo o mundo reunidas em associações e organizações não-governamentais (ONGs),
defendendo seus direitos e seus interesses, como a promoção social e a proteção
ambiental.

39
Deste modo a RSE, deixou de ser uma opção para tornar-se fator estratégico
na política das empresas. Quando se aborda o tema são recorrentes discussões
acerca da ética empresarial ligada ao marketing social, por exemplo. É comum ainda,
a confusão entre os conceitos de responsabilidade social e de ação social, sendo que
a ação social (filantropia) faz parte da responsabilidade social, porém, em geral, pode
representar um ato responsável momentâneo e não ser continuamente socialmente
responsável para a sociedade como um todo.
Com isso, dentre as definições de RSE difundidas pelos diferentes organismos,
instituições universitárias e pesquisadores, destaca-se a do Instituto Ethos de
Empresas e Responsabilidade Social:

“Responsabilidade Social é uma forma de conduzir os negócios da empresa


de tal maneira que a torna parceira e corresponsável pelo desenvolvimento
social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade
de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários,
prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e
meio- ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento de suas
atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos
3
acionistas ou proprietários. ”

Logo, a responsabilidade social, agrega um caráter de integração entre a


empresa e a sociedade tendo a prática social e a valorização humana como
responsáveis pelo desenvolvimento do público interno e externo, ou seja, pelo
desenvolvimento da própria empresa e seus stakeholders*.
Neste ponto, é importante considerar que FREEMAN (2002), delimitou o
espaço da responsabilidade social para uma dimensão mais restrita de stakeholder.
Para ele, o termo stakeholder inclui qualquer grupo ou indivíduo que possa afetar
ou é afetado pelos objetivos organizacionais. Fundamentando assim, sua teoria
sobre stakeholders, com características para imposição de estratégias flexíveis de
gerenciamento, estabelecimento de direcionamentos à organização atendendo os
diversos ambientes de atuação, de modo transparente e que O termo
stakeholders refere-se a “qualquer grupo ou indivíduo que é afetado ou que afeta o
alcance dos objetivos das organizações” estimulando o compartilhamento de um
conjunto de valores, para que todos tenham participação e interesse na

40
sobrevivência, em longo prazo, da empresa e tenham integração e sucesso em
seus interesses.
Assim, para LEISINGER, o termo stakeholders refere-se a todos envolvidos no
ambiente social de uma empresa, com os mais variados interesses. Sejam eles, por
exemplo, funcionários, clientes, ecologistas, fornecedores, vizinhos, fornecedores,
concorrentes, sindicatos e associações, representantes e autoridades políticas.
Nesta linha, baseados na teoria dos stakeholders, toma-se conhecimento que
no Brasil, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social desenvolveu
indicadores qualitativos e quantitativos que buscam definir o papel de uma empresa
socialmente responsável, com o objetivo de realizar uma avaliação da gestão, planejar
e concretizar estratégias que contribuam para o desenvolvimento social. A fim de que
as relações e práticas corporativas com os diversos públicos sejam feitas.

Fonte: Instituto Ethos - www.ethos.org.br

De forma ética e transparente se torna necessário um modelo estratégico que


possibilite às empresas definir o que deve ser planejado em termos de metas e
objetivos.
Logo, o Instituto Ethos apresenta sete diretrizes essenciais para a RSE:

1ª Adoção de valores e trabalho com transparência


2ª Valorização de empregados e colaboradores
3ª Fazer sempre mais pelo meio ambiente
4ª Envolver parceiros e fornecedores
5ª Proteger clientes e consumidores
6ª Promover sua comunidade
7ª Comprometer-se com o bem comum

Também vimos, que MEIRA e OLIVEIRA (2004), apresentam quatro dimensões


da responsabilidade social corporativa, todas relacionadas à obrigação de uma
organização maximizar seus impactos positivos na sociedade e minimizar seus
impactos negativos, conforme a imagem a seguir

41
Filantrópica
Seja uma
empresa
cidadã;
contribua com
recursos para
a comunidade
e melhore a
qualidade de
vida.

Ética
Fazer o que é certo,
justo e correto; não prejudique as
pessoas e o meio ambiente.

Legal
Obedeça à lei, e siga as “regras do jogo”

Econômica
Seja rentável (base que sustenta todas as demais responsabilidades

Figura 1 – Dimensões da RSE (Fonte: Comportamento do cliente (p. 268))

Neste sentido, destacamos a Responsabilidade Social Empresarial como um


princípio diferencial às organizações que lhe consideram, pois, seus valores aplicados
na organização repercutem em prol de vantagens competitivas e sucesso a longo
prazo nas atividades, qualidade e imagem das corporações.
O exercício de RSE pressupõe uma atuação eficaz da empresa em duas
dimensões: a gestão de social interna e a gestão social externa. A responsabilidade
social interna focaliza o público-interno da empresa, seus empregados e dependentes
enquanto a responsabilidade social externa tem como foco a comunidade mais
próxima da empresa ou o local onde ela está situada.
Para MELO NETO (1999), as ações de gestão interna de responsabilidade
social compreendem os programas de contratação, seleção, treinamento e
manutenção de pessoal, ou seja, todas aquelas medidas realizadas pelas empresas
em benefício de seus colaboradores, assim como os demais programas voltados para
a participação nos resultados e atendimento de dependentes. Inclusive, destaca-se

42
que algumas empresas estendem sua rede de ações internas de responsabilidade
social, a equipe de empresas contratadas, terceirizadas, fornecedores e parcerias.
Deste modo, as empresas socialmente responsáveis não se limitam a respeitar
apenas os direitos consolidados aos trabalhadores, elas investem na melhoria das
condições de trabalho, no desenvolvimento pessoal e profissional de seus
funcionários, estreitando relações com diálogo, participação e respeito aos indivíduos.
Toda cultura de gestão interna responsável termina por repercutir no todo
empresarial, fortalecendo a atuação da organização junto a comunidade externa
através das mais variadas medidas, desde, por exemplo, a organização de parcerias
com o governo, voluntariados, até a colaboração em programas sociais, ambientais e
tecnológicos.
Aspectos de tecnologia serão abordados no capítulo a seguir, que busca
analisar, especificamente, questões de responsabilidade social e ética em empresas
da área de tecnologia da informação.

ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA


DA INFORMAÇÃO: ESTUDO DE CASOS

A atual sociedade da informação, apesar de trazer consigo enormes benefícios


pela utilização da tecnologia como ferramenta administrativa, provoca flutuações e
turbulências consideráveis nos negócios de uma organização.
Os sistemas empresariais dão suporte, em essência, para três camadas da
organização, ou seja, as camadas de suporte tático, gerencial e operacional. Sendo o
primeiro aquele que permite respostas ágeis e acertadas no campo das estratégias
organizacionais, o segundo, possibilita uma melhor integração e colaboração de
dados intra e interdepartamentais, melhorando as respostas de gerenciamento e por
fim a terceira que admite um melhor controle interno de todas as atividades
organizacionais.
Neste contexto, todos os benefícios provocados pela tecnologia, causaram
também alterações consideráveis em todos os segmentos da sociedade. Quando se
trata de tecnologia é importante considerar uma rede de relacionamento entre ela, o

43
trabalho, a educação e a sociedade, para uma melhor visualização de seus impactos
positivos e negativos.
A utilização da tecnologia tem levantado questões como a violação de
privacidade, o desemprego causado pela automação dos processos, a exclusão
digital. Mas é interessante lembrar que a mesma revolução tecnológica que causou o
desemprego, permitiu o aparecimento de novas atividades que requerem mão-de-
obra especializada, impondo ao mercado de trabalho a necessidade de profissionais
melhor qualificados.
Desta forma, a ética é utilizada para determinar os valores que estabelecem as
fronteiras morais no desenvolvimento e no uso de sistemas tecnológicos. Podendo
ser traduzida pela busca do “bem-estar social”, onde os envolvidos se baseiam em
práticas de respeito ao espaço e aos valores dos indivíduos que o cercam. A ética
necessita então de um mesmo nível de atualização que os novos paradigmas gerados
pela sociedade da informação.
Além da virtude humana, que permite que os indivíduos revejam suas ações, é
conveniente que as organizações participem da conscientização ética e social de seus
envolvidos. A fim de evitar casos de má interpretação de certos direitos fazendo com
que alguns se aproveitem de determinadas situações com falsos moralismos.
A criação de códigos de ética, ou seja, de acordos explícitos entre os membros
de determinada organização, é uma das formas mais indicadas para o
desenvolvimento de objetivos e princípios universais da ética em determinado meio.
Como no caso da ASSESPRO NACIONAL - Associação das Empresas
Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet, que em seu Estatuto
Social estabelece no Capítulo III, artigos 28º e 29º, a existência de um Código de Ética
a ser observado e seguido por todas as empresas associadas à ASSESPRO:

“ A constante evolução das condições econômicas, sociais, políticas e


culturais da Sociedade Brasileira, resultaram no amplo reordenamento das
organizações empresariais do setor de tecnologia, do Estado e da Sociedade
Civil, pautando a ‘ética’ como um dos temas fundamentais nas últimas
décadas, tornando imprescindível a atualização do código de ética vigente;
Um ‘código de ética profissional’ deve ser resultante de um pacto profissional
em torno das condições de convivência e relacionamento existente entre as
categorias integrantes de um mesmo setor profissional, visando uma conduta
cidadã;
As empresas associadas têm no cumprimento correto das normas de
comportamento ético, um dos pilares da sustentação institucional da

44
Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software
4
e Internet; ”

A ética profissional regulamenta o agir e o desempenho ético das profissões,


neste contexto percebe-se que com o efeito da globalização a responsabilidade ética
exigida pela sociedade se resume cada vez mais em transparência e respeito.
A utilização da tecnologia para o desenvolvimento de diversas atividades tem
definido uma série de mudanças no código de ética de várias profissões. O uso da
tecnologia como ferramenta de trabalho é alvo de vários atos antiéticos, como, por
exemplo, culpar o computador por um trabalho não desenvolvido, como se o
equipamento pudesse justificar a não-conclusão de um trabalho por um mau
gerenciamento de tempo para resolvê-lo. Tal atitude mostra-se preocupante, uma vez
que o equipamento não tem como se defender de uma possível falha, tornando fácil
a aceitação dessa justificativa por parte do usuário.
Assim, é preciso conscientizar os profissionais para enxergarem suas
atividades com clareza e assumirem suas sobrecargas no trabalho ao invés de culpar
os equipamentos. Alguns profissionais integrantes do corpo internacional ativo de
Desenvolvedores Web (Web Developers) e “Internet Marketers” criaram um código de
ética na Internet para essa categoria. Esse código de ética, simbolizando pelo logotipo
PPN (Professional Presence Network, ou rede de presença profissional), tenta elevar
os padrões do setor pela observação de princípios éticos profissionais comuns.
As formas mais recentes de emprego da tecnologia têm definido um novo
comportamento ético nas organizações, chamado Ética Virtual, pois em
relacionamentos dados pela Internet, por exemplo, não há o contato direto e visual
entre os envolvidos, impedindo a avaliação das consequências causadas pela
insatisfação do cliente.
Sabemos o quanto é importante ter a credibilidade da sociedade nas
organizações e isso também é inquestionável em transações virtuais, com fim de
sobrevivência ao comércio eletrônico, por exemplo.
Entretanto, apenas uma visão ética na organização não é suficiente para
consolidar uma boa imagem perante a sociedade. Também é necessária a
preocupação com o social, ou seja, a responsabilidade social da empresa seja em
patrocínios à educação e à cultura, ao esporte e a projetos ambientais.

45
A IBM - International Business Machines Corporation é uma das empresas que
se preocupa com estas questões, utilizando tecnologia em grade, que realoca a
capacidade ociosa de máquinas para outros trabalhos, desenvolveu o projeto World
Community Grid que será o maior computador público do mundo em benefício da
humanidade. Ao aproveitar o "tempo ocioso" de PCs de milhões de casas, escolas e
escritórios, uma infra-estrutura de força computacional flexível e permanente é
estabelecida e oferecida aos pesquisadores de questões humanitárias globais, como
estudos sobre a varíola.
• O World Community Grid foi criado sobre uma infra-estrutura e
suporte IBM, assim como o software da United Devices, e se caracteriza por
um Conselho Consultivo composto de especialistas internacionais famosos
em ciências ligadas à saúde, tecnologia e filantropia.
• É importante ressaltar que o World Community Grid é seguro,
gratuito e de fácil utilização. Para ter acesso, basta fazer o download e a
instalação de um software gratuito em seus computadores. Quando ociosos,
os computadores solicitam dados ao servidor do World Community Grid. Os
computadores então fazem os cálculos utilizando esses dados, enviam os
resultados de volta ao servidor e solicitam novos dados para um novo trabalho.
• Isso auxilia a lidar com problemas humanitários globais, como:

 Pesquisa de doenças infecciosas novas e existentes:


Buscando a cura para HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana)
e AIDS (Síndrome da imunodeficiência adquirida), SARS
(Síndrome Respiratória Aguda Grave), malária e outras.
 Pesquisa de doenças e do genôma: O projeto Human Proteome
Folding - o primeiro do World Community Grid - procura ajudar a
identificar as funções das proteínas que são codificadas pelos
genes humanos.
 Desastres naturais e fome: As aplicações do World Community
Grid podem ajudar os pesquisadores e cientistas com a previsão
de terremotos, melhorando as colheitas e avaliando o
fornecimento de recursos naturais críticos, como a água.
A PROCERGS – Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio
Grande do Sul, é uma outra organização que em parceria com prefeituras do Interior
do Estado e instituições privadas tem participado de projetos de inclusão digital. O

46
projeto Via Pública, que visa proporcionar à população, em geral, acesso ao
computador e à internet gratuitamente.
No estado já há 11 municípios atendidos, com 14 pontos de atendimento. O
projeto de Telecentros consiste em um espaço de universalização do acesso aos
recursos tecnológicos e de capacitação de pessoas para o uso dos computadores e
da Internet, além de se constituir num ambiente de comunicação e informação para
uso das comunidades. O projeto já treinou cerca de 250 usuários e, atualmente são
realizadas mais de 600 consultas à Internet por mês. E ainda o projeto Cidadão Digital,
da PROCERGS em parceria com a Dell Computadores, tem o objetivo de ensinar
alunos, professores e funcionários da rede escolar do ensino médio a usar
computadores. Desde sua implantação em 2002 o projeto já atingiu 2 mil alunos.
Outra iniciativa, de menor complexidade, mas também relevante é a doação de
equipamentos realizada pela UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul:

“ O Instituto de Informática da UFRGS (II) repassa os equipamentos que


foram substituídos em suas instalações para outras unidades da
Universidade. Em 2002, foram doados 75 equipamentos; e em 2003, mais
110 máquinas, entregues em março deste ano. A Escola Técnica da UFRGS
foi uma das beneficiadas e recebeu um laboratório completo, com 10
máquinas, servidor e manuais. ‘Os equipamentos foram muito bem-vindos,
trata-se de uma iniciativa maravilhosa. A última remessa beneficiou inclusive
um núcleo de trabalho nosso que tem como foco deficientes auditivos e
visuais’, afirma a diretora da Escola, Liana Richter.

‘Nós, do Instituto, estamos satisfeitos de poder contribuir com este tipo de


projeto’, acrescenta o chefe dos laboratórios do II, Luís Otávio. Segundo ele, nos
últimos anos, o II tem transferido equipamentos com frequência, devido às
atualizações dos seus laboratórios. ‘Felizmente, convênios com empresas e projetos
de pesquisa nos possibilitam fazer essa renovação constante das máquinas. ’

A transferência de equipamentos dentro da Universidade é realizada com a


finalidade de fazer uma ‘integração interna’ entre os setores. ‘Com isso,
equipamentos que não estão mais se adequando à necessidade dos nossos
alunos e professores são repassados para unidades que necessitam somente
5
de computadores com configurações básicas’, explica Soares. ”

Nestas bases, a reflexão ética é importante ainda nos processos de tomada de


decisões nas empresas. Ao tomar decisões na empresa é fundamental que os

47
profissionais tenham consciência que a ação não afetará apenas sua vida e da
empresa, mas a vida de todos os stakeholders envolvidos com a organização.
Logo, o comportamento ético em sistemas de informação é bastante complexo,
devido a tecnologia manter um caráter inovador e dinâmico, promovendo constantes
desafios às empresas e a sociedade. Diante a globalização e as mudanças na
interpretação das leis em cada país, a internet e tecnologias provocam uma série de
transtornos em cunho legal, que podemos destacar em:
 Copyright: Representa a expressão de ideias e abrange textos,
programas, imagens, caracteres tipográficos, música, jogos, filmes e
combinações desses itens. Todos os elementos encontrados na internet
possuem copyright, ou seja, tudo aquilo que pode ser encontrado em um
formato tangível possui um copyright associado a ele, mesmo que não
exista algum aviso formal. Dessa forma é importante ter cuidado ao
copiar e utilizar certos materiais para não violar esse direito mesmo a
internet mantendo seu padrão aparentemente aberto de divulgação e
cópias.

 Copyleft: O contrário de copyright. É a permissão para copiar livremente


o software que foi criado inicialmente pela FSF – Free Software
Foundation. Por exemplo, o Linux está protegido pela lei de copyleft.

 Direito intelectual: Devido à facilidade de divulgação e transmissão de


informações na internet, vimos uma série de problemas referentes à
propriedade intelectual. Mesmo que alguns dados estejam disponíveis
na Internet, não significa que seja permitido, copiá-los, revende-los ou
utilizá-los de forma não autorizada. Mesmo estando sob forma digital,
não perde a característica de concepção humana, estando passível de
ação jurídica, seja por meio de direito autoral, seja por meio das normas
de proteção à propriedade intelectual.

 Direito autoral: No Brasil, a lei nº 9.610 da 19/02/1998, altera, atualiza


e consolida a legislação de direitos autorais. O problema de direitos
autorais é amplo, pois falta às pessoas conscientização diante questões
como a pirataria de software, o processo de fotocópia de livros integrais,
a cópia de imagens, músicas e textos, por exemplo, como se esses não
tivessem propriedade.

 Proteção intelectual de software: Os softwares, ou seja, os programas


de computador, estão incluídos no direito autoral e propriedade
intelectual devido ao fato de serem concebidos por pessoas. Com as leis
nº 9.609 e nº 9.610, ambas de 19/02/1998, vimos que a violação de
direitos autorais de programas de computador é crime, punível dom,
pena de detenção de seis meses a quatro anos e multa, passível de ação
48
civil indenizatória, sem prejuízo das medidas cautelares de busca e
apreensão.

Dentre as principais formas de pirataria de software, temos a falsificação, onde


se imitam embalagens, documentação e demais informações, o CD-ROM pirata que
duplica e comercializa cópias ilegais, a revenda de hardware onde empresas
fornecem equipamentos com cópias não autorizadas de softwares já instaladas no
disco rígido, a pirataria individual, ou seja, o compartilhamento de programas com
amigos e colegas, e por fim, a pirataria corporativa, que consiste na instalação de
cópias não autorizadas de softwares em computadores de organizações.
No Brasil, desde 1989, a ABES (Associação Brasileira das Empresas de
Software) iniciou sua campanha antipirataria. Até 1999 a pirataria de software chegou
a cair 35% índice ainda muito evoluir muito.
Para que uma empresa não sofra ações criminais por pirataria de software, é
importante desenvolver algum tipo de controle, contando inclusive com uma auditoria
para o levantamento de dados ilegais, examinado todos os registros relacionados à
aquisição de softwares, como os contratos de licença de uso, as notas fiscais, manuais
e mídias originais.
É importante definir se existe, ou não, a necessidade de avisar os funcionários
antecipadamente sobre uma auditoria. Sem este aviso é provável que sejam
encontrados softwares que não fazem parte do acervo da empresa instalados.

 Comércio eletrônico e as leis de comércio: Com a tecnologia,


vimos uma crescente inovação nas formas de comercialização e
modalidades de produtos. Com isso, as relações entre as empresas e
os consumidores devem ser amparadas por leis regulamentadoras. O
fato é que a velocidade de crescimento da internet foi tão excepcional
que a legislação não consegue acompanha-la, desse modo existem
projetos de lei ainda para a aprovação no Congresso Nacional, enquanto
isso outras leis como a do Código de Proteção e Defesa do Consumidor
(Lei nº 8.078/90) asseguram diversos direitos aos consumidores
referentes as leis de comércio e do comércio eletrônico.

 Questões de privacidade: Nesta nova sociedade de avanços


tecnológicos, a informação passou a ser o bem mais importante,
necessitando de manutenção e armazenamento seguro. Não apenas
as empresas precisam gerenciar seu patrimônio virtual como também
as pessoas, de forma geral, necessitam deste gerenciamento. Assim, a
ética no uso da tecnologia pelas empresas e pelas pessoas passa a ser
ainda mais importante.

49
No campo do direito, o valor das informações passou a ser um assunto
preocupante quando diz respeito a sigilo, privacidade, direitos autorais e propriedade
intelectual. No mundo dos negócios, a preocupação em administrar o conhecimento
empresarial (suas informações) e tirar vantagem competitiva tornou-se um elemento
crucial para as organizações. Tanto que diante essa necessidade foram
desenvolvidas ferramentas e procedimentos de segurança para as informações.
Entretanto, o uso indevido dos serviços de tecnologia e principalmente da
internet pelos funcionários das empresas é um fator que exige cuidado por parte da
organização pois acarreta redução da segurança dos dados e da produtividade.
NETO (2002) revela que em recente pesquisa realizada pelo instituto Forrester
Research dá conta de que em 62% das empresas americanas os funcionários
acessam sites de sexo e de bate-papo durante o expediente. Pelas contas do instituto,
isso representa uma perda anual de 470 milhões de dólares em produtividade. Um
outro estudo, desta vez do SurfWatch, revela que mais de 25% do tempo gasto pelos
funcionários conectados à Internet não tem nenhuma relação com trabalho. Perdas
acidentais de dados, por sua vez, representam semelhante potencial de prejuízo, pelo
que requerem igual tratamento de cautela.
Um dos serviços mais utilizados pela internet é o correio eletrônico, e ,
conseqüentemente, o seu mau uso, em organizações tem acarretado em “censuras”
constantes nas empresas. Neste aspecto, NETO (2002), se manifesta com o resultado
de outra pesquisa:

“Pesquisa realizada pela revista Info Exame mostra que 34,5% das empresas
já monitoram o tráfego das mensagens e 25% pretendem fazê-lo ainda este
ano. Responderam à pesquisa, empresas como a Embraer, Pão de Açúcar,
Basf, Antarctica, Banco do Brasil, BCP e Usiminas. Uma espiada nas
estatísticas do instituto de pesquisas americano Worldtalk Corp. dá uma idéia
do tamanho do problema. Baseado nos dados de 100 empresas, o
levantamento mostra que 31% das mensagens corporativas têm conteúdo
inadequado (de paquera e correntes a informações sigilosas); 10% são spam;
9% contêm arquivos pesados, que congestionam a rede; e 8% carregam
vírus, pornografia ou piadas. ‘No Brasil, mais de 50% das mensagens que
trafegam todos os dias nas redes corporativas são lixo’, afirma Mauricio
Strasburg, diretor da GS Sistemas, empresa especializada em segurança
(p.06) ” 6

Pode-se culpar o uso indevido do e-mail pela demissão de 23 funcionários do


jornal New York Times, e cerca de 31 funcionários da General Motors por envio de

50
pornografia na rede. Isso demonstra a falta de ética de profissionais que deveriam
utilizar a tecnologia para melhorar suas atividades e não para prejudicá-las.
Essas preocupações implicam não apenas no uso indevido dos recursos
tecnológicos da empresa, mas também na redução de produtividade, na possibilidade
de aumento nos erros das atividades, na redução drástica da segurança dos dados
da organização com a vírus, por exemplo.
Uma solução coerente seria obter, já no momento da admissão do novo
funcionário, a assinatura do mesmo no documento individual de adesão à política de
uso de redes de dados, o que pode vir no bojo de outras regras, como diretrizes de
ética corporativa e acordo sobre propriedade de obras e invenções. Os funcionários
que já estiverem no curso de seu contrato de trabalho também devem ser
comunicados e conscientizados de tais políticas, e, ao final, devem aderir
formalmente, por meio de assinatura de termo próprio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As organizações interagem com o ambiente no qual estão estabelecidas, em


constantes adaptações buscam adequar-se as necessidades da sociedade.
Sociedade esta que com os avanços da tecnologia e o contínuo acesso a
informação, está exigindo cada vez mais uma definição do papel social das empresas
e favorecendo o desenvolvimento de um modelo de gestão focado em práticas de
ética e de responsabilidade social.
Práticas de ética, que buscam pelo “bem-estar social” necessitam de um
mesmo nível de atualização que os novos paradigmas gerados pela sociedade da
informação. Além da virtude humana, onde os indivíduos revêem suas ações, é
conveniente que as organizações participem da conscientização ética e social de seus
envolvidos.
Deve-se aplicar a RSE como um fator potencial de aumento do valor
empresarial: gerando oportunidades, promovendo a imagem e reputação, elevando a
satisfação de funcionários, favorecendo o desenvolvimento de comunidades, entre
outros.

51
Desta forma, verifica-se que a maioria das empresas, que possuem uma
preocupação social, incorporam os princípios da RSE e atuam de forma corretiva,
procurando solucionar problemas já existentes, isto é fundamental, mas também é
necessário que as empresas assumam um papel proativo, de forma que busquem se
antecipar aos problemas sociais futuros e tomem ações para evitar o aparecimento
deles ou minimizar seus efeitos.

6
NETO, Cláudio de Lucena. Artigo: Função Social da Privacidade. Paraíba 2002.

52
BIBLIOGRAFIAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes,


1998. ASHLEY, Patrícia Almeida. Ética e responsabilidade social nos negócios.
2ªed. São Paulo: Saraiva: 2006.

ASSESPRO - www.assespro.org.br – Acessado em 20/11/06 às 10:33h.


BATISTA, Emerson de Oliveira. Sistemas de Informação: o uso consciente da
tecnologia para o gerenciamento. São Paulo: Saraiva: 2006.

BORGES, Maria de Lourdes. Ética: o que você precisa saber sobre. Rio de Janeiro:
DP&A, 2002.

DIAS, Lia Ribeiro. Inclusão Digital: com a palavra a sociedade. São Paulo: Plano
de Negócios 2003.

ESTEVAM, Rita de Cássia Oliveira. Artigo: Uma proposta metodológica para


discutir e subsidiar a elaboração de um código de ética para profissionais da
área de tecnologia da informação. Juiz de Fora.

FERREIRA, Aurélio B. H. Miniaurélio Século XXI Escolar. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 2001, 4. ed. revista e ampliada.
IBM - www.ibm.com/br/partnerworld/wcg/index.phtml - Acessado em 18/11/06
às 11:14h. INSTITUTO ETHOS - www.ethos.org.br. Acessado em 02/11/2006 às
10:48 h.

LEISINGER, Klaus M. Ética empresarial: responsabilidade global e


gerenciamento moderno. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

MEIRA, Paulo Ricardo. OLIVEIRA, Renato Luiz Tavares de. Comportamento do


cliente: princípios teóricos e recentes pesquisas na área. Pelotas: Educat, 2004.

53
MELO NETO, Francisco Paulo de. FROES, César. Responsabilidade Social e
Cidadania Empresarial: a administração do terceiro setor. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 1999.

NETO, Cláudio de Lucena. Artigo: Função Social da Privacidade. Paraíba 2002.

PIZZI, Jovino. Ética e Éticas Aplicadas: A Reconfiguração do Âmbito Moral. Porto


Alegre: EDIPUCRS, 2006.

SILVA, José Luiz Rosa da. Artigo: Ética – algumas considerações sobre o tema.
Porto Alegre 2003.

SOARES, Bárbara. Artigo: A abordagem da ética nos cursos de graduação em


administração de salvador. Salvador 2005.

UFRGS - http://si3.inf.ufrgs.br/informa/Edicao34/pagina4.html - Acessado em


20/11/06 às 11:29h.

54

Você também pode gostar