Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2
10 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 20
BIBLIOGRAFIAS ............................................................................................ 53
1
1 INTRODUÇÃO
Fonte: www.slideplayer.com.br
3
Em resumo, no cenário mundial contemporâneo, processaram-se
transformações de ordem social, econômica, política e cultural, as quais se adaptam
aos novos modelos de relações entre mercados e instituições, sociedade e
organizações.
No Brasil, a responsabilidade social começou a ser discutida na década de 60,
a partir da criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE). Em
1965, essa associação publicou uma carta, a Carta de Princípios do Dirigente Cristão
de Empresas, cujo objetivo maior era mostrar que as empresas possuem função social
perante seus trabalhadores e a comunidade na qual se insere.
Porém, o conceito de responsabilidade social somente ganhou, efetivamente,
espaço no final da década de 80, consolidando-se nos últimos anos, por meio do
cenário econômico, tendo como pilar a competitividade mundial, insuficiência do
Estado, o aumento das condições de pobreza, a degradação ambiental, o
fortalecimento dos movimentos sociais e as transformações do mundo
contemporâneo, que provocou incerteza e instabilidade, fatores ameaçadores à
sobrevivência das organizações.
A ação de chamadas organizações não-governamentais (ONG’s) ou entidades
do Terceiro Setor foi fator fundamental para instigar a busca por soluções para as
questões ambientais e sociais do país. O Instituto Brasileiro de Análises Sociais
Econômicas (Ibase) foi o grande destaque nesse setor. Criado pelo sociólogo Hebert
de Souza, até hoje defensor da elaboração e divulgação do balanço social das
empresas.
Em 1997, o Ibase lançou o modelo de balanço social em parceria com o jornal
Gazeta Mercantil (gratuidade na publicação). Criou-se o Selo do Balanço Social,
objetivando estimular a participação voluntária das empresas em projetos sociais.
Nesse mesmo ano, o Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS) surgiu para facilitar o entendimento sobre questões ambientais,
econômicas e sociais entre o setor produtivo, sociedade civil e governo, viabilizando
o desenvolvimento sustentável.
Em termos legais, o tema Balanço Social passou a ser objeto do Projeto de Lei
nº 3.1416, estabelecendo a obrigatoriedade da publicação do balanço social para
4
empresas privadas com mais de 100 funcionários e para todas as empresas públicas,
concessionárias e permissionárias de serviços públicos.
Em 1998 surgiu o Instituto Ethos, criado por um grupo de empresários e
executivos da iniciativa privada. Ele é um pólo de troca de experiências, organização
de conhecimento e desenvolvimento de ferramentas que auxiliam empresas a analisar
suas práticas de gestão e aprofundar o compromisso com a responsabilidade social e
o desenvolvimento sustentável.
Com essa perspectiva, o investimento social privado ganha corpo no Brasil,
cujo olhar se centraliza na alocação voluntária de recursos privados, para buscar
retorno alternativo de inclusão social e influenciar nas políticas públicas, organização
e universidade.
Parece lícito afirmar, então, atualmente as organizações precisam estar atentas
não só a suas responsabilidades econômicas e legais, mas também a suas
responsabilidades éticas, morais e sociais. Responsabilidades éticas correspondem a
atividades, políticas e comportamentos esperados por membros da sociedade, apesar
de não codificados em leis. Elas envolvem série de padrões, normas ou expectativas
de comportamentos para atender ao que os públicos (stakeholders) consideram
legítimo, justo, correto, de acordo com suas expectativas.
As organizações terão de aprender a balancear a necessidade de obter lucros,
obedecer às leis, ter comportamento ético e envolver-se em alguma forma de
filantropia para com as comunidades.
Dessa forma, podemos afirmar que um dos efeitos da economia global é a
adoção, por todo o mundo, de padrões éticos e morais mais rigorosos, seja pela
necessidade das próprias organizações de manter sua boa imagem perante o público,
seja pelas demandas diretas do público para que as organizações atuem de acordo
com tais padrões. Isso tudo é uma resposta dos negócios às novas pressões sociais
e econômicas criadas pela globalização. Essas pressões fazem com que as empresas
se auto-analisem continuamente. Criar-se assim, um novo ethos que rege o modo
como os negócios são feitos em todo o mundo.
5
3 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL?
Não existe uma definição única desse conceito, mas sim, várias definições que
giram em torno da mesma questão: ações para melhoria da qualidade de vida da
sociedade.
Agumas dessas definições:
Para Melo Neto e Brennand (2004, p. 39)
“Uma empresa socialmente responsável é aquela que investe no bem-estar de
seus funcionários e dependentes e num ambiente de trabalho saudável, além de
preservar o meio ambiente e investir em ações sociais.”
6
Porém, por muitas vezes, a responsabilidade social é confundida com
filantropia. Podemos dizer que a responsabilidade social é um estágio mais avançado
da cidadania corporativa, que busca estimular o desenvolvimento do cidadão e
fomentar a cidadania individual e coletiva. Tem sua base na consciência social e dever
cívico, não na caridade. Já a filantropia está baseada no assistencialismo que objetiva
contribuir para a sobrevivência de grupos sociais desfavorecidos, assumidos pelas
empresas por ações de doações a grupos e entidades.
A filantropia é uma simples doação, fruto da maior sensibilidade e consciência
social do empresário, enquanto a responsabilidade social reflete a ação de uma
empresa em prol da cidadania, uma forma de inserção social, uma intervenção direta
em busca da solução de problemas sociais.
Com maiores detalhes, podemos afirmar que a filantropia parte de uma ação
individual e voluntária e tem muitos méritos. Mas a responsabilidade social vai além
das vontades individuais – constitui um consenso, uma obrigação moral e econômica
para com todos que vivem na sociedade e seu foco está nos direitos humanos, sociais,
políticos, culturais e econômicos.
Em resumo, a filantropia é apenas um tipo de ação, um estágio preparatório
para um contexto mais amplo da responsabilidade social – estágio pré-
responsabilidade social. O fato da empresa realizar ações sociais não a caracteriza
como socialmente responsável: para ser, são necessárias muitas outras ações e
envolvimentos.
7
Tal multiplicação de iniciativas privadas com sentido público é um fenômeno
recente. A partir dos anos 80, percebe-se que as organizações têm-se preocupado
com problemas que envolvem a sociedade e o meio ambiente.
A década de 90 abre caminho para uma percepção de novos rumos de ação
social – partilha de responsabilidades necessárias ao enfrentamento da exclusão
social, pois o bem estar comum depende de uma ação cooperativa de todos os setores
da economia. Nesse cenário, é importante ressaltar a importância das empresas como
um agente de promoção do desenvolvimento econômico e do avanço tecnológico -
grandes possuidoras de capacidade de criação e geração de recursos.
Rompendo com o velho paradigma de que empresas somente se preocupam
com a geração de lucros, para que a empresa sobreviva no mercado, é necessário a
prática de preços baixos, oferta de produtos de qualidade e a realização da parte que
lhe cabe na responsabilidade social, pois os consumidores estão cada vez mais
seletivos, preferindo empresas que se integrem à comunidade. É inegável que fazer
o bem e conscientizar-se de sua responsabilidade social vem se tornando um
componente vital para o sucesso dos negócios e, mais do que isso, vem se tornando
uma vantagem competitiva.
Dessa forma, o compromisso pelo comportamento ético, contribuição ao
desenvolvimento econômico e à melhoria da qualidade de vida dos empregados, suas
famílias e comunidade são fatos percebidos nas empresas socialmente responsáveis.
A responsabilidade social possui sete vetores, que são:
Vetor 1) Apoio ao desenvolvimento da comunidade na qual atua;
Vetor 2) Preservação do meio ambiente;
Vetor 3) Investimentos do bem-estar dos funcionários e dependentes e em um
ambiente de trabalho agradável;
Vetor 4) Comunicações transparentes;
Vetor 5) Retorno aos acionistas;
Vetor 6) Sinergia com parceiros;
Vetor 7) Satisfação de clientes e consumidores.
No entanto, a prática da responsabilidade social vai além da postura legal da
empresa, da prática filantrópica ou do apoio à comunidade. Significa mudança de
8
atitude, numa perspectiva de gestão empresarial com foco na qualidade das relações
e na geração de valores para todos.
Assim, podemos afirmar que a responsabilidade social depende da
compreensão de que a ação social deve trazer benefícios para a sociedade,
proporcionar a realização profissional dos empregados , promover benefícios para os
parceiros e meio ambiente e trazer retornos para os investidores.
“Começa a haver a percepção de que uma sociedade empobrecida, com renda
mal distribuída, violenta, como a nossa, não é uma sociedade propícia para os
negócios. Henri Ford, quando aumentou o salário de seus funcionários, queria ter uma
sociedade que pudesse ser mais justa. Os empresários começam a perceber (mas
ainda em pouco grau) que uma sociedade deteriorada ameaça os próprios negócios
e que não adianta demitir os funcionários, pois não terão quem compre, não terão
uma sociedade justa.”
(GRAEJ, O. Responsablidade social nas empresas. Programa Roda Viva/TV
Cultura. São Paulo, setembro, 2001.)
9
5 A RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL
Fone: www.blog.fipecafi.org
11
relação passa a ir além de atender aos desejos do consumidor, com responsabilidade
a médio e longo prazo. Essa ampliação de estratégias é o que denomina-se
Responsabilidade Social Corporativa.
Fonte: www.rvcons.com.br
12
A responsabilidade social é apenas uma das dimensões da responsabilidade
social corporativa. O exercício da responsabilidade social baseia-se na prática de
ações sociais voltadas para o público interno e externo. Já a responsabilidade social
corporativa é mais abrangente, pois compreende além das ações sociais, práticas e
modelos de gestão ética e socialmente responsáveis. É a somatória da
responsabilidade ética, responsabilidade social e responsabilidade ambiental.
13
7 ÉTICA, MORAL E VALORES
Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser e moral tem sua origem
no latim, que vem de “mores”, significando costumes. Valores, etimologicamente valor,
provém do latim valere, ou seja, que tem valor, custo. As palavras desvalorização,
inválido, valente ou válido têm a mesma origem e, transferindo esses conceitos a
valores humanos, conseguimos entender que valores são ensinamentos do que é
certo e errado e, a partir disso, reproduzimos os valores impostos pela sociedade.
Diante dessas definições, nos confundimos com o verdadeiro significado que
cada uma delas têm e esta confusão pode ser resolvida com o seguinte
esclarecimento: moral é um conjunto de normas adquiridas peça educação, tradição
e cotidiano que regulam o comportamento do homem em sociedade; moral tem
caráter obrigatório; já a palavra ética representa um conjunto de valores que orientam
o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade,
garantindo, assim, o bem-estar social.
Os valores são o que orientam a nossa conduta. Com base neles decidimos
como agir diante das diferentes situações que a vida nos impõe. Relacionam-se,
principalmente, com os efeitos que tem sobre o que fazemos para as pessoas, para a
sociedade ou em nosso ambiente.
A moral sempre existiu, pois, todo ser humano possui a consciência moral que
o leva a distinguir o bem do mal. A moral surgiu nas sociedades primitivas, nas
primeiras tribos. Já a ética teria surgido com Sócrates, pois foi exigido um maior grau
de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só
por tradição, educação ou hábito, mas, principalmente, por convicção e inteligência.
A moral não é somente um ato individual, pois as pessoas são, por natureza,
seres sociais, ou seja, a moral também é um empreendimento social. E esses atos
morais, quando realizados por livre participação da pessoa, são aceitos,
voluntariamente.
Conceito de ética está vinculado à percepção dos conflitos, autonomia,
coerência. Um indivíduo tornar-se-á ético quando puder compreender e interpretar o
código de ética, além de atuar de acordo com os princípios por ele propostos. Ética é
14
uma espécie de legislação do comportamento moral das pessoas. Mas a função
fundamental é a mesma de toda teoria, explorar, esclarecer ou investigar uma
determinada realidade.
Ética e moral são os maiores valores do homem. Ambos significam "respeitar
e venerar a vida". O homem, com seu livre arbítrio, forma seu meio ambiente ou o
destrói, ou ele apoia a natureza e suas criaturas ou ele subjuga tudo que pode
dominar, e assim ele mesmo se torna no bem ou no mal deste planeta. Deste modo,
Ética, Moral e valores se formam numa mesma realidade.
Ética e moral são discutidos com igual significado. No entanto, em um nível
intelectual, enquanto que a moral tende a ser particular, pela concretude de seus
objetos, a ética tende a ser universal, pela abstração de seus princípios.
Fonte: www.encontresuafranquia.com.br
15
globalização econômica e cultural também fez com que o interesse pelas questões
éticas no campo econômico aumentasse.
A ética pode ser considerada como um conjunto de valores e regras sociais que
distinguem o que está certo do que está errado, ou seja, indicam quando um
comportamento é socialmente aceitável ou não. No plano empresarial, a ética tem a
ver com a tomada de decisões de gestão, isto é, quais as escolhas efetuadas pelos
gestores face a uma pluralidade de opções, tendo como plano de fundo a moralidade.
Cada vez mais, as organizações estão sendo requeridas a adotarem boas
práticas de governança que são divididas em quatro componentes, sendo os três
primeiros principalmente relacionados à relação da empresa com seus acionistas. A
prestação de contas pela administração, a transparência das informações prestadas,
a equidade no tratamento desses acionistas e, por último, a responsabilidade
corporativa, que objetiva a relação da empresa como uma entidade inteira e completa,
desde a sua relação com os próprios funcionários, bem como com os fornecedores,
clientes, governo, entidades, instituições de classe, organizações não
governamentais, e até o próprio meio ambiente e a sustentabilidade.
Entretanto, isso não tira a necessidade de que organizações menores e até as
familiares também tenham seus códigos, mesmo que eventualmente não escritos,
mas concebidos de forma clara pelo seu fundador, proprietário ou gestor principal,
para que os demais indivíduos possam atuar de forma harmônica e em sintonia com
uma conduta ética profissional.
Em negociações comerciais, a necessidade da existência de regras de
comportamentos bem como direitos e deveres respeitados e obedecidos é talvez
ainda mais importante. Em ética empresarial, a menor das infrações provoca um
impacto gravíssimo na reputação de uma companhia ou das equipes que a compõe.
O que foi construído em um longo tempo é perdido rapidamente. O comportamento
das empresas, bem como seus valores, repercute diretamente nas relações com
clientes, fornecedores e com a própria sociedade.
A grande necessidade de conquistar a preferência do cliente faz com que
alguns vendedores transgridam a ética, distorcendo fatos e omitindo informações
relevantes. Enfrentar uma concorrência acirrada leva alguns vendedores a exagerar
16
nas vantagens da sua oferta. Isso também pode ser antiético se a crença nesses
exageros resultar em prejuízo para o cliente.
O grande desafio dos gestores é saber dosar até que ponto se pode chegar
numa negociação para que não afete a corrente ética estabelecida. Ainda assim, uma
conduta ética só é possível se cada um dos intervenientes atuarem nesse sentido,
particularmente não colocando os seus interesses pessoais à frente dos interesses da
organização e da sociedade, o que será facilitado a partir do momento em que os
gestores perceberem que essa conduta também proporciona rentabilidade e ganhos
financeiros.
Em negociações comerciais, o grande negócio é ser ético. Embora o
comportamento antiético possa levar as vendas imediatas, isso só acontece em curto
prazo. Com o tempo, pessoas que costumam ter esse tipo de comportamento antiético
veem sua reputação sofrer as consequências. Por outro lado, pessoas que
costumeiramente comportam-se de acordo com os mais elevados padrões éticos,
veem suas reputações subirem. Uma reputação favorável fará mais pela criação de
vendas e sucesso duradouro do que qualquer comportamento antiético.
Falar sobre ética nas empresas é algo em que nos dias de hoje é fundamental
e preciso, ainda mais neste momento no qual o mundo passa por grandes mudanças
em seus comportamentos éticos.
As empresas se reformam e se transformam para sobreviver a essas mudanças
e atender melhor seu consumidor. Assim, hoje, para um sucesso continuado, o desafio
maior das empresas é ter uma ética interna que oriente suas decisões e permeie as
relações entre as pessoas que delas participam e, ao mesmo tempo, um
comportamento ético reconhecido pela comunidade.
Se a empresa, como espaço social, produz e reproduz esses valores, ela se
torna importante em qualquer processo de mudança de perspectiva das pessoas,
tanto das que nela convivem e participam, quanto daquelas com as quais essas
pessoas se relacionam. Assim, quanto mais empresas tenham preocupações éticas
mais a sociedade na qual essas empresas estejam inseridas tenderão a melhorar no
17
sentido de constituir um espaço agradável onde as pessoas vivam realizadas, seguras
e felizes.
Mas afinal, o que é ética?
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ética é "o estudo dos juízos
de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto
de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo
absoluto”. Ética vem do grego "ethos", e tem seu correlato no latim "morale", com o
mesmo significado: Conduta, ou relativo aos costumes. Podemos concluir que
etimologicamente ética e moral são palavras sinônimas.
A história da ética é um assunto complexo e que exigem alguns cuidados em
seu estudo. Como disciplina ou campo de conhecimento humano, ética se refere à
teoria ou estudos sistemáticos sobre a prática moral. Dessa forma ela analisa e critica
os fundamentos e princípios que orientam ou justificam determinados sistemas e
conjunto de valores morais. É, em outras palavras, a ciência da conduta, a teoria do
comportamento moral dos homens em sociedade.
A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossas
atividades envolvem uma carga moral. Ideias sobre o bem e o mal, o certo e o errado,
o permitido e o proibido definem a nossa realidade e dentro das empresas ética diz
respeito a regras, padrões e princípios morais sobre o que é certo ou errado em
situações específicas.
As empresas precisam ter um comportamento ético tanto dentro quanto fora da
empresa, com isso permite que elas barateiem os produtos, sem diminuir a qualidade
e nem os custos de coordenação, outras razões também podem ser feitas como o não
pagamento de subornos, compensações indevidas. Algumas questões básicas sobre
a eficácia da ética nos negócios precisam ser devidamente avaliadas para um melhor
entendimento, sendo que a ética é determinada pela cultura na qual cada empresa
possui a sua, ética da empresa deve mostrar, então, que em optar por valores que
humanizam, é o melhor para a empresa, entendida como um grupo humano, e para a
sociedade onde ela opera, deixando claro que não precisar passar por cima de
ninguém para ter um bom sucesso.
O consumidor tem os olhos atentos e a tendência é que fiquem mais atentos
ainda às empresas destituídas de ética. O consumidor mais critico em decorrência da
18
falta de ética nas empresas, da falta de respeito ao ser humano e da dignidade
humana, em atenção aos crimes ecológicos e condições inumanas trabalho tem
manifestado sua postura critica, boicotando assim os produtos de tais empresas e tal
escolha além de elevar o capital reputacional da empresa, uma vez que necessita
deste para sobreviver, aumenta também os lucros, já que consumidor satisfeito pode
significar consumidor fiel.
Algumas empresas, tem como missão a satisfação do cliente, mas esta
satisfação acaba quando o cliente efetua o pagamento, o querer ganhar sempre faz
com que muitas empresas estejam perdendo gradativamente espaço no mercado,
pois consumidores querem ser tratados com respeito, e buscam nas empresas
confiança e garantia dos serviços prestados assim como foi acordado, quando isso
não acontece, se rompe o elo empresa/cliente.
No campo profissional são condutas que só é aceita, respeitada, admirada, se
respaldada pelo comportamento que rege as ações da categoria profissional em uma
sociedade específica que foi formada pelo conjunto de usos e costumes da mesma
sociedade. A ética profissional tem como premissa o maior relacionamento do
profissional com seus clientes e com outros profissionais, levando em conta valores
como dignidade humana, auto realização e sociabilidade.
Num cenário globalizado, percebe-se que há muitas cobranças e as exigências
por parte da sociedade, pela transparência dentro das organizações, tanto no trato
com os cliente, fornecedores, serviços prestados, para que não sejam enganados e
que não prejudiquem o meio ambiente. As empresas precisam utilizar métodos de
fiscalização dos seus processos e a sociedade adotar medidas para inibir abusos
cometidos pelas organizações.
Muitas organizações procuram, hoje, criar seu código de ética. Essa tendência,
que à primeira vista pode se assemelhar a um modismo, parece estar entranhando o
tecido social e a comunidade empresarial de forma mais profunda que um passageiro
entusiasmo dos profissionais de recursos humanos, relações públicas ou auditoria.
Percebe-se claramente a necessidade da moderna gestão empresarial em cria
profissionais mais éticos no mundo dos negócios para poder sobreviver e,
obviamente, obter vantagens competitivas. A organização deve então agir de forma
19
honesta com todos aqueles que têm algum tipo de relacionamento com ela. Seus
valores, rumos e expectativas devem levar em conta todo esse universo.
Acredita-se que bons resultados profissionais e empresariais devem resultar de
decisões morais ou éticas e que ter padrões éticos pode significar bons negócios a
longo prazo.
10 BIBLIOGRAFIA
ASHLEY, Patrícia Almeida. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2005.
MELO NETO, Francisco Paulo de; BRENNAND, Jorgina Melo. Empresas Socialmente
Sustentáveis: o novo desafio da gestão moderna. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
20
OS 10 MANDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL. Disponível em
http://blog.kanitz.com.br/2009/04/os-10-mandamentos-da-responsabilidade-
social.html. Acesso em 09/03/2012.
21
11 LEITURA COMPLEMENTAR
O presente artigo tem por finalidade mostrar a importância de ser uma empresa
eticamente solidária, de responsabilidade social, assim como os benefícios obtidos
com esse novo perfil. Procura também levar ao conhecimento de todos, que uma
empresa solidária preocupa- -se não só com o bem-estar dos seus colaboradores,
assim como da sociedade em geral e que atualmente estão agregando valores éticos
aos seus produtos, resultando em um significativo aumento nas vendas. A medida que
as empresas vão se conscientizando com a importância da ética e da
responsabilidade social, passam a adotar esse novo modelo para atrair os
consumidores, agregando valores aos seus produtos e ou serviços, como forma de
criar diferenciais competitivos e alcançar seus objetivos no mercado, que por sua vez,
está cada vez mais competitivo. A globalização é outro fator que muito contribuiu com
esse novo cenário. Atualmente, as empresas investem com mais frequência em
valores éticos, os quais, associados à diversas ferramentas de marketing, podem
agregar bastante valor à marca e, com isso, alcançar resultados muito satisfatórios.
Certamente, o valor ético que mais vem sendo associado às marcas das empresas é
o desenvolvimento de programas de responsabilidade social.
Palavras–chave: ética, empresa solidária, colaboradores, valores éticos,
responsabilidade social, produtos
INTRODUÇÃO
23
Uma empresa que age com responsabilidade social, planeja e traça seus
objetivos e metas baseado tanto nos interesses de seus colaboradores e
presidentes, quanto de indivíduos externos.
24
esse resultado, pode-se concluir que os executivos e seus funcionários estão
obtendo uma nova consciência ética em seus negócios e os consumidores,
dispostos a participar com a certeza que será para um bom motivo.
Com a globalização, as empresas precisaram se auto avaliar frequente-
temente. Passaram a adotar valores éticos e morais rigorosos para manter uma boa
imagem diante do público, como é o caso da Natura, O Boticário, e de alguns bancos
como Banco Real/Santander, Unibanco/Itau e Bradesco.
Pode-se concluir que as empresas associaram valores éticos à marca, para ser
um diferencial em seus produtos e alcançar um bom resultado, como por exemplo,
garantir sua permanência no atual mercado competitivo, atrair e preservar clientes que
também se preocupam com as condições sociais. E hoje são as maiores
transformadoras da sociedade.
Outro fator que contribui para o sucesso de tal investimento é a inserção dos
programas sociais na cultura e missão da organização, só que os colaboradores
devem ter total conhecimento dessa cultura para que assim a valorize e a admire.
É claro que tem muito ainda que se investir nesses projetos de desenvolvimento
social e na gestão participativa, mas aos poucos, as empresas estão promovendo
treinamentos e eventos para incentivar seus colaboradores e líderes nesse sentido.
A realização desses projetos é importante, pois estabelecem normas e padrões
adequados para tarefas empresariais socialmente responsáveis.
Outra questão considerável a ser adotada, é a inclusão como requisito no
processo seletivo o ser cidadão, aquele que tem a função de contribuir com a missão
da empresa e com a finalidade de transformar o mundo em outro melhor, recuperando
a segurança social, pois uma empresa só se transforma em empresa cidadã quando
é constituída por cidadãos.
O indivíduo cidadão irá trabalhar em função da responsabilidade e segurança
social, na tentativa de reverter o atual quadro de pobreza e exclusão social
existente em vários locais do planeta.
Portanto, pode-se dizer que uma empresa é responsavelmente social
quando ela deixa de ser apenas um agente econômico, que visa somente o lucro
e a riqueza, para também ser um agente social contando com a influência e a
participação de membros externos.
25
Responsabilidade social de empresas
26
Valorize empregados e colaboradores: É prioritário que a empresa cumpra as
leis trabalhistas, pois empresas que valorizam seus funcionários valorizam, na
verdade, a si mesmas.
Faça sempre mais pelo meio ambiente: O produtor deve se informar e
cumprir toda a legislação ambiental, com destaque para o uso da água (ortoga),
para a proteção de matas ciliares e de reserva legal.
Proteja clientes e consumidores: Outro passo é adotar técnicas de Produção
Integrada de Frutas (PIF) e, se possível, ter alguma certificação de ali- mento
seguro. É importante ter a certeza de que esse produto que saiu da sua
propriedade não sofra nenhuma contaminação ou qualquer outro processo até o
seu destino final que possa apresentar risco à saúde e à imagem da sua em- presa
junto ao consumidor.
Promova a comunidade: É importante à empresa identificar os problemas da
comunidade e tentar soluções em conjunto.
Comprometa-se com o bem comum: As diretrizes anteriores já de- mostram
resultados em prol do bem comum. Mas, é importante que o empresário se
comprometa em ações que não sejam simplesmente marketing para diferenciar o
seu produto junto ao consumidor final. É preciso que o empresário tenha ações que
decisivamente contribuam para o desenvolvimento de sua região e do país.
27
A base da responsabilidade social corporativa está na concepção de que a
entidade responde a critérios éticos de comportamento
O valor da Ética
28
Ser ético também é se revoltar com as condições de miséria em que muitas
pessoas vivem ou sobrevivem e tomar atitudes para que essas pessoas retornem
ao convívio social com dignidade.
A ética se destina em realizar o bem comum – não prejudicar ninguém, não se
prejudicar e não permitir que ninguém o prejudique.
Como nos negócios, em razão dos vários relacionamentos com
fornecedores e clientes de diferentes perfis, não há conduta sem que alguém saia
prejudicado, foi adotado um modelo de ética baseado na responsabilidade,
convicção e virtude.
Responsabilidade: o indivíduo precisa ter consciência que toda ação da
organização afetará as pessoas com as quais têm contato.
Convicção: aquisição de valores que limitam a busca dos resultados
planejados e a ambição da empresa.
Virtude: é a tendência para prática do bem e as pessoas participam das
decisões da organização.
Faz-se necessário lembrar que a ética organizacional não se limita a cada um
desses modelos individualmente, mas sim na sua junção.
CONCLUSÃO
29
Ao adotar políticas éticas e consolidar esta política a seus funcionários, a
corporação, além de confiável ao corpo funcional que também é responsável pelo
sucesso da empresa, acresce sua imagem perante o mercado, fornecedores e
consumidores, ou seja, os pilares para que uma empresa atinja o verdadeiro sucesso.
Estas políticas éticas levam ao empreendedor o alcance de melhorar o
marketing da organização em busca de aumentar visibilidade, principalmente em
relação a sua fonte de renda e sucesso, os consumidores, através do exercício da
ética com práticas sociais em benefício da comunidade, dos membros da
corporação, do governo e do meio-ambiente seguindo principalmente nas seis
diretrizes da Responsabilidade Social.
BIBLIOGRAFIA
30
SILVA, R. D. O melhor caminho, para àquele que deseja trilhar o rumo da res-
ponsabilidade social e do marketing social. Monografia de Conclusão de Curso
(Graduação em Administração de Empresas) – Departamento de Administração,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001. Disponível
em < http://www.artigonal.com/gestao-artigos/responsabilidade-social-de--empresas-
507837.html>. Acesso em 11/05/11.
SILVA, R. D. O melhor caminho, para àquele que deseja trilhar o rumo da res-
ponsabilidade social e do marketing social. Monografia de Conclusão de Curso
(Graduação em Administração de Empresas) – Departamento de Administração,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001. Disponível
em < http://www.artigonal.com/gestao-artigos/responsabilidade-social-de-empresas-
507837.html>. Acesso em 11/05/11.
12 LEITURA COMPLEMENTAR 2
31
RESUMO
A sociedade da informação vem proporcionando ao homem uma melhor
qualidade de vida e cultura. Entretanto, vimos a consolidação do desemprego, da
exclusão digital e social, da concentração de renda e a excessiva falta de ética no
uso da tecnologia da informação.
INTRODUÇÃO
32
CONSIDERAÇÕES DE ÉTICA
33
Ainda segundo SOARES (apud SACCOL e MUNCK), na Grécia, no século V
a.C., Sócrates, questionava os cidadãos atenienses diante os valores de suas
crenças, com o objetivo de fazer com que os indivíduos fossem ao encontro de si
mesmos, fazendo de si próprios o ponto de partida. Conforme sua máxima "conhece-
te a ti mesmo".
Logo, vimos a sociedade medieval que se organiza em regime de servidão,
estratificada em feudos, e a religião estabelece uma unidade social onde a política
depende dela e a Igreja exerce um poder espiritual que controla a vida intelectual.
Assim, neste período a ética está cercada de conteúdo religioso.
Chegamos então a Ética Moderna que compreende o período desde o século
XVI até o início do século XIX, onde a Europa apresenta uma série de transformações
de ordem econômica, política e social, como o Renascimento, onde o homem, ao
invés de Deus, passa a ser o centro da ciência, da política, da arte e da moral.
A ética contemporânea tem suas origens em um movimento que se opõe a uma
ética centrada em valores absolutos. Inclui-se na ética contemporânea tanto as
doutrinas éticas atuais como aquelas que, apesar de terem surgido no século XIX,
continuam exercendo a sua influência nos dias de hoje, como por exemplo, os
pensamentos de KIERKEGAARD, STINER ou MARX.
Neste contexto, compreendemos melhor a preocupação com as questões
humanas em nossa história e fundamenta-se o estudo da ética que pode ser dividida
em metaética, aquela que estuda as condições de verdade e validade dos enunciados
éticos; em ética normativa, que visa responder questões de o que fazer para melhor
viver determinado ações e regras corretas ou ampliando aspectos morais e em ética
aplicada a aspectos de nossa atualidade, no caso deste artigo aos ambientes
empresariais, conforme expõe-se a seguir.
A ética aplicada surge como uma resposta à problemas, sendo uma reflexão
com base na realidade.
O debate acerca da ética aplicada é uma questão inteiramente contemporânea.
O ethical turn representa, pois, uma transformação na filosofia contemporânea. Essa
34
mudança introduz uma preocupação com os interesses e necessidades concretas de
uma sociedade em transformação. Assim, além da fundamentação, surge, por
conseguinte, a necessidade de normatizar as práticas nas suas situações específicas.
Nesse contexto, aparecem diversos âmbitos de aplicação, envolvendo profissionais
de diferentes áreas. Cada esfera da vida prática se vincula a uma ética aplicada. Daí,
então, a expressões éticas aplicadas. Da mesma forma como se fala em distintas
situações específicas, utiliza-se o plural para designar o conjunto das diferentes áreas.
A expressão surgiu na década de 60, ampliando-se nos anos 70, com setores
como a bioética, a ética refletindo sobre a vida (animal e ambiental) e a ética nos
negócios. Atualmente, esse horizonte parece ampliar-se, buscando contemplar a
diversidade de áreas ou campos de aplicação.
Em outras palavras, esses novos âmbitos abarcam a bioética, a genética, a
ética econômica, a ética dos negócios e do mundo empresarial, a ética dos meios de
comunicação (ou da mídia), a ecoética ou a ética do meio ambiente, a infoética e
assim por diante. Há, pois, éticas para todos os gostos e setores, isto é, uma divisão
bastante significativa de novos vocábulos, que vão do esporte ao consumo, do
conceito de economia e de desenvolvimento à questão da responsabilidade social.
Chegamos então a analisar a questão da ética aplicada aos negócios, para
LEISINGER (2001), moral empresarial é o conjunto daqueles valores e normas que,
dentro de uma determinada empresa, são reconhecidos como vinculantes. E a ética
empresarial reflete sobre as normas e valores efetivamente dominantes em uma
empresa, interroga-se pelos fatores qualitativos que fazem com que determinado agir
seja um agir “bom”. Como ética aplicada ela tem como meta estabelecer, por meio do
acordo com as pessoas atingidas pelo agir empresarial, normas materiais e
processuais que foram postas em vigor na empresa como possuindo caráter
vinculante. Com isso visa-se restringir os efeitos conflituosos do princípio do lucro na
direção das atividades empresariais concretas. Em sentido amplo este modo de
pensar baseia-se na ideia de um contrato social segundo o qual todos os membros da
sociedade se comportam de uma maneira harmoniosa, levando em conta os
interesses dos outros.
35
SOARES, Bárbara. Artigo: A abordagem da ética nos cursos de
2
36
Entretanto, PIZZI (2006), vê um problema em como reunir interesses diferentes
ou discordantes, ou seja, possibilitar um diálogo e um possível acordo consensual
entre os protagonistas ou implicados com propósitos que nem sempre parecem ser
conciliáveis.
37
No mundo dos negócios, os dilemas éticos parecem complicados porque os
benefícios da conduta ética aparentam ser, num primeiro momento, pouco
quantificáveis, mas é indiscutível a importância da ética para as organizações nos
relacionamentos com seus diversos públicos, tanto que conforme SILVA (2003)
podemos ver, em nível mundial, movimentos de setores da sociedade em busca da
ética:
Em 2000 foi criada a Social Accountability Internacional (SAI), para implementar
o selo AS 8000, que certifica a conduta ética das empresas em relação aos
trabalhadores e o respeito aos direitos humanos, nos moldes das normas ISO 9000 e
da ISO 14000. Outra organização, a AccountAbility, com sede no Reino Unido, lançou
há dois meses seu certificado de comportamento ético, o AA 1000.
Um estudo de 1999, envolvendo 124 empresas de 22 países, produzido pela
Conference Board, uma organização não lucrativa que promove estudos sobre
gestão, concluiu que 78% dos Conselhos de Administração das companhias
americanas estavam disseminando padrões éticos (em 1991, eram 41% e, em 1987
apenas 21%).
No Brasil, o Instituto Ethos tinha apenas 11 sócios em 1998, quando foi
fundado. Esse número já ultrapassou a casa dos 750, formado por empresas que
respondem por 30% do PIB do país.
Criada em 1992, com cerca de 50 empresas a organização americana Business
for Social Responsability (Negócios pela Responsabilidade Social), reúne hoje mais
de 1400 filiadas, que faturam em conjunto mais de 2 trilhões de dólares por ano.
Também fundada em 1992, a Ethics Officer Association (associação que busca
orientar o trabalho dos diretores de ética nas empresas), contava apenas com 12
membros. Tem hoje 890 sócios (cerca de 150 se filiaram depois dos escândalos das
fraudes contábeis nos Estados Unidos), e a frequência das reuniões aumentou 50%,
segundo seu diretor Ed Petry.
Sendo assim, a ética apresenta-se inerente à vida humana e empresarial.
Todos como agentes sociais, possuem o dever de prestar a contribuição que lhes seja
possível para que se alcance um desenvolvimento duradouro.
A importância da ética é bastante evidenciada na vida pessoal e profissional de
cada um, porque todos têm suas responsabilidades individuais e sociais. Tanto que
38
várias profissões possuem seus códigos de ética e conduta consolidados, assim
como, diversas empresas estão compondo comitês de ética, participando de
auditorias éticas e elaborando seus códigos de ética, onde expõem seus
compromissos adquiridos frente a cada um de seus interlocutores e expressão dos
valores básicos que orientam suas atividades.
Assim, nas as empresas se reconhece que as responsabilidades não envolvem
unicamente os eventuais resultados financeiros da empresa, pois existe uma relação
entre as atividades empresariais e a sociedade, e deve se levar em conta as
responsabilidades econômicas, sociais, ecológicas e tecnológicas de cada
organização.
O capítulo a seguir fundamenta a responsabilidade social empresarial, focando,
sobretudo, o público interno e logo o uso ético dos recursos da tecnologia da
informação.
39
Deste modo a RSE, deixou de ser uma opção para tornar-se fator estratégico
na política das empresas. Quando se aborda o tema são recorrentes discussões
acerca da ética empresarial ligada ao marketing social, por exemplo. É comum ainda,
a confusão entre os conceitos de responsabilidade social e de ação social, sendo que
a ação social (filantropia) faz parte da responsabilidade social, porém, em geral, pode
representar um ato responsável momentâneo e não ser continuamente socialmente
responsável para a sociedade como um todo.
Com isso, dentre as definições de RSE difundidas pelos diferentes organismos,
instituições universitárias e pesquisadores, destaca-se a do Instituto Ethos de
Empresas e Responsabilidade Social:
40
sobrevivência, em longo prazo, da empresa e tenham integração e sucesso em
seus interesses.
Assim, para LEISINGER, o termo stakeholders refere-se a todos envolvidos no
ambiente social de uma empresa, com os mais variados interesses. Sejam eles, por
exemplo, funcionários, clientes, ecologistas, fornecedores, vizinhos, fornecedores,
concorrentes, sindicatos e associações, representantes e autoridades políticas.
Nesta linha, baseados na teoria dos stakeholders, toma-se conhecimento que
no Brasil, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social desenvolveu
indicadores qualitativos e quantitativos que buscam definir o papel de uma empresa
socialmente responsável, com o objetivo de realizar uma avaliação da gestão, planejar
e concretizar estratégias que contribuam para o desenvolvimento social. A fim de que
as relações e práticas corporativas com os diversos públicos sejam feitas.
41
Filantrópica
Seja uma
empresa
cidadã;
contribua com
recursos para
a comunidade
e melhore a
qualidade de
vida.
Ética
Fazer o que é certo,
justo e correto; não prejudique as
pessoas e o meio ambiente.
Legal
Obedeça à lei, e siga as “regras do jogo”
Econômica
Seja rentável (base que sustenta todas as demais responsabilidades
42
que algumas empresas estendem sua rede de ações internas de responsabilidade
social, a equipe de empresas contratadas, terceirizadas, fornecedores e parcerias.
Deste modo, as empresas socialmente responsáveis não se limitam a respeitar
apenas os direitos consolidados aos trabalhadores, elas investem na melhoria das
condições de trabalho, no desenvolvimento pessoal e profissional de seus
funcionários, estreitando relações com diálogo, participação e respeito aos indivíduos.
Toda cultura de gestão interna responsável termina por repercutir no todo
empresarial, fortalecendo a atuação da organização junto a comunidade externa
através das mais variadas medidas, desde, por exemplo, a organização de parcerias
com o governo, voluntariados, até a colaboração em programas sociais, ambientais e
tecnológicos.
Aspectos de tecnologia serão abordados no capítulo a seguir, que busca
analisar, especificamente, questões de responsabilidade social e ética em empresas
da área de tecnologia da informação.
43
trabalho, a educação e a sociedade, para uma melhor visualização de seus impactos
positivos e negativos.
A utilização da tecnologia tem levantado questões como a violação de
privacidade, o desemprego causado pela automação dos processos, a exclusão
digital. Mas é interessante lembrar que a mesma revolução tecnológica que causou o
desemprego, permitiu o aparecimento de novas atividades que requerem mão-de-
obra especializada, impondo ao mercado de trabalho a necessidade de profissionais
melhor qualificados.
Desta forma, a ética é utilizada para determinar os valores que estabelecem as
fronteiras morais no desenvolvimento e no uso de sistemas tecnológicos. Podendo
ser traduzida pela busca do “bem-estar social”, onde os envolvidos se baseiam em
práticas de respeito ao espaço e aos valores dos indivíduos que o cercam. A ética
necessita então de um mesmo nível de atualização que os novos paradigmas gerados
pela sociedade da informação.
Além da virtude humana, que permite que os indivíduos revejam suas ações, é
conveniente que as organizações participem da conscientização ética e social de seus
envolvidos. A fim de evitar casos de má interpretação de certos direitos fazendo com
que alguns se aproveitem de determinadas situações com falsos moralismos.
A criação de códigos de ética, ou seja, de acordos explícitos entre os membros
de determinada organização, é uma das formas mais indicadas para o
desenvolvimento de objetivos e princípios universais da ética em determinado meio.
Como no caso da ASSESPRO NACIONAL - Associação das Empresas
Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet, que em seu Estatuto
Social estabelece no Capítulo III, artigos 28º e 29º, a existência de um Código de Ética
a ser observado e seguido por todas as empresas associadas à ASSESPRO:
44
Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software
4
e Internet; ”
45
A IBM - International Business Machines Corporation é uma das empresas que
se preocupa com estas questões, utilizando tecnologia em grade, que realoca a
capacidade ociosa de máquinas para outros trabalhos, desenvolveu o projeto World
Community Grid que será o maior computador público do mundo em benefício da
humanidade. Ao aproveitar o "tempo ocioso" de PCs de milhões de casas, escolas e
escritórios, uma infra-estrutura de força computacional flexível e permanente é
estabelecida e oferecida aos pesquisadores de questões humanitárias globais, como
estudos sobre a varíola.
• O World Community Grid foi criado sobre uma infra-estrutura e
suporte IBM, assim como o software da United Devices, e se caracteriza por
um Conselho Consultivo composto de especialistas internacionais famosos
em ciências ligadas à saúde, tecnologia e filantropia.
• É importante ressaltar que o World Community Grid é seguro,
gratuito e de fácil utilização. Para ter acesso, basta fazer o download e a
instalação de um software gratuito em seus computadores. Quando ociosos,
os computadores solicitam dados ao servidor do World Community Grid. Os
computadores então fazem os cálculos utilizando esses dados, enviam os
resultados de volta ao servidor e solicitam novos dados para um novo trabalho.
• Isso auxilia a lidar com problemas humanitários globais, como:
46
projeto Via Pública, que visa proporcionar à população, em geral, acesso ao
computador e à internet gratuitamente.
No estado já há 11 municípios atendidos, com 14 pontos de atendimento. O
projeto de Telecentros consiste em um espaço de universalização do acesso aos
recursos tecnológicos e de capacitação de pessoas para o uso dos computadores e
da Internet, além de se constituir num ambiente de comunicação e informação para
uso das comunidades. O projeto já treinou cerca de 250 usuários e, atualmente são
realizadas mais de 600 consultas à Internet por mês. E ainda o projeto Cidadão Digital,
da PROCERGS em parceria com a Dell Computadores, tem o objetivo de ensinar
alunos, professores e funcionários da rede escolar do ensino médio a usar
computadores. Desde sua implantação em 2002 o projeto já atingiu 2 mil alunos.
Outra iniciativa, de menor complexidade, mas também relevante é a doação de
equipamentos realizada pela UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul:
47
profissionais tenham consciência que a ação não afetará apenas sua vida e da
empresa, mas a vida de todos os stakeholders envolvidos com a organização.
Logo, o comportamento ético em sistemas de informação é bastante complexo,
devido a tecnologia manter um caráter inovador e dinâmico, promovendo constantes
desafios às empresas e a sociedade. Diante a globalização e as mudanças na
interpretação das leis em cada país, a internet e tecnologias provocam uma série de
transtornos em cunho legal, que podemos destacar em:
Copyright: Representa a expressão de ideias e abrange textos,
programas, imagens, caracteres tipográficos, música, jogos, filmes e
combinações desses itens. Todos os elementos encontrados na internet
possuem copyright, ou seja, tudo aquilo que pode ser encontrado em um
formato tangível possui um copyright associado a ele, mesmo que não
exista algum aviso formal. Dessa forma é importante ter cuidado ao
copiar e utilizar certos materiais para não violar esse direito mesmo a
internet mantendo seu padrão aparentemente aberto de divulgação e
cópias.
49
No campo do direito, o valor das informações passou a ser um assunto
preocupante quando diz respeito a sigilo, privacidade, direitos autorais e propriedade
intelectual. No mundo dos negócios, a preocupação em administrar o conhecimento
empresarial (suas informações) e tirar vantagem competitiva tornou-se um elemento
crucial para as organizações. Tanto que diante essa necessidade foram
desenvolvidas ferramentas e procedimentos de segurança para as informações.
Entretanto, o uso indevido dos serviços de tecnologia e principalmente da
internet pelos funcionários das empresas é um fator que exige cuidado por parte da
organização pois acarreta redução da segurança dos dados e da produtividade.
NETO (2002) revela que em recente pesquisa realizada pelo instituto Forrester
Research dá conta de que em 62% das empresas americanas os funcionários
acessam sites de sexo e de bate-papo durante o expediente. Pelas contas do instituto,
isso representa uma perda anual de 470 milhões de dólares em produtividade. Um
outro estudo, desta vez do SurfWatch, revela que mais de 25% do tempo gasto pelos
funcionários conectados à Internet não tem nenhuma relação com trabalho. Perdas
acidentais de dados, por sua vez, representam semelhante potencial de prejuízo, pelo
que requerem igual tratamento de cautela.
Um dos serviços mais utilizados pela internet é o correio eletrônico, e ,
conseqüentemente, o seu mau uso, em organizações tem acarretado em “censuras”
constantes nas empresas. Neste aspecto, NETO (2002), se manifesta com o resultado
de outra pesquisa:
“Pesquisa realizada pela revista Info Exame mostra que 34,5% das empresas
já monitoram o tráfego das mensagens e 25% pretendem fazê-lo ainda este
ano. Responderam à pesquisa, empresas como a Embraer, Pão de Açúcar,
Basf, Antarctica, Banco do Brasil, BCP e Usiminas. Uma espiada nas
estatísticas do instituto de pesquisas americano Worldtalk Corp. dá uma idéia
do tamanho do problema. Baseado nos dados de 100 empresas, o
levantamento mostra que 31% das mensagens corporativas têm conteúdo
inadequado (de paquera e correntes a informações sigilosas); 10% são spam;
9% contêm arquivos pesados, que congestionam a rede; e 8% carregam
vírus, pornografia ou piadas. ‘No Brasil, mais de 50% das mensagens que
trafegam todos os dias nas redes corporativas são lixo’, afirma Mauricio
Strasburg, diretor da GS Sistemas, empresa especializada em segurança
(p.06) ” 6
50
pornografia na rede. Isso demonstra a falta de ética de profissionais que deveriam
utilizar a tecnologia para melhorar suas atividades e não para prejudicá-las.
Essas preocupações implicam não apenas no uso indevido dos recursos
tecnológicos da empresa, mas também na redução de produtividade, na possibilidade
de aumento nos erros das atividades, na redução drástica da segurança dos dados
da organização com a vírus, por exemplo.
Uma solução coerente seria obter, já no momento da admissão do novo
funcionário, a assinatura do mesmo no documento individual de adesão à política de
uso de redes de dados, o que pode vir no bojo de outras regras, como diretrizes de
ética corporativa e acordo sobre propriedade de obras e invenções. Os funcionários
que já estiverem no curso de seu contrato de trabalho também devem ser
comunicados e conscientizados de tais políticas, e, ao final, devem aderir
formalmente, por meio de assinatura de termo próprio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
51
Desta forma, verifica-se que a maioria das empresas, que possuem uma
preocupação social, incorporam os princípios da RSE e atuam de forma corretiva,
procurando solucionar problemas já existentes, isto é fundamental, mas também é
necessário que as empresas assumam um papel proativo, de forma que busquem se
antecipar aos problemas sociais futuros e tomem ações para evitar o aparecimento
deles ou minimizar seus efeitos.
6
NETO, Cláudio de Lucena. Artigo: Função Social da Privacidade. Paraíba 2002.
52
BIBLIOGRAFIAS
BORGES, Maria de Lourdes. Ética: o que você precisa saber sobre. Rio de Janeiro:
DP&A, 2002.
DIAS, Lia Ribeiro. Inclusão Digital: com a palavra a sociedade. São Paulo: Plano
de Negócios 2003.
53
MELO NETO, Francisco Paulo de. FROES, César. Responsabilidade Social e
Cidadania Empresarial: a administração do terceiro setor. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 1999.
SILVA, José Luiz Rosa da. Artigo: Ética – algumas considerações sobre o tema.
Porto Alegre 2003.
54