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Direito Penal Ambiental
Direito Penal Ambiental
Autoria: Mariana Battochio Stuart
Como citar este documento: BATTOCHIO STUART, Mariana. Direito Penal Ambiental. Valinhos: 2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: A proteção jurídica do meio ambiente 06
Assista a suas aulas 24
Unidade 2: Responsabilidade ambiental 31
Assista a suas aulas 55
Unidade 3: Introdução ao direito penal ambiental 63
Assista a suas aulas 84
Unidade 4: A teoria da pena ambiental 92
Assista a suas aulas 113
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2/#pg
Direito Penal Ambiental
Autoria: Mariana Battochio Stuart
Como citar este documento: BATTOCHIO STUART, Mariana. Direito Penal Ambiental. Valinhos: 2017.
Sumário
Unidade 5: Crimes ambientais contra a fauna 120
Assista a suas aulas 139
Unidade 6: Crimes ambientais em espécie 147
Assista a suas aulas 167
Unidade 7: Ação penal ambiental 174
Assista a suas aulas 196
Unidade 8: A responsabilização penal da pessoa jurídica 203
Assista a suas aulas 222
3
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Apresentação da Disciplina
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Unidade 1
A proteção jurídica do meio ambiente
Objetivos
1. Compreender a proteção jurídica da
natureza, dos recursos naturais e do
equilíbrio ecológico;
2. Conhecer os institutos fundamen-
tais do Direito Ambiental, verificando
o seu surgimento como disciplina e
ramo autônomo do Direito;
3. Verificar a relevância da Constituição
Federal de 1988, da Política Nacional
do Meio Ambiente e dos princípios do
Direito Ambiental para a tutela da hi-
gidez ambiental.
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Introdução
A tutela jurídica é um dos instrumentos so- custos de suas produções o valor destinado
ciais necessários para que o homem consi- para a recuperação ou manutenção da qua-
ga conviver em harmonia dentro do modelo lidade ambiental.
de sociedade que adotamos, sendo o Direito Assim, a partir do momento em que a higi-
diretamente influenciado pelas alterações dez do meio ambiente passou a sofrer riscos
socioeconômicas e pelo contexto político e de irreversíveis alterações, nasceu o ques-
social. Assim, a proteção jurídica de um bem tionamento sobre os limites da industria-
é reflexo do momento histórico vivido. lização e a necessidade de intervenção es-
Entre o final do Século XVIII e início do Sécu- tatal para que os recursos naturais fossem
lo XIX, a Revolução Industrial trouxe, como preservados, de modo que as futuras gera-
resultado adverso da produção de produtos ções ainda pudessem usufruir destes recur-
e serviços de forma massificada, o surgi- sos vitais.
mento de inúmeros problemas ambientais O bem ambiental é um bem considerado di-
causados pelo progresso tecnológico, sen- fuso, isto significa que ele é titularizado por
do toda a população mundial obrigada a um número indeterminado de pessoas, sem
suportar esses ônus. Por esta razão, o Esta- poder ser apropriado individualmente.
do foi obrigado a intervir para garantir que
os empreendedores internalizassem nos
7/229 Unidade 1 • A proteção jurídica do meio ambiente
Desta forma, não só os governos foram cha- 1. A gênese do direito ambiental
mados a intervir, como foi cobrado do Direito
o papel regulatório de delinear um modelo O Direito Ambiental caracteriza-se como
de desenvolvimento que compatibilizasse o uma disciplina jurídica autônoma que visa
crescimento econômico, a preservação dos à proteção dos direitos difusos, direitos que
recursos naturais e as questões sociais, de- pertencem a um número indeterminado de
limitando, assim, os padrões de atuação dos pessoas. Ele consiste em um conjunto de re-
empreendedores, por meio de instrumentos gras e princípios jurídicos que visam regular
para sancionar atos reprováveis e induzir a qualidade do meio ambiente, bem como
condutas ambientalmente adequadas. garantir a preservação dos recursos natu-
rais para as presentes e futuras gerações.
Assim, a questão da manutenção da quali-
dade do meio ambiente passou a estar nas Em que pese a importância da referida ma-
principais pautas governamentais, geran- téria, fato é que a sua história é considerada
do a criação de legislações ambientais por muito recente, tendo em vista que seu mar-
todo o planeta. co inicial é datado de 1972, com a Primei-
ra Conferência Mundial sobre o Homem e o
Meio Ambiente, também conhecida como
Conferência de Estocolmo, ocorrida na
8/229 Unidade 1 • A proteção jurídica do meio ambiente
Suécia, a qual marcou o descobrimento da E, além de servir de cenário para a criação
questão ambiental em âmbito internacio- do PNUMA, a Conferência também foi foco
nal, pois a Organização das Nações Unidas, de embates que envolviam os países desen-
neste momento, avocou para si mais uma volvidos e os países em desenvolvimento,
função: a proteção dos recursos naturais. tendo em vista que esses últimos, por não
Na referida Conferência, a Organização Na- gozarem de um grau considerável de indus-
cional das Nações Unidas, ONU, criou o Pro- trialização, impunham resistência à adoção
grama das Nações Unidas para o Meio Am- de medidas restritivas impostas para aten-
biente – PNUMA. der a agenda conservacionista. Estes paí-
ses em processo de desenvolvimento argu-
Link mentavam que os países desenvolvidos não
O PNUMA é a agência da ONU com objetivo de possuíram este entrave quando estavam no
promover a conservação do meio ambiente e o auge do seu processo de industrialização.
uso eficiente de recursos ambientais no contexto Nota-se, portanto, que a preservação am-
do desenvolvimento sustentável. Disponível em: biental na década de 70 era vista como um
<http://web.unep.org/americalatinacaribe/ óbice ao desenvolvimento econômico e so-
br>. Acesso em: 24 set. 2017. cial dos países.
Link
Com a consolidação da disciplina do Direito Ambiental a jurisprudência brasileira estabeleceu entendimentos
acerca da temática da proteção jurídica dos recursos da natureza. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/
internet_docs/jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprudência%20em%20teses%2030%20
-%20direito%20ambiental.pdf> Acesso em: 24 set. 2017.
19/229 Unidade 1 • A proteção jurídica do meio ambiente
Glossário
Desenvolvimento Sustentável: o desenvolvimento em que as presentes gerações cuidam dos
recursos naturais e atentam para as questões ambientais, sociais e econômicas, sem inviabilizar
as possibilidades das futuras gerações.
Direito Ambiental: conjunto de regras e princípios que tutelam o meio ambiente e os recursos
naturais.
Elementos que compõem o meio ambiente: no Brasil possuímos quatro espécies de meio am-
biente. O (i) meio ambiente físico ou natural, (ii) meio ambiente urbano ou artificial, (iii) meio
ambiente cultural e (iv) meio ambiente do trabalho.
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Considerações Finais
• A Conferência de Estocolmo na Suécia denominada Primeira Conferência
Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente é considerada a gênese da pre-
ocupação com a proteção dos recursos naturais.
• O Relatório Brundtland ou Relatório Nosso Futuro Comum trouxe pela pri-
meira vez o conceito de desenvolvimento sustentável.
• A Política Nacional do Meio Ambiente foi instituída pela Lei 6.938/1981, es-
tabelecendo as diretrizes básicas do Direito Ambiental brasileiro.
• A Constituição Federal de 1988 foi a primeira Constituição Federal brasileira
a dedicar um capítulo exclusivo para o meio ambiente e a elevar o equilíbrio
ecológico ao rol dos direitos fundamentais do homem.
• Os princípios do Direito Ambiental possuem função interpretativa e devem
nortear a aplicação de todas as regras que tutelam os recursos naturais
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Referências
BENJAMIN, Antônio Herman. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. In: CANOTILHO. José
Joaquim Gomes; LEITE. José Rubens Mourato. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. São
Paulo: Editora Saraiva, 2007
BRASIL. Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe Sobre A Política Nacional do Meio Am-
biente, Seus Fins e Mecanismos de Formulação e Aplicação, e Dá Outras Providências. Bra-
sília. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 24 set.
2017.
_________. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 24
set. 2017.
_________. Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor
e dá outras providências. Brasília. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L8078.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
CAPPELLETTI, Mauro. Juízes Legisladores? Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 1999.
FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes Contra a Natureza. 9. ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.
SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 2. ed.. São Paulo: Malheiros Editores,
1995.
23/229 Unidade 1 • A proteção jurídica do meio ambiente
Assista a suas aulas
Aula 1 - Tema: A Proteção Jurídica do Meio Am- Aula 1 - Tema: A Proteção Jurídica do Meio Am-
biente. Bloco I biente. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/6e-
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Questão 1
1. Assinale a alternativa que apresenta a primeira conferência mundial das
Nações Unidas acerca da temática da proteção dos recursos naturais e do
meio ambiente:
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Questão 2
2. Qual das seguintes publicações internacionais trouxe pela primeira vez
o conceito de desenvolvimento sustentável?
a) Protocolo de Quioto.
b) Declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e desenvolvimento.
c) Declaração da Conferência de Estocolmo.
d) Relatório Brundtland, também conhecido como Nosso Futuro Comum.
e) Tratado Internacional acerca do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
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Questão 3
3. O artigo 225 da Constituição Federal estabelece em seu caput: “Todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso co-
mum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre-
sentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988). Ao determinar a solidariedade
entre as presentes e futuras gerações qual princípio do Direito Ambiental
está sendo invocado?
a) Prevenção.
b) Poluidor-pagador.
c) Desenvolvimento Sustentável.
d) Usuário-pagador.
e) Vedação de retrocesso.
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Questão 4
4. Qual foi a primeira Constituição Federal brasileira a estabelecer um ca-
pítulo exclusivo para a proteção do meio ambiente e a elevar o equilíbrio
ecológico ao rol dos direitos fundamentais?
a) 1988.
b) 1969.
c) 1937.
d) 1967.
e) 1934.
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Questão 5
5. Qual princípio do direito ambiental impõe que uma vez estabelecido
um piso mínimo protetivo aos recursos naturais este jamais poderá ser
reduzido?
a) Desenvolvimento sustentável.
b) Poluidor-pagador.
c) Prevenção.
d) Precaução.
e) Vedação de retrocesso.
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Gabarito
1. Resposta: B. 3. Resposta: C.
A Primeira Conferência Mundial sobre o Ho- O princípio do desenvolvimento sustentável
mem e o Meio Ambiente ocorrida em Esto- exige solidariedade entre as presentes e as
colmo, na Suécia, em 1972 foi a primeira futuras gerações.
conferência das Nações Unidas a discutir a
preservação do meio ambiente no plano in-
4. Resposta: A.
ternacional. Por esta razão ela é considera- A Constituição Federal de 1988, em seu ar-
da a gênese do Direito Ambiental.. tigo 225, foi pioneira ao estabelecer o equi-
líbrio ecológico como direito fundamental
2. Resposta: D. e reservar um capítulo exclusivo ao meio
ambiente.
O Relatório Brundtland ou Relatório Nosso
Futuro Comum conceituou pela primeira vez 5. Resposta: E.
desenvolvimento sustentável como aquele
desenvolvimento em que há solidariedade O princípio de vedação de retrocesso proí-
na preservação dos recursos naturais pelas be a diminuição da proteção ecológica. Ela
presentes gerações em benefício das futu- jamais pode ser suprimida, somente poderá
ras gerações. ser ampliada.
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Unidade 2
Responsabilidade ambiental
Objetivos
1. Compreender a responsabilidade
ambiental tríplice estabelecida na
Constituição Federal de 1988;
2. Traçar um panorama da responsabi-
lidade ambiental nas esferas civil e
administrativa.
31/229
Introdução
Com o aumento dos danos causados ao meio ambiente e com o uso indiscriminado dos recursos
naturais surgiu a necessidade de responsabilizar os entes, pessoas físicas ou pessoas jurídicas,
causadores destes desequilíbrios.
Acerca do tema a Declaração do Rio – tratado internacional assinado durante a Conferência ECO
92 – estabeleceu, em seu Princípio 13:
Você deve ficar muito atento para não confundir a responsabilidade subjetiva com a responsa-
bilidade objetiva. A regra no ordenamento jurídico brasileiro é a responsabilização subjetiva dos
agentes. Nela deve restar comprovada a existência: (i) de uma conduta ilícita, um (ii) dano, a (iii)
culpa do agente e o (iv) nexo causal que liga a conduta ao dano.
36/229 Unidade 2 • Responsabilidade ambiental
Porém, havendo expressa determinação legal, poderá ser estabelecida a responsabilidade ob-
jetiva, para atividades em que seu risco justifiquem a ausência de verificação de culpa para que
surja o dever de indenizar. Esse é o advindo dos danos causados ao meio ambiente, dos danos
causados ao consumidor (artigo 14 do CDC2) e da responsabilidade estatal pelos danos que seus
agentes causarem (artigo 37, parágrafo 6o, da Constituição Federal).
Segundo o Superior Tribunal de Justiça:
(...) qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou privado,
no Direito brasileiro a responsabilidade civil pelo dano ambiental é de natureza
objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios poluidor-pagador, da
reparação in integrum, da prioridade da reparação in natura e do favor debilis,
este último a legitimar uma série de técnicas de facilitação do acesso à justiça,
entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental.
Precedentes do STJ. 5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do Estados, por
omissão, é subjetiva ou por culpa, regime comum ou geral esse que, assentado
no artigo 37 da Constituição Federal, enfrenta duas exceções principais. Primeiro,
quando a responsabilização objetiva do ente público decorrer de expressa previ-
são legal, em microssistema especial, como na proteção do meio ambiente (Lei
6.938/1981, art. 3o, IV, c/c o art. 14, parágrafo 1o). Segundo, quando as circuns-
tancias indicarem a presença de um standard ou dever de ação estatal mais rigo-
roso do que aquele que jorra, consoante a construção doutrinaria e jurispruden-
cial, do texto constitucional (BRASIL, 2009a).
2 Código de Defesa do Consumidor.
37/229 Unidade 2 • Responsabilidade ambiental
Destaca-se que o dano ambiental é qual- recuperação do meio ambiente.
quer degradação do meio ambiente que Daí entra em cena a recuperação in pecúnia
possa afetar seu equilíbrio, prejudicando o do dano correspondente à reparação inde-
homem e/ou a natureza, motivo pelo qual nizatória ou compensatória que constitui
o agente causador fica adstrito às formas uma quantia financeira a ser paga para re-
de reparação previstas em lei. Existem duas compor o dano ambiental causado.
formas básicas de reparação do dano am-
biental: (i) a reparação in natura; e a (ii) re- Cabe ressaltar que a reparação econômi-
paração in pecúnia. ca é uma forma indireta de sanar a lesão e
deve ser aceita somente quando inviável a
A reparação in natura consiste na restaura- recomposição in natura do meio ambiente.
ção ambiental ao estado prévio da ocorrên- Em outras palavras, a reparação in natura
cia do dano. Ou seja, busca-se reconstituir prevalece sobre a indenização em dinheiro,
o meio ambiente afetado pela degradação que possui caráter subsidiário.
ambiental, fazê-lo voltar ao status quo ante.
No entanto, nem sempre é possível esse tipo Quanto às espécies do dano ambiental ele
de reparação, porque, além de ser um pro- também pode ser classificado como dano
cedimento lento e custoso, certas formas ambiental patrimonial e dano ambien-
de degradação ambiental não permitem a tal extrapatrimonial. O dano ambiental
Link
O entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência é pelo reconhecimento dos danos morais am-
bientais, sejam eles individuais ou coletivos. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/publicacaoinstitu-
cional/index.php/informativo/article/download/450/408>. Acesso em: 27 set. 2017.
51/229
Referências
BRASIL. Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe Sobre A Política Nacional do Meio
Ambiente, Seus Fins e Mecanismos de Formulação e Aplicação, e Dá Outras Providências.
Brasília. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 24
set. 2017.
_________. Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade
por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
_________. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 24
set. 2017.
_________. Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor
e dá outras providências. Brasília. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L8078.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
______. Superior Tribunal de Justiça. Ementa. Relator: MINISTRO HERMAN BENJAMIN. Brasília, DF,
24 de março de 2009. Recurso Especial nº 1.071.741. Brasília, 2009a.
______. Superior Tribunal de Justiça. Ementa. Relator: MINISTRA ELIANA CALMON. Brasília, DF, 10
de novembro de 2009. Recurso Especial nº 1.120.117. Brasília, 2009b.
______. Superior Tribunal de Justiça. Ementa. Relator: MINISTRO HERMAN BENJAMIN. Brasília, DF,
7 de março de 2017. Recurso Especial nº 1.640.243 - SC. Brasília, 2017.
LEITE, José Rubens Morato; PILATI, Luciana Cardoso; JAMUNDÁ, Woldemar. Estado de Direito
Ambiental no Brasil. In: KISH, Sandra Akemi S; SILVA, Solange Teles da; SOARES, Inês V. Prado
(Org.). Desafios do Direito Ambiental no Século XXI: estudos em homenagem a Paulo Affonso
Leme Machado. São Paulo: Malheiros, 2005
NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
1992. Disponível em: <www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2017.
53/229 Unidade 2 • Responsabilidade ambiental
RODRIGUEIRO, Daniela A. Dano moral ambiental: sua defesa em juízo, em busca de vida digna
e saudável. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004.
SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
55/229
Questão 1
1. Analise as seguintes assertivas:
56/229
Questão 1
(IV) A responsabilidade civil por danos ambientais é de natureza objetiva,
sendo imprescindíveis, para sua caracterização, o elemento culpa e a com-
provação do caráter lesivo da atividade desenvolvida pelo agente.
a) I – V, II –V, III – V, IV – V.
b) I – F, II –F, III – F, IV – F.
c) I – F, II –F, III – V, IV – F.
d) I – V, II –F, III – V, IV – V.
e) I – V, II –V, III – F, IV – V.
57/229
Questão 2
2. Acerca da reparação dos danos ambientais, assinale a alternativa correta.
58/229
Questão 3
3. Assinale a alternativa que apresenta o conceito adequado da responsabi-
lidade ambiental tríplice.
59/229
Questão 4
4. Quanto às espécies de responsabilidade ambiental assinale a alternativa cor-
reta:
60/229
Questão 5
5. Assinale a alternativa que apresenta uma sanção NÃO prevista como es-
pécie de sanção administrativa, conforme artigo 72 da Lei 9.605/1998 e arti-
go 3o do Decreto 6.514/2008:
a) Restritiva de direitos.
b) Privativa de liberdade.
c) Advertência.
d) Multa simples.
e) Multa diária.
61/229
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: C.
2. Resposta: A.
3. Resposta: D.
Objetivos
63/229
Introdução
Isso se deve pela promulgação da Lei de Crimes Ambientais que foi responsável pela consolida-
ção de todos os ilícitos penais ambientais existentes em apenas um diploma normativo. Desta
forma, muitos doutrinadores arriscam dizer que a Lei 9.605/1998 não trouxe nenhuma inovação
significativa, ela apenas representa a junção de todos os crimes ambientais no mesmo diploma
legal, visando maior aplicação e efetividade da proteção ambiental.
Assim, a publicação desta lei constitui um facilitador para a aplicação de sanções contra crimes
ambientais, pois, de maneira geral, foram divididos os delitos de acordo com suas espécies e
foram cominadas as respectivas penas, criando tipos penais diferenciados, estabelecendo pro-
cedimentos específicos para a apuração da ocorrência do ilícito.
Conforme palavras dos juristas Silva e Fracalossi: “Indubitavelmente, o maior mérito da Lei
68/229 Unidade 3 • Introdução ao direito penal ambiental
9.605/1998 está em ter aglutinado e sistematizado a quase totalidade das disposições relativas
ao tratamento criminal das condutas lesivas ao meio ambiente (...)” (2010, p.409).
Destaca-se que a ação penal referente aos crimes ambientais é pública incondicionada. Desta
forma, para a instauração do inquérito policial ou da ação penal basta a ocorrência do delito,
sendo reservado ao Ministério Público, tal como dispõe o artigo 129, inciso I, da Constituição
Federal, a titularidade e a obrigatoriedade de promovê-la por meio da denúncia, nos termos do
artigo 24 do Código de Processo Penal.
Em relação à edição da Lei de Crimes Ambientais ilustra Ana Maria Moreira Marchesan:
O segundo ponto de destaque se refere ao fato de que ainda há delitos ambientais que não estão
elencados na Lei de Crimes Ambientais, entretanto, permanecem em plena vigência no ordena-
mento jurídico brasileiro.
Para você possuir maior conhecimento sobre o assunto e consultar, quando necessário, seguem
os delitos ambientais em vigência em nosso país que não estão previstos na Lei de Crimes Am-
bientais, mas sim tipificados em outras normas:
O artigo 2o da Lei 9.605/1998 estabelece regras importantes acerca do polo ativo dos crimes
ambientais. Este artigo invoca a teoria unitária do concurso de pessoas que é a adotada no artigo
29 do Código Penal.
A Teoria Unitária, Monista ou Monística estabelece que quem concorre para a prática de um cri-
me por ele responde. Desta forma, deve haver unidade de infração penal para todos os agentes.
Ou seja, todos serão punidos pela prática do mesmo delito.
74/229 Unidade 3 • Introdução ao direito penal ambiental
No entanto, você deve ficar atento ao fato uma omissão imprópria que muito se asse-
de que todos são punidos pela prática do melha com a figura do garantidor que está
mesmo delito, mas cada um terá sua pena disciplinado no artigo 13, parágrafo 2o do
individualizada, podendo cada um ter uma Código Penal.
pena diversa. Assim, os agentes respondem
na medida de sua culpabilidade, então, as
penas são individualizadas e aplicadas con-
forme a medida da culpabilidade de cada
agente.
Deste modo, o artigo 2o estabelece que se-
rão responsabilizados pelo crime ambien-
tal não somente o agente que o praticou,
como também o diretor, o administrador, o
membro de conselho da empresa, o auditor,
o gerente ou o preposto da empresa que sa-
bendo da conduta criminosa deixa de impe-
di-la quando poderia agir para evitá-la.
É criada, então, pela Lei de Crimes Ambientais
75/229 Unidade 3 • Introdução ao direito penal ambiental
Para saber mais
Os crimes de omissão própria são os crimes omissivos previstos na parte especial do Código Penal. Ne-
les o legislador descreve uma inação do agente, em uma situação em que ele poderia agir para evitar o
resultado. Por outro lado, nos crimes de omissão imprópria deve haver a junção das determinações do
artigo 13, parágrafo 2o, do Código Penal (omissões penalmente relevantes) com algum crime de ação.
Como exemplo de crimes de omissão imprópria podemos citar a situação em que um curatelado dese-
ja furtar um bem e o seu curador não age para evitar o furto. Nesta situação, o curador responderá por
furto, conforme o artigo 13, parágrafo 2o, combinado com o artigo 155, ambos do Código Penal. Outro
exemplo de crime omissivo improprio é aquele cometido pela baba, que vê que a criança que está sob
seus cuidados está se aproximando da piscina, com o intuito de mergulhar, e nada faz para impedir sua
morte. Ocorrendo a morte do menor a baba responderá por homicídio, que é um delito de ação, por
conta de sua omissão penalmente relevante, vez que a baba assume a responsabilidade de cuidar da
criança (artigo 13, parágrafo 2o, alínea b, combinado com artigo 121 ambos do Código Penal).
80/229
Considerações Finais
81/229
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 24
set. 2017.
_________. Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso
em: 24 set. 2017.
FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes Contra a Natureza. 9. ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 19. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2011.
MARCHESAN, Ana Maria Moreira. Alguns Aspectos sobre a Lei dos Crimes Ambientais.
s.d. Disponível em: <http://www.mppe.mp.br/siteantigo/siteantigo.mppe.mp.br/uploads/
CxSudXmAvSaG-liU2TJ-ow/pRPaQ3xeYFNLxBFd1tllGg/Alguns_aspectos_sobre_a_Lei_dos_
Crimes_Ambientais.doc>. Acesso em: 10 ago. 2017.
SILVA, Anderson Furlan Freire da; FRACALOSSI, Willian. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Forense,
2010.
Aula 3 - Tema: Introdução ao Direito Penal Am- Aula 3 - Tema: Introdução ao Direito Penal Am-
biental. Bloco I biental. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
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Questão 1
1. Assinale a alternativa correta acerca da responsabilidade criminal por de-
litos ambientais cometidos no âmbito de atividades empresariais.
a) Quem, de qualquer forma concorre para a prática de crimes ambientais incide nas penas a
estes cominadas, conforme a culpabilidade da pessoa jurídica, bem como o diretor, o ad-
ministrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou
mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da sua conduta criminosa ou da conduta crimi-
nosa de outrem, deixa de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
b) Quem, de qualquer forma concorre para a prática de crimes ambientais incide nas penas a
estes cominadas, na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o
membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de
pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixa de impedir a sua prá-
tica, quando podia agir para evitá-la.
c) Quem, de qualquer forma concorre para a prática de crimes ambientais incide nas penas
a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade, não responsabilizando o diretor, o ad-
ministrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou
mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixa de im-
pedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
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d) Quem, de qualquer forma concorre para a prática de crimes ambientais incide nas penas
a estes cominadas, devendo todos possuir a mesma pena. Também responderá o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto
ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixa de
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
e) Quem, de qualquer forma concorre para a prática de crimes ambientais incide nas penas a
estes cominadas, na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o
membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de
pessoa jurídica que causem direta ou indiretamente os danos ambientais.
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Questão 2
2. Segundo o artigo 2o da Lei 9.605/1998, as pessoas jurídicas serão respon-
sabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei,
nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante
legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da
sua entidade. Essa responsabilidade da pessoa jurídica é denominada:
a) Responsabilidade subsidiária.
b) Responsabilidade solidária.
c) Responsabilidade tríplice.
d) Responsabilidade civil diferenciada das pessoas jurídicas.
e) Desconsideração da personalidade jurídica.
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Questão 3
3. Acerca das inovações trazidas pela Lei de Crimes Ambientais assinale a al-
ternativa INCORRETA.
a) A Lei 9.605/1998 pode ser considerada um avanço para a efetividade da proteção ambien-
tal, pois ela consolidou em seu texto muitos delitos ambientais já previstos em legislações
esparsas.
b) A Lei de Crimes Ambientais prevê a responsabilidade criminal da pessoa jurídica e estabe-
lece que se a personalidade jurídica for um obstáculo ao ressarcimento do dano ambiental
pode ocorrer a desconsideração da pessoa jurídica.
c) A Lei 9.605/1998 revogou todos os delitos ambientais previstos em outras normas. Desta
forma, não há crimes ambientais que não estejam previstos nesta lei.
d) Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas
penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.
e) A Lei 9.605/98, a Lei de Crimes Ambientais, prevê infrações administrativas ao meio ambiente.
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Questão 4
4. Assinale a alternativa correta acerca da punição dos agentes que come-
tem crimes ambientais.
a) Segundo a Teoria Monista quem concorre para o crime somente poderá responder se for o
coautor do delito. Não há punição de partícipes.
b) De acordo com a Teoria Monista adotada pelo artigo 29 do Código Penal e pelo artigo 2o
da Lei 9.605/1998 todos que concorrem para o delito ambiental devem ser punidos com a
mesma pena.
c) No Brasil é cabível a responsabilidade objetiva criminal da pessoa jurídica.
d) O Direito Penal é a ultima ratio no ordenamento jurídico brasileiro. Desta forma, somente po-
derá haver atuação do Direito Penal quando as esferas cível e administrativa se mostrarem
insuficientes para a tutela do bem jurídico protegido.
e) Não há previsão da possibilidade de concurso de agentes na Lei de Crimes Ambientais.
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Questão 5
5. Assinale a alternativa correta acerca das disposições gerais da Lei 9.605/98.
a) Conforme o artigo 12 do Código Penal as regras gerais previstas no Código Penal se apli-
cam aos fatos incriminados nas regras especiais, mesmo que estas prevejam em sentido
contrário.
b) O artigo 12 do Código Penal estabelece o princípio da subsunção utilizado para solucionar
conflito aparente de normas.
c) O disposto na parte geral do Código Penal será aplicado, se a norma especial ambiental não
dispuser de modo diverso.
d) A responsabilidade ambiental penal sempre será objetiva.
e) Não há previsão constitucional acerca da responsabilidade ambiental.
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Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: D.
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Unidade 4
A teoria da pena ambiental
Objetivos
1. Dar continuidade ao estudo da res-
ponsabilidade ambiental penal atra-
vés da análise da aplicação da pena
nos delitos ambientais, em especial o
capítulo II da Lei 9.605/1998.
2. Verificar as regras especiais, previstas
na lei ambiental, acerca das circuns-
tâncias judiciais, substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de
direitos, agravantes, atenuantes, Sur-
sis, fixação da pena da multa e repa-
ração dos danos civis arbitrada pelo
juízo criminal.
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Introdução
No último tema você verificou quais inova- notar que o sujeito ativo do crime ambiental
ções foram introduzidas ao ordenamento poderá ser qualquer pessoa e o sujeito pas-
jurídico com a edição da Lei 9.605/1998. sivo é toda coletividade. Em outros termos,
Também abordamos as disposições gerais qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá
acerca da Lei de Crimes Ambientais que de- cometer o crime ambiental e toda coletivi-
terminam a adoção da Teoria Monista para dade é atingida quando o bem jurídico am-
o concurso de pessoas, que criam a figura biental é prejudicado.
do garantidor nos delitos ambientais e a
desconsideração da personalidade jurídica, 1. A teoria da pena na lei am-
quando esta for óbice ao ressarcimento do biental
dano ambiental.
Para iniciar este estudo você deverá ler os
Neste momento prosseguiremos o estu-
artigos 6o a 24 da Lei 9.605/1998. Este ca-
do dos aspectos penais da Lei 9.605/1998.
pítulo tratará da aplicação da pena nos cri-
Agora você precisará saber: quem poderá
mes ambientais.
ser sujeito ativo e sujeito passivo dos deli-
tos ambientais e como se dá a aplicação da Conforme verificado anteriormente, a Par-
pena nos crimes ambientais. te Geral do Código Penal (artigos 1o a 120),
as disposições processuais do Código de
Ao longo de seu estudo você conseguirá
93/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
Processo Penal ou da Lei dos Juizados Espe- Desta forma, agora que você analisará as
ciais Criminais apenas serão aplicadas às le- disposições da Lei 9.605/1998, deverá no-
gislações especiais, caso estas leis especiais tar as regras criadas pela norma ambiental
não prevejam regras específicas. Isto é o que que são aplicadas em detrimento da regra
disciplina o princípio da especialidade. geral prevista no Código Penal. Vale lembrar
Reforçando este princípio, o artigo 79 da Lei que para aplicar a pena o juiz persegue três
9.605/1998 estabeleceu que “aplicam-se etapas:
subsidiariamente a esta lei as disposições • Fixação da quantidade da pena: para
do Código Penal e do Código de Processo realizar a dosimetria da pena, o juiz
Penal” (BRASIL, 1998). deve atentar aos critérios do artigo 68
do Código Penal;
Para saber mais • Fixação do regime inicial de cumpri-
Para relembrar o princípio da especialidade você mento da pena privativa de liberdade;
deve recordar que a lei especial deve ser aplicada, • Verificação da possibilidade de subs-
em detrimento da lei geral, quando ela, expressa- tituição da pena privativa de liber-
mente, tratar de modo diverso o previsto na regra dade por pena restritiva de direitos.
geral. Não sendo possível a substituição,
94/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
verificação da possibilidade da con- Essa regra, então, cria circunstâncias judi-
cessão de Suspensão Condicional da ciais específicas da lei ambiental que devem
Pena (Sursis). ser respeitadas pelo juiz na primeira fase da
dosimetria da pena, conforme estabeleci-
2. As Circunstâncias Judiciais do no artigo 59 do Código Penal. Por con-
Ambientais seguinte, o magistrado, além de considerar
as circunstâncias do artigo 59 do Código
O artigo 6o da Lei 9.605/1998 estabelece os Penal, ele também deverá considerar as cir-
critérios que deverão ser observados pelo cunstâncias judiciais específicas contidas
juiz para realizar a gradação da pena am-
no artigo 6o da Lei 9.605/1998.
biental. Então, o magistrado deverá consi-
derar: (i) a gravidade concreta do fato, (ii) os
antecedentes ambientais do infrator e (iii)
sua situação econômica. Atente que esta
regra serve tanto para gradação da sanção
penal quanto para gradação da sanção ad-
ministrativa, pois a Lei 9.605/1998 também
disciplina acerca da responsabilidade admi-
nistrativa ambiental.
95/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
3. Substituição da pena privativa
Para saber mais de liberdade por restritiva de di-
Você se lembra de como é realizada a dosimetria reitos
da pena privativa de liberdade no Brasil? O critério
que adotamos é o denominado critério trifásico, Os artigos 7o a 13 da Lei 9.605/1998 dis-
pois há três fases que o juiz deve percorrer até ciplinam acerca das penas restritivas de
arbitrar a pena final, conforme artigo 68 do Código direitos aplicáveis às pessoas físicas. Note
Penal. Na primeira fase da dosimetria o juiz fixará que elas possuem como características: a
a pena-base, com auxílio das circunstâncias autonomia, a substitutividade e a conversi-
judiciais estabelecidas no artigo 59 do Código bilidade em prisão (artigo 44, parágrafo 4o
Penal; na segunda fase aplica as agravantes e do Código Penal). Vale ressaltar que as pe-
atenuantes genéricas, previstas nos artigos 61 a nas restritivas de direitos são, efetivamen-
66 do Código Penal; e, finalmente, serão aplicadas te, penas; independentemente da ausência
as causas de aumento e de diminuição de pena. de privação de liberdade.
A substitutividade e a autonomia estão
elencadas, respectivamente, nos artigos 44
e 54 do Código Penal.
O artigo 8o da Lei 9.605/1998 apresenta o rol das penas restritivas de direitos que podem ser
aplicadas as pessoas físicas. São elas: a prestação de serviços à comunidade, a interdição tem-
porária de direitos, a suspensão total ou parcial das atividades, a prestação pecuniária e o reco-
lhimento domiciliar.
Em relação às penas restritivas de direito, estabelecidas pelo Código Penal no artigo 43, notamos
98/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
que para os crimes ambientais não há a pre- cometido a título de culpa, por negligencia,
visão de limitação de fim de semana e perda imprudência ou imperícia.
de bens e valores. Também, houve a criação A sanção de suspensão total ou parcial das
da suspensão parcial ou total das atividades atividades consiste em mais uma inovação
e o recolhimento domiciliar. da Lei 9.605/1998. De acordo com o artigo
A prestação de serviços à comunidade, de 11, esta pena será aplicada quando a ativi-
acordo com o artigo 9o da Lei 9.605/1998, dade não estiver obedecendo às prescrições
nada mais é que a atribuição de tarefas gra- legais. Logo, quem estiver exercendo suas
tuitas ao condenado que deverá cumpri-las atividades de modo regular não poderá so-
visando a restauração do dano ambiental frer esta sanção.
ou a conservação de bens públicos. Cabe ressaltar que a extensão da suspensão,
A Interdição temporária de direitos, prevista que poderá ser parcial ou total, considerará
no artigo 10, consiste na proibição de con- a gravidade do crime e o dano causado ao
tratar com o Poder Público, proibição de re- meio ambiente.
ceber incentivos fiscais e a proibição de par- Por sua vez, a prestação pecuniária, de acor-
ticipar de licitações. Estas proibições sub- do com o artigo 12, traduz-se no pagamento
sistirão por 5 anos, caso o delito ambiental em dinheiro à vítima ou à entidade pública
seja doloso, ou por 3 anos, caso o crime seja
99/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
ou privada com finalidade social, a ser de- restante do tempo.
duzido da reparação cível do dano causado
pelo crime ambiental.
Por fim, o recolhimento domiciliar, criado
pela lei ambiental em seu artigo 13, muito
se assemelha ao cumprimento de pena pri-
vativa de liberdade no regime aberto, dis-
posto no artigo 113 e seguintes da Lei de
Execução Penal – Lei 7.210/1984.
O que os difere é que o regime aberto se
trata de cumprimento de pena privativa de
liberdade e, durante o período de recolhi-
mento noturno e nos dias de folga, o con-
denado irá para casa de albergado. O con-
denado deve demonstrar responsabilidade
e autodisciplina para, sem vigilância, traba-
lhar, frequentar cursos ou exercer ativida-
de autorizada, permanecendo recolhido no
100/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
Por seu turno, no recolhimento domiciliar genéricas elencadas nos artigos 65 e 66
o condenado poderá ficar em sua residên- do Código Penal. As circunstâncias agra-
cia no período de recolhimento noturno e vantes estão elencadas no artigo 15 da Lei
nos dias de folga, consistindo em uma pena 9.605/1998.
restritiva de direitos. Também deve haver Merece destaque a reincidência, prevista no
responsabilidade e autodisciplina para as I, pois a reincidência na lei ambiental, ape-
atividades laborais, educativas e as demais nas agrava a pena se for reincidência espe-
atividades autorizadas. cífica em crimes ambientais. Para ilustrar, se
um condenado definitivamente pelo come-
4. Agravantes e atenuantes am- timento de crime contra o patrimônio pra-
bientais ticar, posteriormente, um delito ambiental
sua pena, em tese, não será agravada, pois
A lei ambiental prevê suas próprias circuns-
não é reincidente em crimes ambientais,
tâncias agravantes e atenuantes nos artigos
conforme disciplina do artigo 15, I, da Lei
14 e 15 da Lei 9.605/1998. As circunstân-
9.605/1998.
cias atenuantes estão arroladas no artigo
14 da Lei 9.605/1998. Fique atento que elas Ademais, você deverá ficar atento, pois,
divergem das circunstâncias atenuantes conforme o artigo 79 da Lei 9.605/1998 há,
também, a aplicação das causas gerais de
101/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
aumento e diminuição de pena previstas no Por outro lado, no Código Penal, o tema da
Código Penal (artigos 61 e seguintes). Desta suspensão condicional da pena é aborda-
forma, há coexistência das causas agravan- do nos artigos 77 a 79, sendo que a regra é
tes e atenuantes, gerais e especiais. que o Sursis pode ser concedido quando a
pena privativa de liberdade não ultrapassar
5. Suspensão condicional da 2 anos.
pena- sursis Tanto na lei ambiental como na regra geral
prevista no Código Penal o período de sus-
O Sursis é a suspensão condicional da exe-
pensão da pena é de 2 a 4 anos. Este período
cução da pena privativa de liberdade, na
de suspensão é conhecido como período de
qual o réu, se assim desejar, se submete du-
prova, pois o condenado deve cumprir cer-
rante o período de prova à fiscalização e ao
tas condições para que seja mantida a sus-
cumprimento de condições judicialmente
pensão da pena cominada. Se não ocorrer
estabelecidas (MASSON, 2012).
a revogação, finalizado o período de prova
De acordo com o artigo 16 da Lei 9.605/1998 está extinta a punibilidade do agente.
o sursis poderá ser aplicado aos condenados
por crimes ambientais em que a pena priva-
tiva de liberdade não ultrapasse 3 anos.
102/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
O artigo 17 da Lei 9.605/1998 determina
Para saber mais que, no Sursis ambiental, para o agente não
ser obrigado ao cumprimento de limitação
No Código Penal também é possível, excepcio-
de final de semana e prestação comunitá-
nalmente, suspender penas privativas de liber-
ria, previstas no artigo 78, parágrafo 1o, do
dade maiores que 2 anos, conforme o artigo 77,
Código Penal, o sujeito deve reparar o dano
parágrafo 2o. Estas hipóteses são chamadas pela
ambiental, apresentando laudo comproba-
doutrina de Sursis humanitário e Sursis etário. Em
tório. Também, as condições a serem cum-
ambos os casos a pena privativa de liberdade não
pridas no período de prova, impostas pelo
superior a 4 anos poderá ser suspensa por 4 a 6
juiz, devem relacionar-se com a proteção
anos. O Sursis etário é concedido quando o sujei-
ambiental.
to ativo do crime é maior de 70 anos e o Sursis
humanitário tem vez quando o condenado é por- Para compreender melhor esta situação é
tador de doença grave e esteja em estado termi- necessário pontuar que o artigo 78 do Có-
nal de vida. Considerando que não há disposição digo Penal impõe ao condenado que, no
em contrário na lei ambiental, o Sursis etário e o primeiro ano do período de prova, cumpra
Sursis humanitário se aplicam também aos con- a obrigação de prestar serviços comunitá-
denados por crimes ambientais. rios ou submeter-se a limitação de final de
semana.
103/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
Entretanto, a mesma norma estabelece que, ambiental, pois, nos delitos comuns a sus-
se o agente tiver reparado o dano causado pensão da pena pode ocorrer para agentes
pelo crime, ele poderá cumprir outras condi- condenados a pena privativa de liberdade
ções para não ser submetido à limitação de de até 2 anos. A regra ambiental é benéfica
final de semana ou prestação comunitária. ao agente, considerando que a suspensão
Essas condições são: (i) proibição de fre- pode ocorrer para condenados a pena de
quentar determinados lugares, (ii) proibição até 3 anos.
de ausentar-se da comarca sem autoriza-
ção do juiz, e (iii) comparecimento mensal 6. A fixação da pena de multa
em juízo. Esta é a regra do Código Penal.
O artigo 18 da Lei 9.605/1998 determina
Para cumprir este Sursis especial, sem as que o cálculo da pena de multa seja realiza-
limitações de final de semana e prestação do pelo magistrado de acordo com as dis-
comunitária, na lei ambiental, é necessário posições do Código Penal sobre o tema.
demonstrar a reparação do dano ambiental
O dispositivo que regula o tema é o artigo
cometido, através de laudo pericial.
49 do Código Penal, que estabelece que a
Fique em alerta com a regra do Sursis pena de multa seja revertida ao Fundo Peni-
tenciário e seu cálculo terá como unidades
104/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
os denominados dias-multa. mesmo que arbitrada em seu máximo, não
Os dias-multa poderão ser arbitrados entre representa uma sanção, pois o ganho pa-
10 a 360 e o seu valor será de um trigésimo trimonial com o cometimento do dano am-
(1/30) a 5 vezes o salario mínimo. Em outras biental foi maior que o valor despendido
palavras, a unidade da multa pode ser de com a multa.
10 a 360 dias-multa e o valor de cada um Para estas situações a Lei 9.605/1998 de-
destes dias-multa pode ser de um trigésimo terminou que o magistrado possa triplicar
(1/30) a 5 salários mínimos. a pena máxima visando garantir o ressarci-
Esta é a regra para fixação da pena de mul- mento do dano ecológico causado.
ta. Entretanto, a lei ambiental, no artigo
18 determina que se esta multa se mostrar 7. A reparação do dano civil cau-
ineficaz ela poderá ser aplicada em seu tri- sado pelo delito ambiental
plo, considerando o valor da vantagem eco-
De acordo com o que você estudou ante-
nômica auferida pelo poluidor.
riormente a responsabilidade ambiental é
Isto porque, para alguns agentes com gran- tríplice. Deste modo, o agente que cometeu
de poder econômico, sobretudo as gran- um crime ambiental também causou um
des empresas poluidoras, a pena de multa, dano ambiental que deve ser ressarcido na
105/229 Unidade 4 • A teoria da pena ambiental
esfera civil. Ademais, conforme artigo 91, I, do Código Penal, a obrigação de indenizar pelo dano
causado é um dos efeitos da condenação.
Assim,
110/229
Considerações Finais
• A lei especial deve ser aplicada, em detrimento da lei geral, quando ela tra-
tar de modo diverso alguma disposição geral;
• As circunstâncias judiciais, previstas no artigo 6o da Lei de Crimes Ambien-
tais, são aplicadas tanto para os crimes ambientais quanto para as infra-
ções administrativas cometidas contra o meio ambiente;
• As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade quando preenchidos os requisitos legais, previstos no artigo 7o da
Lei 9.605/1998;
• É possível a aplicação das agravantes e atenuantes do Código Penal que não
possuem disposições especiais na Lei de Crimes Ambientais, em seus arti-
gos 14 e 15.
111/229
Referências
AMADO, Frederico. Direito Ambiental Esquematizado. 7. ed. São Paulo: Método, 2016. 660p.
BRASIL. Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
_________. Lei n° 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado. 6. ed. São Paulo: Método, 2012. v.1. Parte Geral.
Aula 4 - Tema: A Teoria da Pena Ambiental. Blo- Aula 4 - Tema: A Teoria da Pena Ambiental. Bloco
co I II
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a3d0ca75e945040784d6d37aee320775>. 1939ce15cfecf6eeaa100403b661da>.
113/229
Questão 1
1. Acerca da reincidência nos delitos ambientais assinale a alternativa corre-
ta.
a) A reincidência sempre será uma circunstância que agrava a pena, quando não constitui ou
qualifica o crime.
b) A reincidência específica é causa atenuante da pena nos crimes ambientais.
c) Se um agente foi definitivamente condenado pelo cometimento de um crime contra a Admi-
nistração Pública, previsto no Código Penal, e em seguida, foi condenado pela prática de um
crime ambiental, sua pena não será agravada por conta da reincidência.
d) A reincidência específica impede a aplicação da suspensão condicional da pena nos crimes
ambientais.
e) Não é exigida a reincidência específica para que seja agravada a pena nos delitos ambientais.
114/229
Questão 2
2. A pena de multa nos crimes ambientais poderá ser aumentada:
a) Nove vezes, ainda que aplicada no valor máximo, em virtude da situação econômica do réu.
b) Quatro vezes, ainda que aplicada no valor máximo, tendo em vista o valor da vantagem eco-
nômica auferida.
c) rês vezes, ainda que aplicada no valor máximo, tendo em vista o valor da vantagem econô-
mica auferida.
d) Cinco vezes, se não aplicada no valor máximo, em virtude da situação econômica do réu.
e) Cinco vezes, ainda que aplicada no valor máximo, em virtude da situação econômica do réu.
115/229
Questão 3
3. Assinale a alternativa INCORRETA, segundo a Lei 9.605/1998.
a) Poderá ser desconsiderada a personalidade jurídica sempre que esta for obstáculo ao res-
sarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.
b) Dentre outras, são circunstâncias que atenuam a pena imposta pelo crime ambiental, o bai-
xo grau de escolaridade do agente e a colaboração com os agentes encarregados da vigilân-
cia e do controle ambiental.
c) Para a pessoa jurídica, a proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios,
subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de 10 dias.
d) Nos delitos ambientais é admitida a suspensão condicional da pena nos casos de condena-
ção a pena privativa de liberdade não superior a 2 anos.
e) A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do pre-
juízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.
116/229
Questão 4
4. Sobre os aspectos a serem considerados para a fixação da pena de mul-
ta um dos mais relevantes envolve a unidade da multa e seus valores. As-
sinale a alternativa que apresenta a unidade correta e seus valores:
117/229
Questão 5
5. As penas restritivas de direito especificamente aplicáveis aos crimes
ambientais, previstas na Lei 9.605/1998 NÃO incluem:
a) O recolhimento domiciliar.
b) A prestação pecuniária à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social.
c) A Prestação de serviços à comunidade junto a parques públicos.
d) A suspensão total de atividades que não obedecerem à prescrição legal.
e) A proibição de participar de licitação por prazo indeterminado.
118/229
Gabarito
1. Resposta: C. 5. Resposta: E.
Conforme artigo 15, I, da Lei 9.605/1998. Baseado nos artigos 8o, 9o e 10 da Lei
Apenas a reincidência específica agrava a 9.605/1998.
pena ambiental.
2. Resposta: C.
3. Resposta: D.
4. Resposta: A.
119/229
Unidade 5
Crimes ambientais contra a fauna
Objetivos
1. Conhecer e compreender as especi-
ficidades dos tipos penais ambien-
tais, em especial os crimes contra a
fauna tipificados no Capítulo V da Lei
9.605/1998;
2. Analisar os tipos penais ambientais
contra a fauna verificando os precei-
tos primários e secundários destes
crimes;
3. Saber identificar os crimes contra a
fauna verificando as principais dis-
posições dos artigos 29 a 36 da Lei
9.605/1998.
120/229
Introdução
Até este momento você verificou quais são A norma penal incriminadora é aquela que
as regras gerais acerca da tutela do meio estabelece quais são as infrações penais e
ambiente no ordenamento jurídico brasilei- proíbe a prática destas condutas, impondo
ro, você já compreendeu que a responsabi- as respectivas sanções penais. Desta forma,
lidade ambiental é tríplice e que na esfera o tipo penal é composto de dois preceitos: o
criminal vigora o princípio da especialidade. preceito primário que é a tipificação da con-
Foram expostas a você as disposições es- duta criminosa, e o preceito secundário que
pecíficas para a aplicação da lei penal am- estabelece qual a respectiva sanção penal
biental, como se dá a gradação da sanção para os que praticarem aquela conduta. A
penal ambiental, quais as penas restritivas título de exemplo veja o caput do crime de
de direitos e as circunstâncias agravantes e homicídio, previsto no artigo 121, do Códi-
atenuantes dos crimes ambientais. go Penal:
136/229
Considerações Finais
137/229
Referências
AMADO, Frederico. Direito Ambiental Esquematizado. 7. ed. São Paulo: Método, 2016.
BRASIL. Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
_________. Lei n° 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa;
altera as Leis n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, n° 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e n°
11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, e
n° 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória n° 2.166-67, de 24 de agosto de 2001;
e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
Aula 5 - Tema: Crimes Contra a Fauna. Bloco I Aula 5 - Tema: Crimes Contra a Fauna. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
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e03b2f39192f8dc5733f74ba488d7093>. b7b77525daa3aa1cda6029a1b5483950>.
139/229
Questão 1
1. Acerca dos conceitos de normas penais em branco, tipos penais abertos e
crimes de perigo abstrato assinale a alternativa correta:
a) Normas penais em branco são consideradas como sinônimos dos tipos penais abertos.
b) Na norma penal em branco a complementação é normativa, pois há uma lei que comple-
menta o tipo penal. Por outro lado, no tipo penal aberto o complemento é interpretativo
para verificar se há subsunção do fato à norma.
c) Crimes de perigo abstrato são aqueles que exigem a ocorrência de um resultado naturalísti-
co, bem como uma real ofensa ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
d) Normas penais em branco são aquela que exigem um complemento interpretativo do tipo
penal.
e) Tipo penal aberto é aquele que exige complementação de outra norma jurídica para total
compreensão de seus elementos funcionais.
140/229
Questão 2
2. Em relação aos crimes de perigo abstrato assinale a alternativa correta.
a) Crime de perigo abstrato é aquele crime em que a lei penal ou processual penal determina
abstratamente a conduta criminosa, não apontando nenhum elemento do tipo penal.
b) Crimes de perigo abstrato exigem a produção de um resultado naturalístico específico.
c) Crimes de perigo abstrato exigem a ofensa, direta ou indireta, ao bem jurídico tutelado pela
norma pena.
d) Crimes de perigo abstrato são sinônimos de crime de resultado.
e) Crimes de perigo abstrato são crimes que independem da verificação do dano efetivo ao
meio ambiente. Basta a exposição do bem ambiental ao perigo de dano.
141/229
Questão 3
3. Assinale a alternativa que apresenta a classificação NÃO contemplada
pela Lei 9.605/1998 acerca das espécies de delitos ambientais.
142/229
Questão 4
4. Julia, brasileira, com 28 anos, residente e domiciliada no Brasil, após
visitar a Austrália, traz consigo um casal de coalas, animais típicos da re-
gião, pois gostaria de introduzir a referida espécie no Brasil. Assinale a
alternativa correta acerca da conduta de Julia:
a) Julia não cometeu nenhum ilícito penal ou ambiental, não sendo responsabilizada na esfera
civil ou penal. Porém, somente na esfera administrativa Julia pode ser punida, pois não obte-
ve a licença adequada para introdução da espécie no país.
b) Julia cometeu o crime ambiental do artigo 31 da Lei 9.605/1998, pois ao trazer o casal de
animais introduziu no Brasil, sem licença e sem parecer técnico favorável, espécime animal.
c) Julia será responsabilizada apenas na esfera cível pelo dano ambiental que cometeu.
d) Julia não será responsabilizada na esfera cível, na esfera administrativa ou na esfera criminal.
e) Julia cometeu o crime do artigo 29, inciso III, da Lei 9.605/1998, pois realizou comércio ilegal
de animais.
143/229
Questão 5
5. Carla, residente e domiciliada em Florianópolis, foi para Manaus passar
as férias com sua família. Ao chegar lá se encantou com os pássaros da re-
gião e apanhou algumas espécies para vender em Santa Catarina. Acerca
da conduta de Carla assinale a alternativa correta:
a) Carla cometeu o crime do artigo 29, inciso III, da Lei 9.605/1998 e será responsabilizada pelo
crime de tráfico ilegal de animais, mesmo que não consiga vender os referidos pássaros.
b) Carla não será responsabilizada na esfera cível, na esfera administrativa ou na esfera criminal.
c) Carla praticou o crime de maus tratos contra animais nativos, conforme artigo 32 da Lei
9.605/1998.
d) Carla será responsabilizada apenas na esfera cível pelo dano ambiental que cometeu.
e) Carla cometeu o crime do artigo 29, inciso III, da Lei 9.605/1998 e será responsabilizada pelo
crime de tráfico ilegal de animais caso consiga vender os referidos pássaros.
144/229
Gabarito
1. Resposta: B. 3. Resposta: D.
Não podemos confundir a norma penal em Você deve ter cuidado. O meio ambiente do
branco com os tipos penais abertos. Na nor- trabalho integra o conceito de meio am-
ma penal em branco a complementação é biente no ordenamento jurídico brasileiro.
normativa, pois há uma lei que complemen- Entretanto a Lei 9.605/1998 não contem-
ta o tipo penal. Por outro lado, no tipo penal pla espécies de crimes ambientais contra o
aberto o complemento é interpretativo. meio ambiente do trabalho.
2. Resposta: E. 4. Resposta: B.
Crimes de perigo abstrato são crimes que Em conformidade ao artigo 31 da Lei
independem da verificação do dano efeti- 9.605/1998.
vo ao meio ambiente. Basta a exposição do
bem ambiental ao perigo de dano. Eles dife-
rem dos crimes de dano ou crimes de lesão
que exigem a efetiva lesão ao bem jurídico
tutelado pela norma penal.
145/229
Gabarito
5. Resposta: A.
146/229
Unidade 6
Crimes ambientais em espécie
Objetivos
Conforme você viu anteriormente a Lei de a vegetação de um país ou região, uma épo-
Crimes Ambientais separa os tipos penais ca, ou determinado meio ambiente(EDITO-
ambientais conforme as esferas de pro- RA MELHORAMENTOS LTDA, 2017). Em ra-
teção do meio ambiente. Neste momento zão disto, os delitos praticados contra a flo-
passaremos a verificar as principais disposi- ra visam a proteção da vegetação do país.
ções dos tipos penais ambientais previstos
nos artigos 38 a 69 da Lei 9.605/1998. Des-
te modo, você passará a estudar os delitos Para saber mais
contra a flora, os crimes de poluição, crimes No Brasil, a Lei 12.651/2012, denominada Código
contra o ordenamento urbano, contra o pa- Florestal, estabelece normas gerais sobre a prote-
trimônio cultural e contra a administração ção da vegetação, Áreas de Preservação Perma-
ambiental. nente e as áreas de Reserva Legal; a exploração
florestal, o suprimento de matéria-prima flores-
1. Crimes contra a flora tal, o controle da origem dos produtos florestais
e o controle e prevenção dos incêndios florestais,
O conceito de flora trazido pelo dicionário e prevê instrumentos econômicos e financeiros
da língua portuguesa a define como o con- para o alcance de seus objetivos.
junto de todas as espécies que caracterizam
163/229
Considerações Finais
• A lei especial deve ser aplicada, em detrimento da lei geral, quando ela tra-
tar de modo diverso alguma disposição geral.
• Os delitos praticados contra a flora visam a proteção da vegetação do país.
• O Código Florestal estabelece a possibilidade de firmar um termo de com-
promisso de regularização de imóvel rural com o órgão ambiental compe-
tente. A assinatura deste compromisso gera a suspensão da punibilidade
dos crimes dos artigos 38, 39 e 48 da Lei 9.605/98.
• O sujeito passivo dos crimes ambientais é toda a coletividade.
164/229
Referências
BRASIL. Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Civil. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
Tribunal Regional Federal da 2a Região, AC 4.086, DJU 03.02.2006. TRF 2ª REGIÃO – Apelação
Criminal: ACR 4086 RJ 2000.51.02.005956-3. Relator Desembargador Federal Alexandre Libonati
de Abreu. Data de julgamento: 14.12.2005. 1ª Turma Especializada. Data de publicação DJU
03.02.2006
Aula 6 - Tema: Crimes Ambientais em Espécie. Aula 6 - Tema: Crimes Ambientais em Espécie.
Bloco I Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
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1d/6b91b9a7e72c5a0e024c587ee77249f2>. f42e643454b2e316941086ad9e6f1d9e>.
167/229
Questão 1
1. O Código Florestal estabelece a possibilidade de firmar um termo de com-
promisso para regularização de imóvel ou posse rural perante o órgão am-
biental competente. Assinale a alternativa que apresenta o efeito da assina-
tura deste compromisso.
168/229
Questão 2
2. Conforme as disposições do artigo 53 da Lei de Crimes Ambientais NÃO
haverá aumento de pena nos crimes contra a flora praticados:
a) Em estado de necessidade.
b) No período noturno.
c) Em época de seca.
d) No período de formação de vegetação.
e) Contra espécies raras.
169/229
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta acerca do crime de poluição, previsto na
Lei 9.605/1998:
170/229
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta acerca dos crimes ambientais.
a) Para haver a suspensão condicional do processo nos delitos ambientais é necessário que
haja comprovação da recuperação do dano ambiental.
b) A suspensão condicional do processo, prevista no artigo 89 da Lei 9.099/95 somente será
admitida nas infrações de menor potencial ofensivo.
c) Não é cabível suspensão condicional do processo nos crimes ambientais.
d) Não é cabível suspensão condicional do processo nos crimes ambientais de poluição.
e) Não é cabível suspensão condicional do processo nos crimes ambientais contra o ordena-
mento urbano.
171/229
Questão 5
5. Assinale a alternativa que apresenta o(s) diploma(s) legal(is) que tipifi-
ca(m) a seguinte conduta: destruir, inutilizar ou deteriorar bem protegido
por lei, por ato administrativo ou por decisão judicial, bem como arquivo,
registro, museu ou biblioteca protegidos por lei, por ato administrativo ou
por decisão judicial.
172/229
Gabarito
1. Resposta: C. 5. Resposta: E.
3. Resposta: D.
Conforme artigo 54 da Lei 9.605/1998.
4. Resposta: A.
Objetivos
174/229
Introdução
192/229
Considerações Finais
193/229
Referências
BRASIL. Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Civil. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
_________. Lei n° 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e
Criminais e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L9099.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
MARQUES. José Frederico. Elementos de direito processual penal. Rio de Janeiro: Forense, 1961.
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado. 6. ed. São Paulo, Editora Método, 2012. v.1. Parte
Geral.
Aula 7 - Tema: Ação Penal Ambiental. Bloco I Aula 7 - Tema: Ação Penal Ambiental. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
ab13b4c36e0bbd9b1f5e429714a252fc>. 1d/2b2291ac62d30fc43cbe56fbcadaf940>.
196/229
Questão 1
1. Assinale a alternativa correta acerca do delito ambiental previsto no artigo
69-A da Lei 9.605/98, segundo o qual constitui crime elaborar ou apresen-
tar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento
administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente
falso ou enganoso:
197/229
Questão 2
2. Conforme as disposições do artigo 66 da Lei de Crimes Ambientais cons-
titui delito ambiental fazer o funcionário público afirmação falsa ou enga-
nosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos
em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental. Assina-
le a alternativa correta acerca deste crime.
a) Constitui um crime próprio, pois exige uma condição especial do sujeito ativo para configu-
ração deste delito.
b) Não incorrem neste delito aqueles que deixam de constar uma informação em procedimen-
to administrativo de autorização ou licenciamento ambiental.
c) Não constitui crime próprio.
d) Este delito revoga alguns dispositivos do Código Penal.
e) Não se comunicam às circunstâncias e às condições de caráter pessoal elementares.
198/229
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta acerca da aplicação das regras dos Juiza-
dos Especiais Criminais aos delitos ambientais previstos na Lei 9.605/1998.
a) Ao crime de poluição não são aplicadas as regras dos Juizados Especiais Criminais.
b) Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de
pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano
ambiental.
c) Para o crime ambiental praticado pela pessoa jurídica não são cabíveis as medidas despena-
lizadoras da Lei 9.099/05.
d) Não é admita transação penal aos delitos ambientais.
e) Não é admita suspensão condicional do processo aos delitos ambientais.
199/229
Questão 4
4. Assinale a alternativa que apresenta um crime ambiental que será julga-
do pela justiça federal.
a) Crime de poluição.
b) Elaborar ou apresentar em licenciamento ambiental estudo ou documento sabidamente
falso.
c) Conceder o funcionário público permissão em desacordo com as regras ambientais.
d) Desmatar área de floresta sem autorização do órgão competente.
e) Crimes ambientais cometidos contra interesses de entidade autárquica federal.
200/229
Questão 5
5. Acerca da competência para processo e julgamento dos crimes ambien-
tais, assinale a alternativa correta:
201/229
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: E.
Artigo 69-A, parágrafo 2o, da Lei Artigo 109, inciso I, da Constituição Federal.
9.605/1998.
5. Resposta: A.
2. Resposta: A.
Artigo 109, inciso V, da Constituição Federal.
Artigo 66 da Lei 9.605/1998. Constitui cri-
me próprio, pois exige condição especial do
sujeito ativo consistente em ser funcionário
público.
3. Resposta: B.
202/229
Unidade 8
A responsabilização penal da pessoa jurídica
Objetivos
Em seguida, merece discorrer acerca do parágrafo único, do artigo 3o, da Lei 9.605/98 que esta-
belece sobre a teoria da dupla imputação. Este dispositivo estabelece que a responsabilidade da
pessoa jurídica e das pessoas físicas responsáveis pela conduta criminosa são independentes.
Desta forma, cabe a indagação, o Ministério Público, como legitimado a ingressar com a ação
penal (artigo 129, inciso I, da Constituição Federal) é obrigado a responsabilizar primeiro as pes-
soas físicas e, posteriormente, as pessoas jurídicas? A responsabilização de uma depende da
responsabilização da outra?
O Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal já alteraram seus entendimentos
quanto a este tema algumas vezes. Mas, atualmente, prevalece que é possível a responsabiliza-
ção criminal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização
concomitante da pessoa física que agia em seu nome (BRASIL, 2013; BRASIL, 2015).
Desde os primórdios da ciência jurídica havia a cultura de que o Direito não deve ater-se a casos,
questões e preocupações consideradas de baixa relevância para o interesse social. Desta forma,
as situações fáticas consideradas antissociais, mas que não demonstram periculosidade ou re-
provabilidade do comportamento, não merecem ser solucionadas pelo Estado e, por isso, não
necessitam da ação do poder judiciário.
Assim, são consideradas atípicas as condutas que causem lesões desprezíveis ao bem jurídico.
Alguns autores apontam, como exemplo, o furto de uma fruta, praticado contra uma grande
rede de supermercados. Para muitos, esta conduta pode ser qualificada como insignificante.
Como explica Francisco de Assis Toledo,
não há crime de dano ou furto quando a coisa alheia não tem qualquer
significação para o proprietário da coisa (...) É preciso, porém, que este-
jam comprovados o desvalor do dano, o da ação e o da culpabilidade (...)
(MIRABETE, 2005, p.121).
Há, portanto, certas situações, como as mencionadas, que não merecem a provocação do Poder
Judiciário para a sua solução. Assim, para haver a configuração de um crime deve ocorrer ofensa
a um interesse dirigido, atingindo um bem jurídico relevante.
Convém ressaltar que, no Brasil, não há previsão legal expressa para a aplicação do princípio da
insignificância. Entretanto, para parte da doutrina e da jurisprudência deve ser apontado o prin-
cípio da necessidade constante no caput do artigo 59, do Código Penal, como base legal para a
aplicação deste princípio.
Referido princípio reza que a tutela penal somente se faz necessária quando a incidência de ou-
tros ramos do direito se mostrem ineficazes para a proteção de um determinado bem jurídico.
Assim, com a aplicação da insignificância é extinta a tipicidade do delito.
218/229
Considerações Finais
• Os crimes ambientais exigem decisão de um funcionário da empresa e pre-
sença de interesse da corporação advindo da atividade criminosa para que
sejam praticados por pessoas jurídicas.
• As penas aplicáveis às pessoas jurídicas são: multa, restritivas de direitos ou
prestação de serviços à comunidade.
• Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça é aplicável o princí-
pio da insignificância aos delitos ambientais, desde que presentes os requi-
sitos objetivos e subjetivos de configuração da bagatela.
219/229
Referências
BRASIL. Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Civil. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
MIRABETE. Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 22. ed. São Paulo: Editora Atlas. 2005. Parte
Geral.
Supremo Tribunal Federal. Glossário Jurídico. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/
glossario/>. Acesso em: 02 dez. 2017.
TOLEDO. Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. São Paulo: Saraiva,1982.
222/229
Questão 1
1. Assinale a alternativa INCORRETA acerca dos conceitos envolvendo a fi-
gura penal do dolo:
a) O dolo é a vontade consciente e livre de cometer uma conduta criminosa por ação ou omissão.
b) O dolo constitui o juízo de censurabilidade feito pelo julgador que busca determinar se o
autor tinha a possibilidade de realizar a conduta em conformidade com o ordenamento jurí-
dico, evitando o cometimento do crime, mas optou pela prática delituosa.
c) O dolo pode ser direto, indireto, genérico ou específico.
d) O dolo genérico é aquele que pretende acarretar a ofensa à lei penal; enquanto o dolo espe-
cífico pretende algo além da conduta criminosa.
e) O dolo será direto quando um agente busca um resultado determinado e almejado.
223/229
Questão 2
2. Assinale a alternativa que apresenta os requisitos necessários à aplicação
de pena privativa de liberdade à pessoa jurídica.
a) Para que haja aplicação de pena privativa de liberdade à pessoa jurídica somente é necessá-
rio que haja manifestação de vontade expressa do representante legal da empresa.
b) O crime deve ser cometido por decisão de um representante legal ou contratual da empresa
ou por uma decisão de seu órgão colegiado e a infração penal deve ser praticada no interes-
se ou benefício da empresa.
c) Basta que o funcionário da empresa haja em desacordo com as regras ambientais.
d) A pessoa jurídica não pode sofrer pena privativa de liberdade.
e) É necessário que os crimes ambientais cometidos sejam praticados contra interesses de en-
tidade autárquica federal.
224/229
Questão 3
3. Acerca da responsabilização criminal ambiental, assinale a alternativa
que apresenta as penas que são aplicáveis às pessoas jurídicas:
225/229
Questão 4
4. Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma pena restritiva de direitos
da pessoa jurídica.
226/229
Questão 5
5. O princípio da insignificância é causa de exclusão da:
a) Culpabilidade.
b) Aplicação da pena.
c) Tipicidade.
d) Punição criminal.
e) Lesividade.
227/229
Gabarito
1. Resposta: B. 5. Resposta: C.
2. Resposta: D.
3. Resposta: E.
Artigo 21, da Lei 9.605/1998.
4. Resposta: E.
228/229