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Legislação Ordinária Pág.

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1 – A noção de Direito do Ambiente


O Direito do Ambiente como o conjunto de normas jurídicas que regulam a utilização e
a protecção dos recursos naturais, com vista a assegurar um desenvolvimento
sustentável, assente no respeito pela biodiversidade e pela qualidade de vida dos seres
humanos.

2 – O conceito amplo e restrito de Ambiente


O objecto do Direito do Ambiente. O conceito amplo de Ambiente que inclui os
componentes ambientais naturais e humanos e o conceito restrito de ambiente que o
restringe apenas aos componentes ambientais naturais.

A evolução da protecção jurídica do ambiente em Portugal.


Num discurso próprio e articulado, a(o) estudante deverá traçar um breve panorama
sobre o modo como a protecção do ambiente se tem desenvolvido em
Portugal, assinalando, nomeadamente, alguns dos seus momentos mais marcantes.
Pagina 164 da compilação

Qual a relevância de se considerar o ambiente como um «bem jurídico»?


A consideração do ambiente como bem jurídico tem como consequência o
reconhecimento de que ele deverá ser objecto de tutela e protecção jurídica
autónoma. (cfr. pp. 25-26, 197 do manual adoptado)
A qualificação do ambiente como «bem jurídico» traduz o reconhecimento de que ele é
um interesse socialmente relevante e, como tal, deve ser protegido pelo Direito. Para
além disso, evidencia a autonomia do ambiente, o qual é tutelado em si mesmo e por si
mesmo. (cfr. pp. 10 e ss. do Recurso didáctico n.º 1; pp. 21 e ss. do Recurso didáctico
n.º 7; Gomes Canotilho, A abordagem Jurídica do Ambiente, pp. 25 e ss. Pagina 11 da
compilação

Porque é que o Direito deve regular as questões ambientais? Fundamente.


Como o ambiente e todos os recursos que o constituem são essenciais à vida de todos os seres
vivos do planeta terra, era de se esperar que a sua proteção fosse uma prioridade. Ao invés
disso, vemos agressões barbaras ao nosso planeta, causando destruição de recursos, de tal
forma que pode alterar ou até mesmo comprometer a vida no planeta tal como o conhecemos
e tal como nos habituamos. As pressões causadas sobre o ambiente e sobre os recursos
naturais tem de ser minimizada de alguma forma. É nesse sentido que o Direito deve intervir,
de forma a regular a utilização dos recursos de forma adequada punindo todos os
comportamentos desadequados e consumos exagerados com recurso a normas jurídicas

(cfr. pp. 17 e ss. do manual adoptado)

Indique as razões que justificam que durante muito tempo a importância do


ambiente para os seres humanos não se tenha traduzido numa protecção jurídica
mais efectiva.
Existem três razões principais para que a proteção do ambiente não seja rigorosa, tal como
deveria ser. Razões económicas, jurídicas e de valores.

Em termos económicos, como os recursos naturais eram vistos como inesgotáveis, não
havendo limitações para o seu consumo, não havia necessidade de lhe atribuirmos um valor.
Manteve-se essa ideia até descobrirmos que afinal, a utilização e exploração dos recursos
naturais tem limites e devido ao abuso do ser humano, com o excesso de poluição e consumo
de recursos, estamos a sofrer consequências negativas como por exemplo o aquecimento
global, ou destruição da camada do ozono, que em conjunto provocam alterações nos
ecossistemas e doenças nos seres vivos.

Em relação ao ponto de vista jurídico, estes bens essenciais à nossa vida, como estavam
espalhados pela natureza, eram vistos como sendo propriedade de ninguém e por isso
ninguém poderia ter legitimidade jurídica para impor limites à sua utilização, pois acabava por
ser uma propriedade comum a todos. Hardin, utilizou alguns exemplos de forma a explicar que
essa perspetiva não é correta, e que só funcionaria em locais com baixa densidade
populacional.

Do ponto de vista dos valores, a característica mais marcante das sociedades ocidentais é o
materialismo, a obsessão em criar riqueza, baseando-se no desenvolvimento económico.

Esses ideais são muitas vezes sobrepostos à proteção do ambiente e quando surge a
necessidade de proteção e conservação da biodiversidade, assim como a proteção da
qualidade do ar e da água, essenciais para a nossa sobrevivência, somos enfrentados com
resistência e críticas, porque de certa forma estamos a colidir diretamente com as condições
de vida das populações, onde a criação de emprego, por exemplo é mais importante e mais
imediato que a proteção do habitat de um ser vivo.

cfr. pp. 1-3 do Recurso didáctico n.º 1

Porque é que a imputação de um facto ilícito a um agente é importante na


regulação jurídica do ambiente? Justifique.
Essa imputação é decisiva para garantir que seja efectivada a responsabilidade civil ou
penal dos agentes.(cfr. pp. 142 e ss., 154 e ss. do manual adoptado
-Quais as implicações da adopção de uma perspectiva antropocêntrica para a
configuração do Direito do Ambiente? Justifique.
A perspectiva antropocêntrica sugere que a defesa do ambiente tem como objectivo
principal a defesa da vida humana, pelo que a protecção do ambiente adquire um valor
instrumental, só aparecendo justificável quando isso contribua para assegurar as
condições necessárias à existência humana. (cfr. pp. 21 e ss. do manual
adoptado)Página 9 da compilação

A protecção do ambiente é assegurada apenas por normas jurídicas nacionais?


Justifique.
Ver princípio do primado do direito europeu sobre o direito nacional.
Não, são também aplicáveis normas de direito internacional e normas emanadas da
União Europeia.(cfr. pp. 9 e ss. do Recurso didáctico n.º 1, e pp. 8 e ss. do Recurso
didáctico n.º 4)4. Pagina 129 136 a 138 da compilação

No plano normativo é possível considerar um conceito amplo e um


conceito restrito de ambiente. Indique as diferenças entre ambos e a sua
relevância para a definição do Direito do Ambiente.
O conceito amplo de ambiente inclui os componentes ambientais naturais e os
componentes ambientais humanos; por sua vez, o conceito restrito integra apenas os
componentes ambientais naturais. A opção por um conceito mais restrito permite centrar
o Direito do Ambiente na protecção dos recursos naturais, aos quais é atribuído um valor
próprio e independente da sua utilidade paraos humanos, permitindo uma edificação
normativa (princípios e normas) mais coerente e que valoriza os recursos naturais em
si mesmos e lhes concede protecção jurídica.(cfr. pp. 11 e ss. do Recurso Didáctico n.º
2) Pagina 17 da compilação

Dificuldade para a decisão política em matéria ambiental


Dependência da opinião científica pag 5

Caracterize o princípio da integração.


O princípio da integração impõe que as preocupações ambientais sejam integradas
na definição de todas as políticas nacionais e comunitárias. (cfr. pp. 54-55 do manual
adoptado)
A relação entre o Direito Comunitário e o Direito Nacional é marcada por
duas características. Indique essas características e fundamente a sua
relevância para a proteção do ambiente em Portugal.
Essas duas características são a aplicabilidade direta e a primazia sobre o direito
nacional. (cfr. p. 91 do manual adoptado) pag 169 compilação

Na sua opinião justifica-se a existência de uma Lei de Bases do Ambiente?


Em caso positivo, quais deverão ser as suas funções? Em caso negativo,
fundamente a sua posição.
A Lei de Bases do Ambiente estabelece os princípios gerais da política de proteção do
ambiente em Portugal. Por isso, condiciona as opções que o legislador poderá
adotar em matéria de legislação subsequente. É também um argumento importante para
a fundamentação da autonomia do Direito do Ambiente. (cfr. pp. 97 e ss. do manual
adoptado)

No âmbito do procedimento contra-ordenacional, qual é a relevância da aplicação


de sanções acessórias?
Como se poderá ver do leque de sanções acessórias elencadas no artigo 47.º da Lei de
Bases do Ambiente e do artigo 30.º da Lei n.º 50/2006, estas são ou poderão
ser muito gravosas para os infractores, pelo que para além de poderem garantir
uma punição adequada, em função da gravidade da conduta, têm também uma
função dissuasora evidente. (cfr. pp. 188-189 do manual adoptado)

O direito penal é o melhor instrumento para a protecção do ambiente? Justifique.


A consideração do direito penal como sendo de aplicação subsidiária, demonstra que
este deverá estar reservado para aquelas situações que apresentam um carácter
particularmente gravoso. Por outro lado, deverá ter-se em conta a dificuldade de
aplicação do direito penal, assim como uma eficácia preventiva mais reduzida,
uma vez que para a sua actuação pressupõe-se a produção de um dano. (cfr. pp. 153
e ss. do manual adoptado)

A intervenção dos cidadãos na protecção do ambiente e o Direito do Ambiente.


Num discurso próprio e crítico, o estudante deverá indicar alguns dos mecanismos
que os cidadãos poderão utilizar na defesa do protecção do ambiente e justificar
a sua relevância.
O Direito Administrativo e a protecção do ambiente.
Num discurso próprio e crítico, o estudante deverá demonstrar a importância que
o Direito Administrativo assume na protecção do ambiente, apresentando exemplos
concretos que ilustrem essa intervenção.

Distinga o princípio da prevenção do princípio da correcção na fonte.


A resposta deverá começar por indicar as principais características de cada um
destes princípios, para que possa, em seguida, enunciar os elementos que os
permitem distinguir. (cfr. pp. 44 e ss. do manual adoptado)

Alguns autores discordam que a poluição seja considerada uma componente


ambiental humana. Enuncie as razões que são apresentadas e tome uma posição.
Depois de apresentar o conceito de componente ambiental humana e de situar a sua
relevância para a conceptualização do Direito do Ambiente, o/a estudante deverá
demonstra a adequabilidade da classificação da poluição como uma componente
ambiental humana. (cfr. pp. 21 e ss., e 99 do manual adoptado)

Considera adequado o tipo de projectos que estão sujeitos ao procedimento


de avaliação de impacte ambiental? Justifique.
A resposta deverá enunciar os critérios utilizados para estabelecer os projectos
que estão sujeitos AIA. Em face disso, e dos pressupostos que estão na sua base,
deverá apresentar a sua opinião sobre a adequabilidade dos critérios utilizados. (cfr. pp.
102 e ss. do manual adoptado; artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio)

Quais são as particularidades que a protecção do ambiente introduz no


contencioso administrativo?
A resposta deverá demonstrar como é que os objectivos do Direito do Ambiente
e o conjunto dos intervenientes no processo administrativo produzem a
inadequação e justificam a ocorrência de alterações no modo de organização do
contecioso administrativo. (cfr. pp. 132 e ss. do manual adoptado)

Qual a relevância da figura do assistente, enquanto sujeito processual, para


a protecção do ambiente?
A figura do assistente permite a intervenção de um terceiro interessado no processo; no
caso do processo penal beneficiam desse direito a vítima de um crime ambiental, bem
como, as ONGA. (cfr. pp. 159 e ss. do manual adoptado)
A responsabilidade civil e a protecção do ambiente.
Num discurso próprio e crítico, o/a estudante deverá apresentar as desvantagens
e vantagens que os mecanismos de responsabilidade civil apresentam para a protecção
do ambiente.

O Direito Penal e a protecção do ambiente.


Num discurso próprio e crítico, o/a estudante deverá apresentar as desvantagens
e vantagens da utilização do Direito Penal na protecção do ambiente.

Caracterize o princípio da precaução.


Na caracterização deste princípio deverá ser salientado que ele se aplica àquelas
situações em que existe incerteza científica sobre o carácter prejudicial de uma
determinada actividade para o ambiente, devendo ficar claro o seu carácter distintivo
em face do princípio da prevenção. (cfr. pp. 48 e ss. do manual adoptado)

A relação entre o Direito Comunitário e o Direito Nacional é marcada por


duas características. Indique essas características e fundamente a sua
relevância para a protecção do ambiente em Portugal.
Essas duas características são a aplicabilidade directa e a primazia sobre o
direito nacional. (cfr. p. 91 do manual adoptado)

Quais são as três características que permitem averiguar se um projecto


deve ser submetido a um processo de avaliação de impacte ambiental?
Essas características são a localização, a dimensão e a natureza do projecto. (cfr. artigo
1.º do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, com as alterações introduzidas
pelo Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro – Lei de Avaliação de Impacte
Ambiental; p. 103 do manual adoptado)

No âmbito do procedimento contra-ordenacional, qual é a relevância da aplicação


de sanções acessórias?
Como se poderá ver do leque de sanções acessórias elencadas no artigo 47.º da Lei de
Bases do Ambiente e do artigo 30.º da Lei n.º 50/2006, estas são ou poderão
ser muito gravosas para os infractores, pelo que para além de poderem garantir
uma punição adequada, em função da gravidade da conduta, têm também uma
função dissuasora evidente. (cfr. pp. 188-189 do manual adoptado)
O direito penal é o melhor instrumento para a protecção do ambiente? Justifique.
A consideração do direito penal como sendo de aplicação subsidiária, demonstra que
este deverá estar reservado para aquelas situações que apresentam um carácter
particularmente gravoso. Por outro lado, deverá ter-se em conta a dificuldade de
aplicação do direito penal, assim como uma eficácia preventiva mais reduzida,
uma vez que para a sua actuação pressupõe-se a produção de um dano. (cfr. pp. 153
e ss. do manual adoptado)

O Direito Administrativo e a protecção do ambiente.


Num discurso próprio e crítico, o estudante deverá demonstrar a importância que
o Direito Administrativo assume na protecção do ambiente, apresentando exemplos
concretos que ilustrem essa intervenção.

A dicotomia direito/dever no Direito do Ambiente.


Num discurso próprio e crítico, o estudante deverá desenvolver a temática,
demonstrando em que medida é possível falar de uma dicotomia direito e dever, bem
como as suas implicações para a configuração do Direito do Ambiente.

Tendo em conta os vários princípios de Direito do Ambiente que conhece, em qual


deles enquadraria a criação da Reserva Agrícola Nacional? Justifique.
O princípio da prevenção. (cfr. pp. 44 e ss. do manual adoptado)

A Constituição Portuguesa consagra no artigo 52.º o «direito de acção


popular». Este instrumento jurídico pode ser utilizado na defesa do ambiente?
Justifique.
Sim, essa possibilidade é reconhecida expressamente pelo artigo 52.º, n.º 3, al. a). (cfr.
pp. 69-70 do manual adoptado

Enuncie os pressupostos de aplicação da responsabilidade civil e demonstre a


sua adequação na protecção do ambiente.
Os pressupostos são: a existência de um facto ilícito, a existência de um dano,
um nexo de causalidade entre facto e dano e a imputação do facto a um agente. (cfr.
pp. 142, 146-147 do manual adoptado)

O artigo 176.º do Tratado da Comunidade Europeia prevê que «as medidas


adoptadas por força do artigo 175.º não obstam a que cada Estado-Membro
mantenha ou introduza medidas de protecção reforçadas. Essas medidas
devem ser compatíveis com o presente Tratado e serão notificadas à
Comissão». Comente.
Num discurso próprio e articulado, a/o estudante deverá comentar a norma do TCE,
nomeadamente tendo em conta a relação entre Direito Nacional e Direito
Comunitário, e demonstrar as consequências práticas da sua aplicação.

A eficácia do Direito Penal na protecção do Ambiente.


Num discurso próprio e crítico, a/o estudante deverá enunciar as principais questões
suscitadas pela aplicação do Direito Penal em matéria ambiental, comparando-o
com a utilização de outros intrumentos de reacção às condutas violadoras.

O Estado português pode ser indemnizado pelas condutas praticadas por


indivíduos e empresas que resultem na degradação da qualidade do ambiente?
Justifique.
Sobre os agentes poluidores impede um dever de indemnização pelos danos causados,
tal como resulta do princípio da responsabilização. Naturalmente, cabendo ao
Estado a defesa do bem jurídico ambiente, ele será o titular do direito à
indemnização pelos danos causados, pois cabe-lhe proteger um bem colectivo. Para
além disso, existindo um direito subjectivo, os indivíduos afectados poderão também ser
titulares de um direito a indemnização, na extensão do direito de que sejam
titulares. (cfr. pp. 30 e ss. do manual adoptado)

Quais as implicações que resultam da ponderação dos interesses difusos no


Direito do Ambiente? Justifique.
A principal implicação é permitir que um indivíduo ou um grupo de indivíduos
possam intervir numa situação de violação do ambiente (junto da administração
pública ou dos tribunais, por exemplo), sem que necessitem de invocar um interesse
directo ou pessoal na questão. (cfr. pp. 70 e 199 do manual adoptado)

Na sua opinião, em que medida o fenómeno da hipercriminalização pode ser um


argumento contra a previsão penal de condutas violadores do ambiente?
Justifique.
A hipercriminalização é a expressão utilizada para designar um movimento de
alargamento da previsão penal a domínios que estavam dela excluída e que
alguns defendem assim deveria continuar. O ambiente é precisamente apontado
como um exemplo dessa hipercriminalização, atendendo às limitações que parece
ter para garantir uma protecção eficaz do ambiente. (cfr. pp. 153 e ss. e 199 do manual
adoptado)

Indique, fundamentando, os factores que conduzem à utilização do princípio


da precaução.
Os factores são, fundamentalmente, a identificação de efeitos potencialmente nocivos
de um produto ou processo sobre o ambiente e a incerteza científica sobre o risco. (cfr.
p. 48 e ss. do manual adoptado)

É possível afirmar que a avaliação de impacte ambiental procede a uma


típica análise de custos-benefícios?
Não se poderá qualificar como uma simples análise de custo-benefício, uma vez que a
componente ambiental e a protecção do ambiente são preponderantes face à análise
de outras variáveis. (cfr. p. ss. do manual adoptado 197

O desenvolvimento sustentável enquanto princípio de Direito do Ambiente.


Num texto próprio e crítico, a/o estudante deverá apresentar uma noção de
desenvolvimento sustentável para, em seguida, enunciar as dificuldades e vantagens
da sua consideração como princípio de Direito do Ambiente.

A responsabilidade civil e a protecção do bem jurídico ambiente.


Num texto próprio e crítico, a/o estudante, depois de esclarecer o que podemos
entender por responsabilidade civil, deverá expor as potencialidades e inconvenientes
da sua utilização na protecção do ambiente. Pag 242

Distinga o princípio da prevenção do princípio da precaução.


O principal elemento distintivo entre o princípio da prevenção e o princípio da precaução
é que o primeiro justifica a necessidade de uma intervenção para impedir a verificação
de uma acção que se sabe apta a produzir um determinado dano, enquanto
no caso do segundo princípio, embora não existam provas científicas que estabeleçam
uma ligação entre uma acção e um dano, a incerteza científica sobre essa ligação é
suficiente para fundamentar a adopção de medidas de protecção que evitem a
ocorrência de danos, tendo em conta a dimensão que estes poderão assumir ou a sua
irreversibilidade.(cfr. pp. 44 e ss. e 48 e ss. do manual adoptado)
Se a avaliação de impacte ambiental só se aplica a projectos que tenham «impacte
significativo no ambiente», porque motivo existem projectos que, apesar desse
impacte, estão dispensados de a fazer e outros que, mesmo fazendo-a, são
aprovados? Justifique.
A avaliação de impacte ambiental procede a uma ponderação dos riscos
que um determinado projecto terá sobre o ambiente, mas a decisão de aprovação de
um projecto terá sempre em conta outras variáveis igualmente importantes,
como, por exemplo, a economia ou o emprego. Deste modo, admite-se que
em circunstâncias excepcionais e devidamente fundamentadas se possa
dispensar a realização deste procedimento, em função da preponderância que
as outras variáveis poderão assumir. O mesmo poderá suceder com os projectos
com incidência na área militar, uma vez que o carácter destes poderá ser pouco
consentâneo com a publicidade inerente à avaliação de impacte ambiental.
Por outro lado, todos os projectos terão sempre impacto no ambiente, pelo que com a
realização deste procedimento se pretende apurar se aquele será impeditivo da
aprovação do projecto ou se justificará a adopção de medidas de minimização, pelo que
nem sempre a sua realização conduzirá a uma decisão de recusa de aprovação do
projecto.(cfr. pp. 101 e ss. do manual adoptado)

Qual a relevância da previsão da protecção dos interesses difusos na


defesa do ambiente?
Fundamente. Como a protecção do ambiente incide sobre bens que nem sempre são
divisíveis por diversos titulares e sobre os quais poderão não existir interesses pessoais
directos merecedores de protecção, através da figura dos interesses difusos assegura-
se a possibilidade dos cidadãos tomarem iniciativas para conseguir a protecção dos
bens ambientais, mesmo nos casos em que não seja possível invocarem um interesse
directo e pessoal.(cfr. pp. 69-70, 199 do manual adoptado)

Quais as vantagens, face ao direito penal, da utilização do direito de mera


ordenação social na protecção do ambiente?
Embora se apliquem a situações com um distinto desvalor social, o direito
de mera ordenação social apresenta diversas vantagens, nomeadamente, em
termos de responsabilização dos agentes, em matéria de prova, de procedimento, na
possibilidade de aplicação de sanções acessórias e num maior predomínio da vertente
preventiva.(cfr. pp. 177 e ss. do manual adoptado)

O princípio da integração.
Num discurso próprio e crítico, a(o) estudante deverá apresentar o conteúdo essencial
do princípio da integração e as consequências que resultam para a protecção do
ambiente da sua consideração.

Qual o conteúdo do princípio do poluidor-pagador e quais as suas implicações


para a política de protecção do ambiente?
A ideia nuclear do princípio do poluidor-pagador é que o agente poluidor
deverá ser obrigado a suportar o custo económico do impacto que a sua
acção poluidora tem sobre o meio ambiente. Assim, os componentes ambientais
naturais (água ou ar, por exemplo) não podem ser entendidos como de utilização livre,
sem custos. Por outro lado, e porque a política de protecção do ambiente está centrada
na prevenção, o custo a ser imposto ao poluidor deverá ser tal que
promova a mudança de comportamento do poluidor, pelo que não poderá ser
entendido como uma “licença” para poluir.(cfr. pp. 50 e ss. do manual adoptado)

Qual a importância de se garantir que os cidadãos são titulares do direito de acção


popular para preservação do ambiente. Fundamente.
A acção popular possibilita que os cidadãos possam desenvolver iniciativas tendentes
à preservação do ambiente, sem que para isso necessitem de invocar um interesse
directo e pessoal, o que facilita a realização de acções de protecção ambiental
da comunidade, quando elas não estão associadas directamente a direitos
subjectivos.(cfr. pp. 69-70 do manual adoptado)

Qual a função dos actos administrativos de estímulo? Fundamente.


Os actos administrativas de estímulo (como as isenções ou benefícios fiscais), em
matéria ambiental, pretendem fomentar nos seus destinatários a adopção
voluntária de comportamentos que favoreçam a protecção do ambiente.(cfr. pp.
121-122 do manual adoptado)

A protecção do ambiente enquanto «tarefa fundamental» do Estado português.


Num discurso próprio e articulado, a(o) estudante deverá elucidar as
implicações do reconhecimento constitucional da obrigação do Estado defender o
ambiente, assim como exemplificar as tarefas que estão cometidas ao Estado e os
instrumentos que este poderá utilizar para as prosseguir.
A regulação da actividade económica e da protecção do ambiente.
Num discurso próprio e crítico, a(o) estudante deverá explicar como é que o ambiente e
a economia se inter-relacionam e demonstrar em que medida a regulação
de uma delas poderá influenciar a outra.

Podemos afirmar que a prevenção é um princípio nuclear do Direito do Ambiente?


Justifique.
O Princípio da prevenção é um princípio nuclear do Direito do Ambiente porque é aquele
que melhor assegura a protecção do ambiente, uma vez que defende uma actuação
antecipada que possibilite evitar a produção de danos ambientais, os quais podem ser
irreversíveis ou irreparáveis. Mais do reparar os danos ambientais, é necessário evitar
que eles sejam produzidos.(cfr. pp. 3-5 do Recurso didáctico n.º 3)

Caracterize o modelo de comando e controlo na regulação da política ambiental.


O modelo de comando e controlo traduz-se na emissão pela Administração Pública de
comandos imperativos aos particulares, cujo efectivo cumprimento é garantido pela
realização de acções de controlo pela mesma Administração Pública.(cfr. pp. 1-2 do
Recurso didáctico n.º 5)

Quais são os problemas colocados pela utilização da responsabilidade


civil na protecção ambiental?
São seis problemas: estabelecimento do nexo de causalidade, pluralidade de
responsáveis, valor da indemnização, determinação dos titulares à indemnização,
prescrição e o problema dos danos futuros.(cfr. pp. 23 e ss. do Recurso didáctico
n.º 7)

A autonomia científica do Direito do Ambiente.


Num discurso próprio e crítico, a/o estudante deverá identificar as principais
questões que se colocam quanto à autonomia científica do Direito do Ambiente.7. O
planeamento ambiental.Num discurso próprio e crítico, a/o estudante deverá
caracterizar o planeamento ambiental enquanto instrumento da política de protecção
do ambiente.
A Constituição Portuguesa estabelece um «direito subjectivo ao ambiente».
Qual é o seu significado e quais são as implicações do seu reconhecimento?
O direito subjectivo ao ambiente traduz-se no reconhecimento que as pessoas têm um
interesse pessoal sobre o ambiente e que isso deve merecer protecção; para isso, são
atribuídos poderes efaculdades que lhes permitam defender esses interesses.(cfr. pp.
2-3 do Recurso Didáctico n.º 4)

Indique e caracterize sumariamente três tipos de áreas de protecção ambiental.


Na resposta a esta questão poderiam ser utilizadas, nomeadamente, as
seguintes áreas de protecção ambiental: a Reserva Ecológica Nacional, a Reserva
Agrícola Nacional, o Domínio Público Hídrico, o Parque Nacional, a Paisagem Protegida
ou a Rede Natura 2000.(cfr. pp. 12 e ss. do Recurso Didáctico n.º 5)
-As áreas de protecção ambiental.
Num discurso próprio e articulado, a/o estudante deverá caracterizar as áreas de
protecção ambiental, indicar as vantagens e desvantagens da sua utilização e
apresentar exemplos das mesmas.

Considera que a aplicação de penas de prisão é a melhor forma de combater a


produção de danos ambientais? Justifique.
A definição de uma sanção depende de vários factores, nomeadamente, o valor do bem
jurídico e a gravidade da conduta. No caso da protecção do ambiente, deverão ser
privilegiados os instrumentos preventivos que impeçam a produção de danos. Tendo
estes ocorrido, a melhor sanção será sempre aquela que permita punir a acção
praticada e impedir a repetição do mesmo tipo de acto. Nem sempre o Direito Penal e a
aplicação de penas de prisão serão a melhor solução (pensemos, por exemplo, no
dano acumulado ou na responsabilização das pessoas colectivas) e nem
sempre a gravidade dos danos ambientais justificam a sua utilização.(cfr. pp. 1 e ss.
do Recurso Didáctico n.º 6)

Escolha um dos princípios de direito trabalhados na unidade curricular e utilize-o


para analisar a problemática dos incêndios florestais em Portugal.
Num discurso próprio e crítico, a resposta deverá fazer uma caracterização do princípio
de direito escolhido e demonstrar como é que ele se pode aplicar à situação concreta
dos incêndios florestais em Portugal.

Os direitos procedimentais e os direitos processuais em matéria de ambiente.


Num discurso próprio e crítico, a/o estudante deverá dar uma noção de direitos
procedimentais e de direitos processuais, indicar exemplos concretos para cada um
deles e demonstrar a sua importância e utilidade.

Distinga o princípio da prevenção do princípio da precaução


Os dois princípios prosseguem fins preventivos, com a finalidade de evitar a produção
de danos ambientais. A diferença entre ambos é que o princípio da prevenção intervém
quando se consegue estabelecer uma ligação entre um certo acto e a produção de um
determinado resultado, enquanto o princípio da precaução intervém quando existe
incerteza científica quanto à aptidão de um acto para a produção de um dano ambiental,
ainda que exista alguma evidência científica de que poderá existir essa ligação entre o
acto e o dano. (cfr. pp. 3 e ss. do Recurso Didáctico n.º 3)

O que é o direito de acção popular e qual o seu interesse para a protecção dos
recursos naturais?
É o direito que permite às pessoas e às organizações a prevenção, a cessação e a
perseguição judicial das infracções contra a preservação do ambiente, não tendo, para
isso, que demonstrar um interesse directo no caso, possibilitando assim a defesa de
interesses difusos.(cfr. pp. 4 e ss. do Recurso Didáctico n.º 4)

Indique as vantagens e as desvantagens da utilização de actos administrativos


permissivos, como as licenças ou as concessões, na protecção do ambiente.
Os actos administrativos permissivos, como as licenças, as autorizações ou as
concessões, são aqueles que possibilitam que alguém adopte uma conduta ou omita
um comportamento que de outro modo não lhe seria permitido. Uma das vantagens da
sua utilização é a possibilidade de controlo que dá à Administração Pública para avaliar
as actividades e o seu impacto sobre o ambiente; como desvantagens poderão indicar-
se a burocratização dos procedimentos ou a sua duração temporal.(cfr. pp. 9 e ss. do
Recurso Didáctico n.º 5)

Quais os problemas que se colocam à efectivação da responsabilidade civil


ambiental?
As modalidades clássicas de responsabilidade civil colocam problemas ao nível da
determinação dos seus pressupostos (nexo causalidade, pluralidade de responsáveis,
etc.) e da eficácia da imposição da obrigação de indemnização.(cfr. pp. 23 e ss. do
Recurso Didáctico n.º 7
A acção política e a protecção dos recursos naturais.
Num discurso próprio e crítico, a resposta deverá esclarecer em que medida o processo
de decisão política e o modo como a actividade política é desenvolvida nas sociedades
contemporâneas se podem reflectir nas medidas adoptadas para proteger o ambiente.

O princípio da precaução e o desenvolvimento sustentável.


Num discurso próprio e crítico, a resposta deverá demonstrar em que medida o princípio
da precaução é relevante e permite o prosseguimento de uma política de
desenvolvimento sustentável.

Podemos afirmar que a prevenção é um princípio nuclear do Direito do Ambiente?


Justifique.
O princípio da prevenção é um princípio nuclear do Direito do Ambiente porque é aquele
que melhor assegura a protecção do ambiente, uma vez que defende uma actuação
antecipada que possibilite evitar a produção de danos ambientais, os quais podem ser
irreversíveis ou irreparáveis. Mais doreparar os danos ambientais, é necessário evitar
que eles sejam produzidos.(cfr. pp. 3-6 do Recurso didáctico n.º 3)

Qual a importância do reconhecimento do direito de acção popular para a


protecção do ambiente?
A acção popular permite que as pessoas ou os grupos possam recorrer aos tribunais
para garantir aprotecção do ambiente sem que tenham de demonstrar um interesse
directo no caso.(cfr. pp. 4-6 do Recurso Didáctico n.º 4)

No âmbito do princípio da precaução, o que significa a denominada «inversão do


ónus da prova»?
A inversão do ónus da prova significa que se existirem dúvidas científicas sobre a
ligação entre umaactividade / acção e a produção de danos ambientais, cabe ao agente
eliminar a incerteza científica e provar que a acção não produz danos ambientais; se
assim não for, a dúvida deverá beneficiar o ambiente e, como tal, não deverá ser
permitida a actividade/acção.(cfr. pp. 6-7 do Recurso Didáctico n.º 3)
As pessoas colectivas podem ser responsabilizadas criminalmente pela violação
do ambiente? Justifique.
Embora existam algumas especificidades quanto à formação da vontade e não seja
possível aplicar--lhes a pena de prisão, as pessoas colectivas podem ser
responsabilizadas criminalmente e podem ser aplicadas penas como a multa ou a
dissolução. (cfr. pp. 12 e ss. do Recurso Didáctico n.º 6)

No processo de decisão política de concessão da exploração de lítio em Portugal,


qual o principal princípio de direito que considera que deve ser tido em conta?
O princípio do desenvolvimento sustentável permite considerar os diferentes interesses
e impactes que a exploração do lítio pode ter e, nesse sentido, será fundamental para
determinar uma decisão favorável ou desfavorável quanto à sua exploração. Por outro
lado, e pressupondo que os possíveis impactes são conhecidos, o princípio da
prevenção deve ser considerado, de forma a que se adoptem medidas que permitam
antecipadamente evitar a produção de possíveis danos ambientais.(cfr. pp. 3 e ss. do
Recurso didáctico n.º 3)

Todos os projectos estão obrigados a efectuar um procedimento de avaliação de


impacte ambiental? Justifique.
Não, apenas estão sujeitos a avaliação de impacte ambiental os projectos
cujo desenvolvimento possa ter um impacto significativo sobre o ambiente, seja porque
a actividade a desenvolver integraa lista dos anexos I e II da lei de avaliação
de impacte ambiental, seja porque a localização, adimensão e a natureza do
projecto a tornam necessária.(cfr. pp. 16 e ss. do Recurso didáctico n.º 5)

O que são instrumentos de compensação ambiental?


São aqueles que pretendem contrabalançar o dano ambiental produzido por uma certa
actividade, recorrendo para isso à promoção de projectos ou acções que
tragam um benefício ambiental equivalente ao prejuízo causado. (cfr. pp. 21 e ss. do
Recurso Didáctico n.º 5)

De acordo com os dados disponibilizados em Janeiro pelo Copernicus Climate


Change Service, o ano de 2020 foi o ano mais quente de sempre na Europa.
Analise esta informação à luz do princípio do desenvolvimento sustentável.
De acordo com o com os dados que o Copernicus Climate Change Service
divulgou a década 2011-2020 foi a mais quente no mundo com os 6 anos mais quentes
a ocorrerem todos desde 2015.Portugal continental classificou-se em 2020 como
muito quente e seco e foi o quarto ano mais quente dos últimos 90 anos em Portugal
continental Os cientistas apontam as alterações climáticas como a principal causa
da subida de temperatura a nível mundial segundo os dados do Serviço
Copernicus de Mudanças Climáticas. Enquanto isto acontece (o aquecimento global)
e surgem cada vez mais evidências de que são os atos humanos os maiores
responsáveis pelas alterações no ambiente e que não haverá condições de vida
humana na terra durante muito mais tempo, apesar de todas as evidências
prevalece uma cultura de consumo imediato em que a proteção da natureza ainda não
é uma prioridade e ainda são mais importantes os benefícios económicos diretos
e imediatos para as pessoas mesmo que se façam á custa do futuro do planeta.“O
Direito do Ambiente tem um corpo conceptual ainda pouco consolidado, o que gera
alguma incerteza jurídica, como sucede, por exemplo, quando se pretende saber
quais as consequências jurídicas que decorrem da aplicação de princípios como o
desenvolvimento sustentável ou a precaução. Para além disso, a utilização pelo
Direito do Ambiente de instrumentos e de conceitos originários de outros ramos
de direito, como o Direito Administrativo, tem colocado o problema da sua autonomia
científica.” [1]
O princípio do desenvolvimento sustentável embora já previsto na ordem jurídica
portuguesa, nomeadamente, na Constituição Portuguesa (cfr. artigo 66.º, n.º 2) e
com várias referências na Lei de Bases da Política de Ambiente, (nomeadamente no
artigo 3.º, al. a)), ainda não é objeto de consenso, sendo as maiores objeções ao
princípio:
-a formulação vaga e imprecisa do seu conteúdo;
-a dificuldade do direito em lidar com os denominados “direitos futuros”;
-a inexistência de uma prática jurisprudencial consolidada
No artigo 3.º, al. a)/LBPA a definição de desenvolvimento sustentável surge como
sendo aquele «que obriga à satisfação das necessidades do presente sem
comprometer as das gerações futuras», e aponta os seguintes critérios para
conseguir esse desenvolvimento sustentável:
-preservar os recursos naturais e a herança cultural;
-atenção á capacidade de produção dos ecossistemas a longo prazo;
-ordenamento racional e equilibrado do território com vista ao combate às
assimetrias regionais;
-promoção da coesão territorial;
-produção e o consumo sustentáveis de energia;
-salvaguarda da biodiversidade, do equilíbrio biológico, do clima e da
estabilidade geológica, harmonizando a vida humana e o ambiente.
É urgente que tenhamos e façamos uso de leis que defendam o
desenvolvimento sustentável com o mínimo de dúvida sobre os conceitos de que
trata, é urgente que se defina o princípio do desenvolvimento sustentável, que se discuta
e encontre consenso sobre o significado de por exemplo, “as necessidades das
gerações futuras e quais as medidas que as poderão garantir”, é preciso assentar
as bases do princípio do desenvolvimento sustentável.
É urgente discutir e resolver as semelhanças e sobreposições existentes entre o Direito
do Ambiente com o Direito do Urbanismo ou com o Direito do Ordenamento do
Território e fazer prevalecer (na minha opinião) o Direito do Ambiente, porque
sem planeta não serve a ninguém termos Direito do Urbanismo ou com o
Direito do Ordenamento do Território.
É importante que o Direito do Ambiente se foque na prevenção, e fazendo uso do critério
do risco se criem leis que protejam de fato o futuro do ambiente e o nosso futuro
enquanto espécie. Desde os anos 70 que se fala na proteção do ambiente (o
relatório The Limits of Growth foi publicado em 1972) mas em vez de avançarmos
parece que regredimos a cada década, a cada ano que passa o consumo/produção
aumenta e o ambiente deteriora-se e continuamos a produzir/consumir como
se não soubéssemos o que estamos a fazer.

Questão II – Logo após tomar posse como presidente dos EUA, Joe Biden assinou
uma ordem executiva a determinar o regresso do país à Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, vulgarmente conhecida como
Acordo de Paris. Tendo por base os conteúdos trabalhados na unidade curricular,
qual a importância deste regresso?

Questão III – A Lei de Bases da Política de Ambiente prevê no artigo 4.º o direito
de participação das/os cidadã(o)s nas políticas ambientais. Tendo como
referência o processo de exploração do lítio em Portugal, como é que essa
participação pode ser efectuada?
A identificação e discussão de soluções para o ambiente passa pela intervenção
dos cidadãos, dos investigadores, das organizações não-governamentais e das
empresas:“Da informação e da participação, que obrigam ao envolvimento dos cidadãos
nas políticas ambientais, privilegiando a divulgação e a partilha de dados e
estudos, a adoção de ações de monitorização das políticas, o fomento de uma cultura
de transparência e de responsabilidade, na busca de um elevado grau de respeito dos
valores ambientais pela comunidade, ao mesmo tempo que assegura aos cidadãos
o direito pleno de intervir na elaboração e no acompanhamento da aplicação
das políticas ambientais.” [7]Em relação á exploração de Lítio em Portugal os
cidadãos podem participar divulgando as notícias (boas) que têm saído sobre a
exploração e viabilidade do lítio como fonte de energia sustentável (pelo menos
para os próximos 30 anos) como se pode ler aqui: “A Europa lidera a investigação
sobre a fusão nuclear e Portugal tem um papel de relevo. Carlos Varandas, do Instituto
de Plasmas e Fusão Nuclear, é o actual presidente do conselho de administração
da Agência Europeia para o Reactor Internacional Experimental Termonuclear (ITER,
na sigla anglófona).
Carlos Varandas acredita que na segunda metade deste século os reactores de fusão
nuclear estarão disponíveis, podendo solucionar o problema energético global.
Estudos sugerem que o preço do KW/h produzido numa central de fusão será
idêntico ao de uma central hidroeléctrica, o que o tornaria competitivo. Além
disso, as reservas de lítio para uso na fusão nuclear dariam para 30 mil anos, um
período suficiente para encontrar outras soluções energéticas e reorganizar o nosso
modo de vida. Portugal pode vir a assumir um papel de destaque no panorama
ao nível da produção de lítio e a zona da Guarda poderá fazer parte dessa rota, uma
vez que é uma das nove regiões com ocorrências de mine-ralização e onde
actualmente é explo-rado aquele minério. O Grupo de Trabalho criado para avaliar
as potencialidades de Portugal na produção de lítio sugere a criação de um cluster.” [8]

Questão IV – António pretende instalar no Lugar do Sossego uma unidade para a


criação de mais de 80 mil galinhas, em regime de pecuária intensiva, o que irá
permitir a criação de 30 postos de trabalho numa área com uma elevada taxa de
desemprego. Este projecto está sujeito a um processo de avaliação de impacte
ambiental? Justifique.
A(AIA), avaliação de impacte ambiental é um instrumento jurídico muito importante
do Direito do Ambiente, sendo o seu objectivo proceder preventivamente à
ponderação que um impacto de um projecto possa causar ao ambiente. A AIA é
regulada pelo Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de Outubro, que aprovou o regime
jurídico de avaliação de impacte ambiental, que incide sobre os projectos públicos e
privados que possam vir a de produzir efeitos significativos sobre o ambiente. Desta
forma os projectos devem ser submetidos a um procedimento de avaliação dos
impactes ue irão produzir no ambiente e de todas as medidas que os podem minimizar,
de maneira a que a ponderar a exequibilidade ambiental do projecto. «Avaliação de
impacte ambiental» ou «AIA», instrumento de carácter preventivo da política
do ambiente, sustentado na realização de estudos e consultas, com efetiva
participação pública e análise de possíveis alternativas, que tem por objeto a
recolha de informação, identificação e previsão dos efeitos ambientais de
eterminados projetos, bem como a identificação e proposta de medidas que
evitem, minimizem ou compensem esses efeitos, tendo em vista uma decisão sobre
a viabilidade da execução de tais projetos e respetiva pós-avaliação»artigo 2.º, al.
d,[9]Ora, neste caso, a instalação de um aviário, para a criação de mais 80 mil
galinhas, em regime de pecuária intensiva, obrigatoriamente está sujeita a um processo
de avaliação de impacte ambiental.(cfr. artigo 1.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 151-B/2013,
de 31 de Outubro).O licenciamento,alteração e/ouautorização de um projecto só é
possível quando sejaemitida a declaração de impacte ambiental favorável ou favorável
com alguns condicionamentos. A lei enuncia os projectos submetidos a essa
imposição e inclui todos os projectos que pela sua localização(em que se deverá
atender à fragilidade ambiental da zona geográfica em questão e à capacidade de
“auto-regeneração”), a dimensão(em que seterá em conta a extensão da
áreageográficae a população afectada, e por ultimo a natureza, ou seja, o tipode
actividade a realizar, o risco/perigo da ocorrência de acidentes e a possibilidade
do surgimento de um impacte negativo na fauna e flora da zona geográfica. No
entanto, existem projectos que estão dispensadosdo procedimento de AIA, tais como
os projectos destinados à defesa nacional ou à protecção civil (conformeartigo
1.º,n.º 7, do Decreto-Lei n.º 151-B/2013), desde que este possa produzir efeitos
adversos, tendo em conta os objectivos desses projectos. A AIA também pode
ser dispensada «em circunstânciasexcepcionais e devidamente fundamentadas»,
mediante despacho ministerial (cfr. artigo 4.ºdo Decreto-Lei n.º 151-B/2013), o
que, no entanto,vêm apresentarassim um certo nível defalta de critériosna tomada de
decisão.

Questão V – Durante a preparação do terreno para a construção, António destruiu


todos os exemplares que encontrou de Elymus hispidus, uma gramínea
classificada como estando «criticamente em perigo e potencialmente
regionalmente extinta» na Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal
Continental. António deve ser objecto de algum tipo de punição? Justifique.

Questão I – A World Wide Fund for Nature elaborou um relatório com a revisão de
2.590 estudos científicos, no qual concluiu que a poluição dos oceanos com
plástico já excedeu o limite ecologicamente perigoso de concentrações de
microplásticos em vários locais, como é o caso do Mar do Mediterrâneo. Isto
representa um problema para a sobrevivência dos ecossistemas e de várias
espécies, e a longo prazo pode ter efeitos negativos na saúde das pessoas. Em
que medida o princípio do poluidor-pagador poderá permitir enfrentar
adequadamente este problema?

O princípio do poluidor-pagador supõe que aqueles que desenvolvem uma actividade


poluidora devem suportar um custo pelo impacto que a sua acção tem sobre o ambiente.
A imposição deste custo tem uma vertente preventiva, dado que pretende que o poluidor
altere a sua conduta, reduzindo ou eliminando a actividade poluidora. No entanto, por
si, o princípio do poluidor-pagador não impõe a eliminação da actividade, pois aquilo
que faz é dar ao poluidor a opção de continuar ou não a sua actividade; se continuar,
deverá suportar um custo por isso. Neste sentido, o princípio do poluidor-pagador
poderá não ser o mais efectivo para lidar com uma situação como aquela descrita na
questão |, dado que já foi ultrapassado o limite ecologicamente perigoso de
concentração de plástico, pelo que a actividade poluidora não pode continuar.

Questão II – No passado dia 3 de Fevereiro, no golfo da Biscaia (França), um barco


de pesca derramou mais de 100 mil peixes mortos no oceano. Segundo a empresa
proprietária do barco, isso ocorreu porque uma rede de arrasto se rasgou,
enquanto a organização Sea Shepherd defendeu que se tratou de uma descarga
ilegal de peixes indesejados, por terem um menor valor comercial. Imagine que
esta situação ocorria em águas portuguesas: é uma conduta passível de punição
pelo código penal português? Justifique.
Numa primeira análise, os crimes que poderiam enquadrar uma situação como a
descrita seriam o crime de danos contra a natureza (artigo 278.º/Código Penal — CP)
ou o crime de poluição (artigo 279.º/CP). O crime de danos contra a natureza supõe a
eliminação de exemplares de espécies protegidas em número significativo ou a
destruição ou deterioração de habitat protegido, o que não parece aplicar-se à situação,
até porque não está proibida a pesca do «verdinho». Por sua vez, o crime de poluição
supõe a degradação da qualidade da água e a provocação de danos substanciais, o
que não parece evidente a partir da descrição feita; o n.º 7, do artigo 279.º, refere
expressamente as descargas de substâncias poluentes por navios que provoquem
deterioração da qualidade da água — mas, para a sua aplicação, seria necessário
enquadrar a situação no conceito de «substâncias poluentes» e demonstrar a
deterioração da qualidade da água, o que também parece difícil. Depois da realização
da prova, verificamos que o link da Direcção-Geral de Recursos Naturais sobre a
obrigação de descarga não esteve plenamente acessível durante o período da sua
realização, dado que este site é um pouco lento e, confirmou-se posteriormente, de mais
difícil acesso durante o horário de expediente. O seu conteúdo poderia ter permitido
explorar uma outra direcção da análise da situação, focando na violação da obrigação
de descarga da pescaria, a qual não pode ser largada no mar; no entanto, esta
obrigação é dispensada em algumas situações, e com um limite percentual, abrangendo
o «verdinho».

Questão III – O Decreto-Lei n.º 73/2020, de 23 de Setembro, que aprovou o regime


jurídico do exercício da atividade profissional da pesca comercial marítima,
adoptou o regime de cogestão de certas pescarias e determinadas áreas de pesca
(artigo 12.º e seguintes). Este é um exemplo de uma medida de «comando e
controlo»? Justifique.
Às medidas de comando e controlo são aquelas que se traduzem na emissão de
comandos pela Administração Pública, os quais devem ser acatados pelos
destinatários. O regime de cogestão previsto no Decreto-Lei n.º 73/2020, de 23 de
Setembro, nos seus artigos 12.º -18.º, visa permitir que todos os interessados possam
participar nas decisões de planeamento e gestão dos recursos vivos, pelo que este
regime aproxima-se mais de um modelo de mercado ou livre, dado que são os
interessados que tomam as decisões fundamentais sobre o modo como vai ser
permitido desenvolver a actividade de pesca (interrupção da actividade, métodos de
pesca, número de licenças, máximos de captura). Estas decisões autónomas estão
balizadas pelos grandes princípios que a Administração Pública pretende implementar
neste caso, a gestão sustentável dos recursos vivos, com base em critérios científicos

-Os organismos geneticamente modificados têm sido objecto de uma grande


discussão e contestação. A invocação do princípio da precaução e a subsequente
proibição da comercialização dos OGM não permitiria terminar com a polémica?
Justifique.
O princípio da precaução é activado em situações em que existe incerteza científica
sobre o risco de um determinado produto ou processo para o ambiente. Nesse sentido,
procura-se fazer uma avaliação de riscos que permita apurar em que medida a proibição
de um produto ou a aprovação de uma moratória é ou não justificada. Não existindo
risco, não se justifica uma intervenção estatal limitadora da liberdade das empresas (e
dos consumidores). (cfr. pp. 48 e ss. do manual adoptado)
-O direito comunitário ambiental tem exercido uma grande influência sobre os
direitos nacionais. Na sua opinião, essa influência é positiva? Justifique.
Na medida em que o direito comunitário tem permitido enfrentar problemas ambientais
transnacionais e tem limitado a possibilidade de utilização da protecção do ambiente
como um factor de concorrência desleal, tem um impacto muito importante. Para além
disso, tem permitido elevar os padrões de protecção do ambiente naqueles países em
que as políticas nacionais eram insuficientes ou limitadas. (cfr. pp. 77 e ss. do manual
adoptado)

Em que medida a participação dos cidadãos na definição da política ambiental é


importante? Justifique.
A participação possibilita um maior envolvimento dos cidadãos na protecção do
ambiente, facilitando a interiorização de um dever de cidadania. Para além disso,
permite aos cidadãos controlar as decisões administrativas e judiciais. E facilita a
colocação de problemas ambientais com menor visibilidade no espaço público. (cfr. pp.
55 e ss. do manual adoptado)

-Qualquer actividade humana relevante está sujeita a avaliação de impacte


ambiental?
Apenas estão sujeitos a avaliação de impacte ambiental os projectos que sejam
susceptíveis de produzir efeitos significativos sobre o ambiente. (cfr. pp. 102 e ss.
do manual adoptado)

-Em que medida a consideração do dano ambiental acumulado tem relevância


para a aplicação do Direito Penal ao ambiente? Justifique.
O dano ambiental acumulado pode resultar de uma situação de poluição cumulativa ou
de poluição em cadeia, sendo que, em qualquer um dos casos, não é possível identificar
em concreto um indivíduo que seja responsabilizável pelo dano produzido. (cfr. pp. 158
e ss. do manual adoptado)

-O planeamento ambiental.
Num discurso próprio e crítico, a/o estudante deverá caracterizar o planeamento
ambiental enquanto instrumento da política de protecção do ambiente

- Qual a relevância de qualificar os recursos naturais como res nullius?


A qualificação dos recursos naturais como res nullius resultava do facto de ninguém
conseguir invocar a propriedade desses mesmos. Eram consideradas como coisas sem
dono. Não sendo de ninguém, poderiam ser consideradas como bens de todos. Se são
bens de todos, ninguém tem poder para limitar as ações alheias, por mais nefastas ou
abusivas que fossem.
– é a denominada «tragédia do comum». (cfr. pp. 1-3 do Recurso didáctico n.º 1)
Pag 2 comp

-O Direito Comunitário Ambiental.


Num discurso próprio e articulado, a/o estudante deverá indicar a evolução do Direito
Comunitário Ambiental e explicar a sua importância para o sistema jurídico português
de protecção do ambiente.

-A responsabilidade penal das pessoas colectivas.


Num discurso próprio e crítico, a/o estudante deverá indicar os constrangimentos que
existem quanto à responsabilização penal das pessoas colectivas pela violação do
ambiente, devendo, nomeadamente, indicar as diferentes teorias para a efectivação
dessa responsabilização.

-A certificação ambiental.
Num discurso próprio e crítico, a/o estudante deverá demonstrar em que medida a
certificação possibilita garantir a protecção ambiental

Carlos era proprietário de um prédio rural integrado na Reserva Agrícola Nacional;


no dia 02 de Setembro de 2014, vendeu-o a Daniel por 30.000 euros. No dia 10 de
Setembro de 2014, foi publicado no Diário da República um decreto-lei, aprovado
pela Assembleia da República, por maioria simples, o qual dispunha que os
prédios rurais com uma tipologia idêntica à do envolvido naquele negócio, não
poderiam ser vendidos por um preço inferior a 40.000 euros.

1 - Este decreto-lei foi correctamente aprovado?

A Assembleia da República não pode aprovar decretos-lei. Efectivamente, os actos


legislativos ordinários aprovados pela Assembleia da República assumem a forma de
lei (cfr. artigos 161.º, al. c) e 166.º, n.º 3 da Constituição da República). A designação de
decreto-lei é atribuída exclusivamente aos actos normativos do Governo aprovados no
âmbito da sua competência legislativa (artigo 198.º, n.º 1 da Constituição da República).
2 - Uma vez que o diploma legislativo não integrava nenhuma disposição quanto
à sua entrada em vigor, quando é que isso deveria ocorrer?
Nos termos do artigo 2.º, n.º 2, da Lei n.º 74/98, de 11 de Novembro, quando os
diplomas legais não estabelecem a data da sua entrada em vigor, ela ocorrerá no 5.º
dia após a sua publicação em Diário da República.

3 - Tendo tomado conhecimento deste decreto-lei, Carlos veio exigir a Daniel o


pagamento dos restantes 10.000 euros. Esta pretensão deverá ser satisfeita por
Daniel?
O negócio jurídico foi celebrado em data anterior à entrada em vigor do diploma. Nos
termos do artigo 12.º do Código Civil, «a lei só dispõe para o futuro», a menos que lhe
seja atribuída eficácia retroactiva. Portanto, e por regra, se não tiver eficácia retroactiva
(a qual terá de estar prevista no diploma legal), as normas jurídicas não afectam a
validade dos negócios celebrados regularmente antes da sua entrada em vigor.

4 - Daniel argumentou que não pagaria porque existe um costume contrário ao


seu pagamento. Este argumento é válido?
O costume é constituído por dois elementos: uma prática social repetida e habitual de
certa e determinada conduta, e a convicção da sua obrigatoriedade. Deste modo, a
invocação de um costume só poderá produzir efeitos jurídicos se estes dois elementos
existirem, o que não sucede neste caso. Para além disso, coloca-se a questão da
validade do costume contra legem (ou seja, contrário à lei). A melhor solução, num
sistema legal como o português, aconselha a que se entenda que, em caso de
contradição entre a lei e o costume, é aquela que se deve aplicar e não o costume.

5 - A 25 de Setembro de 2014, o Governo aprovou um regulamento que revogava


o referido decreto-lei, argumentado que o mesmo é contrário ao princípio da
liberdade contratual. Poderia fazê-lo?
O princípio da hierarquia das normas jurídicas opõe-se à possibilidade de revogação de
um decreto-lei por um regulamento, uma vez que este ocupa uma posição hierárquica
inferior. Na ordem jurídica portuguesa, para apurar a hierarquia das normas jurídicas
pode utilizar-se o artigo 119.º da Constituição da República.

1 - O Direito do Ambiente é uma necessidade para o ordenamento jurídico nacional


e para a protecção ambiental? Justifique.
O conhecimento do impacto da acção dos seres humanos sobre a natureza tornou
necessária a regulação normativa da utilização dos recursos naturais, de modo a
prevenir e a punir os comportamentos lesivos sobre o ambiente e a garantir a qualidade
de vida dos humanos. Deste modo, o Direito do Ambiente surge em resultado do
reconhecimento de que o ambiente é um interesse socialmente relevante, pelo que
deverá ser protegido pelo Direito. Como o Direito do Ambiente ainda está em
construção, tem sido colocado o problema da sua autonomia científica. Ou seja, será
que o Direito do Ambiente é um ramo de direito autónomo ou está integrado noutro ramo
de direito previamente existente? Esta questão têm sido suscitada, nomeadamente,
porque o Direito do Ambiente recorre a instrumentos e a métodos de outros ramos de
Direito, como o Direito Administrativo ou o Direito Penal, o que coloca dúvidas quanto à
sua especificidade. Em favor da autonomia do Direito do Ambiente poderá apontar-se
não só a qualificação do ambiente como um «bem jurídico», mas também o
desenvolvimento de métodos, técnicas e instrumentos jurídicos próprios, como a
avaliação de impacte ambiental, ao mesmo tempo que a utilização de métodos e
instrumentos de outros ramos de direito só tem sido possível com a sua adaptação às
especificidades da protecção ambiental, como acontece na responsabilidade civil ou
penal pela violação do ambiente.

2 - A Lei de Bases da Política de Ambiente adoptou um conceito amplo ou restrito


de ambiente? Qual a relevância desta questão para a configuração do Direito do
Ambiente?
O conceito restrito de ambiente centra-se exclusivamente nos componentes ambientais
naturais (ou seja, o ar, a luz, a água, o solo vivo, o subsolo, a flora e a fauna), enquanto
o conceito amplo inclui não só os componentes ambientais naturais, mas também os
componentes ambientais humanos (como a paisagem ou o património construído). A Lei
de Bases da Política de Ambiente não apresenta um conceito de ambiente. No entanto,
o artigo 9.º refere que na realização da política de ambiente, os componentes ambientais
naturais e humanos são indissociáveis. Os primeiros estão previstos no artigo 10.º e os
componentes ambientais humanos no artigo 11.º Esta indissociabilidade entre os
componentes ambientais naturais e humanos poderia sugerir a adopção de um conceito
amplo de ambiente pela ordem jurídica portuguesa. No entanto, a operatividade da
protecção jurídica ambiental, parece recomendar a utilização de uma noção mais restrita
de ambiente, centrada nos componentes ambientais naturais, posição esta que parece
poder ser sustentada com o artigo 2.º, n.º 1, da Lei da Bases da Política de Ambiente.
Deste modo, o Direito do Ambiente apenas deverá regular a intervenção humana que
tenha impacto sobre a preservação dos recursos naturais. Como tal, os componentes
ambientais humanos ocuparão uma “segunda linha” de protecção, sendo a sua
regulação remetida preferencialmente para outros ramos do Direito, como o Direito do
Urbanismo ou o do Ordenamento do Território.

1 – O Decreto-Lei n.º 97/2008, de 11 de Junho, veio estabelecer o regime


económico e financeiro dos recursos hídricos. No artigo 3.º, n.º 2, esclarece-se
que «a taxa de recursos hídricos visa compensar o benefício que resulta da
utilização privativa do domínio público hídrico, o custo ambiental inerente às
actividades susceptíveis de causar impacte significativo nos recursos hídricos,
bem como os custos administrativos inerentes ao planeamento, gestão,
fiscalização e garantia da quantidade e qualidade das águas». Em face destes
objectivos, a criação da taxa de recursos hídricos pode enquadrar-se em que
princípio de direito?
O artigo 3.º, n.º 2, é um exemplo da aplicação prática do princípio do utilizador-pagador.
Efectivamente, com a criação da taxa de recursos hídricos pretende-se promover uma
utilização mais racional da água ao fazer repousar sobre os consumidores um custo
adicional, o qual não só tem em conta os benefícios que resultam da utilização de
recursos hídricos públicos, mas também os custos públicos que resultam da respectiva
disponibilização.

2 - A questão das alterações climáticas é muito complexa e está rodeada de uma


grande polémica. Recentemente ficou-se a saber que a camada de gelo na
Antárctida está a aumentar, ao contrário do que parece que deveria ocorrer em
consequência do aumento da temperatura terrestre. Em face da polémica sobre
as alterações climáticas, a inexistência de uma intervenção (inter)nacional não
seria uma medida mais sensata?
A ausência de uma intervenção poderá não ser o mais sensato à luz do princípio da
precaução, pois mesmo que não seja possível estabelecer com toda a certeza uma
relação de causa e efeito entre as actividades humanas, o aquecimento global e as
alterações climáticas, a incerteza científica deverá funcionar em benefício do ambiente,
tendo em conta a informação já existente sobre essa possível ligação e o seu impacto
sobre a vida no planeta. Isso parece justificar a adopção de medidas que permitam
controlar o aumento de temperatura, nomeadamente, reduzindo a acumulação de
dióxido de carbono na atmosfera terrestre.
Também é possível argumentar com base no princípio da prevenção, uma vez que a
demonstração científica do impacto das actividades humanos sobre a temperatura
terrestre coloca cada vez menos dúvidas sobre aquela relação de causa e efeito, ao
contrário do que transparece, por vezes, na discussão no espaço público.

3 - A produção de energia hidroélectrica, a qual implica a construção de


barragens, tem sido apresentada como uma importante via para Portugal atingir
os seus compromissos europeus em matéria de utilização de energias renováveis
e para reduzir a dependência energética nacional face ao exterior. Como avalia
esta opção face aos princípios de Direito do Ambiente que conhece?
A opção pela construção de barragens para a produção de energia hidroélectrica é uma
medida polémica, pois embora esta apresente como ponto positivo o facto de ser uma
energia renovável e de, como tal, poder promover a redução da utilização de fontes
energéticas poluidoras, como o carvão, a construção de barragens têm vários impactos
económicos e sociais positivos e negativos sobre as populações directamente afectadas
pela construção das infra-estruturas, ao mesmo tempo que pode afectar a
biodiversidade existente e a protecção dos recursos naturais. Por isso, a decisão de
construção de barragens deve ser ponderada, caso a caso, tendo como marcos
orientadores os princípios da prevenção e do desenvolvimento sustentável. A
construção de barragens e de instalações para produção de energia hidroeléctrica é um
dos projectos que está sujeito a Avaliação de Impacte Ambiental (Anexo II – n.º 3, h –
instalações para a produção de energia hidroeléctrica; Anexo I – n.º 15 e Anexo II – n.º
10, g – barragens).

Comente a situação apresentada a seguir, identificando as questões relevantes


que ela coloca e as possíveis soluções; na resposta tenha o cuidado de explicitar
os conceitos que utilizar e de fundamentar sempre legal e doutrinalmente as suas
afirmações.No início do mês de Dezembro, António foi detido numa operação
policial de controlo de trânsito, porque o seu automóvel emitia uma longa e densa
coluna de gases a partir do cano de escape e antes da paragem, na fila de trânsito,
tinha tocado insistemente na buzina do automóvel, a qual emitia um sinal idêntico
ao dos navios. A detenção policial foi justificada com a violação do artigo 279.º,
n.º 1, als. a) e c) do Código Penal e, consequentemente, pela prática do crime de
poluição. António contestou a detenção argumentando que o carro é da sociedade
«Carlos e Daniel, Serviços de mecânica, Lda», na qual trabalha, pelo que a ocorrer
uma detenção deveria ser dos sócios da referida sociedade, dado que a
responsabilidade pela manutenção do automóvel é deles.
Na resposta à questão colocada no e-fólio B, pretendia-se que tivesse abordado e
desenvolvido as seguintes grandes ideias:Tal como resultado do artigo 1.º, n.º 1, do
Código Penal, alguém só pode ser punido por crime previsto anteriormente em lei. O
artigo 279.º, n.º 1, do Código Penal, prevê o crime de poluição, o qual ocorre quando
alguém provocar poluição sonora ou poluir o ar, a água, o solo ou degradar as suas
qualidades. No entanto, isso supõe que não observe disposições legais, regulamentares
ou obrigações impostas pelas autoridades; para além disso, deverá causar «danos
substanciais».A poluição do solo e do ar e a poluição sonora estão previstas nos artigos
79.º e 80.º do Código da Estrada (Decreto-Lei n.º 114/94, de 3 de Maio, e alterações
subsequentes), sendo a sua infracção uma contra-ordenação punida com coima. Os
factos descritos no caso prático não parecem ter aptidão para causar «danos
substanciais» nos recursos naturais, sendo o seu impacto melhor compreendido à luz
do conceito de «dano ambiental acumulado». Se se aplicasse, o crime de poluição está
previsto na listagem de crimes apresentada no artigo 11.º, n.º 2 do Código Penal, pelos
que as pessoas colectivas poderiam ser responsabilizadas penalmente. Estando a
situação prevista no Código da Estrada, aplica-se o artigo 135.º, n.º 3, o qual prevê que
o condutor deve ser responsabilizado pelas infracções respeitantes à condução(como
seria buzinar) e o titular do documento de identificação do veículo pelas infracções
relativas às condições de admissão do veículo ao trânsito (os gases emitidos e,
eventualmente, o tipo de buzina).Na avaliação do trabalho foi valorizado positivamente
a indicação de que, nos termos do artigo 255.º e seguintes do Código de Processo
Penal, a detenção só é possível por flagrante delito quando ocorra um crime punível
com pena de prisão.

No passado mês de Dezembro, a Comissão Europeia aprovou uma proposta para


proibir, a partir de 2021, o uso de plásticos de utilização única no espaço europeu.
É de notar que ainda só existe uma proposta e não se sabe se ela será ou não
adoptada na União Europeia. Neste e-fólio pretende-se que responda a duas
questões:1) Como poderá o Estado português implementar uma medida deste tipo
caso seja aprovada a nível europeu? E se o não for? 2) As/os cidadãs/cidadãos
nacionais têm à sua disposição instrumentos para se envolverem nesse
processo?
Se a medida de proibição do uso de plásticos de utilização única for aprovada na União
Europeia, a sua aplicação na ordem interna depende do tipo de acto que a aprovará:
regulamento ou directiva. No primeiro caso, aplicar-se-á directamente na ordem interna;
no segundo caso, será necessária a sua transposição (artigo 288.º/Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia).É ainda possível aos Estados-membros adoptarem
medidas nacionais de protecção reforçada mais benéficas para o ambiente (artigo
193.º/Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia).Se a medida não for adoptada
na União Europeia, o Estado português não está inibido de adoptar uma medida desse
tipo a nível interno. No plano normativo, isso pode suceder através da aprovação de leis
ou decretos-lei (artigo 112.º/Constituição Portuguesa), tendo a Assembleia da República
e o Governo competência legislativa para o fazer (artigos 164.º, 165.º e
198.º/Constituição Portuguesa). A opção poderá passar pela mera emissão de normas
que estabeleçam a proibição de utilização deste tipo de plásticos. Em alternativa, ou
complementarmente, poderão ser adoptadas medidas de estímulo à substituição ou
eliminação de plásticos de utilização única, como incentivos ou benefícios fiscais, ou a
penalização da sua produção e utilização com taxas ou impostos, em aplicação do
princípio do poluidor ou utilizador-pagador. A implementação de uma política
consequente e coerente, articulada com os objectivos nacionais em matéria de
protecção ambiental, supõe o recurso a instrumentos de planeamento, como a
elaboração de estratégias, programas ou planos nacionais, que permitam que a
proibição do uso de plásticos de utilização única não seja uma medida isolada,
desarticulada e ineficaz.
Quanto à sociedade civil, existem várias possibilidades de intervenção, seja na
promoção de iniciativas legislativas ou políticas através do recurso a petições (artigo
52.º/Constituição Portuguesa), seja através da participação nos processos públicos de
consulta (artigo 4.º e ss. da Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto; artigo 12.º do Código de
Procedimento Administrativo; artigo 6.º da Lei de Bases da Política de Ambiente) ou na
utilização dos meios judiciais, como o recurso à acção popular, para a preservação do
ambiente (artigo 52.º/Constituição Portuguesa; artigo 12.º e ss. da Lei n.º 83/95, de 31
de Agosto; artigo 7.º da Lei de Bases da Política de Ambiente).

Quanto às restantes posições na hierarquia das normas, entende-se,


generalizadamente, que
o artigo 119.º, n.º 1/CRP, embora sem essa função específica, indica a hierarquia
existente na ordem
jurídica portuguesa. Deste modo, a hierarquia, por valor descendente de importância, é
a seguinte:
- a Constituição e as leis constitucionais de revisão;
- o Direito internacional geral e convencional;
- as Leis reforçadas (como, por exemplo, as leis orgânicas – cfr. artigo 166.º, n.º 2/CRP);
- as Leis e os Decretos-lei;
- os Decretos legislativos regionais;
- os Decretos regulamentares;
- os Decretos regulamentares regionais;
- as Resoluções do Conselho de Ministros.

Resumo T1

Direito do ambiente

Como o meio ambiente e todos os recursos que o constituem são essenciais à vida de todos os
seres vivos do planeta terra, era de se esperar que a sua proteção fosse uma prioridade. Ao
invés disso, vemos agressões barbaras ao nosso planeta, causando destruição de recursos, de
tal forma que pode alterar ou até mesmo comprometer a vida no planeta tal como o
conhecemos e tal como nos habituamos.

Existem três razões principais para que a proteção do ambiente não seja rigorosa, tal como
deveria ser. Razões económicas, jurídicas e de valores.

Em termos económicos, como os recursos naturais eram vistos como inesgotáveis, não
havendo limitações para o seu consumo, não havia necessidade de lhe atribuirmos um valor.
Manteve-se essa ideia até descobrirmos que afinal, a utilização e exploração dos recursos
naturais tem limites e devido ao abuso do ser humano, com o excesso de poluição e consumo
de recursos, estamos a sofrer consequências negativas como por exemplo o aquecimento
global, ou destruição da camada do ozono, que em conjunto provocam alterações nos
ecossistemas e doenças nos seres vivos.

Em relação ao ponto de vista jurídico, estes bens essenciais à nossa vida, como estavam
espalhados pela natureza, eram vistos como sendo propriedade de ninguém e por isso
ninguém poderia ter legitimidade jurídica para impor limites à sua utilização, pois acabava por
ser uma propriedade comum a todos. Hardin, utilizou alguns exemplos de forma a explicar que
essa perspetiva não é correta, e que só funcionaria em locais com baixa densidade
populacional.

Do ponto de vista dos valores, a característica mais marcante das sociedades ocidentais é o
materialismo, a obsessão em criar riqueza, baseando-se no desenvolvimento económico.

Esses ideais são muitas vezes sobrepostos à proteção do ambiente e quando surge a
necessidade de proteção e conservação da biodiversidade, assim como a proteção da
qualidade do ar e da água, essenciais para a nossa sobrevivência, somos enfrentados com
resistência e criticas, porque de certa forma estamos a colidir diretamente com as condições
de vida das populações, onde a criação de emprego, por exemplo é mais importante e mais
imediato que a proteção do habitat de um ser vivo.
Essas formas de vida e de pensamento, perspetiva antropocêntrica do ambiente, torna mais
difícil a implementação de políticas, onde possam ser incluídos em conjunto o ser humano e os
restantes seres vivos. Os seres humanos são vistos como detentores de mais direitos do que os
outros seres, e as prioridades e interesses são sobrepostos a toda a restante biodiversidade.

Ao longo dos anos, essa perspetiva foi mudando, influenciada por vários estudos realizados
com bases no conhecimento científico e hoje em dia, o ambiente é tratado de uma forma
diferente, estando os seres humanos mais conscientes das consequências que as suas
atividades tem nos recursos naturais. Essa nova abordagem permite ao mesmo tempo a
proteção dos recursos naturais e a garantia da qualidade de vida do ser humano.

Ambiente e política.

Política é a atividade que permite resolver conflitos de interesse entre pessoas ou grupos
identificando soluções que permitam a satisfação simultânea das necessidades individuais e
coletivas dividindo bens de igual forma.

“ A gestão de conflitos no uso e conservação de recursos naturais pode assumir alguma


complexidade, uma vez que frequentemente será necessário escolher entre medidas que
visam mais directamente a situação económica e social das pessoas e medidas mais dirigidas
para a protecção dos recursos naturais. Sendo que esta última opção poderá não se reflectir
numa melhoria directa e imediata nas condições de vida das pessoas, pelo que poderá ser mais
difícil conseguir que estas adiram a essas decisões.”

“Como a actividade dos partidos políticos está orientada, fundamentalmente, para a conquista
e a manutenção do poder político e a acção dos governantes para a conservação do poder, no
processo de decisão política estes têm de ponderar os benefícios e os custos políticos das
escolhas que fazem.”

São mais visíveis e imediatos os benefícios de construção de uma fábrica, ou resort do que a
proteção do ambiente, ou de um habitat. No entanto os benefícios da proteção do ambiente,
embora menos visíveis, a longo prazo será um benefício global. No entanto, esse grupo de
pessoas que poderia beneficiar com a construção desses empreendimentos, não está disposta
a ser privada de melhores condições de vida em prol do ambiente.

Numa situação em que seja necessário a tomada de decisão em relação à construção ou


preservação, como será fácil de perceber, os dividendos políticos serão poucos ou até mesmo
nenhuns.

“A política é uma actividade de escolha entre várias hipóteses possíveis de acção, em que
frequentemente não existe uma só solução para o problema, nem a solução adoptada terá de
ser a mais verdadeira ou a mais certa, podendo ser só a possível ou a necessária.”

“Uma outra dificuldade para a decisão política em matéria ambiental decorre do facto de
muitos problemas suporem um conhecimento técnico e científico que a maior parte dos
cidadãos não tem, o que faz com que a tomada de decisão fique mais dependente de técnicos
e de cientistas.”
“isso poderá também originar um confronto entre especialistas e políticos (e/ou cidadãos), em
que os primeiros possuem o conhecimento (e a “verdade”), mas são os segundos quem tem
legitimidade democrática para tomar a decisão política, a qual poderá não coincidente com
aquela que os técnicos e os cientistas consideram ser a melhor opção.”

“Como nos processos de desenvolvimento mais avançado, os riscos podem causar danos
sistemáticos e irreversíveis, mas eles permanecem frequentemente invisíveis e só são
revelados pelo saber científico, os riscos estão abertos a processos sociais de (re)definição
(Beck, 1998, p. 28). Esta situação faz com a apreciação dos riscos vá evoluindo, o que contribui
para o surgimento recorrente de novos problemas que precisam de uma intervenção urgente;
por isso, segundo Beck, a sociedade do risco é uma sociedade catastrófica, na qual o estado de
excepção ameaça converter- -se no estado de normalidade (Beck, 1998, p. 30).”

“Por fim, a dimensão geográfica também afecta a qualidade da decisão política. O Estado
nacional tem jurisdição sobre um território delimitado, mas muitos dos problemas ambientais
não têm fronteiras físicas, são transnacionais. Por exemplo, em rios transfronteiriços, ou seja,
que correm por mais do que um Estado, as que medidas de controlo da poluição e da
degradação das águas poderão ter um efeito limitado, ou apresentarem um custo mais
elevado, se forem adoptadas apenas por um Estado.”

“Por isso, a eficácia e o sucesso das medidas nacionais de protecção ambiental poderão exigir
o acordo e a mobilização de outros Estados no sentido da adopção de medidas comuns ou do
prosseguimento de uma política comum. Isto nem sempre será muito fácil dado que os
Estados estão centrados na satisfação dos seus interesses nacionais, os quais são por vezes
conflituantes entre si.”

“a dimensão da cooperação internacional e a eficácia dos seus acordos e decisões depende


muito da “boa vontade” dos Estados.”

Teoria política verde: antropocentrismo e ecocêntrismo

Perspetiva antropocêntrica- Esta concepção, que é a dominante no mundo ocidental, coloca o


ambiente ao serviço dos humanos e atribui aos não-humanos o estatuto de meros objectos

Por sua vez, e de um modo igualmente sintético, a perspectiva ecocêntrica reconhece um valor
intrínseco a cada um dos seres vivos, e, por isso, preconiza a adopção de medidas que os
protejam, independentemente deles terem, ou não, utilidade para os seres humanos.

Como tal, os seres humanos aparecem integrados num sistema em que são apenas mais um
ser vivo entre outros, pelo que não servem de referência para o valor que deve ser atribuído
aos outros seres vivos.

A principal dificuldade colocada pela teorização ecocêntrica é que, como se sabe, os seres
humanos não são os únicos cujas acções têm impacto directo no ambiente (embora se possa
colocar a questão do nível ou intensidade, o que ainda assim não deixa de ser relativo, se
pensarmos nas epidemias, nas pragas ou na sobre-população de algumas espécies...). Deste
modo, como lidar, por exemplo, com a eventual necessidade de impor limites de utilização dos
recursos naturais a todas as espécies, como forma de assegurar a sustentabilidade do
ambiente e da Terra? Ou então, se se argumentar que este equilíbrio ocorre de uma forma
espontânea, porquê excluir os seres humanos dessa ordem natural e espontânea,
submetendo-os a imposições que limitam o seu bem-estar? Segundo Barry, a dicotomia entre
o antropocentrismo e o ecocentrismo é falsa e prejudicial para a elaboração de uma teoria
política verde, pois esta terá de articular duas esferas: uma, relativa à relação entre os seres
humanos, e, a outra relativa às relações entre os humanos e a natureza (Barry, 1999, p. 13).
Para isso, defende uma forma de antropocentrismo “fraco” ou “reflexivo”, cuja flexibilidade
deverá permitir acomodar as preocupações ecocêntricas com os interesses do mundo não-
humano (Barry, 1999, p. 39). Deste modo, sustenta que a relação entre os humanos e os
nãohumanos se deve basear na “diferença” e na “diferenciação”, em que os humanos «são
uma parte» do mundo, no qual partilham um conjunto de ligações com outras entidades vivas
e não vivas, mas também estão “à parte” da ordem natural (Barry, 1999, p. 29), até porque são
os únicos seres vivos que têm um sentido moral e que, por isso, podem ser responsabilizados
pelas suas acções (Barry, 1999, pp. 25, 46). Como tal, Barry concorda que os interesses
humanos sobre a natureza, só por serem humanos, não são todos igualmente aceitáveis ou
justificáveis, o que significa que o foco da política ambiental deverá ser a determinação de
quais os usos da natureza que são defensáveis e aqueles que não devem ser permitidos (Barry,
1999, p. 59).

Pag 9 compilação

O ambiente e o Direito

O despertar do público e das autoridades nacionais para o problema ambiental motivou a


realização de várias cimeiras internacionais e a adopção de vários instrumentos normativos,
embora estes, na sua grande maioria, se possam enquadrar naquilo que é vulgarmente
designado por “soft law” (“lei/direito suave”). Ou seja, um corpo normativo constituído por
tratados, acordos ou declarações internacionais que fazem uma elencagem de princípios,
estabelecem recomendações ou promovem códigos de conduta, sem que sujeitem as partes a
obrigações legais concretas ou prevejam a aplicação de qualquer tipo de sanção pelo não
cumprimento das suas disposições.

a Declaração de Estocolmo, aprovada na conferência das Nações Unidas sobre o


Desenvolvimento Humano, realizada entre 5 e 16 de Junho de 1972, é um marco na protecção
internacional do ambiente.

A Declaração de Estocolmo integra um conjunto de princípios que estão orientados


genericamente pela vontade de assegurar as condições de vida das gerações presentes e das
gerações futuras e de possibilitar o desenvolvimento económico dos países menos
desenvolvidos. Ou seja, estabelece directrizes para a justiça intergeracional e intrageracional.
Para além disso, reconhece que os Estados têm o direito soberano de utilizar os seus recursos
naturais, mas, ao mesmo tempo, estabelece que estes têm a responsabilidade de evitar que as
actividades desenvolvidas no seu território causem dano ao ambiente dos outros Estados.
Incentiva ainda os Estados a cooperarem no desenvolvimento do direito internacional em
matéria de responsabilidade civil e de compensação das vítimas de danos ambientais. Por fim,
reconhece que a cooperação entre os Estados, através de acordos bilaterais ou multilaterais, é
a forma apropriada de garantir o controlo, a prevenção, a redução e a eliminação dos efeitos
ambientais negativos. De igual modo, merece destaque a Declaração do Rio, aprovada em
1992 na conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, por incluir uma
referência expressa ao princípio do “desenvolvimento sustentável”, reconhecendo que a
protecção do ambiente é parte integrante do desenvolvimento e incentivando os Estados a
promulgar legislação com essa finalidade. Para além disso, reconhece substantivamente os
princípios da prevenção, da precaução e do poluidor-pagador.

A nível regional, a União Europeia progressivamente construiu uma política ambiental comum
aos Estados-Membros, a qual se tem vindo a traduzir não só em obrigações precisas para os
Estados nacionais, mas também na garantia do controlo da sua execução pelo Tribunal de
Justiça da União Europeia, o que representa um avanço significativo na cooperação
internacional entre os EstadosMembros e uma superação do “soft law”. Por fim, no plano
nacional, a aprovação da Constituição Portuguesa, em meados dos anos 70 do século passado,
reflectindo a evolução da protecção internacional dos direitos humanos, atribuiu valor
constitucional a um leque muito alargado de direitos fundamentais, nos quais incluiu o direito
a um ambiente sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o proteger (artigo 66.º, n.º 1),
ao mesmo tempo que explicitou um conjunto de medidas que o Estado deverá prosseguir para
assegurar o direito ao ambiente e ao desenvolvimento sustentável (artigo 66.º, n.º 2). A
construção deste edifício jurídico é consequência da atribuição de um valor específico ao
ambiente, ou seja, da sua qualificação como «bem jurídico». Ou seja, é reconhecido que o
ambiente é um interesse socialmente relevante e que por ser importante para a comunidade,
deverá ser protegido pelo Direito. No entanto, este caminho não se tem feito sem dificuldade.
Na realidade, o Direito do Ambiente tem um corpo conceptual ainda pouco consolidado, o que
gera alguma incerteza jurídica, como sucede, por exemplo, quando se pretende saber quais as
consequências jurídicas que decorrem da aplicação de princípios como o desenvolvimento
sustentável ou a precaução. Para além disso, a utilização pelo Direito do Ambiente de
instrumentos e de conceitos originários de outros ramos de direito, como o Direito
Administrativo, tem colocado o problema da sua autonomia científica. Por outro lado, como se
disse anteriormente, os problemas ambientais envolvem frequentemente uma elevada
tecnicidade, o que coloca os juristas na dependência de um conhecimento científico cujo
domínio frequentemente lhes escapa. De igual modo, a rápida evolução do conhecimento
científico tem consequências para a qualidade da regulação jurídica, uma vez que obriga a que
ocorram frequentes e sucessivas alterações e revogações dos diplomas legais para
acompanhar essa evolução, o que gera incerteza entre os cidadãos e cria a percepção de que o
legislador é incapaz de regular eficazmente os problemas da comunidade; ou então, em
alternativa, faz com que as normas sejam redigidas de um modo genérico e vago para mais
facilmente integrar as mudanças que ocorram, o que é pouco consentâneo com o rigor e a
segurança jurídica exigida. Também a aplicação de conceitos tradicionais do direito, como a
autoria ou o nexo de causalidade, coloca algumas dificuldades na área da protecção ambiental,
como sucede, por exemplo, nos casos de poluição acumulada, em que vários intervenientes
contribuem para a produção de um dano, mas fazem-no de uma forma independente e não
concertada, sucessiva ou simultaneamente, sem que nenhuma das condutas individuais seja,
só por si, apta a produzir o resultado final; por esse motivo, os autores não podem incorrer em
responsabilidade civil ou penal, impossibilitando a reparação e a punição do dano ambiental.
Como se compreende, a não responsabilização de quem faz algo desconforme ou reprovável,
acaba por gerar um sentimento de insegurança e de desconfiança na comunidade, uma vez
que as pessoas registam a incapacidade política e jurídica do Estado para lidar com um
problema que as atinge e as preocupa. Por outro lado, como nota Garcia, a relevância e a
ponderação dos riscos ecológicos obriga a que o Direito do Ambiente tenha uma importante
dimensão de prevenção, o que conduz a que em matéria de responsabilidade se substitua o
critério do dano pelo critério do risco (Garcia, 2007, p. 283). Efectivamente, sendo o dano
ambiental um mal e as suas consequências, por vezes, imprevisíveis e irreparáveis, pode não
ser suficiente a penalização depois do dano ocorrer, pelo que a responsabilização se deve
efectivar de uma forma preventiva de forma a abranger o risco de produção de um dano
ambiental. No entanto, como a política do risco resulta da incerteza científica sobre a aptidão
de uma dada conduta para a produção de um certo dano, isto significaria, segundo Garcia, que
o Direito do Ambiente estaria a estabelecer regras de conduta que não resultam de um
conhecimento seguro sobre as suas causas e efeitos, optando por ser um «meio por excelência
de alteração de comportamento arriscados», sem a reflexão e a maturação necessárias para
conformar o que seria a justiça (Garcia, 2007, p. 371). Uma outra consequência da política do
risco é, segundo Garcia, a pressão que é gerada sobre o legislador para que sejam tomadas
rapidamente medidas para resolver os problemas identificados; no entanto, a incerteza sobre
as soluções a adoptar faz com que a medida de avaliação da eficácia de uma acção se transfira
da substância da situação para a rapidez e para o número de medidas adoptadas, o que se
traduz na criação de um amplo conjunto de normas legais nacionais e internacionais sem que
isso corresponda a qualquer garantia de que elas produzirão os resultados pretendidos
(Garcia, 2007, p. 371). Apesar destas incertezas e dificuldades, o Direito do Ambiente tem
vindo a fazer um caminho de consolidação conceptual e de instrumentos de acção, o qual tem
sido acompanhado e, em certa medida, reflectido a maior sensibilização pública para a
necessidade e a urgência da adopção de medidas de protecção do ambiente.

O Direito, o Estado e a Lei

Direito - um conjunto de regras de conduta social, através das quais se estabelecem os


padrões de conduta que deverão orientar as relações estabelecidas pelos indivíduos em
sociedade; e,

- a obrigatoriedade do cumprimento dessas regras, as quais podem ser impostas de um modo


coercivo, se for necessário (por exemplo, através da aplicação de sanções).

Estado - conjunto de instituições que permitem à nação o exercício do poder político


soberano. Para isso, o Estado dota-se de órgãos que lhe possibilitam exercer o governo sobre
um território demarcado, no interior do qual detém o monopólio do uso da força.

O estado está subordinado ao direito.

Resumo T2
Resumo capítulo 2

Princípios- Conjunto de regras e valores que funcionam como linhas gerais para orientação
numa determinada ação.

No direito os princípios correspondem às diretrizes em relação ao tipo de regulação normativa,


que o legislador tem de escolher e que vão servir de suporte para a interpretação e aplicação
de normas jurídicas.

Políticas estabelecem modelos a seguir para atingir um determinado objetivo (Dworking1978)

Princípios não são tão rígidos, estão mais relacionados com considerações que se deve ter a
nível moral e ético, como a defesa da justiça e da equidade. (Dworking1978)

eles sugerem uma determinada direcção, mas não cuidam de regular em concreto a situação.

Os princípios de Direito, em sentido restrito, são aqueles que indicam linhas de orientação que
servem de base para identificar as soluções que deverão ser aplicadas a uma determinada
situação em concreto.

Os princípios de política pública são aqueles que estabelecem diretrizes de tipo procedimental
que deverão ser tidas em consideração quando se pretende elaborar ou aplicar uma
determinada forma de regulação jurídica.

1.1. Princípio da prevenção

A prevenção é sempre a melhor forma de evitar que algo aconteça e em relação ao ambiente,
não é diferente. É sempre mais vantajoso atuar sobre situações hipotéticas, antecipando
danos ambientais, do que reagir posteriormente e tentar repara-los. Até porque alguns deles
podem nem ser reparáveis, como por exemplo a extinção de uma espécie.

Nesse sentido, fica responsável por adotar comportamentos que reduzam a possibilidade de
acontecerem danos ambientais ao agente, não podendo este dar início ou continuar com
práticas que prejudiquem o ambiente.

Um dos princípios de proteção que podemos dar como exemplo, é a necessidade de uma
autorização especial para práticas desportivas, ou de reintrodução de espécies em zonas
protegidas, como os habitats naturais.

Outra medida que pode ser tomada é o aumento dos custos para quem tem comportamentos
que sejam comprometedores do ambiente, incentivando as pessoas a abandonar esses
hábitos.
Outra medida, é a avaliação de impacte ambiental. Onde se procura saber antecipadamente os
danos que uma atividade pode causar ao ambiente, permitindo tomar medidas que permitam
reduzir ou eliminar esses danos.

Exemplo: Quanto à Lei de Bases da Política de Ambiente, estabelece que a actuação pública
em matéria de ambiente obriga «à adoção de medidas antecipatórias com o objetivo de obviar
ou minorar, prioritariamente na fonte, os impactes adversos no ambiente, com origem natural
ou humana […] em face de perigos imediatos e concretos» (artigo 3.º, al. c))

1.2. Princípio da precaução

O princípio da precaução embora seja relevante para a preservação do ambiente é


considerada polémica

Este princípio, funciona com base na precaução, ou seja, quando existe algum tipo de incerteza
em relação aos danos que uma ação pode produzir, deve-se sempre optar pela proteção do
ambiente, não permitindo que essa ação seja concretizada. Nesse caso, cabe ao agente
(pessoa ou entidade que pretende promover a ação) realizar estudos e eliminar as incertezas
sob forma de demonstrações científicas. Como é obvio, não se pode tomar a decisão de parar
um projeto invocando o princípio da precaução, sem nenhumas bases científicas, baseando-se
em opiniões pessoais ou preferências.

Resumindo, em caso de não haver certezas do tipo de danos que uma ação pode resultar,
beneficia-se sempre o ambiente.

Uma das dificuldades em aplicar este princípio é quando não se consegue ter a certeza que
uma ação vá produzir um dano.

Exemplo: A mais evidente exemplificação da aplicação do princípio da precaução é a proibição


ou a restrição à produção ou à comercialização de organismos geneticamente modificados
(OGM) ou de transgénicos, uma vez que não existe uma certeza científica sobre se as
alterações genéticas introduzidas em organismos vivos para realçar uma determinada
característica serão, ou não, inócuas para o ambiente ou para a saúde humana.

A comissão europeia manifestou-se para que este princípio não seja usado de forma abusiva e
inadequada, recomendando que fosse utilizado quando a não houver informação científica
suficiente e fundamentada e conclusiva e exista conhecimento que essa ação pode provocar
efeitos possivelmente perigosos para o ambiente, saúde de pessoas, dos animais ou da
vegetação.

Para a utilização desse princípio, deve-se ter em conta os princípios gerais para uma adequada
gestão de riscos, tendo em conta os seguintes aspetos.

- a proporcionalidade das medidas face ao grau de proteção pretendido;

- a não discriminação, de modo a que as situações iguais sejam tratadas da mesma forma e as
situações diferentes não sejam tratadas do mesmo modo;

- a coerência das medidas adotadas com aquelas já tomadas para situações semelhantes;
- a análise das vantagens e dos encargos resultantes da atuação ou da ausência de atuação, de
modo a comparar as consequências positivas ou negativas mais prováveis e a verificar o
benefício global que podem trazer face à redução dos riscos;

- a análise da evolução científica, uma vez que as medidas só se devem manter enquanto o
dados científicos permanecerem insuficientes, imprecisos ou inconclusivos e, eventualmente,
alteradas ou supridas quando surgirem novos dados científicos.

Na ordem jurídica portuguesa, o princípio da precaução está consagrado na al. c) do artigo 3.º
da Lei de Bases da Política de Ambiente, que refere em conjunto os princípios da prevenção e
da precaução. O âmbito de actuação da precaução são os «riscos futuros e incertos», tendo a
«incerteza científica» como consequência «que o ónus da prova recaia sobre a parte que
alegue a ausência de perigos ou riscos» (artigo 3.º, al. c)).

1.3. Princípio da correção na fonte


Um princípio de correção nunca será o ideal, visto ser uma ação posterior a um dano, mesmo
existindo a possibilidade de o reparar na totalidade. No entanto, quando se produzirem danos,
o foco principal deve ser sempre o que os originou e não as consequências que teve.

Este princípio, embora não seja o ideal, permite identificar as fontes dos danos ambientais e
agir sobre eles, podendo evitar que essas ações se repitam ou que a produção de danos se
prolongue.

Exemplo: numa situação em que uma fábrica lança resíduos poluentes para um rio, a
intervenção protetora do ambiente poderá fazer-se com o tratamento das águas do rio,
evitando-se assim o impacto da poluição sobre o ecossistema. No entanto, a atuação mais
adequada parece ser aquela que impõe à fábrica a obrigação de alterar o seu processo de
produção, a utilização de tecnologias menos poluentes ou o tratamento prévio das descargas
no rio. Ou seja, melhor do que evitar as consequências negativas de um dano ambiental, é
procurar impedir que o dano se produza.

O princípio da correção na fonte não é referido expressamente no artigo 3.º da Lei de Bases da
Política de Ambiente. No entanto, na descrição dos princípios da prevenção e da precaução é
referido que as medidas a adotar para obviar ou minorar os impactes adversos no ambiente
deverão ser adotados «prioritariamente na fonte».

1.4 Princípio da reposição da situação anterior

Este princípio, tal como o princípio da correção na fonte, está previsto quando o dano já foi
concretizado e tem como principal objetivo a correção desses mesmos danos. Embora não seja
o ideal, este princípio obriga o responsável pela ação que provocou o impacte ambiental,
desenvolva atividades que eliminem a totalidade dos danos causados, repondo a situação
anterior à produção dos danos. Este princípio pretende manter os recursos naturais tal como
os conhecemos, evitando que apenas pagando uma coima, os causadores dos danos se livrem
de responsabilidades. É importante referir que mesmo repondo a situação, não se exclui a
possibilidade do pagamento de coimas, indeminizações ou até pena de prisão.
Este princípio está previsto no artigo 3.º, al. g) da Lei de Bases da Política de Ambiente, no qual
é designado por princípio da recuperação, prevendo-se que o causador do dano ambiental fica
obrigado à restauração «do estado do ambiente tal como se encontrava anteriormente à
ocorrência do facto danoso».

1.5. Princípio do poluidor-pagador e do utilizador-pagador

Este princípio, visa induzir ao agente poluidor um efeito dissuasor, para que altere os seus
comportamentos, adotando tecnologias mais amigas do ambiente de forma a evitar produzir
danos no ambiente e priorizando o princípio da prevenção. Ao ter de suportar elevados
custos, nomeadamente os que o regulador tem ao realizar a monitorização ambiental
relacionados com as suas atividades, os custos da recuperação resultantes de contaminação
por si causadas e ainda possíveis indeminizações que serão pagas às vítimas, o agente vê os
lucros que poderia obter da sua atividade económica a serem drasticamente reduzidos, o
que certamente foge aos seus objetivos. Para que este princípio seja eficaz, os custos são
elevados, fazendo com que os bens ou serviços postos à disposição do consumidor sejam
mais caros limitando a competitividade dos agentes. Com esta transferência de custos da
parte do poluidor para o consumidor, passamos a ter o principio do utilizador-pagador.

Este principio defende que quem consome os produtos que produzem danos no ambiente,
não os pague ao preço de custo normal, mas inflacionados pelos custos da poluição causada.

Em Portugal, a aplicação do princípio do poluidor-pagador está legislada na Lei de Bases do


ambiente e no Diploma da Responsabilidade Ambiental (DL n.º 147/2008) Em relação ao
ultimo, este visa concordantemente com o principio do poluidor-pagador a
responsabilização dos agentes pela prevenção e reparação dos danos ambientais causados.
Quando falamos de agentes, tanto podem ser entidades publicas, privadas, com ou sem fins
lucrativos. (utilizei em gestão)

A aplicação do princípio do utilizador-pagador pode ser exemplificada com a obrigação dos


consumidores pagarem os sacos de plástico que utilizam para levar as compras do
supermercado.

As diferenças entre o poluidor pagador e utilizador pagador são as seguintes;

Poluidor pagador é dirigido aos produtores de bens ou prestadores de serviços, enquanto o


utilizador pagador é para o consumidor.

Poluidor pagador não tem outra hipótese de fugir aos custos, a não ser que altere a sua forma
de trabalho. São-lhe imputadas as obrigações de correção na fonte. Já o utilizador pagador,
permite que os comportamentos continuem, mas impõem o pagamento de elevadas quantias
para que voluntariamente altere os seus hábitos.

as verbas obtidas com a aplicação do princípio do poluidor-pagador deverão não só serem


suficientes para a reparar o dano, mas deverão gerar igualmente um excedente que o Estado
possa utilizar para o desenvolvimento de medidas de proteção que visem alcançar os objetivos
definidos para a política ambiental.
Deste modo, os custos da proteção do ambiente não deverão ser suportados exclusivamente
pelos cidadãos através do pagamento de impostos, pois os poluidores deverão contribuir para
isso através da aplicação de instrumentos fiscais como as taxas e os impostos ou a aplicação de
coimas e multas.

Uma objecção que pode ser colocada ao princípio do poluidor-pagador é que ele pode
conduzir a uma mercantilização do ambiente, em que quem paga pode poluir (Dias, 1997, p.
55).

O princípio do poluidor-pagador é referido no artigo 3.º, al. d) da Lei de Bases da Política de


Ambiente e determina que o responsável pela poluição deve assumir «os custos tanto da
atividade poluente como da introdução de medidas internas de prevenção e controlo
necessárias para combater as ameaças e agressões ao ambiente». Por sua vez, a alínea e) do
mesmo artigo refere o princípio do utilizador-pagador, o qual «obriga o utente de serviços
públicos a suportar os custos da utilização dos recursos, assim como da recuperação
proporcional dos custos associados à sua disponibilização, visando a respetiva utilização
racional».

1.6. Princípio do desenvolvimento sustentável

A definição de desenvolvimento sustentável, indica-nos que não devemos comprometer as


necessidades das gerações futuras para satisfação das nossas próprias necessidades e por isso
as bases do desenvolvimento da sociedade atual não podem de forma alguma ignorar as
consequências que o desenvolvimento económico terá nos recursos naturais essenciais para a
vida neste planeta e nas condições de vida de todos os seres vivos. É, portanto, importante
que se aposte na defesa do ambiente de forma as condições necessárias para a existência de
vida não sejam comprometidas em prol do crescimento económico.

Existem vários exemplos, como por exemplo as barragens que são vistas como meios limpos
de obter energia elétrica, mas que causam efeitos nefastos à fauna, flora e até problemas a
nível geológico, como por exemplo o recuo da linha da costa.

É, no entanto, importante referir que é possível coexistir desenvolvimento sustentável e


crescimento económico, no entanto não podemos definir o crescimento económico como um
indicador que permite observar o desenvolvimento de uma sociedade, da mesma forma como
não podemos de forma alguma hipotecar as condições de vida e oportunidades das gerações
vindouras.

Além disso temos o dever de preservar a vida humana e os recursos existentes não são uma
propriedade nossa, visto que a nossa estadia neste plano é passageira. É de se esperar que no
mínimo deixemos as mesmas condições e recursos tal como nos deixaram a nós.

Ao longo do tempo tem surgido diferentes entendimentos e definições de desenvolvimento


sustentável.

Magraw e Hawke identificaram quatro elementos-chave no conceito de desenvolvimento


sustentável, a partir da conceptualização inicialmente produzida pelo Relatório Brundtland e
pelas declarações das conferências intergovernamentais realizadas posteriormente (Magraw e
Hawke, 2008, p. 619):

a) a equidade intergeracional, a qual impõe que as necessidades das gerações presentes e das
gerações futuras sejam tidas em consideração no momento da decisão;

b) a equidade intrageracional, que dá prioridade às necessidades dos mais pobres das gerações
atuais;

c) a preservação do ambiente;

d) a integração das políticas económica, social e ambiental.

O artigo 3.º, al. a)/LBPA dá-nos uma definição de desenvolvimento sustentável como sendo
aquele «que obriga à satisfação das necessidades do presente sem comprometer as das
gerações futuras». Para além disso, lista os indicadores que possibilitam alcançar esse
desenvolvimento sustentável e que deverão ser tidos em conta na actuação pública na
protecção do ambiente:

- a preservação dos recursos naturais e da herança cultural;

- a capacidade de produção dos ecossistemas a longo prazo;

- o ordenamento racional e equilibrado do território com vista ao combate às assimetrias


regionais;

- a promoção da coesão territorial;

- a produção e o consumo sustentáveis de energia;

- a salvaguarda da biodiversidade, do equilíbrio biológico, do clima e da estabilidade geológica,


harmonizando a vida humana e o ambiente.

Como se disse anteriormente, a equidade intrageracional e intergeracional são duas


componentes fundamentais do desenvolvimento sustentável

1.7. Princípio da responsabilidade

Este princípio visa responsabilizar o agente que produz dano ao ambiente, sujeitando-o a
medidas, como por exemplo, a reparação dos direitos de terceiros prevista na
responsabilidade civil, pagamento de coimas, sansões penais como por exemplo penas de
prisão ou multas e ainda a reposição da situação anterior ao dano ambienta. Esta punição
pode dar origem ainda à suspensão da atividade que provocou o dano.

Este sistema de responsabilização, deve prever duas situações que podem ser problemáticas.
Quem deve der responsabilizado e qual o instrumento mais eficaz.

Os principais objetivos desta punição deve ser o impedimento que o agente infrator volte a
cometer a infração e o incentivo aos outros membros da comunidade para que não cometam a
mesma infração.
A pena que parece mais pesada, que é a pena de prisão, nem sempre é a mais eficaz, pois não
garante a reposição da situação. Por vezes é preferível manter o agente em liberdade,
aplicando coimas e custos suficientes para tentar recuperar do dano e servir de exemplo para
a restante população.

Quando um dano ambiental é fruto da acumulação de vários agentes é difícil responsabilizar


apenas um infrator. Nesse caso aplicam-se custos, como por exemplo impostos que
desincentivem a prática dessas atividades menos amigas do ambiente.

A alínea f) do artigo 3.º da Lei de Bases da Política de Ambiente enuncia do princípio da


responsabilidade, defendendo que todos aqueles que «com dolo ou negligência, provoquem
ameaças ou danos ao ambiente» devem ser responsabilizados.

2. Princípios de política pública


Como se disse anteriormente, os princípios de política pública são aqueles que estabelecem
diretrizes de tipo procedimental que deverão ser tidas em consideração quando se pretende
elaborar ou aplicar uma determinada política pública. Neles podemos incluir os princípios da
integração, da cooperação internacional e da participação, os quais iremos conhecer em
seguida.

2.1. Princípio da integração


Este princípio indica-nos que as questões ambientais, como por exemplo a energia, os
transportes, a pesca, a agricultura ou até o ordenamento do território estão todas interligadas
e por isso não podem ser tratados de forma individual. Uma solução que seja vantajosa para
um determinado recurso, pode causar efeitos nefastos noutro.

Assim sendo, é necessário que a proteção do ambiente e as políticas setoriais estejam


alinhadas com o estipulado na política ambiental.

O princípio da integração é referido na alínea a) do artigo 4.º da Lei de Bases da Política de


Ambiente e é igualmente objeto de menção no artigo 13.º. Neste último caso, e embora o n.º
1 não acrescente muito para a compreensão do âmbito de aplicação do princípio, o n.º 2 indica
que os bens ambientais deverão ser ponderados com outros bens e valores, incluindo os
intangíveis (ou seja, que não se podem tocar) e os estéticos, reforçando assim a ideia de
transversalidade e afastando a ideia de que a ponderação dos bens ambientais só precisaria de
ser feita no âmbito da atividade económica.

2.2. Princípio da cooperação internacional

O facto de por exemplo alguns rios atravessarem alguns países, ou de não haver a
possibilidade de criar divisões no ar que respiramos ou na água do mar que se desloca com as
marés, faz com que seja impossível manter a proteção do ambiente confinada às nossas
fronteiras. No entanto o contributo que cada estado pode dar na resolução do problema, pode
ser de dimensões muito diferentes, dependendo da capacidade que tenha para o resolver.
Como a extensão dos danos ambientais pode estender-se por vários países, ou até mesmo ter
consequências globais, é necessário que exista cooperação internacional com o objetivo da
proteção dos recursos naturais comuns.

Nestes casos nem sempre se conseguem atingir os objetivos, uma vez que muitos países
preferem o seu desenvolvimento económico e a melhoria das condições de vida dos seus
povos, que promove benefícios a curto prazo do que a preservação do ambiente onde os
benefícios são a longo prazo.

Este tipo de cooperação pode ser bilateral ou multilateral, dependendo do número de estados
envolvidos.

2.3. Princípio da participação


Quando o número de agentes envolvidos é grande, é mais fácil a identificação dos problemas,
assim como a definição das ações a tomas e a forma de fiscalizar a sua implementação.

Muitas vezes juntam-se várias áreas do conhecimento, como por exemplo, investigadores,
empresas, ONG e a população afetada. Sendo todas partes interessadas na solução do
problema, mais facilmente se obtém sucesso na implementação das políticas.

O princípio da participação é enunciado no artigo 4.º, al. e), da Lei de Bases da Política de
Ambiente, em simultâneo com o princípio da informação. E embora refira apenas os cidadãos,
não se deve considerar esta menção em termos restritivos, como se referido apenas às
pessoas, mas abrangendo igualmente as organizações não-governamentais e as empresas, as
quais, por variadas e diferentes razões, são parceiras fundamentais para a definição e a
aplicação da política ambiental.

3. Outros princípios
princípio do conhecimento e da ciência

O princípio do conhecimento e da ciência determina que o diagnóstico e as soluções dos


problemas ambientais devem «resultar da convergência dos saberes sociais com os
conhecimentos científicos e tecnológicos, tendo por base dados rigorosos, emanados de
fontes fidedignas e isentas» (artigo 4.º, al. c)/LBPA).

A definição deste princípio coloca vários problemas, nomeadamente, porque não define o que
são «saberes sociais» e por poder sugerir que os «saberes sociais» e o conhecimento científico
estarão num mesmo plano.

princípio da educação ambiental.

O princípio da educação ambiental estabelece a obrigação de serem adoptadas «políticas


pedagógicas viradas para a tomada de consciência ambiental, apostando na educação para o
desenvolvimento sustentável e dotando os cidadãos de competências ambientais num
processo contínuo, que promove a cidadania participativa e apela à responsabilização,
designadamente através do voluntariado e do mecenato ambiental» (artigo 4.º, al. d)/LBPA).
Conclusão

A elaboração da política ambiental e a sua implementação estão estruturadas a partir de um


conjunto de princípios, que revelam uma determinada composição dos valores e das regras,
servindo de orientação geral para que se possa alcançar o nível de proteção do ambiente
pretendido.

No campo específico do Direito do Ambiente, o conteúdo dos princípios é ainda por vezes
impreciso e vago, o que permite interpretações distintas e por vezes conflituantes.

Isto pode suscitar alguns problemas quando se procede à sua aplicação e à identificação da
solução mais correta para um problema, o que não se pode ignorar, quando se sabe que a
certeza e a segurança jurídica são fundamentais para assegurar a proteção dos direitos e dos
deveres dos cidadãos.

Em qualquer caso, os princípios de Direito do Ambiente, mesmo quando não seja possível
determinar com rigor as obrigações e os direitos que decorrem da sua aplicação,
desempenham uma importante função de auxílio na identificação das soluções a aplicar aos
casos concretos.

Garantias financeiras Pag 206

Certificações 207
Introdução ao Direito do Ambiente

Orientações para a realização da actividade formativa n.º 1

Em seguida, indicam-se os elementos que deverão ser considerados e desenvolvidos


pelas/os estudantes na resposta às questões colocadas no âmbito desta primeira
actividade formativa.

Parte I – Introdução ao Direito

Carlos era proprietário de um prédio rural integrado na Reserva Agrícola Nacional; no


dia 02 de Setembro de 2014, vendeu-o a Daniel por 30.000 euros. No dia 10 de
Setembro de 2014, foi publicado no Diário da República um decreto-lei, aprovado pela
Assembleia da República, por maioria simples, o qual dispunha que os prédios rurais
com uma tipologia idêntica à do envolvido naquele negócio, não poderiam ser
vendidos por um preço inferior a 40.000 euros.

1 - Este decreto-lei foi correctamente aprovado?

A Assembleia da República não pode aprovar decretos-lei. Efectivamente, os actos


legislativos ordinários aprovados pela Assembleia da República assumem a forma de
lei (cfr. artigos 161.º, al. c) e 166.º, n.º 3 da Constituição da República). A designação
de decreto-lei é atribuída exclusivamente aos actos normativos do Governo aprovados
no âmbito da sua competência legislativa (artigo 198.º, n.º 1 da Constituição da
República).

2 - Uma vez que o diploma legislativo não integrava nenhuma disposição quanto à
sua entrada em vigor, quando é que isso deveria ocorrer?

Nos termos do artigo 2.º, n.º 2, da Lei n.º 74/98, de 11 de Novembro, quando os
diplomas legais não estabelecem a data da sua entrada em vigor, ela ocorrerá no 5.º
dia após a sua publicação em Diário da República.

Universidade Aberta 1
Introdução ao Direito do Ambiente

3 - Tendo tomado conhecimento deste decreto-lei, Carlos veio exigir a Daniel o paga-
mento dos restantes 10.000 euros. Esta pretensão deverá ser satisfeita por Daniel?

O negócio jurídico foi celebrado em data anterior à entrada em vigor do diploma. Nos
termos do artigo 12.º do Código Civil, «a lei só dispõe para o futuro», a menos que lhe
seja atribuída eficácia retroactiva. Portanto, e por regra, se não tiver eficácia
retroactiva (a qual terá de estar prevista no diploma legal), as normas jurídicas não
afectam a validade dos negócios celebrados regularmente antes da sua entrada em
vigor.

4 - Daniel argumentou que não pagaria porque existe um costume contrário ao seu
pagamento. Este argumento é válido?

O costume é constituído por dois elementos: uma prática social repetida e habitual de
certa e determinada conduta, e a convicção da sua obrigatoriedade. Deste modo, a
invocação de um costume só poderá produzir efeitos jurídicos se estes dois elementos
existirem, o que não sucede neste caso.
Para além disso, coloca-se a questão da validade do costume contra legem (ou seja,
contrário à lei). A melhor solução, num sistema legal como o português, aconselha a
que se entenda que, em caso de contradição entre a lei e o costume, é aquela que se
deve aplicar e não o costume.

5 - A 25 de Setembro de 2014, o Governo aprovou um regulamento que revogava o


referido decreto-lei, argumentado que o mesmo é contrário ao princípio da liberdade
contratual. Poderia fazê-lo?

O princípio da hierarquia das normas jurídicas opõe-se à possibilidade de revogação de


um decreto-lei por um regulamento, uma vez que este ocupa uma posição hierárquica
inferior. Na ordem jurídica portuguesa, para apurar a hierarquia das normas jurídicas
pode utilizar-se o artigo 119.º da Constituição da República.

Universidade Aberta 2
Introdução ao Direito do Ambiente

Parte II – Direito do Ambiente

1 - O Direito do Ambiente é uma necessidade para o ordenamento jurídico


nacional e para a protecção ambiental? Justifique.

O conhecimento do impacto da acção dos seres humanos sobre a natureza tornou


necessária a regulação normativa da utilização dos recursos naturais, de modo a
prevenir e a punir os comportamentos lesivos sobre o ambiente e a garantir a
qualidade de vida dos humanos. Deste modo, o Direito do Ambiente surge em
resultado do reconhecimento de que o ambiente é um interesse socialmente
relevante, pelo que deverá ser protegido pelo Direito.
Como o Direito do Ambiente ainda está em construção, tem sido colocado o
problema da sua autonomia científica. Ou seja, será que o Direito do Ambiente é
um ramo de direito autónomo ou está integrado noutro ramo de direito
previamente existente? Esta questão têm sido suscitada, nomeadamente, porque
o Direito do Ambiente recorre a instrumentos e a métodos de outros ramos de
Direito, como o Direito Administrativo ou o Direito Penal, o que coloca dúvidas
quanto à sua especificidade.
Em favor da autonomia do Direito do Ambiente poderá apontar-se não só a
qualificação do ambiente como um «bem jurídico», mas também o desenvolvi-
mento de métodos, técnicas e instrumentos jurídicos próprios, como a avaliação
de impacte ambiental, ao mesmo tempo que a utilização de métodos e instru-
mentos de outros ramos de direito só tem sido possível com a sua adaptação às
especificidades da protecção ambiental, como acontece na responsabilidade civil
ou penal pela violação do ambiente.

Universidade Aberta 3
Introdução ao Direito do Ambiente

2 - A Lei de Bases da Política de Ambiente adoptou um conceito amplo ou


restrito de ambiente? Qual a relevância desta questão para a configuração do
Direito do Ambiente?

O conceito restrito de ambiente centra-se exclusivamente nos componentes


ambientais naturais (ou seja, o ar, a luz, a água, o solo vivo, o subsolo, a flora e a
fauna), enquanto o conceito amplo inclui não só os componentes ambientais
naturais, mas também os componentes ambientais humanos (como a paisagem ou
o património construído).
A Lei de Bases da Política de Ambiente não apresenta um conceito de ambiente. No
entanto, o artigo 9.º refere que na realização da política de ambiente, os componentes
ambientais naturais e humanos são indissociáveis. Os primeiros estão previstos no
artigo 10.º e os componentes ambientais humanos no artigo 11.º
Esta indissociabilidade entre os componentes ambientais naturais e humanos poderia
sugerir a adopção de um conceito amplo de ambiente pela ordem jurídica portuguesa.
No entanto, a operatividade da protecção jurídica ambiental, parece recomendar a
utilização de uma noção mais restrita de ambiente, centrada nos componentes
ambientais naturais, posição esta que parece poder ser sustentada com o artigo 2.º,
n.º 1, da Lei da Bases da Política de Ambiente.
Deste modo, o Direito do Ambiente apenas deverá regular a intervenção humana que
tenha impacto sobre a preservação dos recursos naturais. Como tal, os componentes
ambientais humanos ocuparão uma “segunda linha” de protecção, sendo a sua
regulação remetida preferencialmente para outros ramos do Direito, como o Direito
do Urbanismo ou o do Ordenamento do Território.

Universidade Aberta 4
Introdução ao Direito do Ambiente

Orientações para a realização da actividade formativa n.º 2

Em seguida, indicam-se os elementos que deverão ser considerados e desenvolvidos pelas/os


estudantes na resposta às questões colocadas na segunda actividade formativa.

1 – O Decreto-Lei n.º 97/2008, de 11 de Junho, veio estabelecer o regime económico e


financeiro dos recursos hídricos. No artigo 3.º, n.º 2, esclarece-se que «a taxa de
recursos hídricos visa compensar o benefício que resulta da utilização privativa do
domínio público hídrico, o custo ambiental inerente às actividades susceptíveis de
causar impacte significativo nos recursos hídricos, bem como os custos administrativos
inerentes ao planeamento, gestão, fiscalização e garantia da quantidade e qualidade
das águas». Em face destes objectivos, a criação da taxa de recursos hídricos pode
enquadrar-se em que princípio de direito?

O artigo 3.º, n.º 2, é um exemplo da aplicação prática do princípio do utilizador-pagador.


Efectivamente, com a criação da taxa de recursos hídricos pretende-se promover uma
utilização mais racional da água ao fazer repousar sobre os consumidores um custo
adicional, o qual não só tem em conta os benefícios que resultam da utilização de
recursos hídricos públicos, mas também os custos públicos que resultam da respectiva
disponibilização.

2 - A questão das alterações climáticas é muito complexa e está rodeada de uma grande
polémica. Recentemente ficou-se a saber que a camada de gelo na Antárctida está a
aumentar, ao contrário do que parece que deveria ocorrer em consequência do
aumento da temperatura terrestre. Em face da polémica sobre as alterações climáticas,
a inexistência de uma intervenção (inter)nacional não seria uma medida mais sensata?

A ausência de uma intervenção poderá não ser o mais sensato à luz do princípio da
precaução, pois mesmo que não seja possível estabelecer com toda a certeza uma relação
de causa e efeito entre as actividades humanas, o aquecimento global e as alterações
climáticas, a incerteza científica deverá funcionar em benefício do ambiente, tendo em
conta a informação já existente sobre essa possível ligação e o seu impacto sobre a vida
no planeta. Isso parece justificar a adopção de medidas que permitam controlar o
aumento de temperatura, nomeadamente, reduzindo a acumulação de dióxido de
carbono na atmosfera terrestre.

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Introdução ao Direito do Ambiente

Também é possível argumentar com base no princípio da prevenção, uma vez que a
demonstração científica do impacto das actividades humanos sobre a temperatura
terrestre coloca cada vez menos dúvidas sobre aquela relação de causa e efeito, ao
contrário do que transparece, por vezes, na discussão no espaço público.

3 - A produção de energia hidroélectrica, a qual implica a construção de barragens, tem


sido apresentada como uma importante via para Portugal atingir os seus compromissos
europeus em matéria de utilização de energias renováveis e para reduzir a dependência
energética nacional face ao exterior. Como avalia esta opção face aos princípios de
Direito do Ambiente que conhece?

A opção pela construção de barragens para a produção de energia hidroélectrica é uma


medida polémica, pois embora esta apresente como ponto positivo o facto de ser uma
energia renovável e de, como tal, poder promover a redução da utilização de fontes
energéticas poluidoras, como o carvão, a construção de barragens têm vários impactos
económicos e sociais positivos e negativos sobre as populações directamente afectadas
pela construção das infra-estruturas, ao mesmo tempo que pode afectar a biodiversidade
existente e a protecção dos recursos naturais. Por isso, a decisão de construção de
barragens deve ser ponderada, caso a caso, tendo como marcos orientadores os
princípios da prevenção e do desenvolvimento sustentável.
A construção de barragens e de instalações para produção de energia hidroeléctrica é um dos
projectos que está sujeito a Avaliação de Impacte Ambiental (Anexo II – n.º 3, h – instalações
para a produção de energia hidroeléctrica; Anexo I – n.º 15 e Anexo II – n.º 10, g – barragens).

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         Introdução ao Direito do Ambiente         

Orientações para a realização da actividade formativa n.º 3

Grupo I

Indicam-se, em seguida, as respostas correctas da actividade formativa, apresentando-se


brevemente os fundamentos para cada escolha:

1 - O Ambiente é estabelecido na Constituição da República Portuguesa como um direito


subjectivo fundamental. Qual a norma que o consagra?

Artigo 9.º Esta resposta é incorrecta, porque o artigo 9.º apenas enumera as tarefas
fundamentais do Estado Português, não sendo possível depreender-se da
alínea d) a consagração de um direito subjectivo ao ambiente.
Artigo 20.º Esta resposta é incorrecta porque o artigo 20.º refere-se ao acesso ao
direito e aos tribunais. Se é verdade que este representa uma importante
dimensão na protecção do direito ao ambiente, não lhe atribui o carácter
de direito subjectivo.
Artigo 52.º Esta resposta é incorrecta porque o artigo 52.º refere-se ao direito de
petição e de acção popular. Se é verdade que estes são instrumentos
importantes para efectivar a protecção do direito ao ambiente, não lhe
atribuem o carácter de direito subjectivo.
Artigo 66.º Correcto! Efectivamente o artigo 66.º estabelece que todos têm direito a
um ambiente sadio e ecologicamente equilibrado, consagrando-o como
um direito subjectivo fundamental de todos os cidadãos.

2 - A Lei de Bases da Política de Ambiente estabelece a protecção do Ambiente como um dever dos
cidadãos?

Sim. Correcto! Efectivamente o artigo 8.º da Lei de Bases da Política de


Ambiente estabelece que os cidadãos têm o dever de proteger, preservar e
respeitar o ambiente.
Não. Incorrecto. O artigo 8.º da Lei de Bases da Política de Ambiente estabelece
que os cidadãos têm o dever de proteger, preservar e respeitar o
ambiente.

3 - Os Estados-membros da União Europeia podem beneficiar de medidas derrogatórias de


propostas de harmonização legislativa em matéria ambiental?

Sim, essa possibilidade é Incorrecto. Os artigos 191.º e 192.º do Tratado sobre o


incondicional, estando apenas Funcionamento da União Europeia estabelecem limites
sujeita à apresentação formal de quanto à existência de medidas derrogatórias.
um pedido pelo Estado-membro.

   Universidade Aberta                    1
         Introdução ao Direito do Ambiente         

Sim, mas essa possibilidade é Correcto! Nos termos do artigo 191.º, n.º 2, é possível que
condicional estando sujeita à um Estado-membro beneficie de medidas provisórias, mas
observação de certos requisitos.
estas não podem ter como causa razões económicas e estão
sujeitas a um processo de controlo. Por sua vez, o artigo
192.º, n.º 5, permite que quando as medidas adoptadas
representem um custo desproporcionado para um Estado-
membro que este possa beneficiar de medidas de
derrogação temporárias.
Não, pois com as medidas de Incorrecto. Se é verdade que as medidas de harmonização
harmonização pretende-se que legislativa têm como objectivo aproximar as legislações
todos os Estados-membros tenham nacionais, os artigos 191.º e 192.º do TFUE estabelecem
o mesmo quadro jurídico. limites quanto à existência de medidas derrogatórias.

4 - O desenvolvimento sustentável é um objectivo da política ambiental comunitária?

Sim, estando o mesmo Correcto! O artigo 3.º do Tratado da União Europeia estabelece
previsto no Tratado da União que esta está empenhada no desenvolvimento sustentável da
Europeia. Europa, o qual assenta, nomeadamente, num nível elevado de
protecção e no melhoramento da qualidade do ambiente.
Sim, mas não encontra Parcialmente incorrecto. O desenvolvimento sustentável é
consagração no Tratado da efectivamente um objectivo da política ambiental comunitária e
União Europeia. está prevista no TUE.
Não, pois a política ambiental Incorrecto. O artigo 3.º do Tratado da União Europeia estabelece
é instituída com o objectivo que um nível elevado de protecção do ambiente e a melhoria da
de promover o crescimento sua qualidade é uma condição para o desenvolvimento sustentável
económico. da Europa.

5 - O princípio do desenvolvimento sustentável está previsto na ordem jurídica portuguesa?

Não. Incorrecto. O desenvolvimento sustentável é um dos princípios


nucleares orientadores da política de defesa do ambiente, pelo que
está necessariamente previsto na ordem jurídica portuguesa.
Sim, mas apenas na Parcialmente incorrecto. O princípio do desenvolvimento sustentável
Constituição Portuguesa. não está apenas previsto na Constituição Portuguesa.
Sim, mas apenas na Lei Parcialmente incorrecto. O princípio do desenvolvimento sustentável
de Bases do Ambiente. não está apenas previsto na Lei de Bases do Ambiente.
Sim, na Constituição Correcto! Efectivamente o princípio do desenvolvimento sustentável
Portuguesa e na Lei de está previsto na ordem jurídica portuguesa, nomeadamente, na
Bases do Ambiente. Constituição Portuguesa (cfr. artigo 66.º, n.º 2) e são feitas várias
referências na Lei de Bases da Política de Ambiente, nomeadamente
no artigo 3.º, al. a)).

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         Introdução ao Direito do Ambiente         

6 - Qualquer associação é titular do Direito de Acção Popular em matéria ambiental?

Sim, se estiver Incorrecto. Da redacção do artigo 52.º, n.º 3, da Constituição da


legalmente constituída. República Portuguesa e do artigo 2.º da Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto,
decorre que podem exercer o direito de acção popular apenas as
associações de defesa do ambiente.
Sim, se a associação tiver Correcto! Da redacção do artigo 52.º, n.º 3, da Constituição da
como objecto social a República Portuguesa e do artigo 2.º da Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto,
defesa do ambiente. decorre que apenas podem exercer o direito de acção popular as
associações que têm como objecto social a defesa do ambiente.
Não. O Direito de Acção Incorrecto. O artigo 52.º, n.º 3, da Constituição da República
Popular é um direito que Portuguesa e o artigo 2.º da Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto
só pode ser exercido estabelecem que o direito de acção popular pode ser exercido pelos
pelos indivíduos. indivíduos e por associações.

Grupo II

Em matéria ambiental, o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, prevê uma


partilha de competências entre os Estados-membros e a Comissão Europeia (cfr. artigos 3.º e
4.º/TFUE). Na sua opinião, esta partilha de competências justifica-se? Porquê?

Nem todas as questões ambientais têm uma dimensão transnacional, pelo que os Estados podem
manter uma política nacional ambiental autonóma, com os limites que resultam dos objectivos
europeus, nomeadamente, de funcionamento do mercado comum.
Deste modo é possível identificar dois níveis de intervenção: aquele em que a acção podem ser
prosseguida pelos Estados-membros, que assim poderão procurar as melhores soluções de acordo
com os padrões nacionais; e, aquele em que a acção tem um impacto que transcende o espaço
nacional e é comum a vários Estados, justificando assim a concertação de posições e a harmonização
dos níveis de protecção ambiental.
Esta repartição de competências entre os Estados-membros e a Comissão Europeia é baseada no
princípio da subsidariedade, segundo o qual a acção da União Europeia só se justifica se os objectivos
não puderem ser suficientemente alcançados pelos Estados-membros (cfr. artigo 5.º do Tratado da
União Europeia e o protocolo n.º 2).

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         Introdução ao Direito do Ambiente         

Grupo III

É frequente ver no espaço público organizações não-governamentais de ambiente a


protestarem e a tomarem acções contra medidas que consideram prejudicar o ambiente. Em
regra, só é possível a acção colectiva ou qualquer cidadão, a título individual, pode também
intervir? Justifique.

Os cidadãos podem participar individualmente em todos os procedimentos em que tenham interesse


directo (cfr. artigos 8.º, 52.º e 53.º n.º 1 do Código de Procedimento Administrativo) e também o
podem fazer para protecção de interesses difusos (cfr. artigo 53.º, n.º 2/CPA; artigos 2.º, n.º 1 e 4.º
da Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto – Direito de Participação Procedimental e Acção Popular; artigo
31.º do Código de Processo Civil; artigo 9.º, n.º 2 do Código de Processo nos Tribunais
Administrativos).
Como tal, a maior visibilidade da intervenção colectiva, nomeadamente através de associações de
ambiente, resulta apenas destas conseguirem assegurar mais recursos para as suas intervenções
públicas e, por isso, conseguirem um maior impacto mediático, e não de um qualquer impedimento
normativo à intervenção cívica individual.

   Universidade Aberta                    4
Introdução ao Direito do Ambiente

Orientações para a realização da actividade formativa n.º 4

Em seguida, indicam-se os elementos que deverão ser considerados e desenvolvidos pelas/os


estudantes na resposta às questões colocadas no âmbito desta quarta actividade formativa.

Grupo I

A empresa “AB – Resíduos de Construção, Lda.” comprou um terreno no Lugar do Sossego


para instalar um aterro, no qual pretende depositar os materiais sólidos e inertes
provenientes das empresas de construção civil do grupo empresarial em que está integrada.
Este terreno está situado numa área classificada de Reserva Agrícola Nacional. Como pode a
Administração Pública lidar com a instalação desta empresa?

A declaração de uma determinada área como integrando a Reserva Agrícola Nacional estabe-
lece um conjunto de condicionamentos à utilização não agrícola do solo, sendo, nomeada-
mente, interdito o depósito de entulhos (cfr. o artigo 21.º, al. f) do Decreto-Lei n.º 73/2009).
A Administração Pública dispõe de um conjunto de instrumentos de acção que podem ser
utilizados para impedir ou condicionar a instalação da empresa.
No âmbito da sua competência fiscalizadora, cabe à Administração Pública proceder à
fiscalização preventiva dos aterros, pois estes só poderão funcionar mediante a existência de
uma licença de operação. Cabe-lhe ainda a fiscalização da obra, a vistoria dos trabalhos
realizados e a fiscalização do respectivo funcionamento.
Sempre que as normas existentes ou as obrigações impostas não sejam cumpridas, a Admi-
nistração Pública, no âmbito da sua competência sancionatória, poderá sujeitar os faltosos a
coimas e a sanções acessórias, como a obrigação de reposição da situação anterior à infracção,
ou determinar o embargo administrativo de quaisquer construções que violem as disposições
legais. Tem também a possibilidade de ordenar a cessação da exploração do aterro, que se não
for cumprida pelo destinatário o faz incorrer no crime de desobediência (cfr. artigo 43.º, n.º 2,
do Decreto-Lei n.º 73/2009).
Dependendo das características em concreto do aterro, este poderá estar sujeito a um proce-
dimento de avaliação de impacte ambiental (cfr. artigo 1.º, n.º 3, als. b) e c) do Decreto-Lei n.º
151-B/2013, de 31 de Outubro), cabendo à Administração Pública a adopção de uma decisão
quanto à aprovação e à execução do projecto.

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Introdução ao Direito do Ambiente

Grupo II

No dia 8 de Outubro de 2012, ocorreu uma ruptura no oleoduto que liga o Porto de Sines à
refinaria da Petrogal, estimando-se que tenham sido derramadas 20 toneladas de crude.
Para a limpeza da área, foi necessário remover 3 mil toneladas de terra contaminada
(“Toneladas de crude derramadas em pipeline” - jornal Público, 10 de Outubro de 2013, p.
32). Segundo o presidente da Câmara Municipal de Sines, a área do oleoduto foi sujeita, em
2007, a obras de remodelação para «colmatar as graves lacunas que existiam nos seus
sistemas de segurança» (jornal Público, idem). A Administração Pública poderia ter tido
alguma intervenção para evitar o dano produzido?

Durante o processo de licenciamento ou de autorização das instalações, a Administração


Pública tem a possibilidade de controlar as condições de funcionamento e de segurança das
instalações e dos respectivos equipamentos, nomeadamente através do procedimento de
licenciamento ambiental (cfr. artigo 9.º e ss. do Decreto-Lei n.º 173/2008, de 26 de Agosto) ou
da avaliação de impacto ambiental (Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de Outubro).
Depois do licenciamento, a Administração Pública pode desenvolver uma actividade de ins-
pecção e fiscalização para verificar as instalações e os processos de produção. Pode ainda
determinar a adopção de novos procedimentos de segurança e controlo que se verifique
serem necessários, ou efectivos, para evitar a ocorrência de acidentes.

Grupo III

1 – Quais os requisitos que devem ser observados para que uma determinada área seja
declarada como Reserva Ecológica Nacional?

A Reserva Ecológica Nacional (REN) pretende garantir a protecção de ecossistemas, de modo a


assegurar a estabilidade ecológica e a utilização racional dos recursos naturais, com vista à
protecção das potencialidades biofísicas e culturais do território. Por isso, só se aplica a áreas
com valor e sensibilidade ecológica ou que estejam sujeitas a riscos que justifiquem uma
protecção especial (cfr. artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto).
A delimitação de uma área como REN deverá estar de acordo com as orientações estratégicas
de âmbito nacional e regional. A proposta de delimitação é elaborada pela Câmara Municipal,
devendo merecer a concordância da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional
(cfr. artigo 9.º e ss. do Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto).

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Introdução ao Direito do Ambiente

2 – Quais as implicações dessa declaração?

A declaração de uma área como Reserva Ecológica Nacional implica uma série de
condicionamentos quanto à ocupação, uso e transformação do solo, nomeadamente, a
proibição de operações de loteamento, de obras de urbanização, de construção e ampliação, a
interdição de vias de comunicação, de escavações e aterros, e a proibição da destruição do
revestimento vegetal.
Todas as obras, e outro tipo de acções que configurem uma violação da REN, devem ser
embargadas e demolidas, incorrendo os seus responsáveis em contra-ordenações. Os actos
administrativos que violem a REN são considerados nulos, podendo os seus responsáveis
incorrer em responsabilidade civil.

Grupo IV

Todos os projectos devem ser submetidos a um procedimento de avaliação de impacte


ambiental?

Só os projectos que possam produzir efeitos significativos no ambiente estão obrigados a


efectuar um procedimento de avaliação de impacte ambiental (cfr. artigo 1.º, n.º 1, do
Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de Outubro). A lei enuncia os projectos submetidos a essa
exigência (cfr. anexos I e II) e inclui todos os projectos que pela sua localização, dimensão ou
natureza sejam considerados como podendo provocar um impacte significativo no ambiente
(cfr. artigo 1.º, n.º 3, al. c), do Decreto-Lei n.º 151-B/2013).
Por outro lado, os projectos destinados à defesa nacional ou à protecção civil (cfr. artigo 1.º,
n.º 7, do Decreto-Lei n.º 151-B/2013) estão dispensados do procedimento de avaliação de
impacte ambiental, desde que este possa produzir efeitos adversos, tendo em conta os
objectivos desses projectos.
A avaliação de impacte ambiental também pode ser dispensada «em circunstâncias
excepcionais e devidamente fundamentadas», mediante despacho ministerial (cfr. artigo 4.º
do Decreto-Lei n.º 151-B/2013).

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Introdução ao Direito do Ambiente

Grupo V

Os cidadãos podem participar no processo de adopção dos actos administrativos?

O processo administrativo prevê vários mecanismos que asseguram a participação dos


interessados nos casos em que tenham um interesse directo:
- o direito de intervenção (cfr. artigo 67.º do Código de Procedimento Administrativo -
CPA) e a legitimidade para iniciar um procedimento administrativo (cfr. Artigos 68.º e
53.º/CPA);
- o direito à informação sobre o andamento dos processos (cfr. artigo 82.º/CPA), o que
implica, nomeadamente, a possibilidade de consultar os processos e de obter
certidões (cfr. artigo 83.º/CPA);
- o direito de audiência dos interessados (cfr. artigos 80.º, 100.º e 121.º e ss./CPA);
- o direito de apresentação de petições (cfr. artigo 97.º/CPA);
- a sujeição das propostas da administração a consulta pública (cfr. artigos 80 e
101.º/CPA);
- o direito de reclamação e de recurso (cfr. artigos 169.º e 184.º e ss./CPA).
Para além disso, e de acordo com a Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto, os cidadãos e as
organizações não-governamentais dispõem também do direito de participação popular
para defesa de interesses difusos em matéria ambiental.

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Introdução ao Direito do Ambiente

Orientações para a realização da actividade formativa n.º 5

Em seguida, indicam-se os elementos que deverão ser considerados e desenvolvidos pelas/os


estudantes na resposta às questões colocadas na quinta actividade formativa.

Grupo I
A empresa “AB – Resíduos de construção, Lda.” instalou um aterro num terreno que está
incluído numa área de Reserva Agrícola Nacional. Após três meses de funcionamento do
aterro verificou-se que este não estava correctamente delimitado, tendo sido depositados
materiais em terrenos vizinhos; a população residente na freguesia suspeita que o terreno
não esteja bem impermeabilizado, pois a água da fonte pública, proveniente de um curso de
água que passa junto ao aterro, começou a apresentar uma coloração estranha; começaram
também a ser depositados pneus no aterro, sendo usual verem-se estes a arder durante o
dia. A forma como a empresa parece estar a gerir este aterro e as eventuais consequências
que estará a provocar são susceptíveis de algum tipo de punição?

A empresa não pode ter um aterro deste tipo a funcionar numa área classificada como RAN,
devendo ser-lhe ordenado que encerre o aterro (cfr. artigo 43.º do Decreto-Lei n.º 73/2009, de 31
de Março), aplicada uma coima (cfr. artigo 39.º do Decreto-Lei n.º 73/2009) e exigida a reposição
da situação anterior à instalação do aterro (cfr. artigo 44.º do Decreto-Lei n.º 73/2009).
Para além disso, o depósito de resíduos em local não autorizado é uma contra-ordenação
ambiental muito grave (cfr. artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de Março), pelo que
deverá ser aplicada uma coima à empresa e, eventualmente, uma sanção acessória (cfr. artigo
19.º do Decreto-Lei n.º 46/2008).
Os aterros só poderão ser explorados depois da atribuição da respectiva licença, da prestação de
uma garantia financeira e da subscrição de um seguro de responsabilidade civil extracontratual
(cfr. artigos 12.º e 24.º a 26.º do Decreto-Lei n.º 183/2009, de 10 de Agosto, com as alterações
subsequentes) e só certo tipo de pneus podem ser depositados em aterros (cfr. artigo 6.º do
Decreto-Lei n.º 183/2009). A não observância destas condições sujeita os infractores à aplicação
de coimas (cfr. artigo 48.º do Decreto-Lei n.º 183/2009). Se existir um concurso de contra-
-ordenações, ou seja, se tiverem sido praticadas várias contra-ordenações em simultâneo, o
valor da coima a aplicar é determinado de acordo com as regras do artigo 27.º da Lei n.º
50/2006, de 29 de Agosto.

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Introdução ao Direito do Ambiente

Algumas das condutas praticadas podem ainda ser enquadradas no crime de poluição (cfr.
artigo 279.º, n.º 2, al. b) do Código Penal). Se se verificar a existência de um concurso de
infracções, ou seja, se a mesma conduta constituir simultaneamente um crime e uma contra-
-ordenação, este concurso deverá ser resolvido segundo as regras previstas no artigo 28.º da
Lei n.º 50/2006, de 29 de Agosto.

Grupo II
Tendo ocorrido uma ruptura no oleoduto de uma refinaria, verificou-se um derrame de 20
toneladas de crude, o qual obrigou à remoção de 3 mil toneladas de terra contaminada.
Como esta situação teve origem num acidente e não existem elementos que revelem que
não foram observados os deveres de cuidado e segurança exigíveis, deverá a empresa ser
responsabilizada pela ocorrência?

Esta empresa prossegue uma actividade de elevado risco, a qual é potencialmente perigosa
para a preservação do ambiente, pelo que deve ser responsabilizada pelos danos provocados,
mesmo que não tenha culpa. Isto mesmo resulta dos artigos 7.º e 12.º e do anexo III, n.º 1, do
Regime Jurídico da Responsabilidade por Danos Ambientais (Decreto-Lei n.º 147/2008, de 29
de Julho, e alterações subsequentes).
Perante a iminência de se verificarem danos ambientais, a empresa deve adoptar as medidas
de prevenção necessárias e adequadas, sob pena de praticar uma contra-ordenação ambiental
(cfr. artigos 14.º e 26.º do Decreto-Lei n.º 147/2008).
Se se verificarem danos ambientais, e para além da responsabilidade civil, a empresa pode ser
obrigada a adoptar medidas de reparação (cfr. artigo 15.º e Anexo V do Decreto-Lei n.º
147/2008), pode ser sujeita a sanções acessórias e à apreensão cautelar de bens e de
documentos (cfr. artigo 27.º do Decreto-Lei n.º 147/2008 e artigo 29.º e ss. da Lei n.º 50/2006,
de 29 de Agosto).

Grupo III
1 – Em que medida a responsabilidade civil é adequada para garantir a defesa global do
ambiente?

A responsabilidade civil permite obter uma compensação financeira pelos danos ambientais
provocados, pelo que permite minorar os efeitos negativos de uma dada acção.

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Introdução ao Direito do Ambiente

No entanto, nem sempre é fácil verificar o preenchimento dos vários pressupostos que
permitem fazer operar o instituto da responsabilidade civil, nomeadamente, a imputação do
facto a um agente, o estabelecimento do nexo de causalidade entre o facto e o dano ou a
identificação de um lesado. Depois, a indemnização pode não ser suficientemente
penalizadora para desincentivar a continuação da actividade lesiva. Por fim, a responsabilidade
civil é sempre accionada depois da produção de um dano no ambiente.

2 – Indique as principais limitações do Direito Penal para assegurar a protecção do ambiente.

Existem várias dificuldades que tornam difícil a utilização do Direito Penal em matéria
ambiental, como é o caso do apuramento com exactidão da responsabilidade do agente, a
determinação exacta do perigo de uma determinada conduta ou a sua aptidão para produzir,
só por si, um dano, ou a demonstração de um nexo de causalidade entre a acção e o dano.
Por outro lado, a configuração jurídica dos crimes ecológicos, nomeadamente quando é feita
uma remissão para prescrições administrativas, suscita dúvidas quanto à sua constituciona-
lidade.

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Iniciado em Segunda, 31 Outubro 2022, 09:49
Estado Terminada
Completado Segunda, 31 Outubro 2022, 09:53
em
Tempo gasto 3 minutos 42 segundos
Avaliar 8,00 num máximo de 10,00 (80%)

Pergunta 1
Os princípios de direito têm pouca utilidade
porque não servem para regular directamente os problemas.
Correta

Nota: 1,00
Selecione uma opção:
em 1,00
Verdadeiro

Falso 

A utilidade dos princípios de direito é inquestionável porque a sua finalidade é


estabelecer as grandes directrizes que devem
orientar a regulação jurídica a
aplicar a uma determinada área, pelo que o seu conteúdo é distinto do das
normas jurídicas. E
embora eles não regulem directamente os casos concretos, podem contribuir para encontrar a
melhor solução a aplicar.

Resposta correta: Falso


Pergunta 2 Os
princípios de política pública têm sobretudo um cariz procedimental.
Correta

Nota: 1,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro 

Falso

Estes princípios estabelecem regras e cuidados


que se devem ter na definição e na execução de uma certa política, pelo que
não são normalmente utilizados na procura de orientações ou soluções para
a resolução de situações concretas de protecção
ambiental.

Resposta correta: Verdadeiro

Pergunta 3 A
aprovação de uma taxa adicional sobre o consumo da água não é um exemplo da
aplicação do princípio da prevenção, pois
Correta apenas torna a água mais cara.
Nota: 1,00
em 1,00
Selecione uma opção:
Verdadeiro

Falso 

É
verdade que a aplicação de uma taxa sobre o consumo de um recurso natural se
pode situar no campo do princípio do
utilizador-pagador, mas a ideia não é
apenas penalizar economicamente o consumidor, pois o que se pretende é que este
diminua o seu consumo, colocando menos pressão sobre os recursos naturais,  assegurando-se, deste modo,
preventivamente a
sua protecção.

Resposta correta: Falso


Pergunta 4 O
princípio da precaução é aplicável nas situações em que não existe qualquer
evidência da ligação entre uma certa
Correta actividade e um determinado dano ambiental.
Nota: 1,00
em 1,00
Selecione uma opção:
Verdadeiro

Falso 

Para
que o princípio da precaução seja aplicável é necessário que exista algum tipo
de evidência científica que estabeleça
uma possível ligação entre uma certa
actividade e um provavelmente dano ambiental. O que sucede é que essa evidência
não é conclusiva, existindo dúvidas cientificas sobre ela; se fosse conclusiva,
já estaríamos no campo do princípio da
prevenção.

Resposta correta: Falso

Pergunta 5 Com o
princípio do poluidor-pagador não se pretende apenas uma compensação monetária
pela poluição, mas também que
Correta o poluidor altere o seu comportamento futuro.
Nota: 1,00
em 1,00
Selecione uma opção:
Verdadeiro 

Falso

Efectivamente,
o objectivo não é apenas obter uma compensação pelo dano causado, pois isso
significaria que a protecção
conseguida para o ambiente seria sempre um pouco
reduzida, pelo que se procura influenciar o modo como o poluidor irá
agir no
futuro, ao impôr-lhe um custo que torne muito onerosa a continuação da
actividade.

Resposta correta: Verdadeiro


Pergunta 6 O
conteúdo do princípio do desenvolvimento sustentável é vago e impreciso.
Incorreta

Nota: 0,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro

Falso 

Embora
o seu conteúdo se tenha vindo a densificar, ele ainda é um pouco vago e impreciso, pois
os conceitos de
desenvolvimento e sustentabilidade não são consensuais, tal
como é difícil determinar com exactidão quais poderão ser, por
exemplo, as necessidades das
gerações futuras e quais as medidas que as poderão garantir.

Resposta correta: Verdadeiro

Pergunta 7 O
princípio da responsabilidade preconiza que se aplique sempre a sanção mais
grave a quem provoque um dano ambiental.
Correta

Nota: 1,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro

Falso 

A determinação de qual a sanção que deve ser


aplicada depende de vários factores, nomeadamente, a gravidade da conduta
do
agente e a sua eficácia em matéria de prevenção geral e especial. Assim, a aplicação
da sanção mais grave,
nomeadamente a pena de prisão, nem sempre será a melhor
solução para o caso concreto.

Resposta correta: Falso


Pergunta 8 O
princípio da integração é uma consequência do carácter transversal da política
ambiental.
Correta

Nota: 1,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro 

Falso

A
protecção do ambiente tem uma relação directa com várias políticas sectoriais,
pelo que estas devem reflectir e integrar os
objectivos da política ambiental.

Resposta correta: Verdadeiro

Pergunta 9 O
princípio da cooperação internacional determina que os Estados podem ser
coactivamente obrigados a cumprir as
Incorreta obrigações que resultam dos compromissos
internacionais.
Nota: 0,00
em 1,00
Selecione uma opção:
Verdadeiro 

Falso

O
conteúdo essencial deste princípio determina que os Estados não devem
desenvolver políticas centradas exclusivamente
nos problemas e interesses nacionais, pois o
carácter transnacional dos problemas ambientais torna necessário encontrar
soluções globais, pelo que elas devem ser alcançadas através da colaboração entre os Estados. Para além disso, a grande
maioria das organizações
internacionais não tem capacidade para obrigar os Estados a cumprir as
obrigações internacionais
que assumiram.

Resposta correta: Falso


Pergunta 10 Para
efectivar o princípio da participação é suficiente a criação de órgãos
consultivos junto dos decisores políticos.
Correta

Nota: 1,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro

Falso 

A
criação de órgãos consultivos é apenas uma dimensão, pois deverá ainda ser
permitida, por exemplo, a participação em
processos públicos de consulta sobre determinadas
medidas, deverá ser garantido o acesso à informação e deverá ser
assegurada a
possibilidade de intervenção judicial para defesa da legalidade e dos valores e
interesses ambientais.

Resposta correta: Falso


Iniciado em Sexta, 30 Dezembro 2022, 18:26
Estado Terminada
Completado Sexta, 30 Dezembro 2022, 18:31
em
Tempo gasto 4 minutos 43 segundos
valores 4,00/5,00
Avaliar 8,00 num máximo de 10,00 (80%)

Pergunta 1 A existência de um «direito subjectivo ao ambiente» significa que o Estado, enquanto pessoa colectiva, deve garantir a
Incorreta protecção do ambiente.
Nota: 0,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro 

Falso

Não é exactamente assim, pois o direito subjectivo significa que cada um de nós deve ter os poderes necessários para se
defender de qualquer situação que degrade o ambiente e coloque em causa esses interesses.

Resposta correta: Falso


Pergunta 2 O Direito de Acção Popular, como a própria designação sugere, só permite que as associações recorram aos tribunais para
Correta defesa do ambiente.
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro

Falso 

O direito de acção popular pode ser exercido não só por associações, mas também pelos cidadãos e pelas autarquias locais.

Resposta correta: Falso

Pergunta 3 O Governo tem competência exclusiva para aprovar «as bases do sistema de protecção da natureza».
Correta

Nota: 1,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro

Falso 

As bases da política de ambiente integram a reserva relativa de competência legislativa da Assembleia da República, o que
significa que o Governo só as pode aprovar se tiver sido autorizado pela Assembleia da República.

Resposta correta: Falso


Pergunta 4 O Tratado de Roma, aprovado em 1957, era omisso quanto à política ambiental.
Correta

Nota: 1,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro 

Falso

O objectivo inicial da Comunidade Económica Europeia era criar um mercado único no espaço comunitário, sem que o
ambiente tivesse sido uma dimensão considerada. Apenas em 1985, com o Acto Único Europeu, seria aditado um título sobre
a política ambiental ao Tratado de Roma.

Resposta correta: Verdadeiro

Pergunta 5 No Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, o título relativo ao ambiente é constituído pelos artigos 191.º a 193.º
Correta

Nota: 1,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro 

Falso

Resposta correta: Verdadeiro


Iniciado em Terça, 3 Janeiro 2023, 14:07
Estado Terminada
Completado Terça, 3 Janeiro 2023, 14:16
em
Tempo gasto 8 minutos 31 segundos
Avaliar 6,00 num máximo de 9,00 (66,67%)

Pergunta 1 No modelo de mercado de regulação da protecção do ambiente, a intervenção do Estado é


Correta completamente eliminada.
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro

Falso 

Certo. O modelo de mercado privilegia a intervenção dos particulares e das organizações, mas
não afasta por completo a intervenção do Estado. Apesar disso, esta intervenção estatal tem
sobretudo um carácter supletivo e de regulação do funcionamento do mercado.

Resposta correta: Falso


Pergunta 2 Embora seja uma metodologia de trabalho interessante, o planeamento não é fundamental para a
Correta protecção ambiental, de tal modo que nem está previsto na Lei de Bases da Política de Ambiente.
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro

Falso 

Certo. O planeamento ambiental é fundamental para assegurar uma gestão sustentável dos
recursos naturais e, por isso mesmos, está previsto no artigo 16.º da Lei de Bases da Política de
Ambiente.

Resposta correta: Falso

Pergunta 3 O Estado está juridicamente vinculado aos instrumentos de planeamento ambiental por si
Correta aprovados.
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro 

Falso

Correcto. Embora se possa discutir o carácter jurídico dessa vinculação, nomeadamente porque a
sua violação não é objecto de sanção jurídica, a melhor solução parece ser aquela que aponta
para a existência de um dever jurídico de cumprimento dos planos aprovados.

Resposta correta: Verdadeiro


Pergunta 4 A autorização é um acto administrativo que permite a um particular que não é titular de um
Incorreta direito o exercício de uma determinada actividade.
Nota: 0,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro 

Falso

Errado. Na autorização, o particular é titular de um direito que pode exercer, mas este exercício
só é permitido depois de existir uma decisão favorável por parte da Administração Pública.

Resposta correta: Falso

Pergunta 5 Nos termos do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho, a Reserva Ecológica Nacional é uma
Correta área nuclear de conservação da natureza e da biodiversidade ou uma área de continuidade?
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
a. Área de  Certo. Tal como resulta do artigo 5.º, n.º 1, a REN é uma área de
continuidade continuidade.

b. Área nuclear

A sua resposta está correta.

Resposta correta: Área de continuidade


Pergunta 6 O monumento natural é uma ocorrência natural que contém aspectos singulares ou
Correta representativos em termos ecológicos, estéticos, científicos ou culturais, os quais exigem a sua
Nota: 1,00 conservação.
em 1,00

Selecione uma opção:


Verdadeiro 

Falso

Certo. Esta é a noção legal de monumento natural adoptada pelo artigo 20.º do Decreto-Lei n.º
142/2008, de 24 de Julho.
Resposta correta: Verdadeiro
Pergunta 7 Só alguns dos projectos que têm impacto negativo sobre o ambiente estão sujeitos ao
Incorreta procedimento de avaliação de impacte ambiental.
Nota: 0,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro

Falso 

Errado. Estão sujeitos a avaliação de impacte ambiental os projectos em que se presume que
existe esse impacto (e que consta de uma lista) e os projectos que pela sua localização, dimensão
e natureza sejam susceptíveis de ter um impacto significativo sobre o ambiente. Deste modo, os
projectos que não se enquadrem nestas duas situações não estão sujeitos a avaliação de impacte
ambiental. Para além disso, em situações excepcionais, alguns projectos com impacte ambiental
podem ser dispensados de fazer este procedimento de avaliação.

Resposta correta: Verdadeiro


Pergunta 8 A internalização das externalidades negativas significa que os prejuízos sobre o ambiente
Correta provocados por uma determinada actividade devem ser integrados nos custos totais de produção.
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro 

Falso

Certo. Isso é conseguido, por exemplo, através de aplicação de taxas ou de impostos, de modo a
compensar os danos ambientais provocados e, sobretudo, incentivando uma mudança de
comportamento.

Resposta correta: Verdadeiro

Pergunta 9 Os particulares só podem solicitar informação ambiental à Administração Pública quando possam
Incorreta demonstrar um interesse directo nessa informação.
Nota: 0,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro 

Falso

Errado. De acordo com o artigo 6.º, n.º 1, da Lei n.º 19/2006, de 12 de Junho, o interessado em
requerer informação sobre o ambiente na possa da Administração Pública não precisa de justificar
o seu interesse.

Resposta correta: Falso


Iniciado em Terça, 3 Janeiro 2023, 15:39
Estado Terminada
Completado Terça, 3 Janeiro 2023, 15:40
em
Tempo gasto 1 minuto 6 segundos
valores 3,00/5,00
Avaliar 6,00 num máximo de 10,00 (60%)

Pergunta 1 As sanções penais visam apenas punir e retribuir o agente por uma certa conduta desconforme à
Correta vida em sociedade.
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro

Falso 

Certo. Para além da retribuição, as sanções penais prosseguem também fins de prevenção
individual e de prevenção colectiva.

Resposta correta: Falso


Pergunta 2 O dano ambiental acumulado é aquele que representa da prática repetida de uma acção lesiva do
Correta ambiente por um indivíduo em concreto.
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro

Falso 

Certo. Designa-se por dano ambiental acumulado o resultado produzido por um conjunto de
condutas individuais independentes sobre o ambiente, as quais, só por si, não são capazes de
produzir um dano, mas que em conjunto produzem consequências negativas.

Resposta correta: Falso

Pergunta 3 As pessoas colectivas podem ser responsabilizadas penalmente.


Incorreta

Nota: 0,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro

Falso 

Errado. Embora não possam ser submetidas as penas de privação de liberdade, as pessoas
colectivas estão sujeitas a responsabilidade penal nos casos previstos no Código Penal, podendo
sofrer outro tipo de penas.

Resposta correta: Verdadeiro


Pergunta 4 A responsabilidade civil por danos ambientais é garantida pela Constituição Portuguesa.
Correta

Nota: 1,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro 

Falso

Certo. O artigo 52.º, n.º 3, da Constituição prevê o direito de requerer uma indemnização para os
lesados por uma infracção contra o ambiente.

Resposta correta: Verdadeiro

Pergunta 5 O Direito de Mera Ordenação Social é, na sua essência, Direito Penal.


Incorreta

Nota: 0,00 Selecione uma opção:


em 1,00
Verdadeiro 

Falso

Errado. O Direito de Mera Ordenação Social pode caracterizar-se como Direito Administrativo de
carácter sancionatório.

Resposta correta: Falso


UNIDADE CURRICULAR: Introdução ao Direito do Ambiente

CÓDIGO: 41035

DOCENTE: Paulo Manuel Costa

A preencher pela/o estudante

NOME: Alberto Fernando Tavares de Bastos

N.º DE ESTUDANTE: 2003277

CURSO: Licenciatura em Ciências do Ambiente

DATA DE ENTREGA: 06/01/2023

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:
A Reserva Agrícola Nacional (RAN) é de acordo com a legislação portuguesa o
conjunto de áreas em termos geomorfológicos, pedológicos e agroclimáticos, que
possuem maior aptidão para a realização de atividades agrícolas.
Estas áreas foram criadas para proteger este tão importante recurso que é o solo,
fomentar o desenvolvimento sustentável, ajudar na preservação de recursos naturais,
assegurar que a sua atual utilização garante que as gerações futuras terão pelo menos
os mesmos recursos atualmente disponíveis.[1]
No caso que nos é exposto para análise não faz referência à forma como terá sido
aprovado o referido projeto, localizado numa área de RAN, nem aos processos e
procedimentos legais que foram levados a cabo para o licenciamento de exploração do
espaço. É, no entanto, visível pelo desagrado da população, pois não foram tidas em
conta as suas opiniões nem os seus interesses legítimos. Neste caso para além da
importância natural que é conferida à área onde pretendem implantar a exploração da
nova vinha por fazer parte da RAN, temos a importância da existência na mesma área
de espécies ameaçadas ou até mesmo em perigo de extinção, como é o caso do cardo-
azul-anão (Eryngium viviparum) e do lobo (Canis lupus).
Tendo em conta que para além das grandes dimensões da exploração, ainda
pretendem construir uma nova infraestrutura para montar o sistema de rega, de acordo
com o Decreto-Lei nº 151-B/2013, de 31 de outubro, deveria ter sido efetuada a
respetiva Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), obrigatória nos casos em que projetos
públicos ou privados possam causar efeitos nefastos significativos para o ambiente.[2]
De acordo com o Anexo III do mesmo Decreto, no que se refere às características do
projeto, estão incluídos critérios como a alínea a) (Dimensão do projeto) ou a alínea c)
(Utilização dos recursos naturais), que penso serem justificação suficiente para que
fosse obrigatória a AIA. Nessa verificação haveria possibilidade de detetar os perigos
resultantes da execução do projeto e o desfecho poderia não ter sido tão dramático
quanto foi.
Mesmo com a hipotética aprovação da AIA, poderíamos por em causa a construção da
infraestrutura de rega numa área de RAN. Neste caso, o DL n.º 199/2015, de 16 de
setembro que altera o DL n.º 73/2009, de 31 de março, no Artigo 22.º, define as
utilizações destas áreas para outros fins, e neste caso está contemplado na alínea o) as
obras de captação de águas ou de implantação de infraestruturas hidráulicas[3], no
entanto, segundo o Artigo 23.º, esta construção carece de um parecer prévio que seria
dado pelas entidades regionais da RAN onde estão incluídas por exemplo a Câmara
Municipal, que como deve ter maior conhecimento da área em questão, poderia ter
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condicionado a construção devido aos perigos para a biodiversidade e os riscos,
nomeadamente de incêndio que a execução do projeto traria para as populações e
terrenos vizinhos.
Independentemente de todas as circunstâncias o que é certo é que avançaram para a
limpeza do terreno através de queimada sem tomar as devidas providencias.
Segundo o Decreto-Lei n.º 14/2019, de 21 de janeiro, que veio alterar o Decreto-Lei n.º
124/2006, de 28 de Junho, no que diz respeito a queimadas, define no número 2 do
Artigo 27.º constante no capítulo V, que a sua realização necessita de licenciamento
com o parecer a pertencer à câmara municipal, ou à junta de freguesia se tal poder lhe
for delegado, no entanto, seja como for é necessária a presença de um técnico
credenciado em fogo controlado.[4] No mesmo artigo, no número 3 refere que fazendo
a queimada na ausência de um técnico adequado é considerado uso de fogo
intencional.[4]
Neste mesmo decreto, no capítulo VIII, artigo 38.º, estão previstas coimas que vão de
800 a 60000 euros no caso de pessoas coletivas.
O cumprimento das obrigações legais, nomeadamente solicitação de autorização às
entidades competentes e acompanhamento por parte de um técnico credenciado
poderia ter evitado toda esta situação e todas as consequências por ela causadas.
O problema mais grave que se põe na realização desta queimada, não é o facto de ter
sido realizada sem autorização, mas sim os danos que causou.
De acordo com o Código penal português, este ato incorre no crime de incêndio
florestal conforme previsto no artigo 274.º e crime de danos contra a natureza,
conforme previsto no artigo 278.º [5]
Em relação ao crime de incêndio florestal conforme previsto no artigo 274.º alterado
pelo/a Artigo 1.º do/a Lei n.º 56/2011,[6] tendo em conta que foram ignoradas todas as
medidas que permitiam a realização da queimada em segurança, conforme foi referido
anteriormente, é considerado fogo intencional, o que nos indica uma conduta
negligente, sendo esta infração punível com pena de prisão que pode ir até 10 anos.
Sobre o crime de danos contra a natureza, conforme previsto no artigo 278.º, do Código
Penal, tendo em conta que foram atingidas espécies animais em risco como por
exemplo o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) que se encontra quase ameaçado, o
lobo (Canis lupus) que se encontra em perigo a víbora cornuda (Vipera latastei) que se
encontra vulnerável [7] e ainda espécies vegetais como por exemplo o cardo-azul-anão
(Eryngium viviparum) que se encontra criticamente em perigo e a violeta peluda (Viola
hirta) que se encontra em perigo [8] e que foi destruído ou danificado o seu habitat
natural, o agente incorre numa pena que pode ser de prisão ou multa até 360 dias.
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Como vimos anteriormente, os dois crimes contemplam o pagamento de coimas ou a
pena de prisão. Neste caso a segunda, (pena de prisão) não é aplicável, visto tratar-se
de uma pessoa coletiva. Nestes casos as penas aplicadas segundo o Código penal
podem ser de multa ou até de dissolução, dependendo do que for declarado, estando
estas penalizações contempladas nos artigos 90.º-A a 90.º-M [9].
Em relação ao pedido efetuado pela população local, como já referimos anteriormente
não será possível impor pena de prisão aos responsáveis, no entanto, o Decreto-Lei
147/2008, de 29 de julho, que estabelece o regime jurídico da responsabilidade por
danos ambientais, prevê no seu Artigo 8.º (Responsabilidade subjetiva) que “Quem,
com dolo ou mera culpa, ofender direitos ou interesses alheios por via da lesão de um
componente ambiental fica obrigado a reparar os danos resultantes dessa ofensa”.[10]
No mesmo Decreto, no artigo 11.º e subsequentes está descrita a responsabilidade
quer preventiva, quer da reparação pelos danos ambientais causados. Como neste
caso se trata de uma pessoa coletiva aplica-se o Artigo 3.º que refere que no seu ponto
1 que “Quando a atividade lesiva seja imputável a uma pessoa coletiva, as obrigações
previstas no presente decreto-lei incidem solidariamente sobre os respetivos diretores,
gerentes ou administradores”.[11]
São, portanto, os diretores gerentes ou administradores obrigados a pagar os prejuízos
causados nas propriedades vizinhas, assim como reparar o dano ambiental causado,
situação que será difícil pois não se sabem as quantidades de animais e plantas que
foram dizimadas por causa deste ato negligente.
Relativamente à situação apresentada pelo presidente da junta onde explicou que a
opinião das pessoas é excluída dos processos de decisão, este direito está
contemplado na Lei 83/95, de 31 de agosto alterada pelo DL n.º 214-G/2015, de 02 de
outubro que se refere à legitimidade de qualquer entidade singular ou coletiva poder dar
a sua opinião na defesa dos seus interesses, o que se fosse respeitado pelas entidades
regionais da RAN no processo de aprovação do projeto, poderia ter evitado todo este
conflito.
Resumindo e concluindo, se fossem efetuados estudos da viabilidade do projeto,
nomeadamente através da AIA e Decreto-Lei nº 151-B/2013, de 31 de outubro, se
fossem cumpridos os procedimentos descritos no Decreto-Lei n.º 14/2019, de 21 de
janeiro no que diz respeito à realização de queimadas e se fosse dado o devido direito
de dar a sua opinião na defesa dos seus interesses aos moradores vizinhos e
presidente da Junta de Freguesia como indicado no DL n.º 214-G/2015, de 02 de
outubro, toda esta situação e todas estas perdas poderiam ter sido evitadas.

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Referências Bibliográficas
[1]https://www.dgadr.gov.pt/reserva-agricola-nacional-ran Consultado a 03/01/2023
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[2] https://agricultura.gov.pt/avaliacao-impacto-ambiental Consultado a 03/01/2023 pelas


17:00

https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/151-b-2013-513863 Consultado a 04/01/2023 pelas


14:30

[3]https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=1070&tabela=leis
Consultado a 04/01/2023 pelas 16:00

[4] https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/124-2006-358491 Consultado a 04/01/2023


pelas 18:00

[5] https://elearning.uab.pt/mod/resource/view.php?id=807693 Consultado a 04/01/2023


pelas 18:45

[6] https://dre.pt/dre/legislacao-consolidada/decreto-lei/1995-34437675 Consultado a


05/01/2023 pelas 13:00

[7] Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal: https://tinyurl.com/4xwsb2m6


Consultado a 05/01/2023 pelas 14:40

[8] Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental:


https://listavermelhaflora.pt/publicacao-final-do-projeto-ja-esta-acessivel-na-sua-versao-
digital Consultado a 05/01/2023 pelas 17:00

[9] https://elearning.uab.pt/mod/resource/view.php?id=807693 Consultado a 05/01/2023

[10] https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=1061&tabela=leis
Consultado a 06/01/2023 pelas 10:00

[11] https://elearning.uab.pt/mod/resource/view.php?id=807694 Consultado a


06/01/2023 pelas 14:35

https://elearning.uab.pt/mod/resource/view.php?id=807684 Consultado a 06/01/2023


pelas 16:25

Alberto Bastos

2003277

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