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Em termos económicos, como os recursos naturais eram vistos como inesgotáveis, não
havendo limitações para o seu consumo, não havia necessidade de lhe atribuirmos um valor.
Manteve-se essa ideia até descobrirmos que afinal, a utilização e exploração dos recursos
naturais tem limites e devido ao abuso do ser humano, com o excesso de poluição e consumo
de recursos, estamos a sofrer consequências negativas como por exemplo o aquecimento
global, ou destruição da camada do ozono, que em conjunto provocam alterações nos
ecossistemas e doenças nos seres vivos.
Em relação ao ponto de vista jurídico, estes bens essenciais à nossa vida, como estavam
espalhados pela natureza, eram vistos como sendo propriedade de ninguém e por isso
ninguém poderia ter legitimidade jurídica para impor limites à sua utilização, pois acabava por
ser uma propriedade comum a todos. Hardin, utilizou alguns exemplos de forma a explicar que
essa perspetiva não é correta, e que só funcionaria em locais com baixa densidade
populacional.
Do ponto de vista dos valores, a característica mais marcante das sociedades ocidentais é o
materialismo, a obsessão em criar riqueza, baseando-se no desenvolvimento económico.
Esses ideais são muitas vezes sobrepostos à proteção do ambiente e quando surge a
necessidade de proteção e conservação da biodiversidade, assim como a proteção da
qualidade do ar e da água, essenciais para a nossa sobrevivência, somos enfrentados com
resistência e críticas, porque de certa forma estamos a colidir diretamente com as condições
de vida das populações, onde a criação de emprego, por exemplo é mais importante e mais
imediato que a proteção do habitat de um ser vivo.
O princípio da integração.
Num discurso próprio e crítico, a(o) estudante deverá apresentar o conteúdo essencial
do princípio da integração e as consequências que resultam para a protecção do
ambiente da sua consideração.
O que é o direito de acção popular e qual o seu interesse para a protecção dos
recursos naturais?
É o direito que permite às pessoas e às organizações a prevenção, a cessação e a
perseguição judicial das infracções contra a preservação do ambiente, não tendo, para
isso, que demonstrar um interesse directo no caso, possibilitando assim a defesa de
interesses difusos.(cfr. pp. 4 e ss. do Recurso Didáctico n.º 4)
Questão II – Logo após tomar posse como presidente dos EUA, Joe Biden assinou
uma ordem executiva a determinar o regresso do país à Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, vulgarmente conhecida como
Acordo de Paris. Tendo por base os conteúdos trabalhados na unidade curricular,
qual a importância deste regresso?
Questão III – A Lei de Bases da Política de Ambiente prevê no artigo 4.º o direito
de participação das/os cidadã(o)s nas políticas ambientais. Tendo como
referência o processo de exploração do lítio em Portugal, como é que essa
participação pode ser efectuada?
A identificação e discussão de soluções para o ambiente passa pela intervenção
dos cidadãos, dos investigadores, das organizações não-governamentais e das
empresas:“Da informação e da participação, que obrigam ao envolvimento dos cidadãos
nas políticas ambientais, privilegiando a divulgação e a partilha de dados e
estudos, a adoção de ações de monitorização das políticas, o fomento de uma cultura
de transparência e de responsabilidade, na busca de um elevado grau de respeito dos
valores ambientais pela comunidade, ao mesmo tempo que assegura aos cidadãos
o direito pleno de intervir na elaboração e no acompanhamento da aplicação
das políticas ambientais.” [7]Em relação á exploração de Lítio em Portugal os
cidadãos podem participar divulgando as notícias (boas) que têm saído sobre a
exploração e viabilidade do lítio como fonte de energia sustentável (pelo menos
para os próximos 30 anos) como se pode ler aqui: “A Europa lidera a investigação
sobre a fusão nuclear e Portugal tem um papel de relevo. Carlos Varandas, do Instituto
de Plasmas e Fusão Nuclear, é o actual presidente do conselho de administração
da Agência Europeia para o Reactor Internacional Experimental Termonuclear (ITER,
na sigla anglófona).
Carlos Varandas acredita que na segunda metade deste século os reactores de fusão
nuclear estarão disponíveis, podendo solucionar o problema energético global.
Estudos sugerem que o preço do KW/h produzido numa central de fusão será
idêntico ao de uma central hidroeléctrica, o que o tornaria competitivo. Além
disso, as reservas de lítio para uso na fusão nuclear dariam para 30 mil anos, um
período suficiente para encontrar outras soluções energéticas e reorganizar o nosso
modo de vida. Portugal pode vir a assumir um papel de destaque no panorama
ao nível da produção de lítio e a zona da Guarda poderá fazer parte dessa rota, uma
vez que é uma das nove regiões com ocorrências de mine-ralização e onde
actualmente é explo-rado aquele minério. O Grupo de Trabalho criado para avaliar
as potencialidades de Portugal na produção de lítio sugere a criação de um cluster.” [8]
Questão I – A World Wide Fund for Nature elaborou um relatório com a revisão de
2.590 estudos científicos, no qual concluiu que a poluição dos oceanos com
plástico já excedeu o limite ecologicamente perigoso de concentrações de
microplásticos em vários locais, como é o caso do Mar do Mediterrâneo. Isto
representa um problema para a sobrevivência dos ecossistemas e de várias
espécies, e a longo prazo pode ter efeitos negativos na saúde das pessoas. Em
que medida o princípio do poluidor-pagador poderá permitir enfrentar
adequadamente este problema?
-O planeamento ambiental.
Num discurso próprio e crítico, a/o estudante deverá caracterizar o planeamento
ambiental enquanto instrumento da política de protecção do ambiente
-A certificação ambiental.
Num discurso próprio e crítico, a/o estudante deverá demonstrar em que medida a
certificação possibilita garantir a protecção ambiental
Resumo T1
Direito do ambiente
Como o meio ambiente e todos os recursos que o constituem são essenciais à vida de todos os
seres vivos do planeta terra, era de se esperar que a sua proteção fosse uma prioridade. Ao
invés disso, vemos agressões barbaras ao nosso planeta, causando destruição de recursos, de
tal forma que pode alterar ou até mesmo comprometer a vida no planeta tal como o
conhecemos e tal como nos habituamos.
Existem três razões principais para que a proteção do ambiente não seja rigorosa, tal como
deveria ser. Razões económicas, jurídicas e de valores.
Em termos económicos, como os recursos naturais eram vistos como inesgotáveis, não
havendo limitações para o seu consumo, não havia necessidade de lhe atribuirmos um valor.
Manteve-se essa ideia até descobrirmos que afinal, a utilização e exploração dos recursos
naturais tem limites e devido ao abuso do ser humano, com o excesso de poluição e consumo
de recursos, estamos a sofrer consequências negativas como por exemplo o aquecimento
global, ou destruição da camada do ozono, que em conjunto provocam alterações nos
ecossistemas e doenças nos seres vivos.
Em relação ao ponto de vista jurídico, estes bens essenciais à nossa vida, como estavam
espalhados pela natureza, eram vistos como sendo propriedade de ninguém e por isso
ninguém poderia ter legitimidade jurídica para impor limites à sua utilização, pois acabava por
ser uma propriedade comum a todos. Hardin, utilizou alguns exemplos de forma a explicar que
essa perspetiva não é correta, e que só funcionaria em locais com baixa densidade
populacional.
Do ponto de vista dos valores, a característica mais marcante das sociedades ocidentais é o
materialismo, a obsessão em criar riqueza, baseando-se no desenvolvimento económico.
Esses ideais são muitas vezes sobrepostos à proteção do ambiente e quando surge a
necessidade de proteção e conservação da biodiversidade, assim como a proteção da
qualidade do ar e da água, essenciais para a nossa sobrevivência, somos enfrentados com
resistência e criticas, porque de certa forma estamos a colidir diretamente com as condições
de vida das populações, onde a criação de emprego, por exemplo é mais importante e mais
imediato que a proteção do habitat de um ser vivo.
Essas formas de vida e de pensamento, perspetiva antropocêntrica do ambiente, torna mais
difícil a implementação de políticas, onde possam ser incluídos em conjunto o ser humano e os
restantes seres vivos. Os seres humanos são vistos como detentores de mais direitos do que os
outros seres, e as prioridades e interesses são sobrepostos a toda a restante biodiversidade.
Ao longo dos anos, essa perspetiva foi mudando, influenciada por vários estudos realizados
com bases no conhecimento científico e hoje em dia, o ambiente é tratado de uma forma
diferente, estando os seres humanos mais conscientes das consequências que as suas
atividades tem nos recursos naturais. Essa nova abordagem permite ao mesmo tempo a
proteção dos recursos naturais e a garantia da qualidade de vida do ser humano.
Ambiente e política.
Política é a atividade que permite resolver conflitos de interesse entre pessoas ou grupos
identificando soluções que permitam a satisfação simultânea das necessidades individuais e
coletivas dividindo bens de igual forma.
“Como a actividade dos partidos políticos está orientada, fundamentalmente, para a conquista
e a manutenção do poder político e a acção dos governantes para a conservação do poder, no
processo de decisão política estes têm de ponderar os benefícios e os custos políticos das
escolhas que fazem.”
São mais visíveis e imediatos os benefícios de construção de uma fábrica, ou resort do que a
proteção do ambiente, ou de um habitat. No entanto os benefícios da proteção do ambiente,
embora menos visíveis, a longo prazo será um benefício global. No entanto, esse grupo de
pessoas que poderia beneficiar com a construção desses empreendimentos, não está disposta
a ser privada de melhores condições de vida em prol do ambiente.
“A política é uma actividade de escolha entre várias hipóteses possíveis de acção, em que
frequentemente não existe uma só solução para o problema, nem a solução adoptada terá de
ser a mais verdadeira ou a mais certa, podendo ser só a possível ou a necessária.”
“Uma outra dificuldade para a decisão política em matéria ambiental decorre do facto de
muitos problemas suporem um conhecimento técnico e científico que a maior parte dos
cidadãos não tem, o que faz com que a tomada de decisão fique mais dependente de técnicos
e de cientistas.”
“isso poderá também originar um confronto entre especialistas e políticos (e/ou cidadãos), em
que os primeiros possuem o conhecimento (e a “verdade”), mas são os segundos quem tem
legitimidade democrática para tomar a decisão política, a qual poderá não coincidente com
aquela que os técnicos e os cientistas consideram ser a melhor opção.”
“Como nos processos de desenvolvimento mais avançado, os riscos podem causar danos
sistemáticos e irreversíveis, mas eles permanecem frequentemente invisíveis e só são
revelados pelo saber científico, os riscos estão abertos a processos sociais de (re)definição
(Beck, 1998, p. 28). Esta situação faz com a apreciação dos riscos vá evoluindo, o que contribui
para o surgimento recorrente de novos problemas que precisam de uma intervenção urgente;
por isso, segundo Beck, a sociedade do risco é uma sociedade catastrófica, na qual o estado de
excepção ameaça converter- -se no estado de normalidade (Beck, 1998, p. 30).”
“Por fim, a dimensão geográfica também afecta a qualidade da decisão política. O Estado
nacional tem jurisdição sobre um território delimitado, mas muitos dos problemas ambientais
não têm fronteiras físicas, são transnacionais. Por exemplo, em rios transfronteiriços, ou seja,
que correm por mais do que um Estado, as que medidas de controlo da poluição e da
degradação das águas poderão ter um efeito limitado, ou apresentarem um custo mais
elevado, se forem adoptadas apenas por um Estado.”
“Por isso, a eficácia e o sucesso das medidas nacionais de protecção ambiental poderão exigir
o acordo e a mobilização de outros Estados no sentido da adopção de medidas comuns ou do
prosseguimento de uma política comum. Isto nem sempre será muito fácil dado que os
Estados estão centrados na satisfação dos seus interesses nacionais, os quais são por vezes
conflituantes entre si.”
Por sua vez, e de um modo igualmente sintético, a perspectiva ecocêntrica reconhece um valor
intrínseco a cada um dos seres vivos, e, por isso, preconiza a adopção de medidas que os
protejam, independentemente deles terem, ou não, utilidade para os seres humanos.
Como tal, os seres humanos aparecem integrados num sistema em que são apenas mais um
ser vivo entre outros, pelo que não servem de referência para o valor que deve ser atribuído
aos outros seres vivos.
A principal dificuldade colocada pela teorização ecocêntrica é que, como se sabe, os seres
humanos não são os únicos cujas acções têm impacto directo no ambiente (embora se possa
colocar a questão do nível ou intensidade, o que ainda assim não deixa de ser relativo, se
pensarmos nas epidemias, nas pragas ou na sobre-população de algumas espécies...). Deste
modo, como lidar, por exemplo, com a eventual necessidade de impor limites de utilização dos
recursos naturais a todas as espécies, como forma de assegurar a sustentabilidade do
ambiente e da Terra? Ou então, se se argumentar que este equilíbrio ocorre de uma forma
espontânea, porquê excluir os seres humanos dessa ordem natural e espontânea,
submetendo-os a imposições que limitam o seu bem-estar? Segundo Barry, a dicotomia entre
o antropocentrismo e o ecocentrismo é falsa e prejudicial para a elaboração de uma teoria
política verde, pois esta terá de articular duas esferas: uma, relativa à relação entre os seres
humanos, e, a outra relativa às relações entre os humanos e a natureza (Barry, 1999, p. 13).
Para isso, defende uma forma de antropocentrismo “fraco” ou “reflexivo”, cuja flexibilidade
deverá permitir acomodar as preocupações ecocêntricas com os interesses do mundo não-
humano (Barry, 1999, p. 39). Deste modo, sustenta que a relação entre os humanos e os
nãohumanos se deve basear na “diferença” e na “diferenciação”, em que os humanos «são
uma parte» do mundo, no qual partilham um conjunto de ligações com outras entidades vivas
e não vivas, mas também estão “à parte” da ordem natural (Barry, 1999, p. 29), até porque são
os únicos seres vivos que têm um sentido moral e que, por isso, podem ser responsabilizados
pelas suas acções (Barry, 1999, pp. 25, 46). Como tal, Barry concorda que os interesses
humanos sobre a natureza, só por serem humanos, não são todos igualmente aceitáveis ou
justificáveis, o que significa que o foco da política ambiental deverá ser a determinação de
quais os usos da natureza que são defensáveis e aqueles que não devem ser permitidos (Barry,
1999, p. 59).
Pag 9 compilação
O ambiente e o Direito
A nível regional, a União Europeia progressivamente construiu uma política ambiental comum
aos Estados-Membros, a qual se tem vindo a traduzir não só em obrigações precisas para os
Estados nacionais, mas também na garantia do controlo da sua execução pelo Tribunal de
Justiça da União Europeia, o que representa um avanço significativo na cooperação
internacional entre os EstadosMembros e uma superação do “soft law”. Por fim, no plano
nacional, a aprovação da Constituição Portuguesa, em meados dos anos 70 do século passado,
reflectindo a evolução da protecção internacional dos direitos humanos, atribuiu valor
constitucional a um leque muito alargado de direitos fundamentais, nos quais incluiu o direito
a um ambiente sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o proteger (artigo 66.º, n.º 1),
ao mesmo tempo que explicitou um conjunto de medidas que o Estado deverá prosseguir para
assegurar o direito ao ambiente e ao desenvolvimento sustentável (artigo 66.º, n.º 2). A
construção deste edifício jurídico é consequência da atribuição de um valor específico ao
ambiente, ou seja, da sua qualificação como «bem jurídico». Ou seja, é reconhecido que o
ambiente é um interesse socialmente relevante e que por ser importante para a comunidade,
deverá ser protegido pelo Direito. No entanto, este caminho não se tem feito sem dificuldade.
Na realidade, o Direito do Ambiente tem um corpo conceptual ainda pouco consolidado, o que
gera alguma incerteza jurídica, como sucede, por exemplo, quando se pretende saber quais as
consequências jurídicas que decorrem da aplicação de princípios como o desenvolvimento
sustentável ou a precaução. Para além disso, a utilização pelo Direito do Ambiente de
instrumentos e de conceitos originários de outros ramos de direito, como o Direito
Administrativo, tem colocado o problema da sua autonomia científica. Por outro lado, como se
disse anteriormente, os problemas ambientais envolvem frequentemente uma elevada
tecnicidade, o que coloca os juristas na dependência de um conhecimento científico cujo
domínio frequentemente lhes escapa. De igual modo, a rápida evolução do conhecimento
científico tem consequências para a qualidade da regulação jurídica, uma vez que obriga a que
ocorram frequentes e sucessivas alterações e revogações dos diplomas legais para
acompanhar essa evolução, o que gera incerteza entre os cidadãos e cria a percepção de que o
legislador é incapaz de regular eficazmente os problemas da comunidade; ou então, em
alternativa, faz com que as normas sejam redigidas de um modo genérico e vago para mais
facilmente integrar as mudanças que ocorram, o que é pouco consentâneo com o rigor e a
segurança jurídica exigida. Também a aplicação de conceitos tradicionais do direito, como a
autoria ou o nexo de causalidade, coloca algumas dificuldades na área da protecção ambiental,
como sucede, por exemplo, nos casos de poluição acumulada, em que vários intervenientes
contribuem para a produção de um dano, mas fazem-no de uma forma independente e não
concertada, sucessiva ou simultaneamente, sem que nenhuma das condutas individuais seja,
só por si, apta a produzir o resultado final; por esse motivo, os autores não podem incorrer em
responsabilidade civil ou penal, impossibilitando a reparação e a punição do dano ambiental.
Como se compreende, a não responsabilização de quem faz algo desconforme ou reprovável,
acaba por gerar um sentimento de insegurança e de desconfiança na comunidade, uma vez
que as pessoas registam a incapacidade política e jurídica do Estado para lidar com um
problema que as atinge e as preocupa. Por outro lado, como nota Garcia, a relevância e a
ponderação dos riscos ecológicos obriga a que o Direito do Ambiente tenha uma importante
dimensão de prevenção, o que conduz a que em matéria de responsabilidade se substitua o
critério do dano pelo critério do risco (Garcia, 2007, p. 283). Efectivamente, sendo o dano
ambiental um mal e as suas consequências, por vezes, imprevisíveis e irreparáveis, pode não
ser suficiente a penalização depois do dano ocorrer, pelo que a responsabilização se deve
efectivar de uma forma preventiva de forma a abranger o risco de produção de um dano
ambiental. No entanto, como a política do risco resulta da incerteza científica sobre a aptidão
de uma dada conduta para a produção de um certo dano, isto significaria, segundo Garcia, que
o Direito do Ambiente estaria a estabelecer regras de conduta que não resultam de um
conhecimento seguro sobre as suas causas e efeitos, optando por ser um «meio por excelência
de alteração de comportamento arriscados», sem a reflexão e a maturação necessárias para
conformar o que seria a justiça (Garcia, 2007, p. 371). Uma outra consequência da política do
risco é, segundo Garcia, a pressão que é gerada sobre o legislador para que sejam tomadas
rapidamente medidas para resolver os problemas identificados; no entanto, a incerteza sobre
as soluções a adoptar faz com que a medida de avaliação da eficácia de uma acção se transfira
da substância da situação para a rapidez e para o número de medidas adoptadas, o que se
traduz na criação de um amplo conjunto de normas legais nacionais e internacionais sem que
isso corresponda a qualquer garantia de que elas produzirão os resultados pretendidos
(Garcia, 2007, p. 371). Apesar destas incertezas e dificuldades, o Direito do Ambiente tem
vindo a fazer um caminho de consolidação conceptual e de instrumentos de acção, o qual tem
sido acompanhado e, em certa medida, reflectido a maior sensibilização pública para a
necessidade e a urgência da adopção de medidas de protecção do ambiente.
Resumo T2
Resumo capítulo 2
Princípios- Conjunto de regras e valores que funcionam como linhas gerais para orientação
numa determinada ação.
Princípios não são tão rígidos, estão mais relacionados com considerações que se deve ter a
nível moral e ético, como a defesa da justiça e da equidade. (Dworking1978)
eles sugerem uma determinada direcção, mas não cuidam de regular em concreto a situação.
Os princípios de Direito, em sentido restrito, são aqueles que indicam linhas de orientação que
servem de base para identificar as soluções que deverão ser aplicadas a uma determinada
situação em concreto.
Os princípios de política pública são aqueles que estabelecem diretrizes de tipo procedimental
que deverão ser tidas em consideração quando se pretende elaborar ou aplicar uma
determinada forma de regulação jurídica.
A prevenção é sempre a melhor forma de evitar que algo aconteça e em relação ao ambiente,
não é diferente. É sempre mais vantajoso atuar sobre situações hipotéticas, antecipando
danos ambientais, do que reagir posteriormente e tentar repara-los. Até porque alguns deles
podem nem ser reparáveis, como por exemplo a extinção de uma espécie.
Nesse sentido, fica responsável por adotar comportamentos que reduzam a possibilidade de
acontecerem danos ambientais ao agente, não podendo este dar início ou continuar com
práticas que prejudiquem o ambiente.
Um dos princípios de proteção que podemos dar como exemplo, é a necessidade de uma
autorização especial para práticas desportivas, ou de reintrodução de espécies em zonas
protegidas, como os habitats naturais.
Outra medida que pode ser tomada é o aumento dos custos para quem tem comportamentos
que sejam comprometedores do ambiente, incentivando as pessoas a abandonar esses
hábitos.
Outra medida, é a avaliação de impacte ambiental. Onde se procura saber antecipadamente os
danos que uma atividade pode causar ao ambiente, permitindo tomar medidas que permitam
reduzir ou eliminar esses danos.
Exemplo: Quanto à Lei de Bases da Política de Ambiente, estabelece que a actuação pública
em matéria de ambiente obriga «à adoção de medidas antecipatórias com o objetivo de obviar
ou minorar, prioritariamente na fonte, os impactes adversos no ambiente, com origem natural
ou humana […] em face de perigos imediatos e concretos» (artigo 3.º, al. c))
Este princípio, funciona com base na precaução, ou seja, quando existe algum tipo de incerteza
em relação aos danos que uma ação pode produzir, deve-se sempre optar pela proteção do
ambiente, não permitindo que essa ação seja concretizada. Nesse caso, cabe ao agente
(pessoa ou entidade que pretende promover a ação) realizar estudos e eliminar as incertezas
sob forma de demonstrações científicas. Como é obvio, não se pode tomar a decisão de parar
um projeto invocando o princípio da precaução, sem nenhumas bases científicas, baseando-se
em opiniões pessoais ou preferências.
Resumindo, em caso de não haver certezas do tipo de danos que uma ação pode resultar,
beneficia-se sempre o ambiente.
Uma das dificuldades em aplicar este princípio é quando não se consegue ter a certeza que
uma ação vá produzir um dano.
A comissão europeia manifestou-se para que este princípio não seja usado de forma abusiva e
inadequada, recomendando que fosse utilizado quando a não houver informação científica
suficiente e fundamentada e conclusiva e exista conhecimento que essa ação pode provocar
efeitos possivelmente perigosos para o ambiente, saúde de pessoas, dos animais ou da
vegetação.
Para a utilização desse princípio, deve-se ter em conta os princípios gerais para uma adequada
gestão de riscos, tendo em conta os seguintes aspetos.
- a não discriminação, de modo a que as situações iguais sejam tratadas da mesma forma e as
situações diferentes não sejam tratadas do mesmo modo;
- a coerência das medidas adotadas com aquelas já tomadas para situações semelhantes;
- a análise das vantagens e dos encargos resultantes da atuação ou da ausência de atuação, de
modo a comparar as consequências positivas ou negativas mais prováveis e a verificar o
benefício global que podem trazer face à redução dos riscos;
- a análise da evolução científica, uma vez que as medidas só se devem manter enquanto o
dados científicos permanecerem insuficientes, imprecisos ou inconclusivos e, eventualmente,
alteradas ou supridas quando surgirem novos dados científicos.
Na ordem jurídica portuguesa, o princípio da precaução está consagrado na al. c) do artigo 3.º
da Lei de Bases da Política de Ambiente, que refere em conjunto os princípios da prevenção e
da precaução. O âmbito de actuação da precaução são os «riscos futuros e incertos», tendo a
«incerteza científica» como consequência «que o ónus da prova recaia sobre a parte que
alegue a ausência de perigos ou riscos» (artigo 3.º, al. c)).
Este princípio, embora não seja o ideal, permite identificar as fontes dos danos ambientais e
agir sobre eles, podendo evitar que essas ações se repitam ou que a produção de danos se
prolongue.
Exemplo: numa situação em que uma fábrica lança resíduos poluentes para um rio, a
intervenção protetora do ambiente poderá fazer-se com o tratamento das águas do rio,
evitando-se assim o impacto da poluição sobre o ecossistema. No entanto, a atuação mais
adequada parece ser aquela que impõe à fábrica a obrigação de alterar o seu processo de
produção, a utilização de tecnologias menos poluentes ou o tratamento prévio das descargas
no rio. Ou seja, melhor do que evitar as consequências negativas de um dano ambiental, é
procurar impedir que o dano se produza.
O princípio da correção na fonte não é referido expressamente no artigo 3.º da Lei de Bases da
Política de Ambiente. No entanto, na descrição dos princípios da prevenção e da precaução é
referido que as medidas a adotar para obviar ou minorar os impactes adversos no ambiente
deverão ser adotados «prioritariamente na fonte».
Este princípio, tal como o princípio da correção na fonte, está previsto quando o dano já foi
concretizado e tem como principal objetivo a correção desses mesmos danos. Embora não seja
o ideal, este princípio obriga o responsável pela ação que provocou o impacte ambiental,
desenvolva atividades que eliminem a totalidade dos danos causados, repondo a situação
anterior à produção dos danos. Este princípio pretende manter os recursos naturais tal como
os conhecemos, evitando que apenas pagando uma coima, os causadores dos danos se livrem
de responsabilidades. É importante referir que mesmo repondo a situação, não se exclui a
possibilidade do pagamento de coimas, indeminizações ou até pena de prisão.
Este princípio está previsto no artigo 3.º, al. g) da Lei de Bases da Política de Ambiente, no qual
é designado por princípio da recuperação, prevendo-se que o causador do dano ambiental fica
obrigado à restauração «do estado do ambiente tal como se encontrava anteriormente à
ocorrência do facto danoso».
Este princípio, visa induzir ao agente poluidor um efeito dissuasor, para que altere os seus
comportamentos, adotando tecnologias mais amigas do ambiente de forma a evitar produzir
danos no ambiente e priorizando o princípio da prevenção. Ao ter de suportar elevados
custos, nomeadamente os que o regulador tem ao realizar a monitorização ambiental
relacionados com as suas atividades, os custos da recuperação resultantes de contaminação
por si causadas e ainda possíveis indeminizações que serão pagas às vítimas, o agente vê os
lucros que poderia obter da sua atividade económica a serem drasticamente reduzidos, o
que certamente foge aos seus objetivos. Para que este princípio seja eficaz, os custos são
elevados, fazendo com que os bens ou serviços postos à disposição do consumidor sejam
mais caros limitando a competitividade dos agentes. Com esta transferência de custos da
parte do poluidor para o consumidor, passamos a ter o principio do utilizador-pagador.
Este principio defende que quem consome os produtos que produzem danos no ambiente,
não os pague ao preço de custo normal, mas inflacionados pelos custos da poluição causada.
Poluidor pagador não tem outra hipótese de fugir aos custos, a não ser que altere a sua forma
de trabalho. São-lhe imputadas as obrigações de correção na fonte. Já o utilizador pagador,
permite que os comportamentos continuem, mas impõem o pagamento de elevadas quantias
para que voluntariamente altere os seus hábitos.
Uma objecção que pode ser colocada ao princípio do poluidor-pagador é que ele pode
conduzir a uma mercantilização do ambiente, em que quem paga pode poluir (Dias, 1997, p.
55).
Existem vários exemplos, como por exemplo as barragens que são vistas como meios limpos
de obter energia elétrica, mas que causam efeitos nefastos à fauna, flora e até problemas a
nível geológico, como por exemplo o recuo da linha da costa.
Além disso temos o dever de preservar a vida humana e os recursos existentes não são uma
propriedade nossa, visto que a nossa estadia neste plano é passageira. É de se esperar que no
mínimo deixemos as mesmas condições e recursos tal como nos deixaram a nós.
a) a equidade intergeracional, a qual impõe que as necessidades das gerações presentes e das
gerações futuras sejam tidas em consideração no momento da decisão;
b) a equidade intrageracional, que dá prioridade às necessidades dos mais pobres das gerações
atuais;
c) a preservação do ambiente;
O artigo 3.º, al. a)/LBPA dá-nos uma definição de desenvolvimento sustentável como sendo
aquele «que obriga à satisfação das necessidades do presente sem comprometer as das
gerações futuras». Para além disso, lista os indicadores que possibilitam alcançar esse
desenvolvimento sustentável e que deverão ser tidos em conta na actuação pública na
protecção do ambiente:
Este princípio visa responsabilizar o agente que produz dano ao ambiente, sujeitando-o a
medidas, como por exemplo, a reparação dos direitos de terceiros prevista na
responsabilidade civil, pagamento de coimas, sansões penais como por exemplo penas de
prisão ou multas e ainda a reposição da situação anterior ao dano ambienta. Esta punição
pode dar origem ainda à suspensão da atividade que provocou o dano.
Este sistema de responsabilização, deve prever duas situações que podem ser problemáticas.
Quem deve der responsabilizado e qual o instrumento mais eficaz.
Os principais objetivos desta punição deve ser o impedimento que o agente infrator volte a
cometer a infração e o incentivo aos outros membros da comunidade para que não cometam a
mesma infração.
A pena que parece mais pesada, que é a pena de prisão, nem sempre é a mais eficaz, pois não
garante a reposição da situação. Por vezes é preferível manter o agente em liberdade,
aplicando coimas e custos suficientes para tentar recuperar do dano e servir de exemplo para
a restante população.
O facto de por exemplo alguns rios atravessarem alguns países, ou de não haver a
possibilidade de criar divisões no ar que respiramos ou na água do mar que se desloca com as
marés, faz com que seja impossível manter a proteção do ambiente confinada às nossas
fronteiras. No entanto o contributo que cada estado pode dar na resolução do problema, pode
ser de dimensões muito diferentes, dependendo da capacidade que tenha para o resolver.
Como a extensão dos danos ambientais pode estender-se por vários países, ou até mesmo ter
consequências globais, é necessário que exista cooperação internacional com o objetivo da
proteção dos recursos naturais comuns.
Nestes casos nem sempre se conseguem atingir os objetivos, uma vez que muitos países
preferem o seu desenvolvimento económico e a melhoria das condições de vida dos seus
povos, que promove benefícios a curto prazo do que a preservação do ambiente onde os
benefícios são a longo prazo.
Este tipo de cooperação pode ser bilateral ou multilateral, dependendo do número de estados
envolvidos.
Muitas vezes juntam-se várias áreas do conhecimento, como por exemplo, investigadores,
empresas, ONG e a população afetada. Sendo todas partes interessadas na solução do
problema, mais facilmente se obtém sucesso na implementação das políticas.
O princípio da participação é enunciado no artigo 4.º, al. e), da Lei de Bases da Política de
Ambiente, em simultâneo com o princípio da informação. E embora refira apenas os cidadãos,
não se deve considerar esta menção em termos restritivos, como se referido apenas às
pessoas, mas abrangendo igualmente as organizações não-governamentais e as empresas, as
quais, por variadas e diferentes razões, são parceiras fundamentais para a definição e a
aplicação da política ambiental.
3. Outros princípios
princípio do conhecimento e da ciência
A definição deste princípio coloca vários problemas, nomeadamente, porque não define o que
são «saberes sociais» e por poder sugerir que os «saberes sociais» e o conhecimento científico
estarão num mesmo plano.
No campo específico do Direito do Ambiente, o conteúdo dos princípios é ainda por vezes
impreciso e vago, o que permite interpretações distintas e por vezes conflituantes.
Isto pode suscitar alguns problemas quando se procede à sua aplicação e à identificação da
solução mais correta para um problema, o que não se pode ignorar, quando se sabe que a
certeza e a segurança jurídica são fundamentais para assegurar a proteção dos direitos e dos
deveres dos cidadãos.
Em qualquer caso, os princípios de Direito do Ambiente, mesmo quando não seja possível
determinar com rigor as obrigações e os direitos que decorrem da sua aplicação,
desempenham uma importante função de auxílio na identificação das soluções a aplicar aos
casos concretos.
Certificações 207
Introdução ao Direito do Ambiente
2 - Uma vez que o diploma legislativo não integrava nenhuma disposição quanto à
sua entrada em vigor, quando é que isso deveria ocorrer?
Nos termos do artigo 2.º, n.º 2, da Lei n.º 74/98, de 11 de Novembro, quando os
diplomas legais não estabelecem a data da sua entrada em vigor, ela ocorrerá no 5.º
dia após a sua publicação em Diário da República.
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Introdução ao Direito do Ambiente
3 - Tendo tomado conhecimento deste decreto-lei, Carlos veio exigir a Daniel o paga-
mento dos restantes 10.000 euros. Esta pretensão deverá ser satisfeita por Daniel?
O negócio jurídico foi celebrado em data anterior à entrada em vigor do diploma. Nos
termos do artigo 12.º do Código Civil, «a lei só dispõe para o futuro», a menos que lhe
seja atribuída eficácia retroactiva. Portanto, e por regra, se não tiver eficácia
retroactiva (a qual terá de estar prevista no diploma legal), as normas jurídicas não
afectam a validade dos negócios celebrados regularmente antes da sua entrada em
vigor.
4 - Daniel argumentou que não pagaria porque existe um costume contrário ao seu
pagamento. Este argumento é válido?
O costume é constituído por dois elementos: uma prática social repetida e habitual de
certa e determinada conduta, e a convicção da sua obrigatoriedade. Deste modo, a
invocação de um costume só poderá produzir efeitos jurídicos se estes dois elementos
existirem, o que não sucede neste caso.
Para além disso, coloca-se a questão da validade do costume contra legem (ou seja,
contrário à lei). A melhor solução, num sistema legal como o português, aconselha a
que se entenda que, em caso de contradição entre a lei e o costume, é aquela que se
deve aplicar e não o costume.
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Introdução ao Direito do Ambiente
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Introdução ao Direito do Ambiente
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Introdução ao Direito do Ambiente
2 - A questão das alterações climáticas é muito complexa e está rodeada de uma grande
polémica. Recentemente ficou-se a saber que a camada de gelo na Antárctida está a
aumentar, ao contrário do que parece que deveria ocorrer em consequência do
aumento da temperatura terrestre. Em face da polémica sobre as alterações climáticas,
a inexistência de uma intervenção (inter)nacional não seria uma medida mais sensata?
A ausência de uma intervenção poderá não ser o mais sensato à luz do princípio da
precaução, pois mesmo que não seja possível estabelecer com toda a certeza uma relação
de causa e efeito entre as actividades humanas, o aquecimento global e as alterações
climáticas, a incerteza científica deverá funcionar em benefício do ambiente, tendo em
conta a informação já existente sobre essa possível ligação e o seu impacto sobre a vida
no planeta. Isso parece justificar a adopção de medidas que permitam controlar o
aumento de temperatura, nomeadamente, reduzindo a acumulação de dióxido de
carbono na atmosfera terrestre.
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Introdução ao Direito do Ambiente
Também é possível argumentar com base no princípio da prevenção, uma vez que a
demonstração científica do impacto das actividades humanos sobre a temperatura
terrestre coloca cada vez menos dúvidas sobre aquela relação de causa e efeito, ao
contrário do que transparece, por vezes, na discussão no espaço público.
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Introdução ao Direito do Ambiente
Grupo I
Artigo 9.º Esta resposta é incorrecta, porque o artigo 9.º apenas enumera as tarefas
fundamentais do Estado Português, não sendo possível depreender-se da
alínea d) a consagração de um direito subjectivo ao ambiente.
Artigo 20.º Esta resposta é incorrecta porque o artigo 20.º refere-se ao acesso ao
direito e aos tribunais. Se é verdade que este representa uma importante
dimensão na protecção do direito ao ambiente, não lhe atribui o carácter
de direito subjectivo.
Artigo 52.º Esta resposta é incorrecta porque o artigo 52.º refere-se ao direito de
petição e de acção popular. Se é verdade que estes são instrumentos
importantes para efectivar a protecção do direito ao ambiente, não lhe
atribuem o carácter de direito subjectivo.
Artigo 66.º Correcto! Efectivamente o artigo 66.º estabelece que todos têm direito a
um ambiente sadio e ecologicamente equilibrado, consagrando-o como
um direito subjectivo fundamental de todos os cidadãos.
2 - A Lei de Bases da Política de Ambiente estabelece a protecção do Ambiente como um dever dos
cidadãos?
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Introdução ao Direito do Ambiente
Sim, mas essa possibilidade é Correcto! Nos termos do artigo 191.º, n.º 2, é possível que
condicional estando sujeita à um Estado-membro beneficie de medidas provisórias, mas
observação de certos requisitos.
estas não podem ter como causa razões económicas e estão
sujeitas a um processo de controlo. Por sua vez, o artigo
192.º, n.º 5, permite que quando as medidas adoptadas
representem um custo desproporcionado para um Estado-
membro que este possa beneficiar de medidas de
derrogação temporárias.
Não, pois com as medidas de Incorrecto. Se é verdade que as medidas de harmonização
harmonização pretende-se que legislativa têm como objectivo aproximar as legislações
todos os Estados-membros tenham nacionais, os artigos 191.º e 192.º do TFUE estabelecem
o mesmo quadro jurídico. limites quanto à existência de medidas derrogatórias.
Sim, estando o mesmo Correcto! O artigo 3.º do Tratado da União Europeia estabelece
previsto no Tratado da União que esta está empenhada no desenvolvimento sustentável da
Europeia. Europa, o qual assenta, nomeadamente, num nível elevado de
protecção e no melhoramento da qualidade do ambiente.
Sim, mas não encontra Parcialmente incorrecto. O desenvolvimento sustentável é
consagração no Tratado da efectivamente um objectivo da política ambiental comunitária e
União Europeia. está prevista no TUE.
Não, pois a política ambiental Incorrecto. O artigo 3.º do Tratado da União Europeia estabelece
é instituída com o objectivo que um nível elevado de protecção do ambiente e a melhoria da
de promover o crescimento sua qualidade é uma condição para o desenvolvimento sustentável
económico. da Europa.
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Introdução ao Direito do Ambiente
Grupo II
Nem todas as questões ambientais têm uma dimensão transnacional, pelo que os Estados podem
manter uma política nacional ambiental autonóma, com os limites que resultam dos objectivos
europeus, nomeadamente, de funcionamento do mercado comum.
Deste modo é possível identificar dois níveis de intervenção: aquele em que a acção podem ser
prosseguida pelos Estados-membros, que assim poderão procurar as melhores soluções de acordo
com os padrões nacionais; e, aquele em que a acção tem um impacto que transcende o espaço
nacional e é comum a vários Estados, justificando assim a concertação de posições e a harmonização
dos níveis de protecção ambiental.
Esta repartição de competências entre os Estados-membros e a Comissão Europeia é baseada no
princípio da subsidariedade, segundo o qual a acção da União Europeia só se justifica se os objectivos
não puderem ser suficientemente alcançados pelos Estados-membros (cfr. artigo 5.º do Tratado da
União Europeia e o protocolo n.º 2).
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Grupo III
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Grupo I
A declaração de uma determinada área como integrando a Reserva Agrícola Nacional estabe-
lece um conjunto de condicionamentos à utilização não agrícola do solo, sendo, nomeada-
mente, interdito o depósito de entulhos (cfr. o artigo 21.º, al. f) do Decreto-Lei n.º 73/2009).
A Administração Pública dispõe de um conjunto de instrumentos de acção que podem ser
utilizados para impedir ou condicionar a instalação da empresa.
No âmbito da sua competência fiscalizadora, cabe à Administração Pública proceder à
fiscalização preventiva dos aterros, pois estes só poderão funcionar mediante a existência de
uma licença de operação. Cabe-lhe ainda a fiscalização da obra, a vistoria dos trabalhos
realizados e a fiscalização do respectivo funcionamento.
Sempre que as normas existentes ou as obrigações impostas não sejam cumpridas, a Admi-
nistração Pública, no âmbito da sua competência sancionatória, poderá sujeitar os faltosos a
coimas e a sanções acessórias, como a obrigação de reposição da situação anterior à infracção,
ou determinar o embargo administrativo de quaisquer construções que violem as disposições
legais. Tem também a possibilidade de ordenar a cessação da exploração do aterro, que se não
for cumprida pelo destinatário o faz incorrer no crime de desobediência (cfr. artigo 43.º, n.º 2,
do Decreto-Lei n.º 73/2009).
Dependendo das características em concreto do aterro, este poderá estar sujeito a um proce-
dimento de avaliação de impacte ambiental (cfr. artigo 1.º, n.º 3, als. b) e c) do Decreto-Lei n.º
151-B/2013, de 31 de Outubro), cabendo à Administração Pública a adopção de uma decisão
quanto à aprovação e à execução do projecto.
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Introdução ao Direito do Ambiente
Grupo II
No dia 8 de Outubro de 2012, ocorreu uma ruptura no oleoduto que liga o Porto de Sines à
refinaria da Petrogal, estimando-se que tenham sido derramadas 20 toneladas de crude.
Para a limpeza da área, foi necessário remover 3 mil toneladas de terra contaminada
(“Toneladas de crude derramadas em pipeline” - jornal Público, 10 de Outubro de 2013, p.
32). Segundo o presidente da Câmara Municipal de Sines, a área do oleoduto foi sujeita, em
2007, a obras de remodelação para «colmatar as graves lacunas que existiam nos seus
sistemas de segurança» (jornal Público, idem). A Administração Pública poderia ter tido
alguma intervenção para evitar o dano produzido?
Grupo III
1 – Quais os requisitos que devem ser observados para que uma determinada área seja
declarada como Reserva Ecológica Nacional?
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A declaração de uma área como Reserva Ecológica Nacional implica uma série de
condicionamentos quanto à ocupação, uso e transformação do solo, nomeadamente, a
proibição de operações de loteamento, de obras de urbanização, de construção e ampliação, a
interdição de vias de comunicação, de escavações e aterros, e a proibição da destruição do
revestimento vegetal.
Todas as obras, e outro tipo de acções que configurem uma violação da REN, devem ser
embargadas e demolidas, incorrendo os seus responsáveis em contra-ordenações. Os actos
administrativos que violem a REN são considerados nulos, podendo os seus responsáveis
incorrer em responsabilidade civil.
Grupo IV
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Grupo V
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Grupo I
A empresa “AB – Resíduos de construção, Lda.” instalou um aterro num terreno que está
incluído numa área de Reserva Agrícola Nacional. Após três meses de funcionamento do
aterro verificou-se que este não estava correctamente delimitado, tendo sido depositados
materiais em terrenos vizinhos; a população residente na freguesia suspeita que o terreno
não esteja bem impermeabilizado, pois a água da fonte pública, proveniente de um curso de
água que passa junto ao aterro, começou a apresentar uma coloração estranha; começaram
também a ser depositados pneus no aterro, sendo usual verem-se estes a arder durante o
dia. A forma como a empresa parece estar a gerir este aterro e as eventuais consequências
que estará a provocar são susceptíveis de algum tipo de punição?
A empresa não pode ter um aterro deste tipo a funcionar numa área classificada como RAN,
devendo ser-lhe ordenado que encerre o aterro (cfr. artigo 43.º do Decreto-Lei n.º 73/2009, de 31
de Março), aplicada uma coima (cfr. artigo 39.º do Decreto-Lei n.º 73/2009) e exigida a reposição
da situação anterior à instalação do aterro (cfr. artigo 44.º do Decreto-Lei n.º 73/2009).
Para além disso, o depósito de resíduos em local não autorizado é uma contra-ordenação
ambiental muito grave (cfr. artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de Março), pelo que
deverá ser aplicada uma coima à empresa e, eventualmente, uma sanção acessória (cfr. artigo
19.º do Decreto-Lei n.º 46/2008).
Os aterros só poderão ser explorados depois da atribuição da respectiva licença, da prestação de
uma garantia financeira e da subscrição de um seguro de responsabilidade civil extracontratual
(cfr. artigos 12.º e 24.º a 26.º do Decreto-Lei n.º 183/2009, de 10 de Agosto, com as alterações
subsequentes) e só certo tipo de pneus podem ser depositados em aterros (cfr. artigo 6.º do
Decreto-Lei n.º 183/2009). A não observância destas condições sujeita os infractores à aplicação
de coimas (cfr. artigo 48.º do Decreto-Lei n.º 183/2009). Se existir um concurso de contra-
-ordenações, ou seja, se tiverem sido praticadas várias contra-ordenações em simultâneo, o
valor da coima a aplicar é determinado de acordo com as regras do artigo 27.º da Lei n.º
50/2006, de 29 de Agosto.
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Algumas das condutas praticadas podem ainda ser enquadradas no crime de poluição (cfr.
artigo 279.º, n.º 2, al. b) do Código Penal). Se se verificar a existência de um concurso de
infracções, ou seja, se a mesma conduta constituir simultaneamente um crime e uma contra-
-ordenação, este concurso deverá ser resolvido segundo as regras previstas no artigo 28.º da
Lei n.º 50/2006, de 29 de Agosto.
Grupo II
Tendo ocorrido uma ruptura no oleoduto de uma refinaria, verificou-se um derrame de 20
toneladas de crude, o qual obrigou à remoção de 3 mil toneladas de terra contaminada.
Como esta situação teve origem num acidente e não existem elementos que revelem que
não foram observados os deveres de cuidado e segurança exigíveis, deverá a empresa ser
responsabilizada pela ocorrência?
Esta empresa prossegue uma actividade de elevado risco, a qual é potencialmente perigosa
para a preservação do ambiente, pelo que deve ser responsabilizada pelos danos provocados,
mesmo que não tenha culpa. Isto mesmo resulta dos artigos 7.º e 12.º e do anexo III, n.º 1, do
Regime Jurídico da Responsabilidade por Danos Ambientais (Decreto-Lei n.º 147/2008, de 29
de Julho, e alterações subsequentes).
Perante a iminência de se verificarem danos ambientais, a empresa deve adoptar as medidas
de prevenção necessárias e adequadas, sob pena de praticar uma contra-ordenação ambiental
(cfr. artigos 14.º e 26.º do Decreto-Lei n.º 147/2008).
Se se verificarem danos ambientais, e para além da responsabilidade civil, a empresa pode ser
obrigada a adoptar medidas de reparação (cfr. artigo 15.º e Anexo V do Decreto-Lei n.º
147/2008), pode ser sujeita a sanções acessórias e à apreensão cautelar de bens e de
documentos (cfr. artigo 27.º do Decreto-Lei n.º 147/2008 e artigo 29.º e ss. da Lei n.º 50/2006,
de 29 de Agosto).
Grupo III
1 – Em que medida a responsabilidade civil é adequada para garantir a defesa global do
ambiente?
A responsabilidade civil permite obter uma compensação financeira pelos danos ambientais
provocados, pelo que permite minorar os efeitos negativos de uma dada acção.
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Introdução ao Direito do Ambiente
No entanto, nem sempre é fácil verificar o preenchimento dos vários pressupostos que
permitem fazer operar o instituto da responsabilidade civil, nomeadamente, a imputação do
facto a um agente, o estabelecimento do nexo de causalidade entre o facto e o dano ou a
identificação de um lesado. Depois, a indemnização pode não ser suficientemente
penalizadora para desincentivar a continuação da actividade lesiva. Por fim, a responsabilidade
civil é sempre accionada depois da produção de um dano no ambiente.
Existem várias dificuldades que tornam difícil a utilização do Direito Penal em matéria
ambiental, como é o caso do apuramento com exactidão da responsabilidade do agente, a
determinação exacta do perigo de uma determinada conduta ou a sua aptidão para produzir,
só por si, um dano, ou a demonstração de um nexo de causalidade entre a acção e o dano.
Por outro lado, a configuração jurídica dos crimes ecológicos, nomeadamente quando é feita
uma remissão para prescrições administrativas, suscita dúvidas quanto à sua constituciona-
lidade.
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Iniciado em Segunda, 31 Outubro 2022, 09:49
Estado Terminada
Completado Segunda, 31 Outubro 2022, 09:53
em
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Pergunta 1
Os princípios de direito têm pouca utilidade
porque não servem para regular directamente os problemas.
Correta
Nota: 1,00
Selecione uma opção:
em 1,00
Verdadeiro
Falso
Falso
Pergunta 3 A
aprovação de uma taxa adicional sobre o consumo da água não é um exemplo da
aplicação do princípio da prevenção, pois
Correta apenas torna a água mais cara.
Nota: 1,00
em 1,00
Selecione uma opção:
Verdadeiro
Falso
É
verdade que a aplicação de uma taxa sobre o consumo de um recurso natural se
pode situar no campo do princípio do
utilizador-pagador, mas a ideia não é
apenas penalizar economicamente o consumidor, pois o que se pretende é que este
diminua o seu consumo, colocando menos pressão sobre os recursos naturais, assegurando-se, deste modo,
preventivamente a
sua protecção.
Falso
Para
que o princípio da precaução seja aplicável é necessário que exista algum tipo
de evidência científica que estabeleça
uma possível ligação entre uma certa
actividade e um provavelmente dano ambiental. O que sucede é que essa evidência
não é conclusiva, existindo dúvidas cientificas sobre ela; se fosse conclusiva,
já estaríamos no campo do princípio da
prevenção.
Pergunta 5 Com o
princípio do poluidor-pagador não se pretende apenas uma compensação monetária
pela poluição, mas também que
Correta o poluidor altere o seu comportamento futuro.
Nota: 1,00
em 1,00
Selecione uma opção:
Verdadeiro
Falso
Efectivamente,
o objectivo não é apenas obter uma compensação pelo dano causado, pois isso
significaria que a protecção
conseguida para o ambiente seria sempre um pouco
reduzida, pelo que se procura influenciar o modo como o poluidor irá
agir no
futuro, ao impôr-lhe um custo que torne muito onerosa a continuação da
actividade.
Falso
Embora
o seu conteúdo se tenha vindo a densificar, ele ainda é um pouco vago e impreciso, pois
os conceitos de
desenvolvimento e sustentabilidade não são consensuais, tal
como é difícil determinar com exactidão quais poderão ser, por
exemplo, as necessidades das
gerações futuras e quais as medidas que as poderão garantir.
Pergunta 7 O
princípio da responsabilidade preconiza que se aplique sempre a sanção mais
grave a quem provoque um dano ambiental.
Correta
Falso
Falso
A
protecção do ambiente tem uma relação directa com várias políticas sectoriais,
pelo que estas devem reflectir e integrar os
objectivos da política ambiental.
Pergunta 9 O
princípio da cooperação internacional determina que os Estados podem ser
coactivamente obrigados a cumprir as
Incorreta obrigações que resultam dos compromissos
internacionais.
Nota: 0,00
em 1,00
Selecione uma opção:
Verdadeiro
Falso
O
conteúdo essencial deste princípio determina que os Estados não devem
desenvolver políticas centradas exclusivamente
nos problemas e interesses nacionais, pois o
carácter transnacional dos problemas ambientais torna necessário encontrar
soluções globais, pelo que elas devem ser alcançadas através da colaboração entre os Estados. Para além disso, a grande
maioria das organizações
internacionais não tem capacidade para obrigar os Estados a cumprir as
obrigações internacionais
que assumiram.
Falso
A
criação de órgãos consultivos é apenas uma dimensão, pois deverá ainda ser
permitida, por exemplo, a participação em
processos públicos de consulta sobre determinadas
medidas, deverá ser garantido o acesso à informação e deverá ser
assegurada a
possibilidade de intervenção judicial para defesa da legalidade e dos valores e
interesses ambientais.
Pergunta 1 A existência de um «direito subjectivo ao ambiente» significa que o Estado, enquanto pessoa colectiva, deve garantir a
Incorreta protecção do ambiente.
Nota: 0,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro
Falso
Não é exactamente assim, pois o direito subjectivo significa que cada um de nós deve ter os poderes necessários para se
defender de qualquer situação que degrade o ambiente e coloque em causa esses interesses.
Falso
O direito de acção popular pode ser exercido não só por associações, mas também pelos cidadãos e pelas autarquias locais.
Pergunta 3 O Governo tem competência exclusiva para aprovar «as bases do sistema de protecção da natureza».
Correta
Falso
As bases da política de ambiente integram a reserva relativa de competência legislativa da Assembleia da República, o que
significa que o Governo só as pode aprovar se tiver sido autorizado pela Assembleia da República.
Falso
O objectivo inicial da Comunidade Económica Europeia era criar um mercado único no espaço comunitário, sem que o
ambiente tivesse sido uma dimensão considerada. Apenas em 1985, com o Acto Único Europeu, seria aditado um título sobre
a política ambiental ao Tratado de Roma.
Pergunta 5 No Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, o título relativo ao ambiente é constituído pelos artigos 191.º a 193.º
Correta
Falso
Falso
Certo. O modelo de mercado privilegia a intervenção dos particulares e das organizações, mas
não afasta por completo a intervenção do Estado. Apesar disso, esta intervenção estatal tem
sobretudo um carácter supletivo e de regulação do funcionamento do mercado.
Falso
Certo. O planeamento ambiental é fundamental para assegurar uma gestão sustentável dos
recursos naturais e, por isso mesmos, está previsto no artigo 16.º da Lei de Bases da Política de
Ambiente.
Pergunta 3 O Estado está juridicamente vinculado aos instrumentos de planeamento ambiental por si
Correta aprovados.
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro
Falso
Correcto. Embora se possa discutir o carácter jurídico dessa vinculação, nomeadamente porque a
sua violação não é objecto de sanção jurídica, a melhor solução parece ser aquela que aponta
para a existência de um dever jurídico de cumprimento dos planos aprovados.
Falso
Errado. Na autorização, o particular é titular de um direito que pode exercer, mas este exercício
só é permitido depois de existir uma decisão favorável por parte da Administração Pública.
Pergunta 5 Nos termos do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho, a Reserva Ecológica Nacional é uma
Correta área nuclear de conservação da natureza e da biodiversidade ou uma área de continuidade?
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
a. Área de Certo. Tal como resulta do artigo 5.º, n.º 1, a REN é uma área de
continuidade continuidade.
b. Área nuclear
Falso
Certo. Esta é a noção legal de monumento natural adoptada pelo artigo 20.º do Decreto-Lei n.º
142/2008, de 24 de Julho.
Resposta correta: Verdadeiro
Pergunta 7 Só alguns dos projectos que têm impacto negativo sobre o ambiente estão sujeitos ao
Incorreta procedimento de avaliação de impacte ambiental.
Nota: 0,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro
Falso
Errado. Estão sujeitos a avaliação de impacte ambiental os projectos em que se presume que
existe esse impacto (e que consta de uma lista) e os projectos que pela sua localização, dimensão
e natureza sejam susceptíveis de ter um impacto significativo sobre o ambiente. Deste modo, os
projectos que não se enquadrem nestas duas situações não estão sujeitos a avaliação de impacte
ambiental. Para além disso, em situações excepcionais, alguns projectos com impacte ambiental
podem ser dispensados de fazer este procedimento de avaliação.
Falso
Certo. Isso é conseguido, por exemplo, através de aplicação de taxas ou de impostos, de modo a
compensar os danos ambientais provocados e, sobretudo, incentivando uma mudança de
comportamento.
Pergunta 9 Os particulares só podem solicitar informação ambiental à Administração Pública quando possam
Incorreta demonstrar um interesse directo nessa informação.
Nota: 0,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro
Falso
Errado. De acordo com o artigo 6.º, n.º 1, da Lei n.º 19/2006, de 12 de Junho, o interessado em
requerer informação sobre o ambiente na possa da Administração Pública não precisa de justificar
o seu interesse.
Pergunta 1 As sanções penais visam apenas punir e retribuir o agente por uma certa conduta desconforme à
Correta vida em sociedade.
Nota: 1,00
em 1,00 Selecione uma opção:
Verdadeiro
Falso
Certo. Para além da retribuição, as sanções penais prosseguem também fins de prevenção
individual e de prevenção colectiva.
Falso
Certo. Designa-se por dano ambiental acumulado o resultado produzido por um conjunto de
condutas individuais independentes sobre o ambiente, as quais, só por si, não são capazes de
produzir um dano, mas que em conjunto produzem consequências negativas.
Falso
Errado. Embora não possam ser submetidas as penas de privação de liberdade, as pessoas
colectivas estão sujeitas a responsabilidade penal nos casos previstos no Código Penal, podendo
sofrer outro tipo de penas.
Falso
Certo. O artigo 52.º, n.º 3, da Constituição prevê o direito de requerer uma indemnização para os
lesados por uma infracção contra o ambiente.
Falso
Errado. O Direito de Mera Ordenação Social pode caracterizar-se como Direito Administrativo de
carácter sancionatório.
CÓDIGO: 41035
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TRABALHO / RESOLUÇÃO:
A Reserva Agrícola Nacional (RAN) é de acordo com a legislação portuguesa o
conjunto de áreas em termos geomorfológicos, pedológicos e agroclimáticos, que
possuem maior aptidão para a realização de atividades agrícolas.
Estas áreas foram criadas para proteger este tão importante recurso que é o solo,
fomentar o desenvolvimento sustentável, ajudar na preservação de recursos naturais,
assegurar que a sua atual utilização garante que as gerações futuras terão pelo menos
os mesmos recursos atualmente disponíveis.[1]
No caso que nos é exposto para análise não faz referência à forma como terá sido
aprovado o referido projeto, localizado numa área de RAN, nem aos processos e
procedimentos legais que foram levados a cabo para o licenciamento de exploração do
espaço. É, no entanto, visível pelo desagrado da população, pois não foram tidas em
conta as suas opiniões nem os seus interesses legítimos. Neste caso para além da
importância natural que é conferida à área onde pretendem implantar a exploração da
nova vinha por fazer parte da RAN, temos a importância da existência na mesma área
de espécies ameaçadas ou até mesmo em perigo de extinção, como é o caso do cardo-
azul-anão (Eryngium viviparum) e do lobo (Canis lupus).
Tendo em conta que para além das grandes dimensões da exploração, ainda
pretendem construir uma nova infraestrutura para montar o sistema de rega, de acordo
com o Decreto-Lei nº 151-B/2013, de 31 de outubro, deveria ter sido efetuada a
respetiva Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), obrigatória nos casos em que projetos
públicos ou privados possam causar efeitos nefastos significativos para o ambiente.[2]
De acordo com o Anexo III do mesmo Decreto, no que se refere às características do
projeto, estão incluídos critérios como a alínea a) (Dimensão do projeto) ou a alínea c)
(Utilização dos recursos naturais), que penso serem justificação suficiente para que
fosse obrigatória a AIA. Nessa verificação haveria possibilidade de detetar os perigos
resultantes da execução do projeto e o desfecho poderia não ter sido tão dramático
quanto foi.
Mesmo com a hipotética aprovação da AIA, poderíamos por em causa a construção da
infraestrutura de rega numa área de RAN. Neste caso, o DL n.º 199/2015, de 16 de
setembro que altera o DL n.º 73/2009, de 31 de março, no Artigo 22.º, define as
utilizações destas áreas para outros fins, e neste caso está contemplado na alínea o) as
obras de captação de águas ou de implantação de infraestruturas hidráulicas[3], no
entanto, segundo o Artigo 23.º, esta construção carece de um parecer prévio que seria
dado pelas entidades regionais da RAN onde estão incluídas por exemplo a Câmara
Municipal, que como deve ter maior conhecimento da área em questão, poderia ter
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condicionado a construção devido aos perigos para a biodiversidade e os riscos,
nomeadamente de incêndio que a execução do projeto traria para as populações e
terrenos vizinhos.
Independentemente de todas as circunstâncias o que é certo é que avançaram para a
limpeza do terreno através de queimada sem tomar as devidas providencias.
Segundo o Decreto-Lei n.º 14/2019, de 21 de janeiro, que veio alterar o Decreto-Lei n.º
124/2006, de 28 de Junho, no que diz respeito a queimadas, define no número 2 do
Artigo 27.º constante no capítulo V, que a sua realização necessita de licenciamento
com o parecer a pertencer à câmara municipal, ou à junta de freguesia se tal poder lhe
for delegado, no entanto, seja como for é necessária a presença de um técnico
credenciado em fogo controlado.[4] No mesmo artigo, no número 3 refere que fazendo
a queimada na ausência de um técnico adequado é considerado uso de fogo
intencional.[4]
Neste mesmo decreto, no capítulo VIII, artigo 38.º, estão previstas coimas que vão de
800 a 60000 euros no caso de pessoas coletivas.
O cumprimento das obrigações legais, nomeadamente solicitação de autorização às
entidades competentes e acompanhamento por parte de um técnico credenciado
poderia ter evitado toda esta situação e todas as consequências por ela causadas.
O problema mais grave que se põe na realização desta queimada, não é o facto de ter
sido realizada sem autorização, mas sim os danos que causou.
De acordo com o Código penal português, este ato incorre no crime de incêndio
florestal conforme previsto no artigo 274.º e crime de danos contra a natureza,
conforme previsto no artigo 278.º [5]
Em relação ao crime de incêndio florestal conforme previsto no artigo 274.º alterado
pelo/a Artigo 1.º do/a Lei n.º 56/2011,[6] tendo em conta que foram ignoradas todas as
medidas que permitiam a realização da queimada em segurança, conforme foi referido
anteriormente, é considerado fogo intencional, o que nos indica uma conduta
negligente, sendo esta infração punível com pena de prisão que pode ir até 10 anos.
Sobre o crime de danos contra a natureza, conforme previsto no artigo 278.º, do Código
Penal, tendo em conta que foram atingidas espécies animais em risco como por
exemplo o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) que se encontra quase ameaçado, o
lobo (Canis lupus) que se encontra em perigo a víbora cornuda (Vipera latastei) que se
encontra vulnerável [7] e ainda espécies vegetais como por exemplo o cardo-azul-anão
(Eryngium viviparum) que se encontra criticamente em perigo e a violeta peluda (Viola
hirta) que se encontra em perigo [8] e que foi destruído ou danificado o seu habitat
natural, o agente incorre numa pena que pode ser de prisão ou multa até 360 dias.
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Como vimos anteriormente, os dois crimes contemplam o pagamento de coimas ou a
pena de prisão. Neste caso a segunda, (pena de prisão) não é aplicável, visto tratar-se
de uma pessoa coletiva. Nestes casos as penas aplicadas segundo o Código penal
podem ser de multa ou até de dissolução, dependendo do que for declarado, estando
estas penalizações contempladas nos artigos 90.º-A a 90.º-M [9].
Em relação ao pedido efetuado pela população local, como já referimos anteriormente
não será possível impor pena de prisão aos responsáveis, no entanto, o Decreto-Lei
147/2008, de 29 de julho, que estabelece o regime jurídico da responsabilidade por
danos ambientais, prevê no seu Artigo 8.º (Responsabilidade subjetiva) que “Quem,
com dolo ou mera culpa, ofender direitos ou interesses alheios por via da lesão de um
componente ambiental fica obrigado a reparar os danos resultantes dessa ofensa”.[10]
No mesmo Decreto, no artigo 11.º e subsequentes está descrita a responsabilidade
quer preventiva, quer da reparação pelos danos ambientais causados. Como neste
caso se trata de uma pessoa coletiva aplica-se o Artigo 3.º que refere que no seu ponto
1 que “Quando a atividade lesiva seja imputável a uma pessoa coletiva, as obrigações
previstas no presente decreto-lei incidem solidariamente sobre os respetivos diretores,
gerentes ou administradores”.[11]
São, portanto, os diretores gerentes ou administradores obrigados a pagar os prejuízos
causados nas propriedades vizinhas, assim como reparar o dano ambiental causado,
situação que será difícil pois não se sabem as quantidades de animais e plantas que
foram dizimadas por causa deste ato negligente.
Relativamente à situação apresentada pelo presidente da junta onde explicou que a
opinião das pessoas é excluída dos processos de decisão, este direito está
contemplado na Lei 83/95, de 31 de agosto alterada pelo DL n.º 214-G/2015, de 02 de
outubro que se refere à legitimidade de qualquer entidade singular ou coletiva poder dar
a sua opinião na defesa dos seus interesses, o que se fosse respeitado pelas entidades
regionais da RAN no processo de aprovação do projeto, poderia ter evitado todo este
conflito.
Resumindo e concluindo, se fossem efetuados estudos da viabilidade do projeto,
nomeadamente através da AIA e Decreto-Lei nº 151-B/2013, de 31 de outubro, se
fossem cumpridos os procedimentos descritos no Decreto-Lei n.º 14/2019, de 21 de
janeiro no que diz respeito à realização de queimadas e se fosse dado o devido direito
de dar a sua opinião na defesa dos seus interesses aos moradores vizinhos e
presidente da Junta de Freguesia como indicado no DL n.º 214-G/2015, de 02 de
outubro, toda esta situação e todas estas perdas poderiam ter sido evitadas.
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Referências Bibliográficas
[1]https://www.dgadr.gov.pt/reserva-agricola-nacional-ran Consultado a 03/01/2023
pelas 15:00
[3]https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=1070&tabela=leis
Consultado a 04/01/2023 pelas 16:00
[10] https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=1061&tabela=leis
Consultado a 06/01/2023 pelas 10:00
Alberto Bastos
2003277
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