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Cristina Carapeto

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Introdução

O problema da introdução de poluentes no ambiente põe-se com igual relevância tanto nos
ecossistemas terrestres como nos aquáticos. A primeira dificuldade que nos surge é, talvez,
definir poluente. De um modo geral, já todas as pessoas ouviram falar em poluição e,
instintivamente, sabem que a poluição é uma coisa má. Contudo, para um exame científico
sobre o tema, julgamentos de valor deste tipo devem ser quantificados, ou o seu significado
nunca poderá ser consistente. Perguntas como “de que forma é a poluição má?”, “quão má é
a poluição?” ou “a poluição é má para quem?” necessitam de uma resposta objectiva. Para
isso devem ser considerados vários parâmetros:
• o tipo de materiais que são lançados nos ecossistemas ou, que de qualquer outra forma
atingem esses ecossistemas, como resultado de actividades humanas;
• o efeito que essas adições têm sobre a fauna e a flora naturalmente presentes no
ecossistema;
• as implicações desses efeitos na saúde humana, nos recursos alimentares, nos
interesses comerciais, amenidades, conservação da vida selvagem ou dos ecossistemas
em geral;
• o que está a ser feito, o que pode ser feito ou que se deverá fazer para reduzir ou
remover os efeitos indesejáveis ou deletérios destas adições aos ecossistemas;
• as consequências de não libertar esses materiais num determinado ecossistema e as
alternativas subsequentes, melhores ou piores do que a situação presente.

Apenas conseguindo responder a cada um dos parâmetros acima mencionados se pode ter
uma ideia mais clara sobre os malefícios da poluição. No entanto, continua-se sem uma
definição de poluente, o que pode dificultar a análise das questões anteriormente levantadas.
Permanece, portanto, a questão “o que é a poluição?”.

Algumas substâncias encontradas nos ecossistemas aquáticos, por exemplo, são produto de
actividades humanas (p.ex., os plásticos ou os hidrocarbonetos halogenados) e não
aparecem naturalmente na Natureza. Contudo, muitas outras substâncias com potencial
tóxico, ou pelo menos prejudicial, existem naturalmente nos oceanos, rios, estuários, etc.
Coloca-se então a questão de saber se todos os materiais, naturais e derivados das
actividades humanas, devem ser considerados como poluentes. Outra questão que se pode
ainda colocar, é saber se se deve considerar poluição a entrada nos ecossistemas de
produtos derivados da actividade humana mesmo quando a entrada natural desses mesmos
produtos pode até ser em maior quantidade.

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A recomendação feita pelo GESAMP (United Nations Group of Experts on the Scientific
Aspects of Marine Pollution) e pelo ICES (International Comission for the Exploration of the
Sea) é que deverá ser feita uma distinção entre poluição e contaminação. Embora estas
duas entidades sejam especialistas em oceanos, as suas considerações aplicam-se,
também, aos outros subsistemas da Terra para além da hidrosfera. De acordo com estes
dois organismos, contaminação é definida como a presença de concentrações elevadas de
substâncias na água, nos sedimentos ou nos organismos, isto é, concentrações que estão
acima do nível base para uma dada área e um dado organismo. Poluição deverá ser
definida como a introdução pelo Homem, directa ou indirectamente, de substâncias ou
energia no ambiente marinho, resultando em efeitos nocivos que prejudiquem os recursos
vivos, sejam um perigo para a saúde humana, se tornem um obstáculo para as actividades
marítimas, incluindo a pesca, diminuam a qualidade da água do mar para ser utilizada e
reduzam a utilização da água do mar para amenidades.

Assim, pode-se definir poluição como a degradação da qualidade ambiental resultante de


actividades que prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar das populações, que
causem dano à fauna e à flora, que afectem as actividades sociais e económicas e as
condições estéticas ou sanitárias do ambiente.

Por outras palavras, e tendo também em consideração tanto a atmosfera como o solo, a
contaminação fornece um sinal de aviso mas não constitui poluição a menos que: primeiro
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seja causada pelo Homem e, segundo tenha efeitos nocivos. Deve, ainda, ter-se em
consideração que, embora alguns estudos laboratoriais mostrem que um contaminante é
tóxico para um organismo em particular, isso não prova, necessariamente, que o
contaminante tenha efeitos nocivos sobre o ecossistema como um todo. Pode, contudo, ser
um sinal de alarme. De um ponto de vista estritamente biológico, ainda que contaminantes
tóxicos causem a morte de plantas e animais no ambiente natural, as consequências são,
geralmente, pouco significativas, a menos que a morte resulte na modificação da população
no seu conjunto. No que respeita aos oceanos, por exemplo, sabemos que a maioria dos
animais marinhos se reproduz a uma escala imensa e a grande maioria dos recém-nascidos
morre prematuramente durante a evolução natural dos acontecimentos. A mortalidade
provocada por um contaminante tóxico pode ser totalmente insignificante comparada com as
perdas naturais e não causar efeitos a nível da população. Neste caso, é muito difícil dizer
que a contaminação teve um efeito nocivo ou prejudicial. Do que ficou dito pode-se concluir
que enquanto não há dúvidas acerca da existência da poluição quando o prejuízo é severo,

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há muitas vezes dificuldade em identificar o prejuízo causado por baixos níveis de


contaminação.

A introdução de poluentes nos sistemas aquáticos, terrestres e na atmosfera é sempre uma


perturbação capaz de iniciar uma série de reacções químicas e biológicas. Para se
compreender como e por que razão essas reacções ocorrem é necessário, em primeiro
lugar, compreender um pouco acerca das interacções presentes nesse mesmo sistema na
ausência de tais ocorrências. Os efeitos nocivos podem-se reflectir sobre os organismos de
uma forma directa e relativamente rápida, ou de uma forma indirecta, geralmente ao longo de
um período de tempo. Quando a introdução do poluente cessa, importa saber se o sistema
até então afectado voltará às suas condições originais. A resposta não é definitiva uma vez
que nem sempre isso acontece. O facto de um sistema natural estar em equilíbrio não
garante que esse sistema volte ao seu estado natural após uma perturbação. Alguns
sistemas biológicos são mais sensíveis a perturbações que outros. Há conceitos ecológicos
fundamentais que é necessário compreender e analisar antes de nos podermos debruçar
sobre o problema da poluição.

Conceitos de Bioacumulação e Biomagnificação

Os processos biológicos de respiração e excreção têm uma importância primordial no


controle do fluxo dos materiais orgânicos e inorgânicos nas cadeias alimentares (de
pastoreio e detritos). Além disso, e no que respeita especificamente ao problema da poluição
aquática, estes dois processos biológicos são também importantes na determinação do
movimento dos poluentes, tanto dentro como entre as cadeias alimentares.

Pode-se, desde o início, pensar em dois tipos distintos de poluentes: os biodegradáveis e os


não biodegradáveis. Se um poluente pertence à primeira categoria, ele poderá ser tornado
inofensivo ao ser catabolizado pelo organismo que o recebeu. Contudo, se o poluente não é
biodegradável, terá possibilidades de passar do organismo que contaminou para o seu
predador e, desta forma, terá possibilidade de se disseminar na cadeia alimentar por etapas
sucessivas. Pode também acontecer que uma quantidade desse mesmo poluente seja
excretada pelos membros da cadeia alimentar de pastoreio e assim encontre uma via de
entrada na cadeia alimentar dos detritos, disseminando-se, desta forma, por ambas as
cadeias alimentares.

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Os poluentes que não são sensíveis à biodegradação apresentam um tipo de problemas


diferente. Como não são susceptíveis de se degradarem devido à acção bacteriana, ou por
outro processo qualquer, ou se o são esses processos são tão lentos que, em termos
práticos, a sua adição ao meio ambiente é considerada permanente. Nesta categoria de
poluentes englobam-se:
a) os metais pesados (ex. Cd, Cu, Hg, Zn, etc.)
b) os hidrocarbonetos halogenados (ex. DDT, dieldrina, etc.)
c) certos produtos químicos industriais (ex. PCBs)

Tanto os animais como as plantas variam muito na sua capacidade de regular o seu
conteúdo em metais. A maioria dos organismos pode apenas fazê-lo dentro de certos limites.
Os poluentes não degradáveis, sejam eles metais ou hidrocarbonetos halogenados, uma vez
assimilados por um organismo não poderão ser facilmente excretados, mantendo-se nesse
organismo num estado imutável e sendo continuamente adicionados enquanto a exposição
ao composto se mantiver. Este fenómeno é conhecido como bioacumulação.

Tendo ainda em mente um poluente que não é biodegradável e que não pode ser excretado,
e recordando a teoria das cadeias alimentares, é fácil compreender que os animais que se
alimentam de organismos bioacumuladores, irão ter a sua dieta enriquecida nestes
poluentes. Se também estes predadores, como geralmente é o caso, forem incapazes de
excretar o poluente em causa, ou se o fizerem será apenas muito lentamente, irão adquirir
uma carga da substância em questão muito maior do que a existente na sua fonte alimentar.
Este é o fenómeno da biomagnificação. Devido a este processo não é difícil imaginar que
os predadores de topo, onde se inclui o Homem, apresentem um grau de contaminação
muitas vezes superior ao dos membros que os antecedem na cadeia alimentar.

Embora o fenómeno da biomagnificação possa ser muitas vezes constatado, ele não é
responsável por todas as observações de contaminação existentes nas cadeias alimentares.
Concentrações de poluentes podem ser produzidas por mecanismos muito diferentes da
biomagnificação. Por exemplo, é possível que alguns organismos, colocados em níveis
tróficos mais elevados, tenham uma tendência especial para acumular um determinado
poluente, não se verificando a biomagnificação através da cadeia alimentar.

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Tipos de Poluição

Pelo que ficou exposto na secção anterior, podemos então concluir que existem diversos
tipos de poluição bem como diversos poluentes. Compartimentar o estudo da poluição em
diversos sectores serve apenas o propósito de facilitar a nossa compreensão de alguns
aspectos de um problema que é muito mais vasto já que a poluição que afecta um qualquer
subsistema da Terra irá, mais cedo ou mais tarde, reflectir os seus efeitos nos outros
subsistemas. Tendo, pois, consciência deste facto poderemos dividir a poluição em três
grandes grupos: Poluição atmosférica, Poluição das águas e Poluição do solo. Depois
podemos ainda considerar alguns grupos ou tipos de poluição como por exemplo a poluição
sonora, a poluição térmica e a poluição luminosa.

Também os poluentes que podem afectar os subsistemas da Terra e, consequentemente, a


nossa saúde são variadíssimos. Talvez os poluentes mais frequentes e os seus efeitos mais
temidos sejam:

• Dioxinas - provenientes de resíduos e do lixo, podem causar cancro, malformações


nos fetos, doenças neurológicas, etc.

• Matéria particulada – partículas emitidas por carros e indústrias. Afectam os


pulmões, causando asma, bronquite, alergias e mesmo cancro.

• Chumbo - metal pesado proveniente dos tubos de escape dos carros, pinturas,
águas contaminadas, indústrias. Afecta o cérebro, causando atraso mental e outros
efeitos graves na coordenação motora e na capacidade de atenção.

• Mercúrio - tem origem em centrais eléctricas, nas fábricas de soda cáustica e na


incineração de lixo. Assim como o chumbo, afecta o cérebro, causando efeitos
igualmente graves.

• Pesticidas, Benzeno e determinados isolantes - podem causar distúrbios hormonais,


deficiências imunológicas, má-formação de órgãos genitais em fetos, infertilidade,
cancro do testículo e do ovário.

Naturalmente que se poderiam mencionar muitos mais elementos e compostos cujos efeitos
são, por vezes, insidiosos mas igualmente graves.

Podemos ainda falar da Poluição Global onde se irão enquadrar problemas como o efeito de
estufa, a destruição da camada do ozono, as chuvas ácidas, a perda de biodiversidade, a

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eutrofização de rios e lagos, a contaminação dos oceanos e ainda muitos outros que nem
sempre é possível observar, medir ou mesmo sentir mas que afectam drasticamente o nosso
planeta e a vida em geral. A dificuldade que existe, muitas vezes, em quantificar estes tipos
de poluição reside no facto de ela ser uma poluição cumulativa cujos efeitos apenas são
sentidos a muito longo prazo. De uma forma muito sumária podemos descrever estes
grandes problemas em poucas linhas, embora a sua compreensão fundamental exija um
aprofundamento de conhecimentos e explicações bem mais elaboradas.

Efeito estufa

A Terra recebe uma quantidade de radiação solar que, na sua maior parte (91%), é
absorvida pela atmosfera terrestre, sendo a restante (9%) reflectida para o espaço. A
concentração de dióxido de carbono oriunda, principalmente, da queima de combustíveis
fósseis, dificulta ou diminui a percentagem de radiação que a Terra deve reflectir para o
espaço. O calor não sendo irradiado para o espaço provoca o aumento da temperatura
média da superfície terrestre.

Aquecimento global

Devido à poluição atmosférica e seus efeitos, muitos cientistas apontam que o aquecimento
global do planeta a médio e longo prazo pode ter um carácter irreversível e, por isso, desde
já devem ser adoptadas medidas para diminuir as emissões dos gases que provocam esse
aquecimento. Outros cientistas, porém, admitem o aumento do teor de dióxido de carbono na
atmosfera, mas lembram que grande parte desse gás tem origem na concentração de vapor
de água, o que é independente das actividades humanas. Esta controvérsia acaba por adiar
a tomada de decisões para a adopção de uma política que diminua os efeitos do aumento da
temperatura média da Terra. O carbono presente na atmosfera garante uma das condições
básicas para a existência de vida no planeta: a temperatura. A Terra é aquecida pelas
radiações infravermelhas emitidas pelo Sol mas essas radiações que chegam à superfície
são prontamente reflectidas para o espaço. O dióxido de carbono forma uma redoma
protectora que aprisiona parte dessas radiações infravermelhas e as reflecte novamente
para a superfície terrestre. Isso produz um aumento da temperatura média do planeta,
mantendo-a em torno dos 15oC. Sem o dióxido de carbono na atmosfera a temperatura à
superfície seria extremamente fria e incompatível com a vida. O excesso de dióxido carbono,
no entanto, tende a aprisionar mais radiações infravermelhas, produzindo o chamado efeito

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estufa: a elevação da temperatura média a ponto de reduzir ou até acabar com as calotes de
gelo que cobrem os pólos. Os cientistas ainda não estão de acordo se o efeito estufa já se
verifica realmente ou se aquilo a que assistimos são apenas flutuações normais no sistema
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climático. Contudo, uma preocupação é real o aumento do dióxido de carbono na
atmosfera a um ritmo médio de 1% ao ano. A queima do coberto vegetal nos países
subdesenvolvidos é responsável por 25% desse aumento. A maior fonte, no entanto, é a
queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, principalmente nos países desenvolvidos.

Elevação da temperatura

Presume-se que a elevação da temperatura terrestre entre 2 e 5 graus Celsius provoque


mudanças nas condições climáticas. Em função disto, o efeito de estufa poderá acarretar um
aumento do nível do mar, inundações das áreas litorais e desertificação de algumas regiões,
comprometendo os terrenos agrícolas e, consequentemente, a produção de alimentos.

A poluição e a diminuição da camada de ozono

Em traços gerais, podemos referir que a exposição à radiação ultravioleta afecta o sistema
imunológico, causa cataratas e aumenta a incidência do cancro de pele nos seres humanos,
além de atingir outras espécies.

A diminuição da camada de ozono está-se a verificar devido ao aumento da concentração


dos gases clorofluorcarbonetos (CFC’s) presentes no aerossol que poluem as camadas
superiores da atmosfera atingindo a estratosfera.

A poluição e as chuvas ácidas

As chuvas ácidas são precipitações na forma de água e neblina que contêm ácido nítrico e
sulfúrico. Também pode ocorrer precipitação seca sob a forma de deposição de partículas
sem estarem acompanhadas de humidade. Estes dois tipos de precipitação (húmida e seca)
decorrem da queima de enormes quantidades de combustíveis fósseis, como o petróleo e o
carvão, utilizados para a produção de energia nas refinarias e estações termoeléctricas, bem
como pelos veículos motorizados.

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Durante o processo de queima, milhares de toneladas de compostos de enxofre e óxido de


azoto são lançados na atmosfera, onde sofrem reacções químicas e se transformam em
ácido nítrico e sulfúrico.

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O dióxido de carbono reage de forma reversível com a água para formar um ácido fraco
o ácido carbónico Em equilíbrio o pH desta solução é 5,6; assim, a água é naturalmente um
pouco ácida pela presença de dióxido de carbono. Qualquer chuva com pH abaixo de 5,6 é
considerada excessivamente ácida e, consequentemente, denominada “chuva ácida”.
Dióxido de nitrogénio, NO2, e dióxido de enxofre, SO2, podem reagir com substâncias da
atmosfera produzindo ácidos, estes gases podem-se dissolver em gotas de chuva e em
partículas de aerossóis e em condições favoráveis precipitarem-se sob a forma de chuva ou
neve. O dióxido de nitrogénio pode-se transformar em ácido nítrico e em ácido nitroso e
dióxido de enxofre pode se transformar em ácido sulfúrico e ácido sulfuroso. Amostras de
gelo da Gronelândia, datadas de 1900, mostram a presença de sulfatos e nitratos, o que
indica que já em 1900 existia o problema da chuva ácida. Para agravar o problema, sabe-se
que a chuva ácida se pode formar em locais distantes da produção de óxidos de enxofre e
nitrogénio

A chuva ácida é um grande problema da actualidade porque anualmente enormes


quantidades de óxidos ácidos são formados na atmosfera devida à actividade humana.
Como a precipitação ácida não conhece fronteiras, a poluição de um país pode causar
problemas relacionados com chuvas ácidas num outro (como por exemplo o Canadá que
sofre com a poluição dos EUA). A extensão dos problemas da chuva ácida pode ser vista
pelas suas muitas consequências: lagos sem peixes, árvores mortas, construções e obras de
arte feitas a partir de rochas destruídas irreversivelmente A chuva ácida pode causar
perturbações nos estomas das folhas das árvores causando um aumento de transpiração e
deixando a árvore deficiente em água; a precipitação ácida pode acidificar o solo, danificar
raízes aéreas e assim diminuir a quantidade de nutrientes transportados para as plantas; a
chuva ácida pode causar uma depleção de minerais importantes do solo, assim como pode
fazer o solo acumular minerais de efeito tóxico, como iões de metais. Estes iões tóxicos, em
condições normais, podem até não causar problemas, pois são naturalmente insolúveis em
água com um pH normal da chuva; todavia, com a diminuição de pH podem aumentar a sua
solubilidade e, desta forma, causar problemas à saúde da flora presente.

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A poluição e a perda de biodiversidade

A perda da biodiversidade está intimamente ligada à intensa devastação de florestas e à


poluição ocasionada pelas queimadas. As indústrias madeireiras, que retiram a madeira de
forma pouco conscienciosa, sem promoverem a reflorestação, muito em especial nos países
do hemisfério sul, onde se situam as florestas tropicais e os grandes projectos agro-
pecuários baseados na monocultura e na criação de gado, são os principais causadores
dessa desflorestação. Segundo dados de órgãos ligados às Nações Unidas,
aproximadamente 50% das florestas tropicais do planeta já foram perdidos. A redução
dessas áreas, nas mais diversas regiões, apresenta riscos significativos para o principal
banco genético da Terra. As formas inadequadas de aproveitamento económico das
florestas têm levado à esterilização dos solos e ao aparecimento de alterações climáticas, tal
como uma mais elevada frequência de períodos de seca e ao aumento da frequência de
catástrofes naturais, como por exemplo, os furacões e as enchentes.

A Tabela 1 apresenta uma lista de dez poluentes que podem, talvez, ser considerados os
mais importantes.

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Tabela 1 – Os dez principais poluentes

POLUENTE SÍMBOLO ORIGEM PERIGO

Dióxido de Combustão de produtos


Elevação da temperatura da atmosfera
carbono ricos em carbono

Monóxido de Combustão incompleta de


Mortal em concentrações elevadas
carbono combustíveis fósseis

Emanações das centrais


Dióxido de Doenças respiratórias. Origem das
eléctricas de muitas
enxofre chuvas ácidas
indústrias e veículos

Motores de avião,
Óxido de azoto fertilizantes e certas Doenças respiratórias
indústrias

Fosfato Detergentes e fertilizantes Degradação do ambiente, lagos e rios

Queima de combustíveis
Envenenamento, principalmente de
fósseis, indústria de
Mercúrio peixes e crustáceos; doenças do
aparelhos eléctricos, tintas
sistema nervoso
e papel

Aditivos da gasolina,
refinação do chumbo, Acumulação nos organismos e
Chumbo
indústria de química e de alteração das células
pesticidas

Descargas e acidentes
com petroleiros e Marés negras que matam aves, peixes
Petróleo
extracções de petróleo no e plâncton
mar

DDT
Agricultura (controlo de Cancro; contaminação progressiva de
e outros
pragas) certos animais
pesticidas

Energia nuclear - fugas de


radioactividade, acidentes Mortais. Provocam alterações
Radiações
nas centrais, bombas genéticas nas células
atómicas

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