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Introdução
O problema da introdução de poluentes no ambiente põe-se com igual relevância tanto nos
ecossistemas terrestres como nos aquáticos. A primeira dificuldade que nos surge é, talvez,
definir poluente. De um modo geral, já todas as pessoas ouviram falar em poluição e,
instintivamente, sabem que a poluição é uma coisa má. Contudo, para um exame científico
sobre o tema, julgamentos de valor deste tipo devem ser quantificados, ou o seu significado
nunca poderá ser consistente. Perguntas como “de que forma é a poluição má?”, “quão má é
a poluição?” ou “a poluição é má para quem?” necessitam de uma resposta objectiva. Para
isso devem ser considerados vários parâmetros:
• o tipo de materiais que são lançados nos ecossistemas ou, que de qualquer outra forma
atingem esses ecossistemas, como resultado de actividades humanas;
• o efeito que essas adições têm sobre a fauna e a flora naturalmente presentes no
ecossistema;
• as implicações desses efeitos na saúde humana, nos recursos alimentares, nos
interesses comerciais, amenidades, conservação da vida selvagem ou dos ecossistemas
em geral;
• o que está a ser feito, o que pode ser feito ou que se deverá fazer para reduzir ou
remover os efeitos indesejáveis ou deletérios destas adições aos ecossistemas;
• as consequências de não libertar esses materiais num determinado ecossistema e as
alternativas subsequentes, melhores ou piores do que a situação presente.
Apenas conseguindo responder a cada um dos parâmetros acima mencionados se pode ter
uma ideia mais clara sobre os malefícios da poluição. No entanto, continua-se sem uma
definição de poluente, o que pode dificultar a análise das questões anteriormente levantadas.
Permanece, portanto, a questão “o que é a poluição?”.
Algumas substâncias encontradas nos ecossistemas aquáticos, por exemplo, são produto de
actividades humanas (p.ex., os plásticos ou os hidrocarbonetos halogenados) e não
aparecem naturalmente na Natureza. Contudo, muitas outras substâncias com potencial
tóxico, ou pelo menos prejudicial, existem naturalmente nos oceanos, rios, estuários, etc.
Coloca-se então a questão de saber se todos os materiais, naturais e derivados das
actividades humanas, devem ser considerados como poluentes. Outra questão que se pode
ainda colocar, é saber se se deve considerar poluição a entrada nos ecossistemas de
produtos derivados da actividade humana mesmo quando a entrada natural desses mesmos
produtos pode até ser em maior quantidade.
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A recomendação feita pelo GESAMP (United Nations Group of Experts on the Scientific
Aspects of Marine Pollution) e pelo ICES (International Comission for the Exploration of the
Sea) é que deverá ser feita uma distinção entre poluição e contaminação. Embora estas
duas entidades sejam especialistas em oceanos, as suas considerações aplicam-se,
também, aos outros subsistemas da Terra para além da hidrosfera. De acordo com estes
dois organismos, contaminação é definida como a presença de concentrações elevadas de
substâncias na água, nos sedimentos ou nos organismos, isto é, concentrações que estão
acima do nível base para uma dada área e um dado organismo. Poluição deverá ser
definida como a introdução pelo Homem, directa ou indirectamente, de substâncias ou
energia no ambiente marinho, resultando em efeitos nocivos que prejudiquem os recursos
vivos, sejam um perigo para a saúde humana, se tornem um obstáculo para as actividades
marítimas, incluindo a pesca, diminuam a qualidade da água do mar para ser utilizada e
reduzam a utilização da água do mar para amenidades.
Por outras palavras, e tendo também em consideração tanto a atmosfera como o solo, a
contaminação fornece um sinal de aviso mas não constitui poluição a menos que: primeiro
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seja causada pelo Homem e, segundo tenha efeitos nocivos. Deve, ainda, ter-se em
consideração que, embora alguns estudos laboratoriais mostrem que um contaminante é
tóxico para um organismo em particular, isso não prova, necessariamente, que o
contaminante tenha efeitos nocivos sobre o ecossistema como um todo. Pode, contudo, ser
um sinal de alarme. De um ponto de vista estritamente biológico, ainda que contaminantes
tóxicos causem a morte de plantas e animais no ambiente natural, as consequências são,
geralmente, pouco significativas, a menos que a morte resulte na modificação da população
no seu conjunto. No que respeita aos oceanos, por exemplo, sabemos que a maioria dos
animais marinhos se reproduz a uma escala imensa e a grande maioria dos recém-nascidos
morre prematuramente durante a evolução natural dos acontecimentos. A mortalidade
provocada por um contaminante tóxico pode ser totalmente insignificante comparada com as
perdas naturais e não causar efeitos a nível da população. Neste caso, é muito difícil dizer
que a contaminação teve um efeito nocivo ou prejudicial. Do que ficou dito pode-se concluir
que enquanto não há dúvidas acerca da existência da poluição quando o prejuízo é severo,
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Tanto os animais como as plantas variam muito na sua capacidade de regular o seu
conteúdo em metais. A maioria dos organismos pode apenas fazê-lo dentro de certos limites.
Os poluentes não degradáveis, sejam eles metais ou hidrocarbonetos halogenados, uma vez
assimilados por um organismo não poderão ser facilmente excretados, mantendo-se nesse
organismo num estado imutável e sendo continuamente adicionados enquanto a exposição
ao composto se mantiver. Este fenómeno é conhecido como bioacumulação.
Tendo ainda em mente um poluente que não é biodegradável e que não pode ser excretado,
e recordando a teoria das cadeias alimentares, é fácil compreender que os animais que se
alimentam de organismos bioacumuladores, irão ter a sua dieta enriquecida nestes
poluentes. Se também estes predadores, como geralmente é o caso, forem incapazes de
excretar o poluente em causa, ou se o fizerem será apenas muito lentamente, irão adquirir
uma carga da substância em questão muito maior do que a existente na sua fonte alimentar.
Este é o fenómeno da biomagnificação. Devido a este processo não é difícil imaginar que
os predadores de topo, onde se inclui o Homem, apresentem um grau de contaminação
muitas vezes superior ao dos membros que os antecedem na cadeia alimentar.
Embora o fenómeno da biomagnificação possa ser muitas vezes constatado, ele não é
responsável por todas as observações de contaminação existentes nas cadeias alimentares.
Concentrações de poluentes podem ser produzidas por mecanismos muito diferentes da
biomagnificação. Por exemplo, é possível que alguns organismos, colocados em níveis
tróficos mais elevados, tenham uma tendência especial para acumular um determinado
poluente, não se verificando a biomagnificação através da cadeia alimentar.
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Tipos de Poluição
Pelo que ficou exposto na secção anterior, podemos então concluir que existem diversos
tipos de poluição bem como diversos poluentes. Compartimentar o estudo da poluição em
diversos sectores serve apenas o propósito de facilitar a nossa compreensão de alguns
aspectos de um problema que é muito mais vasto já que a poluição que afecta um qualquer
subsistema da Terra irá, mais cedo ou mais tarde, reflectir os seus efeitos nos outros
subsistemas. Tendo, pois, consciência deste facto poderemos dividir a poluição em três
grandes grupos: Poluição atmosférica, Poluição das águas e Poluição do solo. Depois
podemos ainda considerar alguns grupos ou tipos de poluição como por exemplo a poluição
sonora, a poluição térmica e a poluição luminosa.
• Chumbo - metal pesado proveniente dos tubos de escape dos carros, pinturas,
águas contaminadas, indústrias. Afecta o cérebro, causando atraso mental e outros
efeitos graves na coordenação motora e na capacidade de atenção.
Naturalmente que se poderiam mencionar muitos mais elementos e compostos cujos efeitos
são, por vezes, insidiosos mas igualmente graves.
Podemos ainda falar da Poluição Global onde se irão enquadrar problemas como o efeito de
estufa, a destruição da camada do ozono, as chuvas ácidas, a perda de biodiversidade, a
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eutrofização de rios e lagos, a contaminação dos oceanos e ainda muitos outros que nem
sempre é possível observar, medir ou mesmo sentir mas que afectam drasticamente o nosso
planeta e a vida em geral. A dificuldade que existe, muitas vezes, em quantificar estes tipos
de poluição reside no facto de ela ser uma poluição cumulativa cujos efeitos apenas são
sentidos a muito longo prazo. De uma forma muito sumária podemos descrever estes
grandes problemas em poucas linhas, embora a sua compreensão fundamental exija um
aprofundamento de conhecimentos e explicações bem mais elaboradas.
Efeito estufa
A Terra recebe uma quantidade de radiação solar que, na sua maior parte (91%), é
absorvida pela atmosfera terrestre, sendo a restante (9%) reflectida para o espaço. A
concentração de dióxido de carbono oriunda, principalmente, da queima de combustíveis
fósseis, dificulta ou diminui a percentagem de radiação que a Terra deve reflectir para o
espaço. O calor não sendo irradiado para o espaço provoca o aumento da temperatura
média da superfície terrestre.
Aquecimento global
Devido à poluição atmosférica e seus efeitos, muitos cientistas apontam que o aquecimento
global do planeta a médio e longo prazo pode ter um carácter irreversível e, por isso, desde
já devem ser adoptadas medidas para diminuir as emissões dos gases que provocam esse
aquecimento. Outros cientistas, porém, admitem o aumento do teor de dióxido de carbono na
atmosfera, mas lembram que grande parte desse gás tem origem na concentração de vapor
de água, o que é independente das actividades humanas. Esta controvérsia acaba por adiar
a tomada de decisões para a adopção de uma política que diminua os efeitos do aumento da
temperatura média da Terra. O carbono presente na atmosfera garante uma das condições
básicas para a existência de vida no planeta: a temperatura. A Terra é aquecida pelas
radiações infravermelhas emitidas pelo Sol mas essas radiações que chegam à superfície
são prontamente reflectidas para o espaço. O dióxido de carbono forma uma redoma
protectora que aprisiona parte dessas radiações infravermelhas e as reflecte novamente
para a superfície terrestre. Isso produz um aumento da temperatura média do planeta,
mantendo-a em torno dos 15oC. Sem o dióxido de carbono na atmosfera a temperatura à
superfície seria extremamente fria e incompatível com a vida. O excesso de dióxido carbono,
no entanto, tende a aprisionar mais radiações infravermelhas, produzindo o chamado efeito
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estufa: a elevação da temperatura média a ponto de reduzir ou até acabar com as calotes de
gelo que cobrem os pólos. Os cientistas ainda não estão de acordo se o efeito estufa já se
verifica realmente ou se aquilo a que assistimos são apenas flutuações normais no sistema
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climático. Contudo, uma preocupação é real o aumento do dióxido de carbono na
atmosfera a um ritmo médio de 1% ao ano. A queima do coberto vegetal nos países
subdesenvolvidos é responsável por 25% desse aumento. A maior fonte, no entanto, é a
queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, principalmente nos países desenvolvidos.
Elevação da temperatura
Em traços gerais, podemos referir que a exposição à radiação ultravioleta afecta o sistema
imunológico, causa cataratas e aumenta a incidência do cancro de pele nos seres humanos,
além de atingir outras espécies.
As chuvas ácidas são precipitações na forma de água e neblina que contêm ácido nítrico e
sulfúrico. Também pode ocorrer precipitação seca sob a forma de deposição de partículas
sem estarem acompanhadas de humidade. Estes dois tipos de precipitação (húmida e seca)
decorrem da queima de enormes quantidades de combustíveis fósseis, como o petróleo e o
carvão, utilizados para a produção de energia nas refinarias e estações termoeléctricas, bem
como pelos veículos motorizados.
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O dióxido de carbono reage de forma reversível com a água para formar um ácido fraco
o ácido carbónico Em equilíbrio o pH desta solução é 5,6; assim, a água é naturalmente um
pouco ácida pela presença de dióxido de carbono. Qualquer chuva com pH abaixo de 5,6 é
considerada excessivamente ácida e, consequentemente, denominada “chuva ácida”.
Dióxido de nitrogénio, NO2, e dióxido de enxofre, SO2, podem reagir com substâncias da
atmosfera produzindo ácidos, estes gases podem-se dissolver em gotas de chuva e em
partículas de aerossóis e em condições favoráveis precipitarem-se sob a forma de chuva ou
neve. O dióxido de nitrogénio pode-se transformar em ácido nítrico e em ácido nitroso e
dióxido de enxofre pode se transformar em ácido sulfúrico e ácido sulfuroso. Amostras de
gelo da Gronelândia, datadas de 1900, mostram a presença de sulfatos e nitratos, o que
indica que já em 1900 existia o problema da chuva ácida. Para agravar o problema, sabe-se
que a chuva ácida se pode formar em locais distantes da produção de óxidos de enxofre e
nitrogénio
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A Tabela 1 apresenta uma lista de dez poluentes que podem, talvez, ser considerados os
mais importantes.
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Motores de avião,
Óxido de azoto fertilizantes e certas Doenças respiratórias
indústrias
Queima de combustíveis
Envenenamento, principalmente de
fósseis, indústria de
Mercúrio peixes e crustáceos; doenças do
aparelhos eléctricos, tintas
sistema nervoso
e papel
Aditivos da gasolina,
refinação do chumbo, Acumulação nos organismos e
Chumbo
indústria de química e de alteração das células
pesticidas
Descargas e acidentes
com petroleiros e Marés negras que matam aves, peixes
Petróleo
extracções de petróleo no e plâncton
mar
DDT
Agricultura (controlo de Cancro; contaminação progressiva de
e outros
pragas) certos animais
pesticidas
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