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Introdução ao Estudo do Direito

Revisão dos conteúdos para a sua avaliação – AVD.

Prof. Patrícia Tenan | Vídeo


Prof.ª Cristina Iorio | Chat
1. Primeiro tópico - Módulo 1 - Crédito Digital
Sujeitos de Direito e seus fundamentos à luz da teoria.

2. Segundo tópico- Módulo 2 - Crédito Digital

Conceito de Fatos Jurídicos e Fatos Jurídicos Imprevisíveis.


Os conteúdos que
3. Terceiro tópico - Módulo 3 - Crédito Digital iremos abordar.
Os Sujeitos de Direito frente aos desafios jurídicos do Comércio
Eletrônico.

4. Quarto tópico- Módulo 3 - Crédito Digital

Comércio Eletrônico: consequências jurídicas decorrentes de


sua Desterritorialização, Desmaterialização e Atemporalidade.
Módulo 1
Definir o conceito de sujeito de direito e seus fundamentos
Inicialmente, você deve entender é que o conceito de sujeito de direito, consolidado na doutrina e
filosofia do direito, é uma herança da Modernidade, onde a concepção de pessoa está fundada numa
visão antropocêntrica e individualista. Tal conceito, não permite a sua expansão num sentido
sociológico e crítico, pois não consegue atender aos desafios da proteção dos animais e da natureza.

Podemos dizer, que o sujeito de direito é produto da historicidade humana, capaz de sofrer
alterações à medida que ela se desenvolve. Uma das principais consequências desse
desenvolvimento histórico é que, de certa forma, o conceito de sujeito de direito passou a abranger
muito mais do que apenas o cidadão ou a preocupação com as transações capitalistas.

Vamos, então, ao estudo dessas desafiantes temáticas das relações jurídicas?


Modernamente, a ideia de sujeito de direito se desdobra nos seguintes conceitos:

Personalidade: "Personalidade é a possibilidade de ser titular de direitos e deveres como sujeito de


direito, em relações jurídicas iluminadas pela dignidade humana. Todos os seres humanos [embora não
só eles, conforme adiante veremos] são pessoas, ou seja, titularizam direitos e deveres na ordem civil"
(FARIAS, ROSENVALD, NETTO, 2018, p. 333).

Capacidade Jurídica: É a medida da personalidade, sendo as condições em que o sujeito está apto a
exercer a titularidade de direitos e deveres. O Direito também reconhece outros sujeitos que poderão
ser construídos, dada a sua forma coletiva, na medida que tais coletividades ganham personificação,
passam a ser reconhecidas pela ordem jurídica como indivíduos.

Essa visão, no entanto, acaba se tornando meramente antropocêntrica e centrada na


noção de dominação da natureza e suas entidades, você não acha?
Animais podem ser considerados sujeitos de direito?
A Constituição Federal (CF) de No Código Civil de 2002, justamente do Direito Privado, surgem
1988 apresentou uma ordem jurídica situações que desafiam à classificação dos animais como coisas.
preocupada com a preservação do meio Casais em divórcio não conseguem ver os animais da família como
ambiente. coisas, saber com quem ficará o pet não é mais uma questão de
divisão de bens, deslocando o debate para uma ideia de guarda
No art. 225, estabeleceu que todos têm compartilhada.
direito a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, entendido
como “bem de uso comum do povo e No Recurso Especial n. 1.713.167/SP
essencial à sadia qualidade de vida”. (2017/0239804-9), o Superior Tribunal de
Justiça (STJ) entendeu que os animais que
No inciso VII do mesmo artigo, o estão num quadro familiar não podem ser
legislador constituinte foi mais direto considerados futilidade.
ao estabelecer que é dever da
coletividade e dos poderes públicos Esse acórdão é significativo e paradigmático,
“proteger a fauna e a flora, vedadas, na pois traz o reconhecimento dos animais não
forma da lei, as práticas que coloquem humanos como seres sencientes.
em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou Fica expresso no que a Corte Superior
submetam os animais a crueldade”. na conclusão desse acórdão que o Direito
não pode desprezar a relação do ser humano
com os animais de estimação.
A esfera judicial vem demonstrando a impossibilidade de continuar tratando os animais como coisas.

Projeto de Lei (PL) da Decisão tomada pelo


Câmara n. 27 de 2018 Saba mais sobre estas STJ no Recurso
visa acrescentar à Lei n. questões acessando o Especial n. 1.797.175
9.605/1998 disposição (SP), que reconheceu
sobre a natureza jurídica Módulo 1 - Crédito a dignidade do
dos animais não Digital papagaio Verdinho ao
humanos. permitir a
permanência da sua
guarda pela sua
Parecer da Comissão de cuidadora.
Meio Ambiente do Senado,
Relator - Senador Randolfo
Rodrigues.
Como podemos perceber a sequência de legislações que aponta para
uma mudança na relação com a natureza é bem ampla.

Você deve observar que considerar a natureza sujeito de direito é levar


em conta as diferentes formas de vida, não se restringindo, assim, única
e exclusivamente à pessoa humana.

É possível pensar que o direito pode reconhecer, sim, outras entidades


como sujeito de direito, independentemente ou não delas assumirem
obrigações, como a visão antropocêntrica e iluminista solicitou.
Módulo 2
Definir o conceito de fatos
jurídicos e fatos jurídicos
imprevisíveis Entender os fatos jurídicos imprevisíveis ou
extraordinários ajuda a identificar, por exemplo,
de que maneira esses fatos podem impactar no
nosso cotidiano, notadamente nas relações
Fatos jurídicos podem proporcionar … jurídico-contratuais, a exemplo dos contratos
Aquisição que não puderam ser cumpridos em razão da
ocorrência de um fato que não previsto pelas
Modificação
partes no momento da celebração ou que até
Extinção de direitos e obrigações jurídicas. foi previsto, mas as consequências foram muito
piores do que o imaginado.
Queda de uma ponte decorrente de uma
tempestade.

Cancelamento de voos por más condições


climáticas.

Pandemia – COVID

Desabamento de um prédio por incêndio


O fato humano voluntário, por sua vez, subdivide-se
em ato jurídico em sentido estrito e negócio jurídico.

Ato jurídico em sentido estrito pode ser definido como o


ato cujos efeitos já estão previstos em lei, e são
CONCEITO DE FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO OU LATO praticados por intenção do próprio agente que a
SENSU praticou. Como exemplo, temos o reconhecimento
espontâneo de paternidade.
O fato jurídico em sentido amplo ou lato sensu é todo e qualquer O negócio jurídico já é mais complexo, na medida em
que há um acordo de vontades entre duas ou mais
acontecimento previsto em normas jurídicas que pode gerar a aquisição,
pessoas para a realização de uma finalidade jurídica,
modificação ou extinção de relações jurídicas. como a compra e venda de um automóvel.

O fato humano involuntário pode ocasionar um ato


ilícito, a exemplo de uma pessoa que faz uma postagem
em sua rede social privada e, sem imaginar, acaba
viralizando, atingindo os direitos da personalidade (como
a honra e a imagem) de outra, o que pode ensejar
indenização por dano moral.
Fato jurídico em sentido estrito ou fato natural é o acontecimento decorrente de
um fenômeno natural – não de um ato humano – que produz efeitos e
repercussões jurídicas.
Características dos fatos jurídicos extraordinários ou imprevisíveis.

• Ocorrem independentemente da vontade humana.


• São imprevisíveis ou previsíveis com resultados imprevisíveis (Enunciado n. 17 do CRJ/JF).
• São incomuns, ou seja, não costumam fazer parte do cotidiano da sociedade e das relações jurídicas
de um modo geral.
• Podem decorrer de eventos da natureza, como furacão, terremoto, tempestade, pandemia
provocada por um vírus, incêndio provocado por um raio, naufrágio provocado por maré alta ou
maremoto etc. Ou podem decorrer de atos humanos, como guerras, revoluções, crises econômicas.
• São fatos que produzem efeitos no tocante à criação, modificação ou extinção de relações jurídicas.
Previsão Legal
Onde podemos encontrar os fatos jurídicos extraordinários ou imprevisíveis na
legislação civilista e consumerista?
•Art. 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor;
•Arts. 317, 393 e 478 do Código Civil.

A TEORIA DA IMPREVISÃO E O INSTITUTO DA ONEROSIDADE


EXCESSIVA E DO INADIMPLEMENTO FORTUITO
O Direito brasileiro importou a máxima do pacta
sunt servanda, o que leva à ideia de que as partes
devem fazer o possível para cumprir e manter o
contrato – em especial nos contratos de execução
continuada ou trato sucessivo, como são
chamados os de médio e longo prazo.
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2014)
Nos contratos em que ocorrem fatos imprevisíveis ou extraordinários muitas vezes
não é possível manter o seu cumprimento em definitivo ou nos moldes pactuados.
Destacamos três teorias aplicáveis:
A teoria da imprevisão O instituto da onerosidade excessiva O instituto do inadimplemento
fortuito
Art. 317 do Código Civil e Enunciado Arts. 478 a 480 do Código Civil.
n. 17 do CRF/JF. Art. 393 do Código Civil.
• Incidência de circunstâncias
• Alteração da base econômica do supervenientes e imprevisíveis que Denominado caso fortuito ou força
contrato, decorrente da situação podem afetar o contrato podem ser maior.
imprevisível; naturais ou não. A legislação não diferencia o caso
• O instituto da onerosidade excessiva fortuito da força maior, mas uma
• Desequilíbrio entre as prestações se refere aos contratos de execução parte da doutrina entende o caso
continuada ou de trato sucessivo. fortuito como um evento
• Possibilidade de revisão contratual, • A parte prejudicada pode pedir a imprevisível com efeitos inevitáveis,
a fim de tentar manter o contrato; resolução do contrato, ou seja, a sua e a força maior seria um fato
extinção sem necessariamente ter humano (ex.: guerra) ou natural (ex.:
• Decorre do princípio da boa-fé esgotado o seu cumprimento e furacão) que podem ser previstos ou
objetiva. objetivo final. não, mas com efeitos também
inevitáveis.
APLICAÇÕES E SITUAÇÕES PRÁTICAS DOS CONCEITOS
ESTUDADOS

Agora que você aprendeu os


principais conceitos, acesse o
MÓDULO 2 do CRÉDITO
DIGITAL - verifique alguns
exemplos na forma de casos
práticos e as respectivas
possibilidades de aplicação das
teorias e institutos estudados.
Módulo 3
Identificar os desafios jurídicos do comércio eletrônico no contexto da
desterritorialização
É notório o aumento da comercialização de produtos e serviços
pela internet, o chamado comércio eletrônico ou e-commerce.

Em 2020, com a pandemia, vivenciou-se ainda mais


contratações de serviços virtuais.

Hoje em dia, utilizamos a rede para quase tudo, desde


contratações de produtos e serviços, trocas e empréstimos de
bens até atividades de lazer, como assistir a filmes e ouvir
músicas em plataformas de streaming e socializar por
aplicativos de trocas de mensagens.

O Direito brasileiro não conseguiu acompanhar todos os


avanços tecnológicos na mesma velocidade, motivo pelo qual
temos inúmeros desafios a superar.
Comércio eletrônico é uma modalidade de contratação de produtos e serviços – materiais e
imateriais – a distância ou de maneira não presencial, consubstanciando um acordo de
vontades e utilizando ferramentas eletrônicas, internet e demais meios de comunicação de
massa.
(MARQUES, 2004)

O comércio eletrônico proporciona a concretização de uma gama de relações jurídicas, dentre as


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quais, no Direito Privado, podemos destacar:

A relação entre pessoas físicas à luz do direito civil.

A relação entre empresários (B2B – business to business), nos moldes do direito empresarial.

A relação entre fornecedor e consumidor (B2C – business to consumers), regulado pelo direito do
consumidor.
Características do comércio eletrônico
Os contratos celebrados no comércio eletrônico,
geralmente, são contratos de adesão, nos quais não se
permite a discussão e a negociação das cláusulas, pois já
vêm prontas pelo fornecedor – sujeitas ao art. 51 do Código
de Defesa do Consumidor.

Há uma velocidade nas contratações, que podem ser


realizadas, muitas vezes, com apenas um clique – os
contratos de adesão corroboram com isso.

Milhares de novos consumidores e empresas ingressaram


no e-business durante a pandemia da Covid-19, tornando o
consumo ainda mais digital e as contratações eletrônicas
mais recorrentes
DESAFIOS DO COMÉRCIO ELETRÔNICO
O comércio eletrônico possibilitou algumas situações peculiares em relação ao comércio presencial.
Desse modo, o comércio eletrônico possui inúmeros desafios, entre eles
a despersonalização, desmaterialização, desterritorialização e atemporalidade das relações
jurídicas, bem como a desconfiança de muitos consumidores pós-modernos em relação aos
problemas decorrentes desse modelo de negócio.

MÓDULO 3 do CRÉDITO
DIGITAL - verifique os
conceitos e exemplos na nos
casos práticos sobre os
desafios do comércio
eletrônico.
UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE DADOS PESSOAIS

Temos presenciado diversas empresas, em especial as de tecnologia, praticando uma verdadeira vigilância sobre o
comportamento dos consumidores monitorando indevidamente, verificando, por exemplo, quais sites usuários
costumam acessar, em quais horários e localidades.
Essa apropriação indevida de dados corrobora para a prática do assédio de consumo no ambiente virtual, praticada
por meio da publicidade – que, ainda, pode ocorrer sob suas duas modalidades: enganosa ou abusiva, conforme os
artigos 36 a 38 do Código de Defesa do Consumidor.

A proteção da privacidade e dos dados pessoais já estava prevista no artigo 3º, III da Lei n. 12.965/2014, conhecida
como o Marco Civil da Internet. Contudo, a matéria vem sendo tratada de maneira mais atual e específica pela Lei
Geral de Proteção de Dados (Lei n. 13.709/2018)

Para tentar otimizar os instrumentos normativos existentes, na análise de determinados temas cuja legislação for
omissa, por exemplo, é importante aprendermos um pouco sobre a teoria do diálogo das fontes.
Essa teoria tem como objetivo a reunião das diversas legislações
existentes sobre um determinado assunto, tanto em âmbito nacional
quanto internacional, bem como a razão de decidir de importantes
decisões judiciais, princípios jurídicos e entendimentos doutrinários
revisitados, buscando a coerência entre esses instrumentos,
considerados fontes do Direito, a fim de dirimir eventuais lacunas de
fontes isoladamente consideradas.
(MARQUES, 2012; LEAL, 2016).
Aprenda +
Para consultar posteriormente esse conteúdo, se você estiver interessado e gostaria de um maior aprofundamento, veja
essas opções:
ARAÚJO JÚNIOR, José Cardoso. A extensão de alguns direitos fundamentais aos animais não-humanos. Disponível em:
https://www.cidp.pt/revistas/rjlb/2020/2/2020_02_0651_0679.pdf

CONJUR. Jurisprudência do STJ reconhece o nascituro como sujeito de Direito. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-jul-01/stj-
vem-reconhecendo-nascituros-sujeitos-direito . Acesso em 20/01/2021

OLIVEIRA, Lisliê Tainá Domingos. O animal não humano e sua implicação no direito de família? uma análise filosófica, jurídica e social.
Disponível em:
https://www.ibdfam.org.br/artigos/1595/O+animal+n%C3%A3o+humano+e+sua+implica%C3%A7%C3%A3o+no+direito+de+fam%C3%ADli
a+%E2%80%93+uma+an%C3%A1lise+filos%C3%B3fica%2C+jur%C3%ADdica+e+social

FREITAS, Vladimir Passos de. Segunda leitura: Natureza pode se tornar sujeito com direitos? Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2008nov09/natureza_tornar_sujeito_direitos Acesso em 20/01/2021
Aprenda +
Para consultar posteriormente esse conteúdo, se você estiver interessado e gostaria de um maior aprofundamento, veja
essas opções:
CONJUR. Jurisprudência do STJ reconhece o nascituro como sujeito de Direito. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-jul-
01/stj-vem-reconhecendo-nascituros-sujeitos-direito. Acesso em 20/01/2021.

BOECHAT, Hildeliza Lacerda Tinoco; PERES, Cabral Filiph Antunes; BOECHAT, Ieda Tinoco; SOUZA, Carlos Henrique Medeiros de; E-
COMMERCE, MARCO CIVIL DA INTERNET E VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR.
Disponível em: https://www.derechoycambiosocial.com/revista046/E-COMMERCE.pdf . Acesso em 20/11/2021

RODAS, João Grandino. Comércio eletrônico em direção ao apogeu. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020jul02/olhar-
economicocomercioeletronicodirecaoapogeu . Acesso em 21/01/2021

SOUZA, Dayane. Comércio eletrônico é opção para lidar com impactos da covid19. Disponível em:
https://migalhas.uol.com.br/depeso/325440/comercioeletronicoeopcaoparalidarcomimpactosdacovid19 .Acesso em 20/01/2021
Muito obrigado!
Foi um prazer fazer parte deste projeto e ter todos vocês durante o nosso
encontro!

Sejam os protagonistas da metodologia, organizem seus estudos, revisitem o


Crédito Digital e realizem sua AVD.

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Encerramento
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complementares:
https://bit.ly/PAVD_ARA0297

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