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HISTÓRIA
Licenciatura em História
Salvador
2010
ELABORAÇÃO
DIAGRAMAÇÃO
CDD: 001.42
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luis Inácio Lula da Silva
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
HISTÓRIA
Hélio Chaves Filho
VICE-GOVERNADOR
Edmundo Pereira Santos
SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO
Osvaldo Barreto Filho
VICE-REITORA
Amélia Tereza Maraux
COORDENADOR UAB/UNEB
Silvar Ferreira Ribeiro
DIRETOR DO DEDC – I
Antônio Amorim
HISTÓRIA
contextualizada, fazendo uso de uma linguagem motivacional, capaz de aprofundar o conhecimento prévio dos
envolvidos com a disciplina em questão. Cabe Salientar porém, que esse não deve ser o único material a ser uti-
lizado na disciplina, além dele, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) , as Atividades propostas pelo Professor
Formador e pelo Tutor, as Atividades Complementares, os horários destinados aos estudos individuais, tudo isso
somado compõe os estudos relacionados a EAD.
É importante também que vocês estejam sempre atentos a caixas de diálogos e ícones específicos. Eles aparecem
durante todo o texto e têm como objetivo principal, dialogar com o leitor afim de que o mesmo se torne interlocutor
ativo desse material. São objetivos dos ícones em destaque:
Você sabia? – convida-o a conhecer outros aspectos daquele tema/conteúdo. São curiosidades ou infor-
mações relevantes que podem ser associadas à discussão proposta;
Indicação de leituras – neste campo, você encontrará sugestão de livros, sites, vídeos.
A partir deles, você poderá aprofundar seu estudo, conhecer melhor determinadas perspectivas teóricas
ou outros olhares e interpretações sobre aquele tema;
Sua postura será essencial para o aproveitamento completo desta disciplina. Contamos com seu empenho e entu-
siasmo para, juntos, desenvolvermos uma prática pedagógica significativa.
Apresentação
A ciência está em alta. Com base na idéia de que “propaganda é a alma do negócio” e se tomarmos como
exemplo a indústria da juventude (cosméticos, métodos de emagrecimento e rejuvenescimento, nutricional, vestu-
ário etc.), é fácil observar como as empresas produzem peças publicitárias e, para dotar seus produtos de maior
legitimidade no mercado, argumentam que os objetos foram testados por cientistas e seus resultados positivos
HISTÓRIA
têm comprovação científica.
Ao mesmo tempo, esse discurso de valorização da ciência convive com algum desencanto. Mesmo no cotidiano
universitário, há questionamentos quanto à possibilidade do conhecimento científico aspirar à verdade e apreender
a realidade em sua totalidade – alguns chegam a duvidar se existe ciência. No terreno da vida social mais ampla,
alguns discursos céticos são sustentados pela incapacidade da ciência controlar sem falhas a natureza e suas
catástrofes. Em outros casos extremos, determinadas tragédias são atribuídas à própria ciência, como se ela fosse
um sujeito imbuído de vontade própria e autonomia frente à ação humana. É preciso considerar também a força do
discurso místico-religioso que questiona a ciência. A polêmica discussão sobre o aborto é apenas um exemplo.
Sem a pretensão de mergulhar nas polêmicas suscitadas por cada um dos exemplos citados, a questão que nos
interessa neste curso é refletir sobre alguns tópicos: o que é ciência? Quais as diferenças entre o conhecimento
científico e as outras formas de conhecimento existentes no mundo? O que confere especificidade à atividade
científica? Quais os tipos de trabalho científico existentes? Como ler e escrever textos acadêmicos?
Esta disciplina visa oferecer subsídios para que você compreenda a atividade científica, seus códigos, modali-
dades de trabalho e procedimentos. Esperamos que aproveite os instrumentos aqui propostos para melhorar sua
aprendizagem e produção intelectual. Bons ventos e ótimos vôos!
Imagem extraída de SPECTOR, Nelson. Manual para a Redação de Teses, Projetos de Pesquisa e
Artigos Científicos. 2ed. Rio de Janeiro – Guanabara Koogan, 2001
SUMÁRIO
HISTÓRIA
1.2 O que é ciência? 14
3.2.1 título 30
4.1 Resenha 37
4.2 Fichamento 40
HISTÓRIA
4.3 Artigo 42
4.4 Resumo 43
4.5 Monografia 43
4.7 Dissertação 44
4.8 Tese 45
4.9 Memorial 48
4.10 Seminário 48
4.11 Congresso 49
4.12 Encontro/Seminário/Simpósio/Jornada 49
4.13 Conferência 50
4.14 Palestra 50
4.17 Mesa-redonda 50
4.18 Painel 50
4.19 Pôsters 50
5.2 Imagens 52
5.5 Diversos 56
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58
HISTÓRIA
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA apresenta uma lacuna. Se te solicitassem para definir
ciência, como você o faria?
Esta unidade apresenta alguns princípios da comu-
nicação científica. Nas linhas seguintes, enfatizaremos 1.2 O que é ciência?
algumas características do conhecimento científico. A ênfase na produção científica supõe refletirmos
Para tanto, um primeiro passo é responder à pergunta: sobre o conceito de ciência. É interessante ressaltar
o que é produção científica? que existem diversas definições de ciência associadas
à pluralidade de correntes científicas. Cada corrente
1.1 O que é produção científica propõe respostas diferentes sobre a natureza da ci-
Produção científica é um conjunto de atividades orais ência e do conhecimento científico. Para aprofundar a
e escritas que resultam da pesquisa e que se destinam questão, veja o site http://hidalgob.googlepages.com/
a divulgar e democratizar os resultados destas inves- Oquecinciaafinal.pdf.
tigações, seja para a comunidade dos pesquisadores, Não há resposta universal para o conceito de
estudiosos e intelectuais, seja para a sociedade em ciência muito menos dissociada do tempo e de um
geral. É também um modo da universidade, faculdades contexto social. As definições de ciência usadas no
e centros de pesquisa justificar sua função social. Existe século XVI, por exemplo, se modificaram na atualidade.
atividade de produção científica desenvolvida fora da Há disciplinas como a Sociologia do Conhecimento e
universidade. Entretanto, neste módulo, concentraremos a Filosofia da Ciência que se debruçam sobre estas e
o estudo das atividades de pesquisa vinculadas ao mun- outras questões: “os problemas tradicionais da teoria
do acadêmico, ou seja, ao cotidiano da universidade. do conhecimento são: natureza, origem, possibilidade
No quesito atividades orais, podemos dar como (validez, limites), formas e critério (da verdade) do
exemplos de ritos de produção científica a realização conhecimento. Outra questão significativa e deveras
de palestras, seminários, simpósios, colóquios, de- debatida é a das categorias, dos conceitos gerais e
bates, conferências, congressos, encontros, cursos e básicos das grandes áreas do conhecimento” (COSTA,
minicursos. Dentro deste espírito, as instituições e seus 1997, p. 39).
pares analisam a produção científica de um pesquisador
através de critérios como a participação nestes fóruns
– condição de ouvinte ou expositor - e a dimensão do “A filosofia da ciência tem uma história. Francis Bacon foi um
dos primeiros a tentar articular o que é o método da ciência
evento (local, regional, nacional ou internacional).
moderna. No início do século XVII, propôs que a meta da
A produção científica no nível escrito abrange, dentre ciência é o melhoramento da vida do homem na terra e, para
outros, artigos publicados em jornais e revistas científicas ele, essa meta seria alcançada através da coleta de fatos com
de âmbito regional, nacional ou internacional; capítulos observação organizada e derivando teorias a partir daí. Desde
então a teoria deBacon temsidomodificadaeaperfeiçoadapor
de livros publicados, trabalhos completos e/ou resumos
alguns,edesafiada,deumamaneirarazoavelmenteradical,por
publicados em congressos nacionais ou internacionais; outros”(CHALMERS,1981,p.16,http://hidalgob.googlepages.
organização de revistas e livros; parecer de revistas com/Oquecinciaafinal.pdf, consultado em 17/03/2009).
científicas e projetos; participação em comitês editoriais;
bancas de dissertações, teses e concursos etc.
No caso do estudante, além de alguns aspectos Teoriadoconhecimento–umequipamentoconceitualquetenta
responderaquestõescomooqueéconhecimento,suaorigem,
acima mencionados, sua produção científica pode se quais são os meios e as possibilidades de se chegar a ele. As
dar através da inserção em projetos de pesquisa, desen- respostas variam a depender de cada corrente teórica, a saber:
volvimento de bolsas de iniciação científica, monitorias, empirismo, racionalismo, realismo, idealismo, dogmatismo,
estágios, presença em atividades de extensão, parti- ceticismo.
13
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
EAD 2010
Convém acrescentar que, no campo das proposições O QUE É CIÊNCIA? LEIA AS DEFINIÇÕES
teóricas, existem diferenças entre o idealismo e o em- ABAIXO E PESQUISE OUTROS CONCEITOS
pirismo – apenas para apontar duas vertentes. Já se
focalizarmos a história da filosofia, observaremos des- Ciência
continuidades entre a concepção aristotélica-tomista, sf (lat scientia) 1 Ramo de conhecimento sistematizado
a baconiana e a peirceniana (RODRIGUES, Cassiano. como campo de estudo ou observação e classificação dos
fatos atinentes a um determinado grupo de fenômenos
HISTÓRIA
HISTÓRIA
o senso comum, que também, é fonte de conhecimentos, mas
Cultrix, 1979, pp. 15-16).
que não é ciência. E também as pseudociências, que podem
conter verdades, porém que igualmente não são ciências.
Na definição de Ciência estão embutidos os seus dois tipos Conhecimento Popular
principais:aCiência-disciplinaeaCiência-processo.Aprimeira
é a que o professor ministra em aula; a segunda é a que o Valorativo
cientista cria no seu laboratório ou campo.
[...] Reflexivo
A Ciência-processo é história e dialética. Histórica, por que se
Assistemático
faznotempo,pelainspiração,pelainventividadeepelotrabalho
dos cientistas. Dialética, porque contém dentro de si o germe
Verificável
desuapróprianegação.Nãoéestática,nãoédogmática,nunca
está pronta. Está sempre se fazendo. É elaborada, é criada, é Falível
inventadaacadadia.Nuncaédada;ésempreconquistada.Não
cai do Céu; é obra da Terra. Não parece ter inspiração divina; é Inexato
feita do suor, das tentativas, da invenção de cada um de nós.
É uma hoje e pode ser outra amanhã. Pode negar agora o que
afirmou ontem. Poderá desdizer amanhã as proposições que
foram aceitas hoje. Portanto, seus juízos não são absolutos,
estão sempre sujeitos a mudança. Conhecimento Filosófico Conhecimento Religioso (Teológico)
[...] Valorativo Valorativo
Progride através de três processos – autocorreção, auto-
integração e anexação. Pelo primeiro, corrige suas próprias Racional Inspiracional
realizações, Pelo segundo, procura reunir o que às vezes lhe
aparece como diverso. Pelo terceiro, acolhe acontecimentos Sistemático Sistemático
novos” Não Verificável Não Verificável
FREIRE-MAIA, Newton.Verdades da ciência e outras verdades:
a visão de um cientista. São Paulo: Editora UNESP, 2008, p. Infalível Infalível
69-71.
Exato Exato
Reiterando que este terreno é movediço e marcado LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia
por polêmicas, mais do que definir categoricamente o científica. São Paulo: Atlas, 2008. p. 77-78.
conceito de ciência, é fundamental apresentar algu-
mas características que regem a produção científica.
Entretanto, uma questão prévia salta aos olhos: só há
conhecimento quando existe estatuto científico? Que
outras formas de conhecimento foram construídas pela
humanidade para explicar o mundo?
HISTÓRIA
sentar provas ou razões que estão a seu favor e concluir, pesquisa, indicar teorias que informam a investigação,
se for o caso, pela sua validade. Para evitar que fiquem ab- conceitos, hipóteses de trabalho. Além disso, método é
ertas margens para dúvidas, devem ser examinadas even- fundamental e não deve ser confundido como sinônimo
tualmente as razões contrárias, tentando-se refutar a tese e de técnicas de pesquisa:
prevenindo-se de objeções” (SEVERINO, 1993, p. 144). Enquanto tentativa de explicar a realidade, a ciência carac-
teriza-se por ser uma atividade metódica. É uma atividade
Uma decorrência do que foi dito é perceber que que, ao se propor conhecer a realidade, busca atingir essa
ninguém ganha o debate científico no grito, muito me- meta por meio de ações passíveis de serem reproduzidas.
nos com base em adjetivos ou na desqualificação do O método científico é um conjunto de concepções sobre
trabalho de um outro pesquisador por razões pessoais. o homem, a natureza e o próprio conhecimento, que sus-
A vitalidade de uma teoria, de uma investigação ou de tentam um conjunto de regras de ação, de procedimentos,
uma crítica está na sua capacidade de demonstrar força prescritos para se construir conhecimento científico (AN-
DERY, Maria Amália (org). Para compreender a ciência: uma
explicativa e de se sustentar a partir de base empírica ou
perspectiva histórica. Rio de Janeiro: Garamond; São Paulo:
teórica. O convencimento requer argumentação racional
EDUC, 2004, p. 14).
e demonstração de uma tese, uma abordagem e/ou uma
problemática com base em argumentos e não a partir
de explicações baseadas em convicções pessoais ou
derivadas de crenças do sobrenatural. Conhecimento socialmente produzido: diálogo
[Tecendo a Manhã]
Um galo sozinho não tece uma manhã:
Rigor ele precisará sempre de outros galos.
Rigor analítico se constitui em um requisito da ati- De um que apanhe esse grito que ele
vidade científica. Isso implica cuidado na análise dos e o lance a outro; de um outro galo
dados, nas fontes de pesquisa, no uso dos conceitos, que apanhe o grito de um galo antes
na atenção em relação aos procedimentos de pesqui- e o lance a outro; e de outros galos
sa, na cautela na generalização dos resultados, em que com muitos outros galos se cruzem
informar de modo transparente os limites da pesquisa os fios de sol de seus gritos de galo,
ou da abordagem, em evitar deturpar os argumentos para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
contrários à sua pesquisa etc.
João Cabral de Melo Neto
Autonomia científica
Curiosidade: o que é paradigma? Há um último componente fundamental para a ativi-
“Considero “paradigmas” as realizações científicas universal- dade de produção científica: a autonomia em relação a
mentereconhecidasque,durantemuitotempo,fornecemproble- interesses privados, estatais, industriais, de reitorias, de
masesoluçõesmodelaresparaumacomunidadedepraticantes
pensamentos religiosos e concepções de governos. É
de uma ciência”. KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções
científicas. São Paulo: Editora Perspectiva, 1992, p. 13. neste sentido que um dos princípios da universidade é
a autonomia didático-científica. O pesquisador quando
exerce a função de um professor deve ter liberdade
Busca de objetividade para planejar atividades de ensino do modo que achar
Este conjunto de princípios e características almeja mais coerente em sintonia com as diretrizes gerais do
a objetividade no conhecimento científico. “Embora a curso, da disciplina. Já o pesquisador deve ser livre para
deliberação de adotar atitude crítica relativamente às pesquisar quaisquer objetos sem censura, repressão ou
presunções possa ter certo valor, a objetividade da Ciên- constrangimento de qualquer natureza.
cia não é consequência dela. Ao contrário, a objetividade Os critérios que devem orientar a definição da
deve-se a uma comunidade de pensadores, cada qual relevância são de natureza acadêmica e social – e
deles a criticar severamente as afirmações dos demais. não razões ou vetos de ordem ideológica, partidária,
Nenhum cientista é infalível e todos apresentam suas religiosa ou de qualquer outra matriz. Além disso, a
peculiares deformações intelectuais e emocionais. As partir dos critérios exigidos pelo trabalho acadêmico,
deformações raramente são as mesmas; e as idéias que o pesquisador deve ter resguardada a sua liberdade
HISTÓRIA
constrói em relação a seu texto. O próprio jargão acadê-
mico tem uma linguagem diferenciada, um vocabulário
especializado. Estar atento a isso é importante. Não por
acaso, um tema fértil para o debate é a relação entre
conhecimento científico e poder. Mas isso pode ser
aprofundado em leituras complementares...
B) KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções
científicas. São Paulo: Perspectiva, 1992.
SISTEMATIZANDO Texto denso sobre as revoluções do pensamento
científico: fatores, definições, impactos.
CARACTERÍSTICAS DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Racional e crítico
Demonstração e argumentação
Rigor
Busca da precisão
Delimitado
C) BERGER, Peter & LUCKMANN, Thomas. A cons-
Sistemático trução social da realidade: tratado de sociologia
Exige método científico do conhecimento. Petrópolis: Vozes, 1985.
Texto clássico da Sociologia do conhecimento.
Requer diálogo
Criativo e inventivo
Almeja a objetividade
Controle da subjetividade
Não é neutro
É histórico
D) LAKATOS, Eva Maria. & MARCONI, Marina de
Dialético Andrade.Fundamentosdemetodologiacientífica.
São Paulo: Atlas, 2008.
Não dogmático
Texto sobre a atividade de produção científica.
Contínua correção, integração e renovação
APROFUNDE A REFLEXÃO
Alguns filmes
Inteligência Artificial, Blade Runner, Matrix, Prenda-me se
for capaz, A Rede, Parque dos dinossauros, O dia depois de
amanhã.
Após a apresentação de algumas características Observe que em todos os três tipos de plágio existe
do conhecimento científico, esta unidade focaliza a violação da honestidade intelectual. No aspecto moral,
HISTÓRIA
honestidade intelectual como um princípio que deve o plágio é condenável no universo acadêmico. Quando
reger a prática da produção científica. Já no âmbito identificados, os plagiadores sofrem estigma, têm
das normas técnicas, resume as questões centrais que suas identidades arranhadas enquanto pesquisadores,
devem constar nas citações de documentos e demais perdem respeito e legitimidade junto à comunidade
fontes de informações (sites, livros, artigos etc). acadêmica. Ficam desacreditados perante seus pares.
De acordo com o autor:
É [a] preocupação com a integridade do trabalho
2.1 Normas Éticas da comunidade que explica por que os pesquisa-
A ética como princípio: o combate ao plágio dores condenam o plágio tão violentamente. Quem
Embora as normas técnicas sejam flexíveis e sujeitas a plagia intencionalmente rouba mais do que simples
revisões, o princípio ético deve ser mantido. Booth (2000) palavras. Não identificando uma fonte, o plagiador
argumenta ser necessário que o pesquisador respeite as rouba parte da pequena recompensa que a comu-
fontes, preserve e reconheça dados que possam con- nidade acadêmica tem a oferecer, o respeito que um
pesquisador passa a vida inteira tentando conseguir.
trariar os seus resultados, enuncie afirmações baseadas
O plagiador rouba da comunidade de colegas de
apenas em fundamentos firmes e admita os limites das
classe, fazendo a qualidade do trabalho deles pare-
suas certezas. Com base nestas recomendações, é
cer pior em comparação ao dele, e então talvez
possível concluir que a arrogância não é uma boa com-
roube novamente ao receber uma das poucas notas
panheira do espírito e da prática científica. Além disso,
boas reservadas para recompensar os estudantes
Outros princípios da ética da pesquisa são me- que fazem um bom trabalho. Quando prefere não
nos óbvios, mas implícitos: aprender as técnicas que a pesquisa pode ensinar,
Pesquisadores responsáveis não apresentam da- o plagiador não só compromete sua própria educa-
ção, como também rouba da sociedade em geral,
dos cuja exatidão têm motivos para questionar.
que investe seus recursos na instrução de estu-
Não encobrem objeções que não podem refutar. dantes que poderão fazer um bom trabalho mais
Não ridicularizam os pesquisadores que têm tarde. Mais importante ainda, o plágio, assim como
pontos de vista contrários aos seus, nem delib- o roubo entre amigos, transforma em farrapos o
eradamente apresentam esses pontos de vista de tecido da comunidade. Quando o furto intelectual
um modo que aqueles pesquisadores rejeitariam torna-se comum, a comunidade enche-se de sus-
peitas, depois fica desconfiada e por fim cínica –
(BOOTH, 2000, p. 326).
Quem se importa?Todo mundo faz o mesmo. Os
professores, então, têm de se preocupar tanto com
Além dessas diretrizes gerais, há um outro aspecto a possibilidade de serem enganados, quanto com
relevante: a honestidade. Deste modo, é fundamental ensinar a aprender (BOOTH, 2000, p. 328).
criticar o plágio, ou seja, o roubo de textos de outro
autor e sua apropriação como sendo obra do plagiador. No nível jurídico, o plágio é considerado crime. Há
Segundo Garschagen (Apud SILVA, 2008, p. 361), também os regimentos das instituições acadêmicas que
existem três tipos de plágio: punem o plágio. No caso de um pós-graduando que co-
meta o ato, geralmente a defesa do trabalho é cancelada;
plágio integral – transcrição sem citação da fonte
se um trabalho final de pós-graduação - dissertação
de um texto completo; plágio parcial – cópia de de mestrado ou tese de doutorado – tiver exemplos de
algumas frases ou parágrafos de diversas fontes plágio, a defesa de dissertação/tese é anulada e o título
diferentes, para dificultar a identificação; plágio concedido ao seu autor é cassado.
Fora isso, quando se plagia trabalhos acadêmicos A evolução das comunicações multiplica as pos-
desenvolvidos enquanto atividades de avaliação na gra- sibilidades de fraude acadêmica, mas também
duação, o professor pune o aluno com uma nota zero aumenta a vigilância. A pressão crescente sobre
acompanhada da perda do respeito e da admiração. O os pesquisadores, para que aumentem sua prod-
aluno passa a ser um desacreditado. Imagine o cons-
utividade, coincide com a escalada das suspeitas
trangimento de um aluno farsante que copia trabalhos
de plágio. O tema incomoda atualmente algumas
HISTÓRIA
em 2006 pela maior instituição de educação do BrasiL: o em que professores que não têm necessidade algum de
Ministério da Educação. Das 67 páginas do livro do MEC, ordem econômica e, supõe-se, nem intelectual, copiam
Ainclusãoescolardealunoscomnecessidadeseducacio- o trabalho do colega? Que crença eu posso ter no co-
nais especiais oito foram retiradas do trabalho de Jaciete nhecimento que um sujeito desse produz. Absolutamente
dos Santos. “A obra possui cinco capítulos e o primeiro é nenhum”, indigna-se. Na opinião de Sílvio Carvalho, o
uma cópia absurda do meu artigo. Pelo menos, 15% desta que leva professores a cometer o plágio é a certeza da
HISTÓRIA
obra é fruto de um ato ilícito. Não consigo entender como impunidade. “Eles acharam que nós nunca iríamos ficar
uma instituição como o Ministério da Educação permite sabendo porque se trata de uma revista de uma instituição
isso. Se o próprio MEC copia, o que esperar dos alunos?”, baiana e de uma professora nordestina, que não têm o
questiona. A obra distribuída nas bibliotecas de diversas reconhecimento e a visibilidade das instituições do sul
instituições de ensino do País e disponível no site da inti- do País. Vê se eles copiam a Unicamp, a UnB, a USP?”,
tuição www.mec.gov.br — é uma produção da Secretaria revolta-se Carvalho, afirmando que também se trata de
de Educação Especial do MEC e o que mais surpreende é uma postura preconceituosa.
o fato de, segundo consta na própria publicação ter sido Sem querer desvalorizar o próprio trabalho, Jaciete
elaborada por mestres e doutores de renomadas institui- concorda. “Sei do valor do meu artigo, mas tenho consci-
ções do Rio de Janeiro. São eles a mestre em Educação ência de que há outros autores desta área, inclusive, com
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutora produções mais consistentes que a minha. A cópia ocorreu
em educação a distância pela universidade Nacional de porque o trabalho é bom, mas, sobretudo, pelo fato de eu
Educaçãoa Distância Madrid/Espanha Ana de Lourdes não ser uma professora conhecida nacionalmente. Até
Barbosa de Castro; o mestre em educação pela Univer- porque sabemos que há uma valorização dos trabalhos
sidade Estadual do Rio de Janeiro e professor adjunto da produzidos no sul do País”, considera a professora.
Escola de Educação da Universidade Federal do Estado do Plágio significa cópia, imitação (da obra alheia), apre-
Rio de Janeiro Adion Florentino da Silva; e a especialista sentar como seu o trabalho intelectual de outra pessoa.
em deficiência física e pós-graduada em psicopedagogia De acordo com o Código Penal, é facultado ao autor
pelo Centro de Estudos Pedagógicos do Rio de Janeiro registrar a sua obra no órgâo público. A professora
(CEPRJ) Maria Cristina Meilo Castelo Branco. Jaciete dos Santos publicou o artigo sobre educação
A DESCOBERTA- A professora diz que seu artigo foi inclusiva na Revista de Educação da ‘Bahia (Faeeba)
publicado na edição de junho de 2002 da Revista da no ano de 2002, sendo esta a sua principal prova. Em
Faculdade de Educação da Bahia, a Faeeba, que trazia 2006 o Ministério da Educação, por meio da Secretaria
como tema a inclusão de alunos com necessidades es- de Educação Especial, publicou um livro com o artigo
peciais. “Este artigo surgiu a partir de minha dissertação da professora.
de mestrado, que abordava o tema. Ele é uma síntese Fonte: MASCARENHAS, Fabiana. Professora da UNEB acusa
do meu trabalho e foi publicado, inclusive, antes da MEC de plagiar seu artigo. A Tarde, Salvador, 08/07/2007, p. 4.
minha defesa, realizada em agosto de 2002”, informa a Caderno Salvador & Região metropolitana.
professora, tendo um dos exemplares da revista como a
sua principal prova. Jaciete dos Santos conta que ficou
sabendo do plágio, em novembro de 2006, por meio dos
seus alunos do curso de pós-graduação em Educação
Especial, na disciplina Aspectos Teóricos da Educação
Inclusiva. “Estávamos discutindo o histórico a partir deste
meu artigo, feito em 2002, e solicitei que os alunos o
confrontasse com publicações mais recentes. Foi quando
eles trouxeram este documento do MEC dizendo que o
assunto estava tão atual que havia sido copiado quatro
anos depois pela instituição. Não pude acreditar!”.
CONHECIMENTO — Para o professor de educação
da Uneb e marido de Jaciete dos Santos, Silvio Carvalho,
o caso se torna ainda mais grave pelo fato de ter sido
cometido por mestres e doutores. “Que sociedade é essa
br/025/25ctrindade.htm>. Acesso em 28/04/2009. outra fonte” com o objetivo de indicar trabalhos de-
senvolvidos sobre o mesmo tema e suas respectivas
abordagens. Além disso, já que produção científica
implica diálogo, as citações ajudam a conferir credi-
Artigo e/ou matéria de revista bilidade a um trabalho acadêmico. Se você escreve
De acordo com a NBR 6023 (2002, p. 5), “os ele- um artigo mapeando amplamente a bibliografia sobre
HISTÓRIA
mentos principais são autor(es), título da parte, artigo um determinado tema, inevitavelmente o artigo trans-
ou matéria, título da publicação, local de publicação, nu- parecerá que o autor investiu energia na pesquisa e
meração correspondente ao volume e/ou ano, fascículo leitura do que a comunidade científica produziu. Por
ou número, paginação inicial e final, quando tratar-se fim, mostra também que o pesquisador está atualizado
de artigo ou matéria, data ou intervalo de publicação e nas polêmicas sobre o assunto, sugerindo que tem
particularidades que identificam a parte (se houver)”. uma relativa autoridade no assunto – independente
Exemplos: de eventuais críticas ao trabalho.
RAMOS, Alcides Freire. Intelectuais de esquerda e a As citações devem ser feitas quando se extrai
luta contra a Ditadura Militar brasileira (1964-1970). Es- informações encontradas em livros consultados,
tudos de História, Franca, v. 8, n. 1, p. 41-58, 2001. transcreve parágrafos ou frases de um outro trabalho,
veicula dados encontrados em sites, artigos, eventos
realizados, pesquisas, palestras etc. Por outro lado,
Artigo e/ou matéria de jornal não é necessário citar informações de relativo domínio
Elementos centrais: autor (se houver), título, título do público, bem como, obviamente, ideias próprias.
jornal, local de publicação, data de publicação, seção, A citação pode aparecer no texto ou em notas de
caderno ou parte do jornal e a paginação corresponden- rodapé. Existem três tipos de citações:
te. No caso em que não exista seção, caderno ou parte, a) Citação direta – transcrição que reproduz parte
a paginação do artigo ou matéria precede a data. do texto consultado.
Exemplo: Exemplo:
MASCARENHAS, Fabiana. Professora da UNEB Antes de mais nada, responda a uma pergunta:
acusa MEC de plagiar seu artigo. A Tarde, Salvador,
além de uma nota de avaliação, o que a pesquisa
08/07/2007, p. 4. Caderno Salvador & Região metro-
politana. representa para você? Uma resposta, que muitos
poderão considerar idealista, é que a pesquisa
oferece o prazer de resolver um enigma, a satis-
Trabalho apresentado em evento em meio ele-
fação de descobrir algo novo, algo que ninguém
trônico
mais conhece, contribuindo, no final, para o en-
Elementos
riquecimento do conhecimento humano (BOOTH,
Nome do evento, número, ano, Local. Título do docu-
2000, p. 3).
mento. Local de publicação, editora, ano de publicação.
Descrição física do meio ou suporte. [ou] Disponível
em: <endereço eletrônico>. Acesso em: xx mês abre- b) Citação Indireta – também chamada de paráfrase,
viado. xxxx. (LUBISCO, 2008, p. 85). é uma citação que resume/apresenta idéias de um autor
Exemplo: sem reproduzi-las textualmente.
ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA ORAL, 9., Ex. De acordo com Booth (2000, p. 3), a pesquisa
2008, São Leopoldo. Anais. São Leopoldo, 2008. 1 traz ao pesquisador prazer ao solucionar um problema,
CD-ROM. desvendar enigmas e enriquecer ao conhecimento
humano.
Neste exemplo, o autor compartilha da idéia de Booth a) Quando a citação tiver até três linhas, deve apa-
lida em Brito. recer no texto em tamanho 12 acompanhada das
aspas.
HISTÓRIA
Exemplo:
[Após perguntar acerca do significado da pes- 2.2 D) Sistemas de chamadas
quisa, o autor salienta que] a pesquisa oferece
Existem duas maneiras de indicar as citações: siste-
o prazer de resolver um enigma, a satisfação de ma autor-data e sistema numérico. Alguns programas
descobrir algo novo, algo que ninguém mais con- de Pós-graduação ou revistas normatizam um modelo
hece, contribuindo, no final, para o enriquecimento a ser seguido. No caso em que você tenha autonomia
do conhecimento humano (BOOTH, 2000, p. 3). de escolha, é fundamental a uniformização mantendo o
mesmo sistema adotado ao longo de todo o texto.
e) Destaques e ênfases devem ser feitas através
do grifo, negrito ou itálico. De acordo com Lubisco SISTEMA AUTOR-DATA
(2008, p. 57), deve-se utilizar a expressão grifo nosso O sistema autor-data tem sido o mais utilizado. Neste
[grifo nosso] entre parênteses caso, “as obras citadas no texto remetem diretamente
Exemplos: à lista de referências localizada no final do trabalho,
a) Antes de mais nada, responda a uma pergunta: organizada em ordem alfabética”. Ainda de acordo com
além de uma nota de avaliação, o que a pesquisa a mesma autora:
representa para você? [grifo nosso] Uma resposta, Para efeito de monografias, dissertações e teses,
que muitos poderão considerar idealista, é que a recomenda-se a ordenação alfabética e, conse-
pesquisa oferece o prazer de resolver um enigma, quentemente, o Sistema autor-data, uma vez que,
a satisfação de descobrir algo novo, algo que nin-
nesse sistema, pode-se incluir na lista não só as
guém mais conhece, contribuindo, no final, para o
obras citadas no texto, como também aquelas
enriquecimento do conhecimento humano (BOOTH,
consideradas fundamentais para o tema, lidas
2000, p. 3).
b) Antes de mais nada, responda a uma pergunta: pelo autor mas não necessariamente citadas’
além de uma nota de avaliação, o que a pesquisa rep- (LUBISCO, 2008, p. 46).
resenta para você? Uma resposta, que muitos poderão
considerar idealista, é que a pesquisa oferece o prazer No texto
deresolverumenigma,asatisfaçãodedescobriralgo • No final da sentença, insere o sobrenome do
novo [grifo nosso], algo que ninguém mais conhece, autor com letras maiúsculas entre parênteses,
contribuindo, no final, para o enriquecimento do con- acrescido do ano de publicação.
hecimento humano (BOOTH, 2000, p. 3). • Exemplo: Alguns autores discutem os pres-
c) Antes de mais nada, responda a uma pergunta:
além de uma nota de avaliação, o que a pesquisa
2
Vale sublinhar que o plágio não é fenômeno específico do universo acadêmico
representa para você? (grifo nosso) Uma resposta, e do mundo científico. É bem comum acusações de plágios envolvendo o
que muitos poderão considerar idealista, é que a campo artístico, especialmente compositores e músicos.
• Quando incluir citação direta, deve acrescentar a Consulte Normas 6023, 6024, 10520 e 14724 da ABNT
página da qual foi extraído o trecho. Leia - LUBISCO, Nídia Maria, VIEIRA, Sônia Chagas & SANTANA,
Exemplo: Segundo Demo (1987, p. 19), “metodolo- Isnaia V. Manual de estilo acadêmico. Salvador: EDUFBA, 2008.
gia é uma preocupação instrumental. Trata das formas Acesse e veja mais regras de citação http://prg.ufpel.edu.br/
sisbi/bibct/referencias.html
de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das
http://jararaca.ufsm.br/websites/deaer/download/VIVIEN/
ferramentas, dos caminhos”. Texto02/NormasRefer2006.pdf
HISTÓRIA
BOOM – crescimento rápido.
FEEDBACK – retorno.
folder – material impresso de propaganda.
LAST BUT NOT LEAST – último, porém não menos
importante.
SCRIPT – roteiro.
coord. – coordenador.
ed. – edição.
ex. – exemplo.
i.e. - isto é.
org. – organizador.
p. – página.
p. ex. - por exemplo.
s. ed. - sem editor.
s. d. - sem data.
ss. – seguintes.
v – volume.
InspiradonasnormasdaABNT(6023)eligeiramenteadaptado
de SANTOS E NORONHA (2005).
Como ler um texto acadêmico 3.2.1 A) Alguns autores adotam títulos-fantasia. Estes
títulos podem sintetizar a tese do autor, veicular uma
3.1 Reflita sobre o público-alvo do texto citação extraída de uma fonte relevante para a abor-
dagem etc. Por vezes, resultam de sugestões das edi-
Ao analisar um texto, é necessário considerar o toras atentas ao mercado editorial. Ao mesmo tempo
público-alvo, pois isto condiciona os objetivos de quem em que eles estimulam nossa imaginação, não deixam
escreveu. Em um artigo para uma revista especializa- explícito o foco. Daí a importância de se verificar os
da, a linguagem e o nível de complexidade supõem subtítulos, por exemplo: A Usina dos Sonhos: Sindi-
que os leitores são iniciados e treinados nos ritos da calismo petroleiro na Bahia: 1954-1964; Em guarda
atividade científica em geral, e daquele tema em par- contra o perigo vermelho: anticomunismo no Brasil
ticular. Diferentemente, caso um jornal te encomende (1917-1964); Imagens de um tempo em movimento:
a produção de um texto para um caderno especial de Cinema e cultura na Bahia nos anos JK (1956-1961);
pré-universitários, para além dos limites de espaço, Âncoras de Tradição: luta política, intelectuais e cons-
este dado deve orientar sua escrita e os objetivos com trução do discurso histórico na Bahia (1930-1949).
o texto. Para ilustrar esta afirmação, leia esta matéria. Observemos que todos os subtítulos especificam o
recorte espacial abarcado pela pesquisa e indicam a
delimitação temporal.
Convém estar atento a algumas “armadilhas”
criadas seja pelo mercado editorial, seja pela “colo-
nialidade do saber”. A título de exemplo, sem nenhum
demérito para o conteúdo do trabalho muito menos
para sua autora, podemos citar o livro 1968: o diálogo
é a violência: movimento estudantil e ditadura militar
no Brasil. Há um título-fantasia acompanhado de um
subtítulo. Entretanto, não obstante a pretensão do livro
em analisar o tema no Brasil inteiro, a autora pesqui-
sou exclusivamente jornais do eixo Rio-São Paulo.
Alguém perguntaria: “o eixo Rio-São Paulo consegue
abarcar a complexidade do Brasil?”. Nossa resposta
é negativa à interrogação. Possivelmente, a concep-
ção “rio-sãopaulo-centrista” influenciou o título. Esta
concepção difusa reproduz, na prática, a idéia de
que o eixo Rio-São Paulo é legítimo “centro nervoso”
das tensões e mudanças sociais que marcaram a
sociedade brasileira. Com base nesta idéia, muitos
trabalhos realizados no eixo Rio-São Paulo podem
ser considerados nacionais. Com uma autonomia
relativa à esta concepção, reproduz-se uma idéia de
que outros trabalhos desenvolvidos fora destes centros 3.5 Leia atentamente a introdução
são considerados regionais. As classificações vêm
A introdução reúne informações relevantes sobre um
acompanhadas, muitas das vezes, de um imaginário
texto: justificativa acadêmica, opções metodológicas,
valorativo: trabalhos nacionais aspiram a um conheci-
fontes utilizadas, autores e conceitos privilegiados, orga-
mento superior do que trabalhos regionais.
nização dos capítulos e idéias centrais. Uma leitura atenta
A discussão é complexa e sublinhamos que não pode contribuir para uma apreensão mais qualificada do
HISTÓRIA
defendemos uma perspectiva provinciana de cons- conteúdo e/ou uma seleção daquilo que se adapte aos
trução do conhecimento, muito menos uma rivalidade seus objetivos enquanto leitor-pesquisador.
regional. Produção científica se faz com diálogo entre
No caso de livros com artigos de autores diversos,
obras e autores. Ao mesmo tempo, não esqueçamos
a utilidade da leitura da introdução se amplia por ajudar
que conhecimento gera poderes. Daí, a importância de
o leitor a “filtrar” o que priorizar no livro uma vez que
evitarmos uma ingenuidade em relação à produção,
a introdução é elaborada pelo(s) autor(es) do livro ou
difusão, recepção e apropriação do conhecimento. No
pelo(s) organizador(es) da obra – pessoas que, além de
caso mais específico deste tópico, esta reflexão foi
especialistas no tema, possuem uma visão de conjunto
desenvolvida para ilustrar a importância de, durante
do texto.
a pesquisa bibliográfica, observar o título das obras,
sempre atento para suas armadilhas. Obviamente, não se deve esquecer que qualquer resu-
mo já carrega o olhar de quem fez. Como se diz, “não são
os olhos, são as pessoas que enxergam”. Isto é válido
3.2.1 B) Diferentemente de títulos-fantasia, outros livros para a observação de um fenômeno, para a descrição de
têm títulos que veiculam mais explicitamente o tema da um mesmo ambiente (alguém pode enfatizar as cores da
obra: A conquista da América, Democracia e Forças parede, enquanto outra pessoa o grau de iluminação, o
Armadas no Cone Sul, A Arte da Pesquisa, História cheiro etc) e se aplica também a um texto. Ainda assim,
dos Estados Unidos, Teorias dos Movimentos Sociais, sem esquecer as mediações, reiteramos que estas dicas
apenas para citar alguns exemplos. podem ser de grande valia. Observe abaixo um exemplo
esclarecedor do livro “A arte da pesquisa”.
3.3 Leia a orelha do livro
A orelha do livro pode ser importante. Em alguns
casos, o foco é o autor: trajetória, áreas de pesquisa,
vínculos institucionais. Em outros, há uma apresentação
do livro. Há ainda situações em que a editora indica
títulos disponíveis. Vale ressaltar que, devido aos custos
adicionais, alguns livros não têm orelhas.
mas concentre-se na III e na IV Se é um pesquisador são considerações suplementares para alunos adian-
experiente, talvez ache mais úteis o Capítulo 4 da Parte tados, e muitas tratam de questões não apresentadas
II, os Capítulos 9 e 10 da Parte III e a Parte IV inteira. nos capítulos, mas todas acrescentam algo novo.
Na Parte 1, apresentamos algumas questões sem- A pesquisa é um trabalho árduo, mas, assim como todo
pre levantadas por aqueles que fazem sua primeira trabalho desafiador bem feito, tanto o processo quanto
pesquisa: por que os leitores esperam que se redija os resultados trazem enorme satisfação pessoal. Além
HISTÓRIA
de determinada maneira (Capítulo 1) e por que se disso, as pesquisas e seus resultados são também
deve conceber o projeto não como um trabalho atos sociais, que exigem uma reflexão constante sobre
isolado, mas como um diálogo com os pesquisa- a relação de seu trabalho com os leitores e sobre sua
dores cujos trabalhos você irá consultar e também responsabilidade, não apenas perante o tema e você
com aqueles que irão ler seu trabalho (Capítulo 2). mesmo, mas também perante eles, especialmente se
Na Parte II, analisamos o processo de elaboração de acredita que o que tem a dizer é algo bastante importante
seu projeto: como encontrar um assunto, sintetizá-lo, para lcvar os leitores a mudar de vida, modificando o
questioná-lo e justificá-lo (Capítulo 3), como trans- modo de pensar” (BOOTH, Wayne; COLOMB, Gregory
formar essas questões em um problema de pesquisa G & WILLIAMS, Joseph. A arte da pesquisa. São Paulo:
(Capítulo 4), como encontrar e utilizar fontes bibliográ- Martins Fontes, 2000, p. 5).
ficas que orientem a busca de respostas (Capítulo 5) e
como refletir sobre o que foi encontrado (Capítulo 6).
Na Parte III, discutimos a natureza de um bom argu- 3.6 Leia a apresentação
mento de pesquisa. Começamos com uma visão gerai Como o nome indica, é uma parte que tem por
do que vem a ser um argumento de pesquisa (Capítulo objetivo apresentar informações relevantes sobre o
7), então explicamos que afirmações são consideradas texto: suas condições de produção, sua recepção, sua
significativas e que evidências em seu favor são con- atualidade, seus méritos e recortes etc. Este item é
fiáveis (Capítulo 8). Analisamos um elemento abstrato recorrente no caso de obras originalmente escritas em
mas decisivo do argumento de pesquisa, chamado de língua estrangeira e traduzidas para outra língua.
“fundamento” (Capítulo 9), e concluímos com uma
descrição do modo como todo redator deve apresentar
objeções, estipular condições limitadoras e exprimir
condições de incerteza (Capítulo l0).
Na Parte IV, comentamos as etapas do processo
de redação do relatório final, começando pelo esboço
(Capítulo II). Em seguida, abordamos um assunto que
geralmente não aparece em livros deste tipo: como
transmitir visualmente informações complexas, mesmo
aquelas que não sejam quantitativas (Capítulo 12). Os
dois capítulos subseqüentes são dedicados à verifica-
ção e correção da organização do relatório (Capítulo Veja o texto de apresentação do livro RÉMOND, René
13) e seu estilo (Capítulo 14). A seguir, explicamos (org). Por uma história política. Rio de Janeiro: Editora
como redigir uma introdução que convença os leitores FGV, 2003.
de que o conteúdo do relatório compensará o tempo
que eles gastarão na leitura (Capítulo 15). Por fim, nos Apresentação
estendemos por mais algumas páginas, numa reflexão
sobre algo além das técnicas de execução de uma Nos últimos tempos tem sido constante a preocupação dos
pesquisa: a questão da ética da pesquisa, em uma so- historiadores em produzir balanços que proporcionem um
ciedade que cada vez mais depende de seus resultados. quadro geral da disciplina histórica ou de algum setor es-
Nos intervalos entre os capítulos, você encontrará “Su- pecífico desse campo de conhecimento. O objetivo básico
gestões úteis”, breves inserções que complementam desse tipo de trabalho é mapear os desafios e problemas
da área, e ao mesmo tempo apontar novos caminhos e per-
os capítulos. Algumas dessas sugestões são para a
spectivas. Esta coletânea, coordenada por René Rémond,
aplicação do que você aprendeu nos capítulos, outras
pode ser enquadrada nesse tipo de produção.
Lançado na França em 1988, o livro Por uma história politica. Sem perder de vista a concepção de história proposta pe-
que é agora oferecido ao público brasileiro, tem como ob- los Aunales, rebate as antigas acusações de que a história
jetivo central fazer a defesa da história política, ressaltando política só se interessa pelas minorias privilegiadas e negli-
sua importância para a compreensão do todo social, mas gencia as massas, de que seu objeto são os fatos efêmeros
apontando também os caminhos já percorridos, e a percor- e superficiais, inscritos na curta duração, incapazes de fazer
rer, para a sua renovação. perceber os movimentos profundos das sociedades. Outra
Auxiliado por II historiadores, René Rémond apresenta um acusação contestada é a de que a história política não dis-
HISTÓRIA
inventário dos estudos recentes de história política na Fran- põe do apoio de uma massa documental passível de ser
ça, chamando a atenção para novas abordagens, objetos e tratada estatisticamente, o que explicaria a presumida supe-
problemas. rioridade dos dados econômicos sobre suas características
Os autores, dedicados ao estudo de temas da história con- subjetivas e impressionistas.
temporânea e aglutinados em torno da Fondation Nationale A nova história política, segundo René Rémond, preenche
des Sciences Politiques e da Universidade de Paris X-Nan- todos os requisitos necessários para ser reabilitada. Ao
lerre, em sua maioria ingressaram na vida acadêmica fran- se ocupar do estudo da participação na vida política e dos
cesa na década de 1950, no auge da hegemonia do modelo processos eleitorais, integra todos os atores, mesmo os
de história proposto pela chamada école des Annales. Foi mais modestos, perdendo assim seu caráter elitista e in-
a partir desse background — ou seja, de uma situação dividualista e elegendo as massas como seu objeto cen-
de predomfnio de uma história econômico-social, voltada tral. Seu interesse não está voltado para a curta duração,
para a longa duração e para as grandes massas, apoiada mas para uma pluralidade de ritmos em que se combinam
em séries quantitativas — que esses pesquisadores fizeram o instantâneo e o extremamente lento. É na longa dura-
sua escolha: dedicar-se à história política, então vista como ção que se irá buscar a história das formações políticas
a síntese de todos os males, caminho que todo bom histo- e das ideologias, ou seja, a cultura política, que por sua
riador deveria evitar. vez servirá à reflexão sobre os fenômenos políticos, per-
O ponto de partida do livro é uma análise historiográfica mitindo detectar as continuidades no tempo. Finalmente,
arguta feita pelo próprio René Rémond. Este será o instru- a história política também dispõe de grandes massas
mento fundamental para a compreensão da trajetória da documentais passíveis de quantificação, tais como dados
história política na França, desde seu apogeu no século XIX, eleitorais e partidAnos, para citar os mais expressivos.
passando por seu desprestígio concomitante à afirmação Se alguns princípios propostos pela école des Annales,
da école des Annales, até a recuperação delineada a partir como a longa duração e a quantificação, ainda são respeita-
da década de 1980. Mas não é só isso o que o livro deseja dos pelo conjunto dos autores como forma de legitimar os
mostrar. Não é suficiente_descrever o recente processo caminhos inovadores da história política, por outro lado são
de legitimação do estudo do político. É preciso também advogadas abordagens e propostas alheias às tradições dos
apontar os caminhos da renovação da história política, seja Annales, como a valorização do sujeito, do acontecimento
através do estudo de temas já tradicionais, como partidos,
e da narrativa na história. Os caminhos percorridos pelos
eleições, guerras ou biografias, trabalhados porém em
autores são diferentes, mas um ponto parece comum a
uma nova perspectiva, seja através da análise de novos
todos — a referência a uma mesma noção, a do político
objetos, como a opinião pública, a mídia ou o discurso.
como domínio privilegiado de articulação do todo social.
Nesse movimento de renovação, mais que de simples
Passados oito anos da publicação de Por uma história
recuperação, o contato com outras disciplinas, e prin-
política na França, o debate que o livro expressa está ganho
cialmente com a ciência política, desempenhou um pa-
naquele país. A legimitadade da história política entre os his-
pel central. Foi a partir daí que o tema da participação na
toriadores franceses é um fato indiscutível, e talvez até, como
vida política passou a ocupar um espaço fundamental na
diria René Rémond, tenha-se tornado uma nova “moda intelec-
história. Desde então proliferaram os estudos históricos
tual”. Também no Brasil os estudos de história política ganham
sobre processo eleitoral, partidos políticos, grupos de
espaço nas universidades, mas os caminhos da renovação
pressão, opinião pública, mídia e relações internacionais.
estão em plena discussão. Por todas essas razões, e por suas
Os contatos com a sociologia, a linguística e a antropolo-
contribuições historiográficas, metodológicas e teóricas, esta
gia também frutificaram, resultando no desenvolvimento
é uma obra da maior relevância para o público universitário
de trabalhos sobre a sociabilidade, a história da cultura
brasileiro.
política, e ainda em análises de discurso. Os artigos con-
tidos neste livro são a prova incontestável dessa expansão.
Talvez por pertencer a uma geração anterior à de seus co- Maneta de Moraes Ferreira
laboradores, René Rémond não se contenta, contudo, em Pesquisadora do CPDOC/FGV
mostrar a realidade de sua “disciplina em movimento”. Professora adjunta do IFCS/ UFRJ
intelectual etc. Os critérios são subjetivos e dependem rar a escrita. Escrever bem demanda conhecer obras
do desejo do autor e da editora. científicas, filosóficas e literárias, boa formação em
língua, muito estudo, trabalho e experimentação. Ainda
assim, vorazes leitores não necessariamente são bons
3.8 Supere a mera extração de informação escritores – talvez por terem dificuldade em “ler como
factual um escritor” buscando inspiração no vocabulário,
A vida acadêmica exige que você se habitue a de- construções textuais, estilos de escrita etc.
senvolver um outro tipo de habilidade de leitura. Até Não há regras, receita de bolo, muito menos mágica
o ensino médio, acostumamos a captar informações para a escrita. Até por isso, não cabe padronizações de
e dados factuais dos textos, idéias centrais, persona- estilos, métodos, caminhos. Esta disciplina não nutre a
gens, datas, enredos. A partir de agora, é necessário ilusão de transformá-lo num escritor. O máximo a ser
desenvolver um outro olhar para aquilo que se lê. Nesta apontado é um conjunto de princípios gerais: atentar
perspectiva, a título de exemplo, urge atentar para al- para a escrita correta das palavras, observar a pontua-
gumas questões. ção, estudar as regras para saber como desprezá-las na
hora certa (QUINTÃO, 2001). Para tanto, é fundamental
adotar a prática de consultar o dicionário com regulari-
PLANO FORMAL
dade e consultar manuais de gramática e redação.
Treine e desenvolva a habilidade de “ler um texto como um
escritor”: se inspire nas construções textuais (períodos, Vale sublinhar que a escrita acadêmica tem que estar
parágrafos etc); observe as estratégias argumentativas; fundamentada no rigor, crítica, objetividade e clareza –
verifique se o texto segue uma coerência cronológica etc. atributos da atividade científica. Para tanto, é necessário
Além disso, observe a introdução. Há alguns modos mais demonstrar o pensamento a partir de argumentos,
comuns de um autor iniciar um texto histórico. É possível provas, teorias, exemplos.
começar o texto a partir da citação de uma fonte. Noutros Além do que foi dito, pode ser interessante apre-
casos, o autor resume diretamente o que vai ser tratado. É
sentar dicas gerais de produção textual. Elas resultam
possível iniciar a partir de uma crítica bibliográfica. Alguns
principalmente de uma avaliação sobre os principais
preferem historicizar o objeto e a problemática narrando
erros cometidos pelos iniciantes. Vamos a elas.
uma situação que aconteceu que gerou um mal estar, ou
1. Antes de começar, é necessário pensar naquilo que vai
que ilustra uma das maneiras de se olhar para um problema escrever e construir um esquema. Cada pessoa tem
de pesquisa. suas características. Algumas têm a cabeça arrumada
e ordenada. Pensam e escrevem. Outras não. Indepen-
PLANO DO CONTEÚDO dente do seu caso, é conveniente pensar e sistematizar
algo antes de começar a escrita em si. Construa um
• observe a justificativa acadêmica esquema de texto no papel com tópicos, subtítulos,
• atente para o uso de um conceito palavras-chave etc. Às vezes o esquema é metade do
• verifique o tipo de abordagem texto. Feito o esquema, você vai seguindo o trajeto, su-
prindo lacunas, observando a coerência no argumento;
• reflita sobre a maneira como o pesquisador lida com a
fonte 2. Evite repetir os mesmos termos. Como diz Kury (1994,
• analise o tipo de arquivo trabalhado e documentação p. 261), “é a variedade bem escolhida que traz beleza
ao texto”. A diversidade pode ser buscada com o auxílio
investigada de um dicionário. A título de exemplo, ao invés de poluir
• leia as notas de rodapé o texto usando um mesmo verbo repetido, alterne com
• investigue a bibliografia utilizada verbos comuns na escrita de um texto acadêmico: anal-
• perceba os recortes cronológicos e espaciais isar, investigar, discutir, propor, indicar, problematizar,
explicar, compreender, indagar etc. Não se esqueça
• esteja alerta para as dicas oferecidas pelos autores
também que “nem sempre a palavra difícil é a melhor”
• problematize o diálogo bibliográfico desenvolvido ao (KURY, 1994, p. 260);
longo do texto
HISTÓRIA
Lição bem humorada para se escrever bem
Evite uma escrita caótica em que uma frase diz algo
e a outra aponta contradição. Ou aquele parágrafo que Professor João Pedro da UNICAMP
discute um aspecto e o posterior aborda um assunto
completamente diferente sem nenhum encadeamento 01. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.
lógico. Ao contrário disto, tente costurar o raciocínio e
os parágrafos; 02. Édesnecessário fazer-seempregardeumestilodeescrita
4. Evite escrever do mesmo jeito como fala. Há certas demasiadamente rebuscado.
construções textuais que podem ser formuladas através
da oralidade. Porém, quando transportadas automati- Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibi-
camente para a escrita, complicam o entendimento da cionismo narcisístico.
mensagem.
03. Anule aliterações altamente abusivas.
a. Saber o que vai escrever, para quê ou quem; 08. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice,
b. Escrever sobre o que conhece; sacou??...então valeu!
c. Concatenar as idéias e informar de maneira lógica; 09. Palavrasdebaixocalão,porra,podemtransformaroseu
d. Respeitar as regras gramaticais; texto numa merda.
e. Evitar argumentação demasiadamente abstrata;
10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as
f. Usar vocabulário técnico quando estritamente necessário; situações.
g. Evitar a repetição de detalhes supérfluos;
11. Evite repetir a mesma palavra pois essa palavra vai ficar
h. Manter a unidade e o equilíbrio das partes;
uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer
i. Rever o que escreveu; comqueapalavrarepetidadesqualifiqueotextoondea
palavra se encontra repetida.
ESTILO
12. Nãoabusedascitações.Comocostumadizerumamigo
Embora cada pessoa tenha um estilo próprio, devem-se meu: “Quem cita os outros não tem idéias próprias”.
observar os seguintes aspectos na redação de um trabalho
científico: 13. Frases incompletas podem causar.
a. Clareza e objetividade; 14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa
b. Linguagem direta, precisa e acessível; de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada ar-
c. Frases curtas e concisas; gumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita
a mesma idéia várias vezes.
d. Simplicidade, evitando-se estilo prolixo, retórico ou
confuso” 15. Seja mais ou menos específico.
18. Utilizeapontuaçãocorretamenteopontoeavírgulapois
afrasepoderáficarsemsentidoespecialmenteseráque
ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação.
22. Evite mesóclises. Repita comigo:“mesóclises: evitá-las- “Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
ei!” Não, espere.
Não espere.
23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa
galinha. Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica 2,34.
horrível!!!!!
Pode ser autoritária.
25. Evite frases exageradamente longas pois dificultam a
Aceito, obrigado.
compreensão da idéia nelas contida e, por conterem
Aceito obrigado.
mais que uma idéia central, o que nem sempre torna
o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o po-
Pode criar heróis.
bre leitor a separá-la nos seus diversos componentes
Isso só, ele resolve.
de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria
Isso só ele resolve.
ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito
que devemos estimular através do uso de frases mais
E vilões.
curtas.
Esse, juiz, é corrupto.
26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa Esse juiz é corrupto.
portuguêza.
Ela pode ser a solução.
27. Seja incisivo e coerente, ou não Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio.Você
vai estar deixando seu texto pobre e estar causando
A vírgula muda uma opinião.
ambigüidade, com certeza você vai estar deixando o
Não queremos saber.
conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação
Não, queremos saber.
de que as coisas ainda estão acontecendo. E como
você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você
Uma vírgula muda tudo.
vai estar prestando atenção e vai estar repassando
aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da
pensando em não estar falando desta maneira irritante.
sua informação”.
29. Outrabarbaridadequetudevesevitarchê,éusarmuitas
expressões que acabem por denunciar a região onde tu Retirado do site http://www.academiadeletrasbr.com/
moras, carajo! ..nada de mandar esse trem...vixi..enten- Campanha%20100%20anos%20ABI.html?ABI=
deu bichinho?
30. Nãopermitaqueseu textoacabeporrimar,porquesenão
ninguémiráaguentarjáqueéinsuportávelomesmofinal
escutar, o tempo todo sem Parar.
HISTÓRIA
Geralmente a resenha é uma modalidade presente
nos periódicos e revistas especializadas. Nestas
Após discutirmos os princípios da atividade cientí-
publicações, quase sempre há uma seção de rese-
fica, as normas éticas e técnicas que regulam a ativi-
nhas a respeito de livros nacionais ou estrangeiros
dade acadêmica e apresentarmos algumas diretrizes
lançados recentemente. As regras variam (tamanho,
para a leitura e escrita de textos acadêmicos, nesta
citações, ano de publicação da obra resenhada). A
unidade apresentaremos algumas modalidades de
título de exemplo, a Revista Brasileira de História
trabalhos acadêmicos escritos e orais. Em seguida,
normatiza que as resenhas enviadas “devem referir-
comentaremos as atividades e eventos mais relevan-
se a livros nacionais publicados no mesmo ano ou
tes que caracterizam a cultura de produção científica
no ano anterior ao da submissão, ou – para livros
universitária.
estrangeiros – publicados nos últimos quatro anos”.
Esperamos contribuir para familiarizar minimamente Já a Revista Estudos Históricos normatiza que “os
você com os rituais acadêmicos e suas regras, normas textos submetidos aos editores para publicação na
e códigos. Dominá-los pode ser bem relevante, tendo revista Estudos Históricos deverão ser digitados em
em vista a necessária apropriação de algumas ferramen- Winword, fonte Times New Roman 12, espaço duplo,
tas de estudo e pesquisa. Certamente, esta absorção formato de página A-4. Nesse padrão, o limite dos
virá com a dedicação, o exercício e a experiência. Mas, textos será de 50 mil caracteres (incluindo espaços
não há futuro sem presente. Comecemos! Boa leitura, em branco) para artigos e 8 mil caracteres (incluindo
bons estudos! espaços em branco) para resenhas, incluindo-se as
notas e referências bibliográficas”.
ATIVIDADES ESCRITAS
4.1 Resenha
É um “comentário analítico e crítico de livro para
ser publicado em revista especializada nas várias Visite o site da Revista Brasileira de História e leia algumas
áreas do conhecimento (...). Trata-se, portanto, de resenhas
uma redação informativa e analítica” (SANTOS, 2005, http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
p. 28). Para outro autor, uma resenha “pode ser pura- issues&pid=0102-0188&lng=pt&nrm=iso
mente informativa, quando apenas expõe o conteúdo
do texto; é crítica quando se manifesta sobre o valor Comumente, uma das atividades de avaliação na
e o alcance do texto analisado; é crítico-informativa graduação é a elaboração de resenhas de capítulos de
quando expõe o conteúdo e tece comentários sobre o livros ou de artigos. Isto é feito com o objetivo de treinar
texto analisado”(SEVERINO, 2008, p. 206). o aluno para desenvolver a aptidão da escrita e enquanto
Como tipo de produção acadêmica, a resenha ”um exercício de compreensão e crítica”. Porém, vale
contribui para apresentar o “estado da arte” do debate sublinhar que, nas revistas científicas, as resenhas
intelectual a respeito de um assunto. Além disso, man- publicadas referem-se a livros ou filmes e, geralmente,
tém o leitor especializado atualizado com a produção são elaboradas por especialistas com acúmulo na área
bibliográfica; divulga obras de relevo; ajuda o estu- e mais possibilidade de construir um olhar crítico sobre
dante/pesquisador a mapear a bibliografia sobre um a obra. Vale atentar para uma observação: “mesmo que
tema; levanta polêmica a respeito de uma abordagem. o resenhista tenha competência na matéria, isso não
Em resumo: “a finalidade de uma resenha é informar lhe dá o direito de fazer juízo de valor ou deturpar o
o leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto pensamento do autor” (LAKATOS, 2008, p. 266).
HISTÓRIA
é “uma espécie de gênero intermediário entre o pensa-
mento e a escrita elaborada, (...) um gênero capaz de Exemplo 2: O Fogo africano
apreender a ideia em movimento”, as nove entrevistas Extraído de http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br/
aqui coletadas arrastam o leitor para dentro de um re- livros/resenhas.htm
demoinho. Interessando tanto ao leitor especializado - o
historiador - quanto ao público mais amplo, este livro Na Senzala uma Flor: Esperanças e Recordações na Formação
da Família Escrava - Brasil Sudeste, Século 19
atesta a vitalidade da história nos dias que correm, sua
Robert Slenes Ed. Nova Fronteira, 300 págs. 1999. (Referência
incrível capacidade de cativar e suscitar questões. E do livro resenhado)
isso apesar da aparente fluidez conceitual, da pouca
importância que todos os entrevistados dão a mode-
los teóricos, se confessando, sem exceção, ecléticos, JOÃO JOSÉ REIS (Autor da Resenha)
“fazedores de coquetel” - para usar uma expressão de
Peter Burke. [Exemplo de introdução) O título deste livro refere-se à imagem usada por
um viajante estrangeiro no Brasil, Charles Ribeyrol-
Os nove entrevistados constituem uma boa amos-
tragem da melhor historiografia praticada hoje no he- les, para quem não haveria “uma flor” na senzala
misfério norte, apesar de alguns gigantes, como Eric -não haveria amor, família, “nem esperanças nem
Hobsbawm, Emmanuel Le Roy Ladurie ou Jacques recordações” entre escravos brasileiros. O histo-
Le Goff (impossibilitado de dar entrevistas, diz-nos a riador Robert Slenes, da Universidade Estadual de
autora, devido à doença que o persegue há anos) terem Campinas, encontrou essa flor. Seu excelente livro
ficado de fora. Podiam ter entrado outras mulheres além combate a opinião, prevalecente entre observadores
de Natalie Davis, como Michelle Perrot, e historiadores do passado, e muitos historiadores até recentemente,
mais jovens e criativos, como Serge Gruzinski, para não de que os escravos eram sexualmente promíscuos,
falar da ausência maciça da historiografia latinoameri- não tendo um mínimo de vida familiar normal. Outros
cana e no peso talvez excessivo dado à vertente an- pesquisadores vêm publicando sobre o tema, mas por
glosaxônica e aos estudiosos de fenômenos europeus. meio dos mais diversos veículos acadêmicos, e agora
Mas não se deve cobrar o que não foi feito quando o deste livro, Slenes tornou-se o principal artilheiro nesse
realizado tem tanta qualidade. [Comentário informativo campo. (Introdução comentando o título e a obra)
e crítico, sem perder a elegância] Ele dedica todo o primeiro capítulo a repassar e co-
A começar pelo notável preparo da entrevistadora, mentar criticamente a literatura sobre o tema, desde
que conhece cada obra de seus entrevistados e tem boa autores que negavam a família escrava (como Florestan
parcela de responsabilidade no tocante à pertinência Fernandes e Roger Bastide) aos que agora a estudam
dos problemas levantados. Bem conduzidas e bem (como Manolo Florentino, Roberto Góes, Hebe Mattos
editadas, as entrevistas aqui reunidas tinham já sido e Flávio Mota). Nesse capítulo, como nos demais, além
publicadas, em versões menores, em alguns jornais de dar conta da historiografia brasileira, ele identifica
brasileiros, exceção feita para a de Peter Burke, aliás um influências e coincidências entre o que se escrevia aqui
pouco longa e repetitiva. Na íntegra são muito melhores
e lá fora, nos EUA sobretudo. Sua erudição bibliográfica
do que as versões dadas ao público entre 1996 e 1999
é mobilizada para iluminar o caso do Brasil mediante a
e constituem um material imprescindível para o estudo
comparação e o uso de boas estratégias de pesquisa
da obra desses autores: Jack Goody, Asa Briggs, Natalie
desenvolvidas alhures. (Comentário sobre a estrutura
Davis, Keith Thomas, Daniel Roche, Peter Burke, Robert
Darnton, Carlo Ginzburg, Quentin Skinner. Pois a maioria e aspectos teórico-metodológicos da obra)
deles é muito lida nas nossas universidades, cabendo [...]
Mas a abordagem bantocêntrica de Slenes tem um sorteado, a tendência será o desespero uma vez que
efeito salutar, porque, além de ajudar a corrigir o hábito não há muito material em português sobre a Revolução
historiográfico de imaginar o escravo brasileiro sem do Haiti. E mesmo que houvesse bibliografia de fácil
suas memórias africanas, é um bom antídoto contra acesso, em 24 horas não dá para ler mais de um livro,
um certo nagocentrismo predominante nos estudos sistematizar as informações centrais, apresentar as
afrobrasileiros. Estou certo de que esta será mais uma diferentes abordagens sobre o tema etc. Imagine a sua
HISTÓRIA
razão para maior divulgação e receptividade deste livro. lamentação por ter feito um ótimo seminário na gradu-
Muitos adeptos e estudiosos das tradições banto, por ação e, no momento de garantir um (outro) emprego,
exemplo, encontrarão aqui fogo bom para sua panela não ter desenvolvido síntese escrita sobre o tema...
cultural. Além disso, essa meticulosa investigação Agora, a situação será melhor caso você tenha ano-
dos sentidos culturais da família escrava é uma lição tado questões sobre o ponto, trechos importantes da
de método para quem pretenda estudar qualquer outra bibliografia, conclusões do autor. Poderá consultar suas
“tradição” da África que tenha permanecido em terras anotações, relê-las, confrontar com novas visões sobre
brasileiras. (Observação sobre a contribuição da obra o tema, dar uma boa aula e, quem sabe, ser aprovado
para a historiografia) para assumir a vaga.
Não quero deixar de comentar mais um aspecto É para lidar com situações como essa que os pro-
admirável desse livro. O texto de Slenes tem estilo e fessores/pesquisadores/estudantes ficham os textos
densidade, sem perder em claridade. Ele será lido como lidos. Ou seja, é uma técnica utilizada para reunir
uma aventura de imaginação na pesquisa, pois o autor informações relevantes daquilo que se lê. Dizem que o
expõe passo a passo suas dúvidas e soluções provisó- fichamento é um método de “acumulação primitiva de
rias, até chegar a uma “tese”. A maioria de nós prefere capital intelectual”. Poderíamos acrescentar que é um
demonstrar a tese, digamos, sem rodeios, e perde a modo de sistematizar aquilo que é fundamental de uma
oportunidade de ensinar com quantas dúvidas a história leitura em termos de argumentos do autor, fontes utili-
é afinal escrita. (Notas sobre estilo e abordagem do zadas, teses demonstradas, questões metodológicas,
autor, além de recomendação para a leitura). conceitos, conclusões etc. O fichamento é um antídoto
para minimizar os efeitos do esquecimento, aperfeiçoar
4.2 Fichamento a leitura, diminuir a perda de tempo revisitando o livro
constantemente e dar um salto de qualidade na profun-
Você já passou pela experiência de ler um texto e, no
didade da leitura. Tem utilidade na preparação de um
outro dia, não lembrar daquilo que foi lido? Já estudou
seminário, na montagem de uma aula, na organização
um determinado tema e, tempos depois, esqueceu do
de uma palestra.
conteúdo?
Essa modalidade textual pode ser produzida em
Imagine um cenário. Após a conclusão do curso,
fichas adquiridas em livrarias, papel ofício, cadernetas
você participará de uma seleção para contratação de um
ou papel pautado. O importante é preencher as notas
professor-pesquisador de História. Trabalhemos com a
idéia de que a etapa principal do processo seletivo será de modo legível, ser fiel às opiniões do autor e indicar
uma aula ministrada por cada candidato sobre um tema a referência bibliográfica completa. Santos (2005, p.
sorteado de um conjunto de cinco pontos (Revolução 28) aponta dois tipos:
Francesa, Revolução Haitiana, Revolução Russa, Re- a. fichamento textual em que se reproduz os trechos
volução Chinesa e Revolução Cubana). Houve sorteio da obra lida, ou seja, faz-se a citação direta com
e você tirou “Revolução Haitiana”. Terá 24 horas para as informações do texto apontando a página;
preparar aula e ministrá-la no outro dia. E faz de conta b. fichamento com resumo das idéias do autor e
que, no segundo semestre da graduação, três anos com os comentários do leitor.
atrás, você organizou um seminário sobre a questão. É possível, ainda, um tipo intermediário de fichamen-
A apresentação foi boa. Porém, você não lembra quase to que tenha citações diretas como também incorpore
nada do conteúdo. E então, o que fazer? um comentário do leitor. Observe os exemplos de ECO
Se você não tiver nenhuma anotação sobre o ponto (2008, p. 99; p. 107; p 111).
HISTÓRIA
41
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
EAD 2010
4.3 Artigo
É uma modalidade de trabalho acadêmico destinado a
divulgar resultados de pesquisas sobre temas originais,
investigações em andamento, estudos exploratórios ou http://www.rehb.ufjf.br/
novas abordagens sobre um assunto. Sua importância Revista Eletrônica de História Antiga e Medieval
reside em contribuir para o desenvolvimento científico
HISTÓRIA
http://www.revistamirabilia.com/
de um campo do conhecimento, na medida em que Perg@minho: Revista Eletrônica de História UFPB
o(s) autor(es) compartilha(m) inquietações intelec- http://www.cchla.ufpb.br/pergaminho/abertura.html
tuais, descobertas empíricas, abordagens originais, MORPHEUS: Revista Eletrônica em Ciências Humanas
problematizações. http://www.unirio.br/morpheusonline/Pedro%20Hussak.htm
É publicado em revistas acadêmicas, sendo que História e- História
cada uma adota normas específicas de publicação. A http://www.historiaehistoria.com.br/
maioria dos periódicos tem vinculação institucional com SPARTACUS: Revista Eletrônica dos Acadêmicos do Curso de
o Programa de Pós-graduação de alguma universidade História da UNISC
ou centro de pesquisa e documentação. Entretanto, há http://www.unisc.br/cursos/graduacao/historia/spartacus/
revistas de graduandos. index.htm
Revista Urbana -
Periódico do Centro Interdisciplinar de Estudos da
Cidade - CIEC/Unicamp
http://www.ifch.unicamp.br/ciec/revista/index.php
Revista Eletrônica Outros Tempos
www.outrostempos.uema.br
A estrutura de um artigo não foge dos padrões do dados. Por vezes, é exigido como atividade de avalia-
trabalho científico em geral. Uma das suas peculiaridades ção na universidade. Vale alertar para não confundir
é que se destina à publicação – diferente, a priori, de uma o resumo - modalidade de trabalho acadêmico - do
monografia cuja finalidade é ser avaliada por uma banca resumo enquanto elemento textual presente em um
de professores para a obtenção do título de licenciado artigo, dissertação e tese.
ou bacharel. Em termos formais, um artigo deve conter
HISTÓRIA
os objetivos, relevância acadêmica, fundamentação
4.5 Monografia
teórico-metodológica, dados, fontes utilizadas, conclu-
sões e bibliografia utilizada. Além disso, é necessário É um tipo de trabalho acadêmico que se concentra
um resumo em português com um número máximo de em um único assunto e caracteriza-se pela unicidade
palavras sintetizando as questões centrais tratadas pelo e profundidade no tratamento de um tema delimitado
artigo. Algumas solicitam também um resumo em inglês (SEVERINO, 2008). O autor parte de um conceito am-
(abstract), francês (résumé) e/ou espanhol (resumen). plo que o faz incluir dissertação de mestrado e tese de
doutorado como monografias científicas.
Para evitar confusão, é necessário considerar que
a elaboração de monografia é uma das atividades de
conclusão de curso de graduação em algumas áreas
de conhecimento. Este tipo de monografia que é objeto
No caso de muitas revistas, um artigo enviado deve ser neste módulo.
submetido à apreciação do comitê editorial que avalia se o
trabalho é adequado aos propósitos do periódico. Após essa
fase,éencaminhadopelocomitêdarevistaadoispareceristas-
geralmentepesquisadoresespecialistasnotema,cujosnomes
não são divulgados para o autor do artigo - que analisam a
relevância do artigo e decidem sobre a pertinência dando
parecer favorável ou não à sua publicação pela revista. Este LEIA UMA MONOGRAFIA
aspectoéimportante,poisconferemaiscredibilidadeaoartigo Digite o endereço e veja um exemplo de monografia
publicadoemrevistacomcomitêeditorial–independentedas http://www.gedm.ifcs.ufrj.br/upload/textos/15.pdf
eventuais discordâncias dos pareceristas a uma abordagem. Mulheres em armas: memória da militância feminina contra o
regime militar brasileiro
Monografia de Bacharelado de Natalia de Souza Bastos,
apresentada ao Departamento de História da UFRJ em 2004.
HISTÓRIA
apontar as razões para pesquisar o tema. Diversos 4.8 Tese
fatores podem ser associados a cada tema. De an- A tese de doutorado é um tipo de trabalho científico
temão, genericamente, uma justificativa pode ser a bem representativo do amadurecimento intelectual de
existência de uma documentação pouco explorada; um pesquisador e “deve realmente colocar e solucionar
uma insatisfação com uma abordagem predominante um problema demonstrando hipóteses formuladas”
na historiografia; uma insuficiência de estudos sobre com coerência, raciocínio lógico e fundamentação (SE-
determinado grupo social etc. Convém também VERINO, 2008, p. 221). Além disso, mais do que uma
explicar as razões do recorte espacial e temporal, monografia e uma dissertação de mestrado, a tese deve
uma vez que as categorias espaço e tempo são trazer uma contribuição original ao campo científico
fundamentais para a História. daquilo que trata e propiciar progresso à ciência.
Por fim, é fundamental resumir a questão da viabilida-
de. Não basta apenas o desejo para uma pesquisa. É
necessário que haja objeto e documentação. Logo,é
necessário indicar as fontes que servirão de suporte
para a pesquisa;
2. Comentário bibliográfico – é fundamental demons- Veja um exemplo de tese http://www.teses.usp.br/teses/
trar um conhecimento da bibliografia básica sobre disponiveis/8/8133/tde-10102007-150946/
o assunto e formular uma crítica a estes trabalhos:
quais são as principais conclusões dos autores que
estudam determinado fenômeno? Quais as limitações
destes estudos? Como eles iluminam o seu objeto?
O que diferencia sua pesquisa das outras?;
3. Objetivos gerais e específicos – indicar o que se ELEMENTOS TEXTUAIS
pretende com a pesquisa. Ainda que todo programa
Em termos de estruturação, a monografia, disser-
de pós-graduação tenha uma disciplina obrigatória
tação ou tese têm as seguintes partes:
de reformulação de projetos e que o autor terá
também um professor orientador - que oferecerá • Capa
novas possibilidades de abordagem -, deve-se evitar • Página de rosto
listar objetivos irrealizáveis no prazo de 24 meses. • Página de dedicatória
O senso de realidade de cada um deve regular este • Sumário
aspecto; • Lista de tabelas e figuras (caso seja necessário)
• Resumo em português e/ou abstract (inglês),
4. Considerações teórico-metodológicas – aponta-se
resume (francês)
para os conceitos, referenciais teóricos, abordagens
• Corpo do trabalho com introdução, desenvolvi-
e procedimentos que orientarão a pesquisa;
mento e conclusão
5. Fontes e cronograma de execução – deve-se indicar • Apêndices (caso seja necessário)
a documentação já mapeada para a pesquisa, seja • Anexos (caso seja necessário)
aquela que já foi trabalhada para o projeto (caso exis- • Bibliografia
ta), seja aquela que será investigada posteriormente. • Fontes e arquivos consultados
Na ausência de um contato exploratório com a docu-
mentação, é importante ao menos listar documentos Ligeiramente adaptado de SEVERINO (2008, p.
possíveis, arquivos ou centros de documentação que 224-225).
poderão vir a ser investigados. Em seguida, deve-se SEVERINO (2008, p. 227-230).
Uma tese é uma tese tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande).
MARIO PRATA Ou seja, uma versão para nós, pobres teóricos ignorantes que
HISTÓRIA
não votamos no Apud Neto.
Quarta-feira, 7 de outubro de 1998 CADERNO 2 Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um
Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre,
e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve con- doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que
hecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas
esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é
ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?
de botar banca. Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para
As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a
uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Pal- gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca.
pitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acom- E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que
panha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte. exaltação, que encômio é isso?
O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma
maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o pobreza. Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet
sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou
e é sempre - sempre - uma decepção. Em tese. Impossível ler embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já
uma tese de cabo a rabo. diria São Francisco de Assis. Em tese.
São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas ap- Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas
enas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e com- teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da
penetrada em si mesma. E nós? manhã, ameaçou:
Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, - Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.
as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas Os dois pararam - momentaneamente - de pensar nas teses.
toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto - O quê? Pirou?
apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato
- Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais
do PFL para vereador? Apud Neto.
nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar
Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por
autodecreta. O mundo para, o dinheiro entra apertado, os filhos causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o
são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estu-
Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por dar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador.
alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?
E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem Pensando bem, até que não é uma má idéia!
a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é
Quando é que alguém vai ter a prática idéia de escrever uma
claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra
tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da
tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a
história?
gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese,
Acho que seria uma tesão.
na prática mesmo.
Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em
Copyright 1998 - O Estado de S. Paulo
afirmar que toda tese tem de ser - tem de ser! - daquele jeito.
É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que Retirado de http://www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/apg/mari-
na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, oprata.html
4.9 Memorial
Memorial é uma “escrita de si” que sistematiza dados
relevantes para a compreensão da trajetória e do amadure-
cimento intelectual de um pesquisador. Deve ser produzido O portfólio, como modalidade de avaliação, possibilita ao
no formato de um relato histórico que aponte fases mais docenteanalisaropercursodeaprendizagemdoestudantede
formamaisabrangentequeoutrostiposdeavaliaçõespontuais.
significativas na formação do autor; experiências profis-
HISTÓRIA
Nãoéapenasumrelatodeexperiênciaouumarecompilaçãode
sionais; escolhas teóricas; justificativas para temas de materiaiseapontamentosreunidosnumapasta,envolvereflexão
pesquisa; balanço da produção científica (artigos, livros e crítica: ”o que particulariza o portfólio é o processo constante
publicados, eventos organizados etc). É uma versão quali- de reflexão, de contraste entre as finalidades educativas e as
tativa e comentada do currículo do pesquisador, indicando atividades realizadas para sua consecução, para explicar o
próprio processo de aprendizagem e os momentos-chave
o contexto que marcou sua produção científica, experi-
nos quais o estudante superou ou localizou um problema”
ências de vida e intercâmbios profissionais que tiveram (HERNANDÉZ, 1998). (Trecho de autoria da Professora Maria
impacto em opções intelectuais e escolhas acadêmicas. Sigmar Passos, extraído do texto “Orientações gerais”, da
Uma vez que o memorial é solicitado geralmente para disciplina Estágio Supervisionado, UNEB, Campus VI).
fins de concurso tendo em vista o ingresso/ascensão
Veja no site mais informações sobre a importância do
na carreira acadêmica, ou como requisito em exames Portfólio
de seleção ou qualificação na pós-graduação, convém http://www.uberaba.mg.gov.br/websemec/formacao/portifolio.pdf
indicar e justificar os rumos, bem como as perspecti-
vas profissionais do autor. Caso o memorial seja para
ingressar numa universidade pública, é relevante que o “Todos esses que estão aí
candidato aponte os projetos acadêmicos que pretendem
atravancando meu caminho,
ser desenvolvidos pelo candidato nas áreas de ensino,
pesquisa e extensão. Eles passarão, eu passarinho”
(Mário Quintana)
ATIVIDADES ORAIS
Curriculum Vitae e Currículo Lattes – registro esquemático da
formação e experiência profissional de uma pessoa. O formato 4.10 Seminário
privilegiado de CurriculumVitae na universidade é o Currículo
Ritual comum nos cursos regulares de graduação e
Lattes. Esse currículo deve ser preenchido no Portal do CNPq
e pode ser atualizado periodicamente pelo titular. Pode ser na pós-graduação, o Seminário é uma discussão sis-
visualizado por qualquer pessoa. temática desenvolvida sobre um tema, geralmente em
“A Plataforma Lattes representa a experiência do CNPq na grupo e a partir de texto(s) e/ou documento(s). Requer
integração de bases de dados de currículos e de instituições uma sistematização e apresentação oral das idéias
da área de ciência e tecnologia em um único Sistema de
centrais de um texto e sua problematização. O objetivo
Informações, cuja importância atual se estende, não só às
atividadesoperacionaisdefomentodoCNPq,comotambémàs geral é desenvolver a capacidade de expressão oral do
ações de fomento de outras agências federais e estaduais. [...] aluno, ou seja, de uma fala sistematizada, articulada e
O Currículo Lattes registra a vida pregressa e atual dos coerente com início, meio e fim sobre um assunto. Os
pesquisadores sendo elemento indispensável à análise de objetivos específicos estão relacionados ao conteúdo
mérito e competência dos pleitos apresentados à Agência. [...]
de cada disciplina. Algo que também perpassa os se-
A adoção de um padrão nacional de currículos, com a
riqueza de informações que esse sistema possui, a sua minários é treinar os estudantes para a vida coletiva, o
utilização compulsória a cada solicitação de financiamento trabalho em grupo.
e a disponibilização pública destes dados na internet, deram Para o sucesso da atividade, é fundamental que
maiortransparênciaeconfiabilidadeàsatividadesdefomento
os membros da equipe leiam os textos indicados pelo
da Agência”. Extraído de http://lattes.cnpq.br/conteudo/
aplataforma.htm, acessado em 06/01/2009, às 23:25h. professor, discutam entre si, sistematizem os tópicos
relevantes, elaborem o roteiro e definam os recursos
FAÇA SEU CURRÍCULO LATTES para a apresentação (Power-point, transparências,
Acesse http://lattes.cnpq.br/ quadro-negro, audiovisual etc). Feito isso, a próxima
etapa é a “divisão do trabalho intelectual oral”: quem A vida acadêmica extra-ambiente virtual e sala de
será o responsável por iniciar a apresentação da equi- aula
pe; quem sintetiza o texto x e o texto y; quem compara A vida acadêmica não se limita ao ambiente virtual,
os textos; quem aponta críticas aos autores, etc. Em muito menos aos muros da sala de aula. Existem even-
alguns casos, além da apresentação oral, o professor tos científicos típicos da cultura universitária e que são
exige trabalho escrito. momentos privilegiados para o intercâmbio profissional,
HISTÓRIA
Recomenda-se evitar a divisão mecânica e fragmen- o aprendizado e o amadurecimento intelectual. Há uma
tada de conteúdos entre os componentes da equipe, confusão semântica a respeito dos eventos e as defini-
retalhando os textos entre os componentes. ções aqui expostas não devem ser vistas como conceitos
Na exposição oral, é fundamental clareza, rigor, rígidos. Apontemos o formato de alguns deles.
objetividade e coerência no raciocínio. Deve-se usar
um vocabulário acadêmico, evitar gírias e expressões 4.11 Congresso
coloquiais. Do mesmo modo, seriedade é algo requerido
– o que se distancia de sisudez. Geralmente são reuniões para debater idéias e apre-
Em relação ao conteúdo, há uma sistemática de sentação de trabalhos. Por vezes, são organizados por
apresentação oral feita pelo grupo que deve sintetizar entidades e associações dos profissionais das áreas,
o conteúdo do texto, comentar o pensamento do autor, a exemplo do Congresso Internacional de História Oral
desenvolver as ideias e conceitos relevantes, desenvol- http://www.congresoioha2008.cucsh.udg.mx/.
ver problematizações e críticas ao texto. A introdução
deve apontar tópicos: qual o tema, a importância, a 4.12 Encontro/Seminário/Simpósio/Jornada
bibliografia utilizada e a dinâmica de apresentação por
parte da equipe. São eventos marcados por debates, palestras e
conferências. Podem ser comuns aos pesquisadores
“Deu branco! Esqueci...”: a importância do roteiro da área (Simpósio de Nacional de História - http://
de exposição individual www.snh2009.anpuh.org) ou algo mais especializado
Só se aprende seminário fazendo e refletindo sobre (Encontro Nacional de História Antiga http://www.ufpel.
a experiência prática. Se a pessoa esquece aquilo que edu.br/ich/enhant/; Jornada de História Oral e Audiovi-
foi lido - o famoso “deu branco!” -, é absolutamente sual - http://www.ueim.ufscar.br/noticias/jornada-de-
imprescindível a construção de esquemas/roteiros de historia-oral-e-audiovisual).
exposição no papel, na transparência, no quadro e/ou
no Power-point. Note que, respeitando a criatividade de
cada um, esquema significa um roteiro para a exposição
lógica a partir de algumas palavras-chave e não um
novo texto resumido com base na bibliografia.
Assista a um Seminário Internacional
O roteiro escrito tem como objetivo alimentar a
Digite o endereço abaixo e assista às palestras desenvolvidas
memória a partir de determinadas palavras, frases, no Seminário Internacional sobre Tortura, realizado na USP,
citações. É possível selecionar pequenas partes do texto entre 25 e 27 de fevereiro de 2008.
- um parágrafo, um período - expressando argumentos http://www.nevusp.org/portugues/index.php?option=com_con
que possam ser lidos, desde que a leitura seja feita com tent&task=view&id=1642&Itemid=187
uma entonação adequada para evitar a sensação de
monotonia no público ouvinte. Entretanto, argumentar
O que é a ANPUH
e expor conteúdo a partir da leitura de breves trechos
não se confunde com uma apresentação individual/ “Em 19 de outubro de 1961 foi fundada, na cidade
equipe em que a leitura é a dinâmica predominante. de Marília, estado de São Paulo, a Associação Nacional
Não é adequada uma apresentação oral norteada ex- dos Professores Universitários de História, ANPUH. A
clusivamente pelo ato da leitura. Isso torna a atividade entidade trazia na sua fundação a aspiração da profis-
chata levando tédio aos ouvintes e se distanciando dos sionalização do ensino e da pesquisa na área de história,
objetivos propostos para o seminário. opondo-se de certa forma à tradição de uma historio-
grafia não-acadêmica e autodidata ainda amplamente
majoritária à época.
Atuando desde seu aparecimento no ambiente minutos. Mais do que nunca, capacidade de sintetizar
profissional da graduação e da pós-graduação em his- o que é mais relevante é fundamental neste tipo de
tória, a ANPUH foi aos poucos ampliando sua base de atividade acadêmica.
associados, passando a incluir professores dos ensinos
fundamental e médio e, mais recentemente, profissio-
nais atuantes nos arquivos públicos e privados, e em
4.16 Oficinas, Minicursos e Workshops
HISTÓRIA
instituições de patrimônio e memória espalhadas por São iniciativas direcionadas a um número restrito
todo o país. O quadro atual de associados da ANPUH de participantes. Propiciam especialização e aprofun-
reflete a diversidade de espaços de trabalho hoje damento de um determinado aspecto. Exemplo: uma
ocupados pelos historiadores em nossa sociedade. A oficina de produção textual; um minicurso sobre a rela-
abertura da entidade ao conjunto dos profissionais de ção cinema e história; um workshop sobre a utilização
história levou também à mudança do nome que, a partir de mapas em sala de aula.
de 1993, passou a se chamar Associação Nacional de
História, preservando-se, contudo, o acrônimo que a
identifica há mais de 40 anos. 4.17 Mesa-redonda
A cada dois anos, a ANPUH realiza o Simpósio Na- Debate sobre um tema a partir de pontos de vista
cional de História, o maior e mais importante evento da diferentes. Cada expositor tem o mesmo tempo para
área de história no país e na América Latina”. Extraído do exposição. É possível fusões como, por exemplo, a
Site da ANPUH, http://www.anpuh.org, em 12/01/2009, presença de um expositor e um debatedor (comenta a
às 12:35h. fala do expositor). Em seguida, a platéia formula inter-
pretações, dúvidas e questões gerais ou direcionadas
4.13 Conferência aos palestrantes.
Comumente confundida com palestra, é uma ex-
posição feita por uma pessoa de destaque na área. Na
maioria das vezes, não há participação da plateia após
4.18 Painel
a exposição. Apresentação de trabalhos correlacionados e com
a participação de um número maior de participantes,
com um tempo menor de exposição.
4.14 Palestra
É uma exposição feita por uma pessoa. Geralmente,
após concluída a argumentação do palestrante, a pla- 4.19 Pôsters
teia tem o direito de propor questões, apontar dúvidas, São apresentações de trabalhos de pesquisa a partir
expressar discordâncias, etc. Com variação a depender de um mural, com imagens, fotos, gravuras, quadros e
do evento, é importante que o palestrante fale entre 20 textos resumidos. O responsável ou a equipe esclarece
e 40 minutos (no máximo). Ao longo do tempo em que questões ao público. Em muitos eventos, as comuni-
o expositor fale, quem está no lugar de fala de plateia cações são permitidas para quem tiver a titulação de,
deve se manter em silêncio. Após a conclusão do ora- no mínimo, especialista. Assim, geralmente os pôsters
dor, observações, perguntas ou discordâncias podem são designados para alunos de graduação.
ser formuladas de modo sintético não ultrapassando
três minutos.
HISTÓRIA
2. Para inscrição na Sessão de Pôsteres, o estudante deve pre-
encher o formulário on-line apropriado a esta modalidade;
3. Cada Pôster deverá medir 90 x 60 cm e apresentar a
identificação do(a) Graduando(a); a Instituição; o(a) Prof.
(a) Orientador(a), e o Título do Pôster;
4. O Pôster deverá, obrigatoriamente, ser fixado e retirado
pelo participante no dia e local definidos. É responsabili-
dade do Participante verificar estas informações na página
do evento;
5. Os resumos dos Pôsteres serão avaliados pela Comissão
Organizadora e pela Comissão Científica para fins de expo-
sição no evento. Caso o trabalho não seja recomendado, o
proponente terá sua inscrição automaticamente convertida
para a categoria de ouvinte. Não haverá devolução do valor
de inscrição;
6. Os Pôsteres aceitos serão divulgados na página do evento
na segunda quinzena de março;
7. 7. No formulário de inscrição, clicada a opção “apre-
sentador de Pôster”, duas caixas podem ser visualizadas
— uma para a inclusão do título do trabalho e outra para
inclusão do resumo. O título pode ter até 200 caracteres
(com espaços) e o resumo até 1300 caracteres (com
espaços). Extraído de http://www.snh2009.anpuh.org/
conteudo/view?ID_CONTEUDO=153, consultado em
10/01/2009, às 23:37h.
Extraídodehttp://www.snh2009.anpuh.org/conteudo/view?ID_
CONTEUDO=153, consultado em 10/01/2009, às 23:37h.
http://images.google.com.br/ que o Google pesquisa pesquisar ou mude a palavra-chave para ser mais
imagens. Quando o site abrir, basta digitar um assunto específico. Se o interesse for “movimento estudantil
e clicar em pesquisar. e ditadura militar brasileira”, pode modificar a palavra-
chave de busca. Neste caso, o número de páginas
diminuirá para 37.200. Embora continue um número
alto, é um exemplo do quanto especificar um tema pode
HISTÓRIA
refinar mais a pesquisa.
EXERCITANDO
ESCREVA “DITADURA MILITAR” E CLIQUE EM “PESQUISAR
IMAGENS”
5.3 Pesquisa bibliográfica e leituras comple- A página 1 apresenta uma lista de referências. Ob-
mentares servemos:
O Google acadêmico (http://scholar.google.com. Acadêmico Todos os artigos - Artigos recentes
br/) é um site de busca mais refinada. Sua base de [LIVRO] Estado militar e educação no Brasil (1964-
pesquisa se concentra no espaço acadêmico. Assim, 1985)
lista livros, artigos, comunicações, resenhas e autores JW Germano - 1992 - Editora da UNICAMP
HISTÓRIA
N Miranda, C Tibúrcio - 1999 - Editora Fundacao Per- Já no final da página, haverá o item “página de
seu Abramo resultados”.
Citado por 26 - Pesquisa na web
HISTÓRIA
Principais autores: B Kucinski - E Gaspari - J Ger-
mano - O Ianni - J Gorender
Note que esta página indica vários livros gerais (Dita- Este item apresenta o número de páginas com re-
duramilitar,esquerdasesociedade;Históriaindiscretada ferências de 10 em 10. Você pode clicar em qualquer
ditadura e da abertura: Brasil: 1964-1985; O golpe de 64 e número, em qualquer ordem ou então na tecla Mais
a ditadura militar), específicos (A resistência da mulher à (neste caso, esta tecla te levará para as páginas de 11
ditaduramilitar;Movimentoestudantileditaduramilitar)ou a 20, e assim sucessivamente até chegar ao número
marcados por recortes a partir de problemáticas sugeridas total de páginas encontradas, a saber, 32.100, conforme
pelo título (“Além do golpe: versões e controvérsias sobre figura 1 do Google).
1964 e a ditadura militar”discute diferentes interpretações
sobre os temas, além de outras obras). Cliquemos na página 2. Olhe o que aparece:
livro para quem não fez a aquisição. Para ler todas as páginas do da ditadura militar: espionagem e polícia
e-book, é necessário comprá-lo nos sites. política
... DITADURA MILITAR NO BRASIL (1968-1984): azul. Como foi dito acima, isso significa que são artigos
ENTRE A ADESÃO EA RESISTÊNCIA 1 ... A cujo conteúdo encontra-se disponível para leitura pela
“modernização” – mote da ditadura militar – tinha internet. Clique neles para averiguar.
chegado para ficar. ... Pelas razões e exemplos expostos, é possível usar
Citado por 12 - Ver em HTML - Pesquisa na web estas ferramentas de busca para pesquisa bibliográfica
e leitura de artigos.
HISTÓRIA
HISTÓRIA
biográfico-histórico que podem ser acessados
gratuitamente.
c. Cursos de Graduação e Programas de Pós-
Graduação – são canais importantes para co-
nhecimento da grade curricular de cursos afins
em outras universidades. Ao mesmo tempo,
diversos programas de pós-graduação organizam
catálogos com títulos das dissertações e teses
defendidas nos respectivos programas. Isso
facilita mapear bibliografia. Há ainda casos em
que muitos textos encontram-se disponíveis para
consulta, através dos bancos de teses digitais.
Navegando e pesquisando
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HISTÓRIA
E-mail: egba@egba.ba.gov.br