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MOVIMENTOS SOCIAIS (305)

Os movimentos sociais representam um dos mais importantes agentes de


transformação social de nosso tempo. Segundo a socióloga brasileira Maria da Glória Gohn,
eles podem ser definidos como ações coletivas promovidas por grupos que se organizam para
expressar diversas demandas e produzir mudanças sociais. A forma de organização dos
movimentos sociais pode variar, mas eles apresentam algumas características básicas, como:
são formados por uma coletividade, possuem objetivos e identidades em comum, têm um
opositor, apresentam continuidade e oferecem um projeto alternativo de vida em sociedade.
Os objetivos e as ações dos movimentos sociais são construídos com base nas
demandas específicas de grupos e tendem a variar de acordo com fatores históricos, sociais e
culturais. Esses grupos, a partir de suas reivindicações, criam ações para dar visibilidade às
suas causas e exercer pressão política em favor delas, como organizar marchas, protestos e
projetos educativos.
Muitos movimentos lutam pela transformação da realidade social por meio do
questionamento das instituições, que podem ser o Estado, as relações econômicas, as forças
produtivas, as tradições, as culturas ou as legislações vigentes. Nesses casos, os movimentos
confrontam e pressionam a ordem estabelecida e, por meio da organização coletiva,
reivindicam as mudanças que julgam ser necessárias. O movimento dos trabalhadores é um
exemplo de ação coletiva que tem em seu cerne o questionamento do poder do Estado, das
relações de produção e da organização social decorrente dela.
Os movimentos podem assumir também um caráter político quando pretendem criar
mecanismos que alterem as formas pelas quais as pessoas participam da vida política. Na
Espanha, o partido político “Podemos”, por exemplo, nasceu a partir do Movimento dos
Indignados, também conhecido como 15-M, data de sua primeira grande manifestação em
Madri, no dia 15 de maio de 2011. O movimento surgiu em resposta à crise econômica
iniciada em 2008 e questionava a representatividade política, o sistema financeiro espanhol, a
pobreza, as desigualdades sociais e a corrupção no país.
Por outro lado, existem grupos organizados que lutam pela manutenção da ordem e
do poder estabelecido, atuando como forças de resistência às mudanças sociais. Um exemplo
disso ocorreu em 2017, na cidade de Charlottesville, no estado da Virgínia, nos Estados
Unidos. Grupos de supremacistas brancos de diversas partes do país organizaram uma marcha
para protestar contra os direitos conquistados pelas minorias, como negros, homossexuais e
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imigrantes. Marcada por atos de Violência, a marcha acabou com a morte de uma pessoa e
dezenas de feridos.
Ao longo da história, os movimentos sociais foram importantes mecanismos para que
grupos minoritários pudessem denunciar suas condições de vida e reivindicar o acesso aos
direitos sociais, políticos e econômicos muitas vezes negados. As questões levantadas por
muitos desses movimentos, como o feminista, o negro, o LGBT e o ambiental, por exemplo,
foram imprescindíveis para a reconfiguração de inúmeras políticas, além de terem contribuído
para a revisão de direitos em muitos países democráticos. No Brasil, durante a Assembleia
Constituinte, os movimentos sociais tiveram uma atuação fundamental na elaboração da
Constituição Federal de 1988. Com suas denúncias, críticas e reivindicações, conseguiram
garantir a inclusão de direitos até então inexistentes, como a igualdade jurídica e formal entre
homens e mulheres, os direitos dos povos indígenas e o direito à moradia, ao trabalho, à
liberdade religiosa e à assistência social.
As questões levantadas pelos movimentos sociais têm contribuído diretamente para a
construção de sociedades diversas, multiculturais e mais inclusivas. Por meio de suas críticas,
denúncias e lutas contra a exclusão social e a marginalização de muitos grupos, os
movimentos sociais viabilizaram a emergência de novos valores e discursos sobre justiça,
solidariedade e igualdade nas sociedades contemporâneas. Além disso, passaram a ser
importantes agentes na defesa da cidadania e na promoção dos Direitos Humanos em várias
partes do mundo.

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