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Atividade Psicopatologia I

Alunos:

1) Estudo de Caso P

Paciente do sexo feminino, 31 anos, solteira, mãe de quatro filhos. O filho mais velho tem sete anos
e mora com o pai, enquanto outro tem três anos e mora com a mãe. Na ocasião de sua admissão no
serviço hospitalar havia dado à luz gêmeas que contavam com sete semanas de vida. É balconista de
padaria e manicure, afastada dos empregos em decorrência de sua última gravidez. Pernambucana,
mora em Brasília há 15 anos. Cursou o ensino médio incompleto e afirma ter interrompido os estudos
após mudar de Estado. No período escolar foi reprovada três vezes por “desinteresse”.
Segundo relato da acompanhante em consulta, sua amiga, apresentou alteração de comportamento
uma semana antes da Internação hospitalar, quando passou a se isolar em casa com os filhos,
trancando todas as portas e janelas. Começou a descuidar das crianças e desenvolveu
persecutoriedade em relação à amiga.
De acordo com a própria paciente, visitou três meses antes da internação um “centro de macumbaria”
com o objetivo de conseguir um pai para os seus filhos, uma vez que o reconhecimento da paternidade
estava sendo discutido num processo legal. Após o nascimento das crianças, passou a acreditar que o
“trabalho de macumba” havia falhado e por isso estaria a ouvir vozes e ver os vultos de “espíritos
malditos”. Também por isso seu filho de três anos estaria “possuído pelo coisa ruim” e que finalmente
as gêmeas seriam “filhas do diabo”. A paciente relatou também que sua vizinha (a acompanhante)
estaria possuída pela “pomba gira” e que tinha muito medo de todas as pombas da rua pois as sentia
“passando” por seu corpo. Na ocasião de sua admissão no pronto socorro do hospital psiquiátrico,
apresentava-se com péssimos cuidados de higiene, atitude geral esquiva, olhar fixo com pouco
contato visual com o entrevistador, humor instável, discurso desconexo, delirante de conteúdo místico
religioso, com latência aumentada de
resposta, aparente alteração alucinações.
Segurando uma das filhas no colo com muita força. Ausência de crítica em relação ao seu quadro.
sofreu internação involuntária devido ao risco que apresentava a si e às crianças, que foram então
conduzidas ao conselho tutelar.
A paciente realizou pré-natal e nega qualquer tipo de intercorrências durante a gestação e o parto
cesariano. Nega alterações psicóticas prévias, inclusive em suas outras gestações. Negou também
alergias e outras doenças clínicas. Era tabagista e fazia uso esporádico de álcool, interrompendo
ambos no início da gestação. Nega uso de drogas ilícitas.
Referiu que a mãe tinha “problemas de cabeça”, e que por ter experimentado uma crise depois de sua
gravidez acabou não a criando. Tem pouco contato com sua família e não soube detalhar o quadro da
mãe. Esteve internada por sete dias na enfermaria feminina do hospital psiquiátrico com melhora
gradativa. Durante o período de internação fez uso regular de haloperidol 5mg/dia, prometazina
50mg/dia e lamotrigina 25mg/dia. Recebeu alta apenas com redução da prometazina para 25mg/dia.
Em tratamento regular e sem reincidência dos sintomas até a última anotação ambulatorial, feita dois
meses após a alta. Comunicou em sua última consulta ter entregado as gêmeas, então com quatro
meses de idade, para adoção.
Questões:
1- Quais os tipos de alterações psíquicas estão presentes no transtorno examinado?
2- Quais funções psíquicas estão presentes?
3- Qual possível diagnóstico?
2) Estudo de Caso

J.S. Martins, 44 anos, casado, lavrador,natural de Carangola,estado de Minas Gerais. Foi


encaminhado ao manicômio judiciário Heitor Carrilho, para exame especializado, em virtude de
praticado agressão, à mão armada, a policiais que montavam guarda no Palácio Monroe.

Segundo versão do Ministério Público, J.S. foi qualificado pelo seguinte ato delituoso: “no dia 15 de
setembro de 1960, cerca de 8 horas e 55 minutos, na praça Paris, Jardim do Senado, o denunciado,
armado de punhal, agrediu o soldado J.V.S. ferindo-o, não consumando o homicídio que intencionava
por circunstâncias alheias à sua vontade. Estando assim, incurso nas penas do art. 121 c/c art. 14,
inciso II, do Código Penal.”

Versão do acusado: declara ao examinador que procurava o Palácio do Catete, quando foi por policiais
que o queriam afastar de seu objetivo; reagiu agredindo-os a faca e posteriormente, ameaçou-os com
uma garrucha que portava. Conta que um dos policiais atirou-lhe no braço, sob a influência de Cristo
e,a seguir, o desarmou.

Trazido a presença do médico, J.S. disse logo no inicio do interrogatório clínico, que era deus do
mundo e, em consequência vem sofrendo perseguição permanente de todas as pessoas sob o domínio
de Cristo. Acredita-se completamente em conflito com Cristo, pois ambos querem o domínio do
mundo. Como, entretanto, apenas existe um mundo, Cristo tenta por todos os meios transformá-lo em
diabo. Com este objetivo, procurou tonteá-lo com uma dor que lhe foi introduzida na barriga (sic). O
examinado, para se defender teve de apertar os braços em torno da cintura e assim permaneceu
durante três dias seguidos, impossibilitando até mesmo de fazer as próprias refeições. O atual
Presidente do Brasil, que se encontrava presente no local, apostou na vitória de Cristo. Assim, J.S.
veio ao Rio para cobrar-lhe a dívida. Teve de viajar a pé de Carangola ao Rio, pois o presidente havia
dado ordens às empresas de ônibus para não o conduzissem. Em Muriaé, ouviu a transmissão pelo
rádio de que Jesus Cristo, havia contratado um indivíduo para aniquilá-lo. “Cristo não pode me matar
porque, assim, acabará o mundo”. Pretende destruí-lo, ou seja inutilizá-lo para qualquer trabalho.
Relata, que cristo influencia pessoas, como o soldado que lhe atirou no braço, assim como irradia
doenças e dores, que não o atinge porque ele detém todo energia do mundo. O examinado relata ainda,
que o mundo não existiria se não fosse a sua proteção. Atualmente, na cela que ocupa neste
manicômio judiciário, recebe a visita de Nossa Senhora e de vários outros santos que estão do seu
lado(sic).

Questões para discussão:

1. Que tipos de alterações psíquicas estão presentes no transtorno do examinado?

2. Quais funções psíquicas estão presentes?

3. Qual possível diagnóstico?

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