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PROCESSOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS

PROCESSO PRIMÁRIO — LEIS DO INCONSCIENTE


(Tallaferro, 1996, pp. 42-44) O inconsciente tem seus modos próprios de atuar, que constituem
em conjunto o que Freud chamou processo primário. São eles:

a) Ausência de cronologia;
b) Ausência de conceito de contradição;
c) Linguagem simbólica;
d) Igualdade de valores para a realidade interna e a externa (supremacia da interna);
e) Predomínio do princípio do prazer.

a) Ausência de cronologia: No inconsciente a cronologia não existe, e tampouco nos sonhos.


Todas as tendências são vividas pelo inconsciente no tempo atual, inclusive quando se referem
ao passado ou ao futuro. Os acontecimentos mais longínquos continuam atuando no
inconsciente de um modo invariável, com tanta atualidade como se tivessem acabado de
ocorrer. Por exemplo: Um paciente de 35 anos lutava inconscientemente e com grande
tenacidade contra a autoridade paterna, apesar de seu pai ter falecido quando ele tinha apenas
8 anos de idade.

b) Ausência de conceito de contradição: O inconsciente também não tem um conceito definido


de contradição. Inconscientemente pode-se viver ao mesmo tempo sentimentos de ódio e de
amor por uma mesma figura, sem que um desloque ou anule o outro, nem mesmo
parcialmente. O inconsciente não sabe dizer não e quando necessita dar uma negativa deve
enunciá-la recorrendo a outros elementos, talvez a uma anestesia, se o que ele quer é “não
sentir”; ou uma paralisia, se o que deseja é: “não quero” .

c) Linguagem simbólica: Quando o inconsciente tem algo a dizer, expressa-o utilizando


símbolos. Um exemplo são os sonhos.

d) Igualdade de valores para a realidade interna e a externa (supremacia da interna): A


realidade interna tem tanto valor ou mais do que a realidade externa . O psicótico, por exemplo,
que crer ser milionário, vive uma realidade interna mais válida do que a externa; está
convencido de que comprou todos os rios e campos do país e, num gesto de generosidade,
presenteia um amigo com duas fazendas e um outro com um rio inteiro.

e) Predomínio do princípio do prazer: O homem normal aprende a esperar a fim de conseguir a


satisfação das pulsões; em contrapartida, o neurótico e o psicótico, que se encontram
dominados pelo processo primário, não podem suportar o desprazer, pois as tendências do
inconsciente buscam sua satisfação, sem preocupar-se com as consequências que ela possa
apresentar.
PROCESSO SECUNDÁRIO — LEIS DO PRÉ-CONSCIENTE
(Tallaferro, 1996, p. 46) Assim como o sistema inconsciente, também o pré-consciente tem leis
próprias que constituem o chamado processo secundário, são elas:

a) a elaboração de uma sucessão cronológica nas representações;


b) a descoberta de uma correlação lógica;
c) o preenchimento de lacunas existentes entre ideias isoladas;
d) a introdução do fator causal, ou seja, relação de coexistência e sucessão entre os
fenômenos: relação causa-efeito.

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE:

Pessoas debilitadas emocionalmente sempre manifestam sentimentos, atitudes e


pensamentos negativos, podendo desenvolver transtornos de personalidade.

Transtorno obsessivo: Também chamado de transtorno anancástico, é caracterizado por


sentimentos de perfeccionismo, dúvidas, impulsos repetitivos, obstinação, organização,
detalhismo, fixação por horários e regras.

Transtorno paranóide: Caracterizado por sentimento de desconfiança, enganação, recusa a


perdoar deslizes e insultos, distorção a falas e fatos e fanatismo.

Transtorno esquizóide: Caracterizado por desinteresse social, isolamento, desinteresse por


relações íntimas, emocional frio e distante, indiferença a críticas e elogios e incapacidade de
expressar sentimentos.

Transtorno dissocial: Também chamado de transtorno anti-social, é caracterizado por desprezo


aos direitos alheios, impulsão, enganos, mentiras, intolerância a frustrações, comportamento
fantasioso, incapacidade de assumir culpas, amoralidade e psicopatia.

Transtorno boderline: Também chamado de transtorno com instabilidade social, é caracterizado


por reações imprevisíveis, agressivas e explosivas, alterações de humor, perturbação da sua
imagem, comportamento autodestrutivo e gestos suicidas.

Pessoas que se fixam em suas limitações, seus conflitos, suas deficiências e frustrações acabam
por desenvolver algum transtorno de personalidade que reduz consideravelmente sua
personalidade inicial. Os transtornos de personalidade podem ser tratados através de
psicoterapia e de psicanálise.
https://mundoeducacao.uol.com.br/psicologia/personalidade.htm

CAPÍTULO 7 — ESTRUTURA ADOECIDA:


NEUROSE HISTÉRICA E NEUROSE OBSESSIVA.
Neste Capítulo: Aprofundamento do conceito de neurose dentro do campo psicopatológico.
Neurose Histérica e Neurose Obsessiva.

A HISTERIA NO SÉCULO XXI


Texto de (Fioravanti, 2005), “As máscaras da Histeria”, adaptado.

Na manhã de 21 de novembro de 2001, a neurologista Carmen Lisa Jorge analisou as imagens e


o eletroencefalograma de duas crises supostamente epilépticas que Visconde Oliveira havia
apresentado na madrugada anterior. “Definitivamente, ele não tem epilepsia”, concluiu. O
homem de 47 anos estava havia dois dias em um quarto ao lado, diante de uma câmera que
registrava sua imagem sincronizada ao eletroencefalograma. Os 29 eletrodos que
permaneceram todo o tempo fixados em sua cabeça acompanhavam a atividade de seu cérebro,
mas em momento algum registraram as descargas elétricas que caracterizam a epilepsia. A
constatação livrou-o da cirurgia que os médicos cogitavam fazer como forma de aplacar as
convulsões que haviam começado 17 anos antes, durava de meia a uma hora e só terminavam
com um desmaio. A medicação — em doses crescentes, já que as crises não cediam — o fazia
dormir quase o tempo todo e deixava-o com medo de sair de casa. Três dias mais tarde, Luiz
Henrique Martins Castro, o médico responsável pela unidade do HC em que se realizam esses
exames, comentou: “Seu Visconde, o que o senhor tem é outro tipo de crise, de origem
emocional. Suas crises podem resultar de algum conflito, recente ou não, que nem sempre é
consciente. O senhor precisa agora de tratamento psicológico”. Depois de começar o
tratamento psicológico, Visconde nunca mais sentiu os fortes tremores que o jogavam ao chão.
Segundo a psicanálise, a histeria é uma expressão corporal inconsciente de conflitos
psíquicos e de um sofrimento emocional intenso, como se o próprio corpo fosse um vulcão que
deixasse a lava escorrer continuamente, à espera de uma erupção que parece que nunca vai se
concretizar. Freud chamou de “conversão” esse mecanismo por meio do qual conflitos
reprimidos e não expressos encontram uma expressão corporal. A conversão é um mecanismo
inconsciente de defesa que procura evitar o sofrimento.
Sobre o quadro, os psicanalistas chamam de histeria, os neurologistas de distúrbio
conversivo e os psiquiatras de transtorno dissociativo-conversivo (em nenhum dos casos existe
razão biológica para causar os sintomas). No HC paulista, a equipe de neurologia encaminhou 35
pessoas à divisão de psicologia, mas algumas interromperam o tratamento e outras nem
começaram. Predominam as mulheres, que respondem por 23 casos, com raros homens, entre
eles o senhor Visconde Oliveira. As mulheres com histeria contam que os ataques em geral
começam com um calor que sobe pelo corpo e rapidamente chega à cabeça. As convulsões
fazem tremer o corpo todo e as levam ao chão. Logo depois não veem mais nada, desmaiam e,
ao acordarem não se lembram de nada.
De acordo com o estudo do Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology, pelo menos
60 mil pessoas devem apresentar crises não epilépticas de origem emocional no Brasil, ainda
que sejam tratadas geralmente como epilépticas. A experiência acumulada e o trabalho
conjunto dos profissionais da saúde estão revelando o perfil de quem carrega essas formas de
sofrimento que faz perder o controle dos movimentos. “As pessoas com crises têm dificuldade
para verbalizar as angústias que sentem”, comenta Gerardo de Araújo Filho, psiquiatra da
Unifesp. “Suas relações pessoais são marcadas por chantagens e pela teatralidade”. Enquanto as
pessoas com epilepsia têm convulsões em qualquer lugar e a qualquer hora, até mesmo
dormindo, homens e mulheres com histeria parecem intuir as circunstâncias mais adequadas,
como se precisassem de plateia ou de atenção.
Freud, discípulo de Charcot no Hospital Salpêtrière, estudou febrilmente a histeria até
concluir que as convulsões resultavam de processos inconscientes que desapareciam quando os
conflitos se tornavam conscientes. Freud dizia que a histeria está associada à sexualidade, não
só das mulheres, mas também dos homens. “Podemos compreender as constantes visitas dos
histéricos aos hospitais, como um contínuo apelo para que a mãe volte a cuidar deles e para
que ela redescubra o corpo do bebê como algo agora desejável”, escreve Bollas.
Freud mostrou que a origem da histeria encontra-se na repressão sexual. Segundo
Freud, a sexualidade é mais ampla que a atividade sexual em si, transcendendo a função
biológica de preservação da espécie e compreendendo todo o circuito de prazer e de desprazer
que envolve o desejo e a experiência humana. De acordo com a psicanálise, a organização
histérica, entendida como um modo de funcionamento psíquico, caracteriza-se por uma busca
permanente, incansável e inconsciente de uma pessoa em ser o objeto do desejo de outra
pessoa. É por causa dessa relação que estabelece com o desejo do outro que os tremores e os
desmaios das histéricas nos braços de Charcot podem ser compreendidos como expressões de
uma entrega incondicional ou um supremo gesto de amor, ainda que à custa da renúncia da
própria identidade ou de danos à saúde. “O que na histérica se apresenta como identidade é,
na verdade, uma montagem ou uma caricatura do que ela imagina que o outro espera”, diz
Volich. Uma pessoa com histeria vive sem um lugar próprio, atrelada ao suposto desejo de
outra pessoa. A vida é um vazio insuportável.

NEUROSE E CONFLITO SEXUAL


Extraído do vídeo 1 “A relação do obsessivo e da histérica com o desejo do outro. Lucas Napoli”.

Originalmente, histeria e neurose obsessiva eram expressões utilizadas para designar


transtornos mentais específicos, mas desde o início de sua abordagem sobre estas patologias,
Freud observou que em cada uma delas haveria uma constelação específica de traços de
1
https://www.youtube.com/watch?v=Fhk1SNqzONI acesso em 19/12/2022.
personalidade. Freud observou que, na histeria, para além dos sintomas conversivos e ansiosos,
haveria sempre certo repúdio à sexualidade, ao passo que na neurose obsessiva, para além dos
sintomas obsessivos e compulsivos, haveria quase sempre, um sentimento crônico de culpa. O
psicanalista Frances Jacques Lacan, propôs que Histeria e Neurose Obsessiva, seriam não apenas
categorias psicopatológicas, mas as duas posições subjetivas para uma pessoa neurótica. No
pensamento de Lacan, o neurótico pode ser pensado, como a pessoa que paralisa sua vida,
diante da pergunta: o que o Outro deseja? Empacado diante desta pergunta, o neurótico
constrói uma fantasia fundamental e passa a viver nela. Passa a viver nessa fantasia a fim de se
proteger da constatação de que não há uma resposta definitiva para o mistério do desejo do
Outro.

A FANTASIA FUNDAMENTAL DO NEURÓTICO


OBSESSIVO E DO NEURÓTICO HISTÉRICO
O Obsessivo vive na fantasia de que precisa “ser completo, autônomo, tendo tudo sobre
controle”. Para se proteger da questão relativa ao desejo no Outro, o obsessivo simplesmente
finge que o outro não existe. Isso aparece com muita clareza em análise, quando o terapeuta
assiste o obsessivo se dedicar ao processo analítico, fazendo associações e elaborações, como se
o analista não estivesse ali, como se o analista não existisse. O obsessivo se dedica a tarefa
analítica de elaboração e associação de forma quase totalmente independente, se protegendo
da presença do analista. Por isso é mais difícil ao obsessivo procurar ajuda psicanalítica do que
uma histérica, pois o obsessivo tenta resolver suas questões e problemas emocionais por conta
própria, e mesmo na análise essa tentativa de resolver o problema por conta própria, sem
precisar depender da ajuda do analista será muito presente. O obsessivo está empacado na
questão relativa ao desejo do outro, e para se proteger, ele tenta fingir que o outro não existe.
Quando uma parceira resolve se manifestar como uma pessoa autônoma, com desejos, ele entra
em conflito. Na busca por se proteger da questão “o que o outro deseja?”, fingindo que o outro
não existe, a mulher ideal seria uma mulher “morta”. O obsessivo deseja satisfazer o outro, para
que o Outro não deseje, assim, não reclame de faltar algo.
Na Histeria, para resolver a questão a respeito do desejo do outro, a histérica tenta
encarnar o objeto causa do desejo. A histérica não deseja satisfazer o outro, ela busca fazer o
outro desejá-la. “Se o Outro deseja, logo eu existo, pois eu sou o objeto que faz o outro desejar”.
A insatisfação crônica da histeria é a sensação da falta de algo. Ela precisa que sempre falte algo,
pois encarnando na fantasia o papel de causadora do desejo do Outro, a histérica só pode
sustentar sua própria existência se mantiver o outro no status perpétuo de carência. Por isso
não se entrega, não satisfaz o outro, a fim de manter o outro sempre desejando. Ela precisa se
queixar, demonstrando não estar bom. Seu desejo crônico de insatisfação, serve para manter o
outro desejando. Na análise essa posição se demonstra diferente do obsessivo, que é bastante
colaborativo, entregando interpretações, deduções, presenteando seu analista. Na histeria
ocorre a falta de associações, elaborações, sendo frequente a expressão: “não sei responder”.
Do ponto de vista estrutural, o objetivo é manter o analista (o Outro) desejando, carente, desta
forma a histérica mantém sua existência sendo objeto causador de desejo.
No que concerne às neuroses, uma grande questão para a Psicanálise, além de saber o
como e o porquê uma pessoa cai doente, é desvendar o motivo de a pessoa vitimar-se de
determinada neurose e não de qualquer outra; trata-se do “problema da ‘escolha da neurose’”,
assim como o coloca Freud (1913, 1996, p. 341). O crescimento do sujeito até a idade adulta se
dá em fases que redundam no desenvolvimento completo das funções sexuais e outras funções
do eu. Esse percurso, não raro, envolve percalços e é possível que alguma dessas funções fique
estacionada em determinado estágio – um ponto de fixação – não progredindo até a desejável
maturação. Posteriormente, ao se deparar o indivíduo com um adoecimento decorrente de
alguma perturbação externa, é provável que tal função regrida até aquele ponto onde ficara
fixada (Freud, 1913, 1996). ALCANTARA DESEJO NA NEUROSE OBSESSIVA PG. 24

Estrutura da neurose histérica (sintomas somáticos)


Segundo (Rabelo Et Al., 2016), a histeria é uma neurose que tem como característica
fundamental a conversão somática, isto é: “o recalque de uma ideia para fora da consciência e a
transformação da carga de afeto ligada a ela em sensações físicas de dor ”, podendo ser
denominada também de “conversão”, uma vez que as ideias recalcadas convertem-se em
uma sintomatologia específicamente corporea.
Os sintomas histéricos são conteúdos traumáticos ligados a desejos sexuais que não
conseguiram uma descarga de prazer adequada, e ao tentar transpassar pelo recalcamento em
direção à satisfação na consciência, se transformam em sintomas desagradáveis no corpo do
sujeito. A relação traçada por Freud entre o sintoma e o evento traumático, faz da doença uma
espécie de “arma protetora contra a libido”, contra os desejos inconscientes do indivíduo. Sendo
assim, a dor e o desconforto cumprem o objetivo de “mascarar” a energia por detrás da
manifestação, desviando a atenção do neurótico de seu desejo sexual, para a sensação de dor. É
na histeria de conversão que o afeto se transforma em expressão no corpo, ou seja, que o
sentimento recalcado vai agir no corpo do sujeito.

A neurose histérica de Elisabeth Von R.


Extraído de (Rabelo Et Al., 2016). De acordo com Freud (1893), o caso de Elisabeth Von R.
discorre da seguinte maneira: Elisabeth começou a tratar-se com Freud pela indicação de um
médico. Ela tinha 24 anos e sentia dores intensas nas pernas. Ele passou a investigar a origem da
sua patologia e constatou que ela tinha uma predisposição para dores musculares, porém, a
causa da mesma, não poderia ser somente associada a isso.
A jovem sempre teve uma relação muito íntima com o pai e ele sempre destacava seu
temperamento forte, afirmando que ela era “insolente” e “convencida”, o que fez com que
ocorresse um distanciamento do seu lado feminino. Seu pai morreu doente e Elisabeth tentou
restaurar a felicidade na família, mas logo após sua mãe adoeceu, impossibilitando que isso
ocorresse. Desde então Elisabeth cuidou-a e viram suas duas irmãs se casarem. Ela não gostava
do marido da primeira, mas se apaixonou pelo da segunda e Freud descobriu que suas dores
partiram dessa paixão (FREUD, 1893). [Perceba os traços de insatisfação sexual ao perceber as
irmãs se casando e ela não].
Elisabeth já havia sentindo dores nas pernas antes de conhecer o cunhado pelo qual se
apaixonara, o que leva a crer que elas estejam relacionadas além do desejo de casar-se com ele.
A primeira vez em que ela sentiu essas dores foi quando deixou o pai acamado por um longo
período de tempo para participar de uma festa em que estava o menino que ela gostava. Seu pai
nessa noite piorou e ela sentiu-se muito culpada (FREUD, 1893). [Perceba que, na noite em que
quis ser “livre”, quis sair para conhecer um rapaz, a piora do pai recai sobre ela como um
julgamento por “tentar amar”].
A dor chega ao ápice quando ela começa a gostar do marido da segunda irmã.
Considerando todas as situações da sua vida (doença da mãe, morte do pai, inveja do casamento
da irmã e o modo como era tratada pelo pai), Elisabeth sentiu uma culpa maior do que deveria.
Primeiro porque o pai passou para a filha que ela não conseguiria se casar por causa do seu
temperamento. Segundo porque, se casasse com o cunhado, não poderia assumir a
responsabilidade com a mãe. Terceiro porque é errado sentir inveja da própria irmã e “roubar- “A angústia diante do risco da
lhe” o marido. E por último por sentir uma “satisfação” pela irmã morta (FREUD, 1893). perda do amor do outro é o motor
No caso de Elisabeth é bastante fácil notar que suas dores têm relação com o sentimento das repressões”. (Lourenço LCD e
de que está traindo alguém. (Lourenço LCD e Padovani RC., 2013) explicam que “A angústia Padovani RC., 2013)
diante do risco da perda do amor do outro é o motor das repressões”. No primeiro exemplo
(quando ela sentiu pela primeira vez as dores), ela acreditou que estava traindo seu pai ao sair
para divertir-se enquanto ele necessitava de cuidados. Ela sentia-se imensamente culpada
Freud afirmou que toda neurose
principalmente pelo amor que possuía por ele, por isso sentia-se no dever de cuidá-lo mais do
baseia-se na vida sexual do
que as outras irmãs (FREUD, 1893). A paixão pelo cunhado foi uma junção de sentir que iria trair
paciente. As práticas que
o pai, a mãe e a irmã que tanto gostava, simultaneamente. Essa paixão foi despertada pela atualmente regem a vida do
necessidade que tinha de escapar de todo o sofrimento causado pela sua vida (uma fantasia indivíduo referente à sexualidade
neurótica). Ela acreditava que algo poderia trazer felicidade, e ao ver a irmã no estado em que associam-se a modalidades de
queria estar começou a acreditar que o cunhado resolveria isso. Essa busca pela felicidade está repressão da sexualidade. Esta
altamente relacionada com a morte do pai, onde desde então procura “preencher” o vazio definição, porém, foi suspensa à

criado (FREUD, 1893). medida que Freud desenvolveu as


suas hipóteses sobre angústia.
As características da dor (intensidade, local, posição do corpo para senti-las – em pé,
Então, estabeleceu dois tipos de
sentada) estão sempre vinculadas com seus acontecimentos. Por exemplo: quando sentiu que
neurose: a neurastenia
estava traindo o pai às dores eram menores, mas quando acreditou está traindo (enfraquecimento do sistema
simultaneamente mãe, pai e irmã as dores começaram a se intensificar. Quanto ao local, suas nervoso central) e a psiconeurose
dores tinham ênfase na coxa, onde era o lugar que o pai apoiava a perna para que ela pudesse (histeria e obsessões, como
colocar as ataduras. E por fim, suas dores eram inicialmente em pé, porém, quando descobriu no hipocondria). Pesquisar mais em:
meio de uma viagem que sua segunda irmã estava doente e que teria que voltar às pressas para vittude.com/blog/tipos-de-neurose

casa, as dores se intensificaram na volta. Como ficou muito tempo sentada com as pernas
estendidas passou a sentir dor também quando deitava (FREUD, 1893).
Estrutura Obsessiva (Sintomas Mentais) INCOMPLETO
A questão do desejo está inextricavelmente imbricada na questão da estrutura da
personalidade, pois a implicação subjetiva passa pela invocação do desejo. Sendo assim, a
neurose obsessiva também tem relação com o desejar algo socialmente reprovável. No que se
refere a estrutura obsessiva, diz-se que o “trauma” do sujeito, foi ter sentido prazer com a
situação passada, o que gera culpa. Haverá o recalque, o retorno posterior deste ato lança o
indivíduo em rituais punitivos. Abaixo se explica melhor.
No primeiro tempo, o eu é exposto a experiências traumáticas ativas determinantes,
mas encobertas por um trauma passivo. No segundo tempo, quando a ideia está separada do
afeto e esquecida, uma circunstância a reativa e desperta a reprovação pelo gozo gerado na
vivência traumática do primeiro tempo. Essa reprovação nada mais é que um sintoma primário
de defesa expresso em uma excessiva escrupulosidade presente e pressentida por um caráter
corroído pelo traço inquietante do remorso. Um terceiro momento é tomado pelo retorno do
recalcado, quando a defesa trabalhará para manter o afeto separado da representação, gerando
deslocamentos daquele afeto para ideias substitutas de conteúdo não-sexual.

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