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TRANSTORNO BIPOLAR
Histórico
Cento e cinquenta anos antes de Jesus Cristo, Areteu da Capadócia
escrevia: “[...] alguns pacientes, depois de estarem melancólicos, têm
arroubos de mania [...], assim, a mania é como uma variação do estado
melancólico”. Portanto, na Antiguidade, há indícios de que já se
reconhecia a possibilidade de se alternarem estados melancólicos com
maníacos (embora melancolia e mania naquele contexto não eram
exatamente o mesmo que são hoje). Entretanto, foi apenas no século XIX
que os alienistas passaram a reconhecer com mais clareza o que
chamaram de loucura circular ou loucura maníaco-depressiva, o nosso
atual transtorno bipolar (TB)
CLASSIFICAÇÃO DSM-5
● - Transtorno Bipolar 1
● - Transtorno Bipolar 2
● - Transtorno Ciclotímico
● - Induzido por Substâncias (OBS: Induzido x
Desencadeado)
● - Relacionado a Condições Médicas Gerais
● - Outros Transtornos Bipolares
PREVALÊNCIA
O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) exige, para o diagnóstico de episódio
maníaco, que estejam presentes, na maior parte do dia, por pelo menos uma semana (geralmente duram bem mais
que isso), além de humor elevado (euforia, elação), pelo menos mais três dos sintomas de mania (quatro, se o humor
for apenas irritável) descritos a seguir: 5.Alterações formais do pensamento. Expressam-se como fuga
1.Aumento da autoestima. O paciente se sente superior, melhor de ideias, desorganização do pensamento, superinclusão conceitual,
que os outros, mais potente. tangencialidade, descarrilhamento, incoerência, ilogicidade, perda dos
objetivos e repetição excessiva. Pacientes maníacos apresentam também
2.Diminuição da necessidade de sono. Às vezes, os familiares pensamentos com combinações extravagantes, com irreverência e
referem como insônia, mas, trata-se, de fato, de diminuição do tempo jocosidade.
de sono, sem queixas do paciente (que dorme pouco, de 3 a 4 horas
por noite, sem que isso o afete). 6.Distraibilidade. Atenção voluntária diminuída, e espontânea,
aumentada.
3.1Loquacidade. Produção verbal rápida, fluente e persistente.
7.Aumento de atividade dirigida a objetivos (no trabalho, na escola,
3.2Logorreia. Produção verbal muito rápida, fluente, com perda das na sexualidade) ou agitação psicomotora.
concatenações lógicas, substituídas por associações contingenciais ou por
assonância. 8.Envolvimento excessivo em atividades potencialmente
perigosas ou danosas, como comprar objetos ou dar seus pertences
4.Pressão para falar. Tendência irresistível de falar sem parar, de indiscriminadamente e realizar investimentos financeiros insensatos ou
não conseguir interromper a fala. indiscrições sexuais; há comportamentos sexuais aumentados,
desinibidos, e o paciente se torna particularmente vulnerável a exposições
sexuais de risco (sexo desprotegido).
Outros sintomas, não citados pelo DSM-5 como critérios diagnósticos,
também podem ser encontrados nos episódios de mania, como:
● D. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substancia ou um problema
medico de ordem geral
CONSEQUÊNCIAS DE MÚLTIPLOS EPISÓDIOS
● - Baixa resposta ao tratamento
● - Prejuízo funcional
● - Aumento da morbidade cardiovascular e outras morbidades
clínicas
● - Alterações na estrutura cerebral
● - Aumento das taxas de suicídio
● - Comprometimento da cognição
● - Comprometimento da qualidade de vida
Hipomania (ou episódio hipomaníaco)
A hipomania é uma “forma atenuada” de episódio maníaco que muitas vezes passa despercebida, sem
receber atenção médica ou psicológica. O indivíduo está mais disposto que o normal, fala muito, conta
piadas, faz muitos planos, não se ressente com as dificuldades e os limites da vida. Pode ter diminuição
do sono, mas não se sente cansado após muitas atividades e deseja sempre fazer mais.
Para o DSM-5, a hipomania é muito semelhante à mania, com a ressalva de que o episódio não pode
ser suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional
ou de necessitar de internação (nesses casos, automaticamente o episódio é considerado de “mania”, e
não de “hipomania”). O DSM-5 também exige, para hipomania, um período mínimo de quatro dias (e
não de uma semana, como é o caso do episódio de mania).
O característico da hipomania é que o indivíduo e seu meio não são gravemente prejudicados; a
hipomania não produz disfunção social importante, e não há sintomas claramente psicóticos. Muitas
vezes, a pessoa acometida não busca serviços médicos.
CICLOTIMIA OU TRANSTORNO CICLOTÍMICO (CID-11 E
DSM-5)
Diversos pacientes apresentam, ao longo de suas vidas, muitos e frequentes períodos de poucos e leves
sintomas depressivos (p. ex., sentir-se para baixo, com interesses diminuídos, cansaço) seguidos, em
periodicidade variável, de certa elevação do humor (p. ex., um tanto eufórica, irritável ou com expansão
do Eu e ativação psicomotora). Isso ocorre sem que o indivíduo apresente episódios completos de
depressão. O diagnóstico desses indivíduos, segundo a Classificação internacional de doenças e
problemas relacionados à saúde (CID-11) e o DSM-5, é de ciclotimia, transtorno ciclotímico ou
personalidade ciclotímica. Para a CID-11 e o DSM-5, esses sintomas, com as oscilações de humor,
devem durar no mínimo dois anos, mas geralmente acompanham as pessoas acometidas por toda a vida.
Os períodos depressivos se assemelham à distimia, e, nas fases de hipomania ou de
euforia/irritabilidade (sem necessariamente haver hipomania completa), o paciente tem a sensação
agradável de autoconfiança, aumento da sociabilidade, da atividade laborativa e da criatividade, entre
outras. Ele permanece, aos olhos da maioria das pessoas, nos marcos da “normalidade”, não sendo
conduzido, no mais das vezes, a um tratamento médico e/ou psicológico.
TRANSTORNO BIPOLAR
Em torno de 22 a 40% dos pacientes bipolares apresentam algum TP, sendo os diagnósticos mais frequentes principalmente aqueles do grupo
B: transtorno da personalidade borderline (10-20%), histriônica (7,7%) e narcisista (4,5%). Porém, também se verificam TPs de outros grupos,
como os da personalidade obsessivo-compulsiva (7,4%) e dependente (5%).
CICLAGEM RÁPIDA
Para o diagnóstico do tipo ciclagem rápida, é necessário que o paciente
tenha apresentado, nos últimos 12 meses, pelo menos quatro episódios
bem caracterizados e distintos de transtorno do humor, mania (ou
hipomania) e/ou depressão. Os episódios podem ocorrer em qualquer
combinação ou ordem.
Para dois episódios da mesma polaridade, deve-se verificar
intervalos de pelo menos dois meses de remissão parcial ou total dos
sintomas ou, no caso de episódios de polaridade distinta, guinada para
episódio de polaridade oposta (depressão para mania ou o inverso, sem
necessidade de períodos intermediários de normalidade do humor).
O TB do tipo ciclagem rápida tem surgimento mais precoce, curso
mais longo, mais uso de álcool e substâncias ilícitas e aumento do risco
de suicídio. Estima-se que 26 a 43% das pessoas com TB apresentam ou
apresentarão ciclagem rápida. Não se sabe a causa das ciclagens rápidas,
mas o uso de antidepressivos e o hipotireoidismo favorecem sua
ocorrência. Ela parece ser mais um fenômeno transitório do que um
padrão estável que caracteriza um grupo de pacientes. De toda forma,
implica pior desfecho da doença.
Hipermnésia/Alomnésia
Na síndrome maníaca, observa-se hipermnésia de evocação, um
excesso na quantidade de lembranças recuperadas em um curto
espaço de tempo. Contudo, embora numerosas, essas
recordações costumam ser imprecisas. Tipicamente, o maníaco
se lembra mais de fatos positivos ou que o valorizam, o que
constitui uma hipermnésia seletiva. Por fim, podem ser
encontradas alomnésias ou ilusões de memória, que
representam uma deturpação ou adulteração do conteúdo das
memórias, falsificando o passado para torná-lo grandioso ou de
alguma forma mais favorável.
TB Inteligência e Criatividade
O desempenho em testes de inteligência costuma estar
prejudicado na mania, podendo ou não voltar ao normal após a
crise. O mesmo acontece em relação à capacidade de
imaginação. Contudo, nos episódios de Hipomania, pode
acontecer o oposto, e a criatividade fica exacerbada. De fato,
alguns autores acreditam que haja uma relação entre
Transtorno Bipolar e criatividade.
Caso Clínico
Um homem de 27 anos é levado ao setor de emergência pelos amigos e pelo colega
de quarto. Eles relatam que o paciente não tem dormido nas últimas 3 ou 4 semanas e
que perceberam que ele fica acordado à noite, limpando o apartamento. Adquiriu um
novo computador e um aparelho de PS5, embora o colega de quarto afirme que ele
não tem dinheiro para comprar esse tipo de coisa. O paciente também tem se
vangloriado para os amigos de que dormiu com três mulheres diferentes na última
semana, mas esse não é seu comportamento habitual, e tem estado muito irritável e
explosivo. Tem bebido “um monte de álcool” nas duas últimas semanas, o que não é
caracterí́stico. Os amigos referem não tê-lo visto usar drogas e acreditam que não
tenha problema de saúde nem tome qualquer medicamento que precise de receita.
Não estão a par de história familiar de distúrbios clínicos nem de transtornos
psiquiátricos. Informam que ele é estudante de serviço social.
CASO CLÍNICO
Indicada na:
- Epilepsia (crises parciais e tônico-clônicas)
- Fase Aguda de Depressão Bipolar
- Primeira linha no Tratamento de manutenção.
II - Além dos quadros de mania e de depressão, duas outras formas de apresentação clínicas são também observadas no TB: a
hipomania e os estados mistos, nos quais sintomas maníacos e depressivos estão simultaneamente presentes.
III - A mania e a depressão são síndromes constituídas por alterações afetivo-volitivas, sem alterações cognitivas.
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III
C) Apenas II e III
D) A I, II, III
Questão: Com relação à síndrome maníaca, assinale V ou F
( ) O afeto apresenta períodos longos de estabilidade, o estado de humor se caracteriza por longos períodos de
muita alegria e longos períodos de muita irritabilidade.
( ) A conação, o conjunto das funções psíquicas direcionadas à ação, está aumentada, o que denomina hiperbulia.
A) V-F-V-F
B) V-F-F-V.
C) F-V-V-F
D) F-V-F-V