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PSICOPATOLOGIA II

AULA 04
01/03/2024

As síndromes = conjunto de sinais e sintomas  importante para o diagnostico

Transtorno de Humor e o Suicídio


Humor/tristeza experimentados e sua evolução
LUTO  tristeza muito relacionada à experiencia da perda, que tende a diminuir com o passar
das semanas e meses (duração muito variável, de semanas a vários meses, eventualmente
anos).
Padrão temporal: tristeza ocorre em ondas (“dores do luto”), associada a lembranças da
pessoa perdida
Conteúdo do pensamento: tristeza e angustia mais centradas em pensamentos relacionados à
pessoa perdida
Pensamento típico: “por que não disse à pessoa que perdi o quanto a amava, por que não
convivi mais com ela?”
Fantasias relacionadas a pensamentos suicidas: “gostaria de morrer para me juntar à pessoa
perdida, para revê-la”

DEPRESSÃO  humor deprimido constante que abrange mais que as perdas; humor que
melhora com o passar do tempo (duração variável, mas a média dos episódios fica em torno de
quatro meses)
Padrão temporal: tristeza e desanimo oscilam menos ao longo dos dias (com exceção da
depressão atípica)
Conteúdo do pensamento: ruminações autocriticas e pessimistas abrangentes, não apenas
relacionadas a uma perda
Pensamento típico: “nada na vida vale a pena, eu não sirvo para nada, sou um peso para as
pessoas”
Fantasias relacionadas a pensamentos suicidas: “quero morrer para não sofrer mais”, ou
“quero morrer pois não mereço mais viver, não darei mais trabalho a meus familiares”.
A depressão causa considerável impacto na saúde física e mental e na qualidade de vida das
pessoas acometidas
Os quadros depressivos caracterizam-se por uma multiplicidade de sintomas afetivos,
instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à autovaloração, à vontade e à
psicomotricidade. Também podem estar presentes, em formas graves de depressão, sintomas
psicóticos (delírios e/ou alucinações), marcante alteração psicomotora (geralmente
lentificação ou estupor), assim como fenômenos biológicos (neuronais ou neuroendócrinos)
associados.

1. Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente (CID-11 e DSM-5)


Humor deprimido, anedonia, fatigabilidade, diminuição da concentração e da autoestima,
ideias de culpa e de inutilidade, distúrbios do sono e do apetite presentes por pelo menos duas
semanas e não mais que dois anos de forma ininterrupta
Os episódios podem ser curtos (cerca de 50% dura menos do que três meses) ou longos
Cerca de 15 a 26% das pessoas com depressão maior apresentam um curso crônico de
depressão, com duração de mais de dois anos

2. Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico (CID-11 e DSM-5)


Forma crônica de depressão, muito duradoura (pelo menos dois anos ininterruptos) que pode
ser de intensidade leve (distimia) ou de moderada a grave. Ela começa geralmente na
adolescência ou no inicio da vida adulta e persiste por vários anos.
SINTOMAS: humor deprimido, diminuição da autoestima, fatigabilidade aumentada ou falta de
energia, insônia ou hipersonia, apetite diminuído ou aumentado, dificuldade em tomar
decisões ou em se concentrar e sentimentos de desesperança.

3. Depressão atípica ou depressão com características atípicas (DSM-5)


Subtipo de depressão que pode ocorrer em episódios depressivos de intensidade leva a grave,
em transtornos unipolar ou bipolar. Além de reatividade do humor aumentado (melhora
rapidamente com eventos positivos e piora rapidamente com eventos negativos)
SINTOMAS:
 Ganho de peso ou aumento do apetite (principalmente para doces)
 Aumento do sono (hipersonia, geralmente mais do que 10 horas por dia ou 2 horas a
mais que quando não deprimido)
 Sensação de corpo, braços ou pernas muito pesados (paralisia “de chumbo”)
 Sensibilidade exacerbada a rejeição interpessoal
4. Depressão tipo melancólica ou endógena (CID-11 e DSM-5)
SINTOMAS ENDÓGENOS:
 Perda de prazer ou incapacidade de sentir prazer (anedonia) em todas ou quase todas
as atividades
 Falta de reatividade a estímulos em gral prazerosos

5. Depressão psicótica ou depressão com sintomas psicóticos (CID-11 e DSM-5)


SINTOMAS:
 Como delírio de ruina ou culpa
 delírio hipocondríaco ou de negação de órgãos ou alucinações com conteúdo
depressivos, com vozes que dizem "você não presta", "você vai morrer na miséria" ou
"seus filhos vão passar fome".
As alucinações também podem ter o conteúdo de "punição merecida" ("vou morrer, vou
sofrer, pois mereço isso").
Conteúdo negativo - humor-congruentes (de culpa, doença, morte, negação de órgãos,
punição merecida, entre outros).
Humor-incongruentes (delírio de perseguição, de inserção de pensamentos, autorreferente,
entre outros).

6. Estupor Depressivo ou Depressão com catatonia (DSM-5)


Estado de catalepsia (imóvel; em geral rígido), com negativismo que se exprime pela ausência
de respostas às solicitações ambientais, geralmente em estado de mutismo (não fala com as
pessoas, apesar de estar consciente e não ter afasia), recusando alimentação, às vezes
urinando no leito.
O indivíduo pode, nesse estado, desidratar e vir a falecer por complicações clínicas
(pneumonia, insuficiência pré-renal, desequilíbrios hidreletrolíticos, sepse, entre outras).

7. Depressão ansiosa ou agitada ou com sintomas ansiosos proeminentes (CID-11 e DSM-


5) e transtorno misto de depressão e ansiedade (CID-11)
Marcante componente de ansiedade, tensão e inquietação psicomotora
O paciente se queixa de angústia ou ansiedade acentuada associada aos sintomas depressivos;
sente-se nervoso, tenso, não para quieto; apresenta-se insone; irritado; anda de um lado para
outro, desesperado. Pode ter, ainda, dificuldade para se concentrar devido a muitas
preocupações; tem medo de que algo horrível possa ou irá acontecer. Também pode ter o
sentimento de perda do controle de si mesmo

8. Depressão secundária ou orgânica (Transtorno Depressivo devido a outra condição


médica ou induzido por substância ou medicamento, CID-11 e DSM-5
Associadas a uma doença física, a um quadro clínico primariamente somático, seja ele
localizado no cérebro (p. ex., doença de Parkinson, doença de Huntington, acidente vascular
cerebral [AVC], trauma ou tumor cerebral) ou se é o início de um TB, com episódios futuros de
mania ou hipomania.

Além de:
9. Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual (CID-11 e DSM-5)
10. Depressão mista (DSM-5)
11. Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição médica (incluindo
aqui o transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento) (CID-11 e
DSM-5)

 A depressão pode ser fator de risco para várias doenças e condições físicas. Assim, por
exemplo, o transtorno se associa a maior risco de obesidade, doenças coronarianas,
AVC e diabetes

Depressão em crianças, adolescentes e idosos


Quadros depressivos associados a comportamentos disruptivos (irritabilidade, oposição aos
adultos, agressividade, transgressões) e dificuldades escolares (falta às aulas, impacto no
rendimento escolar).
Os sintomas mais comuns são, além da tristeza (ou dificuldade em sentir-se alegre),
sentimentos de solidão, choro, pouco apetite, descuido consigo mesmo, falta de esperança,
não aproveitar a vida, sentir que tudo é um grande esforço e dificuldades cognitivas. A
depressão em idosos se associa a risco maior de quedas, incapacidades físicas e mortalidade
(elas ficam muito mais evidentes)

Depressão e personalidade
De modo geral, pessoas que apresentam episódios depressivos moderados ou graves tendem
a apresentar o perfil de personalidade, com base no Big-Five, aumentado para neuroticismo
(instabilidade emocional, tensão, tendência à ansiedade, preocupação e autopiedade) e
diminuído para extroversão (propensão à atividade, assertividade, energia, entusiasmo, busca
dos outros, socialização).

CASO RITA:
Torna-se importante, durante a anamnese, avaliar se a paciente apresenta ou já apresentou
outros sintomas, sua duração e intensidade, para que seja realizado o diagnóstico diferencial.
Afastar doenças médicas específicas, como acidente vascular cerebral, esclerose múltipla e
hipotireoidismo (condições clínicas que favorecem o rebaixamento de humor) (APA, 2014).
A tristeza é outro sintoma que precisa ser observado na avaliação clínica. Para isso, torna-se
necessário atentar para a duração (se está presente na maior parte do dia, quase todos os
dias, por pelo menos duas semanas).  depressão persistente
Intervenções Psicológicas
O mais importante é assegurar a sobrevivência da pessoa, acolhendo e explicando a
disfuncionalidade e distorção cognitiva como risco para o suicídio e em seguida encaminhar
para psiquiatria e estabelecer rede de apoio
"você não está sozinha".
Geralmente, as crenças de uma pessoa deprimida estão relacionadas a desamparo, desamor,
inutilidade e incompetência.
A TCC, pode ensinar habilidades cognitivas e comportamentais para que a pessoa deprimida
possa desenvolver crenças mais funcionais.
Aumentar a relação do indivíduo com fontes de recompensas, para que se torne mais ativo e
melhore seu contexto de vida. Com isso, busca atenuar a depressão, impedindo recaídas,
trabalhando diretamente com a mudança de comportamento.

Exemplo de Plano de ação:


Registro de pensamentos disfuncionais (RPD) - mapeamento dos pensamentos, sentimentos e
comportamentos em situações que a deixam mais vulnerável, com a finalidade de trabalhá-los
nas sessões seguintes.
Os pensamentos relatados foram: "Eu não tenho valor, eu nem precisava estar ali",
"Nunca fiz mal a ninguém, mas depois que saí do trabalho passei a desacreditar nas pessoas e
sinto raiva delas"

CASO ROBERTO:
1. Identifiquem quais características (alterações, dificuldades e/ou comportamentos) de
Roberto, preenchem os critérios estabelecidos para o seu diagnóstico;
2. Identifiquem o contexto/condição/intervalo temporal que melhor explica a
organização das alterações identificadas em função das diretrizes (DSM 5 TR).
3. O que vocês devem ou consideraram no caso do Roberto para não reduzir o seu
diagnóstico a apenas uma identificação nosológica?

Transtornos de Humor: A MANIA


A base do Transtorno de humor - a "mania" são sintomas de euforia, alegria exacerbada,
elação (expansão do Eu), grandiosidade ou irritabilidade marcante, desproporcionais aos fatos
da vida e distintos do estado comum de alegria ou entusiasmo que o indivíduo sadio apresenta
em sua vida (Belmaker, 2004).
Nos quadros maníacos:
Aceleração das funções psíquicas (taquipsiquismo); pode haver agitação psicomotora,
exaltação, loquacidade e pressão para falar, pensamento acelerado até fuga de ideias,
aumento da autoestima. O paciente se sente superior, melhor que os outros, mais
potente. Diminuição da necessidade de sono. (Cassidy et al., 1998).
O quadro deve durar pelo menos uma semana, mas a média de duração do episódio
maníaco é por volta de três meses (Goodwin; Jamison, 2010).
Envolvimento excessivo em atividades potencialmente perigosas ou danosas; há
comportamentos sexuais aumentados, desinibidos, e o paciente se torna
particularmente vulnerável a exposições sexuais de risco (sexo desprotegido).
Arrogância - é um sintoma destacável.
Heteroagressividade, geralmente desorganizada e sem objetivos precisos.
Desinibição social e sexual. Leva o indivíduo a praticar comportamentos inadequados
em seu meio sociocultural, os quais não realizaria fora da fase maníaca.

1. Mania franca ou grave


Trata-se da forma mais intensa de mania, com aceleração grave de todas as funções
psíquicas (taquipsiquismo acentuado), agitação psicomotora importante,
heteroagressividade, alterações formais do pensamento (como fuga de ideias ou
desorganização do pensamento), ideias e delírios de grandeza.
Pacientes idosos ou com lesões cerebrais prévias, em fase de mania grave, podem se
apresentar confusos, desorientados, com aparente redução do nível de consciência.

2. Mania irritada ou disfórica


Trata-se de uma forma de mania na qual predomina a irritabilidade, o mau humor, a
hostilidade em relação às pessoas; podem ocorrer heteroagressividade e destruição de
objetos.

3. Mania mista ou mania com características mistas


Sintomas maníacos e depressivos ocorrem conjuntamente ou se alternam no mesmo
dia ou semana.
Quadros mistos, há sintomas maníacos (p. ex., agitação, irritabilidade, loquacidade) e
sintomas depressivos (p. ex., ideias de culpa, desânimo, tristeza, ideias de suicídio)
ocorrendo ao mesmo tempo ou alternando-se rapidamente.

4. Mania com sintomas psicóticos


Trata-se de episódio maníaco grave com sintomas psicóticos:
 Delírio de grandeza ou poder (humor-congruente)
 Delírios de perseguição (humor-incongruente).
 Alucinações
A mania psicótica é um quadro muito grave, com comportamentos bastante alterados,
podendo haver agitação psicomotora e comportamentos disfuncionais perigosos para
o paciente e seu meio social.

5. HIPOMANIA (OU EPISÓDIO HIPOMANÍACO)


A hipomania é uma forma atenuada de episódio maníaco que muitas vezes passa
despercebida, sem receber atenção médica ou psicológica.
 mais disposto que o normal, fala muito, conta piadas, faz muitos planos;
 não se ressente com as dificuldades e os limites da vida;
 pode ter diminuição do sono, mas não se sente cansado após muitas atividades e
deseja sempre fazer mais.
A hipomania é muito semelhante a mania, com a ressalva de que o episódio não pode ser
suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou
profissional ou de necessitar de internação.
O individuo e seu meio social não são gravemente prejudicados; a hipomania não produz
disfunção social importante, e não há sintomas claramente psicóticos.

Em ordem de frequência, nos episódios de mania:


1) sintomas cognitivos e de humor;
2) comportamentos disfuncionais;
3) sintomas psicóticos.

TRANSTORNOS BIPOLAR E RELACIONADOS


 TB tipo 1
Episódio maníaco, que pode ser antecedido ou seguido por episódios hipomaníacos ou
depressivos maiores.
a seguir critérios diagnósticos...

Episódio Maníaco
A- Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou
irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou da energia, com duração
mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou
qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária).
B- Durante o período de perturbação do humor e aumento de energia e atividade, três
(ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor e apenas irritável) estão
presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do
comportamento habitual:
1. Autoestima inflada ou grandiosidade
2. Redução da necessidade de sono (ex.: sente se descansado com apenas três horas de sono)
3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados.
5 Distratibilidade (atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes
ou irrelevantes) conforme relatado ou observado.
6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja
sexualmente) ou agitação psicomotora (atividade sem proposito dirigido a objetivos)
7. O envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências
dolorosas (envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou
investimentos financeiros insensatos).
C- A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo
acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de
hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas, ou existem
características psicóticas
D- O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (ex.: droga de
abuso, medicamento, outro tratamento) ou a outra condição médica
Nota: um episódio maníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (ex.:
medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além
do efeito fisiológico desse tratamento, é evidencia suficiente para um diagnostico de
transtorno bipolar do tipo 1
Nota: Os episódios A-D representam um episódio maníaco. Pelo menos um episódio maníaco é
necessário para o diagnostico de transtorno bipolar tipo 1

Episódio Hipomaníaco
E- Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou
irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia, com duração
mínima de quatro dias consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos os
dias.
F- Durante o período de perturbação do humor e aumento de energia e atividade, três
(ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor e apenas irritável) persistem,
representam uma mudança notável em relação ao comportamento habitual e estão
presentes em grau significativo:
1. Autoestima inflada ou grandiosidade
2. Redução da necessidade de sono (ex.: sente se descansado com apenas três horas de sono)
3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados.
5 Distratibilidade (atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes
ou irrelevantes) conforme relatado ou observado.
6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja
sexualmente)
7. O envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências
dolorosas (envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou
investimentos financeiros insensatos).
G- O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é
característica do individuo
H- A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras
pessoas.
I- O episódio não e suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no
funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo
características psicóticas, por definição, o episodio é maníaco.
J- O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (ex.: droga de
abuso, medicamento, outro tratamento) ou a outra condição médica
Nota: Um episódio hipomaníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (ex.:
medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além
do efeito fisiológico desse tratamento, é evidencia suficiente para um diagnóstico de episódio
hipomaníaco. Recomenda-se, porém, cautela para que 1 ou 2 sintomas (principalmente
aumento da irritabilidade, nervosismo ou agitação após uso de antidepressivo) não sejam
considerados suficientes para o diagnóstico de episódio hipomaníaco nem necessariamente
indicativos de uma diátese bipolar
Nota: Os Critérios A-F representam um episódio hipomaníaco. Esses episódios são comuns no
transtorno bipolar tipo l, embora não necessários para o diagnóstico desse transtorno

 TB tipo 2
Um ou mais episódios depressivos maiores, e pelo menos um episódio hipomaníaco (sem
histórico de mania).
Aumento da irritabilidade, nervosismo ou agitação após uso de antidepressivo.
Critérios diagnósticos: episódio Hipomaníaco e Depressivo Maior

Episodio Depressivo Maior


A- Crise (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo periodo
de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior,
pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou
prazer.
Nota: não inclui sintomas que sejam claramente atribuíveis a outra condição médica.
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por
relato subjetivos (p. ex., sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação
feita por outra pessoa (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes,
pode ser humor irritável.)
2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades
na maior parte do dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo ou
observação).
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., mudança de mais
de 5% do peso corporal em um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos
os dias. (Nota: Em crianças considerar insucesso em obter o peso esperado).
4. Insônia ou hipersonia quase diária.
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outras pessoas,
não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser
delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar
doente).
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias
(por rela subjetivo ou observação feita por outra pessoa).
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida
recorrente se um plano específico, um plano específico de suicídio ou tentativa de
suicídio.
B- Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
C- O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substancia ou outra
condição médica.
Nota: Os Critérios A-C representam um episódio depressivo maior.

 TB Ciclotímico  pelo menos 2 anos de episódios hipomaníacos e depressivos, em


atender critérios para um episódio de mania, hipomania e Depressão Maior isolados.

 TB induzido por outra substancia ou condição médica  associada a um episódio


semelhante às características da mania

Transtorno bipolar em crianças e adolescentes


É importante, para o diagnóstico de episódio de mania antes da puberdade, a presença de
sintomas como euforia, grandiosidade, fuga de ideias ou pensamento acelerado, diminuição
da necessidade de sono e hipersexualidade.
Mas a mania se expressa na infância por sintomas comportamentais comuns, como
irritabilidade, impulsividade, raiva e ataques de birra, concentração ruim, hiperatividade e
dificuldades comportamentais.
Crianças em estado de mania podem se apresentar particularmente alegres, engraçadas além
da medida, mostrar comportamentos imaturos para a idade e ser difíceis de conter pelos pais,
colegas ou cuidadores. Podem ser também extremamente autoconfiantes, iniciando projetos
irrealistas e desafiando os adultos em níveis que podem chegar ao extremo. Em casos graves,
podem também se apresentar destrutivas, abusivas fisicamente e perigosas para si e para os
outros. A irritabilidade, tende a ser frequente nos quadros de mania infantil

CASO ROBERTO:
- Transtorno bipolar tipo 1
- Teve mania grave (descarte do TB 2), não há uso de substancias ativa (não é alterado)
1) Identifiquem quais características (alterações, dificuldades e comportamentos) de
Roberto preenchem os critérios estabelecidos para o diagnóstico;
2) Identifiquem o contexto/condição/intervalo temporal que melhor explica a organização
das alterações realizadas em função das diretrizes.
3) O que vocês devem ou consideraram no caso do Roberto para não reduzir o seu
diagnóstico a apenas identificar uma psicopatologia?
Roberto tem 26 anos e apresenta-se à consulta de rotina referindo estar "muitíssimo bem".
Conta que, nos quatro últimos dias, sente-se muito produtivo, dormindo apenas três horas por
noite e trabalhando intensamente na sua tese de conclusão de curso da faculdade de Direito,
na qual está prestes a se graduar. Está satisfeito com essa rotina, pois anteriormente
necessitava de ao menos sete horas de sono para se sentir restaurado e produtivo. Julga que,
com essa "nova energia", pode ter novas ambições e está convicto de que se tornará um dos
melhores advogados do Brasil, uma vez que também sente seus pensamentos mais ágeis e
contendo um "turbilhão de boas ideias". Durante a consulta, relata suas percepções com fala
acelerada e visível entusiasmo, passando rapidamente de um tópico a outro. Tem dificuldades
de responder as perguntas do seu psiquiatra e seguidamente tangencia os assuntos.
Questionado a respeito dos medicamentos que lhe foram prescritos, revela que está há 10 dias
sem usá-los e explica que os comprimidos acabaram antes da data de renovação de receitas.
Estava em uso de carbonato de lítio 900 mg e risperidona 1 mg, dos quais nega efeitos
adversos, exceto por aumento de apetite e ganho de 4 kg desde que o tratamento foi
instituído.
Seus exames laboratoriais, realizados na quinzena anterior à consulta, revelam nível sérico de
0,6 de lítio, sem alterações de eletrólitos, função renal ou tireoidiana, além de perfil lipídico e
glicêmico dentro dos parâmetros da normalidade. Em seu histórico prévio, Roberto
apresentou, aos 20 anos, outro episódio de diminuição da quantidade de sono, aumento do
nível de energia e pensamentos acelerados com ideias de grandeza. Na época, porém, não
conseguiu se manter produtivo na faculdade. Sua família foi avisada de que Roberto estava
diferente após ele ter tido uma discussão com um professor, durante a qual insistia que
necessitava urgentemente ser posto em contato com algum ministro da Suprema Corte para
transmitir "uma ideia da mais suma importância".
Essa série de eventos culminou em uma internação na unidade de psiquiatria por 23 dias, e o
semestre do curso foi interrompido em consequência disso. Durante a hospitalização, recebeu
diagnóstico de TB do tipo 1, em atual episódio maníaco sem sintomas psicóticos, e recebeu
alta com remissão do episódio e em uso de carbonato de lítio 900 mg e haloperidol 2 mg.
Meses depois, Roberto passou a apresentar sintomas de tristeza, e sua namorada relatava que
ele estava muito pouco comunicativo. Roberto não mais se animava com atividades que
costumavam lhe trazer entusiasmo e queixava-se de dificuldades em concentrar-se nos
estudos. Em diversos dias da semana, sentia-se muito indisposto para sair da cama e acabava
perdendo a aula e outros compromissos, o que lhe trazia um sentimento de inutilidade.
Por conta disso, reprovou em uma matéria e teve desempenho aquém do que esperava nas
demais. Contou que já havia se sentido de maneira semelhante no passado, ao menos duas
vezes, embora não se recordasse com precisão da data ou da duração. Diante do quadro que
se apresentava, seupsiquiatra manteve o uso de carbonato de litio 900 mg, suspendeu o uso
de haloperidol 2 mg e iniciou risperidona 1 mg, prescrição que se manteve até a consulta
relatada anteriormente. Após algum período, Roberto passou a se sentir novamente bem, e
sua namorada disse que ele "voltou a ser como era"
Em seu histórico pessoal, é sabido que Roberto nasceu de parto normal sem intercorrências,
com 40 semanas de gestação e peso adequado, sendo o último filho de uma prole de três. Em
seu desenvolvimento neuropsicomotor, sentou-se, caminhou e falou na idade esperada. Na
infância e adolescência, aprendeu a ler e escrever ainda antes da 1ª série e sempre apresentou
desempenho escolar acima da média. Era descrito como uma criança sociavel e gentil, tendo
vários amigos no colégio e sendo bem avaliado pelos professores. Aos 12 anos, teve
diagnóstico de asma, necessitando fazer tratamento até os 17 anos, quando seu médico
suspendeu o medicamento.
Atualmente, não tem nenhuma comorbidade clínica conhecida. Como histórico familiar de
saúde mental, Roberto tem um tio paterno com diagnóstico de esquizofrenia, e sua mãe faz
uso de fluoxetina por apresentar sintomas de ansiedade. Roberto saiu da casa dos seus pais
quando se mudou de cidade, aos 20 anos, ao ser aprovado no curso de Direito em uma
universidade na capital do seu estado. Não teve dificuldades de adaptação, demonstrando
facilidade em fazer amigos e inclusive participando do diretório acadêmico da faculdade.
Atualmente, mora com a namorada, que conheceu há quatro anos e com quem mantém uma
boa relação. É descrito por seus amigos próximos e familiares como uma "pessoa tranquila",
focada e com "os pés no chão". Tem como metas de vida graduar-se em Direito e ser aprovado
em um concurso público de nível médio ou de nível superior, preferencialmente retornando à
sua cidade natal no interior do estado para ficar próximo à família. Nega uso de substâncias
psicoativas, exceto por consumo de álcool moderado em celebrações.

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