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PSICOPATOLOGIA I

Transtornos relacionados à Afetividade:


Transtornos Depressivos e outros
Transtornos Relacionados

Prof. Fábio de Carvalho Mastroianni


CRP 68423/06
Transtornos relacionados à afetividade – Transtornos Depressivos e de Elação do Humor Aula 2

• Transtornos Depressivos
• Como você descreveria uma pessoa que se encontra em depressão ?

Ambos os manuais destacam características como: humor deprimido,


perda de interesse e prazer, energia reduzida levando a uma
fatigabilidade aumentada e atividade diminuída como as principais
alterações deste tipo de episódio

para se realizar o diagnóstico um período de pelo menos 2 (duas)


semanas se mostra necessário, no entanto períodos mais curtos
podem ser razoáveis se os sintomas são inusualmente graves ou de
início rápido

Se não forem tratados, os episódios depressivos tendem a durar até


9 (nove) meses em média, enquanto que para os episódios maníacos
este tempo, sem tratamento é em média de 3 até 6 meses
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• Episódio Depressivo Maior (EDM)


A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o
mesmo período de 2 semanas e representam uma alteração a partir do
funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor
deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer.
Nota: Não incluir sintomas nitidamente devidos a uma condição médica geral ou alucinações ou
delírios incongruentes com o humor.

(1) humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por
relato subjetivo (por ex., sente-se triste ou vazio) ou observação feita por outros
(por ex., chora muito).
Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável

(2) interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as


atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicado por relato
subjetivo ou observação feita por outros)
(3) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex., mais de 5%
do peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite quase todos
os dias.
Nota: Em crianças, considerar falha em apresentar os ganhos de peso esperados
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• Episódio Depressivo Maior (EDM)


(4) insônia ou hipersonia quase todos os dias
(5) agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outros,
não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento)
(6) fadiga ou perda de energia quase todos os dias
(7) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser
delirante), quase todos os dias (não meramente auto recriminação ou culpa por
estar doente)
(8) capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos
os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros)
(9) pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação
suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano
específico para cometer suicídio.

B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no


funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida
do indivíduo.
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• Episódio Depressivo Maior (EDM)


C. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma
substância (por ex., droga de abuso ou medicamento) ou a outra condição
médica (por ex., hipotireoidismo).

Os critérios A-C representam um Episódio Depressivo Maior, já o Transtorno


Depressivo Maior inclui os dois critérios a seguir:

• Transtorno Depressivo Maior (EDM)


Critérios A, B e C de episódio depressivo, mais:
D. A ocorrência do episódio depressivo não é mais bem explicada por
transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme,
transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro
transtorno psicótico não especificado. (transtornos psicóticos)

E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco.


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• Episódio Depressivo (Gráfico)

Pelo menos 2 semanas


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• Depressão e Luto
• Fatores biológicos, genéticos e neuroquímicos têm importante peso
nos diversos quadros depressivos, do ponto de vista psicológico a
depressão tem uma relação fundamental com as experiências de
perda e de luto

a versão anterior do DSM (IV e IV-R) estabelecia um critério


específico, definindo o tempo para se diferenciar o luto da
depressão, como podia se verificar no critério E:

E. Os sintomas não são melhor explicados por Luto (ou seja, após a perda
de um ente querido, os sintomas persistem por mais de 2 meses ou são
caracterizados por acentuado prejuízo funcional, preocupação mórbida
com desvalia, ideação suicida, sintomas psicóticos ou retardo psicomotor
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• Depressão e Luto
▪ Na edição atual, entretanto, o DSM-5 retirou este critério, incluindo
em uma nota explicativa esta forma de diferenciação:

Ao diferenciar luto de um episódio depressivo maior (EDM), é


útil considerar que, no luto, o afeto predominante inclui
sentimentos de vazio e perda, enquanto no EDM há humor
deprimido persistente e incapacidade de antecipar felicidade e
prazer (...) O conteúdo do pensamento associado ao luto
geralmente apresenta preocupação com pensamentos e
lembranças do falecido, em vez de ruminações autocríticas ou
pessimistas encontradas no EDM.

▪ Para se distinguir um episódio depressivo de outro, ambos devem


estar separados por um período de pelos menos dois meses,
durante os quais o indivíduo não esteve deprimido
▪ O DSM-IV considerava haver o Transtorno Depressivo Recorrente
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• Depressão e Mulheres
• Embora presente em ambos os gêneros, as mulheres experimentam
índices 1,5 a 3 vezes mais altos do que o masculino. Além disso, duas
condições específicas do gênero devem ser levadas em conta:

O período gestacional e o puerpério e a Tensão Pré-Menstrual (TPM)

• Com relação ao período puerperal, estima-se que entre 3% e 6% das


mulheres terão início de um EDM durante a gravidez ou nas semanas
ou meses após o parto

O diagnóstico é feito por meio de um especificador: com início no


periparto. Para tanto, é necessário que os sintomas de humor
tenham ocorrido durante a gravidez ou nas quatro semanas
seguintes ao parto
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• Depressão e Mulheres
• Com relação à tensão pré-menstrual, a discussão e avaliação de
sintomas de alteração do humor neste período ocorrem desde 1987,
na versão do DSM-III-R

Devido à falta de estudos que comprovassem e a discussão em torno


se não caberia ser melhor descrito como um quadro endocrinológico
ou genicológico em vez de saúde mental, decidiram colocar na seção
para estudos posteriores

Na revisão feita na ocasião do DSM-IV em 1994, ainda havia


discussão e contrastes a respeito, porém as pesquisas sobre o tema
se intensificaram cada vez mais, até que em 2013 ...

... O DSM-5 considerou haver respaldo suficiente para a inclusão de


um Transtorno Disfórico pré-menstrual (TDPM)
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• Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM)


A. Na maioria dos ciclos menstruais, pelo menos cinco sintomas devem estar
presentes na semana final antes do início da menstruação, começar a
melhorar poucos dias depois do início da menstruação e tornar-se mínimos
ou ausentes na semana pós-menstrual.

B. Um (ou mais) dos seguintes sintomas deve estar presente:

1. Labilidade afetiva acentuada (p. ex., mudanças de humor; sentir-se


repentinamente triste ou chorosa ou sensibilidade aumentada à rejeição).

2. Irritabilidade ou raiva acentuadas ou aumento nos conflitos interpessoais.

3. Humor deprimido acentuado, sentimentos de desesperança ou pensamentos


autodepreciativos.

4. Ansiedade acentuada, tensão e/ou sentimentos de estar nervosa ou no limite.


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• Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM)


C. Um (ou mais) dos seguintes sintomas deve adicionalmente estar presente
para atingir um total de cinco sintomas quando combinados com os sintomas
do Critério B.

1. Interesse diminuído pelas atividades habituais (p. ex., trabalho, escola,


amigos, passatempos).

2. Sentimento subjetivo de dificuldade em se concentrar.

3. Letargia, fadiga fácil ou falta de energia acentuada.

4. Alteração acentuada do apetite; comer em demasia; ou avidez por alimentos


específicos.

5. Hipersonia ou insônia.

6. Sentir-se sobrecarregada ou fora de controle.

7. Sintomas físicos como sensibilidade ou inchaço das mamas, dor articular ou


muscular, sensação de “inchaço” ou ganho de peso.
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• Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM)


D. Os sintomas estão associados a sofrimento clinicamente significativo ou a
interferência no trabalho, na escola, em atividades sociais habituais ou
relações com outras pessoas (p. ex., esquiva de atividades sociais; diminuição
da produtividade e eficiência no trabalho, na escola ou em casa).
E. A perturbação não é meramente uma exacerbação dos sintomas de outro
transtorno, como transtorno depressivo maior, transtorno de pânico,
transtorno depressivo persistente (distimia) ou um transtorno da
personalidade (embora possa ser concomitante a qualquer um desses
transtornos).
F. O Critério A deve ser confirmado por avaliações prospectivas diárias
durante pelo menos dois ciclos sintomáticos. (Nota: O diagnóstico pode ser
feito provisoriamente antes dessa confirmação).
G. Os sintomas não são consequência dos efeitos fisiológicos de uma
substância (p. ex., droga de abuso, medicamento, outro tratamento) ou de
outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo).
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• Caso Clínico:
Um executivo de 52 anos se apresenta com o humor deprimido,
despertar matinal precoce, energia diminuída, distraibilidade,
anedonia, pouco apetite e perda de peso nos últimos 3 meses. Seus
sintomas começaram logo depois de ter sofrido infarto no miocárdio.
Embora não tivesse sequelas significativas, ele se sente menos
motivado e pouco realizado em sua vida e em seu trabalho,
acreditando agora estar fragilizado. Em consequência disso, não se
esforça como antes e seu desempenho está começando a declinar.

Qual é o diagnóstico mais provável ?

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