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FACULDADE MERIDIONAL

CURSO DE PSICOLOGIA

TRANSTORNO DEPRESSIVO

Alunos: Alex Inocencio, Letícia Diniz, Priscila Manke, Rodrigo Rosa


Professora: Cleoci

Ijuí, 20 de junho de 2022


Introdução

A depressão é um transtorno muito presente nas nossas vidas, ela prejudica nosso

funcionamento cognitivo, altera nossa emoção e consequentemente faz com que nos tenha

comportamentos que nós não teríamos sem ela ou se estivéssemos em um estado mental mais

saudável, ela nos fragiliza e faz com que nós fiquemos indefesos aos acontecimentos ao

nosso redor, também fragiliza nossa capacidade de tomar decisões corretas para o nosso bem

estar e para nossa vida.

Ficamos vulneráveis aos males do mundo e os nossos pensamentos disfuncionais que

de certo modo podem manter a gente nesse ciclo depressivo, ainda podem fazer com que nos

cause mal ao nosso bem estar e saúde.Ela traz grande prejuízo no nosso desempenho social,

afetivo, profissional, além de sobrecarregar também as pessoas mais próximas causando

também grande sofrimento a elas.E está entre os 3 transtornos mentais de maior incidência do

mundo e segundo a American Psychiatric Association (APA) ela afetará de 3 a 5% da

população em geral em algum momento da vida.

A depressão é dividida em vários transtornos depressivos incluem transtorno

disruptivo de desregulação do humor transtorno depressivo maior (incluindo episódio

depressivo maior), transtorno depressivo persistente (distimia), transtorno disfórico

pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno

depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e

transtorno depressivo não especificado. A característica comum desses transtornos é a

presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e

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cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo. O que

difere entre eles são os aspectos de duração, momento ou etiologia presumida.

É uma doença bem importante e infelizmente bastante prevalente, a incidência

diagnóstico de depressão cresceu 40% no Brasil entre o período pré-pandemia e o primeiro

trimestre de 2022, segundo o levantamento Covitel, realizado pela Vital Strategies,

organização global de saúde pública, e pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas),

divulgado 27/04/2022.

A pesquisa ouviu 9.004 pessoas de todas as regiões do país com idade entre 18 anos e

65 ou mais, cerca de 58% dos entrevistados eram mulheres. Segundo a publicação, o

percentual de brasileiros que relataram ter a doença saltou de 9,6% em 2019 para 13,5% no

começo deste ano. O levantamento também indicou maior prevalência dos casos de depressão

em mulheres, grupo que registrou um aumento de 39,3% no número de diagnósticos. Além

disso, a recorrência da doença foi maior na região sul do país. Destaca-se que no período

pré-pandemia a depressão era mais frequente no grupo com idade igual ou maior que 65 anos,

cenário que sofreu mudança significativa no primeiro semestre deste ano, quando foi

observada prevalência semelhante no número de diagnósticos em quase todas as faixas

etárias.

O quadro da depressão é consequência de alterações a nível do nosso sistema nervoso

central, do nosso cérebro, existem diversas teorias que explicam o surgimento, a

fisiopatologia da depressão, uma das principais delas envolve alterações em algumas

moléculas que a gente chama de Monoaminas que são moléculas que os neurônios se utilizam

para se comunicar uns com os outros. Então dessas Monoaminas nós temos a Serotonina,

Noradrenalina e a Dopamina, são nessas Monoaminas que a maioria dos antidepressivos que

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a gente faz uso por via oral vão agir. Depressão é uma doença, existe uma alteração a nível do

cérebro e os sintomas vão ser consequências dessas alterações.

O quadro clínico da depressão vai ser caracterizado basicamente por dois sintomas

cardinais fundamentais que podem acontecer simultaneamente ou apenas um deles variando

de pessoa para pessoa. Os principais, tristeza constante, na maior parte dos dias na maior

parte do tempo e ou falta de Interesse perda de prazer nas atividades do dia a dia a exemplo

de uma pessoa que gostava de andar de bicicleta, o ciclismo passa a não ser mais interessante

pra essa pessoa, não tem mais motivação pra fazer isso, não traz mais prazer, percebe-se uma

mudança comportamental que abre um quadro depressivo.

Outros sintomas que vão se associar a isso, que vão aparecer em algumas pessoas e

outras não, e obviamente com intensidades variadas, são as alterações na concentração, no

sono, no peso tanto para ganho quanto para perda, pensamentos de cunho negativo de culpa,

de inferioridade, de morte, cansaço, fadiga, são vários sintomas que vão acontecer em

algumas pessoas e em outras não, sendo assim se trata de um quadro heterogêneo, pois uma

depressão que ocorre em A não é igual a depressão que ocorre em B, são quadros diferentes

que portanto recebem tratamentos individualizados e personalizados de acordo com as

características de cada um.

Como já dito a depressão é uma doença que tem tratamento e que em muitos casos

esse tratamento vai levar o paciente a cura, e o quanto antes se inicia o tratamento é sabido

que o prognóstico é melhor, quanto antes se inicia é mais fácil de se chegar a remissão a cura.

Transtorno Depressivo

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O transtorno Depressivo e um conjunto de sinais e sintomas de perturbação que estão

atrelados no aspecto cognitivo, afetivo e emocional, comportamental afetando uma ou mais

áreas da vida da pessoa como trabalho relações sociais, vida pessoal se tornando disfuncional,

gerando incômodo com prejuízo, e perda de liberdade.

É um transtorno que afeta o afetivo, o humor com características de tristeza (humor

deprimido), negativismo, baixa auto-estima, sentimento de vazio, falta de vontade de viver e

fazer as suas atividades rotineiras, a alteração mais presente dentro deste transtorno é na

cognição, apresentando perda de memória, atenção, psicomotricidade, lentificação,fala baixa,

fadiga, alterações no sono.

Transtorno Depressivo Maior

Apresenta episódios depressivos maiores, distintos de pelo menos duas semanas de

sintomas presentes e com intervalos. Para ocorrer um diagnóstico de transtorno depressivo

maior deve apresentar duas semanas com no mínimo cinco sintomas ou mais, sendo um

humor deprimido ou perda de interesse. Importante destacar que a o intervalo ou seja a

remissão é de dois meses entre sintomas, ou ter dois sintomas leves.

Transtorno Depressivo Persistente (Distimia) - TDP

O TDP é um transtorno de depressão branda, porém de longa duração, a distimia é

definida como uma tristeza que dura pelo menos dois anos. o TDP é o mais comum entre os

casos de depressão as pessoas que apresentam, geralmente são queixosas e auto críticas, com

um humor deprimido na maior parte do dia, durante vários dias, os adultos geralmente

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apresentam sintomas durante dois anos ou mais, e as as crianças no mínimo um ano,

destacando um humor bem irritável.

Transtorno Disfórico Pré - menstrual - TDPM

Esse transtorno Disfórico ocorre no ciclo menstrual atingindo as mulheres, tendo sua

durabilidade antes do período menstrual. A mudança de humor é uma característica presente

no TDPM, assim como se sentir repentinamente triste e chorosa, com um sensibilidade

aumentada à rejeição. Esse transtorno é muito confundido com a TPM, a semelhança entre

TPM e TDPM é que acontecem e terminam no mesmo período. A diferença é a intensidade

dos sintomas e a natureza mais psíquica dos sintomas de TDPM e mais físicas na TPM. No

TDPM os sintomas são intensos e afetam os relacionamentos.

Prevalência

De acordo com estudo epidemiológico a prevalência de depressão ao longo da vida no

Brasil está em torno de 15,5%. Segundo a OMS, a prevalência de depressão na rede de

atenção primária de saúde é 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno físico. De

acordo com a OMS, a depressão situa-se em 4º lugar entre as principais causas de ônus,

respondendo por 4,4% dos ônus acarretados por todas as doenças durante a vida. Ocupa 1º

lugar quando considerado o tempo vivido com incapacitação ao longo da vida (11,9%). A

época comum do aparecimento é o final da 3ª década da vida, mas pode começar em qualquer

idade. Estudos mostram prevalência ao longo da vida em até 20% nas mulheres e 12% para

os homens. A depressão foi considerada pela Organização Mundial da Saúde como o "mal do

século XXI". Doença silenciosa, ela ainda é incompreendida inclusive por quem sofre do

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problema. Já fala-se sobre uma epidemia de depressão pois ela atinge 10% da população

mundial e esse índice aumenta a cada ano.

Filme: As faces de Helen (2009)

Sinopse Amazon Prime Video:

Ele conta a história de uma mulher, uma professora altamente talentosa, com uma

depressão profunda, que depois de anos de cuidados começa a tentar se defender na casa da

família de um adolescente desaparecido.

O filme mostra de início a vida perfeita que a personagem tem, uma carreira de

sucesso, uma família feliz, o que faz ela se cobrar muito e ser cobrada também para que ela

melhore. É retratado o sofrimento da pessoa que tem depressão, a dificuldade de aceitar o

tratamento, a falta de compreensão das pessoas que convivem ao redor (familiares). Mostra

também as crises de choro na depressão, a angústia, a tristeza, tentativa de suicídio, como a

depressão atrapalha a rotina da pessoa.

Tratamento

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Na década de 60 do século passado, Albert Ellis e Aaron Beck chegaram à importante

conclusão de que a depressão resulta de hábitos de pensamentos extremamente enraizados e

descreveram os conceitos fundamentais da TCC. Beck observou que humor e

comportamentos negativos eram usualmente resultados de pensamentos e crenças distorcidas

e não de forças inconscientes como sugerido pela teoria freudiana. Em outras palavras, a

depressão podia ser compreendida como sendo decorrente das próprias cognições e esquemas

cognitivos disfuncionais. Os pacientes com depressão acreditam e agem como se as coisas

estivessem piores do que realmente são. Esta abordagem enfatizando o pensamento foi

denominada por Beck de "terapia cognitiva " (TC). Atualmente, conta com mais de 300

ensaios clínicos controlados que atestam sua eficácia, sendo a abordagem psicoterápica com

maior amparo empírico.

Assim TC, ou TCC tal como desenvolvida por Beck, é a mais bem pesquisada forma

de tratamento envolvendo qualquer transtorno psicológico. Muitos estudos e metanálises

indicam que ela é efetiva no tratamento da depressão, seja leve, moderada ou grave. Além

disso, a efetividade da TCC na depressão é tão ou mais robusta do que a farmacoterapia ou

outros tipos de intervenções psicológicas (por exemplo, terapia interpessoal ou tratamento de

apoio). A TCC tem tido o benefício adicional notado em muitos estudos: provoca resposta

mais duradoura em comparação com o tratamento farmacológico e pode proporcionar um

efeito substancialmente protetor quanto às recorrências.

Beck et al. observaram que o paciente deprimido elabora sua experiência de maneira

negativa e antecipa resultados desfavoráveis para seus problemas. Esta forma de interpretar

os eventos e as expectativas funcionam como uma espécie de propulsor de comportamentos

depressivos que, por sua vez, ratificam, após nova interpretação, os sentimentos pessoais de

inadequação, baixa auto-estima e desesperança.

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Distorções cognitivas

As distorções cognitivas, compreendidas como erros sistemáticos na percepção e no

processamento de informações, ocupam lugar central na depressão. As pessoas com

depressão tendem a estruturar suas experiências de forma absolutista e inflexível, o que

resulta em erros de interpretação quanto ao desempenho pessoal e ao julgamento das

situações externas.

As distorções cognitivas mais comuns nos pacientes deprimidos foram observadas por

Beck, como um sistema tipológico e, dentre elas, encontram-se a inferência arbitrária

(conclusão antecipada e com poucas evidências), abstração seletiva (tendência da pessoa a

escolher evidências de seu mau desempenho), supergeneralização (tendência a considerar que

um evento ou desempenho negativo ocorrerá outras vezes) e personalização (atribuição

pessoal geralmente de caráter negativo). Uma série maior de distorções é descrita por Beck e

outros. As distorções decorrem de regras e pressupostos, que são padrões estáveis adquiridos

ao longo da vida do indivíduo com depressão. Essas regras e crenças são sensíveis à ativação

de fontes primárias como o estresse e freqüentemente levam a estratégias interpessoais

ineficazes.

Aplicação da terapia cognitiva Comportamental

A TCC da depressão é um processo de tratamento que ajuda os pacientes a

modificarem crenças e comportamentos que produzem certos estados de humor. As

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estratégias terapêuticas da abordagem cognitivo-comportamental da depressão envolvem

trabalhar três fases:

1) foco nos pensamentos automáticos e esquemas depressogênicos;

2) foco no estilo da pessoa relacionar-se com outros;

3) mudança de comportamentos a fim de obter melhor enfrentamento da situação

problema.

Uma das vantagens da TCC é o caráter de participação ativa do paciente no

tratamento, de modo que ele (ou ela) é auxiliado a:

a) identificar suas percepções distorcidas;

b) reconhecer os pensamentos negativos e buscar pensamentos alternativos que

reflitam a realidade mais de perto;

c) encontrar as evidências que sustentam os pensamentos negativos e os alternativos; e

d) gerar pensamentos mais acurados e dignos de crédito associados a determinadas

situações em um processo chamado reestruturação cognitiva.

A TCC é baseada no poder do pensamento realista, isto é, na extensão em que se pode

conhecer a realidade. No tratamento da depressão, este aspecto tem grande relevância clínica,

pois ajuda o paciente a considerar as crenças verdadeiras ou não relacionadas aos fatos,

auxiliando o julgamento realístico dos fatores que mantêm a depressão.

Normalmente a terapia prioriza o atendimento em curto-prazo, com um número de

sessões variando de 6 a 20. As sessões estruturadas auxiliam os pacientes também a

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desenvolverem um senso de controle pessoal, ao aprenderem técnicas para serem "terapeutas

" de si mesmos, contribuem também para a redução do tempo de terapia.

Referências

Powell, Vania Bitencourt et al. Terapia cognitivo-comportamental da depressão. Brazilian


Journal of Psychiatry [online]. 2008, v. 30, suppl 2. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S1516-44462008000600004>. Epub 17 Nov 2008. ISSN
1809-452X. https://doi.org/10.1590/S1516-44462008000600004.

Depressão no Ciclo da Vida Lafer B, Almeida OP, Fráguas R Jr., Miguel EC (editores).
ARTMED, Porto Alegre, 2000.

Rodrigues, Maria Josefina Sota Fuentes O diagnóstico de depressão. Psicologia USP [online].
2000, v. 11, n. 1, pp. 155-187. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0103-65642000000100010>. Epub 15 Set 2000. ISSN 1678-5177.
https://doi.org/10.1590/S0103-65642000000100010.

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