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Caso I:
Diana foi internada em uma clínica psiquiatra porque seus pais relatavam que ela
havia se tornado violenta em relação a eles. Tinha 20 anos e fora observada fitando o espaço
com uma expressão absorta e falando com pessoas invisíveis. Mantinha posturas estranhas e
sua fala tinha se tornado incoerente.
Ela havia sido boa aluna na escola, depois cursou a faculdade de Direito e, um ano
antes da baixa hospitalar, começara a trabalhar num escritório. Sempre havia sido tímida e,
embora fosse bastante atraente, não tinha namorado muito. Outra jovem que trabalhava no
mesmo escritório contava à paciente a respeito de homens e carícias, e começou a exercer
muita influência sobre ela. Sua voz era ouvida pela paciente mesmo estando do outro lado da
sala. Até quando iam para casa, continuava a receber mensagens de vozes que a mandavam
fazer certas coisas. Depois, começaram a aparecer figuras nas paredes. As figuras tinham
nomes – uma delas se chamava timidez; outra, sofrimento; outra, inveja. A amiga mandava
mensagens orientando-a a bater nas figuras nas paredes.
Caso II:
Caso III:
João era um advogado de 45 anos de idade, aflito pela falência de sua firma e por um
casamento em deterioração. Um dia, subitamente desapareceu do escritório para grande
consternação dos sócios. Sua esposa notificou a polícia e uma investigação se iniciou. Um dia
depois, seu carro foi encontrado abandonado e sem gasolina numa área de descanso de uma
rodovia interestadual. Não se teve notícias suas por quase um mês, quando então ele se
apresentou na emergência de um grande hospital em outro Estado, bastante longe de sua
cidade de moradia. João não sabia dizer quem era e por isso foi internado na ala psiquiátrica.
Seu quadro e história foram divulgados na televisão e a esposa o identificou.
Ela foi chamada no hospital e forneceu a história toda para o psiquiatra que o atendia.
O paciente foi confrontado com suas informações, mas permaneceu amnéstico, levando
alguns dias para restaurar seu estado original. Ao reassumir essa condição, foi levado para
casa e hospitalizado em sua cidade, mas continuou apresentando amnésia para seu estado de
fuga. Em consulta com o neurologista, realizou exames físicos e neurológicos, nos quais não
se observou nenhuma alteração.
Caso IV:
Caso V:
Um carpinteiro de 47 anos de idade foi levado para exame psiquiátrico após seus
vizinhos queixarem-se de seus gritos altos e abuso verbal contra sua namorada. O paciente
não concordou com o encaminhamento, mas estava disposto a explicar suas preocupações. A
namorada, revelou ele, estava tendo um caso com alguém, mas ele não tinha certeza de quem
era o intruso. Havia começado a reunir evidências: fios de cabelo encontrados no
apartamento, fotografia de lençóis sujos e itens suspeitos no lixo, todos os quais afirmava
provarem que um caso estava acontecendo. Revelou planos de filmar as atividades da
namorada enquanto estava no trabalho.
Ao revelar que iria mata-la se o caso continuasse, foi internado no hospital. Manteve-
se em tratamento e só voltou pra casa depois que a namorado havia se mudado. Ele ainda
alimentava suspeitas, mas aceitou o fim do relacionamento sem grande oposição.
Caso VI:
José é um comerciante, casado, 72 anos, religioso e pai de uma grande família. Foi
internado no serviço ortopédico de um hospital geral para avaliação de uma dor insuportável
nos pés. Mudou-se do seu país nativo, acompanhando uma migração, quando tinha nove anos
de idade. Durante o ano de mudança, teve que suportar considerável sofrimento físico, falta
de alimentos e espancamentos. Com trabalho duro e incessante, preosperou economicamente;
casou-se com uma mulher paciente e apoiadora e testemunhou seus seis filhos desenvolverem
carreiras promissoras. Dispunha pouco tempo para divertimento pessoal. Com o passar dos
anos, cada vez que ele e sua esposa estavam juntos sozinhos e ela era afetuosa com o marido,
ele logo desenvolvia algumas dores corporais martirizantes: cefaleia de cegar, espasmo grave
nas costas, dor abdominal, ou pélvica. As dores em geral tinham remissão alguns dias depois.
Algumas ocorriam com mais frequência do que outras. Ele raramente procurava ajuda
médica. Seu estado de humor variava de médio a triste, mas negava que estivesse depressivo,
às vezes proclamava ter sido abençoado com muita sorte. Levava uma vida comedida, bebia
pouco e tinha saúde relativamente boa entre os episódios de dor.
Caso VII:
Carla, uma mulher de 48 anos de idade, vagava pelo seu bairro desenhando suas
iniciais e o nome de um grupo religioso na porta das casas. A polícia foi chamada para
impedi-la de desenhar suas iniciais. Ela resistiu e afirmou convictamente que era uma
“escolhida”, ela recebera uma missão de renascer esse grupo religioso em sua cidade. A
polícia não obteve sucesso ao impedi-la, então ela foi detida por perturbação da ordem
pública. Após exame psiquiátrico e várias semanas de observação, a mulher continuava
apresentando ausência de qualquer dificuldade emocional. Ela nunca tinha recebido qualquer
tratamento psiquiátrico. Não havia história de euforia ou oscilações do humor.
Ela estava furiosa por ter sido hospitalizada e, apenas aos poucos, foi permitindo que
o médico a entrevistasse. Após poucos dias no hospital, ela já estava contando para os outros
pacientes de sua predestinação e pregando a eles a nova religião. Em uma semana, sua
preocupação com poderes especiais acabou diminuindo, e nenhuma outra evidência de
patologia foi observada. Não apresentava alterações na memória e não aparentava ter
alucinações. A paciente teve alta sem prescrição de medicação. Entretanto, depois de dois
meses, foi detida na festa de carnaval da cidade por perturbar a apresentação dos blocos
carnavalescos os quais ela alegava serem satânicos.
Caso VIII:
Ao exame do estado mental, sua aparência, seu comportamento e seu discurso são
normais. Seu humor é descrito como deprimido, e seu afeto é congruente e restrito. Seu
processo de pensamento é linear e lógico. Nega qualquer sintoma psicótico ou ideação
suicida ou homicida, embora diga que gostaria que seu agressor “sofresse uma morte
horrível”. Sua cognição está praticamente intacta. Seu discernimento e controle de impulsos
não foram prejudicados.
Caso IX:
Uma jovem de 17 anos é levada ao psiquiatra porque os pais estão cada vez mais
alarmados com sua perda de peso. A paciente afirma que os pais estão “se preocupando por
nada” e que só veio ao consultório para tranquilizá-los. Diz que se sente bem, embora seu
humor esteja um pouco deprimido. Nega ter problemas para dormir ou de apetite, assim
como qualquer abuso de drogas ou álcool. Comenta pensar que parece “gorda”, mas que se
perdesse mais uns quilos ficaria “muito bem”. Alega que seu único problema é não ter
menstruado nos últimos três meses. Não é sexualmente ativa e, portanto, não pode estar
grávida.
Quando questionados em separado, os pais relatam que a paciente tem perdido peso
com regularidade nos últimos oito meses. Dizem que começou a fazer dieta depois que uma
das amigas comentou que ela “estava um pouco cheinha”. Na época, ela pesava cerca de 54
kg. A jovem perdeu uns 2 kg e, segundo seus pais, se sentiu bem com os comentários feitos
pelos amigos. Desde então, tem comido cada vez menos. Agora, usa roupas largas e não
conta quanto está pesando. Apesar disso, ajuda a mãe a cozinhar refeições elaboradas para
convidados, quando a família recebe amigos para jantar. Exercita-se durante todo o dia, e os
pais dizem que a escutam se exercitando à noite, em seu quarto. Em um exame físico, a
paciente revela medir 1,58 m de altura; está pesando 32 kg e sua aparência é caquética.
Caso X:
Explica que sempre teve problemas para falar em público, pois teme “fazer alguma
burrice” ou de alguma maneira se colocar em uma situação constrangedora. No passado,
evitava ao máximo falar em público ou só falava para grupos de menos de 10 pessoas. Como
sabe que precisa fazer a apresentação em duas semanas ou não poderá continuar nesse
emprego, procurou o psicólogo esperando encontrar uma solução para o problema.
Caso XI:
Descreve esses episódios como “comer tudo o que encontro” em grandes quantidades
e menciona um incidente em que pediu três pizzas grandes e as comeu sozinha. Afirma que
se sente fora de controle quando está comendo dessa maneira, mas que não consegue parar.
Tem vergonha desse comportamento e se esforça ao máximo para esconder o quanto come.
Concordou em conversar com um psiquiatra depois que as colegas descobriram seus vômitos
autoinduzidos. Exame físico mostra uma mulher jovem com 1,70 m de altura e 61 kg.
Caso XII:
Uma mulher de 28 anos chega a seu clínico com a queixa principal de tensão
muscular. Afirma que, durante toda sua vida, sempre se sentiu uma considerável tensão
muscular, mas que isso piorou nos últimos sete meses. Descreve-se como alguém que se
preocupa muito e, desde que teve seu primeiro filho, no ano anterior, sua preocupação
aumentou. Não consegue parar de se preocupar mesmo quando se esforça ativamente para
isso.
Preocupa-se com uma série de coisas – com as relações do Brasil com outros países,
se ela e o marido conseguirão pagar os estudos do filho,com a saúde do marido e com o
mercado de capitais. Também relata sintomas de inquietude e insônia. Adormece sem
dificuldade, mas acorda no meio da noite e não consegue voltar a dormir. Descreve seu
humor como “OK” e nega qualquer uso de substância, fora um ocasional copo de vinho no
fim de semana. Ela e o marido são advogados. A paciente relata ter dificuldade para
concentrar-se no trabalho desde o nascimento do filho.
Caso XIII:
Um homem de 45 anos procura seu clínico com a queixa principal de fadiga nos
últimos nove meses. O homem afirma que adormece com facilidade, mas acorda várias vezes
durante a noite. Diz que o problema começou quando sofreu uma lesão no trabalho há nove
meses. Ao ser indagado, relata humor deprimido, especialmente no que se refere a ser
incapaz de exercer suas funções profissionais. Afirma que seu consumo de álcool é de 6 a 12
cervejas por dia, assim como algumas doses de destilados para “amainar a dor”. Revela que
agora precisa de mais álcool do que antes para “relaxar”. O paciente teve vários blackouts
provocados pela bebida nos últimos dois meses. Admite que muitas vezes a primeira coisa
que faz pela manhã é beber para não sentir tremores. Apesar de ter recebido várias
reprimendas no trabalho por atraso e mau desempenho, e da ameaça da esposa em abandoná-
lo, não conseguiu parar de beber.
No exame do estado mental, está alerta e orientado para pessoa, lugar e tempo. Parece
abatido, mas sua higiene é boa. Sua fala tem ritmo e tom normais, e ele coopera com o
médico. Seu humor é percebido como deprimido, e seu afeto congruente, embora com
variação completa. Fora isso, nenhuma anormalidade é percebida.
Caso XIV
Não dorme bem há vários dias e, quando ouve um barulho alto, acha que o tornado
está voltando, o que o deixa ansioso e sobressaltado. Não tem conseguido trabalhar e ainda
não ligou para nenhuma das companhias de seguro para lhes contar do desastre. Afirma que
nunca foi antes a um psiquiatra e que só veio hoje porque o amigo insistiu.
Caso XV
Informa que foi hospitalizado há cinco anos por depressão maior e tratado, com
sucesso, com um antidepressivo. Diz que se sente deprimido há pelo menos 10 anos e que o
sofrimento é constante e estável. Nega sintomas maníacos, sintomas psicóticos ou abuso de
drogas ou álcool. Em outros aspectos, ele está sadio.
Caso XVI
Um jovem de 19 anos procura um psiquiatra com a queixa principal de “eu acho que
vou enlouquecer.” Afirma que no último ano, em intervalos regulares, teve episódios de
enxergar clarões coloridos e halos em torno de luzes. No último ano, isto aconteceu em torno
de 10 vezes. A última vez foi no dia anterior à consulta com o psiquiatra, quando estava indo
para o trabalho, preso em um engarrafamento. Cada episódio dura apenas alguns minutos e
deixa o paciente apavorado. Afirma que sabe que “pessoa normais” não tem essas
experiências.
Diz que jamais teve episódio como esses antes, exceto quando se intoxicava por meio
de “cogumelos” com seus amigos, quando estava no ensino médio. Não usa drogas desde os
18 anos. Não apresenta problema médico e os resultados de um exame físico recente e
completo realizado por seu médico foram normais.
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