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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE CIÊNCIAS DA VIDA


CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA DE PSICOLOGIA NA SAÚDE – PROFª CLAUDIA L. MENEGATTI
NOME ESTUDANTE: Luciana Mendes da Silva
DATA: 24 de novembro de 2020.

Avaliação do 2º bimestre

Leia os casos abaixo. Cada um deles é seguido por questionamentos que você precisa responder. O valor
total de pontos é de 5.0

Estudo de caso 1

Estudo de caso retirado de:


Gorayeb, R. & Possani, T. Atendimento ambulatorial e interconsultas no contexto hospitalar. ( p. 23-41) In :
Gorayeb, R. et al. (2015). A prática da psicologia no ambiente hospitalar. Novo Hamburgo : Sinopsys.

“Quadro 1.1 Identificação do caso


Vilma*, 47 anos, era estudante de pedagogia, casada com Gilberto, 52 anos, e mãe de Rafael, 23 anos,
Carolina, 20 anos, e Mateus, 18 anos. Estava desempregada, trabalhava em uma biblioteca. Considerava-se
uma artista, pois escrevia romances e poesias. Morava com o marido e o filho caçula: os outros filhos
haviam saído de casa para fazer faculdade.
Vilma tinha sido diagnosticada com artrite reumatoide havia 2 anos. Fazia acompanhamento médico na
cidade onde residia, porém, após ser diagnosticada com vasculite, fora encaminhada para o HCFMRP/USP.
Fumante há mais de 20 anos, ela não realizava atividade física e estava acima do pesa. Seus pais haviam
falecido por doenças cardíacas ainda relativamente jovens.
Vilma foi diagnosticada também com fibrose pulmonar. Devido a isso, a equipe médica do hospital decidiu
que a forma de tratamento seria por meio da pulsoterapia, que é a administração de altas doses de
medicamentos por curtos períodos de tempo. Foram realizadas três sessões; na quarta sessão, ela apresentou
queda de edema agudo do pulmão (EAP) e infarto agudo do miocárdio (IAM), com supradesnivelamento do
segmento ST (IAMCSST). Então, foi feito um cateterismo cardíaco (CAT) e dois stents foram colocados.
Após o procedimento cirúrgico, ela ficou alguns dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
*Todos os nomes próprios foram alterados a fim de preservar a identificação da paciente.
Fonte: Os autores.

Queixa da equipe
A equipe médica realizou o encaminhamento por pedido de interconsulta para o Ambulatório de
Psicologia, no qual descreveu que a paciente estava ansiosa após o evento estressante (IAM). Assim,
solicitou-se uma avaliação psicológica.

Queixa da paciente

Foi realizado um primeiro atendimento de triagem psicológica, quando foram investigados amplos
aspectos da vida da paciente. Ela apresentou choro fácil durante a maior parte do atendimento, com sintomas
que oscilavam entre depressivos e ansiosos. Descreveu a intercorrência durante o procedimento da
pulsoterapia como algo de grande impacto emocional. Relatou a sensação de morte (“Olhava para o meu
marido como se estivesse me despedindo dele, tudo começou a ficar longe, as pessoas, as vozes...”)
Durante a internação na UTI, a paciente apresentou pensamentos persecutórios. Acreditava que um
auxiliar de enfermagem queria matá-la e que outras pessoas da equipe médica queriam machucá-la
(“Quando eles chegavam perto de mim, eu entrava em pânico, tentava me defender, mas estava fraca e não
conseguia”).
Vilma associou uma das medicações usadas na pulsoterapia (corticoide) à causa do infarto. Mesmo
após a explicação contrária de diversos médicos, ela se recusava a usar medicação. De acordo com a equipe,
o uso de corticoide era imprescindível, devido à artrite reumatoide e à fibrose pulmonar. Sem o seu uso, o
risco de infarto poderia aumentar. Após a alta hospitalar, a paciente fez uma tentativa de realizar a
pulsoterapia, sem sucesso. Ela sentiu sinais como tremores, falta de ar e taquicardia quando entrou na sala
do procedimento. Vilma relatou que não se sentia compreendida por seus familiares, que falavam que ela
“tinha que fazer o tratamento”.
Além disso, a paciente apresentava dificuldade para dormir, com pesadelos noturnos, desmotivação
para realizar as atividades do cotidiano, choro fácil e episódios de pânico no período da tarde, no horário em
que o infarto havia acontecido. Sentia-se cobrada por seus filhos, que tentavam controlar sua alimentação
para que ela emagrecesse, devido à recomendação da equipe médica (“Eles tiram as coisas da minha mão e
dão risada”).
Outra dificuldade emocional descrita pela paciente estava relacionada à baixa autoestima. Ela fazia
comparações entre sua aparência e a do marido, que, segundo ela, era jovial, pois ele fazia atividades físicas.
Sua própria aparência, por sua vez, era descrita por ela como a de uma pessoa idosa. Por recomendação
médica, havia parado de fumar, o que contribuiu para o aumento da ansiedade.” (Gorayeb & Possani, 2015,
p. 34-35).

A partir do caso, responda às perguntas a seguir:


1 – Quais funções mentais é possível perceber (relatadas no texto), que estão alteradas? E quais são as
alterações?(1,0)
Aparência – quando se compara sua aparência com a do esposo;
Consciência – apresentou pensamentos persecutórios durante a internação. Acreditava que um auxiliar de
enfermagem queria matá-la e que outras pessoas da equipe médica queriam machucá-la e quando relata
como se estivesse se despedindo do marido, dizendo que tudo começava a ficar longe, as pessoas, as vozes
Humor/afeto – apresentou alterações no relacionamento com os filhos, dizendo sentir cobrada por eles,
apresentou desmotivação para realizar atividades do cotidiano, apresentou choro fácil;
Julgamento de realidade - ela associou uma das medicações usadas na pulsoterapia (corticoide) à causa do
infarto;

2 - A compreensão do quadro de saúde da paciente parece ser: (1,0)


Funcional ( ) Limitada ( ) Inadequada ( x )
Justifique sua resposta:
Parece ser inadequado devido ao fato de Vilma associar uma das medicações usadas na pulsoterapia
(corticoide) à causa do infarto. Mesmo após a explicação contrária de diversos médicos, ela se recusava a
usar medicação. Dando a entender que não tem conhecimento claro do seu caso. Como descrito na literatura
“quando o paciente não sabe explicar o motivo principal da internação e/ou imagina que o motivo seja um
fator secundário da internação”.

3– Se você fosse o responsável pelo atendimento psicológico da paciente, quais seriam os objetivos do
atendimento? (1,0) aJustifique sua resposta.
Aplicar a técnica da terapia breve. Com objetivo de auxiliar a paciente a elucidar seu caso e ajuda la de
forma breve identificar os motivos pelo qual seus filhos se preocupam com ela e a importância de cuidar da
própria saúde. E se necessário recomendar/encaminhar para um tratamento mais especifico e adequado.
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Estudo de caso 2 (fictício)

Uma jovem mãe de 27 anos de idade (J.), com uma filha de 2 meses de idade, chega à consulta de
acompanhamento psicológico no ambulatório da maternidade por insistência do marido, que se mostrou
preocupado com ela. Quando questionada, ela disse que entendia a preocupação dele, pois ela está se
percebendo triste e diferente do que sempre foi. Enquanto o marido falava com a psicóloga, J. permanecia
olhando para baixo, com cabelo em desalinho e olhar distante. Movimentava-se pouco e seus gestos eram
lentos. A filha estava no colo do pai. Segundo o relato, em torno de 2 semanas após o nascimento da filha, J.
passou a se sentir muito triste, irritada, com dificuldades de cumprir suas atividades, sobretudo relacionadas
ao cuidado do bebê. Referiu sentir-se cansada e solitária, com vontade de ficar deitada e não conversar. Está
dormindo muito pouco, sente intensa ansiedade durante a noite e episódios de choro. Quando questionada
sobre o que pensa, J. afirma que são pensamentos ruins, negativos, nos quais chega até a pensar em fazer
coisas horríveis ao bebê. Percebe-se pensando nisso por minutos a fio, e, quando se dá conta da gravidade
dos pensamentos, chora muito, dizendo ser uma péssima mãe. Nunca agrediu seu bebê, mas teme que possa
fazê-lo. Por isso, afirma que sabe que não está bem emocionalmente.

4) O que você sugere para avaliação (métodos e instrumentos) e intervenção para este caso? (1,0)
Justifique sua resposta.

Como instrumento de avaliação psicológica inicial utilizaria a entrevista psicológica. Que é utilizada como
meio de trabalho a fim de investigar comportamentos e perspectivas da pessoa, que cabe muito bem a
paciente. Utilizando como método uma entrevista estruturada e observação e posteriormente testes
específicos para identificação de depressão pós parto. Tendo como intervenção compreender funcionalmente
os sinais e sintomas descritos, desenvolver habilidades na relação interpessoal, principalmente com o
esposo. E indicar/sugerir uma continuação no tratamento, marcando um próximo encontro.

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Estudo de caso 3
Estudo retirado de: Miceli, A. V. P. Dor crônica e subjetividade em oncologia. Revista Brasileira de
Cancerologia, v. 48, n. 3, 363-373, 2002.

“(...) “X”, uma menina de sete anos, hospitalizada em estado bastante grave, aguardava a remota
possibilidade clínica de ser elegível para iniciar tratamento quimioterápico. Seu comportamento era de total
isolamento, cobrindo-se com o lençol de seu leito até à cabeça, em posição fetal, e reagindo agressivamente
a qualquer tipo de aproximação feita, até pelos familiares. Recusava comida, banho, brinquedos, visita, e
todo e qualquer procedimento médico e de enfermagem de rotina, chorando e gritando de tal forma que por
vezes impedia a realização dos mesmos. Quando por nós abordada [serviço de Psicologia], “X”. revelou que
sentia "dor muito forte", e ao ser questionada quanto ao motivo pelo qual não havia comunicado a sua dor,
ela respondeu, com raiva: "Eu já falei um monte de vezes e ninguém faz nada!" “X” estava, sim, medicada,
mas não a contento, e assim perdera a confiança em todos à sua volta, sentindo-se sozinha e desamparada,
desistindo de solicitar ajuda. Uma vez psicologicamente acompanhada e tendo sua dor controlada, “X”
começou a reagir, a sorrir, e, "curiosamente", a melhorar a olhos vistos, adquirindo os sinais clínicos
necessários para iniciar seu tratamento oncológico.” (MICELI, 2002, p. 368-9).

5) O texto afirma que a criança foi ‘psicologicamente acompanhada’. Quais suas sugestões para este
acompanhamento/ intervenções da Psicologia em relação à dor crônica neste caso? (1,0)

Intervir na relação equipe/paciente, dando orientações para condutas da equipe, melhorando a relação
interpessoal. Discutir com a equipe melhores métodos de intervenções e sobre apoio aos familiares e
redução do stress dos cuidadores. Aplicação de técnicas que auxiliem no alivio da dor e atividades
motivacionais.

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