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Psicanálise em Revista, v.

8 (2) 25-32, 2010

Psicanálise Silvestre:
a difícil travessia de candidato a psicanalista1

Izaura Maria Wanderley Brito,2 Maceió

Resumo: Utilizo como inspiração para este trabalho, o texto de Freud escrito em 1910, “Psicanálise
silvestre”, para fazer o paralelo com o espaço de transformação ocupado pelo candidato à formação
analítica. No curso de formação analítica, o candidato se prepara para praticar a Psicanálise ainda sem
um saber sedimentado, utilizando os conhecimentos recebidos de forma desajeitada, como um bebê que
está aprendendo a andar. Por essa inexperiência, sua prática muitas vezes tangencia uma Psicanálise
Silvestre. Represento no meu trabalho essa transformação, recorrendo a uma “metáfora”, comparando
à metamorfose que sofre uma borboleta.
Palavras-chave: formação psicanalítica; associação livre; atenção flutuante; psicanálise silvestre.
                                                                                                          

Nos primórdios da psicanálise

O texto sobre psicanálise silvestre foi publicado em dezembro de 1910. Freud inicia
relatando-nos uma consulta que realizou em uma senhora com mais de 40 anos. Esta o
procurou por sentir ansiedade desde que se divorciara do seu marido e por esse estado ter se
intensificado após ouvir os conselhos de um jovem médico que a atendera anteriormente.
Este lhe disse que a causa da sua ansiedade era a falta de satisfação sexual, e que por ela
não suportar essa privação, aconselhou-a “a voltar para o marido, arranjar um amante, 3ou
obter satisfação consigo mesma” (Freud, 1910/1969a, p. 207), condição segundo o médico,
necessária para a recuperação da sua saúde.
Essa revelação causou nessa senhora um impacto, uma aflição por considerar que seu
caso era incurável, e não poder seguir nenhuma das alternativas. Ainda, a conselho do referido
médico, deveria procurar Freud para confirmar as suas palavras, pois era ele o responsável por
essa descoberta.
O impacto dessa revelação atingiu também a sua amiga que veio como acompanhante
e pediu a Freud que dissesse à paciente que o médico estava enganado, pois ela era viúva, uma
mulher respeitável e não sofria de ansiedades.
Esse episódio fez Freud escrever “Psicanálise silvestre”, trazendo para a época e agora
para mim uma série de reflexões.
Primeiro ele fala da transferência dos pacientes, dos sentimentos hostis projetados na
figura do médico, independentemente do método de tratamento empregado. Adverte que
existem as distorções feitas pelos pacientes em relação à fala do analista, responsabilizando-o
por seus desejos reprimidos.

1 Segundo trabalho apresentado no curso de formação psicanalítica.


2 Psicóloga clínica. Candidata da Sociedade Psicanalítica do Recife SPR/Núcleo psicanalítico de Maceió (NPM).
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Resolve tratar do assunto pelo prisma da paciente, mesmo reconhecendo cometer uma
injustiça com relação à pessoa do médico que nunca conheceu, porém com a necessidade
de tornar ciente que para praticar a psicanálise é preciso conhecimento. Não se faz de forma
aleatória.
A sexualidade, ocupando uma importância fundamental na obra do autor, causou
rejeição e assombro na época por se tratar de algo tão reprimido. Foi, e ainda é hoje, alvo
de críticas pelas pessoas que nunca se aprofundaram na psicanálise. Ainda é comum escutar:
“Não é Freud quem diz que tudo é sexo?”.
Uma viúva de 39 anos que perdeu o esposo há dois anos e meio me procurou por sentir
ainda uma imensa tristeza, e se queixou que as pessoas não respeitavam a sua “dor” por acharem
que ela deveria se casar novamente. Não entende porque não pode querer ficar sozinha. Falou-
me de uma amiga, separada, que fora ao médico e este lhe dissera que seu problema era “falta
de sexo”. Imediatamente pensei, em pleno século XXI acontece a mesma cena, e vai acontecer
sempre com as pessoas que ouvem falar da psicanálise, mas não sabem o que ela significa.
Freud coloca que o entendimento da vida sexual na forma popular se restringe a
necessidades sexuais, ou seja, o coito, “atos que levam ao orgasmo e a emissão de substâncias
sexuais”. Para a psicanálise, ele diz que “esse conceito é bem mais amplo, mesmo tendo como
fonte os impulsos primitivos, a vida sexual se estende mesmo quando esses impulsos são
inibidos em relação ao seu fim, ou quando trocam esse fim por outro que não é mais sexual”,
(Freud, 1910/1969a, p. 208), como os sentimentos ternos e o amor.
O jovem médico, ao abordar sua paciente, viu apenas a parte somática da sexualidade,
sem levar em conta, ou sem saber que para a psicanálise existe um fator mental influenciando
no resultado das insatisfações do indivíduo.
O sintoma que a paciente apresenta se dá na existência do conflito entre a libido, fazendo
aflorar os desejos sexuais e, por outro lado, as resistências contra esses impulsos.
Freud também mostra outro equívoco por parte do médico: o de não ter sabido
diagnosticar a etiologia do sofrimento da sua paciente. Provavelmente supondo que ela sofria
de uma neurose de angustia, algo motivado só pela sua condição atual de se encontrar separada,
privada de sua relação íntima com o marido, causando-lhe ansiedade, em vez de perceber
que se tratava de uma histeria de angústia. Diagnosticou apenas pelos sintomas sem levar em
consideração os fatores mentais.
O médico desinformado do que era a psicanálise imaginou que a cura da paciente se
daria pelo fato de revelar a esta a causa de sua ansiedade, ofereceu soluções práticas e não a
compreensão de sua dinâmica psíquica.
Freud afirma que a patologia não é por causa desse ignorar. O não saber do paciente se
dá por conta das resistências em relação aos seus desejos sexuais, e está implícito no tratamento
combater essas resistências. Se o remédio fosse simplesmente a revelação do fato, bastava o ser
humano ouvir conferências, ou ler livros para adquirir a sua cura.
No tratamento analítico, o psicanalista irá revelar ao seu paciente sobre o seu padecimento,
mas para isso é necessário seguir o método psicanalítico.
É necessário para que o paciente aceite e possa se beneficiar das interpretações feitas pelo
seu analista, que este tenha tato, que o paciente tenha feito uma boa aliança terapêutica, que
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tenha desenvolvido a confiança através de uma transferência positiva e chegado bem próximo
do seu conflito. Isso requer tempo.
A inabilidade do médico em tocar de forma tão brusca e direta pontos ignorados pela
paciente só fez aumentar suas resistências e criar uma inaceitação para com ele. Ainda no
referido texto, Freud expõe a reação da paciente frente à forma selvagem, primitiva, brusca,
com que foi tratado algo tão íntimo e delicado como o sofrimento da mente humana. Fala do
despreparo do jovem médico ao tentar se utilizar da psicanálise sem o conhecimento de causa,
e também coloca que para praticar a psicanálise é necessário seguir sua técnica, não sendo
suficiente saber apenas alguns achados. Aprender psicanálise demanda mais que o estudo nos
livros. É preciso aprender com os mais experientes nesse ofício.
Para salvaguardar os pacientes e a própria psicanálise, Freud e seus colaboradores
resolveram, no ano de 1910, fundar a Associação Internacional de Psicanálise, constando
suas adesões e seus nomes publicados, para evitar, assim, serem responsabilizados por atos
praticados por pessoas que não fossem psicanalistas.

Pensando sobre a técnica

Vários artigos foram escritos por Freud tratando de temas que mostram de forma
criteriosa o que é psicanálise e recomendações para quem tem em seu âmago o desejo de
praticá-la.
Dentre eles destaco, a meu ver, os que servem de luz para os candidatos em formação e
que se relacionam de forma esclarecedora com o tema proposto: “Recomendações aos médicos
que exercem a psicanálise” (1912/1969b), “Sobre o início do tratamento – novas recomendações
sobre a psicanálise” (1913/1969c) e “Sobre a psicanálise” (1913[1911]/1969d).
Em recomendações aos médicos que exercem a psicanálise (1912/1969b), Freud coloca
regras técnicas que foi formulando durante a sua experiência clínica, face às dificuldades que
se apresentavam no atendimento dos seus pacientes.
Com o intuito de advertir e orientar os médicos principiantes, ele as descreve, e faz as
devidas justificativas.
A primeira regra mencionada surge para solucionar a dificuldade do analista em precisar
reter em sua memória tantas informações oriundas de seus vários pacientes e não misturá-las.
Diz que é preciso escutar o paciente sem se deter em algo específico, a atenção tem que ser
uniforme para tudo que escuta (atenção flutuante) e que parte disso ficará no inconsciente do
analista e aflorará naturalmente no momento necessário.
Para o analista a “atenção flutuante”, para o analisando uma exigência, a “associação livre”,
que se tornou regra fundamental da psicanálise. Consiste em o paciente revelar sem críticas ou
restrições tudo que se passa na sua mente na hora de sua sessão.
A função analítica consiste em se colocar em uma atitude de receptividade para com as
associações livres do paciente, condição para se identificar, compreender e interpretar o que se
encontra oculto em seu inconsciente.
Freud diz: que “todos que desejam praticar a psicanálise em outras pessoas devem
ser analisados por alguém com conhecimento técnico, para poder tornar-se ciente dos seus
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complexos. A repressão que não foi solucionada no analista funcionará como um ponto cego
na sua percepção analítica.
O segundo texto sobre o início do tratamento “Novas recomendações sobre a técnica da
psicanálise I”, foi publicado em duas partes (em janeiro e março de 1913), e o artigo dividido
em três partes: “Sobre o início do tratamento”, “A questão das primeiras comunicações” e “A
dinâmica da cura”.
Freud faz uma belíssima analogia sobre o aprendizado do jogo de xadrez nos livros e o
da psicanálise. Ele fala que neles só são encontrados regras para o início e o fim do jogo, mas
não é possível descrever a variedade de jogadas que irão se desenvolver. Que o aprendizado só
se tornará possível no estudo sistemático das jogadas dos mestres, e que de modo semelhante
acontece no da psicanálise.
Sobre o início do tratamento, ele destaca a importância das entrevistas preliminares,
que darão ao analista a oportunidade de conhecer o caso, fazer um diagnóstico diferencial,
reconhecer as patologias que poderão se beneficiar do tratamento analítico e, hoje, traçar
diretrizes para o tratamento.
Fala das resistências que surgem nos pacientes durantes o tratamento e sobre a
transferência.
Ao mencionar o tempo na análise, Freud aborda quatro aspectos: um referente ao médico,
o que ele disponibiliza para o paciente e que fica sob a responsabilidade deste utilizando ou não.
Outro em relação ao paciente, às faltas ocasionais, tendo como pano de fundo as resistências.
O terceiro quanto ao número de sessões, pois Freud atendia todos os dias, exceto finais de
semana e feriados. O último, sobre a duração do tratamento, que ainda hoje é motivo de muitas
discussões, mas que Freud já naquela época dizia: “Abreviar o tratamento analítico é um desejo
justificável. Infelizmente, opõe-se-lhe um fator muito importante, a saber, a lentidão com
que se realizam as mudanças profundas na mente – em última instância, fora, de dúvida a
“atemporalidade” de nossos processos inconscientes” (Freud, 1913/1969c, p. 172).
Sobre os honorários que devem ser acordados com seus pacientes, desaconselha o
tratamento gratuito, apontando o surgimento das resistências.
Fala da importância do uso do divã, deixando ambos, paciente e analista, mais livres e do
estabelecimento com o paciente da regra fundamental da psicanálise, que é a associação livre.
Quanto à questão das primeiras comunicações ao paciente, Freud aconselha que as
interpretações sejam feitas após o estabelecimento de uma transferência eficaz, uma aliança
sólida e que esteja bem próximo do seu conflito.
A revelação fora do tempo trará dificuldades e resistências por parte do analisando.
Quando Freud se reporta nesse texto à dinâmica da cura, ele diz que o conhecimento
consciente que o paciente possa ter sobre os seus sintomas deve se vincular com a lembrança
reprimida, senão nenhuma mudança poderá ocorrer.
A revelação do material reprimido desperta resistências, mas, se estas forem superadas,
darão lugar a pensamentos que levarão à recordação do conflito e a possíveis mudanças.
O texto sobre psicanálise, que foi escrito em 1911 para ser apresentado em Sidney, diz
que a psicanálise é, ao mesmo tempo, um método de pesquisa e de tratamento.
O início da psicanálise se deu com os estudos sobre a histeria na sua parceria com
Breuer, nos trabalhos de histeria traumática de Charcot, nas investigações sobre os fenômenos
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da hipnose feitos por Liébeault e Bernheim e nos estudos de Janet sobre os processos mentais
inconscientes.
Freud discordou de Janet em relação à crença de que a histeria era proveniente de uma
hereditariedade congênita.
Ele coloca que os sintomas histéricos são formados a partir de lembranças dolorosas
afastadas da consciência (repressão) por um conflito psíquico.
Havia a expectativa de que no tratamento era possível se livrar da repressão, tornando o
conflito consciente, libertando o paciente da sua doença.
No início, o tratamento era feito por meio da hipnose com a desvantagem de que, ao
acordar, o paciente não tinha recordação do que tinha se passado, como também nem todas as
pessoas eram passíveis de serem hipnotizadas.
Esse método foi abandonado e substituído pela associação livre, feito com o paciente
em seu estado normal, facultando-lhe a consciência de tudo que ocorreu na sessão, podendo,
assim, atingir não só um maior número de pessoas, como de outras patologias.
Foi prioritário naquela época criar uma técnica de interpretação para compreender as
ideias expressas pelos pacientes. Viu-se que as dissociações provinham de resistências internas,
repressões diante do conflito em relação aos impulsos subjacentes.
Freud pontua que “para superar o conflito e desta maneira curar a neurose, é necessário a
mão orientadora de um médico treinado em psicanálise”. (Freud, 1913[1911]/1969d, p. 266).

A metáfora da borboleta

Esses textos sensibilizam particularmente a nós, psicanalistas em formação, por estarmos


vivenciando na nossa própria pele esse aprendizado e a experiência dessa transformação,
construindo-nos como psicanalistas.
Nossa mente, nesse momento, voa em frações de segundos em busca de algo que dê conta
do sentimento que deseja expressar e representar sua intenção nesse trabalho, percebendo que,
para fazê-lo, as palavras muitas vezes são insuficientes.
Surge na mente a imagem de um ser de natureza delicada e misteriosa que, para chegar a
sua bela forma atual, passou por um processo laborioso de transformação: a “borboleta”.
A formação analítica se inicia muito antes de alguém se tornar candidato. Começa com
um desejo lá no íntimo de quem almeja penetrar na sua própria alma e depois na dos outros, de
uma forma infinitamente profunda. Nasce de uma necessidade vital de encontrar uma melhor
saída para a sua existência, e a partir de sua própria dor compreende que seu semelhante
também sofre, e deseja oferecer-lhe os benefícios que encontrou para si.
A formação assim se transforma em sonho. No início, uma idealização, uma sensação
de inquietude para iniciar o curso. A alegria de receber o comunicado da sociedade para fazer
as entrevistas, a tensão experimentada no período de avaliação, a explosão de alegria por ter
conseguido e, enfim, a indicação de começar a análise didática.
Inicia-se a fase “lagarta” na vida do candidato à formação analítica, bichinho feio e
desajeitado, devorador de folhas de livros, que diferentemente do animal que não desconfia
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do seu destino, tenta absorver com voracidade todo o conteúdo que lhe chega às mãos, com os
olhos fitos no caminho que escolheu para si.
Recolhemos dos livros e dos seminários dados pelos psicanalistas mais experientes toda
a teoria da técnica necessária para a formação analítica, nutrientes imprescindíveis para passar
para a fase seguinte, conhecida como “pulpa” ou “crisálida”.

Para se tornar borboleta, antes de tudo há de se aturar ser lagarta.


(Andreia de Almeida, 2010)

À medida que entramos em contato com o conhecimento teórico e técnica psicanalítica,


a análise do candidato avança e funciona como um “casulo”. O divã funciona como a folha
receptora para a mente do candidato e o analista como árvore mãe, frondosa e segura,
oferecendo com generosidade os seus mais seguros braços – galhos, onde o candidato se fixará
numa atitude de total entrega, condição necessária para que ocorram mudanças.
Esse conjunto forma o setting, “útero”, casulo, lugar destinado para o renascimento da
mente.
Mais uma vez, diferente do animal que fica indefeso e entregue a sua própria sorte nesse
período de enclausuramento, o candidato conta com a vigília do seu analista que sabiamente irá
amparar, esperar e respeitar o tempo necessário de amadurecimento para que a transformação
ocorra.
O analista utilizará todos os recursos teóricos que dispõe e, mais ainda, emprestará a sua
própria mente em favor do analisando, tocará a sua alma com a sensibilidade de quem passou
por esse mesmo processo, enfim, possibilitando o nascimento de outras “borboletas”.

Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.
(Rubem Alves, 2010)

O analisando por vontade própria, apesar das resistências, defesas utilizadas diante da dor
sentida nesse processo, permite e aproveita as intervenções do seu analista com a persistência
de quem quer atingir seu objetivo: “tornar-se um ser melhor”.
Após dois anos de estudo, análise pessoal e os primeiros trabalhos escritos, lhe é permitido
a sua primeira supervisão oficial. É o momento em que a borboleta rompe o “casulo” e começa
o grande esforço para sair dele. Não é mais só psicólogo, também não é analista. Não deixa os
conhecimentos que aprendeu na faculdade, mas terá que transformá-los em outros, o que o
possibilitará praticar a psicanálise.
É o momento em que o candidato, pela segunda vez, escolherá outro psicanalista, agora
com outra função: a de conduzir, ensinar o ofício que pretende exercer.
O supervisor – borboleta adulta, madura – cumpre a sua missão, ofertando ao seu
supervisionando o néctar que colheu durante a sua vida profissional, polenizando vários
candidatos, para que no futuro estes se transformem também em borboletas e levem em suas
asas a propagação da psicanálise.
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Não é a beleza da borboleta que a faz voar e ser livre,


e sim o esforço para conseguir sair do casulo…
(Edilene de Jesus Oliveira, 2010)

Com o rompimento do casulo, surge uma fenda estreita e apertada por onde sairá a
borboleta, com seu corpo ainda mole e suas asas grudadas, molhadas, e que terá que fazer o
esforço de esticá-las para secá-las ao sol e poder então voar.
É nessa etapa da formação que nós, candidatos, nos encontramos. Exercitando as nossas
asas, a psicanálise, com nossos pacientes, ainda sem a segurança de quem já sabe voar, mas,
suportando essa condição de “não saber” que é essencial para a aprendizagem.
Todo esse arcabouço terá como primordial o polimento da análise do candidato. É nesse
lugar, com o seu analista, que acontece a formação de um futuro psicanalista.
A lagarta mostra sua transformação na própria pele virando uma borboleta. O candidato
apresenta essa transformação na sua mente, assumindo melhores formas para seu viver.

Wild Psychoanalysis: The hard crossing from candidate to psychoanalyst


Abstract: I am using as inspiration for this work, the text of Freud written in 1910, wild Psychoanalysis,
in order to make a parallel with the transformation space occupied by the candidate to analytical
formation.
In the analytical formation course the candidate prepares himself in order to practice the Psychoanalysis
still without a sedimented know, using the received knowledge from disfigured form, as a baby who is
learning to walk. For this inexperience, his practice many time tangent a wild Psychoanalysis.
In my work I represent this transformation appealing to a “metaphor”, comparing it with the suffering
of the butterfly metamorphosis.
Keywords: Psychoanalytic formation: free association; floating attention; wild Psychoanalysis.

Referências

Freud, S. (1969a). Psicanálise Silvestre. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de
Sigmund Freud. (Vol. 11, pp. 207-208). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1910)
Freud, S. (1969b). Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise. In S. Freud, Edição standard brasileira
das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. (Vol. 12, pp. 149-159). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho
original publicado em 1912)
Freud, S. (1969c). Sobre o início do tratamento (novas recomendações sobre a técnica da psicanálise I. In S. Freud,
Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. (Vol. 12, pp. 164-187). Rio de
Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1913)
Freud, S. (1969d). Sobre a psicanálise. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de
Sigmund Freud. (Vol. 12, pp. 265-270). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1913[1911])
Almeida, A. (2010). Pensador.Info. Recuperado em 12/12/2010 de: http://pensador.uol.com.br/andreia_vitoria/9.
Alves, R. (2010). Pensador.Info. Recuperado em 12/12/2010 de: http://pensador.uol.com.br/autor/rubem_alves.
Oliveira, E.C. (2010). Pensador.Info. Recuperado em 12/12/2010 de: http://pensador.uol.com.br/coleção/
edilenebibi.
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