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Psicologia da saúde e da doença

Margarida Custódio dos Santos: margarida.santos@estesl.ipl.pt


Fisioterapia não é um ginásio, nem uma máquina de exercícios ou outros. O que faz
um fisioterapeuta é o doente, pelo que quando não existe doentes não existe
fisioterapeuta. Há fisioterapia quando existe a relação com o doente.
– comprimento das recomendações do fisioterapia: 15%,
conforme o objetivo do doente e dependendo da condição do doente – se o
fisioterapeuta não souber os objetivos do doente, não terá adesão. O doente é que
decide se adere à terapia/medicação que lhe é passada.

• Há 85% de probabilidade de fracassar e perder os doentes.


Há formas de fazer o doente aderir aos nossos tratamentos e precisamos de saber
adaptar aos objetivos e condições de cada doente. É importante saber que teremos
de ser mestres na técnica e na forma de falar – vamos aprender como compreender as
pessoas, pois não existe genes que nos façam ser vocacionados à compreensão destes.
Só existe fisioterapia quando há pessoas e máquinas:

• Grande relação entre pessoas (doentes, família, profissionais…) e máquinas.


• A relação do profissional com o doente, com abertura para expressar os seus
sentimentos reais. É muito mais fácil aderir à fisioterapia quando há opções
adaptadas aos sentimentos do doente do que sermos robôs.
No 1º semestre, vamos falar de doentes, doença, relação do fisioterapeuta com o
doente, cuidados do stress do fisioterapeuta e patologia.

Resolver facilmente os casos verídicos oferecidos em aula.

1º CASO: Um fisioterapeuta que aceita a negação do doente aos tratamentos é um


fisioterapeuta fracassado. Necessito de compreender a situação do doente, pelo que
devo compreender as razões e sentimentos do mesmo (Não apenas encaminhar para o
psicólogo pois pode fazer a pessoa sentir-se pior) – O doente é uma pessoa normal
numa situação anormal, neste caso a pessoa apenas tem lesões físicas e não mentais.
2º CASO: O fisioterapeuta deve ter atenção à forma como fala com o doente, sem ser
arrogante, mal-educado ou indiferente aos sentimentos do doente, porque vamos
lidar com pessoas muito frágeis. Vamos ter doentes a utilizar a agressividade face à
sua situação e que acabam por descarregar nos profissionais e devemos saber reagir a
estas situações. “Dizer só para ter calma pode dar vontade de mandar uma lambada”
3º CASO: Paciente pessimista. O fisioterapia vai repetir muitas vezes “faça força”,
“estique a perna”, “faça isto” e pode tornar-se monótono na nossa vida e cansativo.
4º CASO: Paciente com medo e com dores na fisioterapia.
Vamos discutir casos, aprender a entender casos e não propriamente resolvê-los,
apenas saber atuar em alguns deles

• O que é uma pessoa? – vamos aprender o aparelho psicológico e não apenas a


anatomia do humano como foi no 1º ano. Tudo vem do aparelho psicológico e
o que é, como se constitui, como chegar a ele, se tenho medo de lá chegar;
• O que é um doente? – o que acontece quando somos diagnosticados;
• HUMANIZAÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE;
o Emergência da Psicologia da Saúde e sua colaboração em questões da
fisioterapia;
o Reação do doente e da família à doença/deficiência, Sintomas das
reações e como reagir a eles; O que é depressão, os seus sintomas,
sintomas de negação da doença, como identificar;
o Processo de adaptação – todos vamos ser diagnosticados, probabilidade
de zero doença é praticamente 0%. Probabilidade de ser grave é menos
de 10%. Tanto do doente e da família;
• DOR E O SOFRIMENTO – a dor é uma área de excelência da fisioterapia, porque
é uma doença crónica que afeta a maioria das pessoas, o que aumenta a
procura de intervenções que atuem na dor;
o Estratégias psicológicas de controlo da dor aguda e crónica;
• ADESÃO AO TRATAMENTO:
o Determinantes da adesão e recomendações, quais as possibilidades de
reverter a negação ao tratamento;
o Satis
• STRESS NAS PROFISSÕES DE SAÚDE:
o Stress – Modelo cognitivo-transacional; as suas consequências e
estressores nas profissões de saúde e equipas;
Aulas T/P – Análises de casos, visualização de um filme para formação para identificar
reações e outros objetivos da cadeira.
AVALIAÇÃO: Por exame ou contínua – Teste escrito (60%) + 2 exercícios T/P escritos
em grupo sendo um deles para apresentação oral obrigatória (15% e 25%)

• 1º trabalho: pequeno relatório de (5/4 páginas) sobre um filme – 15%


• 2º trabalho: escolher uma patologia e estudar uma reação dos doentes a essa
patologia – entrevista a alguém, revisão de literatura, … + apresentação oral
obrigatória - 25% - previsto ser no dia 22 e dia 16 de dezembro.
MOODLE: ainda em standby.
23.09.2021 – Aula
Trabalho 1 – Relatório sobre a abordagem biopsicossocial/Holista na prestação de
cuidado de saúde.

• Folha de rosto – Com o nome dos estudantes por extenso;


• Introdução – Fundamentos e paradigmas da abordagem holista em Saúde
Práticas da abordagem holista; Aplicação à fisioterapia;
• Análise crítica de um filme – Leitura crítica de um filme na área da temática;
• Bibliografia;
• Entregue em texto, letra arial 11, com espaçamento 1,5. Máximo 10 páginas.
• Entrega – 15 dias após a visualização do filme; 3 de novembro.
Trabalho 2 – Trabalho apresentado em aula (nas últimas duas semanas de aulas TP) e
entregue em trabalho escrito até uma semana depois do filme da UC.

• Apresentação: Powerpoint, 15 min (concisa e sem repetição da matéria


teórica);
• Escrito: aprofundar o tema com revisão de literatura e/ou com trabalho de
campo; Não exceder as 15 páginas (excluindo a folha de rosta, os anexos onde
deverá estar a apresentação na aula). Aria, 12, 1,5 de espaçamento;
• Temas: Reação à doença (as intervenientes em fisioterapia), Reação à
deficiência; Adesão ao tratamento ou Dor. Escolher 1 patologia da fisioterapia e
possivelmente do nosso interesse e à qual tenhamos acesso, procurar
investigação feita nessa área, ted talks, vídeos…
• Metodologia: Revisão de literatura sobre o tema, Entrevista ou Utilização de
filme (excertos) ilustrativo da temática;

O Alcoolismo era visto como um comportamento anti-social e as pessoas eram


colocadas na cadeia. Contudo, hoje em dia já é visto como doença, havendo um leque
de opções de tratamento e internamento disponíveis.

1.1) O que é ser saudável?


Depende do momento histórico e da cultura/geografia – enquanto que antigamente
as mulheres mais gordas eram vistas como a beleza perfeita, hoje em dia já
reconhecemos que a obesidade é uma doença a ser tratada.
Depende da idade – as crianças têm uma definição de doença diferente que os
adultos, por exemplo. “Ficar em casa doente, não tomar remédios e não ter febre”.
Por exemplo, as crianças que são submetidas a cirurgias, quando acordam costumam
ganhar o medo de dormir novamente, uma vez que a cicatriz, a dor que sente,
aconteceu quando ela adormeceu.
Depende do nível cultural, idade, género, profissão e História de vida – a doença não
possui uma definição objetiva. Por exemplo, quando uma pessoa acha que já está
normal enquanto o fisioterapeuta diz que ainda não está completamente tratada, os
doentes acham que já “não são doentes”.

• Por vezes, pais de uma criança que foi operada ao coração, por exemplo,
ganham medo de colocar a criança em perigo e restringem-lhe as atividades e
estilos de vida apesar de a mesma ter recebido alta médica do doutor (não têm
a “alta familiar”).

1.2) O que é ser doente?


• Depende de crenças societais – Momento histórico, Cultura e Geografia;
• Depende de crenças individuais – Género, Profissão, Nível de cultura e Hábitos;

1.3) Perspetiva histórica:


Hipócrates – pai da Medicina e das Ciências da Saúde. Até Hipócrates, acreditava-se
que a doença advinha de razões místicas.

• Criou a primeira escola de Medicina. Segundo os seus seguidores, declarou que


“as doenças não são causadas por demónios não controláveis, mas por causas
naturais que obedecem às leis naturais”.
• Acreditava que o bem-estar da pessoa estava sob influência constante do seu
ambiente e que a arte médica assentava na compreensão do efeito do
ambiente na pessoa e no fortalecimento das forças naturais da pessoa;
• “Mente sã em Corpo são” – Não são assim dissociáveis;
• Relação com o médico bastante valorizada;
Antes do século de XIX/XX, o médico era desprezado porque era visto como alguém
“que matava que se fartava”, porque trabalhava e utilizava “mezinhas”. No princípio
do século XX, morria-se sobretudo por doenças infeciosas, contudo, devido ao
desenvolvimento de bactérias e farmacologia aparece a penicilina e os antibióticos.
Apartir daí, o médico passou a conseguir curar pessoas.

Causas naturais obedecem às leis naturais.


Bem-estar da pessoa sob a influência constante
do seu ambiente.
"Mente sã em corpo são".
Relação com o médico bastante valorizada.
O homem é uma máquina e o doente é outro – a doença é uma anomalia, alteração
química, física ou biológica que precisa de ser reparada.

A área da saúde e da doença aparece na psicologia após os anos 70. Afasta-se da


psicologia da saúde mental para chegar à saúde física. As pessoas doentes fisicamente
na grande maioria estão mentalmente sãs, contudo, não quer dizer que não estejam
perturbadas, mas não têm patologia mental (exemplo: alguém com cancro pode estar
assustado com a sua situação, mas não quer dizer que esteja numa depressão).
O profissional de saúde deve trabalhar de forma a evitar a patologia também mental,
porque se não for convenientemente tratada de uma patologia física poderá
desenvolver outra patologia que afete a sua condição mental – é independente.
Os doentes são pessoas normais em situações anormais, portanto terão reações não
comuns, mas explicáveis.

“Área disciplinar da psicologia que diz respeito ao comportamento humano no


contexto da saúde e da doença” – trata-se de um agregado de contribuições
educacionais científicas e profissionais da psicologia para a prevenção e manutenção
da saúde, prevenção e tratamento, identificação de etiologia e diagnóstico de doenças
e disfunções associadas, e análise e melhoria do sistema de saúde e políticas de saúde.
O nosso modelo é um modelo biopsicossocial, centrado no doente, pois se tenho
alguém com uma perturbação, essa pessoa deve ser o meu foco central enquanto que
o modelo biomédico é centrado na patologia e das suas alterações.

• A fisioterapia realiza este modelo e existem imensos artigos que o comprovam.

A Pessoa:
A pessoa é um sistema riquíssimo onde coabitam aspetos psicológicos, aspetos
fisiológicos, aspetos históricos e geográficos, vivendo no tempo atual e no seu
contexto cultural. Ainda assim, somos um ser em permanente construção.

• Fisiológico – Genética, biológico;


• Psicológico – Funcionamento psicológico;
• Social – Interação e socialização;
Para além dos aparelhos biológicos que temos, temos um aparelho psicológico,
permanentemente em funcionamento e determina a nossa vida. Este aparelho
psicológico reside no cérebro e chama-se “SELF” (vivo sempre com o meu eu)

• SELF – Conjunto das nossas ideias, valores, expectativas, aquilo que pensamos
sobre o mundo e sobre nós que caracterizam o EU.

Conjunto de ideias valores e expetativas.


A ideia que tenho de mim próprio.

o Eu espontâneo – aquilo que mais intimamente, autonomamente e


O que os outros espontaneamente penso sobre mim;
pensam de mim.
o Conceito de mim – aquilo que os outros dizem de mim; durante muito
tempo aquilo que pensamos sobre nós é este o conceito que os outros
constroem;
Á medida que construímos o nosso EU, vamos esquecendo cada vez mais o conceito de
mim e o Eu espontâneo tende a dominar. – Se o conceito de mim é mais dominante, é
porque tenho o Eu espontâneo fraco.
O SELF diz aquilo que sou e aquilo que consigo fazer em todos os momentos da nossa
vida. Determina:

• a forma como compreendo o mundo e avalio o mundo e as situações;


• as minhas reações e emoções (comportamentos);
• a minha relação com os outros;
• as minhas expectativas e as minhas escolhas;
Quanto mais perto da realidade for a ideia que temos de nós mesmos, mais forte o
nosso EU será – a nossa identidade é então definida pelo nosso self. Assim:

• O comportamento individual é determinado pela forma como cada um


compreende e interpreta as experiências e os acontecimentos
• O melhor ponto de observação para compreender o comportamento é a
partir da grelha de referências do próprio individuo.

Compreende e interpreta as
Quanto mais perto da realidade for a ideia que temos experiências de vida.
de nós próprios mais forte será o nosso "eu".

Então, o comportamento, por exemplo, de isolamento pode ser determinado por


representações individuais do mundo e dos outros como “ameaçadores e capazes de
me fazer mal” e de si próprio como “incapaz de lidar com a ameaça”

Teoria do self:
Carl Rogers: Aquilo que é a força motriz (motivação básica) do Homem é a tendência
para a auto-atualização (para o desenvolvimento majorante das suas capacidades) a
qual representa a “tendência intrínseca do Organismo para desenvolver todas as suas
capacidades de modo a fortalecer a pessoa”.

• Vivemos num equilíbrio psicológico e social, tendo a nossa identidade


psicológica e social construída por base no que sou e sou capaz de fazer e
naquilo que os outros dizem que eu sou e consigo fazer.
O Self é dinâmico, mutável, ao longo da nossa vida, mas mantém algum padrão de
estabilidade mínima que permite alguma base de equilíbrio. Todas as experiências que
temos são avaliadas e todas as pessoas tentam viver de acordo com o seu self.

O self é dinâmico e mutável mas mantém


Força motriz é a tendência para a atualização. algum padrão de estabilidade mínima
Vivemos num equilíbrio psicológico e social.
Assim, a minha identidade psicológica e social (o meu Self) não é nada mais que um
processo de construção pessoal que determina o meu equilíbrio psicológico e social,
e que vai caracterizar quem sou eu e o que é que eu sou capaz de fazer, e o que é que
os outros dizem que eu sou e o que é que eu consigo fazer

✓ Através das várias experiências de vidas: todas as experiências são avaliadas


em relação ao autoconceito.
Com base na Centração de saúde, existe a Corrente humanista – iniciada com Roggers
e que é posta em prática na psicologia da saúde e da doença. Tem como asserções:
1. O homem é, tendencialmente, bom e digno de confiança, devido à base
homeostática – ao contrário das outras correntes que diziam que o homem é
direcionado para o caos;
2. O homem deve ser considerado como possuidor de qualidades, capacidades e
Corrente
Humanista competências superiores que permite um “crescimento saudável e equilibrado
e a auto-atualização”;
3. O homem tende para viver para homeostasia, quer psicológica e fisiológica;
4. Há um valor fundamental que é a dignidade da pessoa – a pessoa tem a sua
dignidade e é digno de respeito, independentemente da sua condição;
A forma como se entende a saúde e a doença, como se presta os cuidados de saúde e
como se interage nos serviços de saúde depende dos modelos de orientações do que
define o que é saúde, doença, o doente, estatutos das pessoas envolvidas, entre
outros.
A pessoa tem uma “self” que é o aparelho psicológico, que é o conjunto de valores,
características, o que é intrínseco a si e aquilo que nos define. Mas não só tenho um
self como também reconheço o self dos outros. Esta identidade social é psicossocial e
que define quem somos e também o que os outros dizem que somos capazes de fazer.
Aparelho psicológico.
Conjunto de valores
e características que
nos define.

• HIPÓCRATES – pai medicina que defendia que o homem tinha corpo e mente
inseparáveis;
• MODELO CARTIANO – corpo e mente separados e o corpo como um objeto
• MODELO BIOMÉDICO;
3. Modelo Biomédico:
O modelo biomédico define a doença como “derivando de lesão corporal e é medível
e observável de forma objetiva e comprovada”.

Relação entre o corpo e a mente – Dualismo Físico-psíquico: Considera que a parte


física e o psíquico estão separados, funcionando independentemente, pelo que não
têm de ser relacionados.

Monismo fisicalista – a parte física sobrepõe-se.

Noção de doença/Tratamento – doença é o resultado direto e linear de agentes


externos patológicos (perspetiva biologizante) trata-se de uma perspetiva
mecanicista, em que o médico apenas quer curar a doença, com foco na cura e
ênfase apenas na doença.

Relação entre os profissionais e os doentes – Foco apenas na doença, modelo de


contaminação e do contágio e o poder epistemológico dos profissionais que diz que
o médico é que sabe, sobrepõe-se à preocupação com o doente.

Papel do leigo: é considerado passivo em todos os processos, esperando que se


submeta ao médico, aderindo a tudo o que é recomendado pelo mesmo. Há uma
perda de estatuto do doente e há uma desresponsabilização pela sua saúde.

Organização dos serviços: Aparecimento de servições hierarquizados – do mais


doente que outros; poder epistemológico do médico, especialização e afastamento
dos profissionais com afastamento do doente e da comunidade.

Ações de saúde – apenas se prestam cuidados quando há patologia expressa


(negligência na prevenção, nos determinante psicossociais), centrando-se apenas
nas intervenções sectárias.

Este modelo fez muito sentido no início do sec. XX e, apesar de tudo, foi importante.

• Especialização médica e de todas as áreas da saúde que leva ao progresso


científico
• Diminuição da mortalidade (sobretudo de doenças agudas e infeciosas) –
transformou doenças agudas em crónicas (Ex: asma, diabetes, lupus) que, no
entanto, não têm cura
• Centralização dos cuidados de saúde – comunidade médica para um só local e
comunicação entre especialidades
• O desenvolvimento da bacteriologia
• O desenvolvimento dos procedimentos cirúrgicos e das condições de assepsia

Especialização médica
Diminuição da mortalidade
Centralização dos cuidados de saúde
Desenvolvimento da bacteriologia e cirúrgicos
Centração nos biológicas.
Centração do dualismo físico.
Afastamente entre o médico e o doente.
Hierarquização dos serviços de saúde.

• Centração nos aspetos biológicos – Centração na patologia, só existe doença


se houver causa patológica e expressão da mesma, não era compreendido que
a doença derivasse do comportamento humano
• Centração no dualismo físico
• Afastamento entre medico/doente – médico ganha muito poder
• Afastamento entre os vários profissionais da medicina e de saúde
• Hierarquização dos serviços de saúde – hierarquia por conhecimento com
médico no topo

Este modelo desenvolvido no princípio do séc. XX, cai 40/50 anos depois, uma vez que
começa a ser questionado pelos profissionais e que houve evidência contra este
modelo e a sua atitude.

• Alteração das causas de mortalidade – hoje morremos muito de aparelho


circulatório e cardiovascular;
• Constatação de problemas de adesão – paciente é ser ativo e a falta de
conhecimento diminui adesão do mesmo;
• Aumento da cronicidade (não cura, qualidade de vida) – doente crónico nunca
estará curado e este modelo não se preocupa com qualidade de vida;
• Estudos epidemiológicos que constatam a importância dos comportamentos
na saúde e na doença;

4. Modelo biopsicossocial ou holista


Há quem separe os modelos biopsicossocial e holista, sendo que o holista apareceu
em segundo. O primeiro engloba as vertentes bio, psico e social, enquanto o segundo
nos vê como um todo.
A partir dos anos 60, passamos a ter aumento de vozes que defendem a necessidade
de mudar como os cuidados eram prestados e o entendimento da saúde/doença.

Segundo vê como
um todo.
Relação entre corpo e mente – orientação hipocrática em que o homem é um todo,
um ser biológico, psicológico e social, em permanente construção – ou seja, não dá
para tratar uma mão sem ter atenção à pessoa;

Noção doença e de tratamento – doenças multicausadas (mesmo as infeciosas)


influenciadas pelo estilo de vida, importância das atribuições pessoais, foco na
prevenção, foco no bem-estar do doente, noção abrangente da doença que deixa de
ser só fisiológica;

Relação profissional de saúde/doente – foco no doente (no que ele sabe, na sua
adesão, no que ele pretende) que é especialista nele próprio, partilha do poder
epistemológico, doente é um ser ativo e potencialmente responsável e capaz de
participar na tomada de decisões, ou seja, responsabilização do utente que fará
parte do plano de tratamento;

Leigo – papel ativo em todo o processo, partilha de autoridade, reconhecimento de


estatuto (já não está na base da pirâmide), responsabilização pela sua saúde;

Organização dos serviços de saúde – equipas e liderança democrática,


multidisciplinariedade e partilha de poder, equipas alargadas ao
doente/comunidade;

Ações de saúde – realce dos cuidados primários e terciários (uma vez instalada a
doença), importância da prevenção, determinantes psicossociais da doença,
intervenções em equipa, importância da qualidade de vida;

SAÚDE E DOENÇA: o modelo biopsicossocial diz que saúde e a doença são “dois
estados definidos de uma forma mais ou menos arbitrária e determinados
simultaneamente por fatores biológicos, psicológicos e sociais”.

Saúde e doença • “A pessoa não pode ser reduzida à dimensão biológica (...) não podem ser
Depende de fatores:
- Biológicos
compreendidas segundo as leis aplicáveis à matéria inanimada (...) o
- Psicológicos património genético e o meio atuam simultaneamente nas evoluções do
- Sociais
individuo.” Dubos-1990
Património genético
e ambiente Nos anos 50 (1948) a OMS vem definir a saúde como “estado perfeito de bem-estar
físico, psicológico e social e não apenas a mera ausência de doença”, o que foi muito
importante para a saúde deixar de ser apenas a ausência da doença física, contudo
com esta definição veio a questionar o que é ser saudável.
Atuam na evolução
do indivíduo
• A saúde manifesta-se ao nível do bem-estar e da funcionalidade;
• As três dimensões de saúde estão integradas e são interdependentes;
• A saúde define-se em bem-estar resultante de uma autoavaliação individual –
eu estar saudável também depende da nossa definição
• A saúde define-se pela positiva e implica o aumento de qualidade de vida

Deslocação de orientação centrada na patologia para uma orientação centrada no


doente (pessoa):

• Importância dos comportamentos no desenvolvimento da doença e na


manutenção da saúde
• Importância da sociedade no desenvolvimento da doença
• Importância do psicológico nas reações à doença
• Importância da relação profissionais/doente nas reações à doença e
tratamento – comunicação com os técnicos
Deficiência - estatuto de autonomia e interventivo.
Se o doente estiver fragilizado permite
ao profissional de saúde decidir por ele.
Indivíduo é capaz de tomar decisões e deve ser
chamado para pensar na sua saúde e a sua doença.

• Aumento cuidados primários com prevenção (primaria e secundária) – os


primeiros programas de educação para a saúde;
• Humanização cuidados saúde;
• Mudança no estudo da etiologia das doenças – deixam de ser só
determinantes biológicos que provocam doença;
• Definição de campo de saúde como englobando 4 asserções: biologia humana,
meio ambiente, estilo de vida, organização dos cuidados de saúde;
O modelo biopsicossocial tem uma deficiência porque ainda não é dado ao doente um
estatuto de autonomia e estatuto interventivo.
O modelo holista vai concordar com o modelo biopsicossocial, contudo, diz que o
doente é um individuo capaz de tomar decisões e que deve por isso ser chamado a
pensar a sua saúde e a sua doença.
Há situações de doença em que as pessoas não estão preparadas para a partilha de
conhecimento e tomadas de decisão. No caso de um doente estar fragilizado sem
capacidade de tomada de decisão, o modelo holista permite ao profissional de saúde
decidir pelo doente continuando a comunicar com o doente sobre isso e estando
disponível para qualquer alteração de planos, com a intervenção do utente.
SAÚDE E DOENÇA: a doença e a saúde podem definir-se como dois momentos no
continuo em que num lado está a doença e a morte e no outro o estado ótimo de
saúde, em que todos nós caminhamos estando mais perto de um momento ou de
outro em que todos nós estamos um bocadinho doentes e um bocadinho saudáveis.
Dois momentos
contínuos. Segundo este modelo:
Vamos variando a
nossa posição. • A posição que cada um ocupa não é estática;
• Não pode existir discriminação, pois todos os indivíduos estão algures no
contínuo e essa posição pode ser alterada em qualquer momento;
• A posição que cada um ocupa é também da responsabilidade do próprio
individuo e pode ser alterada por este;
A meio do continuo existe um momento de “breakdown”, defendido como “o
momento em que o tratamento faz mais bem do que mal”: há um momento em que
os sinais e/ou sintomas ou a nossa perceção deles, são mais de doença do que de
saúde, sendo que este momento pode ser diferente de pessoa para pessoa.
Não existem tratamentos inócuos, têm efeitos secundários e efeitos na nossa vida,
tanto monetários como mudanças de rotinas, e quando percebemos que estes custos
do tratamento são mais importantes que os malefícios dos tratamentos, definimos e
apercebemo-nos que estamos doentes. Este momento é o breakdown e não
precisamos de ser diagnosticados para perceber que estamos doentes.
Atualmente define-se saúde em dois eixos contínuos que intercruzados tornam
possível os quatro estados relacionados com a saúde e a doença, tendo 4 quadrantes
onde podemos encontrar o individuo:

• Não se sente doente e ter doença – precisa de cuidados


• Não se sente doente e não ter doença – estado ótimo saúde
• Sente doente sem doença – precisa de cuidados
• Sente doente e tem doença – o pior e também precisa de cuidados

Esta definição põe em relevo:

• A possibilidade da necessidade de apoio de pessoas que se sentem doentes


mesmo quando fisicamente não o estão;
• Necessidade de uma ajuda adequada quando a pessoa está doente e se sente
bem;
• A qualidade de vida (muito associado às doenças crónicas);
Hoje a OMS diz que “a saúde é a extensão em que um individuo ou grupo é capaz de
realizar as suas aspirações e satisfazer as suas necessidades e por outro lado, de
modificar ou lidar com o meio que o envolve” (1986).
Saúde é então quando conseguimos ser ativos e progredir aquilo como temos como
expectativas de forma física, psicológica ou social e de forma integrada. Dentro da
saúde temos as várias patologias fisiológicas, psicológicas, etc, e todos os parâmetros
biológicos, mas não é só isto que faz a nossa saúde.
“não existem pessoas saudáveis, mas diagnósticos incompletos”.

1.1) Teoria da crise:


Foi desenvolvida por Caplan para qualquer situação de crise e não apenas para saúde.
Este diz que o nosso funcionamento é um funcionamento que tende para o equilíbrio.

• Por exemplo, se temos falta de nutrientes, tendemos para comer. Se temos


uma ferida, o organismo tende para reparar essa ferida, tentando atingir o
equilíbrio.
Tendência para a homeostase implica
a procura constante de equilíbrio.

Teoria Holista de Maslow Equilíbrio dinâmico

ASSERÇÕES DA TEORIA DE MASLOW:


1. “O Homem é um todo integrado e organizado” – Perspetiva Monista

Sendo um TODO o Homem reage segundo princípios de:


• Totalidade – todo integrado
• Feed-back– construção dialética Totalidade
• Homeostase – compensação Feed-back
Homeostase
• Equifinalidade– equilíbrio Equifinalidade

AS LEIS DE FUNCIONAMENTO DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE CRESCIMENTO:


– A tendência para a Homeostase implica a procura constante do equilíbrio.

Não é, no entanto, um equilíbrio estático mas sim um equilíbrio enquadrado num processo
DINÂMICO numa construção dialética.

2. O Homem não é regido por Motivações de Deficiência mas sim por


Necessidades de Crescimento

Que deverão ser conhecidas quando queremos perceber o comportamento Humano.

Necessidades de Crescimento Auto-realização, reconhecimento, estima, segurança, fisiológicas

Auto-realização - Objetivos superiores


Reconhecimento - reconhecimento
institucional
Estima - social/emocional
Segurança - preservar a integridade
física
Fisiológicas - alimentação, sede, sono

NECESSIDADES FISIOLÓGICAS
- Hipervalentes; menos dependentes da vontade
- Básicas; Instrumentais; Partilhadas por um maior número de indivíduos
- Para a sua satisfação a pessoa pode ter comportamentos que que não são “normais”
nela (e.g. Agressividade)

- Carências alimentares; situações em que o doente fica privado de alimentos (dieta


restritiva) ou de água (ou que tem a perceção dessa privação).

• Quando se atinge um nível mínimo de satisfação as necessidades do nível seguinte


ganham valência (força motivadora)
• No entanto se as circunstâncias assim o determinarem estas necessidades podem vir a
ser de novo hipervalentes.

NECESSIDE DE SEGURANÇA
• Previsibilidade de manutenção do meu “eu” físico
• Ainda muito instrumental e hedonista mas já com alguma aproximação a aspetos
psicológicos
Não satisfação: A pessoa pode tornar-se muito dependente de quem lhe prometer a segurança
de que ela necessita; Pensamento mágico (necessidade afirmação da sua segurança)

- Situações em que a pessoa teme pela sua vida; não


- pode prever o seu futuro; perde o controlo sobre a sua vida

NECESSIDE DE ESTIMA
- Necessidade de ordem emocional/afectiva/social “Amar e ser amando”
*para realizar estas necessidades pode ,,,,,,,
- Dependência emocional
- Alterações de si para poder pertencer ao grupo; dependência afetiva; perda de auto-
estima)
- Não satisfação: Instabilidade emocional
Agressividade latente; passividade// autoritarismo)

- Situações em que a pessoa teme deixar de ser amada (e.g desfiguramento;


disfuncionalidade

• São necessidades com forte dominância psicológica (social e emocional)


• A sua não satisfação determina, segundo Maslow, frustração, sentimentos de rejeição, e
desajustamento.
• O desajustamento tanto pode ser expresso e comportamentos de isolamento social como
em comportamentos anti-sociais (o indivíduo pode começar a perceber o mundo como
ameaçador e rejeitante)
• A não satisfação pode levar o indivíduo a procurar grupos de apoio ou grupos anti- sociais).
• A satisfação deste nível de necessidades torna possível a emergência de outro nível.

NECESSIDADE DE RECONHECIMENTO
- Institucional “ser reconhecido/admirado
- Não satisfação – frustração; afastamento; estagnação; depressão; angústia

- Situações em que a pessoa perde o sue estatuto; a sua identidade; as suas tarefas de
desenvolvimento (e.g. a produção)
• São necessidades relacionadas com o reconhecimento social e auto-atribuição de
competência.
• Quando não satisfeitas o indivíduo sente-se inferior, fraco e desprezível.
• Estes sentimentos podem acarretar perturbações emocionais e tentativas radicais de
proteger a sua auto-imagem.
AUTO-REALIZAÇÃO
- Autonomia
- Descentração de si e centração em valores mais universais
- Procura de realização de objectivos que transcendam o seu eu
- Maior equilíbrio
-Maior facilidade na satisfação de necessidades básicas

3. Estas Necessidades de Crescimento funcionam segundo leis:


- Sequência Invariante
- Majorância (princípio da emergência)
- Universalidade
- Coexistência (ainda que com valências diferentes princípio da dominância)
- Reversibilidade
Não há alteração da sequência
Sequência Invariante
– Níveis inferiores precedem sempre níveis superiores e não é possível alterar a sequência.

Universalidade
– Como processo estrutural a sequência não depende de factores sociais sendo
partilhada universalmente
Sequência tende para a progressão em termos de
complexidade e de desenvolvimento pessoal.
Majorância
– A sequência tende para a progressão em termos de complexidade e de desenvolvimento
pessoal (afastamento de necessidades mais fisiológicas). Quando as necessidades de
determinado nível atingirem um estado razoável de satisfação as necessidades de níveis mais
elevados tornam-se dominantes (hipervalentes).

Coexistência
– é possível a coexistência de mais do que um nível de necessidades. Quando isto
acontece as necessidades de nível mais baixo tendem a ser dominantes.

Reversibilidade
– é possível a regressão a níveis mais baixos na hierarquia (esta regressão depende das
circunstâncias e do funcionamento individual).

• Os comportamentos e desejos do Homem podem representar motivações múltiplas


• Por exemplo a vontade de comer pode derivar não só de uma necessidade fisiológica mas
também da necessidade de estima
Quando não somos capazes de reequilibrar o desequilíbrio
Vai atacar o nosso self e tornam-se destrutivas para o mesmo.

Este equilíbrio tende para o físico (fisiológico) e psicológico – Tentamos sozinhos ver
se conseguimos equilibrar-nos novamente quando o nosso equilíbrio está abalado,
procuramos resolver.
EXEMPLO: maioria das “facadas”que são dadas, são dadas no meu self. Tento
restabelecer o equilíbrio a chorar, a tentar pensar como resolver, entre outros.
Fim de relação -> Perda de um ente querido -> Ferida no self: dá à pessoa uma
consciência de que não merece ser amada, não é suficiente para ninguém.
Por vezes, temos desequilíbrios que nos deixam feridas, traumas, entre outros, que
magoam o nosso self, sendo estes um dos traumas mais graves. Há situações mais
marcantes que vão atacar o nosso self, que podem tornar-se destrutivas para o
mesmo.

Quando há um stressor, um agente grande de ameaça, aquilo que acontece é que eu


entro em crise, que é o desequilíbrio e que me dá perturbação emocional e,
consequentemente, me leva a ter comportamentos desequilibrados (a Maria chora, diz
que se vai matar porque não consegue viver sem o amado, não come, nem estuda)

• Selfs mais fracos  Desequilíbrios absolutos;


• Selfs mais fortes  podem ter também períodos mais frágeis também, mas
enquanto está forte, podem reagir melhor e não ficar totalmente
desequilibrado.
Todos nós temos uma identidade. Atualmente, temos maior capacidade de escrever
sobre nós, não apenas descrever o físico, mas sim algo que sejam as nossas
capacidades, dificuldades, características do self, mas poucos escrevem que são
doentes (pessoas que nasceram com doenças congénitas, entre outros), pelo que não
temos isso na nossa identidade.
Um dia vamos ouvir que somos doentes, e se esta doença for crónica (diabetes,
doença neurogénica, …) será para sempre – teremos de juntar isto ao nosso self e isto
será um enorme agente stressor, porque não vamos reconhecer que somos nós.
Apartir do momento em que sou diagnosticada com uma doença, se não conseguirmos
reajustar-nos, a pessoa torna-se alguém que experienciou uma morte na sua
identidade.

Se não houver um reajusto após o diagnóstico


• Exº uma advogada com cancro -> pararam de a ver como a profissional que
era, mas sim uma fraca e doente que já não consegue cuidar dos filhos, que as
pessoas acham que está fragilizada, pelo que terá uma identidade doente
(tremendo para o self).
A perda de saúde é uma situação de crise que leva para a perda de equilíbrio e
consequentemente à perda da identidade psicológica e social, tendo com que
forçosamente, eu tenha comportamentos e emoções disruptivos. Os fisioterapeutas
são profissionais de primeira linha pelo que todos me passarão na mão enquanto que
a psicologia é de segunda linha, pelo que nem todos os doentes terão acesso a estes,
sendo fundamental que consigamos reconhecer a doença psicológica e consigamos
compreender quem precisa.

• Há um momento de construção social fraca, com instabilidade.


As crises que envolvem a perda de saúde são estressores, porque:

• Não são, na maioria dos casos, situações antecipáveis – acidentes na rua, ser
diagnosticada de um dia para o outro;oko
• Contornos ambíguos – Há muitas vezes contornos de doenças que não
podemos prever a sua expressão ou prognósticos;
• Confronto com ambientes estranhos e agressivos – Não escolho os meus
profissionais de saúde, pelo que terei de me relacionar com estes e com a sua
autoridade, não apenas a família e os amigos;
• Implicam alterações de vida – aquilo que mais queria ser, poderei ter de
alterar;
• Implicam tomadas de decisões – Decidir aquilo que devo fazer;
Nós temos a identidade de todos aqueles que rodeiam e muitas vezes encontramos
reações emocionais desequilibradas, por exemplo, por parte dos pais.

• Exº o menino que teve um acidente com o pai (que este morreu) e a mãe que
o visita enquanto está em coma, mas deixa de o visitar quando este menino
passa para um centro de reabilitação. A mãe dizia que o filho dela não era
aquele menino, que o menino tinha morrido, que ele falava, brincava com ele.
Ela considerava ter perdido o filho como quem perde os pais para o Alzheimer.
Mais tarde, quando finalmente o foi ver, a criança conseguiu reconhecer a mãe
e a mãe reconheceu-se como mãe. Houve uma reconstrução da identidade
social.
As crises vão acontecer sempre que haja uma alteração da doença, no tratamento ou
da própria pessoa, não apenas no diagnóstico. Sempre que tiver uma crise,
procuramos uma resolução com estratégias de confronto e/ou uma resposta
adaptativa ou não adaptativa que vão levar a alterações da doença e/ou do doente,
podendo levar a uma nova crise ou um momento de estabilidade,
Há crises que são caracterizadas por:

Crises sempre que há uma alteração da doença


no tratamento ou da própria pessoa não apenas no
diagnóstico.
• Maior ou menor perturbação emocional;
• Maior ou menor Perturbação Cognitiva;

Modelo de autorregulação da saúde


Responde a “Como é que a pessoa reage a uma crise de saúde?”
Diz que no processo de adaptação há 3 fases:
1) Interpretação do que tenho, do que sou, do que a doença trás, as suas
Representação da consequências, se tem algum controlo; – representação da doença;
doença.
Fase de coping. a. Associa-se a reações emocionais;
Reavaliação do
coping.
2) Vou tentar resolver a situação, ativar estratégias – Fase de Coping; vai
obviamente influenciar as minhas reações emocionais;
3) Reavaliação do Coping – onde vou avaliar a efetividade do Coping;

“A reação à doença não é um processo linear que seja definido por estados lineares,
sendo um processo bem mais dinâmicos que flutua entre a negação, a culpa, a
revolta, a depressão e aceitação”
Não temos estados definidos, mas sim emoções, que nos dão sinais para que sejam
reconhecidas e formas de atuação, para saber o que fazer quando os encontramos.

Advém com o diagnóstico, na maioria dos casos. É paralisante, uma forma do


organismo para nos proteger da notícia. É um mecanismo fisiológico que faz com que
eu “feche” para entrar no frame onde ouvi a desgraça.
A pessoa torna-se assim ausente, na medida em que passa a ter dificuldade de
compreensão, dificuldade de comunicação e dificuldade de processamento de
informação.
TIPOS DE CHOQUE:

• Emocional – há paralisia das emoções e mantém ativa a cognição, o


pensamento. Emocionalmente eu paro, podendo estar confusa, mas o canal
Mantém a cognição
ativa apesar de tudo. cognitivo está aberto e consigo compreender certas partes.
o Exº uma pessoa emocional, tenho de me sentar e falar com ela, sendo
escusado lá ir puxar pelas suas emoções e dizer “ACORDE”. Entro com
uma via cognitiva.
• Cognitivo – não percebo nada do que me dizem, confusão mental, mas
Confusão mental
mas emocionalmente
emocionalmente há uma maior intensidade: choro, grito, rio histriónica, digo
há uma maior intensidade asneiras;
o Exº quando alguém está a ter estas emoções, não devemos dizer “não
chore, tenha calma”. Se há uma exacerbação enorme, não há qualquer
forma de acalmar, apenas tenho de ajudar a processar tudo com calma
Entramos em choque
porque não queremos
“chore à vontade, nós estamos aqui ao pé de si, há coisas a fazer, vamos
enfrentar a situação. fazer de tudo e hão de melhorar, vamos ajudar desta maneira…”. Nunca
dizer ou dar garantias que vamos curar. Bater palmas e pedir para
respirar com calma. Entro com uma via emocional.
• Misto – há ambos anteriores. Devo perceber qual das vias está mais aberta.
Normalmente, a cognitiva está mais ativa pelo que devemos estar lá ao lado,
garantir que é natural todas as reações que está a ter.
Nós entramos em choque porque não queremos enfrentar a situação. Podemos ter
uma ausência de compreensão, de comunicação e de processamento de informação.
Tenho de estar ciente que a informação que o meu paciente em choque recebe, não
conseguirá compreender e processar a informação da mesma forma.

• Compreender a situação – o que pode estar a causar o choque e o que está a


acontecer?
• Compreender o tipo de choque – aproximação emocional e/ou cognitiva;
• Equilíbrio emocional do meio envolvente – que está em seu redor, sendo
crucial o afastamento de perturbadores, estressores, dando maior privacidade
e apoio aos elementos de recurso do doente;
• Centração do apoio nos aspetos mais imediatos – no momento o que fazer
para diminuir o choque da pessoa, centrar no doente e responder ás duas
necessidades;
• Apoio no abandono da estagnação – Ajudar o doente a “diminuir o medo” de
processar a informação;

– no choque não processo a informação por ser tao complicada, na negação


eu vou processar a informação e vou negá-la.
• “isto não está a acontecer comigo, estão agora a dizer que tenho x doença” –
posso negar a doença completamente ou o rótulo que deram à doença – não
tenho artrite reumatoide, tenho reumatismo” - ou o tratamento – “a
fisioterapia não vai fazer nada à artrite”
• Erro: pensar que a negação é só quando o doente não aceita a doença
Operação mental segundo a qual pensamentos, sentimentos, atos, ameaças ou
exigências são minimizados ou negados.
Quando envolve fuga e/ou estagnação permanente e sem procura de decisão
esclarecida e resolução do problema, é não adaptativa.

• não adaptativa - “estou muito cansada, não é doença nenhuma”


o recusa à compressão/aceitação da situação;
o fantasia, adiamento; pensamento mágico “

Não adaptativa - quando envolve fuga ou estagnação


Adaptativa e positiva - negação é minimizada.
Positiva se houver desenvolvimento de significações e
crenças mais adaptativas.

– quando negação é minimização e pode ser adaptativa e positiva,


minimizado os efeitos – isto pode ser positivo desde que a pessoa não saia da
realidade – “eu tenho x doença, mas agora ainda consigo fazer isto”
o Diminuição da valência do stressor;
o Centração em aspetos mais positivos e menos ameaçadores;
o Relativização;

É adaptativa/positiva quando dá espaço para o desenvolvimento de significações e


crenças mais adaptativas, e se isto for por curto espaço de tempo devemos de deixar.
“A minha filha não tem artrite reumatoide, tem reumatismo” – devemos de dar espaço
à senhora e dicas para a senhora repensar, instalando a dúvida e ela assim pode
começar a pensar que talvez a filha tenha reumatismo.

• Por exemplo, mostrar que os sintomas são parecidos com aquilo que
aprendemos nos livros e mostrar imagens e parecenças com o caso da filha.
importante estabelecer relação de confiança primeiro e não de confronto.
Sempre que o doente sai da realidade está a negar “eu tenho um linfoma, não é
cancro”! A minimização é feita em cima da realidade “eu tenho um linfoma, mas há
cancros muito pior que estes”

• Dificuldade de comunicação e processamento de informação


• Possível expressão de frustração: agressividade ou total ausência e apatia
Tentativas de negação – tentativa de não me expor, processo incompleto de negação -
“eu não posso ter isto, não pode ser”, “ela não pode ir já para uma cadeira de rodas” –
sofrimento de quem sabe o que vai acontecer e o que se está a passar, a pessoa tenta
negar, mas são evidentes sinais de estar a considerar a possibilidade da situação ser
real.

• A negação pode ser uma estratégia de confronto para viver durante algum
tempo.

– Associado à negação pode aparecer a incredulidade “não acredito,


não pode ser, não quero” – reação geralmente muito inicial e transitória que
acompanha a difícil, mas progressiva aceitação do diagnóstico.
A negação pode ser o que está entre a pessoa aceitar a doença ou matar-se.

• Recusa-se a enfrentar o futuro,


• Incapacidade psicológica para integrar a informação,
• Medo de perda de vida e perda do eu (vida psi),
• Pensamento mágico
• Compreender o porque da negação – eventualmente no primeiro encontro
centrar nos sintomas e não no rotulo da doença “depois falamos dos sintomas”
• Empatia (conseguir calçar os sapatos da outra pessoa) e não confronto ou
culpabilização – “diga-me o que a leva a dizer isso”
• Equilíbrio emocional do meio envolvente – ver como a família lida com a
negação ou como o doente lida com a negação da família (como os pais)
• Informações muito claras em relação às alternativas de controlo do problema
Família

• Fuga – “não consigo viver com a minha filha a ter esta doença” então a pessoa
afasta-se
• Incompreensão do diagnóstico e tentativa de proteção do doente – “nunca
mais vou a esse médico, é horrível”
• Tentativa de proteção da família. Negação/adulteração das exigências do
diagnostico – “isto não pode ser, na nossa família nunca houve nada disto”

– conjunto complexo de emoções como o medo, a preocupação ou a


apreensão, associada a significações de ameaça ou de impossibilidade de controlo
O corpo prepara-se para atacar ou fugir, reação instintiva e animal dai haver
tensão muscular, hiperventilação, suor, taquicardia, dilatação pupilar, hormonas
ativadoras segregadas (adrenalina) – sentimo-nos ameaçados e é isso que nos traz
medo, logo a ansiedade é uma resposta a situação de ameaça, seja ela real ou virtual
Resposta a Pode ocorrer haver ansiedade sem ameaça ou razão clara porque o organismo
uma de ameaça
está habituado a esta. Causa imenso sofrimento e estado de expectância “o que vai
acontecer agora”
Numa situação de doença a ansiedade associa-se a:

• Desconhecido – não saber o que nos vão fazer ou não conhecer a doença
• Sentimentos de incompetência – acontece muito com os pais – se mostrarmos
ao doente que ele é competente conseguimos envolvê-lo muito mais
• Imprevisibilidade
• Ameaça ao controlo
• Ameaça de vida ou de perda de integridade tanto física como psicológica
Uma sessão de fisioterapia tem sempre estes 5 pontos, sendo uma situação
ansiogénica.

• Agressividade – pode ser só uma reação de ataque (há pais que têm vontade
de bater)
• Incompreensão do diagnostico e tentativa de proteção do doente.
• Procura compulsiva e pouco razoável de outros profissionais ou outras formar
de resolver o problema;

• Compreensão das crenças relacionadas com a ansiedade – ver o que para o


doente está a ser ameaçador
• Aumento do controlo do doente/da família – através da informação, educação
em relação ao tratamento, envolvimento
• Equilibro emocional do meio envolvente – se tiver pais ansiosos podemos
tentar afastá-los para conseguirmos trabalhar
• Aumento do suporte emocional/social do doente – quais as fontes de
suporte? Como promover ajuda?

É muito prevalente e muito frequente, não sendo aquela com maior expressão.
Vamos ouvir a culpa com frases não acabadas e vamos vê-la em atitudes não verbais.

• Baseia-se na responsabilização – na atribuição causal; há sempre uma causa.


• Racional – quando há realmente uma causa possível; alguém que fumou 4
maços por dia e que tenha uma neoplasia pulmonar (é uma culpa verdadeira,
muito provável).
• Irracional – não há um racional que possa explicar a culpa;
A culpa é grande potenciadora de reações como agressividade, dificuldades de
comunicar, fuga e dificuldade de compressão.

• Empatia e compressão da direção da culpa – nunca dizer “Não pense nisso”,


eu oiço-o e mostro que o compreendo;
• Não confrontar ou fazer confronto empático – convite à procura de
alternativas, não dizer que é um disparate. Exemplo da cardiopatia congénita –
ver as causas da doença, procurar alternativas que possam mais relacionadas
com o problema, entre outros.
• Gestão da culpa – permitir a expressão de culpa, discuti-la e centrar nas
“prioridades centrais”;
• Gestão do castigo – responder à culpa adotando comportamentos de proteção
e aderindo ao tratamento;

:
• A raiva é um sentimento que envolve agressividade de latente e é dirigido
muitas vezes à equipa de saúde “responsável pelo diagnóstico”, estando muitas
vezes associada à culpa.
• A revolta resulta da perda injustificada de projetos ou de planos futuros
(especialmente em adolescentes, uma vez que representa uma estagnação do
futuro) e de sentimentos de impotência face à situação
A expressão da revolta é muito importante porque é uma forma de conseguir tirar de
mim uma grande quantidade grande de energia negativa.

• FAMÍLIA -> a sua raiva é dirigida:


o Aos técnicos de saúde que não conseguem a cura imaginada ou que
não cuidam do doente como ele deveria ser cuidado (da sua
perspetiva).
o Também é dirigida ao doente que é considerado “culpado” pelas
exigências que a doença traz e pelos poucos progressos em relação à
cura imaginada. É frequente que a revolta seja o único fio que mantém
a esperança de melhoras e de cura e que afasta a certeza de perda total
e a desesperança

• Empatia – compreensão da direção da raiva, dar espaço para o paciente falar


abertamente;
• Dar espaço para a expressão emocional;
• Recanalização da energia;
• Apoio na procura de alternativas – também para conseguirem

– Estado deprimido

A depressão é uma psicopatologia e para a poder diagnosticar sigo critérios de


diagnósticos pré-estabelecidos, com sintomas mais severos e colocam a pessoa num
estado de disfuncionalidade. Está associada ao sentimento de perda.

• Profunda tristeza;
• Apatia ou excesso de emocionalidade;
• Desmotivação em relação ao presente e ao futuro;
• Ironia mórbida;
• Desleixo em relação a si ou à sua responsabilidade;
• Centração em aspetos negativos;
• Significações de incapacidade, desesperança;
O Estados deprimidos são mais reativos e menos severos/disfuncionais, reage após
uma situação que abalou as suas perspetivas.
Quanto mais longa e mais disfunção da doença => maior o risco de depressão
• A família perde o doente antes de morrer levando a um afastamento do doente
– “luto antecipado”, muitas vezes associadas ao aumento de culpa.
• Há um exagero de cuidados desproporcionais do doente e aumento das
queixas hipocondrias para não viver a perda;

• Espaço para a expressão emocional;


• Centração na problemática atual;
• Centração nos ganhos** (pequenas metas realistas);
• Centração nos apoios nos aspetos mais imediatos;
• Rotinas diárias – deve fazer parte do nosso plano;
• Referenciação;

• Adaptativo – quando é informada e envolve a continua procura de bem-estar,


é ativa; o paciente aceita e continua a lutar.
• Não adaptativa – quando envolve fuga e/ou estagnação permanente sem
procura de decisão esclarecida; o doente cruza os braços como doente e
alterou a sua identidade.
Pode acontecer por exaustão e como forma de preservação dos outros
elementos da família – pode agravar sentimentos de revolta em relação ao doente e
de culpa;
Há outros sintomas como: helplessness, incompetência, perda de controlo, ignorância,
avaliação e violação da intimidade.

2) Reação à Doença
A resolução da crise dá-se através de três mediadores, nomeadamente a avaliação
cognitiva (aquilo que a doença representa para o doente; aquilo que o doente
compreende da doença), tarefas adaptativas e coping skills.
MEDIADORES – aquilo que medeia, leva a algo. São determinantes da minha
resolução, sendo estes muito perto da avaliação.

• Estes mediadores vão variar de acordo com as características pessoais do


Mediadores indivíduo portador da doença, com as características da doença e com as
Características da
doença, indivíduo e
características do meio
características do
meio. TAREFAS ADAPTATIVAS:
ações que o indivíduo pode tomar para resolver a crise; estas
ações também dependem do fisioterapeuta.
Rótulo
Causas
Consequências
Duração
Controlo

Todos nós temos ideias de doença. A adaptação é um “processo que pode mudar e
tornar-se mais ou menos elaborado no decurso temporal”. Este envolve um
planeamento e ação:

• Planeamento – conceptualização e representação da doença;


• Ação – estratégias de confronto;
A minha representação da doença possui 5 componentes:

• Rótulo/Identidade – que rótulo que dou à ameaça; sintomas: “O que sinto?


Oque tenho? Qual a severidade?”
• Causas – Atribuição causal, “Quais as causas? Porquê que tenho isto”
• Consequências – antecipação das repercussões, “Que impacto têm?”
• Duração – o que se espera que seja o curso da doença, “Agudo ou Crónico?”
• Controlo/Cura – probabilidade ou possibilidade de controlo; “A cura é
possível?”
A resolução da crise depende da maneira como eu penso acerca da mesma.

São tarefas que o indivíduo faz ou pode fazer para ter uma melhor adaptação. São
componentes individuais da pessoa ou também ajudadas por pessoas externas e pelo
meio envolvente. Um dos influentes destes mediados serão os profissionais de saúde.
Existem 7 categorias – 3 com a doença e 4 gerais:
- PERANTE A DOENÇA:

• Lidar com a dor, a incapacidade e os sintomas – a dor é um sintoma e


considerada atualmente como uma doença sendo um fator muito perturbante
no indivíduo, promovendo várias consequências negativas no psicológico e no
físico do indivíduo. A consulta da dor tornou-se muito requisitada. A
fisioterapia é uma técnica muito importante para lidar com a dor.

• Lidar com a hospitalização e os procedimentos do tratamento – numa


situação de hospitalização, todas as tarefas do quotidiano ficam alteradas, pois
é um espaço estranho para o mesmo. Nós, fisioterapeutas, temos um papel
importante no acolhimento dos pacientes ao meio hospitalar.

• Desenvolvimento e manutenção da relação adequada com o pessoal médico


– a resolução da crise depende da minha qualidade de relação com a equipa
médica. A relação paciente-médico é estranha, porque nas relações normais
somos nós que escolhemos com quem nos damos e nós não podemos escolher
3 em relação os nossos médicos. É mesmo uma relação entre estranhos porque não se
à doença: escolheram, mas o profissional de saúde que vá ter com o indivíduo escolheu o
- Dor e incapacidade
- Hospitalização
- Relação com o pessoal
médico
4 gerais:
- Auto-imagem satisfatória
- Equilíbrio emocional
- Boa relação com a família
- Futuro incerto
paciente e sabia o que ía acontecer, enquanto que o doente não decidiu ser
doente.
- GERAIS:

• Preservar um auto-imagem satisfatória e sentido de controlo e competência –


se mantiver uma boa imagem e, se não me tratarem como um doente, com
uma palavra a dar dentro do hospital e dentro da família. A destruição da
imagem do paciente poderá dar origem a uma resposta não adaptativa.
o O que o fisioterapeuta pode fazer?
▪ Consultá-lo sempre, integrá-lo no plano de tratamento;
▪ Tratá-lo com todo o respeito, não o ignorar;

• Preservar um razoável equilíbrio emocional – vou tentar que haja um


equilíbrio, porque um perfeito estado emocional é 99% impossível. Posso
tentar perceber o que o está a perturbar, acompanhá-lo durante os
tratamentos, dar serviços de qualidade ao mesmo.

• Preservar uma boa relação com os amigos e a família – incentivar os pacientes


a continuar a estar com os amigos e família porque é essencial que mantenha
uma relação social e não se isolar.

• Preparar para um futuro incerto – Centrar no presente, naquilo que podem


fazer no presente para o futuro, trazer o paciente para o presente. Por
exemplo, face a um mau prognóstico, devemos concentrar-nos nos passos
atuais a fazer a não no que vai acontecer no futuro.
Nós vamos continuar a ser fisioterapeutas mesmo que não cumpramos estes modelos
de serviços de saúde, o Estado irá pagar e receber o mesmo perante aquilo que
façamos, mas o doente precisa de mais atenção porque a crise pode perturbar o seu
equilíbrio com efeitos permanentes.

São estratégias para lidar com situações. Todos os esforços (dinâmicos, cognitivos,
emocionais) que nos dão a possibilidade de lidar com exigências externas e internas,
avaliadas pelo individuo como excedendo os seus recursos.
Visam a regulação dos processos fisiológicos, psicológicos e de interação sociais.

• EXEMPLO: Quando estamos mais stressados, o que é que eu faço? Distraiu-me


com outras atividades, oiço música, como, vou apanhar ar, fazer exercício
físico, estar com os meus animais de estimação, estar com os amigos…
Nenhuma destas estratégias vai resolver o problema em si. Por isso, há 2 tipos:
• FOCADAS NA EMOÇÃO – estas têm como objetivo diminuir a nossa emoção, a
forma como eu me sinto naquela situação.
o Comparação positiva – “Estou melhor que aquela pessoa” “Eu já estive
muito mal, mas já estou melhor?”;
o Minimização e relativização – “Eu estou muito mal, no entanto não
deixei de poder ir dar aulas, consigo fazer coisas que gosto”;
o Reavalização positiva – “Isto de ficar doente, mostrou-me muita coisa”;

• FOCADAS NO PROBLEMA – estas visam resolver, minimizar o problema;


esforços ativos diretos e construtivos para gerir ou modificar a situação
indutora de stress. Estratégias cognitivas e motivacionais ativas de procura de
informação e aquisição de competências;
o Resolução planeada – estruturação de ações de gestão que leve à
resolução ou ao controlo do problema pela análise analítica;
o Procura de recursos – procura de especialistas que ajudem na gestão
e/ou na resolução do problema;
o Estratégias de reavaliação cognitiva centrada na gestão do problema –
alteração das expectativas ou motivação;
Estas complementam-se, mas passamos a vida a usar apenas uma das estratégias –
tenho de perceber de onde vem o stress e o que posso alterar para resolver ou
minimizar os nossos níveis de stress.
A efetividade da estratégia de Coping (grau de adaptabilidade e ajustamento)
depende:

• das exigências do stressores – se a doença exigir tratamentos todas as


semanas e que sejam muito exigentes, eu preciso forçosamente de focar no
problema. Contudo, se ficar um tratamento que me possa alterar fisicamente,
por exemplo, não tão exigente como a primeira talvez seja mais eficaz focar na
emoção.
• dos objetivos do Coping – será o objetivo mudar a vida ou sentir-me melhor?
As estratégias de evitamento podem ser adequadas quando não for possível
resolver o problema. Se não consigo evitar as alterações físicas com uma
doença, o melhor será evitar a questão. Estabelecer se o objetivo é focado no
problema ou na emoção;
O álcool e outras substâncias são estratégias efetivas que fazem o paciente sentir-se
melhor – torna-nos mais tranquilos no momento: contudo, são estratégias muito
rápidas que criam dependências.
As estratégias de evitamento e distanciamento está associada a pior ajustamento –
aquelas que há fuga, que há estagnação, culpabilização dos outros, pensamentos
mágicos, resignação, entre outros. São mais usadas em situações de elevado stress e
têm melhores resultados quando a situação não tem resolução concreta, quando o
evitamento é temporário, ou quando não impede a utilização de outras estratégias
mais ativas.
A minimização, comparação positiva e a reavaliação são as mais positivas porque
permitem a gestão mais adequada de recursos pessoas e familiares.
Aceitação resignada (i.e., aceitar que a doença do filho implica alterações de vida e
alguma perturbação emocional) associada a forma menos perturbada de resolver
tarefas como a normalização do funcionamento familiar.
Envolvimento ativo nos cuidados e a resolução planeada do problema têm sido
identificadas como estando, associadas a melhores resultados na adaptação
A utilização de estratégias de evitamento de culpabilização dos outros,
pensamento mágico, resignação, e regulação emocional negativa associada a
ansiedade e depressão (adolescentes).

• Compreensão das suas próprias reações à doença;


• Compreensão das fases de reação e adaptação dos doentes à doença e ao
tratamento;
• Compreensão das tarefas adaptativas adequadas a cada Situação e a cada
doente;
• Skills comunicacionais – apoio e na informação;
• Estratégias para lidar com as suas próprias emoções;
• Conhecimentos – doença, tratamento, recursos;

Dor
“Experiência sensorial e emocional desagradável, associada a lesão tecidular, real ou
potencial, ou descrita em termos de tal dano”.
A dor normalmente está associada a sofrimento.
A fisioterapia tem um papel fundamental na dor, mas para isso precisa de a conhecer.
“conteúdo psicoafectivo com que é percecionada (experienciada) a dor”
Sensação psíquica associada a sentimentos de ameaça de perda ou de culpa que
ocorre em situações de crise”
“Ainda que não seja um exclusivo do ser humano o sofrimento exige referência
biopsicofisiológicas cognitivas e sociais. É uma experiência subjetiva”
A dor está associada a algo que é uma ameaça à minha vida e aí eu entro em
sofrimento – se eu partir uma perna que cause uma ameaça para o resto da minha
vida entramos em sofrimento; é a parte subjetiva.
Há 3 grande estadios de sofrimento:
1. Desconforto espiritual – é o mais expectável que há um desconforto espiritual
devido à existência dor, ameaça ou perceção de ameaça
2. Desconforto maligno – visto como um sentimento de abandono e expresso
através de uma conduta e negligência de si mesmo;
3. Indiferença apática – agrava a situação fisiológica do doente; o doente
abandonou-se por completo e é uma situação que não é mais possível; Há um
abandono de si completa.
A dor é fonte de sofrimento: induz ansiedade (ameaça), medo, sentimentos de
desespero e impotência. Pode ocorrer dor sem sofrimento e sofrimento sem dor;
No entanto “naturalmente a dor física intensa e/ou frequente provoca sofrimento e o
sofrimento pela sua intensidade pode provocar dor física”
A dor é um dos maiores stressores associados à doença e um dos principais
obstáculos, até quando encontramos situações mais desesperantes, mas é também
aquilo que leva muito os pacientes a procurarem ajuda. Vai ter consequências no
contexto do doente.

• Causa sofrimento, diminuiu o controlo, limita as atividades e desafia a


competência, o controlo e do conforto do doente e potencializa sentimentos
de incompetência.

Médica – a dor é deriva de:

• lesão dos tecidos


• mau funcionamento fisiológico
• alteração bioquímica
Psicológica – a dor é determinada pelo:

• pelo significado atribuído à experiência


• pela motivação – “continuei a caminhada mesmo com dor para terminar”;
• pelo estado emocional – doentes deprimidos tendem a ter mais dor;
• por fatores específicos ainda pouco estudados, mas que provam estar
diretamente ligados a aspetos fisiológicos como é o exemplo do stress (e
segregação de opiáceos)
Social – a dor e em especial

• pelo significado social atribuído à situação (e.g a dor de parto);


• pelo significado atribuído própria dor (e.g a expressão e função das
manifestações de dor)
• por aspetos educativos (e.g as diferenças culturais em relação ao sexo)
A dor tem aspetos de grande valor que nos fornecem feedback acerca do
funcionamento do nosso corpo, permitindo corrigir desequilíbrios (como más posturas
corporais ou queimaduras) e avisando da necessidade de procura da ajuda profissional
(em caso de doença).
A dor pode igualmente ser uma fonte de mal-entendidos entre médico e doente, na
medida em que nem sempre a intensidade da dor corresponde à severidade ou
gravidade do problema, e que, para o médico, a dor é apenas um sintoma, mas, para o
doente, pode ser o aspeto mais importante do problema.
DOR AGUDA – Danos específicos que causam danos nos tecidos, têm componente
mais fisiológica (queimadura, trauma…);

• é limitadora, mas tem uma maior probabilidade de desaparecer quando a lesão


desaparecer e, consequentemente, a ansiedade diminuiu ou extingue-se; leva à
procura imediata e persistente de ajuda e responde muito satisfatoriamente a
tratamentos standertizados com químicos ou cirúrgicos.
DOR CRÓNICA – Começa tipicamente com uma dor aguda e passado algum tempo
torna-se crónica, pelo que não desaparece com o tempo, tendo uma duração de mais
de 6 meses.

• Apenas somos capazes de ter um controlo sobre a mesma e não a sua


resolução total. Não responde satisfatoriamente a tratamentos químicos ou
cirúrgicos, pelo que precisa de um complemento psicológico. Trata-se de uma
dor com uma grande carga emocional e de ansiedade.
• Tem uma explicação mais complexa – podendo envolver qualquer uma das
componentes de aspetos biológicos, comportamentais, sociais e psicológicos.
• Tem consequências complicadas – ode levar a alteração da rotina e dos estilos
de vida, maiores consequências psicológicas, familiar e envolve várias
estratégias de Coping como a aceitação de viver com dor.
DOR NEUROPÁTICA – Tipo de dor crónica causada por uma lesão ou doença do
sistema nervoso que, frequentemente, resulta em sintomas descritos como sensações
dolorosas, queimaduras, formigueiros. Não responde a tratamentos convencionais.

• EXEMPLO: Alodínia, Hiperestesias, Hiperpatia.


DOR FANTASMA – Consequência da amputação; é uma dor de um membro
desaparecido, dor de terminais nervosos e é também psicológica porque o utente
permanece com uma imagem corporal intacta, na imagem que tem de si, a perna
inteira está lá por exemplo.
DOR IDIOPÁTICA – É diferente da neuropática, grave e incapacitante, em que o
indivíduo está muito frustrado porque não há qualquer tipo de razão. É caracterizado
por uma dor persistente sem causa física aparente.

• EXEMPLO: Dor lombar, enxaquecas, dores faciais, dor abdominal, pélvica

• Atinge uma percentagem muito grande de indivíduos;


• É a maior responsável pela perde de emprego nos EUA;
• Constitui uma das mais importantes fontes de gatos em saúde;
• Constitui um fator altamente stressante e perturbador, não só para o indivíduo
portador, como também para toda a família;
• Reduz a atividade, altera a imagem, diminui a autoestima e a autoconfiança;
• Constitui uma perturbação no nível económico de vida;
• Aumenta a depressão e as desordens psicofisiológicas;
• Aumenta as perturbações conjugais;
• Aumenta os índices de ansiedade e a depressão nas famílias, sendo as crianças
os elementos mais afetados
• Provocam índices mais elevados de depressão individual, em especial nos casos
em que se verifica uma percebida influência da dor na vida do indivíduo e na
perda de controlo.
Dão-se alterações de personalidade? A personalidade está associada à dor crónica?
Dar traços
adicionais
– Não é a dor que vai piorar o temperamento, mas sim dar-lhe novos
traços adicionais: há um aumento de estilo evitativo, depressão e disfuncionalidade.
Há temperamentos que mais rapidamente perturbam em situações de dor.
a dor é desafiante a dois níveis – porque questiona em termos de vida, faz
com que a minha vida seja mais difícil e desafia a nossa autoeficácia, se eu consigo
controlar a dor e a situação. Ocorre a diminuição da perceção de controlo e
autoeficácia;

• Também desafia em níveis elevados de ansiedade e de depressão. – Quanto


- Desafia a autoeficácia maior o tempo sujeito a dor e perda, maior probabilidade de alterar a
- Níveis mais elevados de
ansiedade e de depressão personalidade da pessoa.

• Questionários:
o Mosby Pain Questionnaire (para crianças);
o McGill Pain Questionnaire – Melzack, 1975
• Avaliação da dor com inclusão de 3 aspetos:
o Sensorial – descrição em termos temporais, espaciais, de pressão e
térmicos;
o Afetivo – envolvem estados de preocupação e aterrorização do doente;
• Avaliativo da intensidade – mede o grau de intensidade.
Comportamentos de dor: avaliação da dor através de comportamentos adotados
pelos indivíduos que possuem a dor, tais como, alterações de postura, afetos
negativos, expressões faciais e auditivas, expressões de distress e evitamento de
atividade.

• não é ausência absoluta de dor, mas sim diminuir e aumentar a sensação de


controlo de alguma maneira. Há uma diminuição efetiva da dor, sentir a
sensação de dor, mas não descompensar ou até sentir dor, mas conseguir
confrontá-la.
Desta forma, o controlo da dor é feito através da supressão física ou química da dor
ou pela implementação de estratégias de controlo pessoal da dor.

Supressão física e química da dor.


Implementação de estratégias de controlo
1) CONTROLO NÃO QUÍMICO OU CIRÚRGICO DA DOR: pessoal da dor.

o controlo é realizado através da estimulação de uma área não


dolorosa (técnica da contrairritação – Zimmerman). Envolve a inibição da dor numa
determinada área através da irritação (hiperestimulação de outra área).
relaxamento, bio-feedback, hipnose,
acupuntura, técnicas de distração e de imaginação guiada e técnicas cognitivas.
não parece ter muito êxito nas dores agudas, porém, constitui uma
forma importante de confronto nas situações de dor crónica que envolvem muita
ansiedade. Esta técnica, geralmente, é utilizada em conjunto com outras técnicas de
controlo.

• Funciona porque vou partir o ciclo da ansiedade do utente, possibilitando a


diminuição da ansiedade do mesmo associada à dor.

Nesta técnica, o controlo da dor é feito através do controlo do corpo, nomeadamente,


através de uma série de técnicas biofisiológicas que ajudam o paciente a monitorizar
processos corporais.
1. Identifica-se a função corporal ou a sensação que se quer controlar;
2. A função é, então, monitorizada eletricamente, e a informação é dada
constantemente ao paciente;
3. O paciente faz um esforço para a controlar, utilizando técnicas de
autoinstrução, distração ou outra que seja mais adequada a si próprio;
4. O paciente faz a automonitorização da técnica.

A hipnose é muito utilizada em rituais ancestrais, muitas vezes associados a situações


dolorosas ou mesmo médicas, por muito considerada a primeira forma de anestesia.
Normalmente, a hipnose envolve outra técnicas de controlo da dor. A hipnose tem
sido utilizada com sucesso em casos de dores agudas devidas a cirurgia, dores de
parto, dores associadas a tratamentos dentários, queimaduras, dores de cabeça,
alguns procedimentos dolorosos e cancro.

• É a mais utilizada na dor crónica – treinamos desde cedo, sendo a mais


utilizada com as crianças e utilizamo-la cada vez mais com o crescimento.
• O controlo com técnicas de distração é realizado através da descentração da
sensação de dor pela centração em focos de distração (passivos ou ativos) ou
do foco na sensação de dor mas reinterpretando todo o processo.
• As técnicas de distração têm muito êxito, especialmente, nas dores agudas ou
procedimentos dolorosos, pelo que têm sido umas das estratégias mais
utilizadas no controlo geral da dor.

• É feita com relaxamento – é dada imagens relaxantes para a pessoa e aquilo


que ela faz é viver essas imagens indo num relaxamento profundo. É muito
utilizado em camaras tridimensionais; é utilizado em pessoas com muito pouco
controlo à dor.
• Na imaginação guiada, o controlo efetua-se pela indução de imagens durante
os períodos de dor. As imagens podem ser mais ou menos passivas, induzindo
o relaxamento ou aumentando agressividade necessária para o confronto.
• A imaginação guiada é, sobretudo, utilizada em conjunto com outras técnicas,
como relaxamento ou bio-feedback.

A asserção desta técnica está no facto de a dor possuir um componente cognitivo


importante e, por isso, poder ser cognitivamente reinterpretada. Aqui são utilizadas
estratégias de pensamento positivo, minimização, comparação positiva e de
compreensão da causa ou da utilidade da dor.
Este processo interventivo tem como objetivos:

• o desenvolvimento de estratégias de confronto adaptadas e o


desenvolvimento de perceção de competência para controlar a dor; - quando
há ansiedade, eu vou sensibilizar todos os recetores que resulta num aumento
da perceção da dor, por exemplo;
• o desenvolvimento de uma atitude ativa em relação à dor, sendo ensinado ao
paciente a monitorização dos seus pensamentos negativos que podem
exacerbar a dor;
• o autorreforço no controlo da dor.
Os nossos comportamentos, nossas emoções e sensações são influenciadas pelo
nosso pensamento, logo, estas técnicas advogam que, se eu conseguir ajudar o
paciente a reavaliar a sua visão da situação, consigo que ele se torne mais capaz de
diminuir a sensação da dor.
1. Pensamento positivo
2. Minimização e relativação da dor (em tamanho e tempo);
3. Comparação positiva;
4. Compreensão da causa/utilidade da dor;

PENSAMENTOS
POSITIVO EXEMPLOS
• Motivação
• Autoconfiança “Vou conseguir sentir-me melhor.”
• Tranquilização “Eu consigo ter algum grau de controlo.”
• Descentração da dor “Eu tenho uma vida para além da dor”
• Controlo
Não acabo com a dor, mas dou-lhe algum
Resulta na diminuição da dor. controlo.
NEGATIVO EXEMPLOS
• Tristeza
• Raiva
• Baixa autoestima “Esta dor nunca vai passar.”
• Depressão “Eu não consigo fazer nada para parar isto.”
• Ansiedade “Isto vai arruinar a minha vida.”
• Não tentativa de controlo

Resulta no aumento da dor


INTERVENÇÃO NO CONTROLO DA DOR EM PROCEDIMENTOS INVASIVOS:

CONTROLO MULTIMODAL DA DOR:


Vivência da dor:
Compreendem e exprimem a dor de maneira diferente, em
relação às crianças mais velhas, adolescentes e adultos. Para além disso, as crianças
são também mais resistentes à dor.
Expressão da dor: Não diz onde dói, porque não sai. É algo que invade
completamente, mas vai mostrar que tem dor. - ela não a vai compreender, pelo que
também não haverá um confronto da mesma por parte da criança.

• A expressão da dor é difusa e feita principalmente através do choro (há uma


Não diz que dói.
escala);
Mais resistente á dor. • Alterações de sono (instabilidade);
• Alterações alimentares – ou gastrointestinais;
• Alterações de relacionamento – não toleram ser tocados de outros;
• Alterações comportamentais – estar parado não é um bom sinal;
Muito abatido e não • Alterações dos sinais vitais;
responde aos
estímulos Bebé prostrado – se o bebé estiver num estado de extremo abatimento (cansaço),
Significa que pode
demasiado parado e não reagir a estímulos, pode significar que está doente ou que
não estar bem. não está bem. Pode não ser fácil de avaliar no 1º mês de vida porque costumam estar
sempre a dormir.
Assim, a avaliação da dor da criança com menos de 2 anos é feita por meio de
identificação de alterações, de uma escala de choro e ainda de indicadores fisiológicos.
Potencializadores da dor e do sofrimento: o afastamento de figuras significativas
(como brinquedos, xuxa, fralda ou até os próprios pais), pouca segurança dos
cuidadores, condicionamento e ambiente muito perturbado.
Pistas de intervenção:

• Dor física como alvo – a “dor psicológica” nos bebés até aos 2 anos pode
causar transtornos a longo prazo, dado que esta fase é muito importante no
desenvolvimento das crianças: Uma criança não deve ter dor e quando vou
infringir dor em alguma criança vou colocá-la com algum sedativo, perceber
quando ela toma analgésico, para tornar a situação “menos desagradável”.
• Pais como centro – em especial na doença oncológica; os pais estão
perturbados nesta situação pela sensação de não conseguirem ajudar,
incompetência – devemos dizer aos pais que os compreendemos, que vamos
fazer tudo para que não sofra tanto, que só vai ser pouco tempo;
• Controlo do ambiente;
• Estratégias ou técnicas de controlo da dor – massagem, movimentação circular
ou de balanço, música, banho, distração (com objetos coloridos com
movimento, por exemplo).
• Utilização de objetos securizadores – objetos transitivos.
Passa a existir a compreensão da dor, no entanto, ainda de forma muito trivial:

• Primeiro, são compreendidos apenas os aspetos de fácil perceção;


• Segundo, a criança tenta localizar a fonte da dor, para perceber de onde vem,
porém, atribui-lhe uma causalidade mágica ou associa-a a determinadas
situações a que esteve condicionada (por exemplo, se estiver com uma dor de
garganta, é porque andou o frio sem estar agasalhada).
Expressão da dor - passa a ser verbalizada, dando-se o início da discriminação, porém,
grande parte desta manifestação ainda pode ser detetada através do choro, de
alterações de sono (devido a pesadelos), alterações de relacionamento, alterações
comportamentais, alteração dos sinais vitais e da prostração.

• A avaliação da dor realiza-se por meio de identificação de alterações na


criança, escalas analógicas e de indicadores fisiológicos;
• É feito por aspetos muitos preceptivos, progressiva localização da fonte de dor,
causalidade mágica e associações;
Confronto da dor - realizado pela própria criança, com recurso a algumas tentativas de
distração, movimentos circulares, verbalizações e utilização de objetos securizadores;
há possibilidade de haver prostração;
Potencializadores – o afastamento de figuras significativas, expressões de
agressividade dos cuidadores (“pára quieto!!”), expressões ansiogénicas (“ai
coitadinha da minha filha”) ou de que evidenciam muito queixas e verbalizações
ameaçadoras ou pouco adequadas (“não vais chorar não é?!”, “aperta a mão se doer!”
Pistas de intervenção:

• Dor física e sofrimento como alvo – ao contrário dos bebés, o sofrimento


nestas crianças já começa a ser importante para que aprendam a lidar com a
frustração;
• Pais como centro – em especial na doença oncológica.
• Estratégias ou técnicas de controlo da dor – massagem ou relaxamento
(especialmente na dor crónica e em fases iniciais de dor), música, banho,
distração (com histórias, pinturas e vídeos, por exemplo), coaching
(especialmente nos procedimentos invasivos) e estratégias centradas na
movimentação do corpo.
• Reforços primários.
• Utilização de objetos securizadores – objetos transitivos.
Comportamentos que os adultos promotores de confronto nas crianças devem adotar:

• Conversa não relacionada com o procedimento – “Tens um vestido muito


bonito.”;
• Comportamento distrator – contar em conjunto com a criança ou contar-lhe
uma história;
• Ordem para usar estratégias de confronto – “Respira fundo agora.”;
• Dar informação – “Vais sentir isto frio.”, “Vou puxar a tua perna um
bocadinho.”;
• Elogio ou reforço de eficácia – “Fantástico! Fizeste muito bem!”;
• Procura de informação acerca do impacto do procedimento – “O que é que
achaste?”, “Como foi ficares sem te mexer?
Medidas que o profissional de saúde deve adotar durante o tratamento:

• Se a criança se encontrar emocionalmente instável, deve manter os pais o mais


perto e o maior tempo possível ou no campo de visão da mesma. Deve ainda
mostrar à criança claramente onde os pais vão estar e o que vão estar a fazer;
• Mostrar à criança os aparelhos e transformar o procedimento num jogo;
• Explicar o jogo e mostrar o que a criança vai ganhar no fim – “Se tu me ajudares
e … como já mais meninos fizeram, vais ganhar … !”;
• Promover um ambiente agradável e tranquilo;
• Treino: treinar com a criança instruções muito claras e simples – “Quando eu
disser … , tu vais … , pode ser? Vamos lá treinar.”;
• Ordem para usar estratégias de confronto: fornecer as instruções, emitindo as
ordens que treinou;
• Elogio e reforço de eficácia: verbalizar com muita frequência elogios e palavras
de reforço de eficácia – “Que bonito menino que és! Estás mesmo a querer
ganhar o … !”;
• Distração: distrair a criança durante o procedimento menos agradável com
imagens, canções, vídeos ou conversa;
• Modelagem: focar em sensações agradáveis e no relaxamento – por exemplo,
pedir à criança que respire alto e respirar com ela;
• Reforço da colaboração: reforçar, mostrando que a criança está a ser
importante.

Compreensão da dor – as crianças já têm uma noção do corpo e dos órgãos, podendo
localizar a dor. Contudo, tem uma dificuldade em compreender dores difusas ou
doenças sem dor, e existe uma preocupação com a relação doença-dor-morte;
Expressão da dor – feita com o choro, ainda que com uma tentativa de controlo,
alterações de sono (insónias), alterações alimentares, alterações de relacionamento,
alterações comportamentais, alterações de sinais vitais e prostração. Estados de
ansiedade ou de depressão das crianças.
Avaliação – por meio de identificação de alterações na criança, de escalas analógicas,
de identificadores fisiológicos e de questionários; Escala de Observação de Distress
Comportamental.
Confronto – assistimos a tentativas de controlo da própria criança com verbalizações
de negação e de oposição à dor, e de distração. Estas crianças seguem-se muito pelo
exemplo, pelo que vão utilizar também estratégias que outrora já tiveram sucesso e
vão seguir-se por outros modelos.
Potencializadores da dor – o afastamento de figuras significativas controladas,
expressões de ansiedade ou que mostram muitas queixas, as condições a que estão
expostas, ambientes muito perturbados e a falta de tempo ou de estímulo para a
utilização de estratégias.
Pistas de intervenção:

• Dor física e sofrimento como alvo – mais uma vez, o sofrimento nestas crianças
é importante para que aprendam a lidar com a frustração.
• Pais como centro – em especial na doença oncológica.
• Estratégias ou técnicas de controlo da dor – relaxamento (especialmente na
dor crónica e em fases iniciais de dor), automonitorização e autoverbalizações
(foco), imaginação guiada distração (com vídeos filmes e jogos, por exemplo) e
coaching (especialmente nos procedimentos invasivos).
• Reforços primários, mas igualmente reforços secundários (sociais).
Medidas que o profissional de saúde deve adotar durante o tratamento:
Manter os pais o mais perto e o maior tempo possível ou no campo de visão da
criança. Deve ainda mostrar à criança claramente onde os pais vão estar e o que vão
estar a fazer;
Mostrar à criança os aparelhos e explicar o que fazem;
Tentar transformar os exercícios em jogos; • Mostrar como é que o tratamento
funciona e como é que vai vencer o que de mal se passa no seu organismo, e comparar
a criança a um guerreiro que consegue lutar contra a doença ou contra a sua situação
clínica, apontando os sintomas; • Promover um ambiente agradável e tranquilo; •
Treino: treinar com a criança instruções muito claras e simples – “Quando eu disser … ,
tu vais … , pode ser? Vamos lá treinar.”; • Dar informação – “Agora vais sentir…”; •
Reforço da autoeficácia: verbalizar com frequência elogios e palavras de reforço daa
autoeficácia – “Que bem que tu consegues!”; • Distração: distrair a criança durante o
procedimento (menos agradável) com conversa, vídeos ou até mesmo pedindo para
que conte alto; • Modelagem: focar em sensações agradáveis e no relaxamento – por
exemplo, pedir à criança que respire alto e respirar com ela; • Reforço da colaboração:
reforçar, mostrando que a criança está a ser importante.
4) Adolescentes:
Compreensão – passa a envolver tanto o campo fisiológico como o campo psicológico,
pelo que se dá um grande foco no desconforto, não só físico, como também
psicológico (em especial na oncologia). Deste modo, assiste-se a tentativa de abstração
da dor.
Nós queremos que o adolescente compreenda – na maioria das vezes, entra chateado
e revoltado. Vou envolvê-lo e compreendê-lo.
Expressão – com angústia e depressão, entre outras alterações psicofisiológicas.
Verbaliza aquilo que sente e pode entrar no estado de prostração.
Avaliação – e é feita com base naquilo que o indivíduo diz que sente e com escalas
analógicas, interpretação dos indicadores fisiológicos e questionários.
Confronto – através da racionalização da situação, tentativas de distração e
relaxamento, foco em aspetos positivos e expressões próprias que ajudem no
controlo.
Potencializadores – a agressividade dos cuidadores, demonstrações de ansiedade e de
muitas queixas e sentimentos de incompetência e inferioridade.
Pistas de intervenção
Dor física e sofrimento como alvo – mais uma vez, o sofrimento nestas crianças é
importante para que aprendam a lidar com a frustração.
Reforço de autoimagem – mostrar ao adolescente que este possui competências, que
é autónomo e que possui uma identidade.
Desdramatização do descontrolo.
Estratégias ou técnicas de controlo da dor – coaching participativo, aceitação de níveis
elevados de controlo e distração (com diálogo ou informação).
Medidas que o profissional de saúde deve adotar durante o tratamento:
Dar informação: mostrar respeitar as reações do adolescente e tentar ir dando alguma
informação com calma e de forma calorosa (NOTA: o adolescente está zangado com a
doença, e não com o profissional de saúde);
Mostrar ao adolescente os aparelhos e explicar qual o sentido do tratamento,
tentando envolvê-lo o mais possível;
Modelagem e treino: explicar o procedimento e informar o que vai ser pedido ao
adolescente, dando-lhe indicações das orientações que vai receber;
Reforço da autoeficácia: ir falando com o adolescente ao longo do tratamento, dar
informação sensorial, ser muito claro nas instruções, reforçar o comportamento do
adolescente e sugerir estratégias de confronto quando identificados sinais de
ansiedade (respirar, imaginar ou relaxar);
Promover um ambiente agradável e tranquilo.
Adesão ao Tratamento
A adesão ao tratamento é um dos maiores problemas a nível da área da saúde, tendo
sido detetado por Hipócrates. A taxa de adesão à fisioterapia é normalmente
abandonada quando deixa de haver sintomas ou quando a pessoa já sente um mínimo
de funcionalidade.

• A adesão ao tratamento é “o melhor documentado e menos compreendido


comportamento relacionado com a saúde”.
• “Em 1979, Haynes e col verificaram a existência de 579 artigos sobre o tema”.
• Em 2010, os custos de não adesão ao tratamento excedeu os 2.7 biliões de
dólares nos Estados Unidos da América.
ADAPTAÇÃO À DOENÇA – ADESÃO:
Quando é feito um diagnóstico médico, os sintomas são diferenciados e determinada
doença é confirmada. O paciente pode aceitar ou recusar este mesmo diagnóstico,
assim como o pode fazer com o plano de tratamento. Depois do diagnóstico, vem o
tratamento e a aceitação do diagnóstico não implica a aceitação ao plano de
tratamento – uma coisa é ouvir a proposta, outra coisa é aceitá-la e implementá-la é
outra.
Em 2003, define-se adesão como resultado de um confronto dialético positivo e
construtivo entre as representações do especialista e as do doente, e até mesmo entre
as próprias representações do doente. – é uma escolha, um resultado, dentro de um
confronto entre aquilo que o doente pensa que é para fazer e aquilo que o médico
pensa que é fazer. Há conversa entre ambos e o plano é apresentado como uma
hipótese, e o doente tem de levá-lo para casa e fazer o confronto com ele próprio.
Em OMS, a adesão é “a medida em que o comportamento de uma pessoa
corresponde a recomendações acordadas por um prestador de cuidados de saúde”.
1. Não Adesão intencional: o doente escolhe não aderir por diversos motivos,
sejam eles cognitivos, emocionais, financeiros, etc.

Esquecimento 2. Não Adesão não intencional: o doente não escolhe não aderir, porém, na
é o principal problema realidade, não segue o que foi acordado para o tratamento.
a. A principal razão é o esquecimento (por exemplo, o indivíduo pode
esquecer-se de fazer o exercício recomendado), mas também pode
acontecer devido a estados emocionais, alterações cognitivas (como a
demência), ou por não recordar que foi recomendado ou por falta de
suporto social.
Na Fisioterapia, o conceito de adesão é multidimensional e inclui tanto a presença nas
sessões de tratamento, como também o seguimento das recomendações e os
exercícios da forma como foram acordados.
Um estudo de revisão de literatura sobre a adesão na fisioterapia musculoesquelética
(Jack et al, 2010) encontrou como determinantes de não-adesão:

• níveis baixos de atividade física;


• baixa autoeficácia;
• depressão;
• ansiedade;
• sentimentos de desesperança;
• baixo suporto social;
• níveis elevados de barreiras percebidas;
• dores durante os exercícios.
Se perguntarmos ao doente se faz os exercícios, ele vai dizer claro que sim porque
estamos numa posição avaliativa, pelo que será mais fácil e mais positivo perguntar
que dificuldades tem sentido nos exercícios para possamos ter maior taxa de adesão.
Perceções acerca da
doença e das estratégias Modelo de Crenças de Saúde (Health Belief Model) HBM
disponíveis
Os comportamentos de saúde são determinados por cognições e perceções pessoais
acerca da doença e das estratégias disponíveis para a prevenção da sua ocorrência. Eu
Eu adiro de acordo
vou aderir a um tratamento dependendo daquilo que penso sobre a doença e o
com o que penso tratamento – depende da minha escolha e esta escolha é feita
sobre a doença ou
o tratamento. O comportamento resulta de um conjunto de crenças centrais (constructos)
relacionadas com a doença, com a relação custos-ganhos e agentes motivadores para
ação.
Desta forma, é possível afirmar que o Modelo de Crenças de Saúde tem como crenças
5 constructos:

• Severidade percebida – a forma como percebo a severidade da situação;


• Suscetibilidade percebida – da forma como a fisioterapia fazer ou não bem;
• Benefícios percebidos – em comparação como os custos/barreiras;
• Barreiras percebidas
• Pistas de ação – os que me motivam para agir;
• Autoeficácia – a forma como eu considero que vou conseguir ou não;

Se vou conseguir ou não

Diagnóstico clínico; “Também não é


informação e assim tão grave.
Crenças sobre a
conhecimento Vocês é que
PERCEÇÃO DA AMEAÇA

severidade da
médico sobre a gostam de
doença, de a
doença/perturbação; exagerar, só
Severidade contrair ou de
querem
Percebida: não a tratar Consequências e
dinheiro!”
ameaças que a
doença vai criar no “Eu já vou
dia a dia; morrer de
qualquer forma,
não vale a pena
ir à fisioterapia”
• Exames de
rastreio;
Crenças acerca Fatores de risco:
• Família com
do risco (da hereditariedade,
incidência;
probabilidade) idade contexto,
• Idade com
Suscetibilidade de contrair ou história clínica
prevalência;
percebida não a doença
• Contexto de
risco;
• História da
doença;
Um jovem com
15 anos acha
que é muito
cedo de ter
DPOC,

-Evidência de “Fazer exercício


situações similares: torna-me mais
Benefícios Crenças acerca
experiência dos atraente, faço
percebidos dos ganhos
outros; muito
associados ao
exercício”
comportamento - Conhecimento:
PERCEÇÃO DE CUSTOS E GANHOS

e à diminuição informação médica;


dos riscos de
- Ganhos efetivos “Ir ao
contrair a
que derivam do tratamento
doença.
comportamento; possibilita-me
que volte a
dançar rápido”

Barreiras Crenças à cerca - Evidência de “É muito caro”


percebidas dos custos e da situações similares:
“Modifica a
ação e da sua experiência dos
minha rotina”
ineficácia em outros;
reduzir os “Não serve para
-Conhecimento:
custos. nada”
informação médica;
“É doloroso,
-Avaliação de custos,
desconfortável”
COMPETÊNCIA
PERCEÇÃO DE

´
Pistas de ação Crenças individuas sobre a competência de executar o
e autoeficácia comportamento requerido para atingir um determinado
resultado.
Estas variáveis psicossociais e estruturais vão influenciar a motivação do paciente e,
consequentemente, a sua adesão ao tratamento.
CASO DO SENHOR ANTÓNIO:
Vai aderir ao tratamento? – Não, porque ele acha que ficou assim, sentindo-se um
deficiente. Não vai acreditar que a fisioterapia vai fazer diferença (reestruturação da
identidade).

• Possui uma severidade percebida muito elevada, suscetibilidade percebida


também muito elevada devido à ameaça, custos são elevados porque não tem
transporte e não vê qualquer benefícios. Os motivadores é a mulher e os filhos.
O que temos de mudar? – Vou diminuir a ameaça deste senhor, ajudar a compreender
que 67 anos está mais do que capaz para correr a maratona, que não é de forma
nenhuma um fator de suscetibilidade que ainda terá muitos anos para viver. Quanto à
severidade, tenho de diminuí-la também lhe explicando tudo direitinho. Mostrar os
benefícios, por exemplo, com exemplos de outras pessoas muito concretos.
Precisamos de procurar recursos em casa para diminuir os custos e reforçar os
motivadores.
CASO DO MENINO LUÍS:

• Severidade – baixíssima; para se referir a uma doença utiliza um qualitativo


positivo “forte” e não “gordo”.
• Suscetibilidade – baixa; aquilo que ele tem não vai levar a agravamento, o grau
Auto-eficácia ou de ameaça é baixo também;
motivadores
• Custos – elevados; perde tempo, tem o trabalho e aulas,
• Benefícios – nenhum; a fisioterapia não serve para nada que com o tempo vai
resolver-se;
• Motivadores – não há nenhum;
Temos de ajudar a senhora a perceber que “forte” não é excesso de peso e explicar o
problema que está a acontecer.
Associado à satisfação do doente

Modelo de ley em relação à consulta médica.

Segundo o Modelo de Ley, a adesão está associada à satisfação do doente em relação


à consulta médica, sendo esta satisfação influenciada pela compreensão do doente em
relação à doença e ao tratamento, e pela memória em relação ao que lhe é (ou foi)
pedido.
O doente compreende melhor se a mensagem dos profissionais de saúde se adequar
às suas competências de compreensão e se a explicação for concreta e transmitida
calmamente tendo em atenção as suas dúvidas.
NOTA: o doente lembra-se melhor do que é dito primeiro, do que é repetido e do que
está associado ao que lê ou às suas rotinas.
Ambiente físico - ambiente onde as pessoas recebem o tratamento é muito importante.
Estética do espaço - influencia a nós como profissionais de saúde.
Ambiente relacional - relação positiva em que o doente se sente ouvido e se sinta à vontade para ~
dizer as suas dificuldades.

Promoção da adesão
A adesão aos tratamentos depende de:
Ambiente físico – o ambiente onde as pessoas recebem o tratamento é muito
importante porque nós somos influenciados pelas cores, pela disposição dos espaços,
pelo acolhimento, entre outros, sendo uma influência de condicionamento. Torna-se
mais fácil reabilitar em cadeias humanizadas, ou seja, esteticamente agradáveis, do
que em ambientes desumanizados que sejam agressivos. O mesmo acontece com os
pacientes porque estes terão mais vontade de vir ao tratamento quando tem um
ambiente arrumado, um espaço privado, entre outros.
A estética do espaço também nos influencia a nós, profissionais de saúde, porque dá
mais satisfação e um ambiente mais confortável quando trabalhamos num espaço
acolhedor, com cores agradáveis e bem caracterizado.
Ambiente relacional – uma das maneiras de manter os pacientes a trabalhar connosco
é estabelecendo uma relação positiva, ou seja, uma relação em que o doente sinta que
é ouvido e que se sinta à vontade para dizer as suas dificuldades, sabendo que vai ser
ajudado.

ESTRATÉGIAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE:


Objetivo: aumento de informação e aumento de competências dos cidadãos. Quanto
mais o meu doente souber o que se passa, maior a probabilidade de adesão. Passa
pela educação do paciente e visa a informação e a capacitação dos doentes.
Metodologia: folhetos informativos e visualização de vídeos educativos para poder ter
noção daquilo que vai acontecer, para os cidadãos comuns. Para o doente, informá-lo
de forma a capacitá-lo em relação à doença e ao tratamento.
Uso de modelagem – fazer com que o doente sinta que tem autoeficiência suficiente
para realizar o exercício em casa e poder colaborar connosco. Temos que nos lembrar
que os doentes não aprendem logo de início a realizar os exercícios, por isso não chega
dizer-lhe uma vez e tenho que ter o cuidado de capacitar o doente, algo que só
acontece quando me torno um avaliador. A aprendizagem só ocorre quando a
informação fica interiorizada e consistente.
Devemos ter sempre em atenção as crenças, dúvidas e questões do paciente, na
medida em que estas deverão ser ouvidas após as primeiras informações e deverão ser
o foco de informações futuras – antes de começar a falar, devo ouvi-lo.
Para além disso, devem ser seguidas as normas básicas de comunicação em situações
semelhantes:
1. primeiro deve ser comunicado primeiro o mais importante; o mais importante
deve ser repetido;
2. a informação é fornecida em doses “homeopáticas”, ou seja, muito devagar e
de forma progressiva;
3. são estimuladas questões;
4. pede-se sempre o feedback do que foi explicado; existe sempre o reforço da
autonomia e da competência. – Quando a pessoa não entende, temos de
diminuir a explicação e não a complicar mais.
É de notar ainda que, em muitas situações, é benéfico que sejam os doentes a escrever
a informação, pelo que deverão existir folhas brancas preparadas para esses casos. O
mesmo pode acontecer com outros procedimentos, como, por exemplo, distribuição e
rotulagem de comprimidos por caixinhas de forma diária.
Quando as informações envolvem, por exemplo, exercícios, este deverão se
modelados e ensaiados para que os possíveis erros, faltas e dúvidas sejam estimulados
para discussão de alternativas de resolução.
Se utilizarmos esta estratégia, temos de ter em conta situações particulares, como
pessoas que iniciam tratamentos, pessoas muito perturbadas, idosos e pessoas com
baixo nível cultural. – Devemos utilizar termos técnicas, tendo sempre a atenção em
explicar cada um deles.

Este tipo de indivíduos requererão um maior nível de atenção e mais tempo


disponibilizado pelo profissional de saúde. Relativamente às pessoas com baixo nível
cultural, devem ser utilizadas estratégias educativas mais simples, concertas e
instrumentais, dado que o seu nível de desenvolvimento sociocognitivo é mais baixo;
por analogia, para pessoas com níveis de desenvolvimento sociocognitivo mais
elevados, podemos utilizar estratégias educativas mais elaboradas, com mais
explicação.
ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS:
Envolvem condicionamento comportamental, utilizando ações instrumentais para
aumentar a adesão. Por exemplo, a associação do tratamento com algo positivo, como
o humor, brincadeira, com música mais relaxante sendo um condicionamento clássico
e mais simples.
Objetivo: melhoria dos níveis de adesão.
Metodologias comportamentais: programas de reforço; sistemas de fichas; contratos
comportamentais (especialmente com crianças); moldagem; autoinstrução.
Metodologias comportamentais-cognitivas: associação do tratamento/exame a algo
positivo (como um jogo, uma brincadeira, música ou humor); uso de “pistas visuais” ou
“lembranças”.
ESTRATÉGIAS ORGAZINACIONAIS:
Objetivo: melhoria dos níveis de adesão.
Metodologia: supervisão (por exemplo, monitorização e apoio domiciliário relacionado
com adesão); telefonemas de apoio ou de lembrança de consultas ou de
procedimentos; minimização da complexidade dos tratamentos e melhoria da sua
adaptação às rotinas da criança e da família; comunicação.
1) Comunicação - “construção da parceria entre o doente e o profissional de saúde, (…)
a promoção da colaboração do doente” e o aumento da confiança entre os
intervenientes no processo contribuem para o aumento da adesão ao tratamento.
devemos aumentar a informação (realisticamente positiva) dos doentes acerca da
doença e das alternativas de tratamento e dos recursos à sua disposição.
Através da reflexão metacognitiva, podemos explorar as crenças e a elaboração de
alternativas adaptadas ao doente.
É crucial envolver os doentes no tratamento – “Diz-me e eu esquecerei. Mostra-me e
eu lembrar-me-ei. Envolve-me e eu compreenderei.” (Confúcio) – se o doente
compreende, mais facilmente adere.

Stress e Coping
Stress – vem das ciências dos materiais. É uma tensão.
Distress: stress desagradável e perturbador, associado à ansiedade, preocupação e
agitação.
Eustress: stress agradável, associado à euforia e à excitação positiva. É stressor tudo o
que ameaça a integridade física e psicossocial do indivíduo ou dos que ele valoriza,
sem que o mesmo indivíduo atribua a capacidade (possibilidade) de controlo.
Flight, Flight Response ou “the wisdom of the body” – Cannon, 1896, 1932

“Quando um organismo percebe uma ameaça, reage rapidamente via Sistema Nervoso
Autónomo e Sistema Endócrino, aumentando o seu estado de excitação e de
motivação, preparando-se para atacar ou para fugir.”
Desta forma, é possível afirmar que o stress é uma resposta fisiológica a ameaças
externas.
Mais tarde, Seyle chega ao Síndrome Geral de Adaptação – alterações que são
abrangentes e que têm por finalidade ativar as defesas que reponham o equilíbrio do
organismo.
Exemplo: O stress aumenta a tensão muscular para fugirmos ou atacar. Para este
aumento de tensão temos de ter um aumento o aporte de oxigénio que provocará
uma maior ventilação, um aumento da temperatura corporal, aumento pupilar,
aumento da frequência cardíaca – é uma resposta de excitação do nosso organismo.
FASE DE ALARME – Baixa-nos as defesas para depois o meu organismo me ativar para
estar capaz de fugir ou atacar. Se o stressor sai, ele volta ao equilíbrio.
FASE DE RESISTÊNCIA – Manutenção. Se o stressor se mantiver, vamos estar ativados
durante algum tempo que, segundo Seley, mais tarde ou mais cedo vai quebrar e
entrar numa exaustão.
FASE DE EXAUSTÃO – Entramos numa fase onde temos todos os processos associados
a patologias com o stress. O voltar para o equilíbrio é muito difícil.
Asserções fundamentais do Modelo de Selye:
A atividade biológica, necessária para a adaptação, caracteriza-se por ser do tipo “wear
and tear”. – todos nós nascemos com um determinado valor de capacidade de
adaptação e que vamos gastando ao longo dos anos.
A energia adaptativa é finita.
Sem stress não existira qualquer energia motivadora de atividade, sendo que a total
ausência de stress corresponde à morte.
CONTUDO…
Estudos posteriores concluíram que as alterações nem sempre são inespecíficas, tendo
em conta que a ativação do sistema vegetativo difere de pessoa para pessoa, pelo que
o mesmo estímulo pode provocar alterações substancialmente diferentes.
Existem reações semelhantes que não são stress que induzem à identificação de
qualquer ativação fisiológica como stress, independentemente do estímulo que a
causou. Isto significa que a simples atividade física que provoca alterações musculares
e endócrina poderá ser considerada como uma reação de stress.
Uns estudos com doentes em fase terminal de vida mostraram que o stress é muito
complexo, na medida em que existem diferenças individuais na resposta de stress, de
acordo com os componentes psicológicos, cognitivos e transacionais de cada indivíduo
– só os doentes conscientes é que tinham valores de stress, ou seja, para ter stress
preciso de estar cognitivamente ativo. Se é um processo cognitivo, nós temos
possibilidade de interferir no nosso stress.
MODELO PSICOLÓGICO – MODELO TRANSACIONAL:

Qualquer situação pode ser stressor e, com base de cada potencial de stressor, é feita
uma avaliação primária que procura perceber qual é o nível de ameaça que esse
stressor faz em mim.
Avaliação primária – avalia o potencial de dano da situação, podendo esta ser
benigna/positiva, irrelevante ou negativa. No caso de ser negativa, poderá ser
identificada como dano/perda, ameaça ou desafio. Vou avaliar a gravidade do stressor.
Avaliação secundária – avalia as capacidades e recursos individuais de confronto. É a
avaliação de mim próprio se tenho ou não competências para resolver a situação.
Segundo o Modelo Transacional, o que torna a situação stressante não é o estímulo
nem a circunstância que o rodeia, mas sim a interação entre a avaliação que o
indivíduo faz das características da situação e de si próprio como capaz de as
confrontar.
Assim, o meu stress depende da forma como avalio o dano da situação e a forma como
me avalio a mim como competente ou não para resolvê-la. Quando eu vou avaliar um
stressor e acho que não o vou conseguir resolver, vou ter muito mais stress do que
quando vou avaliar o stressor e me acho capaz de o resolver. A minha perceção da
capacidade de resolução é aquela que mais peso tem.
STRESSORES – Tudo o que ameaça a integridade física e psicossocial do indivíduo ou
dos que ele valoriza, sem que o mesmo indivíduo se atribua a capacidade de controlo.
Os nossos exames vão ser stressores porque são uma ameaça e neste momento não
nos sentimos capazes de responder, mas quando dominamos a matéria, há um
aumento da perceção de competência.
(…)
Aula Prática – Resolução de Casos Clínicos:
Como é que se distrai um menino de 8 meses para parar o choro? – com a utilização de
brinquedos, utilizar o humor, brincar com objetos luminosos, com sons, utilizar
canções e música
Como falaríamos com os pais? – explicar o que vou fazer, porque o fazer, aquilo que a
criança pode sentir, mas que é normal sentir tal coisa, permitir que os pais estejam e
que percebam aquilo que têm de fazer (perceber onde têm de estar colocados, como
distrair a criança)
A Ana tem 3 anos e caiu em casa. Fez uma entrose e teve que ser imobilizada durante
1 mês. Agora vai começar a fisioterapia. A mãe diz que ela não gostou nada de estar
imobilizada e que não gosta nada de profissionais de saúde. A mãe parece-lhe muito
ansiosa com a filha e tem uma atitude agressiva com os profissionais de saúde.
Temos uma mãe ansiosa, que sente os profissionais de saúde uma ameaça e que
podem fazer mal à filha.
Qual é a característica mais específica desta idade? Já consegue associar dores a uma
causa e, neste caso, é aos profissionais de saúde. Vai compreender a dor como castigo
apesar de não ter feito nada de mal, e nestes casa chora e grita pelos pais porque se
sente segura perto deles. Como os pais não conseguem curar a dor, as crianças ficam
inseguras.
Potencializadores – o afastamento dos pais e as expressões ansiosas dos pais;
O que fazer com a criança – distração mal a recebo para diminuar a noção de ameaça;
Como fala coma a mãe – combinar o que se vai passar, contar o plano, onde vai ficar;

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