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Epistemologia da Enfermagem

História
 Passado vivido pelos humanos
 Factos, crenças, reflexões, sentimentos, relações sociais, quotidianos
 Conhecimento sobre o passado
 Pesquisa, reconstrói, explica, compreende, problematiza e interpreta
as vivências humanas a partir dos vestígios
História ≠ Progressos médicos
Alargamento do campo historiográfico trouxe à luz:
 Pessoas anónimas
 Mulheres
 Crianças
 Pobres
 Doentes
 Vida privada com sentimentos e atitudes familiares, a sexualidade, o
medo, a morte, as relações com animais
História do cuidar
 Prática mais antiga do mundo
 Origem dos cuidados de enf. Remota aos tempos + remotos

4 sentidos do cuidar
 Como compaixão
 Como ajudar alguém a ser autónomo
 Como convite a desejar-se ajudar
 Como converter alguém no centro de atenção

Bem vs. Mal (diferentes formas de cuidar)


 Bem: assegurar a continuidade da espécie, cuidados administrados ao longo
da vida
 Mal: circunscrição com o intuito de impedir que este se alastre (tratar de uma
ferida)

Foco no problema e não no contexto


Se, na visão do cuidar, tivermos consciência de que a morte é um processo natural
do ciclo de vida, pode levar à promoção de uma morte tranquila, possibilitando nos
cuidar da pessoa.
 Eutanásia: antecipar a morte quando a doença não tem cura (- dias de via,
- sofrimento)
 Ortotanásia: morrer naturalmente (morrer na hora certa)
 Distanásia: prolongar a morte, com sofrimento e dor (+ dias de vida, +
sofrimento)
Atualmente, verificamos um maior foco em cuidar “mal”, face aos cuidados de saúde
primários

Filosofia de acetismo: dedicação da própria vida ao serviço do outro, garantindo a


satisfação das necessidades de alimento/abrigo e conforto.
Romantismo: querer servir o médico
Pragmatismo: recurso á tecnologia para alargar os conhecimentos de enfermagem
Reducionismo: especialidades
Esta evolução só se concretizou graças a Florence Nightingale: imagem
respeitável da enfermagem

4 princípios matriciais na enfermagem (surgiram após a fundação da sua escola)


 Espírito de servir ou ideal: vocação para a profissão, está relacionado com
um dos objetivos da enfermagem, que passa por dar conforto físico e moral
ao doente
 Habilidade manual e arte: a aplicação dos conhecimentos adquiridos requer
destreza manual, segurança e leveza nos movimentos
 Ciência: conhecimentos científicos baseados em factos, com o objetivo de
fixar as leis que regem os fenómenos
 Qualidades físicas: ser saudável, bons hábitos de higiene corporal e
vestuário, ser dinâmico e com boa robustez física

Antes de Florence Nightingale Depois de Florence Nightingale


Atividade humana sem fins lucrativos, Enfermagem é considerada profissão
exercida por religiosos humanitária, dado que está ao serviço da
pessoa
Arte adquirida pela prática de atividade Arte esclarecida e enriquecida pela ciência
fundamentada em conhecimentos empíricos
Profissão de carácter cientifico, baseado num
estudo programado e esquematizado
Correntes que influenciam a profissão
 Categorização: ligado à técnica; fenómenos não divisíveis em categorias
(fazer por)
 Objeto da medicina é o corpo/órgão afetado
 Redução do doente à doença
 O hospital é o local da investigação/tratamento da doença
 Serviços hospitalares organizados consoante as doenças
O enfermeiro
 O objeto de trabalho é a doença
 Trabalho por tarefas repartidas
 Cuidados de manutenção de vida para 2º plano
 Doentes conhecidos pela patologia
 Relacionamento com o doente é inexistente

 Conhecimentos: domínio da técnica e da medicina; tratamento de


sinais e sintomas sem saber o significado, especialização

 Socialmente: enf. assemelha se ao médico ( - €, - prestigio); tentativa


de revalorização igualando se ao médico; técnica é a base da
profissão; não é reconhecida

 Comentário: introduz a competência técnica na profissão

 Integração: valorização da relação enfº//utente (fazer com)


 Contributos da psicologia e da psicanálise
 É privilegiada a relação a dois e a família
 Algumas técnicas são colocadas em causa
 Desenvolvimento da teoria de NHB de Maslow
 Definição dos cuidados de enfermagem de Virginia Henderson pela
OMS
 Necessidade de detetar as necessidades do doente
O enfermeiro
 Questionado o trabalho e a tarefa
 Doente cuidado e não com determinada doença
 Aumento do campo de competência do enfermeiro
 Surge o plano de cuidados

 Conhecimentos: estudo dos mecanismos do homem; investigação,


organização do trabalho, pedagogia e necessidades do doente
 Socialmente: a relação entre o enfermeiro e o doente tem efeitos
terapêuticos insubstituíveis

 Comentário: para a utilização racional dos recursos humanos há a


necessidade de formação apropriada

 Transformação: orientada para o desenvolvimento da saúde (ser com)


 Recente
 Equilíbrio adaptativo saúde/ambiente e novas conceções de cuidados
de saúde
 Responsabilização da comunidade pela manutenção da saúde
individual e coletiva
O enfermeiro
 Relação aberta, responsabilizando o utente pela manutenção da sua saúde

 Conhecimentos: antropologia, sociologia, demografia, epidemiologia;


compreender/identificar situações estratégicas; intervir/interagir face a grupos
de risco

 Socialmente: desenvolvimento/formação de pessoas e grupos; educação


para a saúde; o enf, o utente, família e grupos, são todos parte ativa do
processo

Conceitos de enfermagem
 Prestar assistência a pessoas incapazes de satisfazerem as suas próprias
necessidade de saúde
 Promover uma adaptação positiva às mudanças dos ambientes interno e
externo
 A assistência de enfermagem consiste em cuidar e manter o bem-estar físico,
emocional, social, espiritual e cultural de um individuo, de uma
família/comunidade

Principais áreas da enfermagem


 Manutenção da saúde: programas educativos, atividades, ensinos
 Promoção da saúde: ensinos, visita domiciliária
 Recuperação da saúde: hospitais, domicílios
 Assistência ao moribundo: hospitais, domicílio
Enfermagem: “A gente cuida da gente”
 Arte: relação interpessoal, criatividade, intuição, maneira de ser
 Ciência: formação, investigação

Saúde e doença: definições e perspetivas em mudança


Saúde e doença são conceitos vitais sujeitos a constante avaliação e mudança.
A doença era definida como ausência de saúde e saúde com ausência de doença.
As definições mais flexíveis de saúde e de doença, são considerados vários fatores:
psicológicos, sociais e biológicos

Não existem definições universais para caracterizar estes conceitos, dado que são
conceitos difíceis de objetivar, ou seja, estados subjetivos difíceis de medir.
Não há uma fronteira clara entre a saúde e a doença, ambos são encarados com
relativos e não como categoricamente separados.
A saúde é um recurso limitado.
Sistemas de valores
 Cultura
 Estatuto socioeconómico
 Idade
 Conhecimentos e situações anteriores

É útil imaginar a saúde e doença numa escala graduada: termo continuo saúde-
doença.

Morte Doença Saúde Normal Bem-Estar SaúdeExcelente

Elogios: inclusão dos aspetos psicológicos e sociais da saúde, aspetos físicos;


coloca a saúde no amplo contexto da vida humana

Críticas: definição imprecisa e irrealista e que a palavra “completo” estabelece


expetativas quanto a um estado de perfeição tão raramente atingível, podendo levar
ao desânimo
Síntese: se os comportamentos saudáveis ou não, são consequência de um
sistema de crenças e valores, então crer em saúde é olhar esta como:
 Recurso limitado
 Direito
 Responsabilidade pessoal

Modelos de saúde e doença


 Modelos primitivos
 Causalidade sobrenatural
 Teoria humoral da Grécia
 A máquina corporal e a dicotomia mente-corpo de descartes
 Modelos atuais
 Modelo biomédico
 Abordagem ecológica de Dubos
 Modelo de alto-nível e bem-estar de Dunn
 Modelo eudemonístico de saúde
 Modelo adaptativo
 Modelo evolucionário
 Modelos utilizados em enfermagem
A maioria dos modelos de enfermagem são de natureza holística. A visão
holística é aquela em que a pessoa humana constitui um todo com partes
biológicas, psicológicas e sociais.

Modelo bio-psico-sócio-cultural e espiritual da doença: representa o reconhecimento


que a mente e o corpo interagem continuamente entre si, que a pessoa total interage
continuamente com o ambiente externo e social e que uma doença do tipo biológico,
psicológico ou social pode causar a enfermidade noutros campos

Hierarquia das necessidades humanas

Conceitos associados
 Morbilidade: incidência de doença, distúrbio ou trauma específico. A taxa de
morbilidade refere se à quantidade de pessoas afetadas. As estatísticas
estruturadas com base na idade e no género.
 Mortalidade: refere se à morte. A taxa é o nº de mortes por unidade
populacional
 Doença aguda: surge repentinamente e dura um tempo relativamente curto.
Algumas podem ser curadas e outras levam a problemas de longo prazo
devido às sequelas devido à doença ou ao tratamento.
 Doença crónica: surge lentamente e de forma insidiosa, com duração
relativamente longa. O envelhecimento potencia o aparecimento de doenças
crónicas.
 Doença terminal: não possui potencial para a cura
 Doença primária: desenvolve se independentemente de qualquer outra
doença.
 Doença secundária: qualquer distúrbio subsequente que ocorre a partir de
uma condição pré-existente. (cancro do pulmão associado ao tabaco)
 Remissão: desaparecimento dos sinais e dos sintomas associados a
determinada doença
 Exacerbação: momento em que a doença é reativada ou revertida de um
estado crónico a um estado agudo.
 Doenças hereditárias: doença que é adquirida por parte dos códigos
genéticos de um ou de ambos os pais. Podem manifestar se ao nascimento
ou podem desenvolver se em algum tempo de vida posterior.
 Doença congénita: é uma deformação de genes, desenvolvimento
embrionário defeituoso.
 Doença idiopática: não há uma explicação para o seu aparecimento. O
tratamento destas doenças é baseado no alívio dos sintomas e dos sinais.
 Sistema nacional de saúde: conjunto de serviços disponíveis ás pessoas
que procuram tratamento para um problema de saúde ou auxilio na
manutenção/promoção da saúde
 Equipa de cuidados de saúde: grupo de profissionais especialmente
treinados para auxiliar as pessoas a obterem e manterem a saúde.
 Continuidade de cuidados: continuum dos cuidados da saúde, cuja meta é
evitar causar a uma pessoa saudável ou enferma a sensação de isolamento,
fragmentação ou abandono durante a sua transferência entre serviços de
cuidados diferentes.

Conceitos de promoção da saúde e prevenção da doença


 Prevenção primária: estratégias usadas em pessoas que são consideradas
como livres de doença. Finalidade é prevenir a doença (ensino,
aconselhamento, imunização)
 Prevenção secundária: estratégias usadas em pessoas nas quais está
presente a doença. Esta pode ainda não causar sintomas e ter sido
descoberta através de rastreios de rotina. Finalidade é interromper/inverter o
processo de doença de forma
 Prevenção terciária: estratégias usadas para restaurar o indivíduo física ou
emocionalmente limitado. Reabilitação: proteger o individuo de limitações;
fortalecer e dar suporte ao indivíduo quanto ao uso das capacidades que lhe
restam; assistir o individuo na sua adaptação física, psicológica e social
 Prevenção quaternária: prevenção do sofrimento e da iatrogenia (doença
causada pelo uso incorreto de medicamentos)
 Promoção da saúde: estratégias para a manutenção dos níveis de bem-
estar, de auto-atualização e de realização pessoal
Enfermagem: profissão da área da saúde, que visa prestar cuidados ao ser humano,
são ou doente, ao longo do seu ciclo vital e aos grupos sociais onde está integrado,
para que possam manter, melhorar e recuperar a saúde, ajudando os a atingir a sua
máxima capacidade funcional tão rapidamente quanto possível.
Ordem dos enfermeiros: enquadramento conceptual
 A pessoa
 Saúde
 Ambiente Metaparadigma da enfermagem
 Cuidados de enfermagem (conceitos centrais da enfermagem)

Pessoa
 Caracterizado pela existência de necessidades fundamentais
 Ser único e seu próprio poder criativo
 O seu valor resume se no existir e na sua qualidade
 Opiniões e pontos de vista têm valor intrínseco
 Dimensão universal: ser holístico, caracterizado por um conjunto de
necessidades fundamentais, num processo de crescimento e
desenvolvimento vital, com uma relação de pertença que traduz a sua
identidade
 Dimensão singular: caraterísticas pessoais, modo de satisfação das
necessidades fundamentais, e os recursos internos para a manutenção da
sua independência
Saúde
 Implica resposta continua adaptada aos fatores do meio interno externo
 Utilização ótima dos recursos de cada um para alcançar o seu máximo
potencial de desenvolvimento
 Saúde = bem-estar
 Doença ≠ mal-estar
Ambiente
 Físico, socio-afetivo e político cultural
 Individuo e ambiente interferem-se mutuamente

Cuidados de enfermagem: relação para ajudar a pessoa a satisfazer as


necessidades humanas, realizar as atividades de vida, prevenir a doença, prescreve
cuidados, paleia e implementa as intervenções cujos resultados avalia.
Enfermagem assenta num julgamento clínico, nos conhecimentos e na
responsabilidade profissional. É uma ciência humana, tem uma perspetiva
transacional, humanista, centrada no fenómeno e na experiência pessoal com
uma ética própria de agir.
Principais propósitos da enfermagem
 Promover e manter a saúde
 Cuidar dos que têm a sua saúde comprometida
 Assistir pessoas nos processos de recuperação e reabilitação
 Promover a autonomia e autocuidado
 Responder às necessidades de saúde
 Procurar o bem-estar ou qualidade de vida
 Acompanhar os processos de morte

O que dizemos da profissão


 Presta um serviço
 Remuneração
 Base comum de conhecimento
 Autonomia
 Registo
 Código de ética
 Responsabilidade/ compromisso
 Missão social
 Socialização prolongada
Habitar próximo do outro
 Lugares que o profissional frequenta são todos aqueles em que a pessoa (de
quem se cuida), habita
 Cuidar torna nos responsáveis pelo outro
Capacidades para uma práxis de enfermeiro
 Ser capaz de respeitar se e respeitar o outro
 Iniciar, manter e terminar relações de ajuda
 Construir um recurso para o outro
 Promover o autocuidado e o desenvolvimento de potencialidades da pessoa
 Ser capaz de uma práxis integral, que englobe os aspetos científicos,
técnicos, éticos, estéticos e decorrentes do contexto, utilizando metodologia
científica e desempenhando a sua função com competência, profissionalismo
e elevado desempenho
 Ser capaz de assegurar a segurança dos cuidados que presta e a
autoavaliação profissional
Desenvolvimento do potencial humano: aumento da capacidade para realizar,
progressivamente, funções de maior complexidade e tomar decisões em contexto de
incerteza

Ações: educação para a saúde, informação, capacitação, respeito pela diversidade


cultural.

Epistemologia: teoria do conhecimento; estudo critico das ciências, com o objetivo


de determinar a sua origem lógica e o seu valor
 Sobre a origem
 Inicio - 2 posições epistemológicas: empirismo e intelectualidade.
 Para bacon, a ciência é sustentada pela observação
 Descartes, procurou na razão os recursos para alcançar a certeza
científica
 Racionalismo desencadeia o dogmatismo (razão única fonte de
conhecimento)
 Empirismo desencadeia o ceticismo (repetição de um facto, não
permite concluir, em termos lógicos que se repita indefinidamente)
Criticismo de kant: “sem a sensibilidade, nenhum objeto; sem o entendimento,
nenhum seria pensado”

Epistemologia evolucionista de Karl Popper: teorias alvo de processo evolutivo;


recurso às funções argumentativa e critica da linguagem para a resolução de
problemas; tentativa e erro para experimentar soluções
Epistemologia cientifica/naturalista: multiplicidade de abordagens, contributos
evolucionistas, neurofisiológicos, psicológicos, cognitivos, computação
Epistemologia filosófica: questões de verdade, validade e justificação do
conhecimento
 Sobre a possibilidade e natureza do conhecimento
 Subjetivismo/relativismo: existe uma verdade que pode ser aprendida,
mas não existe uma verdade universalmente válida
 Criticismo: existe confiança na razão para conhecer a realidade e
desconfiança face ao determinado
 Pragmatismo: o conhecimento tem valor em função do seu uso prático,
interessa a sua utilidade e eficácia
 Idealismo: os objetos só existem enquanto representações
 Realismo: o conhecimento fundamenta se na própria natureza dos
objetos
 Reinado na quantidade e da forma
 1ª época: ciência clássica; conceção da verdade como universal e
absoluta
 2ª época: ciência contemporânea (o saber é conjetural e hipotético). A
lei passa a ser uma espécie de modelo onde se procuram inserir
aspetos da realidade (+ ampla que a lei)

Desafia se o conhecimento impessoal e objetivo, fazendo um retorno/ valorização do


conhecimento pessoal e tácito (intuição e imaginação)
Epistemologia da enfermagem: ocupamo-nos com as questões relativas à natureza,
fontes e validade do conhecimento em enfermagem: estudo do conhecimento e das
crenças justificadas que temos, incluindo as questões da criação e a disseminação
do conhecimento.
Faces da enfermagem:
 Conhecimento privado: decorre nas experiências pessoais e na construção
reflexiva da pessoa, como do estudo, da investigação e da atualização.
 Conhecimento público: conhecimento de uma disciplina que está
disponível, tendo as características de sistematização e generalização. Está
orientado para enriquecer o conhecimento público

Conhecimento em enfermagem: inserido na prática, envolve um conjunto de


interações dinâmicas que fazem com que percebamos que sabemos mais do que
conseguimos comunicar.
Conhecimento tácito: tomamos por certo (Polanyi – 2 dimensões)
 Técnica: competências pessoais; conhecimento enraizado na ação e no
empenhamento num contexto específico
 Cognitiva: modelos mentais, valores e crenças – estruturas cognitivas.
Define a forma como agimos e nos comportamos, contruindo o filtro através
do qual percecionamos a realidade.
Pode ser utilizado por 2 razões
 Explica que uma recomendação de evidência pode não ser adequada
àquela pessoa em concreto
 A experiência clínica e humana é essencial e não pode ser substituída por
dados epidemiológicos.
Noção de prática de enfermagem: não é apenas saber fazer, é uma compreensão
de que resulta uma reorganização/aprofundamento do nosso conhecimento, com
consequências ao nível da ação.
Identidade: prestar cuidados a uma pessoa colocando em ação o seu conteúdo e
património profissional na identificação das melhores respostas possíveis às
necessidades das pessoas.
Um enfermeiro utiliza, desenvolve, testa e expande teorias. Desencadeia se um
cruzamento que coloca em reação uma ontologia da pessoa, da enfermagem e um
enquadramento ético

O processo de enfermagem integra diagnóstico, intervenções e resultados


desenvolvidos pela evidência científica e um amplo espetro de modalidades
terapêuticas – linguagem comum a todos os enfermeiros - CIPE

Uniformizar conceitos, catalogar diagnósticos de enfermagem, resultados e


intervenções; imprescindível instrumento de trabalho.

Lacuna teórico-prática: falta de alinhamento entre o que está disponível no


conhecimento público e o que é utilizado na prática individual.
 Lacuna de utilização: há um conhecimento intelectual que devia desenvolver
as práticas e isso não acontece
 Lacuna de relevância: colocam em causa a relevância/ importância/ utilidade
da investigação

É a mais profunda e perturbadora: a razão de ser da investigação de enfermagem, é


produzir conhecimento que suporte a prática; se a teoria for irrelevante não teremos
conhecimento de enfermagem e isso torna se uma questão de filosofia de
enfermagem.
Theodor Adorno, criticou a educação preocupada com “o que fazer”, que em
desespero se volta para o agir. Designou isto de aversão à teor
É um mito que tem sido alimentado pois, nem a prática decorre independentemente
da teoria, nem a teoria dispensa a prática
Martha Rogers, diz que a prática não é a enfermagem, mas sim o modo como
usamos o conhecimento da mesma. Assim, são necessárias várias fontes de
conhecimento:
 Investigação científica: o conhecimento é gerado pela investigação,
decorrente de teorias/metodologias científicas. A atividade científica é a ação
humana + globalizada. Este tipo de conhecimento é reconhecido pela sua
fiabilidade e organização. O método decorre da investigação que pode ser
classificada em fundamental ou aplicada

 Tradição: conhecimento transmitido de geração em geração de enfermagem.

 Comunidade epistémica: uma pessoa pode conhecer determinadas


linguagens de enfermagem, apontando para uma dimensão social
 Proceder de certa forma: fazer algo de uma certa forma porque sempre
foi feito assim.

 Experiência: cada um vive a sua, mas pode ser transmitida. Um dos modelos
mais partilhados é “conhecimento clínico é conseguido ao longo do tempo, e
os profissionais, eles próprios, estão muitas vezes desatentos à sua
aquisição”. O tempo não é o suficiente para afirmar que se tem experiência.

 Intuição: conseguir resolver um problema ou tomar uma decisão com pouca


informação concreta
 Principiante: ainda não possui experiência suficiente; limita se a
cumprir regras
 Principiante avançado: alguma experiência, permitindo orientações
para a ação mais gerais; ainda não foge para além das regras e
orientações
 Nível competente: alguma experiência, permitindo começar a ver as
suas ações em fundo de objetivos de longo alcance/planos.
 Proficente: adquire a capacidade de abstração a paritr da sua própria
prática.
 Nível perito: deixam de se guiar por princípios analíticos e passam a
entender a situação intuitivamente.
Modelo de Dreyfus, identifica 6 elementos do julgamento intuitivo:
 Reconhecimento de padrões
 Reconhecimento de similaridades
 Compreensão de senso comum
 Habilidade em ajuizar o que é apropriado
 Senso de importância
 Racionalidade deliberativa
 Reflexão: valoriza a experiência humana, a consciência de si mesmo e a
abertura para a realização, no mundo e com os outros

 Imaginação: intervem na apreensão do mundo e na construção dos


conhecimentos. Gaston Bachelard, afirma que a imaginação está no princípio
de todas as mudanças no conhecimento, produção de novas ideias,
renovações de interiores e na descoberta científica.

 Pensamento heurístico: potencia a articulação entra todos os dados e


conhecimento, colocando-nos no centro do problema da justificação

Resumindo, o conhecimento de enfermagem deriva de diversas fontes, que


associamos a processos e operações mentais.
4 padrões do conhecimento (Carper e Amendoeira)
 Conhecimento empírico (ciência de enfermagem): responsável pela
origem das teorias de enfermagem e resulta da investigação em enfermagem.
É factual, descritivo, discursivamente formulado e publicamente verificável.
 Conhecimento estético (arte da enfermagem): dimensão criativa da
enfermagem capacidade de avaliar e satisfazer as necessidade/desejos dos
doentes.
 Conhecimento pessoal: relação entre o enfermeiro e o doente. É o padrão
de enfermagem mais difícil de dominar, mas também o mais essencial de
perceber o significado em termos de saúde e bem-estar.
 Conhecimento ético (ética da enfermagem): questões ético-morais.
Envolve as ações voluntárias do enfermeiro ao prestar cuidados sujeitos a
valores, normas, interesses e princípios.
Depois de Caper
 O desconhecido: condição de abertura; a arte de desconhecer torna se num
processo de descentralização dos princípios próprios; espaço intersubjetivo
necessário à compreensão de outro
White
 Sócio político: contexto de enfermagem como ambiente social em que cada
enfermeiro pratica as suas açõe
 Conhecimento emancipatório: reconhece as injustiças sociais e as
condições que as criam, pretendendo corrigir/retificar.

Organização do conhecimento em enfermagem


É uma ciência humana prática, a sua finalidade resume se a uma atividade que tem
de ser aprendida, necessitando de alguém que a ensine com referências assentes
em forma de conhecimento de natureza diversa, conhecimento publico (evidências)
e conhecimento privado (desenvolvido por cada um).
O caracter prático desta forma de conhecimento não o inibe de um pensamento
teórico sobre si mesmo – Metateoria.
Pensamento com diferentes níveis de abstração, desde o nível da metateoria, às
grandes teorias, passando pelas teorias de médio alcance chegando às teorias
práticas

Teorias de médio alcance: nível – abstrato do desenvolvimento teórico; foco de


interesse + limitado que as teorias; incluem particularidades
Teorias: podem ser extensas, mas limitadas em relação aos aspetos da enfermagem
a que respeitam
Grandes teorias: alargadas, diferentes dos modelos conceptuais das quais provêm,
propõem algo realmente verdadeiro ou testável

Produção formal de conhecimento novo: dominam os trabalhos com enfoque no eixo


clínico. As fronteiras práticas representam o estado atual dos interesses de
investigação que emergem das questões significativas para os membros do domínio.
As fronteiras teoréticas são formuladas pelas questões visionárias dos membros.

Usos do conhecimento em enfermagem


 Realizar a leitura da realidade com os olhos do outro a quem prestamos
cuidados
 Tomar melhores decisões
 Realizar intervenções realçando a qualidade de cuidados
 Avaliar resultados
 Desenvolvimento do poder que capacita agir em conjunto
 Transmitir conhecimento
 Sermos realizados pessoal e profissionalmente

Paradigmas: conjunto de elementos culturais conhecimentos, códigos teóricos


(técnicos e metodológicos), compartilhados pelos membros de uma comunidade
científica
 Paradigma da categorização (técnica)
 Paradigma de interação (relação): surgem os modelos concetuais da
enfermagem → intenção de objetivar a prática dos cuidados de enfermagem,
orientar a formação e a investigação, apoiam se em teorias de outras áreas
disciplinares.
 Paradigma da transformação (empoderamento)
Escolas do pensamento
 Surgem nos EUA a partir dos anos 50
 Influência das ciências humanas e sociais:
 Teoria da motivação humana de Maslow
 Teoria do “stress” de Selye: 3 fases: alerta, resistência e exaustão.
O organismo tenta sempre adaptar se ao motivo stressor, utilizando
grandes quantidades de energia
 Teoria do desenvolvimento de Erikson: o crescimento psicológico
ocorre em 3 fases, não é ao acaso e depende da interação da pessoa.
 Teoria dos sistemas de von Bertalanffy: modelo do sistema aberto.

Contexto (ver slide 8)


 “Tempestade perfeita”: boom das ciências sociais e humanas; experiência e
formação das enfermeiras-mentoras
 Aparecimento de teorização em enfermagem

Escolas das necessidades: centram se em “o que fazem os enfermeiros?”


Principais influências
 Teoria da motivação humana de Maslow (pirâmide numa folha atrás)
 Teoria do desenvolvimento de Erikson

Conceito de pessoa assume importância central

 Quando necessitará a pessoa de cuidados de enfermagem?

Sempre que ela própria não consiga satisfazer as suas necessidades


 Principais obstáculos são as doenças
 Assistir a pessoa naquilo que ela não consegue fazer sozinha, objetivando a
recuperação da independência ou da capacidade de autocuidado
 O papel da enfermeira será a substituição da pessoa até readquirir a
independência

Principais teóricas da escola das necessidades


 Virginia Henderson
 Enfermeiro como membro integrante da equipa de profissionais de
saúde
 Pessoa como figura central
 Defender os interesses do utente
 O enfermeiro deve ajudar o utente com os seus padrões de vida
 O plano global de saúde deve ser aplicável a todos os indivíduos
 Evolução da ciência da enfermagem
 Definiu 14 necessidades básicas humanas

Pessoa
 Alguém que necessita de assistência para alcançar saúde e independência
ou morte pacífica
 Componentes da saúde são definidos através das necessidades básicas que
a compõe
 O corpo e a mente estão inter-relacionados, tem de haver homeostasia entre
os fatores biológicos, psicológicos, sociais, espirituais, de forma a alcançar a
saúde
Saúde: capacidade de ser independente em relação à satisfação das suas próprias
necessidades (erikson)
 Capacidade que cada pessoa tem de funcionar de forma independente nas
14 necessidades básicas
 Realiza uma comparação entre a saúde e a independência e a
interdependência
 Mais importante a promoção e a prevenção do que a reabilitação

Ambiente: os fatores ambientais são tidos em conta pelo modo como contribuem ou
não para a satisfação e independência (eriskon)
 Tem um conjunto de parâmetros pelos quais uma pessoa segue o seu padrão
de vida
 Estão reunidas todas as condições externas e influências que afetam o modo
de vida do individuo
 A pessoa doente pode não conseguir controlar o seu ambiente, mas o
enfermeiro deve conseguir protegê-lo

Cuidados de enfermagem
 A equipa de enfermagem deve assistir uma pessoa que demonstre falta de
força, vontade e conhecimentos necessários
 Enfermeiro pode funcionar de forma independente do médico
 Enfermeiro é ter a capacidade de se colocar no lugar do doente e aumentar a
sua força de vontade/ conhecimento de acordo com as suas necessidades

 Dorothea Orem
Autocuidado por ordem
 Autocuidado: atividade aprendida, orientada por metas
 Meta: ajudar o utente a desempenhar o autocuidado
 Foco: autocuidado
 Homem: utiliza o autocuidado para manter a vida, a saúde, recupera se da
doença e consegue enfrentar o seu impacto
 Saúde: resultado das práticas aprendidas pelos indivíduos para manter a vida
e o bem-estar
 Ambiente: elementos externos com os quais o homem interage na sua luta
para manter a vida e o bem-estar
 Enfermagem: ajuda a pessoa a aumentar o seu potencial de autocuidado
A teoria geral é composta por 3 teorias inter-relacionadas
 Teoria do autocuidado: explica o porquê e como as pessoas se cuidam
 Teoria do défice de autocuidado: explica a razão pela qual as pessoas
podem ser ajudadas através da enfermagem
 Teoria dos sistemas de enfermagem: explica as relações que têm de ser
criadas e mantidas para que se produza enfermagem

 Faye Glenn Abdelah


Tipologia dos 21 problemas de enfermagem, foi dividida em 3 partes
 As necessidades físicas, sociológicas e emocionais do doente: cada
doente deve ser avaliado individualmente e tratado da mesma maneira
 Resolução de problemas entre a equipa e o doente: existem os problemas
reais que o enfermeiro pode resolver através das suas habilidades e os
problemas potenciais em que o enfermeiro deve estar preparado para detetar
e para resolver
 Elementos comuns na abordagem ao doente: todos os doentes,
independentemente do problema/ necessidades, devem receber cuidados
semelhantes em todos os casos

Escola da interação
 Origem
 Fim da década de 50, início da década de 60
 Aumento da atenção para as necessidades relacionais e de intimidade
da pessoa
 Influências
 Teoria psicanalítica: Freud, dizia que os conflitos inconscientes
levavam aos problemas de um cliente
 Terapia centrada no cliente de Karl Rogers: acreditava que o terapeuta
devia permanecer não diretivo
 Teoria sistemática de von Bertalanffy (+ influência)
 Fenomenologia e existencialismo

As teóricas de enfermagem inspiram se nas teorias da interação, na fenomenologia


e no existencialismo, procurando responder à questão “como os enfermeiros
constroem o que estão a fazer?”
Este modelo centra o seu interessa sobre os processos de interação entre o
enfermeiro e a pessoa, através da qual é possível promover o crescimento individual
de ambas as partes.

Pessoa
 Sistema aberto; apresenta trocas com o meio ambiente
 Constituída por vários subsistemas, realçando o psicológico
Saúde
 Dinâmica
 Depende da capacidade de ajustamento aos stressores do ambiente externo
e interno
 Objetivo da pessoa é aprofundar o seu potencial máximo de vida
Ambiente
 Conjunto de pessoas com o qual cada um de nós interage
Cuidados de enfermagem
 Uma pessoa tem necessidade de ajuda e outra a capacidade de oferecer
 Clarificação dos valores do enfermeiro
 Criação de condições que permitam o desenvolvimento da personalidade da
pessoa carenciada de ajuda

Estes cuidados desenvolvem se em 4 fases

 Orientação
 Reconhecimento
 Aprofundamento
 Resolução

Principais teóricas
 Hildegard Peplau (enfermagem psicodinâmica)
Descreve o modelo da relação interpessoal em 4 fases:
 Fase de orientação: identifica as necessidades do utente, cuja ansiedade e
tensão ajudam a identificar essas necessidades. O ambiente hospitalar é
propício a esta etapa.

 Fase de identificação: o utente responde seletivamente às pessoas que lhe


oferecem ajuda. Pode responder desenvolvendo ações participativas com a
enfermeira, isolando se e assumindo uma atitude de independência ou
adotando uma postura de desamparo e dependência em relação a essa
profissional.

 Fase da exploração: exploração da relação para obter os melhores


benefícios possíveis. O individuo faz pleno uso dos serviços que lhe são
oferecidos

 Fase da resolução: caracterizada como um fenómeno psicológico em que a


pessoa abandona os laços adquiridos e volta para casa. Idealmente esta fase
coincidia com a resolução do problema clínico.

A enfermeira pode assumir diversos papéis:


 Pessoa estranha: estabelece uma relação baseada no interesse e no
respeito, vê o doente como uma pessoa emocionalmente capaz e utiliza
expressões que promovam + conforto psicológico
 Pessoa recurso: deve fornecer resposta às perguntas dos utentes,
principalmente às que envolvem sentimentos e que estão associadas aos
maiores problemas enfrentados por eles

 Educadora e líder: auxilia o processo de aprendizagem, promovendo a


participação ativa do utente nas suas experiências

 Substitutos: desenvolvem a personalidade do utente a partir da reativação


das suas experiências anteriores

 Josephine Paterson e Loretta Zderad (teoria humanista da enfermagem)


Baseadas na convicção de que os doentes têm o potencial de autorrealização e
podem progredir de forma saudável e criativa. A autenticidade do encontro inter-
humano, tem por base a aproximação entre os seres do cuidado e a abertura dos
mesmos para cuidar.
O enfermeiro encontra se efetivamente presente no tempo e espaço vividos do
cuidador informar. O enfermeiro procura conhecer se a si e ao utente na sua
singularidade e totalidade existêncial

 Ida Orlando (processo deliberativo de enfermagem)


Destaca a relação recíproca cliente-enfermeiro em que tudo o que cada um diz ou
faz, vai afetar o outro.
Destaca como principal função da enfermagem a resolução na necessidade de
ajuda imediata à pessoa e a participação desta como parte importante desse
processo.
A pessoa torna se doente quando tem necessidades que não pode realizar de forma
independente.
O ser humano é um ser comunicante, possui necessidades que são traduzidas como
exigências na tentativa de diminuir o stress e ajudar a adquirir o bem-estar.
As causas dos problemas que requerem a intervenção de enfermagem, estão
relacionadas a indivíduos que sofrem ou que antecipam uma sensação de
desemparo.

Esta teoria tem 3 momentos


 Comportamento do doente
 Reação do enfermeiro perante a situação
 Ações de enfermagem a serem realizadas

 Joyce Travelbee (Modelo de relação pessoa a pessoa)


Logoterapia (fundamenta o sentido da vida): sentir se cheio é a melhor proteção e
cura para a instabilidade emocional
 Enfermagem: objetivo é ajudar a pessoa a encontrar significado no
sofrimento e continuar a ter esperança.
 Sofrimento: cada pessoa sente de uma forma diferente
 Esperança: definida como fé de que coisas melhores virão.
 Saúde: pode ser objetivo que tem haver com a ausência de doença enquanto
ou pode ser subjetivo que é um estado de bem-estar baseado no autoexame
do estado físico, emocional e espiritual
 Ser humano: deve ser tratado como uma pessoa e não como um objeto.

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