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Norman ANGELL, A Grande Ilusão

No fim do século XIX acreditava-se que o período e o flagelo da guerra tinham desaparecido (9/366).
Durante o século XIX apenas ocorrera um ano e meio de conflito entre os maiores países europeus.
No entanto, havia “uma corrida armamentista que crescia ano após ano” (9/366) e na qual “as potências
embarcavam com entusiasmo não dissimulado” (9/366).

Ver guerra franco-prussiana 1870-1871; Guerra da Crimeia; Conferência de Viena...

Uma nova fase do desenvolvimento capitalista: aceleração do impulso integrador do mercado mundial e
impressionante progresso tecnológico (10/366); presença cada vez maior do poder financeiro e da
grande empresa, o mundo “diminui”, fenomenal interdependência dos seus membros, progressos
espantosos nos transportes e nas comunicações (10/366).

Transformação radical na natureza da guerra, 11/366; estímulo ao negócio das armas era dado pelo
“nacional militarismo” (13/366); aumento da população e aumento dos efetivos militares, 12/366.

Passagem do nacionalismo liberal a um nacionalismo que se opunha à democracia; o nacionalismo


patriótico encontra aliado no progresso da educação e mo surgimento da imprensa de massa (13/366).

Extensão das ideias de Darwin ao campo social e político.


(JCA: ver Konrad Lorenz, A agressão)

Alguns argumentavam que a guerra tinha raízes na agressividade intrínseca da natureza humana, outros
defendiam que era um fator necessário para proteger ou restaurar a saúde das sociedades (14/366): era
a chicotada que impedia que o país adormecesse.

Mas também havia correntes pacifistas que se impulsionaram com a Guerra da Crimeia (1854-1856) e os
conflitos da década de 1860.

(!) Sobre o futuro da guerra, 16/366


Como o inventor da dinamite defendia a paz (17/366)
A modernização dos arsenais bélicos poderiam ter um efeito dissuasor. No mundo moderno a guerra era
o fruto da paz armada, defendia Norman Angell. Para evitar esse destino, Angell só antevia uma
possibilidade: ganhar a batalha das ideias, abrindo uma nova opção entre a grande corrente do realismo
militarista e as representações habituais do pacifismo.
Um dos axiomas da política moderna era a de que a prosperidade e o bem-estar das nações dependeria
da sua capacidade de se defender contra os ataques das outras nações; as agressões das outras nações

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teriam como objetivo aumentar o seu bem-estar e prosperidade, aumentando o seu poder. Norman
Angell acha que essa tese é uma ideia enganadora e muito perigosa.

A argumentação de Angell baseia-se em duas ideias centrais: uma relativa à natureza humana e a outra
relativa ao papel do Estado. Angell acha que a conduta do homem pode ser alterada, com base em
novas ideias, perceções e novas instituições. E dá o exemplo de comportamentos abandonados: o
desaparecimento da antropofagia, dos sacrifícios humanos, dos duelos, da escravidão, da queima de
hereges. Em relação ao Estado, Angell chama a atenção para um reforço da nacionalidade diante das
tendências cosmopolitas e o surgimento de novas formas de sociabilidade internacional. A organização
da sociedade vai sendo desenvolvida sobre bases distintas da divisão territorial e nacional (Cf. 26-
27/366).
Várias causas transformavam os ódios tradicionais entre os países: as nações eram cada vez mais
complexas, os interesses dominantes da humanidade transcendiam as simples divisões entre Estados, as
comunicações aprimoravam-se a contrapor a solidariedade das classes e das ideias à solidariedade
estatal. Por outro lado, a verdadeira moralidade dependia do desenvolvimento do bem-estar social. E dá
o exemplo de vários países pequenos cujo bem-estar não está dependente do poderio militar: é o caso
da Holanda, Bélgica, Suíça, Dinamarca, Suécia.

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