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UNIVERSIDADE FEDERAL DO NORTE DO TOCANTINS

CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE ARAGUAÍNA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA

DAIRLENE ALVES BATISTA

FICHAMENTO:

O FIM DA HISTORIA E O ULTIMO HOMEM

FRANCIS FUKUYAMA

Araguaína (TO)

2021
O FIM DA HISTORIA E O ULTIMO HOMEM

Os pensadores mais profundos do século XX atacaram diretamente a idéia de que a


história é um processo coerente e inteligível. Na verdade, negaram a possibilidade de
inteligibilidade filosófica de qualquer aspecto da vida humana. Nós, no Ocidente, tornamo-
nos extremamente pessimistas quanto à possibilidade de um progresso generalizado nas
instituições democráticas. Esse pessimismo profundo não é acidental, mas provocado
pelos terríveis eventos políticos da primeira metade deste século: duas destruidoras
guerras mundiais, a ascensão das ideologias totalitárias e a ciência usada contra o
homem sob a forma de armas nucleares e destruição do meio ambiente.
Contudo, as boas novas chegaram. O acontecimento mais notável do último quarto
do século XX foi a revelação de uma fraqueza enorme no âmago das aparentemente
fortes ditaduras do mundo, sejam elas da direita militar autoritária, sejam da esquerda
comunista totalitária. Da América Latina ao Leste Europeu, da União Soviética ao Oriente
Médio e à Asia, os governos fortes têm desmoronado nas últimas duas décadas. Embora
não tenham, em todos os casos, cedido lugar a democracias liberais estáveis, a
democracia liberal continua como a única aspiração política coerente que constitui o ponto
de união entre regiões e culturas diversas do mundo todo.
Todos esses acontecimentos, tão contraditórios com a história terrível da primeira
metade do século, quando governos totalitários da Direita e da Esquerda estavam em
marcha, sugerem a necessidade de rever a questão da existência de um elemento mais
profundo de união entre eles, ou verificar se não passam de momentos acidentais de boa
sorte. Formulando novamente a questão da existência de uma coisa chamada História
Universal da humanidade, estou retomando a discussão começada no início do século
XIX e mais ou menos abandonada nos nossos dias devido à enormidade dos fatos vividos
desde então pela humanidade. Embora inspirados nas ideias de filósofos como Kant e
Hegel, que abordaram essa questão antes, espero que os argumentos apresentados
neste livro tenham força própria.
O desenvolvimento da ciência natural moderna teve um efeito uniforme em todas as
sociedades que o experimentaram, por duas razões. Em primeiro lugar, a tecnologia
confere vantagens militares decisivas aos países que a possuem, e dada a continua
possibilidade de guerra no sistema internacional dos Estados, nenhum Estado que preza
sua independência pode ignorar a necessidade de modernização defensiva. Segundo, a
ciência natural moderna estabelece um horizonte uniforme de possibilidades de produção
econômica. A tecnologia torna possível o acúmulo ilimitado de riqueza, e portanto, da
satisfação de um conjunto sempre crescente de desejos humanos. Esse processo garante
uma homogeneização uniforme de todas as sociedades humanas, independentemente
das suas origens históricas ou das suas heranças culturais. Todos os países em
processo de modernização econômica tendem necessariamente a se parecerem uns com
os outros. Devem se unificar nacionalmente com base em um Estado centralizado,
urbanizar-se, substituir as formas tradicionais de organização social como tribo, seita e
família, pelas formas economicamente racionais, baseadas na função e na eficiência, e
assegurar a educação universal dos seus cidadãos.

NOSSO PESSIMISMO

O pessimismo do século XX contrasta nitidamente com o otimismo do século


anterior. Embora a Europa tenha entrado no século XIX em meio à convulsão da guerra e
da revolução, de um modo geral foi um século de paz e de crescimento do bem-estar
material sem precedentes. Havia duas amplas razões para otimismo. A primeira era a
crença de que a ciência moderna melhoraria a vida humana, dominando as doenças e a
pobreza. A natureza, há tanto tempo inimiga do homem, seria dominada pela tecnologia
moderna para servir aos objetivos da felicidade humana. Em segundo lugar, os governos
democráticos livres continuariam a se instalar em maior número de países no mundo
todo. O “Espírito de 1776", ou os ideais da Revolução Francesa, derrotaria os tiranos do
mundo, os autocratas e os sacerdotes supersticioso. A obediência cega à autoridade seria
substituída pelo autogoverno racional, no qual todos os homens, livres e iguais,
obedeceriam apenas a si mesmos. (p.30)
Várias teorias, algumas sérias, outras não tanto. Foram aventadas para explicar
como a história humana constituía um todo coerente, cujos desvios e reviravoltas podiam
ser interpretados como o caminho para as coisas boas da era moderna. (p.30)
O extremo pessimismo do nosso século é devido, pelo menos em parte, à crueldade
com que essas expectativas foram destruídas. A Primeira Guerra Mundial desempenhou
um papel importante no esvaziamento da autoconfiança da Europa. A guerra derrubou a
antiga ordem política representada pelas monarquias da Alemanha, da Áustria e da
Rússia, mas seu impacto mais profundo foi psicológico. Quatro anos de uma guerra de
trincheira indescritivelmente horrível, na qual dezenas de milhares morriam num único dia
disputando alguns metros de território devastado, foram, nas palavras de Paul Fussell, um
odioso empecilho para a sobrevivência do mito meliorista, que havia dominado a
consciência pública durante um século”, revertendo "a ideia de Progresso". As virtudes de
lealdade, trabalho árduo, perseverança e patriotismo foram aplicados ao massacre
sistemático e inútil de outros homens, desacreditando assim todo o mundo burguês que
havia criado esses valores. (p.31)
A ideia de que o progresso industrial da Europa podia se transformar em guerra
sem redenção moral e sem significado levou a amargas denúncias de todas as tentativas
de encontrar padrões mais amplos ou significado na história. Assim, o famoso historiador
britânico, H.A.L. Fisher podia escrever em 1934: “Homens mais sábios e mais cultos do
que eu discerniram na história um enredo, um ritmo, um padrão predeterminado”. Essas
harmonias estão escondidas de mim. Só consigo ver um acontecimento sucedendo-se a
outro, assim como uma onda segue outra onda. A Primeira Guerra Mundial foi, na
verdade, apenas uma amostra das novas formas do mal que logo se revelariam. Se a
ciência moderna possibilitou a fabricação de armas de poder destrutivo sem precedentes,
como a metralhadora e o bombardeiro, a política moderna criou um Estado de poder sem
precedentes, para o qual um novo termo, totalitarismo, iria ser moldado. Com o apoio de
uma eficiente força policial, partidos políticos de massa e ideologias radicais que
procuravam controlar todos os aspectos da vida humana, esse novo tipo de Estado
lançou-se a um projeto que ambicionava simplesmente o domínio do mundo. Os
genocídios perpetrados pelos regimes totalitários da Alemanha de Hitler e da Rússia de
Stalin não tiveram precedentes na história da humanidade e, sob muitos aspectos, foram
possibilitados pela própria modernidade. . Sem dúvida houve muitas tiranias sangrentas
antes do século XX, mas Hitler e Stalin puseram a tecnologia e a organização política
moderna a serviço do mal. As antigas tiranias "tradicionais" não tinham capacidade
técnica suficiente para empreender algo tão ambicioso quanto a eliminação de uma
classe inteira de pessoas, como os judeus da Europa ou os kulaks da União Soviética.
Contudo, essa foi exatamente a tarefa tornada possível pelo avanço técnico e social do
século passado. As guerras desencadeadas por essas ideologias totalitárias foram
também diferentes, envolvendo a destruição em massa de populações civis e dos
recursos econômicos – daí o termo "guerra total”. Para se defender dessa ameaça, as
democracias liberais foram levadas a adotar estratégias militares como o bombardeio de
Dresden ou de Hiroshima que, no passado, teriam sido considerados genocídio. (p. 32)
As teorias do século XIX sobre o progresso associavam a maldade humana a um
Estado atrasado de desenvolvimento social. Enquanto o stalinismo surgiu num país semi
europeu atrasado, conhecido por seu governo despótico, o Holocausto ocorreu num país
com a economia industrial mais avançada e uma das populações mais cultas e bem-
educadas da Europa. Se tais fatos podiam ocorrer na Alemanha, por que não em outros
países adiantados e se o desenvolvimento econômico, a educação e a cultura não eram
garantias contra um fenômeno como o nazismo, de que adiantava o progresso histórico?
A experiência do século XX tornou extremamente problemática a reivindicação de
progresso baseado na ciência e na tecnologia. Pois a capacidade da tecnologia para
melhorar a vida humana depende estritamente de um progresso moral paralelo do
homem. Sem este progresso, o poder da tecnologia será usado para o mal e o homem
ficará pior do que era antes. As guerras totais do século XX não teriam sido possíveis sem
os avanços básicos da Revolução Industrial: ferro, aço, motor de combustão interna e o
avião. E desde Hiroshima a humanidade tem vivido à sombra do mais terrível avanço
tecnológico de todos, o das armas nucleares. O fantástico crescimento econômico
possibilitado pela ciência moderna teve seu lado negro, pois contribuiu para o grave dano
ambiental de muitas partes do planeta, criando a possibilidade de uma futura catástrofe
ecológica global. (p.33)
Os eventos traumáticos do século XX formaram a cena de fundo de uma profunda
crise intelectual. Só podemos falar de progresso histórico quando sabemos para onde se
encaminha a humanidade. A maioria dos europeus do século XIX pensava que progresso
significava progresso na direção da democracia. Mas durante a maior parte deste século
não se chegou a um consenso sobre o assunto. A democracia liberal foi desafiada por
duas importantes ideologias rivais — o fascismo e o comunismo - que ofereciam visões
radicalmente diversas de uma boa sociedade. Os próprios ocidentais começaram a se
perguntar se a democracia era realmente a aspiração de toda a humanidade, e se a
confiança que nela depositavam não seria o reflexo de um etnocentrismo estreito de sua
parte. A medida que eram obrigados a enfrentar o mundo não-europeu, primeiro como
senhores coloniais, depois como patronos durante a Guerra Fria, e teoricamente iguais
num mundo de estados-nações soberanos, os europeus começaram a questionar a
universalidade dos próprios ideais. (p.33)
Essa conclusão de Kissinger não era, de modo nenhum, uma opinião isolada.
Praticamente todos os estudiosos de política e de política externa acreditavam na
permanência do comunismo. Desse modo, o colapso mundial desse tipo de governo, no
fim da década de 80, foi quase totalmente inesperado. Essa falha de previsão não foi
simplesmente uma questão de interferência do dogma ideológico na visão
"desapaixonada" dos fatos. Afetaram pessoas, todo o espectro político, da direita, da
esquerda e do centro, jornalistas e estudiosos, políticos do Ocidente e do Oriente. 12 As
raízes de uma cegueira tão difusa eram muito mais profundas do que o mero
partidarismo, e residiam no extraordinário pessimismo histórico criado pelos eventos
deste século.
Ainda em 1983 Jean-François Revel declarou que “a democracia pode, afinal, ter
sido um acidente histórico, um breve parêntesis que está se fechando ante nossos
olhos..."'13 É óbvio que a Direita jamais acreditou que o comunismo tivesse alcançado
qualquer grau de legitimidade aos olhos da população controlada por ele, e via
claramente as falhas econômicas das sociedades socialistas. “Mas grande parte da
Direita acreditava que, apesar de ser uma sociedade fracassada”, a União Soviética havia
ainda assim encontrado a chave do poder através da invenção do totalitarismo leninista,
segundo o qual um pequeno grupo de "ditadores-burocratas” podia empregar o poder da
organização e da tecnologia modernas e governar grandes populações mais ou menos
indefinidamente. O totalitarismo conseguira não apenas intimidar populações dominadas
mas obrigá-las a internalizar os valores dos seus senhores comunistas. Essa foi uma das
distinções feitas por Jeanne Kirkpatrick num artigo famoso de 1979, entre os regimes
autoritários tradicionais da Direita e o totalitarismo radical da Esquerda. Enquanto o
primeiro "deixa no lugar a existente distribuição da riqueza, do poder, do status", e
também "adora os deuses tradicionais e observa os tabus tradicionais”, o totalitarismo
radical da Esquerda tem por objetivo "reivindicar jurisdição sobre toda a sociedade”,
violando "valores e hábitos internalizados”. Um Estado totalitário, ao contrário do Estado
apenas autoritário, podia controlar a sociedade submissa de modo tão implacável que era
fundamentalmente invulnerável a mudanças ou reformas: assim, “a história deste século
não fornece nenhuma base para esperar que os regimes totalitários radicais venham a se
transformar por si mesmos’’”.
A base principal dessa crença no dinamismo dos Estados totalitários era uma
profunda falta de confiança na democracia. (p.36)
A REVOLUÇÃO LIBERAL MUNDIAL
A fraqueza dos Estados autoritários de Direita está na sua incapacidade de controlar
a sociedade civil. Subindo ao poder com um mandato específico para restaurar a ordem
ou impor “disciplina econômica”, muitos não tiveram mais sucesso do que seus
antecessores democráticos no que se refere a estimular o crescimento econômico
contínuo ou criar um senso de ordem social. Os que tiveram sucesso foram derrotados
por suas próprias armas porque as sociedades às quais se impuseram começaram a
superá-los à medida que se tornavam mais cultas, mais prósperas, e mais classe média.
Empalidecida a lembrança da emergência específica que havia justificado o governo forte,
essas sociedades, gradualmente, passaram a não mais tolerar o governo militar.
Os governos totalitários de Esquerda procuraram evitar esses problemas
subordinando toda a sociedade civil ao seu controle, incluindo o pensamento do povo.
Porém, um sistema desse tipo só pode ser mantido em sua forma pura por meio do terror,
que ameaça os próprios dirigentes do sistema. Uma vez amenizado esse terror, começa
um longo processo de degeneração durante o qual o Estado perde o controle de certos
aspectos-chave da sociedade civil. Mais importante é a perda de controle sobre o sistema
de crenças. Quando a fórmula socialista para o crescimento econômico falhou, o Estado
não pôde evitar que o povo notasse o fato e tirasse suas próprias conclusões. (p.70)
Além disso, poucos regimes socialistas podiam se reproduzir através de uma crise
ou uma sequência delas. Na ausência de regras de sucessão comumente aceitas,
sempre haveria alguém que, levado pela ambição do poder, procuraria questionar todo o
sistema, pregando reformas fundamentais na campanha contra seus rivais. A chapa
reformista é um trunfo poderoso porque em toda parte é grande o descontentamento com
os sistemas stalinistas. Assim, Kruschov usou o antistalinismo contra Beria e Malenkov,
Gorbachev usou-o contra os seus competidores da era Brejnev e Zhao Ziyang fez uso
deles contra a linha-dura de Li Peng. O fato de serem democráticos ou não os indivíduos
ou os grupos empenhados na luta pelo poder era de certo modo irrelevante, uma vez que
o processo de sucessão tendia a minar a credibilidade do velho regime, expondo seus
abusos inevitáveis. Novas forças políticas e sociais mais sinceramente compromissadas
com as ideias liberais se desencadearam e logo escaparam do controle dos que
planejaram as primeiras e limitadas reformas.
A fraqueza dos Estados fortes redundou no fato de vários autoritarismos terem dado
lugar à democracia, enquanto os Estados pós-totalitários transformaram-se em simples
autoritarismos, senão em democracias. A União Soviética devolveu o poder às suas
repúblicas constituintes, e embora na China continue a ditadura, o regime perdeu o
controle de partes importantes da sociedade. Nenhum desses dois países tem hoje a
coerência ideológica antes fornecida pelo marxismoleninismo. É mais provável que os
conservadores que se opõem às reformas na União Soviética substituam a fotografia de
Lenin por um ícone na parede de sua sala de trabalho. Os idealizadores do golpe de
agosto de 1991 eram muito parecidos com uma junta militar latino-americana, com oficiais
do exército e funcionários da polícia desempenhando papéis importantes. (p.70)
Ao lado da crise do autoritarismo político, houve uma revolução também na área
econômica, mais discreta, mas nem por isso menos significativa. O fenomenal
crescimento econômico do Leste da Ásia, depois da Segunda Guerra Mundial, foi tanto
manifestação quanto causa dessa revolução. O sucesso desse crescimento não se limitou
aos primeiros países modernizados como o Japão, mas abrangeu também praticamente
todos os países da Ásia, dispostos a adotar os princípios do mercado e a se integrar
completamente no sistema econômico capitalista global. Seu desempenho sugeria que
países pobres, sem outros recursos que não fossem o trabalho árduo do seu povo,
podiam tirar proveito da abertura do sistema econômico internacional e criar uma
quantidade inimaginável de novas riquezas, rapidamente fazendo desaparecer a distância
que os separava das potências capitalistas mais estabelecidas da Europa e da América
do Norte.
Ao lado da crise do autoritarismo político, houve uma revolução também na área
econômica, mais discreta, mas nem por isso menos significativa. O fenomenal
crescimento econômico do Leste da Ásia, depois da Segunda Guerra Mundial, foi tanto
manifestação quanto causa dessa revolução. O sucesso desse crescimento não se limitou
aos primeiros países modernizados como o Japão, mas abrangeu também praticamente
todos os países da Ásia, dispostos a adotar os princípios do mercado e a se integrar
completamente no sistema econômico capitalista global. Seu desempenho sugeria que
países pobres, sem outros recursos que não fossem o trabalho árduo do seu povo,
podiam tirar proveito da abertura do sistema econômico internacional e criar uma
quantidade inimaginável de novas riquezas, rapidamente fazendo desaparecer a distância
que os separava das potências capitalistas mais estabelecidas da Europa e da América
do Norte. (p.73)
O milagre econômico do Leste da Ásia foi atentamente observado no mundo todo,
mas em nenhum lugar com tanto cuidado quanto no bloco comunista. A crise final do
comunismo começou, de certa forma, quando os líderes chineses reconheceram que
estavam sendo deixados para trás pelo resto da Ásia capitalista, e perceberam que o
planejamento central socialista havia condenado a China ao atraso e à pobreza. As
reformas liberalizantes que se seguiram na China fizeram duplicar a produção de cereais
em cinco anos, dando uma nova demonstração do poder dos princípios de mercado. A
lição asiática foi mais tarde absorvida pelos economistas da União Soviética que
conheciam o terrível desperdício e a ineficiência
Provocados pelo planejamento central em seu país. Os europeus do Leste
precisavam menos dessa lição. Compreendiam, melhor do que outros comunistas, que
sua incapacidade de alcançar os padrões de vida dos europeus do Ocidente devia-se ao
sistema socialista imposto pelos soviéticos depois da guerra.
Porém os países do bloco comunista não eram os únicos observadores do milagre
econômico do Leste da Ásia. (p.75)
No começo da década de 90 essa ideia havia mudado completamente. O
Presidente Carlos Salinas de Gortari, no México, o Presidente Carlos Menem, na
Argentina e o Presidente Fernando Collor de Mello, no Brasil, procuraram implementar
programas de liberalização econômica de longo alcance, logo que tomaram posse,
aceitando a necessidade da competição do mercado e a abertura para a economia
mundial. O Chile pôs em prática os princípios da economia liberal na década de 80,
durante o governo Pinochet, daí resultando que sua economia era a mais saudável do
Cone Sul quando o país saiu da ditadura sob a liderança do Presidente Patricio Alwyn.
Esses novos líderes democraticamente eleitos partiram da premissa de que o
subdesenvolvimento não era devido às desigualdades inerentes ao capitalismo mas ao
grau insuficiente de capitalismo praticado nos seus países no passado. A privatização e o
mercado livre tornaram-se as novas senhas, no lugar de nacionalização e substituição de
importação. A ortodoxia marxista dos intelectuais da América Latina foi intensamente
desafiada por escritores como Hernando de Soto, Mario Vargas Llosa e Carlos Rangel,
que atraíram uma audiência importante para as ideias liberais da economia orientada para
o mercado.
À medida que a humanidade se aproxima do fim do milênio, as crises paralelas do
autoritarismo e do socialismo centralizado deixaram no ringue um só competidor, como
uma ideologia de validade potencialmente universal: a democracia liberal, a doutrina da
liberdade individual e da soberania popular. Duzentos anos depois de terem dado vida às
Revoluções Francesa e Americana, os princípios de liberdade e igualdade mostram-se
não apenas duráveis, mas também ressurgentes. (p.76)
REFERÊNCIA:

FUKUYAMA, Francis. O fim da historia e o ultimo homem. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

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