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Módulo 9 - A cultura do cinema

Apresentar os principais momentos da evolução histórica e artística deste período.


O fim da 1ª guerra trouxe um novo mapa político europeu, com o desmembramento dos
grandes impérios centrais e o aparecimento de novos países. Para além das grandes perdas
humanas, a guerra provocou uma grave crise económica na Europa e o endividamento dos
estados europeus face aos EUA. Ao mesmo tempo cresce a agitação social e a instabilidade
política. Enquanto isso, os EUA atravessam um período de grande prosperidade económica,
conhecida pelo nome de “Loucos Anos 20”. Surge um ritmo moderno e alucinante na vida
urbana, na moda, nas artes e nos costumes.
Devido à adoção de novos métodos de organização do trabalho, a produção industrial
aumentou, os preços baixaram, os salários subiram, conduzindo a um aumento do poder de
compra. Os EUA afirmam-se então como a grande potência económica do mundo.
Em 1929 deu-se o crash de Wall Street, conduzindo a uma grave crise financeira, falências e
desemprego. É a época da Grande Depressão que, proveniente da América, atingiu todos os
continentes. A crise e a agitação social consequente abriu caminho à afirmação dos partidos
autoritários e a sua chegada ao poder, como foi o caso de Itália, com Mussolini, da Alemanha,
com Hitler, da Espanha, com Franco, e de Portugal, com Salazar.
Profundamente nacionalistas, a Alemanha e a Itália adotaram uma política ofensiva que
rompeu o equilíbrio internacional e provocou a 2ª Guerra Mundial, antecedida pelo sangrento
episódio da guerra civil espanhola (1936-39), entre os republicanos e as forças franquistas. O
fim da 2ª Guerra Mundial marcou um novo clima de tensão internacional – a Guerra Fria –
entre dois blocos políticos e militares: o bloco ocidental, capitalista, liderado pelos EUA e o
bloco comunista, liderado pela URSS.
Esta primeira metade do século XX foi marcada também por uma renovação cultural e das
mentalidades para o qual as artes contribuíram. Devido ao caos gerado pela guerra, o
pensamento racionalista, otimista e positivista do século XIX já não faziam sentido. A ciência e
a tecnologia, encaradas até então como geradoras de progresso, mostraram pela primeira vez
o seu carácter destrutivo, o que, conjuntamente com os horrores praticados pelos homens,
gerou a crise de valores e a contestação aos valores tradicionais.
Estas alterações registaram-se num contexto novo, o da cultura de massas, onde a
publicidade e a propaganda pretendiam manipular no seu interesse. Os novos veículos de
comunicação – o cinema e a rádio - entram num período de expansão. Neste novo contexto, a
arte reivindicou autonomia e liberdade em relação à sociedade ou a qualquer programa. No
entanto, pretendia intervir na sociedade, questionando-a. Os artistas acabam por questionar o
próprio conceito de arte e a relação entre artistas e público.

Referir as principais transformações geopolíticas ocorridas desde o início do século XX até


aos anos 60.
A 1ª guerra mundial (1914-1918) provocou uma alteração profunda na ordem mundial:
Surgiram novos estados devido ao desmembramento do império Austro Húngaro, formou-se
um regime de inspiração marxista na Rússia e os Estados Unidos afirmaram-se como a
principal potência mundial.

Identificar as principais inovações da época e respetivas consequências.


Numa guerra entre potências detentoras de uma poderosa indústria bélica foram utilizadas
novas tecnologias militares cujas consequências foram catastróficas. Dos bombardeamentos
massivos contra populações civis, ataques com artilharia pesada e gases tóxicos resultaram 13
milhões de mortos e uma europa totalmente em ruínas. A ciência e a tecnologia, encaradas
até então como geradoras de progresso, mostraram pela primeira vez o seu carácter
destrutivo, o que, conjuntamente com os horrores praticados pelos homens, gerou a crise de
valores e a contestação aos valores tradicionais (loucos anos 20).
Módulo 9 - A cultura do cinema

Explicar a importância do cinema. Apresentar as principais características desta nova


expressão artística.
O cinema surgiu como sequência do aparecimento da fotografia, (contribuindo para a rutura
da pintura iniciada pelo Impressionismo), na procura da fidelização da realidade, através do
movimento.
A sua invenção é atribuída aos irmãos Lumiére que, em 1894-95, filmaram A Saída dos
Operários de uma Fábrica e O Grande Café de Paris. Estas primeiras imagens
do cinema descrevem pequenos episódios da vida quotidiana de forma realista.
Aparecem também reportagens documentais e ficção.
Esta arte que se espalhou por todo o mundo centra-se em temas como a sentimentalidade, o
erotismo, a violência, o amor e a morte e por isso teve uma grande influência no seu público
que a procurava como uma fuga ao quotidiano, pelo fascínio do ambiente (imagens de grande
dimensão numa sala escura) ou pela atração pelo filme transmitido.
É também muito importante uma vez que se trata também de um meio de difusão de ideias,
modas, modelos e ideologias.

Explicar a importância de Charlot neste período da arte cinematográfica.


A polivalência de Charlie Chaplin permitiu-lhe dar um grande contributo ao cinema, como ator,
autor, realizador e compositor musical. Chaplin registou uma evolução da sua produção
cinematográfica no sentido de uma crescente crítica social e política, contra as desigualdades
sociais e os regimes ditatoriais.
A personagem Charlot converteu-se num mito, num símbolo do individuo crítico e
interveniente na sociedade. Através da mímica e do teatro cómico a personagem denuncia a
desigualdade social e as injustiças sociais da época refletindo criticamente em todas as suas
obras.

Referir as principais ideias introduzidas por Freud. Explicar a sua importância no contexto da
época.
O pensamento de Freud corresponde a uma viragem científica, que coloca em relevo o
conhecimento mais profundo do «eu» e o papel do inconsciente no comportamento humano.
Freud contribuiu, com a criação da psicanálise, para o aprofundamento desta problemática,
demonstrou a importância do inconsciente na compreensão da complexidade da
personalidade e do comportamento humanos, através da utilização de técnicas como a livre
associação de ideias e a interpretação dos sonhos. Freud concluiu que o comportamento
humano também é comandado por impulsos inconscientes, escondidos na profundidade da
mente humana, muitas vezes relacionados com traumas passados. Estes estudos contribuíram
para a emancipação da imaginação e de todos os condicionalismos impostos por fatores de
ordem social e cultural, com fortes repercussões nas vanguardas artísticas.

Identificar as principais ruturas ocorridas nas primeiras décadas do século XX, tanto a nível
artístico como a nível político.
Neste tempo a europa foi palco dos acontecimentos mais trágicos de toda a história. Enquanto
a arte era dominada por um ambiente de experimentalismo e rutura, as relações políticas
entre as nações agravaram na sequência de conflitos ideológicos, exacerbações nacionalistas e
prepotências totalitárias. Na união soviética milhões de dissidentes do regime comunista são
deportados para os campos de trabalho enquanto na Alemanha nazi são criados campos de
concentração que se convertem numa das maiores calamidades perpetradas pelo Homem- o
Holocausto.
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Descreve os reflexos da emergência dos autoritarismos sobre a arte.


A primeira metade do século XX foi um tempo de excessos, rivalidades, guerras e carnificinas
muito devido à afirmação de regimes autoritários, nacionalistas e imperialistas. As artes do
século XX mostraram-se ora ao serviço do poder, ora denunciando-o e clamando pela
liberdade.
Nos regimes de ditadura, as artes e os artistas tornam-se nos seus porta-vozes, integrando-se
em modelos-tipo que corporizavam uma arte nacionalista e propagandística, condenado os
vanguardismos e os modernismos ou utilizando-os como linguagens.

Explicar o aparecimento de uma nova linguagem artística nas primeiras décadas do século
XX.
Os vanguardismos surgem pela recusa dos conceitos estéticos tradicionais e pela adoção de
novas linguagens artísticas, desligando-se da representação da realidade concreta, dando livre
curso aos impulsos e sentimentos individuais dos artistas (Freud). Surgiu, portanto, uma nova
sensibilidade criadora, caracterizada pela originalidade, a rutura, o experimentalismo e a
provocação. A constante experimentação e rutura provocaram, por um lado, a duração
efémera dos movimentos e o “divórcio” com o público

Apresentar as principais características do Fauvismo.

Rejeição da tradição académica:


- Recusa do convencionalismo académico da pintura tradicional;
- Destruição dos conceitos e dos valores estéticos e criação de novas linguagens artísticas;
- Autonomia da obra de arte em relação à realidade concreta;
- Progressivo abandono da tridimensionalidade.

Inovação temática, formal, cromática e técnica:


- Temática sem preocupações com questões de índole psicológica ou social; o objetivo é
transmitir sensações de alegria ou tristeza.
- Transmissão de sensações e de emoções profundas, através da utilização expressiva da cor;
- «Primitivismo» das formas, simplicidade do traço e distorção dos volumes;
- Exaltação da cor, com recurso a cores fortes e puras, usadas em tonalidades arbitrárias e
contrastantes; a cor é utilizada como elemento plástico autónomo, como elemento
estruturante do espaço do quadro
- Aplicação de pinceladas livres, intuitivas e emotivas e de grossos empastes;
- Ausência de modelado.

Identifica os principais representantes do Fauvismo.


- Henri Matisse.
- André Dérain
- Maurice Vlaminck
- Albert Marquet
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Descrever as características do Expressionismo.

Die Brucke

Posicionamento face ao contexto político, social e cultural:


- Vanguardismo do grupo, rejeitando o academismo e o gosto estético dominante;
- Apologia da inovação e da originalidade;
- Oposição ao artificialismo da sociedade burguesa;
- Crítica às desigualdades sociais estimuladas pelo rápido desenvolvimento industrial e
capitalista do império alemão;
- Defesa do espírito comunitário e da proximidade dos artistas com a classe trabalhadora.
Aspetos técnicos, formais e temáticos:
- Desenho simplificado e anguloso dos ambientes e das figuras
- Aplicação das cores, em pincelada larga e intensa, expressando, essencialmente, o espírito
angustiado dos autores;
- Linguagem pictórica dominada pela deformação intencional das figuras;
- Predomínio temático de cenas de rua e de retratos que expressam a miséria social, a
angústia, os sentimentos, as emoções e os dramas interiores vividos pelo Homem;
- Execução espontânea e temperamental, desenfreada e irrefletida, fazendo com que as obras
parecessem esboços inacabados, com espaços da tela por pintar.

Principais artistas:
- Ernest Ludwig Kirchner
- Emil Nolde
- Schmidt
- Eric Heckel

Der Blaue Reiter


Concebiam a arte como o produto da unidade existencial entre o Homem e a Natureza e as
obras de arte como construções a partir das experiências, dos sentimentos subjetivos e das
sensações de cada um, atribuindo-lhes um sentido global, de modo a ser compreendido por
todos. Pretendiam criar uma arte livre, não dirigida a nenhum público em especial, que
nascesse da meditação e da necessidade interior de cada artista, na procura pessoal da
harmonia espiritual.

Aspetos técnicos, formais e temáticos:


- Preferência por temáticas naturalistas (irreais e alegóricas), por vezes com cenas sociais ou da
vida animal
- Execução refletida e pensada (menos intuitivo do que o grupo Die Brücke)
- Simplificação/geometrização das formas (tendência para uma crescente abstratização)
- Valorização da mancha cromática na construção das formas: utilização de cores antinaturais,
arbitrárias, mas claras e líricas, com sentido de complementaridade.
- Composições equilibradas, orientadas sobretudo por linhas circulares e sinuosas, segundo
ritmos musicais.
- Exploração mágica e mística dos conteúdos, próxima da musicalidade: expressividade lírica e
emotiva.

Principais artistas:
- Franz Marc
- August Macke
- Paul Klee
- W.Kandinsky
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Características comuns dos dois grupos:


- O realismo e as proporções são distorcidos pelas emoções do artista
- Arte surgida de reações subjetivas à realidade e não diretamente da realidade
- Emotividade e introspeção
- Expressão de sentimentos humanos, com vigor, dramatismo e angústia
- Prevalência da cor sobre o desenho
- Esboço tosco, inacabado
- Linguagem arcaizante, primitiva, infantil; simplificação das formas

Descreve as características técnicas, formais e temáticas do movimento Dadaísta


- Temáticas provocatórias, conteúdos insólitos e incongruentes, aparentemente sem sentido
(nonsense)
- Execução plástica baseada no cubismo sintético, mas adicionando técnicas inventadas:
Na pintura - a mistura de colagem com objetos encontrados (objects-trouvé), fotomontagens,
merzbilders;
Na fotografia - fotomontagens e os rayographs
Na escultura – ready-made (urinol) – neste caso pretendiam demonstrar que o que determina
o valor estético de algo, é um ato mental. Conduz a uma dessacralização do objeto artístico
pela apropriação e pela descontextualização de objetos de uso comum;
Intencionalidade: as obras pretenderam inquietar, provocar o público, promovendo a
consciencialização do vazio e do absurdo, contestando a ideia de arte e levando à sua própria
negação.
- Libertação da arte de valores pré-estabelecidos
- Procura de experiências e formas expressivas mais apropriadas à expressão do homem
moderno e da sua vida, defendendo-se a espontaneidade e o carácter anárquico e
individualista da criação artística
- Defesa da ideia de que o artista deve voltar a artesão ou operário especializado, contribuindo
de modo útil para o bem-estar da sociedade
- Influência sobre outros movimentos: Surrealismo, Bauhaus, New Dada (após 1945), Artes
Conceptual, Povera e Comportamental ou Euvironement

Identificar caminhos da abstração formal. Apresentar características revolucionárias do


Cubismo.
O cubismo destruiu radicalmente o modo de representar o espaço que vigorou na arte desde o
renascimento. Consegue esse objetivo quando, em vez de representar o motivo (objeto,
paisagem), tomado de um só ponto de vista (como na representação tradicional), consegue
fazê-lo sob vários pontos de vista na mesma representação – as perspetivas múltiplas. As
formas são também geometrizadas e os planos sobrepostos.
Como resultado, derruba os conceitos tradicionais de forma e espaço, abrindo caminho à arte
abstrata. Os cubistas procuram então substituir uma imagem real, por uma mental, o arista
não pinta o objeto como o vê, mas sim como o imagina.

Caracteriza o movimento cubista, distinguindo as três fases em que se divide.

1ª FASE CEZANNISTA
- Redução da realidade a estruturas simples e elementares
- Temáticas: paisagem e figura humana em atelier
- Representação racional e geométrica das formas: geometrização das formas e dos planos;
- Figuras distorcidas pela perspetiva
- Contorno quebrado
- Bidimensionalidade
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- Início do desdobramento de planos: figuras e fundo confundem-se; planos sobrepostos+


eliminação da profundidade; fundo fragmentado; espaço pictórico decomposto
- Rostos simplificados ou em máscara (influência da escultura africana)
- Redução da paleta cromática
2ª FASE ANALÍTICA
-Temas: natureza-morta, objetos do quotidiano, retrato
- Multiplicação dos motivos, sendo difícil distinguir por vezes os elementos figurativos
- Infinidade de planos geométricos, totalmente achatados
- Total bidimensionalismo
- Completa bicromia: a paleta reduz-se a cores sóbrias, quase monocromáticas
- Estaticidade: a sugestão de movimento desaparece da tela
- O artista representa uma idealização do objeto: não representa aquilo que vê, mas o que dele
conhece.
- O que está representado na tela afasta-se do modelo que lhe deu origem aproximando-se da
abstração.
3ª FASE SINTÉTICA
- Sintetização dos planos; redução do número de planos
- Os elementos figurativos são nítidos
- Simplificação dos objetos
- A paleta altera-se, ganhando maior variedade cromática.
- Novas técnicas: colagem e lettering (pintura-objeto)

Relacionar o Futurismo com o contexto histórico e político. Apresentar as suas


características.

O futurismo foi um movimento que lutou contra o tradicionalismo cultural e a persistência do


passado histórico na arte moderna. Apresenta-se inicialmente através do manifesto de
Marinetti, exaltando a vida moderna, elogiando a máquina e a beleza da velocidade.
Defendendo a rutura total com a arte do passado os futuristas enalteceram a originalidade
acima de qualquer forma de inspiração na realidade e glorificaram o “futuro” (o progresso
industrial e tecnológico).
Inovações artísticas
- Composições plásticas dinâmicas, exprimindo tensão movimento e captação da velocidade.
- Recurso ás regras cubistas da geometrização do espaço, sobreposição e interpenetração de
planos e simultaneidade das imagens.
-Acentuação da forma, da cor e da luz sob influência do Expressionismo.
-Dinamismo e movimento, transmitindo estados de alma.
Principais artistas:
-Boccioni
-Giacomo Balla
-Carlo Carrá
-Gino Severini

Caracteriza as vanguardas russas


Suprematismo
Utilização de cores puras sobre fundos brancos.
- Presença de arranjos com figuras geométricas, principalmente quadrados, triângulos e
círculos.
-Comprometimento da arte com a visualidade plástica.
- Arte pensada como rompimento com o mundo objetivo e com a natureza real.
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Construtivismo
-Utilização de outros suportes, colagens e objetos (pré-fabricados e de uso comum: madeira,
plástico, ferro, vidro, arame, etc.)
-Arte Geométrica, abstrata e tridimensional
-Influência do futurismo
-Contrário ao naturalismo e expressionismo
-Temas de cunho político e sociais

Caracteriza o Neoplasticismo
O Neoplasticismo foi um movimento artístico holandês criado em 1917 por Piet Mondrian, que
pretendeu atingir uma visão impessoal e objetiva através de uma estética nova e universal e
procurou a perfeição e a verdade suprema, ultrapassando o mundo físico e emotivo, de modo
a atingir o mundo mental.
O Neoplasticismo realizou uma rutura na conceção estética da obra de obra de várias formas.
É uma arte pura, clara, objetiva, não ilusória e não representativa. Rejeitou o
convencionalismo académico da pintura figurativa, criando novas linguagens artísticas e
tornando a obra de arte independente da realidade concreta. O artista liberta-se no processo
de criação e recusa qualquer noção de subjetividade ou de emotividade. A nível temático,
formal, cromático e técnico, o Neoplasticismo caracteriza-se por uma linguagem puramente
plástica, abstrata, matemática e racional, pelas formas geométricas simples, pelas linhas
verticais e horizontais a negro que se cruzam em ângulos retos (retângulos e quadrados), pelos
planos geométricos puros e ortogonais, e pelo jogo cromático – cores contrastantes e
primárias (vermelho, amarelo e azul) e neutras (preto, cinza e branco).
As obras exploram a assimetria e abandonam a tridimensionalidade.

Caracteriza a arte entre os regimes totalitários, a “arte degenerada”


- Influência expressionista (principalmente do grupo die brucke) enriquecida com uma visão
cítica e mordaz da sociedade.
-Denuncia á perversidade, decadência e desordem da sociedade após a 1ºa guerra mundial.
- Análise sórdida, macabra e corrosiva da sociedade
-Figuras deformadas
- Imagens de horror e ambientes agitados que refletem o nervosismo ansiedade de um mundo
destruído pela guerra.

Explicitar os fundamentos do Surrealismo. Descrever as características desta corrente


artística.
Apareceu como reação à cultura ocidental (racionalista e convencional), pela defesa da
liberdade e da irracionalidade, através do recurso ao sonho e à metáfora, por isso, as obras de
arte são executadas sem quaisquer moralismos ou preocupações estéticas racionalizadas,
estabelecendo-se uma associação livre de ideias, sem sentido.
Como consequência, os temas incidem sobre o erotismo, os sonhos e as forças ocultas do
inconsciente, pela libertação de tabus e de imposições e pela exaltação do mundo da magia e
de tudo o que esteja afastado da racionalização.
Em termos formais, procede-se ao regresso do figurativo (que tinha sido destruído pelas
primeiras vanguardas) dando importância ao próprio desenho em si.
Recorre à técnica dadaísta retirando objetos do quotidiano e colando-os noutros contextos.
Não havendo uma ligação entre os objetos não se consegue encontrar uma explicação lógica e
coerente para o que está pintado porque não é um mundo real que está representado.
Recebendo influências das teorias de Freud sobre o inconsciente, o surrealismo utiliza como
técnicas o estado semi-hipnótico, os discursos escritos ou ditados durante o sono ou relatos de
sonhos em representações estranhas e ambíguas. A nível de linguagem plástica, utilizam
também novas técnicas como a colagem, a frottage, a assemblage etc.
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Principais artistas:
-Salvador Dali
- Magritte
Francis Picabia
-Marc Chagall
-Juan Miró
-Man Ray.

Caracteriza o Neorrealismo.
O Neorrealismo surge na Europa após a I Guerra e durante as décadas de 20 e 30 do sec. XX. É
o retorno a uma linguagem técnica e plástica figurativa, apoiada na ideia que a arte deve
refletir a sociedade, assumindo o compromisso da denúncia e da intervenção social, política e
ideológica.
Assume uma tendência mais humanista, livre e pessoal. Apresenta também um carácter de
intervenção social e político, mas de cunho modernista, utilizando linguagens pictóricas
próximo das vanguardas estéticas: Cubismo, expressionismo, pós-dadaísmo, surrealismo. Este
realismo socialmente comprometido aparece ligado à situação do pós-guerra, ao crescimento
dos partidos de esquerda da Europa Central e do Leste, expandindo-se através do movimento
sindical e operário.
Nascia o realismo socialista soviético. Para transmitir uma mensagem clara e direta, os artistas
utilizavam uma linguagem figurativa e concreta. Depois de 1925, o Estado socialista deixa de
apoiar as vanguardas artísticas e regressa ao rigor técnico formal neoclássico, exaltando o
povo anónimo, as vitórias do regime. A arte passa a ter um carácter apologético e
propagandístico, pela exaltação do trabalhador anónimo, pela representação da sua
participação nas atividades diárias ou nas vitórias do regime. A escultura, as artes gráficas e o
cartaz publicitário são os melhores exemplos. Também o fascismo, nazismo e Salazarismo
utilizaram a linguagem estética realista com fins propagandísticos, pondo a arte ao serviço da
política.

Caracteriza o expressionismo abstrato e a abstração geométrica.

O expressionismo abstrato conta com as seguintes características:


 técnicas enérgicas de pintura;
 pintura automática;
 o uso de formas geométricas;
 a consideração de que a técnica é tão importante como a obra;
 a criação espontânea;
 a influência do subconsciente e da psicanálise
 uso de elementos diferentes, como empaste de cinza vulcânica, areia e vidro moído;
 o subjetivismo, a emoção e o improviso.
 Action paintig e técnica do drip-ping.

A Abstração Geométrica aparece nos anos 50, nos EUA. Nasceu do Informalismo, mas
distingue-se pela pureza e limpidez das cores, as quais preenchem superfícies de contornos
regulares.) É anulada a expressão individual do artista e a emoção, fazendo da pintura um
exercício plástico e conceptual. A cor sobrepõe-se à forma. A pintura aparece como
manifestação meramente pictórica.
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Caracteriza a Arte Informal.


A Arte Informal, de raiz abstrata (“pintura sem forma”), surge nos anos 40, influenciada pelo
Abstracionismo Lírico de Kandinsky e pelas novas técnicas introduzidas pelo Cubismo,
Dadaísmo e Surrealismo. Engloba expressões plásticas individualizadas, desrespeitando
qualquer formalidade anterior, havendo, portanto, uma grande diversidade. A Arte Informal
alterou radicalmente os processos de conceção e criação, apresentando a arte como
artesanato. Tem como características comuns a técnica e material como parte essencial da
conceção, a subordinação de todos os outros elementos estilísticos (tema, cor e composição),
o ato criativo centrado no processo de feitura, exaltando a improvisação (grande liberdade
individual do artista) e a recusa do caráter simbólico da arte e da sua racionalização.
Possui várias tendências:
- A Arte Bruta: Caracteriza-se pela pintura de grossos empastos e a mistura diversificada de
materiais (cartão triturado, vidros moídos, limalhas metálicas, areia, pigmentos, …). È uma arte
“em bruto”, primitiva, infantil, sem quaisquer referências.
- A Action Paiting: aparece nos EUA e está relacionada com expressionismo Abstrato.
Caracteriza-se pela valorização da ação e do acaso, valorizando-se a relação direta entre o
inconsciente, o gesto criativo e o material pictórico como veículo do “conteúdo interior”.
- A Pintura Matérica: valoriza a matéria, executando uma pintura corpórea, texturada, de
características abstratas, com mistura de materiais não pictóricos (areia, gesso, serradura,
resinas, etc..), sobre os quais intervém com grattages e outros processos. Por vezes recorrendo
a té nicas destrutivas como cortes e rasgões sobre a tela.

Caracteriza os expoentes da arquitetura modernista antes de 1914.


A transição para o modernismo na arquitetura processa-se em torno de questões como a
relação arte/técnica, o conflito tradição/modernidade, a divergência
academismo/funcionalismo a articulação forma/função ou a questão belo/útil.
Quer a escola de Glasgow (Mackintosh), quer a escola de Chicago (Sullivan), lançam as bases
da racionalidade estrutural, da simplicidade formal e da determinação da forma pela função
que fundamentariam a arquitetura moderna.

Caracteriza a arquitetura modernista.


Esta nova arquitetura tinha como finalidade responder de forma técnica, racional e funcional
ao modo de vida de um tempo novo, que levantou à construção exigências de um maior
pragmatismo (higiene, iluminação, saúde, ventilação, conforto), onde o interesse das massas
se sobrepõe ao interesse individual.
Caracteriza-se pela manutenção do esqueleto estrutural em ferro ou betão e fachadas sem
sustentação, fruto do desenvolvimento dos métodos e meios construtivos, utilizando,
portanto, as novas técnicas de construção e os novos materiais São aplicados critérios mais
racionalistas e funcionalistas (a função determina a forma), no sentido de uma planta mais
livre, depuração formal e desornamentação do edifício (ausência de decoração), explorando as
potencialidades da parede sólida, lisa e sem decoração.
Preocupam-se com a proporção à escala humana bem como pelo conceito de que a forma
deve seguir a função. Aplica-se o princípio da regularidade nas composições e rigor das
proporções (racionalismo).
Aderem à inovação tecnológica do séc. XX e rejeitam os estilos históricos.

Descreve o contributo de Frank Lloyd Wright para o movimento organicista.


Frank Lloyd Wright é um dos principais representantes do Organicismo. Nos seus edifícios,
existe uma articulação entre o espaço construído e a forma de integração na
Natureza/paisagem e uma relação entre o espaço interior e o exterior. Cada solução
arquitetónica tem uma individualidade própria e impera a assimetria. São utilizadas as novas
tecnologias construtivas, os materiais mais inovadores (estruturas de aço e betão) e os
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materiais artesanais e tradicionais em cada região, valorizando-se a cor e a textura desses


materiais. É, em resumo, uma estética orgânica mais humana. A Casa da Cascata (1935-1938) é
o caso mais exemplificativo da arquitetura organicista, no contexto americano, onde é
evidente o enquadramento harmonioso na Natureza. A casa caracteriza-se pela simplificação
formal e pela relação dinâmica entre as linhas horizontais e verticais, com assimetria de
planos. Foram valorizados os diferentes materiais locais, utilizados em estado puro, havendo
uma estreita relação entre as grandes lajes de betão dos telhados e os grandes blocos de rocha
natural sobre os quais corre a cascata.

Descreve o projeto inovador da Bauhaus


O movimento Bauhaus afirmou-se pela renovação do ensino artístico e dos conceitos de
belas-artes e de artes aplicadas e pela valorização do design industrial. Foi um projeto
pedagógico inovador pela conceção de uma produção artística que resultava da estreita
aliança entre a teoria do artista plástico e a prática do artesão e pela valorização do trabalho
em equipa, numa estreita ligação entre mestres, artesãos e alunos.
Para além disso, aplicava-se a pesquisa e a interligação entre várias disciplinas artísticas,
procedendo-se à dignificação do trabalho do artesão e dos ofícios. Os princípios defendidos e
concretizados no mobiliário foram a ligação entre o artista e o artesão, a articulação entre a
forma e a função do objeto e a preocupação com a intervenção estética no objeto de uso
quotidiano (conjugação de arte e de técnica).
O design foi orientado para a produção em massa, registando-se a coexistência da
funcionalidade/racionalidade com a forma/estrutura. O espírito modernista esteve presente
pela combinação da exploração e utilização de novos materiais com a padronização industrial
dos objetos. A obra de arte democratiza-se pois perde o seu carácter elitista.

Justifica o contributo de Le Corbusier para a arquitetura.


No percurso teórico e prático do arquiteto, destaca-se o primado da função em relação à
forma (adaptação funcional do espaço) e o sistema construtivo Dom-Ino, constituído por
pilares e placas de betão.
Na sua vasta obra Le Corbusier estabelece as bases do funcionalismo:
- Entende a casa como uma “máquina de habitar”
- Afirma que a “forma segue a função”
Privilegia o racionalismo formal, a liberdade na composição de plantas e alçados e a
predominância de linhas retas e horizontais.

Descreve as influências e a linguagem estética da Arte Déco.


A Arte Déco aparece entre as duas guerras, em França, com a Exposição de Artes Decorativas
Industriais, 1925). É um estilo eclético de design e decoração, tendo abrangido outras
manifestações: arquitetura, cinema, publicidade, moda. Foi um movimento que se
transformou em moda, sobretudo nos anos 20, 30 e 40. Recebeu influências dos novos
materiais e processos industriais, do movimento Arts and Crafts e da Deutscher Werkbund,
dando-lhe um gosto pela perfeição artesanal; ainda também influências da Arte Nova, do
Cubismo, do Futurismo italiano e do Construtivismo russo, atribuindo-lhe como características
a abstração, distorção e a simplificação. Utilizou conceitos plásticos e estéticos das vanguardas
e inspirou-se na natureza animal e no corpo feminino, recebendo influências da arte africana e
exótica.
A nível da linguagem estética, caracteriza-se pelo desenho estilizado e geometrizado,
conduzindo a uma abstração, distorção e simplificação. O colorido é vivo e contrastado. Foi
desenvolvido o design industrial de peças de mobiliário. Os edifícios caracterizam-se pela
horizontalidade e pela geometrização e simplicidade da estrutura, das plantas e das fachadas.
Regista-se uma alternância de superfícies planas e retilíneas com curvas pronunciadas, de
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traçado geométrico. A decoração é contida, estilizada e abstratizante, com localização precisa


(lintéis, ombreiras, puxadores e fechos de portas, frisos, fradeamentos).

Caracteriza o estilo internacional


O estilo internacional foi a designação que caracterizou a arquitetura do pós-guerra até á
década de 60.
-Exclui a ornamentação;
-Valoriza a estrutura interna;
-Novas tecnologias e materiais;
-Estética racionalista e funcionalista;
-Composições regulares;
-Ênfase da técnica;
-Rigor das proporções;
-Responde aos problemas do planeamento urbano

Descreve a conjuntura política, económica, social e cultural de Portugal nas primeiras


décadas do século XX.
Nas primeiras décadas do século XX, Portugal caracterizava-se por não estar a par daquilo que
se passava na Europa em termos culturais (onde se assistia à criação de um novo universo
plástico; revolução em termos culturais), ou seja, não estava a par das Vanguardas. Era um país
atrasado devido à sua posição periférica em relação à Europa, com elevado analfabetismo, e
um país pobre em termos económicos e sociais. Em termos políticos, à revolução republicana
de 1910, sucedeu-se uma grande instabilidade política, que culminou com o golpe militar de
28 de maio de 1926 e, posteriormente, com a implantação da ditadura do Estado Novo. Por
isso, assistia-se à manutenção da pintura naturalista, dominada por retratos, naturezas-mortas
e paisagens, entre desenhos humoristas e caricaturas.

Justifica o contributo da revista Orpheu para a introdução do Modernismo Português.


O Modernismo entrou em Portugal pelo humor, pela caricatura e pela ilustração, dando-se a
conhecer em variadas exposições realizadas regularmente entre Lisboa e Porto. Para além dos
participantes na Exposição de 1911, nelas se encontraram já os nomes de Almada Negreiros,
Cristiano Cruz, Jorge Barradas, António Soares, entre outros.
Foi importante para o nosso país a chegada de pintores vindos de Paris (bolseiros). Estes
pintores vão introduzir as novas tendências artísticas em Portugal e, instalam-se também
alguns estrangeiros. Regressaram Amadeo de Souza-Cardoso, Guilherme Santa-Rita, Eduardo
Viana e José Pacheco, ou seja, os pintores mais talentosos portugueses que estudavam em
Paris.
Destes regressos resultou a formação de dois polos ativos e inovadores: um em Lisboa,
liderado por Almada Negreiros e Santa-Rita que, se juntaram a Fernando Pessoa e a Mário se
Sá-Carneiro, fazendo nascer a revista Orpheu.
Outro radicou-se no Norte em torno do casal Delaunay, de Eduardo Viana e de Amadeo. Com a
publicação da Orpheu, revista da qual apenas saíram dois números em 1915, o modernismo
português revela a sua faceta mais inovadora, polémica e emblemática: a do futurismo.
Arrebatados pelo mundo da técnica do seu tempo, excêntricos e provocadores, os jovens da
Orpheu deixaram o país escandalizado. Nas suas dissertações agressivas, repudiavam o
homem contemplativo e exaltavam o homem de ação. Propunham-se a um corte radical com o
passado, incitando ao orgulho, à ação, à aventura e à glória. Em Portugal, ao nível da pintura,
fazem-se sentir assim todas as Vanguardas, tendo os pintores portugueses procurado
linguagens plásticas próprias, um caminho pessoal. Fundem numa obra só todas as correntes e
a característica mais usada e visível é a síntese de tendências. O cubismo e o futurismo foram,
ainda assim, as Vanguardas mais usadas.
Módulo 9 - A cultura do cinema

Caracteriza a escultura em Portugal no mesmo período.


Permanece em Portugal a sensibilidade oitocentista. Durante o Estado Novo, serão impostas as
conceções ideológicas dominantes, conduzindo a uma escultura com uma leitura visual fácil
(naturalismo), alguma estilização abstrata e, sobretudo, a monumentalidade, representando
os grandes heróis nacionais. As praças das cidades foram alvo destas estátuas de pendor
nacionalista. O Padrão dos Descobrimentos, de Leopoldo de Almeida, feito para a Exposição do
Mundo português, em 1040, é também exemplo desta escultura propagandística e
nacionalista. A partir dos finais dos anos 50, regista-se uma aproximação ao modernismo
(surrealismo, neorrealismo e abstracionismo)

Descreve as características que definem a obra arquitetónica da Raul Lino.


Raul Lino formulou a filosofia de “casa portuguesa” através da recuperação dos valores
tradicionais da cultura portuguesa, definindo os princípios orientadores para a sua construção.
Segundo ele, os edifícios devem ser integrados na paisagem natural e na tradição cultural do
país para além disso, devem obedecer à caiação branca dominante, à aplicação de azulejos
decorativos nas fachadas, à valorização do alpendre, adequado a uma arquitetura do sol, com
um beiral, a rematar os telhados.

Descreve as características do modernismo arquitetónico português dos anos 20 e 30 do


século XX.
A partir dos anos 30, houve compromisso dos arquitetos portugueses entre o modernismo
internacional e o dirigismo do Estado Novo, mais interessado no revivalismo nacionalista.
Foram utilizados novos materiais (ferro, betão e vidro), explorando as suas capacidades
plásticas. A fachada revela composição livre e assimétrica, seguindo as propostas estéticas do
funcionalismo (Le Corbusier, Bauhaus). As estruturas foram assentes em pilares que permitem
alargar os espaços internos, seguindo Le Corbusier. Regista-se um contraste entre a linha
horizontal com a torre vertical. São patentes ainda influências da Art Déco, na simplicidade
estrutural.

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