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A emancipação da mulher

Uma das transformações mais marcantes na sociedade ociedental no início do século XX


foi o MF.Durante séculos a mulher viveu confinada ao lar e a maternidade,considerada frágil
e incapaz de administrar estando sujeita a autoridade masculina.Não tinha direito a
propriedade dos seus bens,a tutela dos seus filhos ou acesso à educação .Com a entrada
do mercado de trabalho assalariado as mulheres passam a ter um novo papel na sociedade
e a conseguir alguma autonomia financeira.
Contudo, os direitos civis e políticos não são ainda reconhecidos.Surgem por isso em
varios paises movimentos feministas que lutam pela igualdade de direitos de trabalho na
sociedade e na política.Nos EUA e na inglaterra destacam se as sufragistas que lutam de
várias formas pelo direito ao voto. Contudo com a exceção de alguns países esses
encontram uma forte resistência por parte dos governantes e sociedade conservadora da
altura.
A mudança viria com a chegada da primeira guerra mundial,os homens são mobilizados
para as frentes da batalha e as mulheres ficam com a responsabilidade de gerir a
comunidade e de sustentar as suas famílias ocupando os postos de trabalho deixados
vagos pelos homens.Esses trabalhos que conservam após a guerra contribuem para uma
mudança da mentalidade da sociedade e para a valorização da mulher. Graças aos
esforços das sufragistas como Emmeline Pankhurst o direito de voto foi concedido a mulher
em 1930 na inglaterra a mulheres com mais de 30 anos.Em portugal essa luta foi liderada
pela médica carolina beatriz ângelo que por sentença judicial viria a ser a primeira mulher a
votar.(1931)
Gracas as alteracoes causadas pela guerra e pela luta feminista a mujlher ve por fim os
seus direitos reconhecidos. A emancipação acaba por ser reconhecida em vários aspetos
da vida como presença em locais de lazer,desporto,viagens,libertam se de antigas
convenções passando a vestir roupas mais práticas

O homem psicanalisado
Se Fleming trouxe um considerável avanço no tratamento das doenças físicas, é ao médico
neurologista austríaco Sigmund Freud que a humanidade ficou a dever outro notável avanço no
tratamento das doenças do espírito. A Freud se deve a descoberta do inconsciente, uma parte oculta
do cérebro humano, existente em todos nós, mas do qual não temos consciência, nem controle. É
formado por traumas, recalcamentos, desejos não satisfeitos, acumulados ao longo da vida. Do
inconsciente nascem impulsos que podem comandar a parte consciente, sem que a pessoa saiba
como e porque atuam. Segundo Freud, a maior parte das doenças neurológicas teriam origem no
inconsciente. Para o tratar, Freud propôs um método novo: a psicanálise.
Esta descoberta veio a revelar-se de extraordinária importância no melhor conhecimento do
psiquismo humano e também no campo das letras e das artes, motivando movimentos como o
expressionismo e, sobretudo, o surrealismo.

Fauvismo (1905-08)
O fauvismo foi o primeiro grande movimento estético do século XX e, enquanto movimento de
grupo, foi também o mais curto. Nasceu das pesquisas cromáticas realizadas pelos pintores Henri
Matisse e Albert Marquet, em Paris, e Derain e Vlaminck, em Chatou. Oficializou-se na exposição do
salão de outono de 1905, em Paris, onde recebeu o nome. Este deriva da palavra francesa
“fauve”que significa “fera”.
Ideologicamente, o fauvismo fez a rejeição teórica de todas as tendências artísticas anteriores,
bem como de todos os convencionalismos na pintura, embora acabe por derivar de muitas das
conquistas pós-impressionistas, como as de Van Gogh, Cézanne e Gauguin. Essa rejeição era
justificada pela demasiada fidelidade ao mundo visível e pela demasiada intelectualização que essas
correntes trouxeram à Arte. Os fauvistas negaram toda a intelectualização na arte, valorizando-a
exclusivamente pelos elementos plásticos da linguagem pictórica e pela sua função decorativa,
estética, promovendo a total autonomia do quadro (a obra de arte) em relação ao real.
Para concretizar a sua ideia, os pintores fauve praticaram:
- uma pintura instintiva e imediata que fosse a “expressão espontânea das emoções”
- usaram cores fortes e puras, sintéticas (isto é, sem modelado, planas), em harmonias de
contrastes
- simplificaram/sintetizaram as formas, distorcendo volumes e perspectivas
- assumiram a bidimensionalidade dos quadros, aproximando os planos
- introduziram nas composições linhas sinuosas, aplicadas como arabescos decorativos, com
carácter lírico e sensual
Os temas não lhe foram relevantes, pois consideravam que qualquer motivo servia. Assim, as
suas pinturas não têm outro objetivo senão a comunicação estética, feita pelos efeitos plásticos
das cores e das formas (conceito de arte pela arte).
Embora muitos tivessem experimentado o fauvismo, o autor mais representativo do movimento e
que a ele se manteve ligado durante mais tempo foi o francês Henri Matisse.

Expressionismo (1905-14)
O expressionismo foi uma das tendências artísticas mais longas do século XX, perdurando, sob
outras roupagens e outros nomes, até finais da segunda guerra mundial e para além dela. Foi
também um movimento muito abrange pois, iniciado pela pintura, teve concretização na escultura,
na arquitetura, na literatura (poesia, romance, teatro), na música e no cinema.
Nasceu na Alemanha por oposição ao impressionismo e pós-impressionismo, o que ficou marcado
no nome que lhe foi atribuído. Com efeito, tal como o nome indica, o expressionismo é uma arte
“de dentro para fora”, uma arte da alma, que pretende revelar o espírito humano, os seus
sentimentos, os medos, as angústias e as ansiedades; a sua fragilidade e a sua força, o seu lado
caricato e grotesco. O expressionismo foi uma arte comprometida com o Homem e com a
denúncia social e política.
Neste sentido, o expressionismo é bem o reflexo do momento histórico que se vivia na Alemanha
da época, onde a industrialização acelerada e as tendências imperialistas haviam provocado um
desenraizamento abrupto das populações campesinas e do modo de vida tradicional, tinham feito
crescer as cidades onde a miséria operária era cada vez mais visível e a marginalidade aumentava; e
tinham instalado a crise de valores patente na degradação dos costumes burgueses.
Uniformizado por estes conceitos e objetivos, o primeiro expressionismo, isto é, o que ocorreu
antes da primeira guerra mundial foi desenvolvido por dois grupos de artistas, cuja pintura
apresenta diferentes particularidades.
O primeiro foi o grupo Die Brüke (a ponte) que se formou na cidade de Dresden, em 1905, e
perdurou até 1913. Teve como fundadores Ernst Kirchner (líder), Erich Heckel, Otto Müller, Max
Pechstein e Karl Schmidt-Rottluff, aos quais se juntaram depois muitos outros.
A pintura do grupo caracteriza-se por:
-temática da vida social, ou da vida íntima, à mistura com retratos e autorretratos, todos
retirados da contemporaneidade do pintor e com incidência na vida burguesa, mas onde as
personagens são mais importantes do que os cenários
- uma execução técnico-formal marcada por: imediatismo e espontaneidade no processo de
criação; predomínio do desenho sobre a cor e uso de um desenho grosseiro, anguloso, infantil e
deformante; formas naturalistas, simplificadas, e rostos caricaturados ou em máscara; cores
antinaturais, sem modelado, fortemente contrastadas, ora estridentes e gritantes, ora soturnas e
“sujas”; composições em desequilíbrio, com erros de perspectiva, ou ausência dela, e fundos lisos e
neutros, exiguamente trabalhados
- uma expressividade acentuada, que põe a tónica na agressividade, no sofrimento, na violência,
na raiva, na insatisfação, no desconforto…
A intenção e desvendar e dar a conhecer a alma humana em toda a sua verdade interior, mesmo
que isso afronte a própria sociedade e choque o público.
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Dadaísmo (1915/16-22)
Foi um movimento cultural de grande abrangência (pois envolveu a literatura, a pintura, a
escultura, o teatro, a fotografia e o cinema), surgido durante a primeira guerra mundial, em Zurique,
na Suíça, e em Nova Iorque, quase em simultâneo. A iniciativa do movimento veio de um grupo
alargado de intelectuais (artistas plásticos, músicos, poetas, escritores…) que se havia refugiado da
guerra nestas cidades neutrais. Após o fim da guerra, a dispersão geográfica dos membros destes
dois grupos levou à formação de novos núcleos difusores do dadaísmo, em vários pontos do mundo
ocidental como Barcelona, Colónia, Hanôver, Berlim e Paris.
Conceptualmente, o dadaísmo explica-se como uma relação às sociedades burguesas e
capitalistas e à cultura que elas defendiam. Essa reação foi motivada pela revolta contra os grandes
sofrimentos causados pelas guerra, os quais o dadaísmo queria tornar visíveis e pelos quais
culpabilizava os sistemas sociopolíticos vigentes. O seu ideário proclamava também o vazio
espiritual e o sentimento de absurdo que a guerra instalara, tornando obsoletos todos os valores
da cultura tradicional. Os autores dadaístas acreditavam que, para construir uma nova sociedade,
era necessário começar por destruir a que já existia, defendendo a ideias de que pela destruição
também se cria.
O nome do movimento (que deriva da palavra “dada”, encontrada ao folhear só acaso o dicionário)
expressa exatamente essa noção de nonsense que estes artistas proclamavam.
A arte dadaísta caracteriza-se por:
- nas temáticas, recorrer a assuntos provocatórios, explorando conteúdos insólitos e
incongruentes, aparentemente sem sentido (nonsense)
- na execução técnica, usar técnicas provocatórias, quase todas inovadoras e outras inspiradas no
cubismo (sobretudo o sintético):
- na pintura: misturou colagens e objetos encontrados; usou fotomontagens, merzbilders
(espécie de assemblages à maneira cubista) e rayographs (impressão do papel de fotografia pela luz)
- quanto à intencionalidade, a arte dadaísta pretendeu inquietar e provocar o público,
afrontando os conceitos tradicionais sobre a arte, pondo-os em causa. O objetivo era promover a
consciencialização da noção de absurdo e de vazio que pairava por detrás deles (um mero ato
mental)
Ao contestar o conceito tradicional de arte, os dadaístas chegaram mesmo à sua negação,
afirmando que a verdadeira arte era a antiarte. Segundo eles, a arte e o artista só deveriam ter lugar
na nova sociedade se ela fosse útil. Consequentemente, preconizavam o regresso do artista à
condição de artesão especializado e concediam à arquitetura a primazia entre as artes
Entre os artistas ligados a este movimento estão: Raoul Hausmann, Hugo Ball, Kurt Schwitters
( com os seus merzs, espécie de assemblages), Francis Picabia, Man Ray e Marcel Duchamp, o
criador/inventor do ready-made.

Cubismo (1907-1914)
O cubismo foi um movimento pictórico que constitui uma das primeiras vanguardas plásticas do
século XX e é considerado uma das raízes estéticas da arte abstrata. Defendeu uma pintura pura,
cerebral e conceptual que elaborou a “reconstrução lógica e geométrica das formas da natureza” e
não a sua simples reprodução, ou cópia, feita pelas aparências visuais ou sensoriais. Propôs novos
modos de representação dos espaços e das formas, com base na “invenção plástica” e em
pressupostos teórico-científicos como as novas geometrias não euclidiafia (conceito sociológico que
afirma que o ser humano não se movimenta apenas nas três dimensões do espaço físico, mas
também numa quarta, não menos física, que é o tempo). Assim, foi uma corrente que valorizou
sobretudo os aspetos técnico-formais e conceptuais da execução pictórica.
A “construção” do cubismo repousa em antecedentes como: Paul Cézanne e a sua concepção de
pintura enquanto reconstrução lógica e geométrica da natureza; e o exemplo da arte étnico
primitiva, sobretudo a africana.
Os criadores do cubismo foram o pintor francês Georges Braque e o espanhol Pablo Picasso, mais
tarde seguidos por um grupo de artistas que com eles contactou em Paris, e do qual faziam parte
Albert Gleizes, Jean Metzinger, Francis Picabia, Juan Gris, Marcel Duchamp, Robert Delaunay e
outros.
O cubismo evoluiu em três fases distintas:
- a 1ª fase foi a cezanniana (ou cezanista) que decorreu entre 1907 e 1909 e se caracteriza por:
prática de temáticas de paisagem e figuras humanas em ateliê; representação racional e geométrica
das formas, delineadas por linhas de contorno quebradas; manutenção dos volumes; existência de
perspectivas múltiplas com desdobramento de planos; rostos simplificados ou em máscara; e
redução da paleta cromática. O início desta fase deu-se com uma obra célebre – o quadro de Picasso
As meninas de avinhão, de 1907
- a 2ª fase foi a mais representativa do cubismo e aquela em que Braque e Picasso levaram mais
longe os seus postulados teóricos. Denominou-se fase analítica (ou hermética) e decorreu de 1909 a
1912. Caracterizou-se por: temáticas de ateliê como retratos e naturezas mortas; acentuada
geometrização das formas desdobradas em múltiplos planos (pela prática de perspectivas múltiplas),
totalmente achatados; anulação dos bicromia (uso exclusivo de cinzentos e ocres). Esta forma de
representação resulta da visão simultânea e multifacetada dos vários planos do motivo observado,
fazendo com que o mesmo pareça implodido na tela e daí praticamente irreconhecível pelo
observador. Isso levou a que o cubismo fosse apelidado de pintura abstrata, o que estava longe da
intenção dos seus autores
- a 3ª fase foi a fase sintética que se estendeu de 1912 a 1914 e representa um recuo em relação a
2ª fase, com o objetivo de tornar os motivos (naturezas-mortas, grupos de figuras e retratos) mais
reconhecíveis. Assim, as formas, geometrizadas e planificadas, estão agora representadas em menos
número de planos ou pontos de vista, e retoma-se a policromia. Outra novidade que apareceu logo
na transição entre a 2ª e a 3ª fases é o emprego de objetos reais, tridimensionais (como areias,
alfinetes, recortes de jornal, pautas de música e outros) sobre a superfície do quadro, por meio da
colagem.
A pintura cubista, embora de curta duração, teve consequências duradouras. A sua plástica criou
uma nova estética que influenciou a produção artística na escultura (aparecimento da escultura
abstrata), na arquitetura, no design e no estilismo, marcou o Futurismo e acelerou o aparecimento
do Abstracionisma.

Futurismo
O Futurismo foi um movimento cultural (literário e artístico) que se instituiu em 1909 com a
publicação do Manifesto Futurista do poeta Marinetti e se prolongou até pelo menos à Segunda
Guerra Mundial. Nasceu da contestação e da revolta contra a tradição, o imobilismo cultural e os
preconceitos morais. Propôs uma adaptação revolucionária à era da industrialização e da máquina,
exaltando a ação, a coragem, o dinamismo. Mais do que uma proposta para um programa artístico,
o Futurismo foi uma filosofia de vida que envolveu os artistas até nos atos da sua vida pessoal.
Nas artes plásticas, o Futurismo evoluiu em três períodos ou fases: a primeira decorreu de 1909/10
à Primeira Grande Guerra e foi a da formação e definição do movimento em Itália, pais onde teve
início, e da divulgação do mesmo em toda a Europa; a segunda ocupa o período entre guerras e foi a
fase de alargamento dos princípios futuristas a outras modalidades plásticas como o design
industrial, o estilismo e o cinema a terceira fase (de 1947 a 1950) restringe-se à França onde houve
uma breve tentativa de restabelecimento desta corrente.
Nas artes plásticas, o Futurismo nasceu na pintura, tendo tido também aplicação na escultura e na
arquitetura.
Na pintura, caracterizou-se:
-de temáticas inovadoras, símbolos da vida moderna e do futuro como: a vida ruidosa das cidades;
as máquinas em funcionamento (máquinas industriais, automóveis, aviões, locomotivas, etc); a luz
elétrica e seus efeitos; a guerra; o cinema e outras;
-pela decomposição geométrica das formas, através de linhas quebradas em ângulos agudos (mais
dinâmicos) e/ou em curvas sinuosas;
-pela prática da simultaneidade, interpenetração e compenetração dos planos formais e espaciais
para obter efeitos de multiplicidade de formas e sua movimentação no tempo (4.ª dimensão), como
nas sequências fílmicas e nas cronofotografias;
-pela utilização de linhas de cores puras, ortogonais, angulares ou espiraladas, que atravessam as
telas à semelhança de raios luminosos, simulando o movimento ou a decomposição da luz na
atmosfera;
-pelo uso de cores fortemente contrastadas, estridentes e violentas;
-e pela prática, nalguns casos, do método divisionista na aplicação da cor.
As telas assim construídas exaltavam emoções fortes, tais como movimento, dinamismo, coragem e
determinação; valorizavam a plástica da cor e da luz-movimento; exaltavam a modernidade e o
Futuro, tal como era concebido.
O Futurismo italiano teve como principais cultores os pintores Giacomo Balla, Carlo Carrá, Luigi
Russolo, Gino Severini e Umberto Boccioni, este último também escultor.

Abstracionismo Lírico ou Expressivo


Tem como antecedente a pintura de O Cavaleiro Azul e teve em Kandinsky o seu iniciador e
principal representante. Inspira-se na imaginação, no inconsciente e na música e manifesta-se numa
pintura de pontos, linhas e planos de cor que prefiguram formas orgânicas, arredondadas e
irregulares, pintadas em cores vibrantes, ora planas e puras ora com nuances, aplicadas em
pinceladas rápidas de tinta alisada (= não texturada). Estas formas organizam-se livremente sobre a
tela, segundo ritmos musicais, dinâmicos, num processo de composição abstrato que privilegia a
espontaneidade e a intuição.
As telas assim compostas comunicam principalmente pelos efeitos emocionais e plásticos que em
nós provo cam. A intenção que lhes está subjacente é a de expressar os conteúdos espirituais
através da essência da pintura, reagindo contra o materialismo da época (influência da Teosofia).

Abstracionismo Geométrico: Suprematismo e Neoplasticismo


O Abstracionismo Geométrico é uma arte racional que resulta da análise intelectual e científica do
mundo espiritual. Na sua concretização técnica recebeu influências do Cubismo sintético e do
Futurismo. Manifestou-se em duas correntes diferentes: uma nascida na Rússia em 1915-16- o
Suprematismo; e outra na Holanda, em 1917 - o Neoplasticismo.
O Suprematismo foi criado pelo pintor russo Casimir Malevitch e caracteriza-se por usar formas
geométricas básicas (quadrados, retângulos, triângulos e círculos), de diferentes tamanhos,
anotadas em cores primárias e planas, associadas ao branco e ao preto. Essas formas pairam sobre o
fundo branco e vazio das telas em total bidimensionalidade, sem qualquer noção de perspetiva ou
profundidade. Organizam-se em direções paralelas e/ ou convergentes, criando sobreposições, o
que provoca sensações de movimento, dinamismo e ritmo.
Inspirado pela filosofia niilista de Nietzsche e dos filósofos russos de finais do século XIX, a
intencionalidade de Malevitch era praticar uma pintura pura, capaz de expressar o espírito humano
sem qualquer ligação à realidade. Esta procura da pureza pictórica através de meios plásticos cada
vez mais depurados haveria de conduzir Malevitch a pôr em causa a existéncia da própria pintura
com a sua obra Quadrado Branco sobre Fundo Branco.
O Neoplasticismo foi um movimento mais amplo pois abrangeu, desde o seu início, a pintura, a
escultura, a arquitetura, o design e a literatura. Foi divulgado pela revista De Stijl (O Estilo), para a
qual escreveram alguns dos mais importantes representantes do movimento, como os pintores Piet
Mondrian, Theo van Doesburg e Van der Leck e os arquitetos Pieter Oud e Guerrit Rietveld.
Na pintura, as obras neoplasticistas caracterizam-se por representar quadrados e retângulos de cor
(primária e por vezes também outras), planas e lisas, delimitadas por linhas ortogonais a negro, com
diferentes espessuras. A composição vive da relação espacial entre formas e linhas, organizadas
sobre o espaço do quadro (o fundo), de forma ora dinâmica ora estática. Estas composições
provocam no observador sensações ora de equilíbrio, ordem e serenidade, ora de movimento e
dinamismo. Em todas, contudo, a impressão do
minante é a de racionalidade, clareza e harmonia.
O Neoplasticismo visou criar uma nova estética, pura e universal, não representativa, mas objetiva
e racional que eliminasse o trágico da vida humana. Para isso criou uma simbologia universal, um
código limitado de formas e cores, capaz de expressar um número ilimitado de mensagens
espirituais. Assim, o Neoplasticismo comporta também um sentido esotérico e teosófico.

Surrealismo (1924-1939/40)
O Surrealismo foi um movimento literário e artístico (envolvendo a pintura, a escultura, a fotografia
e o cinema, e influenciando a moda, a decoração e a publicidade) que se desenvolveu no período
entre as duas Grandes Guerras do século XX. Começou na Europa, mas abrangeu também as
Américas e o Extremo Oriente. Partiu de França, onde ocorreu primeiro na literatura, com o
Manifesto (1924) de André Breton, e depois nas artes plásticas.
O Surrealismo representa uma reação dos artistas e intelectuais às duras condições de vida do Pós-
Primeira Grande Guerra na Europa e ao absurdo da própria existência humana no mundo desumano
e caótico que a guerra desencadeara. Essa reação expressou-se de duas maneiras: por um lado, e tal
como o Dadaísmo, o Surrealismo renegou toda a cultura e valores tradicionais nas sociedades
ocidentais, numa atitude provocatória de rebeldia e contestação à ordem cultural e ético-política
estabelecida; por outro lado, exprime o desejo de inovação e mudança pela afirmação da liberdade
do eu interior de cada artista/criador, visando o conhecimento da individualidade, em todas as suas
facetas, conscientes e inconscientes, e na sua dimensão física e espiritual. Neste sentido, o
Surrealismo transformou num ato construtivo o impulso destrutivo do Dadaísmo.
Estilisticamente, caracteriza-se por:
-as temáticas são retiradas do mundo do sonho, da imaginação e da fantasia, procurando alcançar
a "surrealidade", isto é, um plano de pensamento que oscila entre o sonho e a realidade, entre o
racional e o supras sensível. Nascem de impulsos anímicos e das tensões sexuais; obtêm-se pela
subversão do real, não derivando das perceções, e daí parecerem ilógicas e absurdas.
Estas temáticas haviam já sido exploradas pelo Romantismo, pelo Simbolismo e pela Pintura
Metafisica e, no caso do absurdo e do nonsense, pelo Dadaísmo. São também influenciadas pela
Psicanálise de Freud;
-O processo criativo desenrola-se através da escrita automática (= escrita imediata, sem muita
reflexão, em estado de semiconsciência) e de automatismos psíquicos ou sob atividade onírica ou
em devaneio fantasista; outras vezes ocorre sob o efeito do sono, do álcool ou de drogas (Salvador
Dalí apelidou o seu processo criativo de "método paranoico-crítico"). Neste domínio, os surrealistas
receberam influencia da literatura surrealista (escrita automática) e dos métodos da Psicanálise
(hipnose);
-na execução técnico-formal é possível falar de duas tendências maioritárias. Uma é a do
surrealismo abstrato que recorre a técnicas já usadas pelo Cubismo e pelo Dadaismo (colagens,
assemblages, fotomontagens e grattages, como em Marx Ernst) ou explora o dinamismo de manchas
e linhas, como em Miró. A outra tendência é a do surrealismo naturalista que utiliza técnicas
académicas clássico-renascentistas na construção do espaço e das perspetivas, na utilização do
trompe-l'oeil e no tratamento das formas, associando-as a conteúdos enigmáticos, insólitos ou
ilógicos (exemplos: Salvador Dali, Yves Tanguy, René Magritte, Paul Delvaux);
-a intenção e explorar o mundo interior e o poder da imaginação, desvendando o inconsciente e
desmascarando-o perante a sociedade, mesmo provocando o escândalo e assumindo atitudes de
agressividade. Em suma, atingir o surreal pela desmistificação e subversão do real.
exemplificativas destas inovações são a Fábrica AEG, de Behrens, e a Fábrica Fagus, de Gropius,
Meyer e Vemer.

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