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As transformações da vida urbana e a nova sociabilidade.

A
crise dos valores tradicionais. Os movimentos feministas.
As transformações que decorreram na Primeira Guerra Mundial originaram:

- uma nova vivência social; mudança nos comportamentos e valores, sobretudo no mundo
urbano ocidental;
- viveram-se os “loucos anos 20” em que era imperativo chocar a sociedade e romper com o
passado;
- surgiram novos hábitos sociais, novos espaços de lazer e de evasão.

Os novos meios de comunicação generalizaram o consumo, o ócio e as distrações.

A mulher dos anos 20 assume novas funções e um novo papel social. A flapper tornou-se o
símbolo da mulher urbana, dos anos 20.

Flapper: redefiniu a nova geração de mulheres que expressavam a sua feminilidade. O típico
vestido de dança apresentava um decote em V, mangas de cava para mostrar os braços e
encorajava as mulheres a usarem os mais recentes produtos: lâminas e desodorizantes. Este
tipo de vestido era feito de tecidos finos e leves, decorados com pequenas contas de vidro,
tachas douradas ou prateadas que serviam para o vestido cair a direito. As franjas do vestido
realçavam os movimentos do charleston.

A crise dos valores tradicionais


Após a Primeira Guerra Mundial:

- os valores da burguesia da segunda metade do século XIX entraram definitivamente em crise;


- surgiu uma nova vivência e atitude individual;
- acentuou-se o conflito de gerações e de culturas.

A ausência de regras; o relativismo dos valores e o abandono da moral tradicional conduziram


à anomia social.

Anomia social: designa o sentimento de vazio, de perda de raízes, em virtude das mudanças
sociais, provocadas pelo fim das normas e dos valores tradicionais de regulação da vida e da
sociedade.

Os movimentos feministas
O papel da mulher alterou-se durante a década de 20:

- conquistou independência económica e usufruiu de maior liberdade na vida doméstica.

O feminismo ganhou maior impacto e a luta pela emancipação da mulher teve mais apoios e
visibilidade.
A descrença no pensamento positivista e as novas conceções
científicas
Freud enunciou novas ideias acerca da natureza e da essência humana:

- deu ao Homem uma nova dimensão – o inconsciente, a repressão, a noção de sexualidade


infantil, a líbido e a divisão tripartida da mente (id, ego e superego);
- criou a psicanálise: os factos “esquecidos” condicionavam a vida das pessoas.

Albert Einstein mudou a conceção do espaço e do tempo:

- enunciou a Teoria da Relatividade e defendeu que o espaço e o tempo não eram absolutos;
- deixava de ser possível conhecer o universo através do senso comum. Os modelos clássicos e
positivistas, baseados em princípios e certezas absolutas, foram postos de lado.

O positivismo deu lugar ao relativismo.

As vanguardas: ruturas com os cânones das artes e da literatura


O modernismo atingiu o seu apogeu nas primeiras décadas do século XX:

- rompeu com o passado, com o academismo, contestou a sociedade burguesa;


- valorizou a subjetividade e a emotividade; buscou o que está para além da realidade
aparente;
- recebeu contributos das novas conceções científicas do início do século;
- desconstruiu o objeto artístico;
- contrapôs o sentido mais primitivo do indivíduo à modernidade.

O modernismo englobou várias correntes artísticas de vanguarda surgidas, por vezes, em


simultâneo.

Fauvismo (1905-1910)

(Matisse – Mulher com chapéu / A Dança)

Movimento marcadamente francês: Henri Matisse, André Derain, Maurice, Vlaminck

Exaltação da cor

- recurso a cores fortes aplicadas de modo expressivo e arbitrário;


- abandono do desenho em pormenor;
- eliminação da perspetiva;
- contornos a negro.

Críticos reagem pejorativamente: chamam-lhes fauve (selvagens).


Expressionismo (1905-1933)

Die Bruck e A Ponte

(Ernst Kirchner – Artillerymen)

Der Blue Reiter

(Franz Marc – Yellow Cow)

- emprego de cores intensas (expressão trágica ou satírica das obras);


- deformação do objeto;
- representam a humanidade ou a natureza através da deformação e do exagero;
- massificação e desumanização das cidades e do trabalho
- pintam a cidade, paisagens com ou sem figuras e o nu;
- usam a realidade para a criticar, distorcer e caricaturar.

Cubismo (1909-1916)

Picasso – Les demoiselles d’Avignon

Cubismo analítico – 1909/1912

(Robert Delauney – Torre Eiffel)

- decompõe a imagem em planos;


- utilização de cubos, cones e cilindros para expressar as ideias fundamentais e modelar o
volume da cor;
- visão intelectualizada do espaço.

Cubismo sintético – 1912/1916

- utilização de colagem de materiais exteriores à pintura;


- recortes de jornais para fazer jogos de palavras.

Futurismo (1904-1920)

1909 – Itália - Manifesto de Marinetti

(Luigi Russolo – Dinamismo de um automóvel / Giacomo Balla – Velocidade abstrata + Som)

- representação do mundo industrial;


- dinamismo e velocidade;
- pretende captar o movimento (como se fosse uma fotografia acelerada);
- o desenvolvimento mecanizado da vida moderna: cidades, luzes elétricas, máquinas, ruído,
velocidade;
- cultiva a provocação;
- elogia a agressividade, a violência da guerra, o militarismo e o nacionalismo.
Abstracionismo (1912)

Abstração Geométrica

(Mondrian)

- predomínio da linguagem geométrica e sóbria.

Abstração lírica

(Kandinsky - Paisagem com pontos vermelhos, No. 2)

- linhas e cores devem transmitir sensações significativas;


- deixa de representar a natureza visível.

(Malevitch – Pintura Suprematista)

- cor e traço livremente usados;


- valorização da forma e da geometrização;
- libertou a pintura da figuração.

Dadaísmo (1916-1925)

(Duchamp e Francis Picabia)

- congrega artistas de várias nacionalidades que fogem à Primeira Guerra Mundial;


- causou grande agitação nos meios artísticos com panfletos e artigos obscenos e insultos ao
público que visitava as suas exposições;
- nega todos os conceitos de arte e de técnicas artísticas, banindo as tradições e convenções;
- novas técnicas: uso de colagens, pedaços de utensílios; uso de objetos já feitos (ready made).

Surrealismo (1924-1945)

(René Magritte – La trahison des images)

André Berton, Salvador Dalí, Max Ernst, Magritte, Mondrian, Miró

Na literatura, na pintura, escultura, cinema.

- influência da psicanálise de Freud;


- imagens oníricas;
- constrói objetos extravagantes;
- mundo alucinatório e inconsistente;
- recurso à associação interpretativa dos fenómenos delirantes como alusão aos desejos
reprimidos, aos sonhos e aos resíduos do passado.

É possível identificar certos objetos, apesar de muito deformados e totalmente desinseridos da


realidade.

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