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Escola Estadual Manoel Antônio de Souza

Diulia Aparecida Ferreira

Trabalho de PCC

Transformações culturais no século XX (20)

Mateus Leme - 2024

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Diulia Aparecida Ferreira

Trabalho de HCSA
Mudanças na cultura no século XX

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Mateus Leme – 2024

O século XX foi um período marcado por grandes transformações. Cultivavam-se ilusões e


encantamento perante o avanço tecnológico, experiências magníficas e a velocidade,
configurando numa época de ratificação da modernização e progresso. No entanto, apesar
desse clima aparentemente positivo, ele também foi permeado por decepções, guerras,
destruição, mortes e o isolamento do indivíduo.
Francisco Carlos Teixeira retrata bem esse momento no seu texto "O Século XX: Entre Luzes
e Sombras", ao afirmar que o século XX foi sombrio, mas não de escuridão. Ou seja,
houveram pontos luminosos, sempre que possível, embora "obscurecidos por períodos de
escuridão e trevas, resultando num tempo de guerras, genocídios, pobreza de massas,
extremismos e opressão, ainda mais penoso porque não m ais se acreditava no mundo como
espaço da mágica, enquanto um vale de lágrimas, um lugar de purgação

Outra mudança relevante nesta época foi a relação dos indivíduos com a noção de igualdade
entre eles. O que se produziu desde o século XVIII a respeito de igualdade e busca da
felicidade foi desmontado ainda entre os anos de 1901-1950, embora seja possível
percebermos já no século XVIII o germe da desigualdade tão presente no período tratado
nesse texto. Afinal, "a igualização dos homens na sociedade poderia, em um momento
qualquer do futuro, desalojá-los da situação superior, segura e cômoda que gozavam"[2].
Ainda em forma de germe no século XVIII, desigualdade e sentimento de superioridade
serviram, dentre outros fatores, como desencadeadores de vários conflitos e vicissitudes no
século XX.
Um exemplo bem claro disso foi o acontecimento da Segunda Guerra Mundial

Era uma época assinalada pelo nacionalismo exacerbado, corroborando para um sentimento
de pertencimento e superioridade de cada nação, enxergando no outro, o verdadeiro perigo.
Tal sentimento nutria-se a partir de uma ideologia fascista, característica do século XX, cuja
"necessidade" de estar em evidência manifestava-se "naturalmente", sem descartar a
utilização da violência a fim de alcançar seus objetivos. Além do uso da força e violência,
típicos de um conflito, a Segunda Guerra Mundial influenciou seu centenário com o uso da
palavra dirigida por seus líderes, do discurso apologético e da manipulação de massas
identificadas com as mensagens proferidas.
Portanto, o século XX inaugurou uma série de transformações que não podem ser vistas
somente na ótica do avanço, mas sob um olhar de diferenças fundamentais, ressaltando
principalmente o papel dos conflitos nesse período como inflexões que mudaram a trajetória
deste centenário repleto de controvérsias.

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No início do século XX Paris era a capital cultural, tendo-se realizado no ano de 1900 a
Exposição Universal, que deslumbrou os visitantes, a par dos II Jogos Olímpicos da Era
Moderna e das exposições de obras de Claude Monet e Auguste Rodin, entre outros,
contribuindo estes fatores para a evolução cultural bem patente neste início de século. Exemplo
destas profundas transformações foi o estilo reacionário aos rígidos cânones classicistas da
"Arte Nova" (nome dado por uma loja parisiense que comerciava obras deste novo estilo), com
raízes no final do século XIX e prolongamento pelo início do século XX, absorveu para uma
das suas bases a arte japonesa (nomeadamente estampas). Tal foi possível, entre outros fatores,
pela divulgação desta cultura através das exposições mundiais, que alertaram uma civilização
altamente industrializada, e sofredora das consequências sociais desastrosas provenientes da
revolução industrial, para o afastamento da Natureza a que se tinha chegado. Nas palavras
do dandy de naturalidade francesa Gautier, "a arte esteve lado a lado com a indústria. Estátuas
brancas erguiam-se entre máquinas negras. As pinturas estendiam-se ao lado de ricos tecidos
do oriente", referindo-se à Exposição Mundial de Paris, em 1867. A passagem de modelos
altamente cerebrais para uma fonte de inspiração radicada na alma criou uma onda de
preferência pelo autêntico, em que as energias, segundo a filosofia zen, fluem entre o interior e
exterior sem barreiras, através de materiais adequados e construções simplificadas, valorizando
a organicidade. Por seu lado, o pintor Claude Monet defendeu a pintura como uma entidade
própria, não somente reprodutiva, e instaurou a nova e revolucionária técnica
do Impressionismo, levando à perceção dos quadros mais pelas sensações provocadas
tecnicamente que pela imitação exata das coisas. O Fauvismo, técnica pictórica de
representação "tosca" (que seguia o mesmo ideal independentista da pintura de Monet),
primitiva e agreste com contrastes coloridos manifestou-se a partir de 1905, com um papel
preponderante de Henri Matisse. Mais uma reação ao academismo, o próprio nome, derivado
de fauve ("fera") indica o cunho reacionário e vocacionado para a valorização dos sentidos e
das realidades intrínsecas e espontâneas, mais que as aparentes. Era a passagem para o âmbito
artístico da instabilidade social e intelectual características deste início de século, com uma
observação e de interpretação e composição operáticas, que realçava o dramatismo e lançou
para a fama a nível mundial o tenor italiano Enrico Caruso, dono de uma voz expressiva e
prenhe de timbres variados. crítica incessantes e inconformadas. O império das sensações
manifestou-se igualmente numa nova forma realista Foi também no princípio do século XX que
uma nova forma artística, a representada pelos cartazes, atingiu o auge, persuadindo
e atraindo o público a eventos diversos, tendo-se tornado a Catalunha um dos centros
primaciais desta manifestação a partir de 1904. Cerca de cinco anos depois começa-se a
distinguir o Cubismo, pela mão de Pablo Picasso e inaugurado pela obra "Les Demoiselles
d'Avignon", sendo este estilo artístico símbolo do desconstruir racional, analítica e sintética da
realidade que se opõe às correntes sensoriais supra mencionadas (a "Guernica" - 1937 -, deste
pintor, é o mural de excelência que funde este género com as dramáticas consequências da
Guerra Civil espanhola). As correntes nacionalistas ver-se-iam transportadas para o âmbito
musical por compositores como os franceses Paul Dukas, Maurice Ravel e Claude
Debussy e os espanhóis Isaac Albéniz, Enrique Granados e Manuel de Falla. Do
expressionismo pictórico sobressaíram dois grandes movimentos alemães, Die Brücke (A
Ponte, formalista e homogénea estilística e tematicamente) e Der Blaue Reiter (O Cavaleiro
Azul, de tendência autenticista, espiritual, contra convencionalismos e diferente da tradição
da Europa. As figuras principais foram Franz Marc e Wassily Kandinsky; esta influência
expressionista influenciaria também o cinema, destacando o filme do germânico Josef von
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Stenberg O Anjo Azul, 1930). Na década de 1910 foi a vez do austríaco Arnold Schönberg
romper com os cânones melódicos da música, instaurando o dodecafonismo, inovação radical
e por muitos mal aceite pela estranheza do desrespeito das leis da tonalidade. De igual forma,
também nesta década surgiu o cinematógrafo, pela mão de Thomas Edison. A estreia, em 1913,
da Sagração da primavera, de Igor Stravinsky, causou um burburinho tão intenso quanto a
novidade dodecafónica pela característica selvagem, primitiva e desvairada, criada com ajuda
de dissonâncias, que relembra ao Homem a união com a Natureza. Em 1913 Marcel
Duchamp inaugurou o polémico movimento dos ready-made, que reflete o gosto pelas
máquinas e pela industrialização, ao expor objetos pré-fabricados em conjuntos criados pelo
artista. O ator Charlie Chaplin plasmou no cinema as realidades políticas e sociais, assim como
dificuldades vividas pelo povo americano no início do século, sobretudo na Grande
Depressão. As críticas e tendências políticas subjacentes em filmes como Vida de Cão (1918)
e O Grande Ditador (1940) valeram-lhe a antipatia americana. A partir de 1916 difunde-se o
movimento Dada (ou Dadaísmo), a partir do Cabaret Voltaire (Suíça), contra os conceitos
artísticos instituídos e vocacionado para o absurdo e para a aniquilação da imagem. Em França
surgem no ano de 1918 os Caligrammes, poemas de Guillaume Apollinaire cujas palavras
formam objetos, estabelecendo uma nova relação entre as palavras e as coisas e criando uma
impressão estética a dobrar. A Bauhaus, criada por Walter Gropius, surge no seguinte ano,
movimento artístico que visava a criação de uma arte industrial, valorizando a arquitetura como
obra de arte total. Paralelamente, Marcel Proust notabilizou-se com os seus romances (Du
Cotê de Chez Swann, 1913, Albertine Disparue, 1925 e Le Temps Retrouvé, 1927), que
alteraram completamente a conceção de "tempo absoluto" literário. A seguir ao final
da Primeira Guerra Mundial, com a necessidade de restaurar a Europa enfraquecida, surgiu
também a necessidade de fazer reviver a cultura, pelo que se instituiu o Festival Anual de
Salzburgo para a recriação das obras dos grandes mestres da música clássica. Em 1921 Luigi
Pirandello estreia em Roma a sua peça teatral Seis personagens em busca de um autor, que
marca um ponto de viragem no teatro ao desconstruir o papel de cada interveniente numa
encenação e fazer refletir sobre a condição própria das personagens. O alemão Bertold Brecht
seguiria esta senda nos seguintes decénios, criando uma rutura da concentração do espectador
e lembrando-lhe que o que observa não é real, sendo a obra Mãe Coragem (1941) a mais notória
neste sentido.
Nos anos 20 demarca-se na moda a célebre Coco Chanel, que institui uma moda mais leve,
prática e com materiais baratos, masculinizando a mulher (cabelos curtos, modelos baseados na
roupa masculina) e criando acessórios e novas combinações de formas e tecidos. A evolução
da psicanálise causou impacto aos mais diversos níveis, entre os quais se contam o literário,
concretamente na obra Ulisses (1922) do autor irlandês James Joyce, que marca o nascimento
do romance moderno ao criar uma obra sem nexo, nascida dos monólogos interiores de um
personagem tal e qual como eles ocorrem, sem lhes atribuir uma organização para que possam
ser mais compreensíveis (Virgínia Woolf seguiria esta mesma senda, apesar de apresentar
textos com mais nexo). O cinema documental faz o seu aparecimento com o documentário de
1922 Nanook of the North, que consta da vida de um esquimó durante um ano filmada pelo
americano Robert Joseph Flaherty e atingiu fama mundial. Em outubro de 1924 foi publicado
o Manifesto do Surrealismo, por André Breton, inaugurando uma vertente (também afetada
pelas teorias freudianas) que atingiria todas as formas de arte e se caracterizava pelo plasmar
automático do funcionamento real do pensamento, sem o revestir de artifícios que permitissem
a compreensão. Foram Salvador Dalí, Giorgio de Chirico, Marx Ernst e Man Ray das
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personagens mais importantes neste contexto. A Exposição de Artes Decorativas e Industriais
Modernas de 1925, realizada em Paris, marcou o aparecimento da Art Déco (dotada de
esquematismo e simplicidade geométrica, com influência egípcia proporcionada pela
descoberta do túmulo do faraó Tutankhamon em 1922 e destinada sobretudo aos mais ricos,
que gostavam de ostentar objetos luxuosos) e a difusão europeia do Surrealismo.
Entretanto, Antoni Gaudí i Cornet, arquiteto catalão que se destacou pelas técnicas, materiais
e temáticas usadas, tornava-se uma referência do modernismo, não chegando a concluir a
catedral da Sagrada Família, em Barcelona. A 6 de outubro de 1927 nasceu o cinema sonoro,
em Nova Iorque, com a estreia de "O cantor de Jazz". A partir dos finais dos anos 20 aparece
nos EUA a banda desenhada, criando-se progressivamente histórias por todo o mundo com
heróis, como Tarzan, Popeye e Tintin, todos de 1929. Neste mesmo ano deu-se a primeira
entrega de Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, uma passo gigante para
a promoção e difusão que atingiria o cinema produzido nos EUA. Em 1933 inaugurava-se neste
país um novo género cinematográfico com características de terror e fantasia, incluindo
monstros como King Kong e Godzilla, passando por Dracula e Frankenstein. Nos anos 30
impõe-se também, a partir da Brodway, a comédia musical, que lançou para a ribalta
compositores como George Gershwin (que lançou também, através da obra Porgy and
Bess (1935), um novo género operático com intervenções de jazz e espirituais africanos) e
atores como Ginger Rogers e Fred Astaire. Os pintores Diego Rivera e José Clemente Orozco
notabilizaram-se pelas inovadoras pinturas públicas murais mexicanas do Palácio Nacional e
do Palácio de Belas-Artes, respetivamente, tendo esta técnica sido originada pela revolução de
1910 contra o ditador Porfírio Díaz. Paralelamente, o escritor andaluz Federico García
Lorca produzia uma obra literária e teatral eivada de pureza, folclore e surrealismo, até à sua
morte por fuzilamento por mãos fascistas, em 1936. Frank Lloyd Wright distinguiu-se pela
extraordinária inovação arquitetónica de fusão espacial harmónica, cuja obra mais relevante é
a Casa da Cascata, na Pensilvânia, cujo início construtivo se deu em 1936. No seguinte ano foi
a vez de Walt Disney realizar a Branca de Neve e os Sete Anões, primeira das afamadas
longas-metragens de desenhos animados

referencias:
https://infonet.com.br/blogs/o-seculo-xx-e-suas-transformacoes/
https://www.infopedia.pt/artigos/$mutacoes-culturais-(1.-metade-do-sec.-xx)

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