Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O MODERNISMO – INTRODUÇÃO
Nas primeiras décadas do séc XX, um movimento cultural revolucionou as artes e a literatura,
reivindicando a liberdade de criação e recusando todo o tipo de constrangimento: o
modernismo.
Influência dos progressos tecnológicos e das inovações científicas da época (ex: teoria da
relatividade de Einstein; a teoria de Freud sobre o inconsciente...) e dos choques
ideológicos e conflitos bélicos de proporções trágicas.
Inspiração na arte de outros continentes, sobretudo, Oceânia e África.
Valorização da liberdade e/ou da espontaneidade de criação artística, em corte profundo
com o passado, rompendo com as normas académicas e com os valores estéticos
tradicionais, herdados do Renascimento.
Desafio ao gosto e aos valores morais dominantes, de tradição burguesa e/ou
intervenções radicais, provocatórias e escandalosas.
Rutura com a representação tradicional, recusando a representação mimética da
realidade, buscando além do aparente.
Permanente pesquisa, adotando uma atitude de experimentalismo: procura de novas
técnicas, novos materiais, novos meios de expressão artística.
Adoção de novos objetos temáticos, de índole abstrata ou projetados pelo inconsciente
humano, desligando os temas da realidade sensível.
AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS
INFLUÊNCIAS/ORIGEM:
Influências: Impressionismo (tratamento intuitivo da cor), Expressionismo (Grupo O
Cavaleiro Azul) e outros (folclore russo, música…); Cubismo e Futurismo.
Desde os finais do século XIX, partindo do Expressionismo, do Cubismo e do Futurismo,
vários artistas, em diversos países da Europa, exploraram novas forma de criar: não
queriam copiar a natureza, nem nas formas nem nas cores; pretendiam construir um
mundo novo, pondo de lado qualquer referência figurativa. Assim, abriu-se um
caminho de grande liberdade, que privilegiou a organização das cores e das formas no
espaço pictórico e que se autonomizou em definitivo da realidade.
O abstracionismo concretizou-se através de 2 tendências (2 teorias da arte abstrata):
Abstracionismo lírico/expressionista que encara a arte como uma “necessidade
interior” do artista – teoria subjetiva.
Abstracionismo geométrico, que considera a arte um meio de expressão da “realidade
pura” – teoria objetiva.
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
Abstracionismo lírico/expressionista – Alemanha
Em 1910, na Alemanha, o pintor expressionista Vassily Kandinsky rompeu com a arte
figurativa, usando uma linguagem abstrata. Defendeu:
Criação de uma arte livre, nascida da meditação e da necessidade interior do
artista e não da necessidade de representar a realidade material: exprime o
mundo interior do artista (emoções/estados de espírito e ideias), na procura
de harmonia espiritual - predominância da subjetividade sobre a objetividade
(teoria subjetiva).
Anulação de elementos figurativos identificáveis nas obras, considerados
desnecessários e prejudiciais à pintura – defende o desaparecimento de
objetos reconhecíveis para que as vibrações provenientes das formas e das
cores possam ser apreendidas pelo observador (considera que as cores e
as formas, ao reproduzirem “figuras”, perdem a sua força expressiva, já que
observador não as consegue dissociar do significado do objeto representado).
Livre combinação de elementos pictóricos sobre a tela (formas, linhas e
cores), com capacidade expressiva e um valor e significado próprios, sem
correspondência com o mundo visível, produzindo uma composição vibrante e
sugerindo emoções/estados de espírito e ideias.
Desenvolvimento de uma arte não narrativa e não descritiva, semelhante à
música (sons de cor): uma linguagem universal, que se dirige à perceção
sensorial, sem qualquer tipo de obstáculo cultural; produz vibrações intensas,
que podem ser apreendidas/sentidas pelo observador; deve formar uma
correta combinação de formas e cores, ou seja, uma composição meticulosa,
de forma a criar ritmos e harmonias visuais sobre a tela e, assim, despertar
emoções diversas em que a vê.
ARTISTAS: Vassily Kandinsky
ARTISTAS:
Neoplasticismo: Piet Mondrian; Theo van Doesburg
Suprematismo: Kasimir Malevich
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
Caracteriza-se por:
Deslocação do objeto da obra de arte da realidade exterior para o mundo da
interioridade – a arte é vista como um meio de exploração e de projeção do
inconsciente do artista, sendo uma manifestação do psiquismo dos seus autores.
Criação artística sem a intervenção da razão e sem limitações morais, devendo
cada artista encontrar a sua via pessoal de acesso ao seu inconsciente,
frequentemente em estado semi-hipnótico, decorrente de alucinações provocadas
por álcool, fome ou drogas.
Aplicação do “automatismo psíquico” como modo criativo de funcionamento do
pensamento, espontâneo e aleatório – prática da livre fluência automática das
imagens que brotam do inconsciente, sem a preocupação com um sentido lógico.
Extrema diversidade de estilos dos surrealistas, não se prendendo com aspetos
formais: uso de linguagem figurativa realista ou de linguagem mais abstrata;
recurso a nível plástico, com recurso a técnicas clássicas (traço rigoroso e desenho
pormenorizado) e de técnicas novas, herdadas do Cubismo e do Dadaísmo
(colagem, assemblage…).
Temática inspirada no irracional, no inconsciente, no onírico (sonho): associações
improváveis e desconcertantes, mundos irreais e inquietantes, povoados por
criaturas zoomórficas e outros “monstros”, formas híbridas e delirantes, objetos
inexistentes, com símbolos e signos diversos – gosto pela representação do
mistério e do insólito e pela ambiguidade do significado.
ARTISTAS: Max Ernst; Joan Miró; René Magritte; Yves Tanguy; Salvador Dalí
LITERATURA
Os escritores das primeiras décadas do século XX foram marcados pelo clima de desencanto,
ceticismo e de relativismo e (tal como os artistas plásticos) procuraram novas formas de
expressão, pondo em causa os valores, as tradições literárias e as convenções existentes e
introduzindo novas tendências:
Modernidade das obras a nível temático, percorrendo todas as vias possíveis da expressão
escrita, num processo experimental:
abandono da descrição, linear e previsível, da realidade concreta.
papel mais ativo do leitor na construção do sentido da narrativa não linear:
maior interesse pela subjetividade e, mesmo, pela vida psicológica e interior das
personagens (corrente psicológica da literatura), do que pela ação – “Em Busca do
Tempo Perdido”, de Marcel Proust (caracterização profunda das personagens
retratadas e a sua relação com o tempo).
nova conceção do espaço e do tempo.
reivindicação de total liberdade do ser humano, do direito a tudo ousar, sem
impedimentos de caráter moral ou ético – André Gide.
ESTÉTICA NATURALISTA
CARACTERÍSTICAS GERAIS
As obras das exposições oficiais caracterizavam-se por:
obediência às regras académicas, associadas à tradição renascentista.
execução cuidada e traço rigoroso – formas detalhadas, volumetria das figuras e
acabamento perfeito.
respeito pelas regras da perspetiva tradicional – tridimensionalidade obtida pela
aplicação de jogos de luz e sombra ou pela sucessão de planos.
aplicação naturalista da cor – cores naturais e sóbrias e uso de gradações cromáticas.
pintura de “ar livre”, com expressão realista, que procura captar um “instantâneo da
realidade”.
Temáticas: pintura de género ou cenas do quotidiano ou de costumes da vida
popular/campestre; motivos retirados da natureza ou paisagens.
ARTISTAS:
Pintura: José Malhoa (1855-1933); Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929)
Escultura: António Teixeira Lopes (1866-1942)
Apesar do conservadorismo cultural dos republicanos, foi com a Primeira República que
surgiram os primeiros sinais de mudança na cena cultural nacional, devido às circunstâncias
políticas e sociais do país e ao próprio contexto político europeu. Grupos de intelectuais e
artistas apresentaram novas propostas estéticas e literárias que, sem prejuízo da originalidade
nacional, incorporaram ideias/práticas das vanguardas europeias (revistas, manifestos,
exposições independentes, estratégias provocatórias...).
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
movimento provocatório que visava abalar a sociedade e as suas convenções –
estranheza, polémica e indignação do público face às manifestações e obras das novas
correntes estéticas.
rutura com os valores do naturalismo e do academismo, opondo-se ao gosto burguês
dominante – defesa da liberdade da criação estética.
reflexo das tendências de vanguarda europeias, com forte inspiração no futurismo, no
cubismo e no primitivismo.
novos valores plásticos – simplificação do desenho, desconstrução do espaço e uso de
cores fortes e contrastantes.
inauguração, na literatura, de novos métodos de escrita – abandono ou desvalorização
da pontuação, da apresentação gráfica, do encadeamento do discurso e da
inteligibilidade do texto.
ARTISTAS:
Antes da guerra: Manuel Bentes; Emmérico Nunes; Cristiano Cruz; Jorge Barradas;
António Soares; Stuart Carvalhais; Mily Possoz.
Depois da guerra: Mário de Sá-Carneiro; Fernando Pessoa; Almada Negreiros; Santa-
Rita Pintor; Amadeo de Souza-Cardoso; Eduardo Viana.
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
maior individualidade do modernismo português face à Europa, com a introdução de
características próprias.
afastamento da urbanidade e distanciamento da vida intelectual lisboeta.
valorização da ingenuidade na arte enquanto valor essencial da criação artística.
inspiração na arte popular portuguesa.
maior densidade psicológica e expressividade a nível temático, na pintura.
escultura com elementos expressionistas – simplificação dos volumes e formas,
facetação das superfícies, busca do essencial sem pormenor descritivo.
arquitetura com linguagem modernista – racionalidade e simplicidade do traço (linhas
retas), uso do vidro e do betão armado, ausência de elementos decorativos, terraços e
coberturas planas.
AS DIMENSÕES DA CRISE
violenta queda do valor das ações cotadas em Wall Street (Crash de Wall Street), em
resultado da acumulação de ordens de venda (sem compradores no mercado financeiro).
Ruína do sistema financeiro, associada à continuada queda do valor das ações e ao não
reembolso dos créditos, com a rutura da Bolsa de Valores, a falência de bancos e a ruína
de investidores particulares.
Ruína do sistema empresarial, com a falência de grandes unidades industriais e agrícolas,
associada à perda do valor de mercado das ações e à sua descapitalização (retirada de
investimentos e restrições ao crédito).
Aumento significativo do desemprego industrial e da miséria, acentuando a diminuição da
procura.
Agravamento da conjuntura de deflação (quebra de preços) devido à diminuição da
procura e à acumulação de stocks (superprodução) – paralisação da economia e descida do
produto nacional bruto.
Ruína de muitos capitalistas, na sequência da crise das bolsas de valores e do
encerramento de empresas.
Ruína de muitos agricultores que, atingidos pelas dificuldades da indústria e pela redução
da procura, se viram obrigados a hipotecar as quintas e a destruir stocks para conter a
deflação.
Ruína das classes médias urbanas, empobrecidas pela perda do emprego e pela perda de
investimentos.
Aumento da miséria associada ao elevado desemprego, agravada pela ausência de
mecanismos de proteção social (não havia segurança social) – aumento de população
despejada das suas habitações por incumprimento no pagamento das rendas levando ao
crescimento dos bairros de lata na periferia; generalização das dificuldades dos
desempregados levou à distribuição gratuita de alimentos pelas instituições de caridade.
Intensificação da agitação sociopolítica, como consequência da miséria com a agudização
de comportamentos xenófobos e racistas.
↓
Persistência dos efeitos da crise – desmoronamento do sonho americano.
Em Itália:
Lançamento de grandes campanhas de produção (ex: a Batalha do Trigo, a partir de 1925)
e de grandes trabalhos, nomeadamente a recuperação de terras para a agricultura e a
criação de novas povoações (ex: a Batalha da Bonificação para a secagem dos pântanos
pontinos), todos amplamente difundidos pela propaganda.
Rigoroso controlo do comércio por parte do Estado (volume das importações e
exportações), nomeadamente com a subida dos direitos alfandegários e limitações ao
consumo.
Lançamento de programas de industrialização, submetendo a iniciativa privada ao controlo
do Estado: através da criação do Instituto Imobiliário Itálico e do Instituto para a
Reconstrução Industrial, promoveu se a intervenção do Estado no setor industrial e o
financiamento a empresas em dificuldades.
Enquadramento das atividades laborais em corporações, facilitando a planificação da
economia (aquisição de matérias-primas, volume de produção, tabelamento de preços e
salários).
Adoção de uma política expansionista, com a conquista da Etiópia (1935-36), para
assegurar as necessidades do país (exploração de minérios e fontes de energia para criação
de produtos de síntese química).
↓
Resultados positivos à custa de grandes sacrifícios da população (trabalho, impostos,
racionamento ao consumo e, mesmo, guerra).
Na Alemanha:
Abolição dos sindicados livres e enquadramento dos trabalhadores alemães na Frente de
Trabalho Nacional-Socialista e em atividades recreativas e culturais, motivando-os através
de um discurso nacionalista.
Combate ao desemprego através de uma política de grandes trabalhos e obras públicas
(autoestradas, aeródromos, linhas férreas, pontes) OU através da ocupação por alemães
“arianos” de empregos antes exercidos por judeus alemães.
Lançamento de um programa de rearmamento e reconstituição das forças militares
(contrariando as disposições do Tratado de Versalhes) OU apoio ao crescimento das
indústrias dos setores metalúrgico/siderúrgico, químico e de energia elétrica e ao
desenvolvimento do setor da aviação e automóvel.
Estímulo ao consumo privado (aquisição de automóveis Volkswagen) como meio de
animar a economia.
Disponibilização, a grandes industriais e ao Estado, de mão-de-obra forçada (trabalhadores
judeus e eslavos).
Fixação de preços para evitar práticas especulativas.
Adoção de uma política expansionista para assegurar as necessidades do povo alemão a
nível de terras, mão-de-obra e matérias-primas.
↓
Apoio do grande capital
Autossuficiência (em cereais, açúcar e manteiga) e redução das importações
RACISMO NAZI
Defesa de uma política de Estado assente na crença da existência de raças superiores e
raças inferiores, defendendo a superioridade do povo alemão e desprezando indivíduos e
povos considerados inferiores, que procurou submeter e eliminar (judeus, eslavos,
ciganos, etc.).
Eugenismo como forma conseguir um suposto «apuramento da raça ariana» através do
fomento da natalidade entre indivíduos com características “perfeitas” e da proibição de
casamentos mistos, da esterilização forçada ou da eliminação dos alemães “degenerados”
(nomeadamente, pessoas com deficiências físicas e mentais, doentes crónicos, velhos
incapacitados e homossexuais).
Antissemitismo, considerando os judeus como a «raça inferior» e responsáveis por todos
os males que afetavam a Alemanha, originando uma perseguição sistemática e o
assassinato de milhões de judeus (Holocausto):
política de perseguição aos judeus através de leis discriminatórias e de atos de
violência organizada, reduzindo os seus direitos cívicos e boicotando as suas
atividades económicas/profissionais para os intimidar e segregar: em 1933, boicote a
lojas judaicas e interdição do exercício de cargos públicos e profissões liberais; em
1935, publicação das Leis de Nuremberga, que proibiram os casamentos e as relações
íntimas entre os judeus alemães e os “arianos” e privaram os alemães de origem
judaica da cidadania; em 1938, confiscação de bens e encerramento de lojas e
empresas de alemães de origem judaica, proibição do exercício de qualquer profissão
e da frequência de espaços públicos – Noite de Cristal, uso obrigatório da estrela de
David e segregação em guetos (a partir de 1939).
política de deportação dos judeus para campos de concentração onde eram sujeitos a
trabalhos forçados OU ao extermínio sistemático e em massa (“solução final” OU
genocídio).
Perseguição e eliminação, em todos os territórios ocupados, de outras “raças” ou de
elementos socialmente inadaptados (ciganos, eslavos, homossexuais e opositores
políticos) enviados para campos de concentração e de extermínio, onde eram sujeitos a
trabalhos forçados ou ao extermínio sistemático.
O ESTALINISMO
A morte de Lenine (janeiro de 1924) deu origem a uma luta pelo poder na URSS, acabando
com a vitória de Estaline (Secretário-Geral do PCUS) sobre a fação liderada por Trotsky (ala
mais esquerdista do Partido) e a fação associada a Zinoviev, Kamenev e Boukharine (ala mais à
direita do Partido).
Assim, entre 1928 e 1953, Estaline tornou-se o líder incontestado da URSS.
Estaline empenhou-se:
na reconstrução económica da U.R.S.S. e na sua transformação em potência mundial.
na construção da sociedade socialista, sem classes, reafirmando a supremacia do
proletariado sobre os demais grupos sociais e recusando os princípios da democracia
liberal e o pluripartidarismo.
Conseguiu-o através:
de um controlo da economia por parte do Estado, através da coletivização agrícola e da
planificação da economia.
de um reforço do totalitarismo do Estado, através da burocratização do Partido
Comunista e do aumento da repressão sobre a população.
A POLÍTICA ECONÓMICA
Empenho na recuperação do atraso económico e modernização do país e na sua
transformação em potência mundial, competindo como os “inimigos” capitalistas.
Reafirmação do objetivo de destruir o sistema capitalista e o poder económico da
burguesia, defendendo a abolição da propriedade privada dos meios de produção.
Abandono da Nova Política Económica, com o recuo na política de abertura parcial à
iniciativa privada, devido à contradição entre os seus efeitos sociais e os princípios
ideológicos do marxismo (reaparecimento de uma classe de agricultores abastados e de
homens de negócios).
Dirigismo estatal da economia, através da coletivização/nacionalização dos meios de
produção e da planificação da economia.
Recurso a uma forte campanha de propaganda de enaltecimento do modelo
económico socialista.
Meios:
Expropriação de terras e confisco gado aos proprietários rurais (Kulaks).
Obrigatoriedade de trabalho coletivo ou assalariado.
Resultados:
Rejeição da coletivização por parte de muitos proprietários rurais, nomeadamente com o
abate de gado (em vez de o entregar à coletividade), apesar da propaganda oficial difundir
a adesão dos camponeses à medida.
Uso da violência sobre os camponeses que mostraram resistência à coletivização, sendo
muitos Kulaks deportados para a Sibéria ou, mesmo, executados.
Crescimento da área cultivada e da produção (sobretudo de trigo, algodão e beterraba
para açúcar) – portanto, resultados satisfatórios.
A PLANIFICAÇÃO DA ECONOMIA
O setor industrial desenvolveu-se graças a uma rigorosa planificação económica.
Com o objetivo de transformar a URSS numa potência industrial, foram lançados os planos
quinquenais, ou seja, planos de desenvolvimento/modernização das indústrias e das
infraestruturas.
Elaborados por um organismo do Estado (GOSPLAN), recusavam a livre iniciativa e a livre
concorrência e permitiam ao Estado dirigir a economia de acordo com as necessidades de
desenvolvimento do país, de forma a garantir a aceleração da indústria e a modernização
das infraestruturas e da agricultura (ao fornecer instrumentos/máquinas/tecnologia
agrícolas), a promover o crescimento económico e o pleno emprego.
Fixavam as áreas de investimento prioritárias e as metas de produção a atingir e
estabeleciam os recursos a mobilizar (nomeadamente, investimentos, necessidades
técnicas, mão de obra), para um período de 5 anos.
Meios:
Rigorosa coleta fiscal para a realização de investimentos maciços.
Recurso a técnicos estrangeiros e aposta na formação de mão de obra especializada
(engenheiros e outros especialistas), com vista à modernização.
Recurso a uma forte campanha de propaganda de enaltecimento do modelo económico
socialista, exaltando a sua capacidade de produção e competitividade para incentivar a
dedicação da população ao trabalho.
Adoção de medidas coercivas (nomeadamente, a instituição da caderneta de trabalho
obrigatória e a possibilidade de despedimento por ausência injustificada, sem aviso prévio)
para garantir a mão de obra necessária ao cumprimento das metas.
Criação de armazéns estatais, para organizar o comércio e garantir o abastecimento de
bens à população.
Imposição do dirigismo estatal da economia através do recurso à violência.
Resultados:
Afirmação da URSS como grande potência económica:
industrialização em massa.
promoção do desenvolvimento técnico dos processos produtivos na indústria e na
agricultura.
criação de infraestruturas ao nível dos transportes, da habitação, saúde e do ensino.
aumento da produtividade e da produção – fontes energéticas (carvão, petróleo e
eletricidade), ferro e aço – e crescimento do rendimento nacional per capita com
taxas elevadas.
Secundarização da produção de bens de consumo, conduzindo a um baixo nível de vida
da população, apesar da modernização do país.
O TOTALITARISMO DO ESTADO
Exercício do poder político – a burocratização do partido:
Afirmação de um regime totalitário, com o sistema de partido único, o PCUS, que
monopoliza o poder e se confunde com o próprio Estado – inexistência de
pluripartidarismo e recusa dos princípios da democracia liberal.
Consolidação de um Partido Comunista burocratizado e disciplinado, com o
afastamento dos adversários políticos.
Promoção do culto da personalidade, exaltando a liderança de Estaline através da
propaganda OU através das organizações de enquadramento de massas:
acumulando as funções de Secretário Geral do Partido Comunista e Chefe do Governo,
Estaline surge como o chefe incontestado da União Soviética, o grande construtor do
socialismo e o grande responsável pelo desenvolvimento do país, com qualidades e
capacidades geniais, capaz de entusiasmar multidões e de suscitar a admiração dos
cidadãos, que o veneravam como o “pai dos Povos”.
Custos:
Para implantar o socialismo, Estaline criou um regime totalitário e repressivo, que
subordinou a liberdade individual ao interesse da coletividade, controlando, muitas
vezes pela força, todos os aspetos da vida da população (apesar dos direitos e
liberdades fundamentais estarem estabelecidos na Constituição de 1936).
“Depurou” a URSS de opositores e instalou um clima de terror em todo o país.
Mas, para além de ter feito inúmeras vítimas, o governo ditatorial de Estaline acabou
por pôr em causa o objetivo da revolução: a construção de uma sociedade sem
classes, porque ao produzir uma elite dirigente (Nomenklatura), constituída por
pessoas com funções no Partido e no Estado (políticos, diretores das cooperativas
agrárias e das fábricas, intelectuais do Partido Comunista, funcionários do Estado,
etc.), criou novas desigualdades sociais.