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LICENCIATURA EM ANTROPOLOGIA
A epidemiologia deve ser conceituada como “a ciência que estuda o processo saúde doença”
na comunidade, analisando a distribuição de fatores mais comumente examinados são idade,
sexo, estado civil, ocupação, posição socioeconômica, dieta, ambiente e comportamento das
vítimas sendo assim determinantes das enfermidades e dos agravos à saúde coletiva
sugerindo medidas especificas de prevenção de controlo ou de erradicação. A epidemiologia
e a antropologia que ambas enfocam o estudo a saúde, “os antropólogos lançam mão de
princípios universais para chegar a questões específicas, enquanto os epidemiológicos
toleram os pontos específicos em sua busca universal ”.
HELMAN, C.G. Cultura, saúde e doença. Trad. Eliane Mussnich. 2. ed. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1994. Cap. 4, p. 70-99.
As pessoas, quando estão com problemas de saúde, têm várias maneiras de se auto-ajuda ou
ainda de ajudar outras pessoas. Segundo HELMAN (1994), os grupos e indivíduos que dão
assistência de saúde seguem as etapas de explicar, diagnosticar e tratar as doenças. Nas
sociedades modernas há um pluralismo médico, que corresponde ao conjunto de alternativas
de assistência de saúde disponíveis e/ou procuradas. Os indivíduos, com problemas de saúde,
em busca de explicações, diagnóstico e tratamento, anseiam por alívio de seu sofrimento e
recorrem às diversas alternativas existentes.
Esse pluralismo médico é uma gama de factores que existe para responder os desconfortos,
portanto esses itinerários terapêuticos reflete a “cosmovisão” do individuo, ou seja, reflete na
forma como o individuo vê o mundo e a assistência também reflete essa realidade. E o autor
chama atenção de que esses sectores de atenção a saúde não estão totalmente separados, pode
cruzar-se. Efeito plossemo é uma acção desesperada para curar as enfermidades numa
perspectiva psicológica, basta a pessoa acreditar na eficácia do remedio, é capaz de aliviar a
doença.
A ALTERNATIVA INFORMAL
Indivíduo doente é a sede primeira de uma assistência de saúde e os principais agentes são as
mulheres. A automedicação é um recurso informal e pode ser orientada por amigos, vizinhos
e pacientes que já fizeram uso de tais medicamentos em situações semelhantes. Segundo o
autor, o armazenamento e a troca de medicamentos industrializados e prescritos são hábitos
comuns no Reino Unido. Há inúmeros estudos que apontam percentuais elevadíssimos de tal
consumo por-trás-do muro das unidades de saúde.
Uma outra modalidade informal de assistência de saúde são os grupos de auto-ajuda. O autor
aponta que em 1982 foram listados 335 grupos denominados de auto-ajuda no Reino Unido e
Irlanda. Alguns exemplos são: Associação Britânica da Enxaqueca, Depressivos Associados,
Associação de pais de crianças danificadas por Vacinas, Alcoólatras Anônimos, Comando
Gay, Organização pela saúde da Mulher, dentre muitas outras. Tais grupos são constituídos
de acordo com um determinado problema central e comum aos seus membros.
Para o autor há certos indivíduos que são considerados fontes de aconselhamento à saúde
mais do que os demais em uma determinada comunidade. São eles aqueles com muita
experiência em certo tipo de tratamento ou em alguma atividade, os demais profissionais da
área da saúde, que são consultados informalmente ou seus maridos/esposas e membros de
grupos de ajuda ou de igrejas. Suas credenciais são, principalmente, suas próprias
experiências, mais do que instrução, status social ou poderes" (ibidem, p.73).
A ALTERNATIVA POPULAR
Identifica-se nesta modalidade de assistência que há um conceito de saúde como algo fruto do
equilíbrio entre o homem e seus meios social, natural e sobrenatural, que se aproxima ao que
denomina-se holismo e visão sistêmica
Segundo o autor, os curandeiros populares adquirem tal posição a partir de várias maneiras:
por herança de sua família, por sua posição dentro da família, como o caso do sétimo filho na
Irlanda, por ter recebido sinais ou presságios ou ter marcas de nascença, por revelação ou
vocação surgida num momento especial de suas vidas, por aprendizado com outro curandeiro
ou ainda por aquisição pessoal de tais saberes.
Assim como nas sociedades não-ocidentais, a medicina complementar visa obter uma noção
holística do paciente, o que inclui dimensões psicológicas, sociais, morais e físicas, bem
como enfatiza a ideia de saúde como um equilíbrio. (ibidem, p. 89).
Os tipos de alternativas populares são: o herborismo ou fitoterapia, que é a cura pelas ervas e
plantas; as curas religiosas; o ofício de parteira; a homeopatia; os clarividentes, astrólogos,
curandeiros psíquicos, quiromantes, médiuns celtas, tarólogos, ciganos e profetas.
Segundo o autor, há vários estudos que tratam de esclarecer as atividades destas alternativas
de assistência de saúde. Aponta que a primeira descrição de remédios herbórios data de 1260
d.C. O ofício de parteira, no Reino Unido, foi absorvido pelo setor profissional e a
homeopatia ocupa uma posição especial no país como método alternativo de cura. Há
hospitais homeopáticos espalhados por todo o território, com serviços ambulatórias e de
internação.
o autor aponta que os diversos sistemas começam a se integrar e começam a emergir de tais
integrações órgãos especiais como o Conselho de Medicina Complementar, o Conselho de
Pesquisa de Medicina Complementar, o Instituto de Medicina Complementar e a Associação
Britânica de Medicina Holística, que é uma das mais antigas, com 1159 membros, entre
médicos, enfermeiros e leigos.
A ALTERNATIVA PROFISSIONAL
O setor profissional corresponde a rede oficial de assistência de saúde de um país, que integra
os profissionais de saúde, as unidades básicas e os hospitais com seus leitos para a população
doente. Para o autor o sistema hospitalar cuida dos casos agudos, severos ou episódios de
ameaça à vida, além dos nascimentos e mortes e está menos preparado para lidar com os
significados subjetivos associados às doenças.
Modelo explanatório é uma forma sistemática que consiste em orientar e padronizar questões
de doenças, esses modelos explicam analisando todos factores culturais, da personalidade, ou
seja, a formas como o individuo dá significado com relação a enfermidades, ou o seu
desconforto. Este modelo consegue fazer uma transação do modelo médico que consiste na
fisiopatologia que é o método da biomedicina que tem procedimentos específicos que vão
desde o início de sintomas, as formas de tratamento etc. para o modelo de explanatório leigo
O kleiman elabora um grupo de conceitos que são chaves para análise de factores culturais,
que intervém no campo de saúde, acentuando-os como sendo realidades sociais e
simbolicamente construídos. Helman acentua a diferença entre o modelo popular e o
profissional da medicina como formas de tratamento a saúde.
Helman faz menção sobre a limitação da medicina na abrangência de todos indivíduos, facto
que evidência claramente a aceitação da medicina informal e popular devido a vários factores
que podem influenciar tanto negativamente como positivamente a esses medicamento,
Ele também faz menção sobre o determinismo e a ignorância perpetuadas pela medicina
profissional, em relação ao determinismo consiste na medida em que o sistema de medicina
profissional impõe privando e não dando a prioridade para o paciente ou o enfermo se
explicar sobre os sintomas e o significado que o paciente atribui aquele sintoma á que o
kleiman chama de referencia leigo. A ignorância ou o desprezo do sectores informais e
populares na medida em que o sistema profissional de saúde pode até admitir a existência de
outros tipos de tratamento ou assistência a doença, mas os seus próprios procedimentos
metodológicos e práticas distanciam-se na medida em que rotula privando das liberdade e
ignorando aquilo que é o sistema de referência leigo.
Nesse âmbito, Helman nos chama atenção par olharmos o hospital como uma sociedade que é
caracterizada por dinâmicas heterogenias, onde encontramos práticas, normas, categorias,
valores e conceitos sobre determinadas doenças. Nesse processo o autor compara com o
sistema cultural na medida em podemos encontrar uma gama de dinâmicas e de
conhecimentos engendrados dentro desse sistema biomédico.
De certo modo, os praticantes da medicina formam um grupo à parte dentro do sistema de
saúde, com seus próprios valores, conceitos, teorias sobre as doenças e regras de
comportamento, além de fazerem parte de uma organização hierárquica dos papéis de cura.
Esse grupo apresenta aspectos sociais e culturais distintos e pode ser considerado, portanto,
um "grupo profissional" - um grupo baseado ou organizado em torno de um corpo de
conhecimentos especializados (o conteúdo) que não é facilmente adquirido e que, uma vez
nas mãos de praticantes qualificados, atende às necessidades de clientes (ou presta serviços a
clientes).
Possui, também, uma organização corporativa de pessoas conceitualmente iguais, que existe
para manter o controlo sobre os campos de especialidade, promover seus interesses comuns,
manter seu monopólio de conhecimento, estabelecer as qualificações exigidas para a
admissão (a habilitação de novos médicos), proteger seus membros contra a incursão e a
concorrência de outros e monitorar a competência e a ética de seus membros. Os médicos
estão divididos em subprofissões especializadas (cirurgiões, pediatras, ginecologistas,
psiquiatras, etc.) que reproduzem em menor escala a estrutura da profissão médica como um
todo.
Nesse texto os autores analisam a relação de duas categorias (o paciente e o medico), nesse
âmbito eles afirmam que a relação característica dessas categorias é mediada por dominação
hierárquica. Eles chama atenção para a profissionalização e humanismo, e que não haja,
intervenientes emocionais, valores como forma de termos um diagnóstico profissional e
eficaz. Nesse mesmo contexto os autores apela para o usos de linguagens e temas objectivos e
claros para tornar a relação de entendimento entre ambas partes mais saudável e suportável.
Farmer é medico especialista em doenças infeciosas, uma das pessoas que a quanto da
eclosão do HIV atribuía a dinâmicas sociais e culturais e não apenas um problema medico.
Portanto o autor afirma que a questão emergente leva um pouco de erro, ele na chana atenção
que no âmbito de eclosão de doenças infeciosa existem factores humanos que influenciam
nas doenças, ou seja, a pobreza e a desigualdade social influência no impacto da doença, e ele
afirma ser esse o assunto menos abordado no âmbito de vulnerabilidades das doenças. Os
factores socioeconómicos, desigualdades económicas, politica, políticas públicas e até as
instituições internacionais influenciam na forma como as pessoas vão lidar num cenário de
doença e o seu impacto na actuação do vírus como exemplo “covid-19”
Portanto não é apena uma questão do vírus apenas, mas de uma gama de factores que
influenciam no processo do vírus, e é nesse âmbito quem o autor questiona do não se fazer
menção esses factores humanos que intervém no processo, ele da o exemplo da “malaria” e
do porque antes atuar em quase todos países, tantos aqueles economicamente condecorados
assim como aqueles não muito ricos, mas o autor enuncia que o índice da actuação dessa
doença diminuiu e em outros nem existe apenas prevalecendo nos países periféricos, e
argumenta que nesses lugares em que ela não atua é porque foram criadas condições humanas
para a sua erradicação. Contudo ela afirma na transação epidemiológica que as condições
económicas avançadas ou favoráveis pode influenciar numa ruptura ou o controle da actuação
das doenças infeciosas
Ribera (2007) salienta que em África as mulheres durante a gravidez fazem o uso frequente
das plantas medicinais e recorrem tanto às parteiras tradicionais como aos serviços
biomédicos. Este facto não se deve somente à fraca cobertura dos serviços biomédicos, pois
elas recorrem tanto a cuidado pré-natal se houver disponibilidade como às parteiras
tradicionais, sendo a tendência de compartilhar biomedicina e medicina tradicional.
Os estudos de Gerhardt (2006); Ho (2004) e Ribera (2007) fazem-nos perceber que a forma
como os fenómenos de saúde e doença são interpretados em cada contexto depende das
crenças e valores que as pessoas têm sobre esses fenómenos. Por conseguinte, os indivíduos
recorrem a diversos tipos de terapias, cruzando diversas alternativas no processo de busca de
uma resposta satisfatória à doença.
Paulo César Alves (1993, p. 268) define os meios “pelos quais os indivíduos e grupos
Respondem a um dado episódio de doença”. Essa concepção permite estabelecer reflexões
sobre os modos pelos quais os sujeitos vivenciam a enfermidade, formulam sentidos e
desenvolvem práticas para agenciá-las. A primeira delas, ponto de partida para sua
compreensão, é a experiência de sentir-se mal. Não se trata de vaticinar a existência de um
sintoma clínico ou perturbação fisiológica, domínio próprio da investigação biomédica, mas
reivindicar a primazia da interpretação do sujeito sobre suas vivências. Em outras palavras:
não é apenas a partir dos sintomas – miríades de sensações coligadas – que podemos
compreender a enfermidade, mas quando estes são transformados em impressões sensíveis é
que a “doença torna-se uma enfermidade” (Alves, 1993, p. 268).
Para Alves (1993), os indivíduos podem ter experiências com varias agências de tratamentos
como Hospitais, Igrejas, curandeiros, ficando assim legitimados a assumirem um papel de
enfermo, pois cada uma delas tem um carácter de responsabilidade ao atribuir suas próprias
noções terapêuticas. A influência do contexto sociocultural é notória na escolha do itinerário
de cuidado, pois a interpretação da enfermidade tem uma dimensão temporal não apenas
porque a doença, em si mesma, muda no decorrer do tempo, mas também porque a sua
compreensão é continuamente confrontada por diferentes diagnósticos construídos por
familiares, amigos, vizinhos e terapeutas (ALVES, 1993).
Foco de atenção no médico (e não no paciente) para definir a natureza e os contornos dos
problemas do paciente: consequentemente as habilidades intelectuais e as diagnósticas são
mais valorizadas do que as de comunicação;
- Orientação para credenciais e títulos: quanto mais altas as credenciais, maior a possibilidade
de ascensão na hierarquia médica, por serem tidos como detentores de maior habilidade
clínica e conhecimento;
- Enfoque em casos únicos: as decisões são tomadas com relação a cada caso isolado de uma
doença, com base em descrições cumulativas de casos clínicos anteriores;- Orientação para os
processos biológicos quantificáveis no paciente;
Em 1946 a Organização Mundial da Saúde (OMS) concebeu a saúde como “um estado de
completo de bem-estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou
enfermidade” adoptando uma definição holística que inclui saúde física, psicológica, social e
espiritual (Helman 2009:118).
No contexto do Sul de Moçambique, Honwana sublinha que a saúde é tida como um estado
natural dos indivíduos. A ausência da saúde é percebida como um estado de anormalidade, de
desequilíbrio tanto físico como social. Assim, a saúde é percebida não só como um fenómeno
corporal mas também como um processo social, concepção esta que é mais ampla do que a
apresentada pelos conceitos biomédicos Por conseguinte, a saúde implica “relações
harmoniosas entre os seres humanos e o meio ambiente, entre eles e os seus antepassados e
entre estes e o meio ambiente” (Honwana 2002: 208-209).
Doença
Granjo (2009) sublinha que no Sul de Moçambique as doenças não são consideradas como
um fenómeno natural mas como uma anomalia, a ruptura da normalidade onde se destacam
por um infortúnio ocorre em casos de feitiçaria, por exemplo: a falta da protecção por parte
dos antepassados. 10
Modelos Explicativos
A redução do bem-estar e amá saúde levam as pessoas a especular sobre como é que ficaram
doentes, como é que a doença os afectar e o que é que podem fazer para melhorar” (Kleinman
citado por Quinlan 2011).
Os indivíduos tendem a ter uma explicação única e específica para cada enfermidade.
Aspectos culturais e de socialização influenciam a forma como se explicam os problemas de
saúde e como se interpretam os sinais visíveis no corpo (Quinlan 2011).
Assim, designa-se por Modelo Explicativo as noções sobre um episódio de doença e o seu
tratamento. Estes modelos oferecem diferentes explicações e respostas sobre: a) a etiologia
ou causa da condição; b) o momento de surgimento e a forma de início dos sintomas; c) os
processos fisiopatológicos em questão; d) o curso da doença e o seu grau de severidade; e) os
tratamentos adequados a uma determinada condição (Kleinman citado por Helman 2009:119-
120).
Os modelos explanatórios que são usados pelos indivíduos para explicar, organizar e manejar
os episódios particulares de redução do bem-estar (Helman 2009: 120) são usados tanto pelos
pacientes como pelos provedores de cuidados de saúde. Ao oferecer explicações sobre a
doença e as formas de tratamento, estes modelos orientam as escolhas entre as terapias e os
terapeutas disponíveis e atribuem significados pessoais e sociais à experiência da doença.
(Helman 2009: 119-120).
Convém salientar que os modelos explanatórios não são coisas concretas, que não mudam, ou
que estão separadas das circunstâncias em que surgem. Os modelos explicativos só podem ser
Analise
Para Caprara e Rodrigues (2004), a relação entre médico e paciente é uma relação
assimétrica, onde o médico detém um corpo de conhecimentos do qual o paciente geralmente
é excluído. Alguns estudos apontam que a melhor relação médico-paciente influencia
diretamente sobre o estado de saúde dos pacientes e também interfere na adesão e no sucesso
do tratamento
A relação entre o profissional de saúde com o paciente no encontro clínico era definida por
um modelo paternalista, onde o paciente era dependente do exame e das ideias do médico.
Em contra partida, esse modelo foi substituído pelo modelo chamado informativo, graças as
reivindicações desenvolvidas nos países como Estados Unidos, Canadá e alguns países
Europeus, pelos movimentos que estavam a favor dos direitos dos pacientes e também pela
política de mercado, ao considerar que o médico é um prestador de serviço e o paciente como
um simples consumidor, havendo a necessidade de assumir um processo de comunicação que
implique na passagem de um modelo de comunicação unidireccional a um bidireccional, que
vai além do direito à informação, e com o padrão comunicacional, o paciente passou a ter o
direito a uma informação correcta e a decidir-se pelo próprio tratamento (Caprara; Lins;
Franco 1999: 651).
... fiquei desiludido com a maneira impessoal de se comunicar com os pacientes. Não
demonstrou, em momento nenhum, interesse por mim como pessoa que estava
sofrendo. Não me fez nenhuma pergunta sobre meu trabalho. Não me aconselhou
nada a respeito do que tinha que fazer ou do que considerava importante
psicologicamente, para facilitar o enfrentamento das minhas reações, a fim de me
adaptar e responder à doença degenerativa. Ele, como médico experiente da área,
mostrou-se atencioso, preocupado, somente no momento em que me apresentou a
curva da mortalidade da esclerose amiotrófica (p.650).
Os autores deste mesmo trabalho ressaltam que os relatos de médicos que vivenciaram esta
experiência mostram que a formação médica está voltada para aspectos da anatomia,
fisiologia, patologia e clínica, e não considera a história da pessoa doente, o apoio moral e
psicológico.
Apresentação Sónia (Principais abordagens da relação medico-paciente)
Caprara, Lins e Franco (1999), afirmam que a reflexão sobre a humanização da medicina, em
particular da relação do médico com o paciente é discutida com mais enfase desde os
primórdios e sobre ponto de vista de diferentes perspectivas. Na perspectiva de autores das
áreas de psicologia e psiquiatria na década de 60, na perspectiva da sociologia da saúde na
década de 60 e 70 e na perspectiva da antropologia na década de 80 e 90.
Nesse âmbito apela-se que o medico seja mais compreensivo e tolerante perante o paciente,
dando-lhe espaço ou prioridade para se expressar e transparecer o seu ponto de vista diante da
sua situação de doença. Citando os trabalhos de Kleinman, Good, Helman, Bibeu e Young
como impulsionadores dessa relação, na medida em que abre perspectivas para se discutir as
dinâmicas que podem caracterizar essa relação numa perspectiva antropológica. Não só,
Impulsiona na analisa que faz inclusão a componente cultural da doença, mas também a
experiencia e a perspectiva do doente e dos seus familiares, as interpretações e as praticas
populares e suas influencias sobre a prevenção, portanto contudo, a influencia desses autores
tem contribuído na relação de comunicação entre paciente-medico abrindo espaço para uma
possível Humanização e abordagem hermenêutica.
Sendo assim os estudos antropológicos contemporâneos dos autores acima citados, afirmam
que humanização da relação médico-paciente se faz necessária. Caprara & Franco (1999)
enfatizam essa necessidade visando estabelecer o que denominam “uma relação empática e
participativa” que ofereça ao paciente a possibilidade de interferir na decisão da escolha do
tratamento. Ressalta-se o papel do profissional da saúde como responsável pela efetiva
promoção da saúde, considerando o paciente em sua integridade física, psíquica e social, e
não somente de um ponto de vista biológico. A comunicação adequada contribuiria nesse
processo.