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Licenciatura em Antropologia
Quinto Grupo
Discente: Docente:
Belio Manhiça
Moisés André
Lucas Marrenguiça
Saugina Macuácua
Sureia Vasco
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Índice
Introdução..................................................................................................................................3
4. Conclusão.............................................................................................................................10
Referências Bibliográficas.......................................................................................................11
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Introdução
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1. Sobre a Escrita e a Estrutura de Os Yaos
Nos finais do século XIX foi um período em que os colonos procuravam delimitarem
territórios em África a partir da demarcação de fronteiras. Nesta coerência registava-se assim
um fluxo de penetração portuguesa e britânica em Moçambique. E com a penetração
administrativa portuguesa e britânica via-se que este aspecto podia causar a destruição
socioculturais das regiões (Arquivo Histórico de Moçambique 1983).
Olhando especificamente para a sociedade Yao onde Abdallah viveu, essa penetração punha
em risco a sobrevivência dessas instituições socioculturais da sociedade Yao, pois no século
XIX alguns estados Yao tinham a sua importância económica e política e a sua expansão
territorial levou a que a sua influência cultural se espalhasse para as regiões vizinhas
É importante dizer que Yohanna Abdallah pertence a uma geração que recebeu toda ou parte
da sua educação antes da estruturação inicial do imperialismo colonial (ca 1891-1907).
Assim, talvez tenha visto a imposição do regime colonial como um processo inevitável, mas
nem todos concordaram depois com a transformação das relações sociais que se seguiu
(Liesegang 1988: 23-24)
.A preocupação de Yohanna Abdallah nessa obra é de mostrar a Historia dos tempos antigos
e dos costumes dos Yao, relatando numa visão etnocentrista, exaltando as glórias da etnia
Yao e demonstrando, por vezes, um certo desprezo pela cultura dos vizinhos. Pelo facto de
naqueles tempos muitas coisas estranhas ter sido introduzidas no nosso Pais e muitos
estrangeiros se ter vindo instalar entre nós (Arquivo Histórico de Moçambique 1983).
Essa é uma das preocupações porque o autor escreve a história da nação Yao, recordando os
costumes dos nossos antepassados, como surgiu esta nação e como foi o seu início. Porque a
história que é relatada oralmente, perde-se, pois o povo rapidamente o esquece, por isso que o
autor optou em escreve-la em forma de livro.
Liesegang sustenta que no seu trabalho, Abdallah apresenta-se simplesmente como autor
interessado no passado, com conhecimentos e capacidade de escrever e documentar o
assunto. Não exterioriza qualquer moral cristã. Aliás, ele não terá sido o único pastor africano
a aceitar o passado pré-cristão tal como ele era, sem reinterpretações excessivas (Liesegang
1988: 16).
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As fontes de informação por Yohanna Abdallah são tratadas de forma especial, na sua escrita
etnográfica a voz do nativo está em primeiro lugar, o pesquisador não tem o direito de
subsumir na escrita, e da primazia as suas fontes de informação. No prefácio da sua obra o
autor faz uma descrição dos seus informantes chaves, pois foram eles que lhe fizeram
relembrar algumas coisas e contaram muitas outras.
A informação sobre os Yao foi recolhida a partir do contacto que Abdallah tinha com vários
velhos que ele conhecia, dentre eles, chefes, anciãos e alguns amigos, estes foram
informantes que lhe deram a informação sobre os Yao (Arquivo Histórico de Moçambique
1983).
Alpers sublinha que Abdallah se dirigiu principalmente aos Yao, para os quais queria
escrever uma história nacional, e que ali se documenta uma certa viragem na sua
personalidade, que se demarca da anterior integração no mundo europeu. Mas, como se verá,
Abdallah nunca deixou de ter orgulho no que toca à sua origem social e mantinha certas
tradições africanas, deslocando-se, por exemplo, com mais pessoas do que aquelas que um
missionário britânico teria considerado necessário (Liesegang 1988: 16).
A obra está dividida em quatro (4) partes: a primeira Abdallah olha as questões sobre a
origem dos Yao; o grupo está dividido em diversas áreas; ocupações dos tempos antigos
pratica da agricultura, caça, pesca, fabricavam tecidos de casca de arvore, enxadas, eram bons
ferreiros, faziam construções; costume; cortesia; hospitalidade; danças e cerimónias de
iniciação, as brincadeiras das crianças; os funerais; tabus e oferendas; as forjas chisis e
casamentos (Arquivo Histórico de Moçambique 1983).
Na segunda parte Abdallah fala sobre o início do comércio; a viagem até a costa; início do
comércio de marfim e escravos; a grande fome e o rebentar da guerra; a dispersão dos
masaninga e a família makanjila (idem).A terceira parte aborda sobre a família makanjila; a
guerra do makanjila contra os europeus e a história do clã makanjila. E na última fala do
surgimento da Dinastia Mataka da linhagem chisyungule (idem).
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em outros aspectos. E analisou de forma detalhada os aspectos socioculturais da sociedade
Yao.
Obra de Yohanna Abdallah os Yao, para que nos é hoje, testemunho valioso param a história
desta etnia e da sua resistência, numa época em que, em Moçambique, muitos outros grupos
resistiam, economicamente, a penetração Europeia. E pelo facto da obra de Abdallah ser a
única fonte histórica escrita em Yao.
Para antropologia a obra de os Yao deixou uma rica informação acerca dos Yaos, que é um
volume único de informação histórica e etnográfica sobre os povos de fala Yao do norte de
Moçambique, do sul do Malawi e do sul da Tanzânia. Não só é notável por ser a única
compilação sobre o Yao, uma das pessoas mais importantes na história da África Oriental dos
séculos XVIII e XIX, mas também representa um dos primeiros esforços escritos do leste
africano na escrita de africana história (Arquivo Histórico de Moçambique 1983).
Dora Earthy nasceu em 1874 em Great Warley, Essex, no Reino Unido. Aos 35 anos de
idade, Dora Earthy tornou-se missionária da Anglican Society for the Propagation of the
Gospel (SPG) [Sociedade Anglicana para a Propagação do Evangelho].
Antes de ser enviada para Moçambique, Dora Earthy trabalhou na África do Sul, em
Johannesburg e Potchefstroom, entre 1911 e 1916. Entre Setembro de 1917 a Dezembro de
1930, Dora trabalhou em Moçambique, mais concretamente em Maciene (Gaitskell 2000;
Gaitskell 2012). A sua transferência para Moçambique contribuiu para uma edificação
evangélica baseada nas tradições culturais africanas e numa pesquisa antropológica bem
como na contribuição para a protecção e validação da autonomia das viúvas cristãs contra
novos casamentos coercivos (Gaitskell 2000).
Na África do Sul, Dora aprendeu o Dutch, Xhosa e Tswana. Mais tarde, em Moçambique ela
aprendeu o Chopi e o Shangana. Para além disso, ela procurou melhorar o seu português em
Portugal a caminho de casa, por um ano. Para além da facilidade com as línguas, Dora Earthy
tinha uma forte personalidade e era bastante simpática, o que facilitou imenso a sua inserção
no seio das mulheres onde fez o seu trabalho missionário bem como a sua pesquisa
antropológica, portanto, Dora Earthy faleceu em 1960.
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Em 1921 Dora Earthy começou a reflectir profundamente na possibilidade de materializar o
seu interesse antropológico, graças a uma cópia da revista International Review of Missions
(IRM) que trazia um artigo sobre o trabalho antropológico no contexto da missão religiosa,
escrito pela Margaret Sinclair Stevenson (Gaitskell 2012).
O interesse inicial da Dora Earthy em Antropologia como ciência começou quando ela estava
a trabalhar na Royal Society em Londres onde tinha que catalogar e indexar papers de
antropologia, entre outros. Dora Earthy seguiu as recomendações de Margaret Stevenson e
encomendou as obras referenciadas e outras. Por outro lado, Dora Earthy manteve contacto
com antropólogos sul-africanos ou que estavam na África do Sul. E neste grupo, as figuras
que se destacaram foram Radcliffe-Brown e Winifred Hoernlé.
O ano de 1925 constitui um marco importante para Dora Earthy em termos de publicação,
pois publicou:
Em 1929, Dora Earthy recebeu uma bolsa adicional da mesma universidade, através do
Department of Bantu Studies, para prosseguir a pesquisa sobre as populações situadas mais a
norte, neste caso os Ndaus de Sofala. Ela acabou publicando os resultados dessa pesquisa
num longo artigo e em duas notas no Bantu Studies, nomeadamente Sundry notes on the
Vandau of Sofala, P.E.A. (em 1930) e Notes on the ‘Totemism’ of the Vandau (em 1931).
Ainda sobre os Ndaus, publicou o artigo The VaNdau of Sofala em 1931 no número 2 do
volume 4 do Journal of the International African Institute.
Em 1933, Emily Dora Earthy publicou a obra Valenge Women: An Ethnographic Study, que
contou com o apoio do International Institute of African Languages and Cultures. A obra
teve uma breve introdução de Alfred Haddon. A obra mereceu uma boa crítica por parte de
vários antropólogos.
Na obra na perspectiva de Gaitskell (2012), Dora Earthy lida com a vida económica e social
das mulheres entre as quais ela trabalhou por 13 anos como missionária. Na altura da sua
publicação, a obra foi considerada de grande valor, não só para os estudantes como também
para os antropólogos trabalhando em diferentes áreas. A originalidade da pesquisa residia no
método usado que foi de uma aproximação simpática e íntima para o estudo da vida social,
religiosa e económica, um tema em que os antropólogos do sexo masculino estavam
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claramente em desvantagem, pois há capítulos na obra que tratam de temas como gravidez,
parto e ritos secretos de iniciação para as raparigas que demonstram as vantagens da pesquisa
por uma mulher.
Ela conseguiu criar uma rede de influência sobre as senhoras da igreja e que posteriormente
viria a dar origem a obra de Valenges women, criou na igreja uma espécie de um movimento
das mulheres viúvas na qual criou uma aproximação e ai ela abriam a sua vida conjugal
(idem).
Para Gaitskell (2012) A obra da Emily tem um legado importante na medida em que da uma
contiguidade num dos aspectos da obra de Junod, especificamente, na perspectiva sobre o
irmão do pai que antes abordado por Junod (Sororato e Levirato), a obra ee muito rica na
medida em que possui uma particularidade de detalhes únicas e de extrema exclusividade,
caracterizada por uma conquista de confiança
A grande contribuição da Emily na antropologia consiste na medida em que em que ela teve
interação com o Malinowski e Radcliffe-Brown, sendo que também já trabalhou escrevendo
para o Alfred Hadon, portanto ela fez uma analise antropológica sendo uma que havia
interagido com os pais fundadores, o trabalho é considerado um clássico em Moçambique,
trazendo uma referencia na antropologia moçambicana e africana que esta ligada a
antropologia Mundial (idem)
Henri-Philippe Junod nasceu em 1897 em Neuchatel, Suíça, filho de Henri Alexandre Junod
e de Emilie Bioley, filha de um rico industrial da Suíça ocidental. Durante os primeiros anos
de vida, Henri-Philippe viveu na África do Sul onde o seu pai trabalhava como missionário.
Com a morte súbita da mãe em 1901, seu pai enviou-lhe para a Suíça para viver com a avó.
Assim, passou a sua juventude na Suíça onde fez a formação educacional e graduou-se com
Bacharelato em Teologia pela Universidade de Neuchatel em 1920 (Morier-Genoud 2011:
195).
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preparação missionária bem como a Portugal, juntamente com a sua noiva Idelette Schnezler
(uma enfermeira), para aprender a língua portuguesa, a língua falada no Moçambique
colonial. Depois do casamento, Henri-Philippe e a esposa foram viver em Lourenço Marques
em Junho de 1922.
Eles foram colocados numa missão rural, em Manjacaze, sul de Moçambique, onde Henri-
Philippe trabalhou por 7 anos. O interesse de Henri-Philippe Junod em antropologia
começara antes de ele deixar a Europa. Quando esteve em Londres, ele lera obras e
frequentou cadeiras extras em antropologia no Board of Study for Preparation of Future
Missionaries, que eram lecionadas pelo evolucionista Reverendo Professor Edwin Oliver
James (Morier-Genoud 2011: 196).
A antropologia era para Henri-Philippe Junod um meio destinado a atingir um fim, e não um
fim em si. Ao longo da sua vida, Henri-Phillipe sempre procurou enfatizar que era
missionário. Mas, Por outro lado, Henri-Phillipe procurou seguir o legado do pai A quebra
na relação entre antropólogos profissionais e missionários pode ter ocorrido entre 1928 e
1934, a Junod deu uma contribuição ao publicar pela primeira vez a descrição sobre os
Chopes e os Ndau Henri-Philippe Junod morreu em 1987 aos 90 anos de idade(idem).
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4. Conclusão
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Referências Bibliográficas
Abdallah, Yohanna B. 1983. “Os Yao”. Introdução e notas, Maputo: Arquivo Histórico de
Moçambique, pp. 1-103.
Liesegang, Gerhard. 1988 “Achegas para o estudo das biografias de autores de fontes
narrativas e outros documentos da história de Moçambique, I: Yohanna Barnaba Abdallah
(ca. 1870-1924) e a Missão de Unango” ARQUIVO 3: 12-34.
Gaitskell, Deborah. 2012. “Dora Earthy’s Mozambique Research and the Early Years of
Professional Anthropology in South Africa” in Patrick Harries and David Maxwell (ed.) The
Spiritual in the secular: Missionaries and knowledge about Africa. Michigan, Cambridge:
WM-B Eerdmans Publishing. pp. 275-321.
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