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FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA E ANTROPOLOGIA

LICENCIATURA EM ANTROPOLOGIA 3ᵒ Ano, 2022

Cadeira: Antropologia Urbana

Docente: Doutora Margarida Paulo

Discente: Celestina Cumbane

Referência bibliográfica
Epstein, L. 1969. Gossip, Norms and Social Network. In: Social Network in Urban
Situations: Analysis of Personal Relationship in Central Africa Towns, pp. 117-123.
Manchester: Institute for African Studies.

O texto de Epstein (1969) tem por objectivo principal analisar a difusão de ideias e rumores
através das redes sociais, rastrear a origem e o fluxo da fofoca e também examinar o conjunto
de normas em que as pessoas envolvidas transmitem a fofoca. O autor baseou-se no método
quantitativo e revisão de literaturas sobre redes sociais e também sobre alguns estudos que
fizeram o uso extensivo dele.

O autor afirma que as fofocas serviam para reforçar a posição de status dos fofoqueiros,
portanto as fofocas operam na manutenção e no reforço das normas sociais estabelecidas pelo
grupo. O autor utiliza a ideia de rede como um sistema de trocas de informações, capaz de
gerar padrões normativos para as condutas dos grupos e, consequentemente, padrões de
identificação em seus estudos urbanos.

Ele aponta para a importância das configurações da rede em termos de seus fluxos
comunicacionais, no sentido de gerar prestígio entre os agentes que a compõem. Assim, ele
afirma que toda relação social envolve a ideia de troca, e cabe ao pesquisador mapear quais
são os tipos de informação que são trocadas por meio de práticas imagéticas e discursivas.

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O autor utiliza a proposta de Bott de dividir as redes sociais em "abertas" ou "fechadas", de
acordo com o estreitamento ou a frouxidão dos laços existentes entre os diversos indivíduos
que compõem essa rede. Para ele, tais laços vão permitir que os membros de uma rede,
mediante processos internacionais, possam trocar tantos bens em forma de materiais e
serviços como bens em caráter simbólico, como informações. Tais trocas, conforme sugere o
autor, passam a ser fundamentais para a configuração de status e prestígio para os membros
da rede.

O autor afirma que uma rede é composta por pares de pessoas que interagem entre si em
termos de categorias sociais e, portanto, se consideram iguais sociais aproximados, ignorando
nesse contexto as pequenas diferenças de status social que podem existir entre elas. Uma vez
que é essencialmente "pessoal", a rede permite muitas configurações diferentes ", e estas, por
sua vez, podem fornecer a base para uma rede de tipologia"

O autor salienta que conforme podemos perceber pelas diversas conceituações apresentadas,
redes podem ser pensadas em sentidos diversos: ou como sistema de integração entre pessoas,
mediante práticas de interação, em um sentido mais social; ou como um sistema de troca de
mercadorias e bens materiais, em um sentido mais econômico; ou como trocas de
informações e bens simbólicos, em um sentido mais cultural.

O autor conclui que rede trata-se de um tipo de configuração social que não pode ser
considerado um grupo ou agrupamento, por seu carácter fluido e pela ausência de uma
unidade entre os membros, pois estes não estão necessariamente todos em contacto uns com
os outros, de forma direta, em prol de um objetivo comum, como no caso de um grupo; as
relações se dão através de ligações entre os agentes, de forma interpessoal, marcados por um
fluxo de informações, bens e serviços, que irão resultar em processos de interação cujas
fronteiras não são estáticas, mas se encontram em permanente construção e desconstrução.
Conclui ainda que o material apresentado neste texto relaciona-se principalmente para um
tipo de rede na qual os vários componentes de função estão subordinados ou se fundem com
os da classe.

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