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FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA E ANTROPOLOGIA

LICENCIATURA EM ANTROPOLOGIA 3ᵒ Ano, 2022

Cadeira: Antropologia Urbana

Docente: Doutora Margarida Paulo

Discente: Celestina Cumbane

Referência bibliográfica
Portugal, Sílvia. 2007. “Contributos para uma discussão do conceito de rede na teoria
sociológica”. Oficina do CES, n°. 27: 1-36.

O texto de Portugal (2007) tem por objectivo principal analisar o conceito de redes que
estabelecem as relações sociais, relativamente aos comportamentos estabelecidos pelas
sociedades, na qual o autor denomina de “redes sociais”. Pretende-se aqui destacar a sua
estrutura, o procedimento metodológico, o seu estabelecimento e as componentes das redes.
A autora baseou-se no método quantitativo e revisão de literaturas sobre redes sociais e
também sobre alguns estudos que fizeram o uso extensivo dele.

A autora inicia com a constatação do uso do termo redes nos diversos domínios, afirmando
não ser uma construção da atualidade, coloca no desenvolvimento da comunicação e no
fortalecimento das relações entre as pessoas como as razões para a diversidade de uso do
termo.

A autora afirma que a potencialidade dos estudos das redes faz com que sejam utilizadas para
campos diferentes do da sociologia e, alguns cientistas da física, assuem o argumento que há
alguma conexão entre todos e assim a rede é uma (inter) conexão de pessoas. Apesar de
utilizado desde os anos 30 e 40, somente na segunda metade do séc. XX que o conceito de
rede social assumiu um papel central no campo sociológico, com a criação de diversas
publicações, revistas, grupos e etc. sobre o assunto. Para a autora, o conceito de redes surge

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para contrapor a forma analítica estrutural-funcionalista onde não se conseguia perceber as
interações em sociedades mais complexas.

A autora reitera dizendo que há como (re) conhecer o autor original que iniciou os trabalhos
sobre as redes sociais mas, parece, existir unanimidade ao redor de Barnes, que estudou uma
comunidade de pescadores em Bremmes. Com o aprofundamento dos estudos, conclui-se que
a formação das redes influencia na formação social dos indivíduos.

A autora afirma dizendo que “a análise das redes fornece uma explicação do comportamento
social baseada em modelos de interação entre actores sociais em vez de estudos os efeitos
independentes de atributos individuais ou relações duais”. Então é necessário ir além da
compreensão do encadeamento didático dos conceitos de informação, conhecimento e saber,
sendo necessário en¬tender também que a interação entre os actores influenciam os efeitos
que advém das relações duais e que estão intrinsecamente interligados com o fluxo
comunicacional nas redes.

A autora traz em seu texto dois contributos da análise de redes que são fun¬damentais para a
tradição sociológica: o estatuto das análises micro na construção da macro-sociologia e a
relação entre a estrutura social e ação individual. Para a autora a teoria das redes exige que a
teoria sociológica macro-estrutural seja construída sobre fundações micro. Assim, a análise
das redes permite focalizar no comportamento individual sem perder de vista a interação dos
indivíduos nas estruturas sociais.

A autora partir do conceito de Marx sobre o capital como uma forma de conseguir o lucro, o
capital social parte da ideia que os indivíduos interagem com a sua rede para conseguirem
gerar lucros. Lucros que, portanto, são produzidos pelo envolvimento com o mercado, seja
ele econômico, político, de trabalho ou na comunidade. São quatro os fatores existentes na
rede social, que condicionam o comportamento dos indivíduos, e são vistos como capital
social: o fluxo de informações como um fator de conhecimento dos indivíduos, a influência
dos laços nas decisões, os laços sociais como credenciais e o sentimento de identidade e
reconhecimento.

A autora conclui que o grande desafio da operacionalização das redes é responder às questões
“quem?” e “o quê?”, essas questões dão conta da forma e do conteúdo das relações existentes
nas redes. Assim, como procedimentos metodológicos para análise a autora apresenta três
tipos fundamentais: abordagem estrutural, baseada em procedimentos sociométricos,

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abordagem que consiste na seleção de um informador privilegiado e a abordagem
egocentradas que reconstitui a rede de relações de um determinado sujeito.

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