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LICENCIATURA EM ANTROPOLOGIA
Docente:
Emídio Gune
Discentes:
Celestina Cumbane
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1. Antropologia do gabinete”, “Antropologia da varanda” e “Trabalho de campo, com
imersão” (procedimentos metodológicos adoptados no processo de produção de
conhecimento antropológico e inovações e limitações)
1.2. Na antropologia da varanda vigorou No final do Século XIX, em 1898, já podemos nos
referir à segunda expedição de Haddon ao Estreito de Torres, cujas preocupações centrais
eram etnológicas. Esta expedição foi integrada por uma equipe de cientistas, antropólogos,
biólogos e psicólogos (W.H.R. Rivers, Haddon, Seligman, Ray) com interesses em
antropologia física, antropologia biológica, testes psicólogos e linguísticos. Embora os
interesses dessa segunda expedição fossem antropológicos, o tipo de trabalho de campo
realizado estava longe do que posteriormente viria a ser considerado o moderno método de
trabalho de campo, já que muitas das informações eram recolhidas de segunda mão por
relatos de missionários, comerciantes, empregados do governo; mas um dos avanços nesta
expedição foi a ideia de que esses estudos tinham que ser feitos: de forma intensiva; e em
áreas limitadas.
As limitações consiste na medida em que Essa mesma situação que imperava na antropologia
inglesa no final do Século XIX, à antropologia norte-americana do final daquele século “o
trabalho de campo desenvolvido na América do Norte foi o resultado de uma tradição difusa,
não dirigida, assistemática, individualizada e, frequentemente, as descrições etnográficas da
vida indígena eram realizadas por observadores entusiastas mas não treinados.
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1.3. Quanto a antropologia do trabalho do campo, Malinowski foi considerado aquele
que produziu (e encarnou) a revolução metodológica que significou a passagem da
varanda da missão para o centro da aldeia para assim de alguma forma participar da
vida nativa
O etnógrafo que ele representa é aquele que “busca a objetividade e se esforça por ter uma
visão científica das coisas” Sua figura expressou, com grande ênfase, a direção que o
etnógrafo tem que tomar isolando-se dos brancos e tentando viver somente junto aos nativos,
compartilhar seu cotidiano para observar seus estados de ânimo, em busca da totalidade da
vida social dos nativos. Neste sentido, ele expressa que “as vezes convém que o etnógrafo
deixe de lado a câmara, o caderno e a caneta, e intervenha ele mesmo no que está ocorrendo,
da varanda o malinowski trás mudanças significativas como: 1- ao centro da aldeia 2- da
pergunta à observação participante 3- da representação do grupo para a incorporação da
experiência vivida (MALINOWSKI, 1978, p. 18).
Por outro lado, O elemento que se insinua no trabalho de campo é o sentimento e a emoção –
os hóspedes não convidados da situação etnográfica. E tudo indica que tal intrusão da
subjetividade e da carga afetiva que vem com ela, dentro da rotina intelectualizada da
pesquisa antropológica, é um dado sistemático da situação
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2. O etnocentrismo é um termo técnico para esta visão das coisas segundo a qual nosso
próprio grupo é o centro de todas as coisas e todos os outros grupos são medidos e avaliados
em relação a ele. Cada grupo alimenta seu próprio orgulho e vaidade, considera-se superior,
exalta suas próprias divindades, olha com desprezo as estrangeiras e projecta valores no
conceito do mesmo. Cada grupo pensa que seus próprios costumes são os únicos válidos e se
ele observa que outros grupos têm outros costumes, encara-os com desdém”
E esta tendência de alguém tomar a própria valores como centro exclusivo de tudo, e de
pensar sobre o outro também apenas a partir de seus próprios valores e categorias muitas
vezes dificulta um diálogo intercultural, impedindo o acesso ao inesgotável aprendizado que
as diversas culturas oferecem, assim limitando a qualidade do conhecimento antropológico.
Por isso é errado, conceitual e eticamente, sustentar argumentos de ordem racial/étnica para
justificar desigualdades socioeconômicas, dominação, abuso, exploração de certos grupos
A fim de pensar essa coerência interna, Malinowski elabora uma teoria (o funcionalismo) que
tira seu modelo das ciências da natureza: o indivíduo sente certo número de necessidades, e
cada cultura tem precisamente como função a de satisfazer à sua maneira essas necessidades
fundamentais. Cada uma realiza isso elaborando instituições (econômicas, políticas, jurídicas,
educativas...), fornecendo respostas coletivas, que constituem cada uma a seu modo, soluções
originais que permitem atender a essas necessidades.
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campo, onde Malinowski tornou-se um dos representantes funcionalistas que mais atuou no
campo dos estudos antropológicos.
O aspecto inovador trazidos pelo autor foi de formular uma teoria antropológica particular, ou
seja, uma visão parental dos grupos familiares para compreender o funcionamento das
dimensões ou aspectos económicos, políticos, legais e religiosos de uma sociedade.
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As limitações desta teoria consiste na medida em que as sociedades são diversas e dinâmicas
e nem sempre a teoria pode ter consistência em analisar sociedades complexas em que as
analises partem do particular, ou seja de um grupo de família para compreender as diferentes
dimensões de uma sociedade, portanto a teoria particularista é vaga, a questão é: quantos
grupos familiares o cientista teria que analisar e quanto tempo isso levaria?
O método inovador introduzido pelo Geertz é a interpretação de textos, na qual aqui ele vai
afirmar a briga de galos como um texto, dentre outros textos que formam uma cultura e
afirmar as possibilidades do método interpretativo. Superação das análises das formas
culturais: “dissecar um organismo, diagnosticar um sintoma, decifrar um código ou ordenar
um sistema” postas de lado em benefício de uma análise próxima à “penetração de um texto
literário”; não é um problema de mecânica social e sim de “semântica social
Objetivo do texto para Geertz se toma a briga de galos, ou qualquer outra estrutura simbólica
coletivamente organizada, o antropólogo, cuja preocupação é com a formulação de princípios
sociológicos, não com a promoção ou apreciação de brigas de galos, ou seja, briga de galos
serve para exemplificar possibilidades do método interpretativo: o antropólogo lendo o
conjunto de textos que forma a cultura por cima dos ombros dos nativos então há aqui um
objetivo triplo: fazer uma descrição etnográfica densa da briga de galos, exemplificando um
método interpretativo e fortalecendo a defesa de uma teoria da cultura enquanto um conjunto
de textos
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Quanto as limitações, a primeira consiste na falta de rigor metodológico, os dilemas
epistemológicos da estrutura original, a hermenêutica, deixa a análise cultural vulnerável aos
céticos, que permanecem ‘alérgicos’, como disse Geertz ‘a tudo que seja literário ou inexato’.
Dada a natureza qualitativa da análise cultural, quais são as garantias de controlo de
qualidade oferecidas por Geertz além daquelas de seu próprio talento prodigioso?
Não requer que se diga de que maneira os ‘textos culturais’ se relacionam uns com os outros
ou com os processos gerais de transformação econômica e social. A análise cultural de Geertz
é tão estática quanto qualquer estruturalismo.“O tempo é simplesmente outra modalidade de
deslocamento, uma outra forma de alheamento. O significado é descrito, nunca
inferido.“Geertz afirma que ‘o homem é um animal suspenso nas teias de significado que ele
próprio teceu’. As teias, não o ato de tecer; a cultura, não a história; o texto, não o processo
de textualização,são essas as coisas que atraem a atenção de Geetz.