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Fundamentos Antropológicos e Sociológicos

Tema 2. Introdução a Antropologia Cultural



Profa. Dra. Antônia Miguel

1

Identificar o percurso histórico da construção da


Antropologia como campo científico, destacando a
importância de alguns teóricos.

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Introdução a Antropologia Cultural

A construção da Antropologia como


campo científico, seu objeto e suas
abordagens nas ciências humanas.

Compreender a cultura como seu objeto


principal, identificando o percurso
histórico e as teorias cunhadas nesse
campo científico.

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O que é Antropologia?
De uma forma bem simples, podemos dizer que
Antropologia é a ciência cuja finalidade é, por meio
do método comparativo, descrever e analisar as
características culturais do homem.
A Antropologia, portanto, estuda a cultura.

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Mas, afinal, o que é a cultura, objeto privilegiado da


ciência antropológica?
Existem incontáveis definições de cultura, mas aqui
adotaremos uma bem ampla e compreensível para
todos.

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A CULTURA É UMA LENTE ATRAVÉS DA QUAL SE VÊ O


MUNDO.
AS PESSOAS NÃO SOBREVIVEM SIMPLESMENTE. ELAS
SOBREVIVEM DE UMA MANEIRA ESPECÍFICA, DE
ACORDO COM A CULTURA EM QUE VIVEM.

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A cultura é um complexo de padrões de linguagem,


costumes, comportamentos, crenças,instituições e
outros valores simbólicos e materiais transmitidos
coletivamente e característicos de uma sociedade.

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Pode ser simbolizada como um mapa, um receituário, um


código segundo o qual os nativos de um grupo social pensam,
classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmos.
É justamente porque compartilham de parcelas importantes
desse código, que um conjunto de seres humanos com
interesses e capacidades distintas e até mesmo opostas
transformam-se em um grupo e podem viver juntos, sentindo-
se parte de uma mesma totalidade.
Vamos entender os caminhos que a ciência antropológica
percorreu e desenvolveu para compreender a cultura.

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A ANTROPOLOGIA E O TRABALHO DECAMPO


No final do século XIX e início do século XX, os
estudos dos antropólogos nas chamadas sociedades
“primitivas” foram determinantes para o
desenvolvimento das técnicas de pesquisa que
permitem recolher diretamente observações e
informações sobre a cultura nativa.

Esses sujeitos, também conhecidos como antropólogos


de gabinete, pensavam o mundo pelo olhar de suas
sociedades, como algo estranho.

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As sociedades estudadas diretamente por esses


antropólogos eram sociedades sem escrita, longínquas,
isoladas, de pequenas dimensões, com reduzida
especialização das atividades sociais, sendo
classificadas como “simples” ou “primitivas” em
contraste com a organização“complexa” das
sociedades dos pesquisadores.

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Foram os trabalhos de campo de Franz Boas (1858-1942)


entre 1883 e 1902 e, particularmente, a expedição de
Bronislaw Malinowski (1884-1942) às ilhas Trobriand, que
consagraram a ideia de que os antropólogos deveriam
passar um longo período na sociedade que estivessem
estudando para encontrar e interpretar seus próprios
dados, em vez de depender dos relatos dos viajantes,
como faziam os “antropólogos de gabinete”.

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Franz Boas


Antropólogo
americano que
inaugura a
construção do
entendimento da
cultura do outro e
seu espelho para
quem analisa.

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Nos primeiros trinta anos do século XX, o trabalho de campo
passou a orientar as pesquisas antropológicas.

Franz Boas, um geógrafo de formação, crítico radical dos
antropólogos evolucionistas, ensinou que no campo tudo
deveria ser anotado meticulosamente e que um costume só
tem significado se estiver relacionado ao seu contexto
particular.

Ensinou também que, no “relativismo cultural”, o
pesquisador deveria estudar as culturas com um
mínimo de preconceitos etnocêntricos.

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Para Boas, o que constitui o “gênio próprio” de
um povo é o que se dá nas experiências
individuais e, portanto, o objetivo do pesquisador
é compreender a vida do indivíduo dentro da
própria sociedade em que vive.

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Boas foi o grande mestre da antropologia americana na
primeira metade do século XX.
Formou uma geração de antropólogos, como Ralph Linton,
Ruth Benedict e Margaret Mead,considerados representantes
da antropologia cultural americana, caracterizada por métodos
e técnicas de pesquisa qualitativa somados a modelos
conceituais próximos da Psicologia e da Psicanálise.

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Bronislaw Malinowski

Antropólogo polonês
radicado em Londres
que fundamenta a
atuação do antropólogo
atuando no campo.

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A primeira experiência de campo de Malinowski foi em 1914,
entre os Mailu na Melanésia. Impedido de voltar à Inglaterra
no início da Primeira Guerra Mundial, ele começou sua
pesquisa nas ilhas Trobriand, de 1915 a 1916, retornando
em 1917 para uma estada de mais um ano.
Essa longa convivência com os nativos teve uma influência
decisiva na inovação do método de pesquisa antropológica. Os
argonautas do Pacífico Ocidental, publicado em 1922, é
um verdadeiro tratado sobre o trabalho de campo.

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A convivência íntima com os nativos passou a ser
considerada o melhor instrumento de que o
antropólogo dispunha para compreender “de
dentro” o significado das lógicas particulares
características de cada cultura.

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Malinowski demonstrou que o comportamento
nativo não é irracional, mas se explica por uma
lógica própria que precisa ser descoberta pelo
pesquisador.

Colocou em prática a observação participante,
criando um modelo do que deve ser o trabalho de
campo:

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O PESQUISADOR, POR MEIO DE UMA ESTADA DE LONGA DURAÇÃO,


DEVE MERGULHAR PROFUNDAMENTE NA CULTURA NATIVA,
IMPREGNANDO‐SE DA MENTALIDADE NATIVA.
DEVE VIVER, FALAR, PENSAR E SENTIR COMO OS NATIVOS.

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Malinowski é considerado o pai do funcionalismo, pois
acreditava que cada cultura tem como função a
satisfação das necessidades básicas dos indivíduos
que a compõem, criando instituições capazes de
responder a essas necessidades.
A conduta de observação etnográfica, assim como a
apresentação dos resultados sob a forma monográfica,
obedece aos pressupostos do método funcional.

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A análise funcional consiste em analisar todo
fato social do ponto de vista das relações de
interdependência que ele mantém,
sincronicamente, com outros fatos sociais no
interior de uma totalidade.
Grande parte da renovação das ciências sociais se
deve às influências diretas ou indiretas dos
métodos de pesquisa de Malinowski.

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Os argonautas do Pacífico Ocidental, uma obra
seminal, provocou uma verdadeira ruptura
metodológica na Antropologia, priorizando a
observação direta e a experiência pessoal do
pesquisador no campo.

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Malinowski sugeriu três questões para o trabalho de
campo:
O que os nativos dizem sobre o que fazem? (os discursos)
O que realmente fazem? (os comportamentos e as práticas)
O que pensam a respeito do que fazem? (os valores e os
pensamentos)
Por meio do contato íntimo com a vida nativa, exaustivamente
registrado no diário de campo,Malinowski buscou as respostas
para essas questões preocupando‐se em compreender o
ponto de vista nativo.

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A Antropologia seria, portanto, o estudo segundo o
qual, compreendendo melhor as chamadas
sociedades “primitivas”, poderíamos chegar a
compreender melhor a nós mesmos.

A rica experiência de campo de Malinowski, assim como


suas propostas metodológicas, influenciou decisivamente a
aplicação de técnicas e métodos de pesquisa qualitativa na
Antropologia e nas ciências sociais.

Fonte: conteúdo digital. Tema 2 – Introdução a Antropologia Cultural

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Transformar o exótico em familiar e transformar o
familiar em exótico.

- Descobrir o “outro” em nosso próprio mundo.


- Desnaturalizar a diferença.

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Em ambos os casos é necessária a presença dos dois
termos – uma vivência dos dois domínios por um
mesmo sujeito disposto a situá-los e apanhá-los.
Essas duas transformações parecem seguir de perto
os momentos críticos da história da própria disciplina,
já que a transformação do exótico em familiar era o
movimento original da antropologia (estudar aqueles
completamente diferentes de nós).
A segunda transformação, do familiar em exótico,
equivaleria ao momento presente, quando a disciplina
se volta para a nossa própria sociedade.

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Não se trata mais de depositar no nativo africano ou
melanésio o mundo de práticas primitivas que se
deseja objetificar e inventariar, mas de descobri-los
em nós, nas nossas instituições, na nossa prática
política e religiosa.
Trata-se de poder estranhar alguma regra social
familiar e assim descobrir o exótico no que está
petrificado dentro de nós pela reificação e pelos
mecanismos de legitimação

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Nesse momento em que conseguimos transformar o
familiar em exótico nossa cultura (seja museus,
atrativos turísticos, rodoviárias, aeroportos, praias,
estilos musicais, grupos profissionais, crenças
religiosas, etc.) pode e deve ser pesquisada pela via
da antropologia.
Porque a cultura está em jogo, a diferença está em
jogo e porque, através da etnografia, podemos
registrar e descrever a diferença tal como um
antropólogo faria em outra sociedade.

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Seus vizinhos, assim como muitas das pessoas com
as quais você fala ou simplesmente passa indo para a
escola ou para o trabalho, lhe são familiares mas não
conhecidos.
No nosso mundo, em todos os lugares, “Nova Iorque,
Paris ou Rio de Janeiro, há descontinuidades
vigorosas entre o ‘mundo’ do pesquisador e outros
mundos, fazendo com que ele possa ter experiência
de estranheza, não reconhecimento ou até choque
cultural comparáveis à de viagens a sociedades e
regiões exóticas” (VELHO, 1978).

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Em outras palavras, podemos, dentro da nossa
sociedade, nos defrontar com o choque cultural,
porque ela está atravessada por linhas de clivagens
que marcam os diferentes grupos sociais que a
conformam.

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Essas diferentes clivagens delimitam o que Velho
(1978), em outro texto, denominou províncias de
significado, onde nós, como sujeitos da cultura,
transitaríamos.
Nesse trânsito a realidade e a ordem social são
permanentemente negociadas. O significado, o que as
pessoas entendem como sendo o mundo, a vida, o
lazer, não é claro, não é preciso, não é monossêmico,
mas, polissêmico, plural.

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As culturas locais que a antropologia tenta
compreender não estão cristalizadas, fixas, mas
vivas, em fluxo, em constante recriação; e isso nos
leva ao fato de que sempre estaremos diante de um
campo social no qual inúmeros agentes sociais,
grupos, coletividades, organizações, etc. lutam para
estabelecer o significado ou o sentido que deverá ser
aquele aceito por todos, legitimado por todos,
reconhecido por todos.

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Em grande medida, cultura é o mais importante conceito
da antropologia, assim como das ciências sociais como
um todo. Também é uma das noções mais complexas que
encontramos nas ciências humanas.
Simplesmente, não há acordo sobre o que seja cultura.
Sabemos, nós, antropólogos, que essa indefinição acerca
da noção já nos informa bastante sobre o próprio conceito.
Ao contrário do que podemos pensar, quando articulamos
a ideia de cultura, surgem inúmeros sentidos e
significados para ela. É por isso que dizemos que ela é
polissêmica*.

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Em todas as áreas do conhecimento, cada vez mais, a
ideia, noção ou conceito de cultura tem sido vista
como uma forma de pensarmos a diferença entre os
homens ao mesmo tempo em que pensamos sua
unidade.
Em geral, estamos falando de diferenças em todos os
planos do vir a ser do homem. Por exemplo, formas de
existir, fazer, pensar, ser e sentir.

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Toda e qualquer sociedade se constitui sobre uma versos
significados. base ou unidade biológica, o indivíduo.
Contudo, quando pensamos como cada sociedade e sua
respectiva cultura agem sobre essa unidade, moldando-a de
acordo com suas escolhas, instituições, costumes e valores,
entra em ação a idéia do Indivíduo Moral ou Indivíduo Valor.
Em cada cultura, sobre o indivíduo biológico, matéria-prima
de uma sociedade e cultura, constrói-se um outro sujeito,
que pensa, age, faz, sente, percebe, interpreta e entende o
mundo muito diferentemente de nós, por exemplo.

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Etnocentrismo e Relativismo Cultural

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Etnocentrismo pode ser entendido como a atitude que
consiste em expulsar da cultura para a natureza todos
aqueles que não participam da faixa de humanidade à qual
pertencemos e com a qual nos identificamos.

O etnocentrismo e a concepção de civilização

“[...] a sociedade do ‘eu’ é a melhor, a superior,
representada como o espaço da cultura e da civilização por
excelência. É onde existe o saber, o trabalho, o progresso.
A sociedade do ‘outro’ é atrasada. [...] São os selvagens, os
bárbaros. São qualquer coisa menos humanos [...]”
(ROCHA, 1988

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“O etnocentrismo passa exatamente por um julgamento do
valor da cultura do ‘outro’ nos termos da cultura do grupo do
‘eu’” (ROCHA, 1988).

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“uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é
tomado como centro de tudo e todos os outros são
pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos
modelos, nossas definições do que é a existência”
(ROCHA, 1988).


“No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de
pensarmos a diferença;

no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo,
hostilidade, etc.” [...]” (ROCHA, 1988).

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Vale ressaltar que podemos perceber a postura
etnocêntrica não apenas quando nos referimos a grupos
sociais distantes temporalmente ou espacialmente de nós.
Em nosso cotidiano, muitas vezes, passamos por situações
que resultam em um choque cultural.
Isto porque naturalizamos determinadas condutas e padrões
e os classificamos como normais, aceitáveis, esperados. E
outros como anormais, repulsivos, perigosos.

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“De um lado conhecemos o nosso grupo, que come igual, veste igual,
gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita
nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder
da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por
muitas maneiras, semelhantemente. Aí então, de repente, nos deparamos
com um outro, o grupo do diferente que, às vezes, nem sequer faz coisas
como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos
como possíveis. E, mais grave ainda, este outro também sobrevive à sua
maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente,
também existe. Decorre, então, do etnocentrismo procedimentos
preconceituosos e intolerantes, que não reconhecem o outro dentro dos
limites que sua cultura estabelece.” (LARAIA, 2001)

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REFLEXÃO

Como podemos, então, combater essa tendência ao etnocentrismo,


própria de toda sociedade?

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“Quando o significado de um ato é visto não na sua
dimensão absoluta mas no contexto em que acontece:
estamos relativizando” (ROCHA, 1988).


• “Enfim, relativizar é ver as coisas do mundo como
uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz
de ter um fim ou uma transformação” (ROCHA,1988).

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Adotando a prática do relativismo cultural.


Como observa Roberto da Matta (1993), esta é a postura,
privilegiada pela Antropologia contemporânea, de buscar
compreender a lógica da vida do outro.

Antes de cogitar se aceitamos ou não esta outra forma de
ver o mundo, a Antropologia nos convida a compreendê-la,
e verificar que ao seu jeito outra vida é vivida, segundo
outros modelos de pensamento e de costumes.

Assim, o relativismo cultural pressupõe o reconhecimento
das diferenças culturais, sem hierarquização de saberes e
visões de mundo.

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Por isso, faz-se necessário o exercício da alteridade, ou
seja, a postura de apreender a visão do outro na plenitude
de seu significado.

Alteridade pressupõe a valorização da diversidade
cultural, da diferença. Dessa forma, não hierarquizamos
formas e estilos de vida, mas reconhecemos que é
justamente na variedade de formas de viver que reside a
riqueza da vida humana.

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Alteridade
Enquanto a empatia refere-se à capacidade de colocar-se no
lugar do outro, sentir a dor do outro de maneira imaginária ou
por analogia, a alteridade é a capacidade de reconhecer que o
outro é daquele jeito porque ele é, essencialmente, diferente de
você.

Além do reconhecimento da diferença, a alteridade propõe um
respeito ético ao outro como ser singular. É na alteridade que
surge a tolerância.

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Diversidade Cultural

A diversidade cultural é marca irrefutável da humanidade,


sendo objeto de construção de imagens de nós mesmos, seja
pelo senso comum, seja pelos pensadores que produziram
diferenciadas interpretações da sociedade brasileira.

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Entre todas as sociedades humanas conhecidas coexistem
diversos hábitos, costumes, línguas, crenças, saberes etc. A
essa multiplicidade de formas de ver, sentir e se inserir no
mundo damos o nome de diversidade cultural.

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No mundo contemporâneo, a diversidade cultural assumiu
grande relevância para a compreensão dos fenômenos
sociais devido ao processo de globalização ocorrido a partir
da década de 80 do século passado, quando a influência dos
países ocidentais mais ricos, em especial os Estados Unidos,
passou a se dar em escala mundial.

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Contudo, não houve uma padronização total da cultura ao redor
do mundo.

Como resposta, houve o que se conheceu como movimentos
antiglobalização, que visam contestar não apenas o domínio
econômico norte-americano, mas também sua dominação
cultural.

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Culturalmente, com o vertiginoso avanço da tecnologia, da
mídia, da informática e com a diluição de fronteiras
geográficas, tem-se acelerado o intercâmbio cultural.
O mundo assume, definitivamente, as feições e as marcas
da multiculturalidade, da diversidade cultural, fazendo-nos
crer que estamos condenados a pensar a unidade humana
na base de sua diversidade cultural e nos desafiando a
desenvolver a capacidade de conviver com as diferenças.

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É nesse contexto que se impõe o multiculturalismo,
baseado na convivência de culturas diversas em uma
mesma sociedade, buscando não hierarquizar as
diferentes culturas coexistentes, reconhecendo a
diferença como algo positivo.

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O multiculturalismo é o reconhecimento das diferenças, da
individualidade de cada um. Daí então surge a confusão: se o
discurso é pela igualdade de direitos, falar em diferenças
parece uma contradição. Mas não é bem assim.
A igualdade de que se fala é igualdade perante a lei, é
igualdade relativa aos direitos e deveres. As diferenças às
quais o multiculturalismo se refere são diferenças de valores,
de costumes etc., posto que se trata de indivíduos de etnias
diferentes entre si.

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Neste sentido, nas sociedades contemporâneas, nas quais a
diferenciação dos indivíduos faz com que se identifiquem
enquanto seres humanos e enquanto membros de
determinado contexto social, o conflito de culturas é
inevitável.
Assim, se o processo de globalização cada vez mais
aproxima grupos de culturas diferentes, a diversidade
cultural passa a ser alvo de intensos debates. Aliás, isto se
constitui em um grande desafio frente à realidade onde se
pretende o igual, mas, ao mesmo tempo, exige-se o diferente.

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Nessa perspectiva, levar em conta a pluralidade cultural no
âmbito da educação implica pensar formas de reconhecer,
valorizar e incorporar as identidades plurais em políticas e
práticas cotidianas.
Significa, ainda, refletir sobre mecanismos discriminatórios
que tanto negam voz a diferentes identidades culturais,
silenciando manifestações e conflitos culturais, bem como
buscando homogeneizá-las em uma perspectiva
monocultural.

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A despeito dos desafios impostos pelo mundo
globalizado, é preciso que reconheçamos a necessidade
do convívio em uma sociedade cuja realidade é
multicultural. Para tanto, devemos, mais do que respeitar,
valorizar as diferenças próprias de cada indivíduo.

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Referências:

Conteúdo digital. Introdução a Antropologia Cultural

DAMATTA, Roberto - Relativizando, Uma introdução à antropologia social.
Rio de Janeiro, Rocco, 1991.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura, um conceito antropológico. Rio de
Janeiro, Zahar, 2001.

MOURA, Solange Ferreira de [organizador]. Livro didático de fundamentos das
CiênciasSociais.. Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2013.

ROCHA, Everardo. O que é Etnocentrismo. Coleção Primeiros Passos. Brasiliense,
1996.

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