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Introdução a antropologia cultural de

moçambique: história da alimentação

1
Competências

• Adquire conhecimentos sobre a evolução do pensamento antropológico até a


actualidade;

• Identifica as diversidades étnicas

• Analisa principais áreas de teorização da antropologia

2
Resultados de
aprendizagem
Até ao fim desta aula o estudante deve ser capaz de:
• Definir os conceitos básicos da Antropologia;
• Descrever as principais áreas de interesse da antropologia;
• Descrever a relação da antropologia com uma disciplina específica;
• Descrever a Identidade cultural e moçambicanidade;
• Descrever Evolução do pensamento antropológico;
• Descrever os períodos do pensamento antropológico;
• Descrever as correntes antropológicas;
• Explicar as práticas etnográficas no Moçambique

3
Conceitos básicos da antropologia cultural

4
Conceitos básicos da
antropologia cultural
• No sentido mais lato a Antropologia costuma ser definido como a ciência
social preocupada em estudar o homem e a humanidade de maneira
totalizadora, ou seja abrangido todas as sua dimensões.

• A antropologia pode ser entendida como a ciencia que estuda o homem. Mas
podemos nos perguntar: qual é a especificidade da antropologia?

• Dado que a psicologia, a medicina, e todas as ciências humanas têm como


objetivo o estudo do homem, de algum ponto de vista especifico, qual é o
objeto da antropologia?
Cont.
A antropologia estuda o homem, suas actividades e seu comportamento.

Antropologia é a ciência que estuda as diversidades humanas e concebe o


homem como um ser:
Holístico (dimensão, Biológica, histórica, económica, politica, social, cultural,
filosófica etc
Global (universal)
Intemporal (passado presente e futuro)
Cont.
• A antropologia pode nos ensinar uma importante lição:

“nossa sociedade não é superior a qualquer outra, seja ela do sul, norte ou
centro”

• Estuda os produtos e as acções dos seres humanos: comportamento social,


costumes, cultura, rituais, parentesco, vida quotidiana, cultura material,
tecnologia, relações sociais, etc.
Cont.

O que difere a antropologia das outras ciências sociais ou humanas é a


Perspectiva

• Dimensões biológicas,
• Psicológicas e
• Culturais.
Objecto de estudo
da antropologia
O objecto de estudo da antropologia é Homem “cultura”

A antropologia oferece um conhecimento humano e comparativo do mundo e da sua


diversidade cultural.

O objecto de estudo da antropologia engloba o conhecimento de sociedades


humanas, letradas ou ágrafas, extintas ou vivas, existentes nas várias regiões da terra.
Cont.
• O antropólogo tem a missão de explicar os princípios da formação e
desenvolvimento das sociedades e culturas humanas.

• Busca respostas aos problemas que se levantam, na tentativa de


compreender as semelhanças, e as diferenças físicas, psíquicas, culturais e
sociais entre os grupos humanos.

• Ex. Brancos e pretos; a indumentaria dos povos etc

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Etnia Hamer da Etiópia

Tribo Masai Tanzania Moçambique 11


O objectivo da
antropologia

• A antropologia fixa como seu objectivo o estudo da humanidade, do homem


e as suas obras como um todo, “Holístico” concebendo o homem como
expressão global – biopsicosociocultural – isto é, o homem como ser
biológico pensante, produtor de culturas e participante da sociedade,
tentando chegar, assim, à compreensão da existência humana.

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Principais áreas de interesse da antropologia

13
Principais áreas de
interesse da antropologia

Exercícios
Descreva as áreas de interesse da antropologia
• Antropologia biológica
• Antropologia pré-histórica;
• Antropologia psicológica;
• Antropologia linguística;
• Antropologia social e cultural.
• Antropologia medica

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A antropologia
biológica
• A antropologia biológica, diz essencialmente respeito ao estudo das
variações dos caracteres biológicos do homem no espaço e no tempo.

• A Antropologia Biológica e o estudo das relações entre o património


genético humano e o meio geográfico e social, relacionando as
particularidades morfológicas e fisiológicas com o contexto ambiental e com
a evolução destas particularidades.

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A antropologia
histórica
• A antropologia histórica corresponde a um vasto programa de investigação
sobre o passado das sociedades desaparecidas e das actuais. A ela pode
acrescentar-se a antropologia pré-histórica e a etno-história

• A antropologia pré-histórica, estuda a existência do homem num passado


muito remoto, relativamente ao qual não existem documentos escritos.
• Por esta razão, a investigação faz-se recorrendo à busca de vestígios
materiais deixados por sociedades muito antigas e conservados no solo.

16
Cont.
A antropologia pré-histórica tem por finalidade a reconstituição das
sociedades desaparecidas nos seus diferentes aspectos

A diferença entre a etno-história e a antropologia pré-histórica reside no


facto de o etno-historiador trabalhar directamente com o tempo da oralidade
local e o antropólogo pré-historiador recolher o seu material de investigação
em escavações feitas no solo

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A antropologia
linguística
• A linguagem corresponde a uma realidade social fundamental através da
qual os membros de uma sociedade comunicam e exprimem as suas
ideias, o seus valores, as suas preocupações

18
Cont

• Reconstruir línguas antigas por meio da comparação.


• Estudar os traços universais da linguagem.
• Pesquisar na relação entre identidade e língua.
• Investigar o uso social da fala e a sua ligação com as diferenças sociais.
Cont.

• Por tanto, a linguagem corresponde a uma realidade social fundamental


através da qual os membros de uma sociedade comunicam e exprimem as
suas ideias, o seus valores, as suas preocupações etc
A antropologia
social e cultural
• A antropologia social e cultural tem como objecto de estudo as formas em que
as sociedades percebem o mundo e como organizam o seu cotidiano

• A antropologia social e cultural estuda a cultura de um grupo tanto na sua


dimensão cultura material, que se refere às coisas que os homens produzem e
com as quais intervêm na natureza, quanto na sua dimensão cosmológica-
cognitiva-organizacional, que abrange os sistemas de ideias e de valores,
através dos quais se organiza a percepção do mundo..
21
Antropologia Medica

Estuda as representações sociais da medicina


Saúde
Doença Biomedicina
Diagnostico
Terapia e eficácia.

Medicina Tradicional
Cont.

A antropologia medica busca conhecer as representações socias da saúde e


doença considerando-se assim a dimensão biológica, os factores culturais,
socioeconómicas, políticos, ecológicos que influenciam as respostas dos
indivíduos a problemas de saúde.

23
Saúde

• A saude é concebida pelas relacoes harmoniosas entre os seres humanos e


o meio ambiente, entre entre eles e os seus antepassados e entre estes e o
meio ambiente

24
Doença
A Doenca e o estado de desarmonia entre os membros do corpo, a familia, os
vizinhos o meio ambiente e os antepassados.

Designa uma anomalia, condição ou padecimento nas relações corpóreas,


familiares ou socioculturais, interiores e exteriores, refletidas negativamente
nas habilidades comportamentais de condução de actividades sociais.
Cont.

Portanto, se o estado de harmonia falha, a desarmonia é vista como


consequência da interacção maligna dos valoy (feiticeiros) ou como uma
sanção dos espíritos dos antepassados pelo comportamento incorrecto.
Principais métodos usados em
antropologia

A etnografia como método e como prática de pesquisa

No trabalho antropológico se entende comumente com o termo “etnografia”


a fase da recolha dos dados num determinado lugar pré-escolhido para a
pesquisa (conhecido como “terreno etnográfico”, ou simplesmente “terreno”
ou “campo”).

27
Cont.

O que distingue a antropologia das outras disciplinas científicas é


exactamente esta modalidade de investigar, que prevê períodos de longa
permanência no terreno, a imersão no contexto de pesquisa, o conhecimento
da língua ou do dialecto do lugar, a observação aprofundada, a compartilha
de práticas quotidianas com pessoas que constituem “o objecto” pesquisa.

28
Cont.
• Bronislaw Malinowki que efectuou as suas pesquisas nas ilhas Trobiand da
Melanésia entre 1915 e 1918, não foi o primeiro antropólogo a colocar em
prática uma pesquisa etnográfica do tipo “moderno”.

• Foi, porém, um dos primeiros a indicar conscientemente nas práticas acima


indicadas os elementos característicos da pesquisa de campo e, portanto, a
pesquisa antropológica

29
Cont.

• A ele, se deve, o facto de ter sido o primeiro a teorizar e colocar em prática


a centralidade do método de observação participante no processo de
compreensão e explicação antropológica e ter construído, a partir de tal
consciência, aquela figura do etnógrafo profissional.

30
Cont.

• A expressão observação participante sintetiza as modalidades de interacção


do antropólogo com o campo de pesquisa durante a fase etnográfica da
pesquisa: ele tem a obrigação de viver dentro da comunidade pesquisada, de
participar na vida quotidiana deles e, ao mesmo tempo, aquela de estudá-la,
de observá-la (e observar mesmo a si no decurso da pesquisa).

31
Cont.
• Método Histórico: Consiste em investigar eventos do passado, a fim de compreender os modos de
vida do presente, que só podem ser explicados a partir da reconstrução da cultura e da observação
das mudanças ocorridas ao longo do tempo.

• Método Estatístico: Os dados, depois de colectados, são reduzido a termos quantitativos,


demonstrados em tabelas, gráficos, quadros etc.

• Método Comparativo: Permite verificar diferenças e semelhanças apresentadas pelo material


colectado. A Antropologia Física compara fósseis ou grupos humanos existentes, analisando
características anatómicas: cor de pele, do cabelo, dos olhos, índice cefálico etc.

32
TPC
Definir o conceito de antropologia e o seu objecto de estudo;
Identificar os principais métodos usados em antropologia;
Identifique as áreas de estudo da antropologia.
Explicar as áreas de estudo da antropologia
Demonstrar a relação que existe entre a antropologia e Nutrição.

33
A relação da antropologia com a nutrição

34
A relação da antropologia
com uma disciplina específica

• Na alimentação humana, natureza e cultura se encontram, pois se comer é


uma necessidade vital, o quê, quando e com quem comer são aspectos que
fazem parte de um sistema que implica atribuição de significados ao ato
alimentar

35
Cont.

• Indo mais além de sua dimensão biológica, a alimentação humana como um


ato social e cultural faz com que sejam produzidos diversos sistemas
alimentares.

• Na constituição desses sistemas, intervêm factores de ordem ecológica,


histórica, cultural, social e económica que implicam representações e
imaginários sociais envolvendo escolhas e classificações.

36
Cont.

A relação entre antropologia e nutrição e de interdisciplinaridade

Não comemos apenas quantidades de nutrientes e calorias para manter o


funcionamento corporal em nível adequado, pois o comer envolve selecção,
escolhas, ocasiões e rituais, imbrica-se com a sociabilidade, com ideias e
significados, com as interpretações de experiências e situações.

37
Cont.
Para serem comidos, ou comestíveis, os alimentos precisam ser elegíveis,
preferidos, seleccionados e preparados ou processados pela culinária, e tudo
isso é matéria cultural.

Alem do mais, a nutrição configura-se no simbolismo da alimentação


(comidas sagradas, tabus religiosos envolvidos na alimentação, comidas e
cultura popular, mitos alimentares), alimentação é o processos de interacção
social (hábitos alimentares e classes sociais, dieta e "modos de vida"

38
Brillat-Savarin,

"diz-me o que comes e te direi quem és"

"diz-me o que comes e te direi de onde vens”

39
O conceito “antropologia de cultura” e de “sociedade”;

40
O conceito da “ cultura” e
de “sociedade”
• A cultura, pois, é um termo vasto e complexo, englobando vários aspectos da
vida dos grupos humanos. Não existe ainda um consenso entre antropólogos
acerca do que seja a cultura

Tylor foi o primeiro a formular um conceito de cultura.


• Para ele “é aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a
arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões
adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.

41
Cont.
• A cultura não é uma herança genética, mas sim o resultado da inserção do
ser humano em determinados contextos sociais.

• É a adaptação da pessoa aos diferentes ambientes pelos quais passa e vive.

• Através da cultura o ser humano é capaz de vencer obstáculos, superar


situações complicadas e modificar o seu habitat, embora tal modificação
nem sempre seja a mais favorável para a humanidade, como podemos
perceber actualmente.

42
Cont.

• Desse modo a cultura pode ser definida como algo adquirido, aprendido e
também acumulativo, resultante da experiência de várias gerações.

• Porém, enquanto aprendiz o ser humano pode sempre criar, inventar,


mudar.

43
Cont.

• Ele não é um simples receptor, mas também um criador de cultura. Por isso
a cultura está sempre em processo de mudança.

• Desta forma o ser humano não é somente o produto da cultura, mas,


igualmente, produtor de cultura (LARAIA, 2001).

44
Classificação da
cultura
• Cultura Matéria

• Cultura imaterial

• Cultura ideal

45
Cultura Matéria

• Cultura material, quando ela é formada por coisas ou objectos


materiais, desde os machados de pedra das antigas civilizações até os
moderníssimos computadores;

46
Ex. cultura material

47
Peneiras, vassouras e
cestos;

48
Cultura imaterial

• Cultura imaterial também chamada de não material ou espiritual, quando


não tem substância material, mas, assim mesmo, é algo real, como no caso
das crenças, dos hábitos e dos valores;

49
A dança, como património cultural
imaterial.

50
Cultura ideal

• Cultura ideal, aquela que é apresentada verbalmente como sendo a


perfeita para um determinado grupo, mas que nem sempre é praticada.
Pode-se tomar como exemplo disso a cultura religiosa, a qual nem sempre
é assumida integralmente pelos que se dizem adeptos dela.

51
Características da
Cultura
A cultura é simbólica
A cultura é social
A cultura é dinâmica e estável
A cultura é universal e regional.

52
A cultura é
simbólica
• A cultura é simbólica- porque é um conjunto de significados e valores
transmitidos necessariamente através dos símbolos e sinais.

Ex. a linguagem, as regras matrimoniais, as relações económicas, a arte, a


ciência, a religião.

53
A cultura é social

Sociedade se entende como o conjunto de indivíduos que partilham da


mesma cultura e que interagem entre si formando assim uma comunidade.

• A cultura e social pois não existem manifestações culturais isoladas

• Os hábitos, os costumes, a padronização do comportamento são processos


sociais pertencentes ao grupo e não ao indivíduo.

54
A cultura é dinâmica

• A cultura é dinâmica e estável – Seu dinamismo se manifesta no processo


de recriação e reinvenção cultural encarando novas mudanças.

• O tempo constitui um elemento importante na análise de uma cultura.

• Nesse mesmo quarto de século, mudaram-se os padrões.

55
A cultura é universal e
regional.

• A cultura é universal e regional. É universal na medida em que é um


fenómeno universal e nunca ter sido constatada a existência de seres
desprovidos de cultura

56
Ex.

“universais culturais”

Todos os povos sentem as mesmas necessidades de subsistência, de


alimentação, de defesa dos perigos da natureza e dos animais, da
comunicação com outros seres humanos, da satisfação das apetências
sexuais, do respeito, da amizade, da ordem social e outros.

57
A cultura é determinante e
determinada.

• A cultura é determinante e determinada. É determinante quando se


impõe aos indivíduos e estes pouco podem fazer no sentido de fugir dos
padrões da cultura; ela determina o comportamento humano, é
responsável pela padronização do comportamento humano.

• A cultura é determinada pelo homem, pois ele é o agente activo da própria


cultura.

58
TPC
• O que entendes por etnografia?
• Descreva a observação participante.
• Porque os primeiros antropólogos evolucionistas eram considerados
“antropólogos da mesa”?
• Em que consiste o método histórico?

59
TPC

• Identifique os elementos que corporizam a cultura.


• Descreva os os elementos da cultura.
• Na classificação da cultura, demonstre as diferenças existentes entre
cultura material, cultura imaterial e cultura ideal.

60
Conceito de identidade cultural

61
Conceito de
identidade cultural
• A cultura pode ser definida como aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as
crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e habilidades
adquiridas pelo homem como membro da sociedade

• Cultura é o conjunto de práticas, de técnicas, de símbolos e de valores que devem ser


transmitidos às novas gerações para garantir a convivência social.

• Mas para haver cultura é preciso antes que exista também uma consciência colectiva que,
a partir da vida cotidiana, elabore os planos para o futuro da comunidade. 

62
Cont.
• Tal definição dá à cultura um significado muito próximo do ato de educar.

• Assim sendo, nessa perspectiva, cultura seria aquilo que um povo ensina aos seus
descendentes para garantir sua sobrevivência.

• A cultura de qualquer sociedade consiste na soma total de ideia, relações emocionais


condicionadas a padrões do comportamento habitual que seus membros adquiriram por
meio de uma instrução ou imitação e de que todos, em maior ou menor grau, participam

63
Cont.

• De modo geral o conceito de identidade aponta para um conjunto de


caracteres próprios e exclusivos com os quais se podem diferenciar
pessoas, animais, plantas e objectos inanimados uns dos outros, quer
diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes

64
Cont.

• De uma forma geral a identidade cultura e aquilo que se é” sou Makuwa, sou
Moçambicano, sou africano, sou cristão, sou filosofo, sou Matswa,
Machope, Maronga etc

• Nessa perspectiva a identidade só tem referencia a si próprio, aquilo que se é.

65
Identidade cultural Moçambicana

• Portanto, a identidade cultural moçambicana resulta dos traços comuns


trazidos nos diversos grupos ( as subculturas nacionais dos grupos étnicos
Changana, Ronga, Makuwa, Sena, Mandau, Lomwue, Makonde, e outros)
é que constituem elementos essenciais e consistentes tradicionalmente da
cultura, se olhado numa perspectiva nacional.

66
Etnocentrismo vs Relativismo Cultural

67
“o fulano não tem cultura ou a cultura dos fulanos é atrasada”

68
Cont.
• O etnocentrismo consiste em considerar ou afirmar que existem culturas
boas e culturas ruins.
• “O etnocentrismo pode ser manifestado no comportamento agressivo ou em
atitudes de superioridade e até hostilidade.

• A discriminação, o proselitismo, a violência, a agressividade verbal são outras


formas de expressar o etnocentrismo”.
Não existem culturas
superiores ou
inferiores 69
Cont.

Por esse motivo o relativismo cultural é muito importante.

O  relativismo cultural consiste na capacidade de compreender cada cultura


dentro do seu contexto e da sua realidade, segundo os seus padrões, os
seus modelos e processos.

70
Exercícios
Descreva as culturas Changana, Ronga, Makuwa, Sena, Mandau, Lomwue,
Makonde como resultado da diversidade cultural em Moçambique.

• Nota: referir-se da localização, língua, religião, dança, hábitos alimentares,


casamento, falecimento, atribuição do nome, poligamia e ciúmes.

71
Evolução do pensamento antropológico

72
Evolução do pensamento antropológico

• Ao longo da história do homem, inúmeros contactos entre povos de culturas


distintas ocorreram, seja para o bem ou para o mal. Nem sempre os encontros
eram pacíficos e cordiais

• Em muitas situações, havia conflito, luta, morte e sofrimento. Contudo, a


respeito de todas as tragédias na história do homem, o encontro entre outros
diferentes era uma constante.

73
Cont.

• O grande antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, no seu texto Raça e


História (1975), relata uma história vivida pelos colonizadores e os índios
americanos que mostra claramente como ambos os grupos estavam
interessados buscando entender esse outro.

• No momento da descoberta, a pergunta que os colonizadores e os índios


estavam se fazendo era sobre se os outros eram homens.

74
Cont.
• Colonizadores • Índios

Os colonizadores buscavam a E os índios buscavam na resposta no


resposta a partir da existência da corpo, afundando os corpos dos
alma nos ditos selvagens; isto é, se europeus mortos na água para observar
tem alma então são homens. se acontecia o mesmo que com os
corpos dos índios; se apodrecer, como
eles próprios, podiam concluir que
também eram homens

75
Cont.
• O que esse pensamento nos mostra é que a curiosidade movia, e ainda move, os
homens quando se encontram com aqueles que são diferentes.

• Quando no Século XV as fronteiras do mundo se ampliaram radicalmente, esses


outros começaram a estar mais presentes.

• O contacto que a cultura europeia estabelecia com a cultura dos outros, dos
índios, fazia necessário que se pensasse sobre como cada um vivia no mundo.
• Assim, não faltaram pensadores que se puseram a pensar a diferença entre os
homens
76
Cont.
• Se a Antropologia é a ciência humana e social que busca conhecer a
diferença e alteridade, então estudá-la pode nos fazer compreender que
toda e qualquer cultura é coerente em si mesma quando vista de forma total
e a partir de seus próprios pressupostos.

• Mais ainda, podemos aprender que nossa cultura e sociedade não são as
únicas, nem as mais verdadeiras, originais e autênticas

77
Cont.
• O pensamento antropológico pode nos ensinar uma importante lição:

“nossa sociedade não é superior a qualquer outra, seja ela do sul, norte
centro”

• Vistos a partir dos quadros centrais de qualquer cultura, os homens se julgam


sempre mais humanos do que os outros; mais fortes, inteligentes e sinceros
do que os outros, quaisquer que sejam

78
Cont.

• Enfim, a antropologia nos ensina a nos descentrarmos de nós mesmos assim como de nossa
própria sociedade e cultura.

• Isso é um exercício fantástico e que nos abre as portas para novos universos, novas
possibilidades e alternativas de aprendermos com os outros e de nos vermos através dos
outros, conhecendo-nos mais profundamente.

• Afinal, como disse Sahlins (1979, p.08), “o homem apreende o mundo a partir de esquemas
simbólicos que ordenam o mundo, mas que jamais são os únicos possíveis”. Isto quer dizer
que outros grupos podem organizar o mundo de forma diferentes da nossa, e nesse sentido
sempre lidamos com diferentes mundo possíveis

79
Principais períodos do pensamento antropológico.

• Período da formação,
• Período da convergência,
• Período da construção e
• Período da crítica

80
Período da formação (...até 1835)
É a pré-história da antropologia em que o homem reflecte sobre si e o universo que o rodeia.

O período estende-se até ao nascimento da universidade e descobertas marítimas onde os


viajantes reflectem também sobre as culturas de outras sociedades

Este período corresponde ainda à época de grandes descobertas e expansões dos europeus
pelo mundo, que permitiu colectar dados etnográficos para compreender a complexidade
das manifestações culturais o que mais tarde iria incidir na separação da Antropologia em
vários ramos (arqueologia, linguísitica, biologia, etcc.),

81
Período da convergência (1835-1869)

• Este período é assim designado porque existe nele uma unidade em torno
do conceito de evolução.

“(processo de desenvolvimento natural, biológico e espiritual no qual toda a


natureza , com seus seres vivos ou inanimados, se aperfeiçoa
progressivamente, realizando novas capacidades, manifestações e
potencialidades”

82
Período da construção (1869 -1900)

• Neste período, nasce a antropologia moderna com o estabelecimento do


evolucionismo como teoria, destacando-se o lançamento e influência
académica da obra A Origem das Espécies de Charles Darwin bem como o
aumento de associações de Antropologia.

• É neste período em que é conhecida a primeira definição do termo cultura e


sua apresentação como objecto de estudo da antropologia.

83
Período da crítica (1900 à...)
• O Período da crítica surge no século 20 e se estende até os dias atuais.
• O período é constituído num ambiente de desenvolvimento de outras ciências
e das comunicações que vieram incitar a difusão de ideias.

• Neste período há um padrão sistemático de crítica aos cânones de


pensamento anteriores e uma reformulação do objecto de estudo da
antropologia caracterizada por, por um lado, os antropólogos passarem a
estudar também os seus próprios povos e, por outro, por os povos que nas
épocas anteriores eram o foco dos antropólogos possuírem antropólogos que
desenvolvem estudos sobre eles próprios
84
Práticas etnográficas no moçambique colonial e
pós colonial;

85
Práticas etnográficas no Moçambique
Conceito

Em antropologia, “etnografia” a fase da recolha dos dados num determinado


lugar pré-escolhido para a pesquisa (conhecido como “terreno etnográfico”,
ou simplesmente “terreno” ou “campo”)

86
Cont.

O Antropólogo faz parte da etnografia que observa: é uma pessoa que estuda
outras pessoas, é um sujeito que estuda outros sujeitos humanos (objecto de
estudo), o que implica uma inter-subjectividade na forma de produzir o
conhecimento.

87
Descrição da etnografia no
contexto moçambicano

• O homem que marcou o início das pesquisas etnográficas em Moçambique foi


o grandioso antropólogo Suíço Henri-Alexandre Jonud

• Hemri-Alexandre Jonud vem para Moçambique com o objectivo de


desenvolver trabalhos religiosos (envangelização dos povos) de modo a
desenvolver trabalhos antropólogos ligados as práticas etnográficas de
Moçambique

88
Práticas etnográficas de
Moçambique colonial

• Como podemos notar já no período colonial, os portugueses preocupados


com a dominação das sociedades nas suas colonias, levam a cabo trabalhos
etnográficos que numa primeira fase era efectuada por missionários,
amestradores e voluntários afins. Estes períodos de recolha de dados dividiu-
se em duas fases
• Fase da antropologia missionária
• Fase da investigação colonial

89
Fase da antropologia missionária

• Como primeiro entomólogo e botânico em terras africanas, Junod, correndo


contra a corrente dos ventos de mudança e dinâmica cultural, se esforçou em
instituir uma “antropologia de resgate”, virada a capturar os aspectos
primitivos dos seres vivos (botânica) e os usos e costumes dos primitivos
(etnologia) antes que a colonização, a modernidade e a rápida expansão da
urbanização os fizessem desaparecer

90
Fase da investigação
colonial
Esta fase divide-se em dois períodos:

1.Missão Etnográfica e Antropológica de Moçambique ( 1936 e1956/2).

2.Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Português (1957/1960).

91
Cont.
O período Missão Etnográfica e Antropológica de Moçambique o governo
colonial em Moçambique desenvolveu pesquisas com objectivo de conhecer
os grupos étnicos habitante em moçambique, seu hábitos e costumes, com
objectivo de dominação

No período intitulado, Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar


Português o governo colonial “amestradores”, já estavam embutidos de novos
discursos sobre a população da colonia, onde já eram concordantes no
discurso quanto aos povos das colonias, e criam-se decretos de integração dos
indígenas no Estado português.

92
Exercicios
As correntes antropológicas e sua operacionalização em moçambique

Descreva as correntes antropológicas:

• Evolucionismo; Difusionismo; Culturalismo; Funcionalismo; Estruturalismo.

93
TPC

• Identifique os períodos fundamentais do pensamento antropológico.


• Refira-te às principais diferenças entre o perídio de construção e o
período de convergência.
• Caracterize o período crítico.

94

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