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Aluno: Fábio Henrique Alves Pereira

FICHAMENTO – APRENDER ANTROPOLOGIA

 CAPÍTULO 4 – Os Pais Fundadores da Etnografia


o Boas e Malinowski
 A etnografia só nasce a partir do momento no qual o pesquisador
percebe que ele mesmo deve efetuar no campo sua própria pesquisa e
que o trabalho de observação é uma parte integrante da pesquisa
 O observador tem como função ser o provedor de informações e o
pesquisador possui a atividade de analisar e interpretar essas
informações. Assim sendo, o pesquisador passa a viver entre o seu
objeto de estudo, aprender a sua língua, seus costumes, a sentir suas
próprias emoções
 O trabalho de campo, longe de ser visto como um modo de
conhecimento secundário serve para ilustrar uma tese, sendo
considerado como a própria fonte de pesquisa. Por exemplo,
Malinowski ao retornar para a Grã-Bretanha impregnou-se dos
pensamentos e dos sistemas de valores o que lhe revelou a população
de um pequeno arquipélago melanésio.
o BOAS (1858 – 1942)
 Boas era considerado um homem do campo, suas pesquisas iniciarem-
se por volta do século XIX, as quais eram conduzidas por um ponto de
vista que hoje é qualificado como microssociológico.
 Boas ensina que, no campo, tudo deve ser anotado: “desde os
materiais constitutivos das casas até as notas das melodias cantadas
pelos Esquimós, e isso detalhadamente, e no detalhe do detalhe. Tudo
deve ser objeto da descrição mais meticulosa, da retranscrição mais
fiel (por exemplo, as mais diferentes versões de um mito).”
 Boas foi o primeiro, junto aos seus colaboradores, a formular a crítica
mais radical e elaborada das noções de origem e de reconstituição dos
estágios, as quais segundo ele, um costume só tem significado se
estiver associado a um contexto particular no qual se inscreve.
 É, somente, a partir de Boas que estima-se que para “compreender o
lugar particular ocupado por esse costume não se pode mais confiar
nos investigadores e, muito menos nos que, da “metrópole”, confiam
nele.” Apenas o antropólogo seria capaz de elaborar uma monografia,
ou seja, dar conta, de maneira cientifica, de uma microssociedade,
“apreendida em sua totalidade e considerada em sua autonomia
teórica.” Dessa maneira, pela primeira vez, o teórico e o observador
são unidos, dando origem a uma etnografia que não mais se contenta
em coletar materiais à maneira dos antiquários, mas procura detectar
o que faz a unidade da cultura que se expressa através desses
diferentes materiais. “Finalmente, ele foi um dos primeiros a nos
mostrar não apenas a importância, mas também a necessidade, para o
etnólogo, do acesso à língua da cultura na qual trabalha. As tradições
que estuda não poderiam ser-lhe traduzidas. Ele próprio deve recolhê-
las na língua de seus interlocutores.”
 Boas é desconhecido, apesar das suas incríveis contribuições para a
Antropologia por dois motivos:
1. Ele nunca escreveu um livro destinado ao público erudito, e os
textos que deixou são de uma concisão e rigor ascético.
2. Ele nunca formulou uma “verdadeira teoria, tão estranho era-
lhe o espirito de sistema; e a generalização apressada parecia-
lhe o que há de mais distante.”
o Malinowski (1884 – 1942)
 Foi um dos primeiros a conduzir cientificamente uma pesquisa
etnográfica, isto é, “em primeiro lugar, a viver com as populações que
estudava e a recolher seus materiais de seus idiomas, radicalizou essa
compreensão para dentro, e para isso, procurou romper ao máximo os
contatos com o mundo europeu.”
 Malinowski considera que a partir de um único costume, ou mesmo de
um único objeto aparentemente muito simples, aparece o perfil do
conjunto de uma sociedade. Ele considera que uma sociedade deve
ser estudada enquanto uma totalidade.
 “Com Malinowski, a antropologia se torna um a “ciência” da alteridade
que vira as costas ao empreendimento evolucionista de reconstituição
das origens da civilização, e se dedica ao estudo das lógicas
particulares características de cada cultura.”
 Atualmente, os etnólogos acreditam que as sociedades diferentes da
nossa são sociedades humanas tanto quanto a nossa, que os homens e
mulheres que nela vivem são adultos que se comportam
diferentemente de nós, e não “primitivos”, autômatos atrasados que
pararam em uma época distante e vivem presos a tradições estúpidas.
 Malinowski elaborou uma teoria denominada de Funcionalismo, na
qual o indivíduo sente um certo número de necessidades, e cada
cultura tem como função a de satisfazer à sua maneira essas
necessidades fundamentais. “Cada uma realiza isso elaborando
instituições, fornecendo respostas coletivas organizadas, que
constituem, cada uma a seu modo, soluções originais que permitem
atender a essas necessidades.”
 Para Malinowski, é fundamental localizar a relação estreita do social
com o biológico, uma vez que, para ele, uma sociedade funcionando
como um organismo, as relações biológicas devem ser consideradas
não apenas como o modelo epistemológico que permite pensar as
relações sociais, e sim como o seu próprio fundamento. Não somente
isso, para ele, uma verdadeira ciência da sociedade inclui o estudo das
motivações psicológicas, dos comportamentos, o estudo dos sonhos e
dos desejos dos indivíduos.
 Antigamente, os costumes dos povos, ditos primitivos, era vistos como
uma aberração. Todavia, Malinowski decide inverter esse fato,
segundo ele, a antropologia pressupõe uma identificação com
alteridade, não mais considerada como forma social anterior à
civilização, e sim como forma contemporânea mostrando-nos sua
pureza aquilo que nos faz tragicamente falta: autenticidade.
 Sendo a teoria funcionalista, as sociedades tradicionais são sociedades
estáveis e sem conflitos, visando naturalmente a um equilíbrio através
de instituições capazes de satisfazer às necessidades dos homens.

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