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07/03/2023 18:48 Sistemas de transportes

Sistemas de transportes
Prof. Mauro Rezende Filho

Descrição

Verificação dos sistemas das malhas de transporte como uma operação logística.

Propósito

É essencial para um engenheiro compreender a necessidade da aplicação dos conceitos de logística quando requisitada a ação de transporte, seja
de cargas, de pessoas ou animais para garantir o sucesso do transporte e mitigar os custos desta etapa.

Objetivos

Módulo 1

Conceituação de sistemas de transportes


Reconhecer a conceituação de sistemas de transportes.

Módulo 2

Malha de transportes brasileira

Reconhecer a malha de transporte brasileira.

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Módulo 3

Estratégia e aspectos logísticos


Reconhecer a estratégia da logística brasileira e as principais cadeias de produção.

Módulo 4

Aspectos da concessão dos transportes


Identificar os aspectos da concessão dos transportes.

meeting_room
Introdução
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre a conceituação de sistemas de transportes.

1 - Conceituação de sistemas de transportes

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Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a conceituação de sistemas de transportes.

Vamos começar!

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Malhas de transportes: conceito
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre o conceito de malhas de transportes.

O conceito de transporte
A mobilidade sempre foi um componente fundamental da vida econômica e social. Os processos econômicos contemporâneos têm sido
acompanhados por um aumento significativo da mobilidade e níveis mais elevados de acessibilidade. Uma perspectiva histórica sobre a evolução
dos sistemas de transporte destaca os impactos das inovações tecnológicas e a forma como as melhorias no transporte foram dependentes das
mudanças econômicas, sociais e espaciais. Assim, os atuais sistemas de transporte são o resultado de uma longa evolução histórica marcada por
períodos de rápidas mudanças, em que novas tecnologias de transporte foram adotadas.

Após a Revolução Industrial, no século XIX, os sistemas de transporte foram mecanizados, a partir do desenvolvimento da tecnologia de motores a
vapor, o que permitiu a configuração de redes de atendimento às regiões. Esse processo foi expandido ainda mais no século XX, com o transporte
aéreo global, transporte de contêineres e redes de telecomunicações. No entanto, isso requer a capacidade de gerenciar, apoiar e expandir a
mobilidade de passageiros e cargas, bem como seus fluxos de informações subjacentes.

Veja, a seguir, duas definições de transporte:

Movimentação expand_more

A movimentação de pessoas, animais e mercadorias de um local para outro. Os modais de transporte incluem aéreo, ferroviário, rodoviário,
aquático, cabo, dutoviário e espacial. O campo pode ser dividido em infraestrutura, veículos e operações.

Serviço expand_more

Um serviço que permite que cargas e passageiros se desloquem de um ponto a outro com um propósito. O serviço deve ser atendido da
forma mais econômica, pois um deslocamento é realizado para proporcionar benefícios. Os veículos de transporte e os sistemas de
transporte variam de acordo com os bens e serviços a serem entregues. A expectativa da demanda de transporte é atender ao mínimo custo
em máxima velocidade e segurança.

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As sociedades tornaram-se cada vez mais dependentes de seus sistemas de transporte para apoiar uma ampla variedade de atividades, desde
deslocamento, turismo, fornecimento de energia e distribuição de peças e bens finais. O desenvolvimento de sistemas de transporte para satisfazer
às necessidades de mobilidade, apoiar o desenvolvimento econômico e participar da economia global tem sido um desafio contínuo.

Os seguintes métodos de transporte são usados atualmente para mover mercadorias:

Veículos rodoviários (caminhões, vans, carros, motocicletas)

Ferrovias

Vias navegáveis interiores (barcaças)

Mar profundo

Aéreo (aeronaves e drones)

Oleodutos

Uma combinação do acima chamado intermodal ou multimodal

Cada modo de transporte tem suas vantagens e desvantagens, como podemos ver na tabela a seguir.

Características Ferrovia Rodovia Tubos Aéreo Marítimo

Serviços porta a
às vezes sim às vezes não às vezes
porta

Preço baixo elevado muito baixo muito alto muito baixo

Velocidade lenta média lenta muito alta muito baixa

Confiabilidade média média muito alta muito alta baixa

Necessidade de
alta média não alta alta
embalagem

Risco de
médio médio muito baixo baixo médio
perdas/danos

Flexibilidade baixa elevada muito baixa muito baixa baixa

Impacto ambiental baixo médio médio alto baixo

Tabela: Vantagens e desvantagens de cada modo de transporte


Mauro Rezende Filho

Conceito de transporte público


Por definição, transporte público é “um sistema de veículos como ônibus, metrô e trens, que operam em horários regulares em rotas fixas e são
usados pelo público”. Os quatro objetivos básicos da operação de transporte público incluem:

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Fornecer o acesso a emprego, educação, comércio, saúde, instalações recreativas etc.

Garantir a possibilidade de deslocamento para todos os habitantes que não podem ou não querem usar carros particulares.

Oferecer viagens em que o uso de carro particular é ineficaz, por razões econômicas, temporais ou ecológicas.

Ser a alternativa real ao carro particular.

Os serviços de transporte público podem ser prestados, entre outros, pelos seguintes meios:

Veículos rodoviários: carros, ônibus, trólebus, vans.

Veículos ferroviários: trem pesado, trem suburbano, bonde, metrô.

Veículos que utilizam “outros trilhos fixos”: teleférico, monotrilho, trânsito em trilho automatizado.

Veículos aquáticos: balsas de passageiros e de veículos, táxis aquáticos.

Todos esses veículos diferem entre si nas características operacionais (conforme mostra a tabela a seguir). Assim, a maioria dos sistemas de
transporte público utiliza mais de um tipo de veículo, o que ajuda a obter um efeito de sinergia. As características dos veículos de transporte público
também são determinadas pela distância de viagem que eles precisam percorrer. Devido à distância ou à área operacional, o transporte público
pode ser dividido em transporte local (urbano), regional, nacional e internacional.

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Média de
Passageiros por Distância da
Capacidade passageiros por Custo de servi
hora viagem
veículo

65-75 sentados
Metrô alta 25000 > 1km muito alto
100-120 no total

65-75 sentados
Trem alta 25000 > 5km muito alto
100-120 no total

40-80 sentados
Trem leve média-alta 3600 > 1km alto
180 no total

60 sentados 100-
BRT média-alta 1900-2100 > 1km médio
110 no total

40-60 sentados 60-


Ônibus alta 1200-1400 > 500m médio
105 no total

3 sentados 5 no
Carro baixa 12 > 500m muito alto
total

Tabela: Veículos e suas características operacionais


Mauro Rezende Filho

Um dos principais fatores que afetam o volume de demanda relatada por serviços de transporte público é a sua qualidade. A qualidade dos
sistemas de transporte público pode ser percebida pelos usuários sob várias perspectivas, incluindo:

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Disponibilidade expand_more

Quando e onde o serviço de trânsito estará disponível.

Cobertura expand_more

A parte da área geográfica ou a porção de destinos comuns em uma comunidade, localizada a uma distância razoável do serviço de trânsito.

Frequência expand_more

Quantas viagens são feitas a cada hora ou dia.

Velocidade de deslocamento expand_more

Absoluta e relativa ao deslocamento do automóvel.

Confiabilidade expand_more

Com que frequência o serviço segue os cronogramas publicados.

Integração expand_more

Facilidade de transferência dentro do sistema de trânsito e com outros modais de viagem.

Estrutura expand_more

Estrutura de preços e opções de pagamento.

Conforto expand_more

Conforto e segurança do usuário, incluindo andar, caminhar e esperar pelo trânsito.

Acessibilidade expand_more

Facilidade de troca de estações de trânsito e paradas, principalmente a pé.

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Design universal expand_more

Capacidade de acomodar diversos usuários, incluindo pessoas com deficiência, bagagem, incapacidade de entender os idiomas locais etc.

Preço acessível expand_more

Custos do usuário em relação à sua renda e outras opções de viagem.

Informações expand_more

Facilidade de obter informações sobre serviços de trânsito.

Estética expand_more

Aparência de veículos de trânsito, estações, áreas de espera.

Amenidades expand_more

Recursos e serviços extras que aumentam o conforto e o prazer do usuário.

Para tornar os serviços de transporte público mais atraentes e, assim, reduzir o uso do automóvel, as regiões, bem como as empresas de transporte
público, poderiam garantir a alta qualidade do serviço do sistema de transporte público, entre outros, implementando as seguintes medidas:

Aumentar e simplificar a rede de transportes públicos;

Modernização da infraestrutura (especialmente nos nós intermodais), tornando mais confortável toda a viagem em transporte público;

Reduzir o tempo de viagem (por exemplo, faixas de ônibus);

Melhorar a acessibilidade para todas as pessoas, especialmente para pessoas com necessidades especiais;

Melhorar a segurança e proteção nas estações, paradas e veículos para passageiros e motoristas, bem como para equipamentos de infraestrutura;

Recolher informações mais precisas e detalhadas sobre as reais necessidades de transporte entre os cidadãos e realizar esforços para atendê-las.

Transporte urbano
Considerando que uma parcela crescente da população mundial vive nas cidades, as questões de transporte urbano são de suma importância para
apoiar a mobilidade dos passageiros em grandes aglomerações urbanas. O transporte em áreas urbanas é altamente complexo devido aos modos
envolvidos, à multiplicidade de origens e destinos e à quantidade e variedade de tráfego.

Comentário

Tradicionalmente, o foco do transporte urbano tem sido nos passageiros, pois as cidades eram vistas como locais de máxima interação humana
com intrincados padrões de tráfego ligados a deslocamentos, transações comerciais e atividades culturais/de lazer. No entanto, as cidades também

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são locais de produção, consumo e distribuição, vinculados à mobilidade de cargas.

Conceitualmente, o sistema de transporte urbano está intrinsecamente ligado à forma urbana e à estrutura espacial. O trânsito urbano é uma
dimensão importante da mobilidade, principalmente em áreas de alta densidade.

A urbanização foi uma das mudanças econômicas e sociais dominantes do século XX, especialmente no mundo em desenvolvimento. Embora as
cidades tenham desempenhado um papel significativo ao longo da história da humanidade, não foi até a Revolução Industrial que uma rede de
grandes cidades começou a surgir nas partes economicamente mais avançadas do mundo.

Desde 1950, a população urbana mundial mais que dobrou, chegando a quase 4,2 bilhões em 2018, cerca de 55,2% da população global. Espera-se
que essa transição continue até a segunda metade do século XXI, uma tendência refletida no tamanho crescente das cidades e na proporção
crescente da população urbanizada. Em 2050, 70% da população global poderá ser urbanizada, representando 6,4 bilhões de habitantes urbanos. As
cidades também dominam a produção econômica nacional, pois respondem pela maior parte da produção, distribuição e consumo. (RODRIGUE,
2020)

Por meio da urbanização, foram observadas mudanças fundamentais no ambiente socioeconômico das atividades humanas. O que impulsiona a
urbanização é uma mistura complexa de fatores econômicos, demográficos e tecnológicos. O crescimento do PIB per capita é um fator dominante
da urbanização, sendo apoiado por desenvolvimentos correspondentes em sistemas de transporte. A urbanização envolve novas formas de
emprego, atividade econômica e estilo de vida.

As tendências globais atuais indicam um crescimento de cerca de 50 milhões de habitantes urbanos a cada ano, cerca de um milhão por semana.
Mais de 90% desse crescimento ocorre nas economias em desenvolvimento, o que coloca intensas pressões sobre as infraestruturas urbanas para
lidar com a situação, particularmente o transporte. O que é considerado urbano inclui todo um continuum de estruturas espaciais urbanas, desde
pequenas cidades até grandes aglomerações urbanas.

Comentário

Isso também traz a questão sobre o tamanho ideal da cidade, uma vez que as limitações técnicas (estradas, serviços públicos) não são um grande
impedimento na construção de cidades muito grandes. Muitas das maiores cidades do mundo podem ser rotuladas como disfuncionais,
principalmente porque, à medida que o tamanho da cidade aumenta, as crescentes complexidades operacionais e de infraestrutura não são
efetivamente enfrentadas com a experiência gerencial.

A urbanização envolve um aumento do número de viagens em áreas urbanas. Tradicionalmente, as cidades respondem ao crescimento da
mobilidade, expandindo a oferta de transporte por meio da construção de novas rodovias e linhas de transporte público. Isso significou
principalmente a construção de mais estradas para acomodar um número cada vez maior de veículos. Várias estruturas espaciais urbanas surgiram
nesse sentido, sendo a dependência do automóvel o fator discriminatório mais importante.

Quatro tipos principais podem ser identificados na escala metropolitana:

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Rede totalmente motorizada

Representando uma cidade dependente do automóvel com centralidade limitada e atividades dispersas.

Centro fraco

Representando a estrutura espacial onde muitas atividades estão localizadas na periferia.

Centro forte

Representando centros urbanos de alta densidade com sistemas de transporte público bem desenvolvidos.

Limitação de tráfego

Representando áreas urbanas que implementaram controle de tráfego e preferência modal em sua estrutura espacial. Comumente, a
área central é dominada pelo transporte público.

Com a expansão das áreas urbanas, problemas de congestionamento e a crescente importância dos movimentos interurbanos, a estrutura existente
de vias urbanas foi julgada inadequada. Vários anéis viários foram construídos ao redor das grandes cidades e se tornaram um importante atributo
das estruturas espaciais das cidades. Os intercâmbios rodoviários em áreas suburbanas são exemplos notáveis de clusters (aglomerados) de
desenvolvimento urbano, que moldaram o caráter multicêntrico de muitas cidades.

A extensão (e a super extensão) das áreas urbanas criou o que pode ser chamado de áreas periurbanas. Elas estão localizados bem fora do núcleo
urbano e dos subúrbios, mas a distâncias razoáveis de deslocamento; o termo “cidades de ponta” tem sido usado para rotular um conjunto de
desenvolvimento urbano que ocorre em ambientes suburbanos.

Tempo médio diário de deslocamento diário, países selecionados, 2016 (em minutos) OECD - Organization for Economic Co-operation and Development

Desafios do trânsito urbano


Mesmo em cidades orientadas para o trânsito, os sistemas de trânsito dependem maciçamente de subsídios governamentais. Pouca ou nenhuma
competição dentro do sistema de transporte público é permitida, pois os salários e as tarifas são regulamentados, prejudicando quaisquer ajustes
de preços para alterações de passageiros. Assim, o transporte público, muitas vezes, atende a uma função social (serviço público), já que

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proporciona acessibilidade e equidade social, mas com relações limitadas com as atividades econômicas. Entre os desafios enfrentados pelo
trânsito urbano estão:

Descentralização expand_more

Os sistemas de transporte público não são projetados para atender a áreas urbanas de baixa densidade e dispersas, que dominam a
paisagem urbana. Quanto maior a descentralização das atividades urbanas, mais difícil e caro se torna atender às áreas urbanas com
transporte público. Além disso, a descentralização promove viagens de longa distância em sistemas de trânsito, causando custos
operacionais mais altos e problemas de receita para sistemas de trânsito de tarifa fixa.

Fixação expand_more

As infraestruturas de vários sistemas de transporte público, notadamente os sistemas ferroviário e metroviário, são fixas, enquanto as
cidades são entidades dinâmicas, mesmo que o ritmo de mudança possa levar décadas. Isso implica que os padrões de viagem tendem a
mudar com um sistema de trânsito construído para atender a um padrão específico, que pode, eventualmente, enfrentar a “obsolescência
espacial”; o padrão para o qual foi projetado não existe mais.

Conectividade expand_more

Os sistemas de transporte público geralmente são independentes de outros modos e terminais. Consequentemente, é difícil transferir
passageiros de um sistema para outro. Isso leva a um paradoxo entre a preferência dos usuários por conexões diretas e a necessidade de
oferecer uma rede de serviços econômica que envolva transferências.

Competição automobilística expand_more

Dado os sistemas de transporte rodoviário baratos e onipresentes, o transporte público enfrentou forte concorrência e perdeu passageiros
em termos relativos e, em alguns casos, em termos absolutos. Quanto maior o nível de dependência do automóvel, mais inadequado é o
nível de serviço do transporte público. A conveniência do automóvel supera o serviço público oferecido.

Custos de construção e manutenção expand_more

Os sistemas de transporte público, particularmente os ferroviários pesados, são intensivos em capital para construir, operar e manter. O
custo varia dependendo das condições locais, como densidade e regulamentos, mas os custos médios de construção são de cerca de
US$300 milhões por km. No entanto, há exceções, nas quais os custos excedentes podem ser substanciais devido à captura por grupos de
interesse especiais, como sindicatos, empresas de construção e empresas de consultoria. Quando houver supervisão regulatória ineficiente,
esses atores convergirão para extrair o máximo de renda possível das melhorias de capital de transporte público. Os maiores custos de
construção do metrô do mundo estão em Nova York. Por exemplo, a extensão do metrô da Segunda Avenida em Manhattan, concluída em
2015, foi feita ao custo de US$1,7 bilhão por km, cinco a sete vezes a média em cidades comparáveis como Paris ou Londres. Este projeto
empregou quatro vezes mais mão de obra, com custos de construção 50% maiores (ROSENTHAL, 2017).

Estruturas tarifárias expand_more

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Historicamente, a maioria dos sistemas de transporte público abandonou uma estrutura tarifária baseada na distância para um sistema de
tarifa fixa mais simples. Isso teve a consequência não intencional de desencorajar viagens curtas para as quais a maioria dos sistemas de
trânsito é adequada e incentivar viagens mais longas que tendem a ser mais caras por usuário do que as tarifas que geram. Os sistemas de
informação oferecem a possibilidade de os sistemas de trânsito voltarem a uma estrutura tarifária mais equitativa, baseada na distância,
particularmente com cartões inteligentes que permitem cobrar de acordo com o ponto de entrada e saída dentro do sistema de transporte
público.

Custos legados expand_more

A maioria dos sistemas de transporte público emprega mão de obra sindicalizada, que tem, consistentemente, usado greves (ou a ameaça
de interrupções trabalhistas) e suas interrupções agudas como alavanca para negociar contratos favoráveis, incluindo benefícios de saúde e
aposentadoria. Como o transporte público é subsidiado, esses custos não foram bem refletidos nos sistemas tarifários. Como a maioria dos
governos enfrenta restrições orçamentárias rigorosas, por causa de compromissos de bem-estar social, as agências de transporte público
estão sendo forçadas a reavaliar seus orçamentos, por meio de uma mistura impopular de tarifas mais altas, manutenção adiada e quebra
de contratos de trabalho.

Veículos autônomos expand_more

A evolução das tecnologias de informação permite antecipar nos próximos anos a disponibilidade de veículos autônomos. Tal
desenvolvimento implicaria a mudança de serviços ponto a ponto por veículos sob demanda e um nível de utilização muito melhor de tais
ativos. Este sistema poderia competir diretamente com os sistemas de trânsito devido à conveniência, ao conforto e à provável
acessibilidade.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

De modo a reduzir o tráfego em núcleos urbanos com uma grande concentração de pessoas, o planejamento do trânsito urbano das cidades,
atualmente, busca alternativas e soluções para este problema. Alguns estudos mostram que uma boa solução é o de adotar a implantação de

A várias vias radiais, com o objetivo de aumentar o fluxo ao redor do perímetro urbano.

B rodovias de alta velocidade, de modo a aumentar o fluxo de acesso aos núcleos centrais.

C anéis viários expressos, conectando os núcleos centrais aos perímetros urbanos.

D vias radias que circundam as áreas centrais, com o objetivo de reduzir a quantidade de veículos nestas áreas.

E anéis viários no limite urbano, com o objetivo de reduzir o número de veículos nos núcleos centrais.

Parabéns! A alternativa E está correta.


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paragraph'%3EAn%C3%A9is%20vi%C3%A1rios%20s%C3%A3o%20rotas%20alternativas%2C%20que%20direcionam%20parte%20do%20tr%C3%A1fego

Questão 2

Sobre os vários tipos e usos dos transportes, considere as afirmações a seguir:

I. Recomenda-se para distâncias menores, porém os custos são mais elevados. A vantagem está em transportar o produto ponto a ponto, ou
seja, retira-o de seu local de produção/venda e entrega no destino, sem a necessidade de outros meios de transporte.

II. Recomenda-se para grandes distâncias, envolvendo principalmente o deslocamento de pessoas/mercadorias de valor agregado mais
elevado. Apresenta custo alto, entretanto uma velocidade maior.

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III. Recomenda-se para países de grande extensão territorial, apresentando altos custos em sua implantação, porém com baixos custos de
manutenção. Transporta pessoas/mercadorias, consumindo uma quantidade de energia relativamente pequena.

As proposições acima representam, respectivamente, as descrições dos seguintes modais de transporte

A rodoviário, ferroviário e hidroviário

B ferroviário, rodoviário e aéreo

C marítimo, pluvial e aéreo

D aéreo, manual e hidroviário

E rodoviário, aéreo e ferroviário.

Parabéns! A alternativa E está correta.


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paragraph'%3EO%20modal%20rodovi%C3%A1rio%20%C3%A9%20o%20recomendado%20para%20pequenas%20e%20m%C3%A9dias%20dist%C3%A2n

2 - Malha de transporte brasileira


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a malha de transporte brasileira.

Vamos começar!

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A malha de transporte no país


Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre a malha de transporte no país.

Malha de transporte no brasil


No Brasil, a utilização do transporte intermodal para carga geral ainda é incipiente. Estudos realizados pela Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT), órgão regulador federal do transporte terrestre, indicam que aproximadamente 87% da carga geral é transportada por caminhões
e trens. Como os transportes ferroviário, costeiro e fluvial têm custos unitários menores do que o transporte rodoviário, mudanças na matriz de
transporte brasileira permitiriam que as mercadorias chegassem ao consumidor final com custos menores.

Apesar dessa relutância dos embarcadores e de infraestrutura, as ferrovias brasileiras têm transportado quantidades crescentes de carga geral,
principalmente em contêineres. Essa tendência tornou-se marcadamente mais forte após a privatização do sistema ferroviário nacional, na década
de 1990. Segundo a ANTT, em 1997, as ferrovias do país transportavam 3 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), enquanto em
2020 esse número era de 468 mil TEUs, um aumento de 13.426%.

O Brasil é o quinto maior país do mundo em área e o maior país da América Latina. Suas maiores distâncias norte-sul e leste-oeste são de
aproximadamente 4.300km. Embora essas longas distâncias favoreçam modais de transporte de cargas de alta capacidade e maior eficiência
energética, como ferrovias e hidrovias, 65% das cargas transportadas no Brasil, em 2015, foram rodoviárias. Conforme mostrado na imagem a
seguir, o transporte ferroviário representou outros 15%, e as vias navegáveis interiores e a cabotagem marítima representaram juntos 16%. (Dados
de EPL – Empresa de Planejamento e Logística S.A., 2015)

Gráfico: Participação do modo de transporte de carga em 2015 (% do total de toneladas)


EPL – Empresa de Planejamento e Logística S.A., 2015

O Plano Nacional de Logística 2025 (EPL, 2018) contempla diferentes cenários para alcançar melhor eficiência na matriz de transportes do Brasil. O
“Cenário Rede Básica” considera a rede de transporte existente e com obras em andamento ou programadas. Um segundo cenário, denominado
“Cenário PNL 2025”, considera também as rodovias, ferrovias e hidrovias que deverão estar em construção ou em operação até 2025. E, por fim, o
“Cenário PNL 2025 sem adequação de capacidade” contabiliza os mesmos investimentos do cenário anterior, mas sem considerar a adequação de
capacidade em algumas ferrovias. Este último cenário visa isolar o impacto dos novos investimentos em ferrovias já concedidos. A imagem, a
seguir, ilustra a participação dos diferentes modos em cada cenário.

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Gráfico: Eficiência na Matriz de Transportes
EPL – Empresa de Planejamento e Logística S.A., 2015

Gráfico: Eficiência na Matriz de Transportes


EPL – Empresa de Planejamento e Logística S.A., 2015

Gráfico: Eficiência na Matriz de Transportes


EPL – Empresa de Planejamento e Logística S.A., 2015

Em cada um desses cenários, o Brasil continua a depender de rodovias e ferrovias, em pelo menos metade do transporte de cargas, em 2025.
Portanto, ações para melhorar a eficiência energética do transporte rodoviário devem ser prioritárias.

Transporte rodoviário
O transporte rodoviário é responsável por seis em cada dez quilos de cargas distribuídas no Brasil. É um mercado que envolve a participação de 671
mil operadoras proprietárias, 127 mil empresas transportadoras e 623 cooperativas, gerando mais de 3,5 milhões de empregos.

A frota de transporte rodoviário de cargas é atualmente composta por 1.329.390 veículos, dos quais 46% são operados por operadores proprietários,
53% por transportadoras e 1% por cooperativas. Os veículos dos operadores proprietários têm, em média, 18,9 anos e a dos veículos cooperados é
de 14,4 anos, enquanto os veículos das empresas transportadoras têm, em média, 8,5 anos.

Apesar de um número crescente de estradas no Brasil, os indicadores de densidade de transporte são muito conservadores em comparação com
outros países. Em 2000, o país tinha em média 30,51 milhas de estradas pavimentadas por 1.000 milhas quadradas contra uma média de 658,38
milhas de estradas pavimentadas por 1.000 milhas quadradas nos Estados Unidos. A imagem, a seguir, apresenta a malha rodoviária brasileira.

Malha rodoviária brasileira.

Comentário
Atualmente, a malha rodoviária brasileira conta com 1.580.890km de estradas, dos quais apenas 212.618km (13%) são pavimentados. Uma
pesquisa desenvolvida pela CNT, em 2011, analisou 89.552km dessas estradas pavimentadas e concluiu que 69% delas apresentavam problemas
como deficiências de pavimentação, sinalização ou geometria, comprometendo, assim, a segurança viária e reduzindo a possibilidade de integração
com outros modais.

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Transporte ferroviário
Dado o tamanho do Brasil – segundo dados do IBGE, com cerca de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, sendo a quinta maior nação do mundo,
logo atrás da China –, os benefícios potenciais de uma rede ferroviária de carga confiável e bem implementada são claros há décadas. Mas, por
anos, a má gestão de projetos impediu o desenvolvimento de uma rede que atendesse adequadamente às empresas brasileiras, criando um legado
que viu as ferrovias marginalizadas na infraestrutura de transporte do país, com uma dependência excessiva de estradas para manter o frete em
movimento.

Comentário
O transporte ferroviário de mercadorias é dominado pelo transporte de matérias-primas, principalmente, minério de ferro e produtos agrícolas, como
soja e milho. Em termos de carga conteinerizada, as ferrovias do Brasil são ainda mais marginalizadas, com apenas 3-4% dos contêineres de carga
movimentados por ferrovia; o Governo Federal tem como meta aumentar essa participação para 20% (CALATAYUD, MONTES, 2021).

Com os custos mais altos e o potencial de atrasos envolvidos no transporte de mercadorias por caminhão, é extremamente necessária uma ampla
transição de investimento para frete ferroviário. A imagem a seguir mostra a malha ferroviária no Brasil.

Malha ferroviária no Brasil.

Transporte dutoviário
Oleoduto atua como um importante meio de transporte para petróleo bruto, derivados de petróleo e gás natural. No Brasil, os dutos atuam como um
importante meio de transporte de gás natural. Os gasodutos do Brasil foram instalados devido aos seus desenvolvimentos em seus campos
domésticos de petróleo e gás e às importações de gás natural da Bolívia.

Em 2018, a malha brasileira era composta de 5.959km de produtos petrolíferos refinados (1.165km de distribuição, 4.794km de transporte),
11.696km de gás natural (2.274km de distribuição, 9.422km de transporte), 1.985km de petróleo bruto (distribuição), 77km de etanol/petroquímico
(37km de distribuição, 40km de transporte).

Infraestrutura de gasodutos de transporte no Brasil.

Transporte hidroviário
As hidrovias são meios de transporte que utilizam a água de grandes lagos e rios para transportar mercadorias e pessoas. É um modal que aumenta
as vantagens de competitividade, pois tem um baixo custo por tonelada transportada. Além disso, por sua alta capacidade de transporte, países
com amplas dimensões territoriais devem considerar a hidrovia como opção. No entanto, a utilização do transporte hidroviário no mundo é pequena
diante de sua potencialidade.

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Atenção!

Com um grande litoral, o Brasil possui muitos rios navegáveis, porém esse nunca foi o modal de transporte de cargas mais utilizado, no qual sua
participação é inferior a 15%, em comparação ao transporte marítimo. O Brasil possui 63.000km de hidrovias, sendo que 40.000 e 50.000km de rios,
lagos e lagoas podem ser considerados potencialmente navegáveis, onde 29.000km terão sua estrutura aprimorada, de acordo com o Plano
Nacional de Logística e Transportes (FGV, 2020).

Os rios brasileiros, frequentemente de grande volume, são considerados uma alternativa para redução de custos em transporte, mas nem sempre
são navegáveis devido ao seu desnível. No entanto, de acordo com o Relatório Hidroviário Brasileiro produzido pela Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (FGV, 2020), cerca de 13.646km são efetivamente utilizados para navegação.

Aquavias brasileiras.

Custos de transporte de carga no Brasil


O transporte de cargas no Brasil não é barato. Apesar da existência de muitos rios navegáveis e de um grande espaço para construir ou melhorar a
malha ferroviária, o país ainda insiste em trabalhar com um sistema logístico muito caro.

O governo começou a investir no transporte terrestre no século XX, construindo rodovias, quando a indústria automotiva começou a operar no Brasil.
Indiretamente, esse crescimento da indústria levou o Estado brasileiro a trabalhar em melhorias de ruas, avenidas e rodovias.

Atenção!
Tal investimento seria bom e favorável à população se o país realmente precisasse de todo esse apoio para o transporte de cargas. No entanto, o
país tem boas condições para investir em formas mais baratas de transporte de cargas, como boas hidrovias e ferrovias, por exemplo.

Os caminhões são os grandes responsáveis pelo transporte de cargas em todo o Brasil. Ainda assim, quando comparados aos trens, eles podem
não ser a melhor opção, pois um caminhão de carga pode transportar apenas 30 toneladas, enquanto um trem pode transportar três mil toneladas.
Por outro lado, a malha ferroviária brasileira é muito precária e os trens de carga são obrigados a operar principalmente à noite e a 20km/h.

Quanto custa?
Os custos variam de acordo com o produto que se planeja transportar, mas, se usar caminhões, será caro, independente do produto. Só para ter uma
ideia do quanto pode ser caro, às vezes, o transporte de produtos dentro do país pode ser três vezes mais caro do que transportá-los para a China,
por exemplo.

Se o produto for tecnológico, o seguro de transporte pode ser responsável por grande parte do custo final. Dependendo da empresa, o seguro pode
agregar 30% ao preço final do produto. Algumas grandes empresas gastam mais de R$10 mil mensais apenas investindo em segurança.

Atenção!
A distância é outro ponto a ser considerado devido ao custo do combustível. Devemos lembrar que a maioria dos caminhões usa diesel, que um litro
de diesel custa em média US$1,00 e que a maioria dos caminhões faz 6km/l. Assim, um serviço de transporte de 500km cobraria custaria
aproximadamente US$83,00 apenas pelo custo do combustível (NOVO, 2020).

Os problemas relacionados aos custos não se restringem às empresas – que costumam gastar muito mais dinheiro porque o país não dispõe de
infraestrutura adequada para criar outras opções além das caras –, mas a população é afetada diretamente por essa falta de investimento

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governamental, uma vez que os custos de transporte serão adicionados ao preço do produto.

Como a divulgação de dados no Brasil é sempre defasada, veja, a seguir, o custo total de transporte no Brasil em 2004:

R$ bilhões

Rodoviário 109,2

Aquaviário 12,5

Ferroviário 7,5

Dutoviário 2,1

Aéreo 2

Total 133,3

% do PIB 7,50%

Tabela: Custo total de transporte no Brasil em 2004


Informações consolidadas de ILOS (Institute of Logistics and Supply Chain)

A composição de todos os custos logísticos do Brasil em 2004 chega a um total de R$222 bilhões, o equivalente a 12,6% do PIB:

% do PIB

Transporte 7,5%

Estoque 3,9%

Armazenagem 0,7%

Administrativo 0,5%

Total 12,6%

Tabela: Custos logísticos no Brasil em 2004


Informações consolidadas de ILOS (Institute of Logistics and Supply Chain)

Por que o transporte de cargas é tão caro no Brasil?


Conforme já comentado, o investimento para transporte de cargas no Brasil está focado no transporte terrestre, que não é barato por vários motivos,
mas principalmente por (REVISTA APÓLICE, s. d.):

Segurança expand_more

A segurança é um dos maiores problemas no transporte de cargas. As seguradoras passaram a recusar o transporte de medicamentos,
cigarros, bebidas alcoólicas, aparelhos celulares e produtos de tecnologia para reduzir o prejuízo, já que esse tipo de produto é o principal
alvo dos assaltantes. O roubo de cargas sofreu um aumento de 25% desde o segundo semestre de 2011, apenas em São Paulo, cidade
responsável por mais de 50% do transporte terrestre de cargas no país.

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Infraestrutura expand_more

A infraestrutura é outro tema problemático, uma vez que as rodovias não apresentam boas condições em diversos lugares. Há falta de
manutenção em muitas rodovias brasileiras importantes. Apesar dos pedágios caros, as más condições são claras e viajando em velocidade
reduzida, o transporte de cargas fica mais caro. Outro ponto importante é que se o país tivesse uma malha ferroviária maior, o transporte de
cargas seria mais fácil e barato, já que o transporte de produtos por trem custa 30% menos que o transporte por caminhão e é quase 50%
mais barato que o frete aéreo. Se o governo decidir trabalhar nas hidrovias, os custos podem ser reduzidos em 60%, mas tal iniciativa ainda
não faz parte do programa do governo.

Restrições de circulação expand_more

A ZMRC (Zona de Máxima Restrição de Circulação) indica os locais onde os caminhões só podem circular em determinados horários do dia.
Atualmente, nas grandes cidades, os caminhões só podem circular das 21h às 5h, com exceção dos VUCs (veículo urbano de carga), que são
caminhões menores, autorizados a circular dentro dos limites da cidade, em horário diferenciado. Os VUCs podem circular em zonas
restritas em dias específicos, segundo o rodízio, que é uma regra que estabelece que os caminhões só podem circular de acordo com sua
placa: se terminar em número par pode circular em dias pares; com números ímpares, só podem circular em dias ímpares, com exceção das
segundas-feiras, que é o único dia em que todos os caminhões podem circular, independentemente da placa. Existem exceções sobre o
ZMRC: alguns caminhões podem entrar nas zonas restritas usando permissões especiais, como aqueles que transportam itens perecíveis.

Impostos expand_more

O Brasil possui um dos sistemas tributários mais complexos do mundo. A complexidade do sistema tributário indireto pode causar graves
ineficiências e perdas de crescimento. As perdas se devem aos recursos necessários para cumprir com precisão um elevado número de
tributos, sua cumulatividade, a influência de três diferentes níveis administrativos (municipal, estadual e nacional) com interesses distintos, o
número excessivo de isenções e regimes especiais, e a falta de uniformidade, uma vez que os impostos variam substancialmente por setor e
produto.

Veja, no quadro a seguir, um comparativo entre Brasil e Estados Unidos com relação ao custo de transportar soja:

  País

  Brasil

Centro Norte PR
Noroeste RS Porto Norte MT Porto de Sul GO Porto de
Região de origem Porto de Mineápolis
de Rio Grande Paranaguá Santos
Paranaguá

Total de transporte 72 106,8 100,9 77,6 84,6

Frete rodoviário 16,2 49,5 43,6 21,3 9,7

Frete marítimo 55,8 57,3 57,3 56,3 41,6

Frete fluvial         33,3

Valor na fazenda 210,3 164,9 189,6 213,8 200,4

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  País

  Brasil

Custo total 282,3 271,7 290,5 291,4 285

Participação do
transporte no custo 25,50% 39,31% 34,73% 26,63% 29,68%
total

Tabela: Comparativo entre Brasil e Estados Unidos com relação ao custo de transportar soja
Brazil Soybean Trasnportation Guide, US Department of Agriculture

Falta pouco para atingir seus objetivos.

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Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O modal ferroviário é indicado como a melhor opção para o escoamento de cargas/pessoas em todo o território nacional. Dentre as opções
abaixo, assinale a alternativa que indica uma vantagem que esse tipo de modal oferece:

A Altos custos de manutenção e consumo baixos.

B Participação no deslocamento de todo o percurso da mercadoria a ser entregue.

C Piora do trânsito nas rodovias.

D Melhorias na relação entre cargas transportadas e combustível consumido.

E Maior quantidade de acidentes e perdas de carga.

Parabéns! A alternativa D está correta.


%0A%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20transporte%20ferrovi%C3%A1rio%2C%20apesar%20de%20apresentar%20um%20alto%20custo%20na%20sua%20implementa%C3
lo%20at%C3%A9%20o%20ponto%20de%20descarga%2C%20ou%20seja%2C%20ponto%20a%20ponto%2C%20dependendo%20de%20outros%20moda
se%20o%20n%C3%BAmero%20de%20ve%C3%ADculos%20pesados%20nas%20rodovias.%20Um%20trem%20transporta%2C%20em%20m%C3%A9dia

Questão 2

O modal rodoviário é uma modalidade de transporte:

A Por rios e lagos

B Por dutos

C Por estradas e rodovias

D Aéreo

E Por mar aberto

Parabéns! A alternativa C está correta.

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%0A%3Cp%20class%3D'c-paragraph'%3EO%20modal%20fluvial%20utiliza-
se%20de%20barcos%2C%20balsas%2C%20entre%20outros%20meios%20que%20se%20deslocam%20sobre%20rios%20e%20lagos.%20O%20modal%

3 - Estratégia e aspectos logísticos


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a estratégia da logística brasileira e as principais cadeias de produção.

Vamos começar!

video_library
Estratégia e logísticas
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre estratégia e logísticas.

Estratégia da logística brasileira para 2025


Como já comentado nos módulos anteriores, embora o Brasil tenha 1,58 milhão de quilômetros de rodovias, apenas 213 mil quilômetros são
asfaltados, o equivalente a 12% de toda a malha rodoviária. Dentre essas rodovias de pavimentação, pouco mais de 10% foram cedidas à iniciativa
privada, em regime de concessão. A maioria das rodovias ainda é administrada pelo governo, e a última pesquisa da Confederação Nacional do
Transporte (CNT) classificou 66% delas como regular, ruim ou extremamente ruim.

Em queda desde 2010, os investimentos em infraestrutura de transporte seguiram em queda em 2020, devido à pandemia da covid-19, conforme
gráfico a seguir.

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Gráfico: Progressão dos investimentos em transporte.


Adaptado por Mauro Rezende Filho consolidando dados da CNT.

Apresentado em 2015 pelo governo brasileiro, o Plano Nacional de Logística (PNL) é dividido por modal para o ano de referência, movimentando um
total de 2,4 toneladas de frete km (FTK), além de simulações para o cenário de 2025 (EPL). O PNL apresenta um planejamento estratégico para
aperfeiçoar o transporte de cargas, levando em consideração o potencial de cada modo de transporte.

Vale ressaltar que o cenário é baseado na demanda por meio da Matriz Origem/Destino (O/D Matrix) para 2025, com o fornecimento da rede
multimodal para 2015, além de obras na BR-163/230 e BR-135 no estado do Pará e BR-242 estados da Bahia e Minas Gerais, além da duplicação da
Estrada de Ferro Carajás – EFC. Para a demanda, o cenário 2025 utilizou essa mesma Matriz O/D 2025, mas com a oferta aumentada por novos
segmentos que entrarão em operação até 2025. Essas divisões de modais para os cenários 2015 e 2025 são apresentadas nos gráficos a seguir.

Gráfico: Divisões de modais para os cenários 2015 e 2025


Mauro Rezende Filho consolidando dados da EPL (Empresa de Planejamento e Logística S.A. 2015)

De acordo com dados divulgados em 2020, pelo Instituto de Logística e Cadeia de Suprimentos (ILOS), para os volumes transportados no Brasil, 61%
das cargas são transportadas por rodovias, 21% por ferrovias, 12% por cabotagem, 4% por dutos, 2% por via navegável e menos de 1% por via aérea.
A Matriz de Transporte de Cargas do Brasil é apresentada na figura a seguir, em uma comparação com essa distribuição em outros seis países.

Gráfico: Matriz de transporte de cargas.


Mauro Rezende Filho consolidando dados da ILOS (2020).

Coordenado pelo Estado-Maior da Presidência do Brasil, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) foi criado para ampliar e fortalecer as
interações entre o Estado e a iniciativa privada. Seu portfólio abrange 119 projetos e nove políticas em desenvolvimento.

Para o transporte rodoviário, estão em andamento 21 projetos. Oito projetos estão em fase de licenciamento ambiental, com 13 prontos para
concessão à iniciativa privada. A imagem, a seguir, mostra esses projetos em um mapa.

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Projetos Ferroviários 1

Para o transporte ferroviário, há quatro projetos listados, dos quais dois são concessões, um é privatização e um é uma subconcessão. Esses
projetos são mostrados no mapa na imagem a seguir.

Projetos Ferroviários 2

O único projeto hidroviário listado para o PPI está relacionado ao licenciamento ambiental do projeto de dragagem e limpeza da hidrovia navegável
do Pedral do Lourenço, ao longo do rio Tocantins.

No entanto, são apresentados 29 projetos para cabotagem e portos. A imagem, a seguir, apresenta os projetos agrupados por região.

Projetos hidroviários por região

O transporte aéreo está incluído no PPI com três projetos, todos destinados a concessões privadas. Esses projetos estão espalhados por todo o
Brasil. A imagem a seguir apresenta com mais detalhes os Blocos Norte I, Central e Sul.

Projetos aéreos.

Principais cadeias de produção


Para definir as principais cadeias produtivas do Brasil, o mercado adota uma abordagem baseada nas contribuições para o PIB de diferentes setores
da economia. Segundo dados divulgados pelo IBGE (2018), o setor de maior contribuição para o PIB do Brasil é o de Serviços (aproximadamente
73%), seguido pela Indústria (21%) e Pecuária e Agropecuária (6%). As principais cadeias produtivas do Brasil foram selecionadas nos segmentos
Pecuária e Agropecuária e Indústria, escolhidos por sua importância em termos de demanda interna e exportação.

As cadeias produtivas foram selecionadas desses segmentos por volume de cargas transportadas e contribuições para a balança comercial do
Brasil.

De acordo com dados divulgados pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (2018), atual Ministério da Infraestrutura, os principais
produtos para este estudo são: soja, petróleo e combustíveis, minério de ferro, cana de açúcar, carne e automóveis. Uma breve descrição de cada
cadeia é fornecida adiante para cada produto principal.

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Soja
Em 2021, o Brasil exportou aproximadamente (dados preliminares) 86,79 milhões de toneladas de soja, sendo a China o principal destino,
absorvendo cerca de 80% de todas as exportações em 2021 (CONAB, 2020). Segundo dados divulgados pela EMBRAPA (2020), 63% da soja
cultivada no Brasil são destinadas à exportação, sendo o restante consumido no mercado interno.

Rank País Safra (2019/2020)

1 Brasil 124

2 USA 97

3 Argentina 51

4 China 18

5 Paraguai 10

6 Índia 9

7 Canadá 6

Tabela: Cultivo da Soja


WorldAtlas (2022)

Óleo e combustíveis
O petróleo é uma das principais fontes de energia utilizadas em todo o mundo. Produtos importantes são feitos pelo refino de petróleo, incluindo
gasolina, óleo diesel, querosene de aviação (ATF), gás liquefeito de petróleo (GLP), nafta, lubrificantes e óleo combustível. Em 2018, o consumo
global atingiu cerca de 98,82 milhões de barris por dia, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). As nações com
maiores reservas globais são Venezuela, Arábia Saudita, Canadá, Irã e Iraque, segundo a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), com o Brasil
na 15ª posição (MINFRA, 2020).

Produto Produção Importação Exportação Consumo interno

Óleo 150.102 10.805 65.186 95.721

Gasolina A 23.707 2.966 1.390 25.283

Diesel 41.880 11.650 945 52.585

Aviação 6.376 868 515 6.729

Biodiesel 5.350 5.350

Etanol 33.056 1.737 1.682 33.111

Tabela: Produção, Importação e Exportação de combustíveis


MINFRA (2020) – Data: ANP/SECEX (2018)

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Minério de ferro
O setor de minérios e mineração responde por cerca de 4% do PIB brasileiro, segundo dados divulgados pelo IBGE e pela Secretaria de Geologia,
Mineração e Processamento de Minério do Ministério de Minas e Energia (SGM/MME). Esses 4% incluem contribuições dos segmentos de extração
e processamento de minério (metais e não-metais), além de petróleo e gás. Durante o primeiro trimestre de 2020, o setor de minérios e mineração
registrou receita de R$36 bilhões, excluindo petróleo e gás (IBRAM, 2020).

Produção (2017)
Rank País
000 tons

1 Austrália 883,4

2 Brasil 435,5

3 Índia 201,8

4 China 115

5 África do Sul 62,3

6 Canadá 49

Tabela: Mineração Mundial


United Nations (2020)

Açúcar de cana
A indústria da cana-de-açúcar tem uma longa história no Brasil, pois o país é dotado de condições naturais que o tornam o local perfeito para o
plantio dessa cultura. Ao longo de sua história, as exportações de açúcar geraram cinco vezes mais divisas do que outros produtos agrícolas
enviados para o mercado externo, conforme dados do Ministério da Infraestrutura (MINFRA).

Produção (2017)
Rank País
000 tons

1 Brasil 793.300

2 Índia 341.200

3 China 125.500

4 Tailândia 100.100

5 Paquistão 63.800

6 México 61.200

7 Colômbia 34.900

Tabela: Indústria açucareira


WorldAtlas (2022)

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Carne bovina
No mundo, o Brasil ocupa o segundo lugar em produção de carne bovina, atrás apenas dos EUA (USDA, 2020) e seguido pela União Europeia e China,
conforme mostrado na tabela a seguir. De acordo com a Pesquisa de Estatísticas de Produção Pecuária, de janeiro a junho de 2020 (IBGE, 2020), o
número de bovinos abatidos no período caiu, apesar do aumento nas exportações de carne bovina impulsionado pelo aumento da demanda na
China.

Produção (2017)
Rank País
000 tons

1 USA 12.514

2 Brasil 10.200

3 União Europeia 7.900

4 China 6.670

5 Índia 4.305

6 Argentina 3.420

7 Austrália 2.432

Tabela: Produção Mundial de Carne Bovina


USDA (2020)

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Avalie as afirmativas, a seguir, a respeito da atual matriz de transportes brasileira.

I. Grande concentração de ferrovias na região Centro-Oeste devido a investimentos internacionais.

II. O incremento de investimento/regulamentação estatal na infraestrutura aérea possibilitará um escoamento significativo da exportação dos
produtos agrícolas.

III. Devido à sua maior capacidade de carga, há preferência pelas ferrovias em detrimento da navegação de cabotagem.

IV. A modalidade rodoviária apresenta um percentual de utilização superior às demais tipologias.

V. A expansão da rede dutoviária, a partir do final do século XX, efetivou-se alinhada com o processo de diversificação da matriz energética
brasileira. Estão corretas apenas as afirmativas:

A I e II

B I e III

C II e IV

D III e V

E IV e V

Parabéns! A alternativa E está correta.


%0A%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20concentra%C3%A7%C3%A3o%20de%20ferrovias%20se%20d%C3%A1%20nas%20regi%C3%B5es%20Sul%20e%20Sudeste.%20Mo

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Questão 2

No Brasil, o rendimento obtido com os serviços da pecuária e agropecuária contribui com aproximadamente 6% do PIB, como divulgado pelo
IBGE em 2018. Apesar de parecer um número baixo, ele é expressivo, por movimentar bilhões, além de contribuir para realização de comércios
exteriores (acordos de importação e exportação). Apesar de pouco expressivo em porcentagem no PIB, o Brasil investe expressivamente nesta
prática, assim como também nos serviços de transporte que atendem a este setor, porque

A o Brasil é o segundo maior exportador de carne bovina do mundo.

B o Brasil é o maior exportador de minério de ferro do mundo.

C o Brasil é o maior exportador de óleo do mundo.

D o Brasil é o terceiro maior exportador de soja do mundo.

E o Brasil é o segundo maior produtor de minério de prata do mundo.

Parabéns! A alternativa A está correta.


%0A%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20Brasil%20%C3%A9%20o%20segundo%20maior%20exportador%20de%20carne%20bovina%20do%20mundo.%20Assim%2C%20fa
se%20necess%C3%A1rio%20investir%20n%C3%A3o%20somente%20na%20cria%C3%A7%C3%A3o%20e%20no%20abate%2C%20mas%20tamb%C3%A

4 - Aspectos da concessão dos transportes


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os aspectos da concessão dos transportes.

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Vamos começar!

video_library
Concessão de transportes
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre concessão de transportes.

Serviços públicos
A lei brasileira considera como “serviços públicos” todas as atividades econômicas que visem à satisfação de necessidades coletivas essenciais,
que sejam relevantes para o bem-estar geral.

O artigo 175 da Constituição brasileira afirma que “compete ao poder público, na forma da lei, prestar serviços de utilidade pública, diretamente ou
por concessão ou permissão, que sempre se dará por meio de licitação pública”.

Assim, as atividades qualificadas como “serviços públicos” são retiradas do mercado e colocadas sob propriedade do Estado, deixando de estar
disponíveis para serem exercidas livremente por empresários privados. Em alguns casos, como “concessões” e “permissões”, empresas privadas
ainda podem prestar o serviço, mas sob absoluto controle governamental.

Os artigos 21, 25 e 30 da Constituição brasileira definem uma série de serviços como “públicos”, atribuindo-os respectivamente à União (ou seja, ao
Governo Federal), aos estados ou aos municípios. Por exemplo, serviços postais, telecomunicações, energia elétrica e navegação aérea, entre
outros, são fornecidos pela União. Os serviços de “interesse local”, como transporte público e saneamento, são reservados aos municípios, e os
serviços residuais são atribuídos aos estados.

Concessões e permissões
Como comentado, o artigo 175 da Constituição brasileira permite que o governo preste serviços públicos por meio de franquia (“por concessão ou
permissão”). Nesses casos, a efetiva prestação do serviço é transferida para uma empresa privada (“concessionária”), mas a titularidade e a
regulamentação do serviço ainda ficam sob responsabilidade do governo.

“Concessões” e “permissões” diferem em estabilidade, ou seja, em sua duração e garantias concedidas à empresa privada.

Atenção!
As concessões são consideradas mais estáveis que as permissões, pois se referem a serviços que exigem maiores investimentos iniciais. Mas, o
alcance exato de ambos os conceitos nem sempre é claro: os serviços de ônibus, por exemplo, foram considerados por muito tempo como
permissões, porém, nos últimos 10-15 anos, as concessões estão se tornando mais comuns nesse setor.

Os contratos de concessão devem ser sempre precedidos de licitação pública, e durar apenas um período finito (geralmente de 15 a 30 anos), em
que a empresa privada pode exercer as atividades – sempre sob vigilância governamental. Isso significa que apenas a prestação do serviço é
transferida para a empresa privada. A propriedade do serviço e sua regulamentação permanecem nas mãos do governo.

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A intervenção do governo nos contratos de concessão pode ser forte (por exemplo, o governo tem a prerrogativa de alterar unilateralmente certos
aspectos do contrato), mas a proteção econômico-financeira contra quaisquer efeitos negativos é legalmente concedida à concessionária.

Licitações públicas
No Brasil, as concessões a as permissões para empresas privadas sempre requerem um processo de licitação pública. Os processos licitatórios de
concessões são regulamentados pelas Leis Federais nº 8.666 (normas gerais sobre licitações) e nº 8.987 (regras específicas sobre concessões).

Para lançar um concurso público para a exploração de um serviço público, o governo é obrigado a preparar estudos de viabilidade sobre, pelo
menos, os seguintes tópicos:

aspectos financeiros e econômicos;

aspectos técnicos;

aspectos ambientais;

aspectos legais.

Esses estudos podem ser elaborados pelo próprio governo, por consultores contratados especificamente para esse fim ou mesmo por particulares
interessados – a última opção é conhecida como “PMI”, que significa “Processo de Manifestação de Interesse”.

A Nova Lei Brasileira de Licitações (Lei nº 14.133/2021) foi sancionada pelo Presidente da República e publicada no Diário Oficial da União em
01.04.2021, data em que entrou em vigor. Mais de 20 (vinte) dispositivos foram vetados e a nova lei substituirá, no prazo de 2 (dois) anos, a Lei nº
8.666/1993 (atual Lei de Licitações), a Lei nº 10.520/2002 (Lei de Leilões) e a Lei 12.462/2011 (Lei do Regime de Contratação Diferenciado – “Lei
RDC”).

A nova legislação, após a longa espera de 27 anos, prevê atualizações relevantes do ponto de vista do compliance, tais como:

1. Reforço do controle interno e externo da contratação pública;

2. Fortalecer a relevância de um Programa de Compliance para empresas dispostas a fazer negócios com o Governo;

3. Aumento das sanções por irregularidades na contratação pública.

Com base na nova lei, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou, em 19 de agosto de 2021, o edital de concessão pública do
trecho rodoviário que compreende a BR-116/101/RJ/SP (Rodovia Presidente Dutra), BR-116/RJ, de entroncamento com a rodovia BR-465, no
município de Seropédica (km 214,7), até a divisa RJ/SP (km 339,6), e a BR-116/SP, da divisa RJ/SP (km 0) até o entroncamento com BR-381/SP-015,
Marginal Tietê (km 230,6); rodovia BR-101/RJ, do entroncamento com a BR-465, no município do Rio de Janeiro (Campo Grande) (Km 380,8), até o
limite RJ/SP (km 599); e rodovia BR-101/SP – do limite RJ/SP (km 0) até Praia Grande, Ubatuba (km 52,1).

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Em poucas palavras, a licitação pública visa à concessão de serviço público precedido da execução de projetos públicos, consistindo na exploração
por trinta anos de infraestrutura e prestação de serviço público de recuperação, conservação, manutenção, operação, implantação de melhorias e
ampliação de capacidade. O critério de avaliação do leilão será híbrido, combinando a maior oferta para outorga da concessão com o menor preço
de pedágio, que terá um mínimo estipulado. O modelo regulatório também será aprimorado, adotando mecanismo de hedge e maior clareza nas
regras de rescisão antecipada do contrato.

edge
Estratégia de proteção de determinado sistema, contra riscos de grandes variações de preços.

Atenção!

Trata-se de um dos projetos de infraestrutura mais aguardados do país, com investimentos estimados em cerca de R$15 bilhões, em um contrato de
trinta anos. O projeto tem 625km de extensão e liga as duas maiores regiões metropolitanas do país, São Paulo e Rio de Janeiro, do litoral sul
fluminense até a cidade de Ubatuba (SP). Atualmente, a concessão da Dutra pertence à CCR, que teve receita bruta de R$1,43 bilhão em 2019.

O edital também descreve a necessidade de incorporar inovações para aumentar a segurança dos usuários e diminuir custos, como trechos com
sistema Free Flow, composto por cobrança eletrônica de pedágio sem interrupção do fluxo de tráfego, tarifa sazonal, desconto para usuários
frequentes, sistemas de gerenciamento remoto e iluminação inteligente.

ree Flow
Trata-se de um sistema de cobrança, por quilômetro rodado em determinada estrada, mas, sem a existência de uma praça de pedágios.

Comentário

O Ministério da Infraestrutura brasileiro espera que essa nova concessão reduza em até 35% o pedágio atual. Entre as intervenções realizadas,
destacam-se o investimento em 80,2km de duplicação de pista BR-101/RJ, faixas adicionais, passarela de pedestres, trevos, retornos, rotatórias e
desníveis.

Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG - Environmental, Social and


Corporate Governance)
O antigo estatuto já previa expressamente o “desenvolvimento nacional sustentável” como pilar dos processos de contratação pública e alguns
incentivos à adoção de boas práticas ESG pelos contratantes.

O novo projeto de lei traz novos incentivos nesse sentido, como:

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Em caso de ilegalidades detectadas em licitações e contratos, o órgão público deve considerar os impactos socioambientais do
contrato na avaliação de eventual rescisão.

A remuneração da contratada pode ser definida com base no desempenho, que será medido segundo critérios de sustentabilidade
ambiental, padrões de qualidade e prazos.

Adoção de programa de compliance por empresas que celebrem contratos com valores superiores a R$200 milhões (ou para
reabilitação em caso de imposição de determinadas sanções).

A ficha de referência do processo de compras deve incluir descrição dos impactos sociais, fatores mitigantes, requisitos de baixo
consumo de energia, logística reversa para reciclagem.

O projeto de lei também proíbe a participação em qualquer contratação pública de pessoas e empresas que tenham sido proferidas
sentença final e vinculante por trabalho infantil, submissão de trabalhadores a condições análogas à de escravo ou contratação de
adolescentes em casos ilícitos.

As entidades governamentais podem exigir de seus contratantes que um percentual mínimo da força de trabalho responsável pela
execução do contrato seja composta por mulheres que sofreram violência ou cidadãos que deixaram o sistema prisional.

ompliance
Trata-se de um conjunto de normas para cumprir e se fazer cumprir as normas e regulamentos vigentes, de determinada ação ou função.

Apesar dos avanços positivos nas questões de Direitos Humanos relacionadas às condições de trabalho, o projeto de lei não contemplou a
amplitude estabelecida pelas Diretrizes Nacionais de Empresas e Direitos Humanos (Resolução nº 05/2020). As Diretrizes Nacionais estabelecem
que o Poder Público cessará quaisquer contratos ou relações com empresas envolvidas em violações de Direitos Humanos decorrentes direta ou
indiretamente de suas atividades. O projeto de lei não abrange expressamente outras formas de violação de Direitos Humanos e aquelas causadas
indiretamente pela pessoa ou empresa.

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Vendendo para o governo


De acordo com a Lei de Compras do GOB (8.666), aprovada em 1993, o preço era tradicionalmente o principal fator na seleção de fornecedores e o
GOB está impedido de fazer distinção entre empresas nacionais e estrangeiras durante o processo de licitação.

No entanto, uma nova reforma tornou mais fácil para empresas estrangeiras competirem em licitações do setor público. A partir de outubro de 2020,
as empresas estrangeiras podem licitar sem a necessidade de estabelecer primeiro um representante local. Somente na assinatura do contrato, a
empresa estrangeira precisa ter um parceiro local. O Ministério da Fazenda acredita que esse processo agilizado deve trazer mais concorrência ao
setor público, um mercado de cerca de US$13 bilhões por ano.

Para uma empresa internacional concorrer com sucesso em compras públicas, licitações, concessões ou leilões no Brasil, ela deve entender as
disposições e procedimentos da legislação brasileira. As características e os desafios podem ser específicos do setor. As licitações podem exigir
apresentações sobre financiamento, engenharia, capacidades de equipamentos, treinamento e serviço pós-venda, que terão origem e serão
realizadas no Brasil. As propostas vencedoras são escolhidas com base em três princípios: preço mais baixo, melhor tecnologia ou uma
combinação de ambos. Quando dois fornecedores igualmente qualificados são considerados, os regulamentos de implementação da lei dão
preferência a bens e serviços brasileiros.

Atenção!

O Brasil permite que empresas estrangeiras com pessoas jurídicas estabelecidas no Brasil concorram para aquisições financiadas por empréstimos
multilaterais de bancos de desenvolvimento.

Conforme mencionado na seção introdutória, em preparação para a adesão do Brasil ao Acordo de Compras Governamentais da OMC (Organização
Mundial do Comércio), o país está adotando uma nova lei de licitações (PL 4.253/2020), que terá implementação faseada nos próximos dois anos.

As empresas internacionais que participam das compras públicas do Brasil devem ver melhorias substanciais, incluindo padronização de prazos de
licitação, implementação de processos de licitação eletrônica, publicação de licitações governamentais em um portal nacional de compras e mais
flexibilidade no acesso e igualdade para estrangeiros em relação à documentação necessária.

Para projetos de serviços de arquitetura e engenharia, o Brasil exigirá que os licitantes utilizem Building Information Modeling ou padrão
internacional similar em seus projetos. Continuará a haver preferências nacionais, para pequenas empresas, por exemplo, mas o objetivo geral é que
as licitações públicas nas esferas federal, estadual e municipal se alinhem aos padrões da OMC e internacionais.

uilding Information Modeling


Nova forma de representação utilizando modelos 3D para visualizar o produto final.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A Lei Federal nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 (Política Nacional de Mobilidade Urbana), classifica o transporte coletivo em duas modalidades,
de acordo com a natureza dos serviços prestados: público ou privado. Com base nessa distinção, é correto afirmar que o transporte público
coletivo deve ser objeto de

A concessão ou permissão; o transporte privado coletivo deve ser objeto de autorização.

B permissão ou autorização; o transporte privado coletivo não depende da produção de ato administrativo para ser prestado.

C concessão; o transporte privado coletivo deve ser objeto de permissão ou autorização.

D concessão patrocinada; o transporte privado coletivo deve ser objeto de concessão administrativa.

E concessão ou autorização; o transporte privado coletivo deve ser objeto de permissão.

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Parabéns! A alternativa A está correta.


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paragraph'%3EConcess%C3%A3o%20%C3%A9%20o%20contrato%20do%20qual%20o%20Estado%20delega%20a%20algu%C3%A9m%20o%20exerc%C
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se%20pela%20cobran%C3%A7a%20de%20tarifas%20diretamente%20dos%20usu%C3%A1rios%20e%20tendo%20a%20garantia%20de%20um%20equi
financeiro.%3C%2Fp%3E%0A

Questão 2

De acordo com as licitações públicas, analise as asserções abaixo:

I- A licitação pública concede serviços públicos a empresas privadas.

PORQUE

II- A lei 12.462/2011 impõe que 30% de todo o serviço público deve ser licitado e passado para a iniciativa privada.

Após a análise das asserções acima, assinale a opção que apresenta a correta razão entre elas:

A As asserções I e II estão corretas, e a asserção II é uma explicação para a asserção I.

B As asserções I e II estão corretas, e a asserção II não é uma explicação para a asserção I.

C As asserções I e II estão incorretas.

D A asserção I está correta e a asserção II está incorreta.

E A asserção I está incorreta e a asserção II está correta.

Parabéns! A alternativa D está correta.


%0A%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20poder%20p%C3%BAblico%2C%20por%20meio%20de%20licita%C3%A7%C3%A3o%2C%20pode%20terceirizar%20o%20seu%20ser

Considerações finais
Vimos que um sistema de transporte mais inteligente e interoperável permite uma gestão mais eficaz do tráfego e da mobilidade entre os modais, o
que facilita a combinação dos modos de transporte mais sustentáveis.

Estudamos também que, embora os investimentos em infraestrutura para transporte de tenham aumentado recentemente, a oferta de transporte
público e infraestrutura rodoviária de alta qualidade não acompanhou o crescimento da demanda de transporte. Instituições fracas e supervisão
governamental também exacerbaram a ineficiência e a informalidade dos sistemas de transporte.

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Por fim, verificamos que existem licitações para concessão de direitos de exploração de algum serviço, previsto em legislação, que parametriza
tanto a licitação quanto a operação do vencedor da licitação.

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Podcast
Neste podcast, você conhecerá um pouco mais sobre os sistemas de transportes.

Referências
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CALATAYUD, A.; MONTES, L. (Eds.) Logistics in Latin America and the Caribbean: opportunities, challenges, and courses of action. Inter-American
Development Bank (IDB), 2021.

CARGA PESADA. NOVO Actros faz 2,09km por litro de diesel. Publicado em: 20 maio 2020.

CNT. Confederação Nacional de Transporte. Anuário CNT do Transporte – 2021. Consultado na internet em: 10 maio 2022.

FGV TRANSPORTES. Overview of the Logistics Sector in Brazil – Cambridge version. Rio de Janeiro: FGV, 2020.

OECD. Organisation for Economic Co-operation and Development. 2019 International Migration and Displacement Trends and Policies Report to the
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PPI. Programa de Parcerias e Investimentos. Governo Federal concede ao grupo CCR a administração das rodovias Presidente Dutra e Rio-Santos.
Publicado em: 4 mar. 2022.

REVISTA APÓLICE. Roubo e furto de caminhões e carretas crescem 25,08% em SP. Consultado na internet em: 14 jun. 2022.

RODRIGUE, J. P. The Geography of Transport Systems. 5. ed. New York: Routledge, 2020.

ROSENTHAL, B. M. The most expensive mile of subway track on earth. Todayonline. Publicado em: 29 dez. 2017.

SARDER, M. D. Logistics Transportation Systems. 1. ed. New York: Elsevier, 2020.

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Para entenda melhor sobre a importância do transporte para o Brasil, leia o artigo Transportes e a logística frente à reestruturação econômica no
Brasil, de Marcio Rogério Silveira, disponível no portal da Scielo.

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