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Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Arqueologia e Antropologia

Licenciatura em Antropologia

Docente: Doutora Margarida Paulo

Discente: Carlitos Tomé

carlitosromaotome48@gmail.com

3ᵒ Ano, 1ᵒ semestre, Ano Lectivo 2020

Antropologia Urbana

Barnes, A. 1987. Redes sociais e processo político. In: Antropologia das Sociedades
Contemporâneas. São Paulo: Global Universitária. pp. 159-188.

O artigo de Barnes (1987) discute criticamente o conceito de redes sociais e processo


político. O autor baseou-se nos métodos quantitativo, comparativo e revisão literária
sobre redes sociais nas ciências sociais. O autor diz que os processos políticos não só
operam a nível nacional, como também dentro de região, famílias, clãs, igrejas e outros
grupos não territoriais, mesmo que não seja política nacional. Os processos políticos de
nível mais baixo, ocorrem dentro de instituições que preenchem muitas funções não
políticas, mas o comportamento político encontra-se ligado intimamente a acções que
são dirigidas a outros objectivos não políticos.

O autor notou que o conceito de rede social é útil na descrição e análise de processos
políticos, classes sociais, relação entre um mercado e sua periferia, provisão de serviços
e circulação de bens e informação num meio social não estruturado, manutenção de
valores e normas pela fofoca, diferenças estruturais entre sociedades tribais, rurais e
urbanas, e por diante. Por outro lado, o autor afirma que o emprego de rede social ajuda
a identificar quem são os líderes e quem são os seguidores de uma rede social.
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O autor explica que a rede é uma abstracção de primeiro grau de realidade, e contém a
maior parte possível de informação sobre a totalidade da vida social da comunidade à
qual corresponde, e chama-a de rede total. Uma rede total pode ser qualquer outro tipo
de rede que assemelha-se à rede total enquanto a forma estrutural. Em termos analíticos
a rede total pode ser seleccionada com base na posição, na forma ou no conteúdo. O
autor notou que os conceitos de zonas e estrelas foram apresentados como extractos da
rede social total e podem ser a qualquer rede parcial, e a densidade da zona é definida
como sendo a proporção das linhas directas, teoricamente possíveis da sua existência.

Em relação a qualquer rede total ou parcial, o autor considera duas características


distintas. A rede pode ser finita ou infinita. A rede finita contém um número finito e
limitado de pessoas, enquanto uma rede infinita contém um número indefinidamente
grande de pessoas. Por outro lado, uma rede pode ser ilimitada fazendo parte qualquer
pessoa do universo social, e parcialmente limitada ou totalmente limitada, existindo
parte de pessoas que deixam de estar na rede. Assim, a noção de limite ou de
descontinuidade é mais relevante para as redes parciais do que para as totais.

O autor argumenta que apesar de cada conexão de cada rede social ser uma igualdade
ostensiva, cada pessoa elabora sua própria divisão das demais pessoas da rede social em
três conjuntos, que são os superiores, os iguais e os inferiores. O autor explica que o
exame de uma rede qualquer, tomando concentração em uma pessoa particular como
ponto de referência, pode-se descobrir várias propriedades egocêntricas da rede.

O autor considera que uma rede parcial, consistindo de relações que não são derivadas
de filiação a grupos, pode ser designada como uma rede idiossincrática. Na sociedade
tribal, o padrão de relacionamentos na rede total revela a sua estrutura institucional, e a
análise dos conjuntos de acção provê uma maneira de se delinear sistematicamente as
escolhas feitas. O autor afirma que as relações pessoais nas sociedades tribais são do
tipo múltiplas, enquanto nas sociedades urbanas industriais têm uma direcção simples.

O autor concluiu que as observações feitas sobre as redes sociais, bem como para
proporcionar maior precisão e quantificação estiveram em si bastante isentas de
conteúdo empírico, sendo que enfatizou o que poderia ser feito, ao invés de basear-se
concretamente em seu próprio trabalho. Portanto, o autor afirma que muitos cientistas
sociais julgam perda de tempo qualquer tipo de discussão sobre instrumentos analíticos
elaborados que não foram testados pela prática.

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