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A EFICÁCIA SIMBÓLICA DA FLUIDOTERAPIA E DA FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA

NO PROCESSO DE CURA DE ENFERMIDADES

INTRODUÇÃO

Ao discorrer sobre o processo de cura de enfermidades, existe um variado


arsenal de métodos e técnicas religiosas e científicas que estruturam suas práticas
na busca do equilíbrio humano. No entanto, ao decorrer dos séculos e da evolução
científica, a religião passou a ser, por diversas áreas de saberes voltadas às práticas
biomédicas, subestimada quanto a sua eficácia.

Essa visão da biomedicina, resultou na fragmentação e redução dos seres


humanos, onde, seu pleno estado de saúde é resultante da cura de enfermidades
através do saber médico. O que de certa forma, diverge da conceitualização de
saúde estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que a define como:
“Um estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas como a
ausência de infecções ou enfermidades”. Não especificando assim, qual é o modelo
mais assertivo para a promoção de saúde.

Dessa forma, o saber biomédico se torna somente um aparato na


assistência à saúde e na promoção de bem estar dos seres humanos. Assim, ao se
falar sobre saúde é necessário um olhar psicossomatico, que de acordo com Ramos
(2006), é um modelo que enxerga a existência humana a partir da integração bio-
psico-sócio-espiritual-ambiental, ou seja, o ser humano em todas suas interações.

Dito isto, a cura de enfermidades e a promoção de bem estar, ultrapassa os


reducionistas métodos das ciências da saúde, podendo conectar-se com instâncias
nas quais, esteve presente na concepção de saúde para a humanidade desde os
primórdios: o imaginário, a religiosidade e a fé.

Resultando em um olhar macro ao estado de saúde, no qual, as técnicas


biomédicas em concomitância com a crença de cada indivíduo, englobaria os
aspectos que permeiam as interações humanas.

Com essa prática, a religião se torna, como o saber biomédico, um aparato


na promoção de saúde e cura de enfermidades, podendo ser, um método
interventivo que auxilia os aspectos que ultrapassam a compreensão do saber
médico.

Com isso, a proposta deste estudo é elucidar sobre a eficácia simbólica das
práticas ritualistas de fluidificação da água e fluidoterapia na cura de adoecimentos
que aflige os adeptos à doutrina espírita. Sendo o espiritismo, caracterizado por
Allan Kardec (1999), como uma doutrina religiosa, filosófica e científica que trata da
etiologia dos espíritos e utiliza-se de suas orientações para evolução das pessoas
terrenas.

Giumbelli (2006) aborda que as práticas terapêuticas do espiritismo sempre


esteve presente no Brasil, com um cunho de tratar adoecimentos que permeiam o
corpo, a mente e o espírito.

A fluidoterapia e a fluidificação da água são um dos métodos terapêuticos


mais utilizados nos centros espíritas, como afirma Giumbelli (2006). A fluidoterapia,
de acordo com Allan Kardec (2018), é denominada pelo manejo magnético das
energias de uma pessoa para outra. Sendo energias corpóreas e psíquicas, através
do auxílio dos espíritos desencarnados, caracterizando-se em um relevante método
curativo.

Já na fluidificação da água, os médiuns, que são pessoas que têm


capacidades de se conectar com espíritos desencarnados, utilizam-se do manejo
dos fluidos magnéticos de cura dos espíritos. Assim, os espíritos desencarnados
depositam na água os fluidos necessários para o tratamentos dos enfermos que
procuram essa terapia alternativa.

Através desses métodos, o espiritismo intervém na promoção de saúde,


auxiliando a cura dos adoecidos independente de sua causalidade. Com essa
proposta, Allan Kardec (2018, p.377) postula que: “A mediunidade curadora, é, por si
só, toda uma ciência, porque se liga ao magnetismo, e não só abarca as doenças
propriamente ditas, mas todas as variedades”.

Dito isso, através dessas afirmações sobre o poder curativo de tais técnicas,
este projeto buscará abordar, através de um estudo etnográfico em um centro
espírita em Maceió-AL, os fundamentos que permeiam tais rituais, avaliar a
influência simbólica dos rituais terapêuticos sobre o emocional dos adeptos
mediante ao estado de adoecimento e refletir sobre a relevância de se manter o
respeito à crença religiosa para a promoção de saúde.

JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO MESTRADO EM ANTROPOLOGIA; LINHA DE


PESQUISA; GRUPO DE PESQUISA E ORIENTADOR(A)

O mestrado em antropologia foi escolhido devido esta ciência pensar em


aspectos científicos de forma ampliada, sendo essa uma característica essencial
para fundamentar o presente projeto que aborda um olhar sobre a cura para além
dos limites biomédicos. A antropologia resulta em que mais fatores sejam
visualizados, avaliados e refletidos dentro da temática tratada, tendo em vista que,
as ciências da saúde observam os processos humanos apenas por elementos
observáveis de acordo com o fundamento de suas práticas.

Para além, este programa de mestrado se torna de grande relevância na


minha formação, pois a antropologia considera as conexões que envolvem o meio
nos quais as pessoas se desenvolvem, suas culturas e os demais campos que
constituem o ser humano. Sendo esta a proposta que alicerça este projeto, e que
busco constantemente exercer em minha atuação enquanto psicólogo, na qual,
procuro sempre respeitar as crenças dos meus pacientes e enxergá-las como
aliadas para me proporcionar uma visão macro de cada um deles.

Com isso, a linha de pesquisa escolhida foi a de etnicidade, corpo e política.


Os aspectos que permeiam a etnicidade e o corpo se correlacionam
significativamente com este projeto. Considerando assim, as características
convergentes do grupo religioso estudado e como as crenças deste grupo podem
influenciar em suas perspectivas sobre o adoecimento e a cura de enfermidades.

Seguindo esta proposta, acredito que o Coletivo de Estudos sobre


Religião e Cura (CuraRe), se relaciona intimamente com o projeto proposto,
devido a sua característica de direcionar estudo relacionados a cura para
além do saber biomédico, considerando a relevância das crenças de cada
indivíduo na cura de patologias, avaliando assim, os aspectos religiosos neste
processo.
Por fim, considero a professora doutora Isabel Santana de Rose, uma
orientadora excepcional para esta pesquisa. Levando em consideração seu
respeito frente às crenças humanas, na qual, dedica seus estudos a linha de
pesquisa com esta proposta. Com isso, acredito que seus conhecimentos e
métodos podem auxiliar inebriantemente o desenvolvimento do que me
proponho a estudar.

OBJETIVOS

Geral: Elucidar sobre a eficácia simbólica das práticas ritualistas de fluidificação da


água e fluidoterapia na cura de adoecimentos que aflige os adeptos à doutrina
espírita.

Específicos:

● Compreender a partir dos médiuns espíritas os fundamentos que permeiam


tais rituais;
● Avaliar a influência simbólica dos rituais terapêuticos sobre o emocional dos
adeptos mediante ao estado de adoecimento;
● Refletir sobre a relevância de se manter o respeito à crença religiosa para a
promoção de saúde.

JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA

Na minha prática como psicólogo, observei em diversas demandas a mim


apresentadas no exercício da profissão, que diversos pacientes não respondiam
efetivamente ao processo de tratamento de patologias, e que muitas vezes, suas
crenças religiosas resultaram em melhoras, nas quais, a psicologia e suas técnica
não obtinham o mesmo sucesso.

Durante o ano de 2021, decidi investigar mais a fundo fontes que


fundamentam esta minha percepção, o que resultou em um estudo narrativo
publicado no mesmo ano. Martins, Oliveira e Lopes (2021) reuniram diversos
estudos da área biomédica que se debruçaram sobre a fé e sua importância para
promoção da saúde.

Ao realizar essa pesquisa, foi possível observar que a religiosidade dos


pacientes impulsionaram tratamentos de patologias como câncer, fraturas e
transtornos mentais. Tornando-se um grande aliado para promoção da saúde.
Mais tardar, ao realizar a leitura das obras de Allan Kardec, sendo este um
grande precursor do espiritismo, pude observar que o autor alega que os
pensamentos e o emocional dos adoecidos tem um valiosos magnetismo para curar
patologias, e alega que a fé é a grande responsável por tais feitos.

Desta forma, me interessei significativamente em aprofundar o estudo


realizado em 2021, tendo como objeto as crenças espíritas e suas terapias
alternativas, a fim de verificar na prática a importância da fé para a cura de
enfermidades.

INSERÇÃO DO PESQUISADOR NO CAMPO DE PESQUISA E SUA INSERÇÃO


SOCIAL NO CONTEXTO QUE SE PROPÕE EM ESTUDAR

Desde minha graduação em psicologia tenho me interessado sobre os


aspectos que englobam a relevância das crenças religiosas dos pacientes dentro do
processo terapêutico.

Ao conhecer as obras de Allan Kardec, e sua enfatização sobre processos


mentais e magnetismo, busquei conhecer mais sobre o espiritismo e sobre suas
terapias alternativas, onde atualmente, frequento grupos de estudos no Centro
Espírita Nosso Lar para adquirir mais conhecimentos sobre essas técnicas e os
fundamentos da doutrina espírita.

Com essa experiência pude aprender sobre a importância da fé dos


pacientes para a promoção de saúde, independe de qual seja a crença, ela pode se
tornar uma relevante ferramenta na assistência à pacientes adoecidos.

Pesquisa com temáticas como a que me proponho a realizar, pode se tornar


uma ferramenta, para que profissionais da saúde, visualizem a importância da fé de
seus pacientes. Tendo em vista, que promoção de saúde será mais efetiva se
tivermos consciência de que nossas ciências biomédicas, não são capazes de
alcançar todas as instâncias que englobam as necessidades humanas.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O ESPIRITISMO

Inicialmente, para se percorrer a consolidação do espiritismo enquanto uma


doutrina, se faz necessário destacar-se aqui, a origem da crença basilar do
espiritismo, que são os espíritos, sua imortalidade e o processo da reencarnação
evolutiva.

A crença no espírito e sua imortalidade, como cita Guerrero e Léon (2008),


tem um antigo percurso, podendo ser comprovada a partir dos estudos de antigas
civilizações, como é o exemplo dos egípcios (2.000 a.c) e da civilização Védica
(3.000 a.c).

Segundo os autores, para os egípcios os seres humanos após sua morte


passavam por um julgamento, e aqueles que dedicaram suas vidas realizando bons
feitos poderiam desfrutar do paraíso, mas aqueles que não tiveram o mesmo
empenho, pagariam eternamente por suas transgressões. Exemplificando a crença
na imortalidade do espírito.

Já na civilização Védica, os atores destacam que as crenças se


perpetuavam pela existência dos espíritos e no processo de reencarnação. Citando
que quando um indivíduo realizava transgressões, elas seriam pagas na próxima
encarnação como uma penalidade sobre a matéria encarnada, podendo uma pessoa
nascer com uma deficiência por exemplo.

Os autores ainda especificam que muitas outras civilizações tiveram suas


doutrinas religiosas ligadas a essas crenças. No entanto, foi a partir do século 0,
com o percurso da história de Jesus Cristo, que a doutrina espírita ganhou seu
alicerce. Que, para Allan Kardec (1999), esse período trouxe ensinamentos sobre a
imortalidade dos espíritos e sobre a reencarnação.

Mas foi somente em 1957 que Allan Kardec (2014) através do “Livro dos
espíritos" propagou com o auxílio de diversos espíritos desencarnados a doutrina
espírita. De acordo com esse novo regimento, a separação entre ciência e religião
que veio se perdurando por séculos era inconcebível para proporcionar as
explicações de aspectos que circulavam a existência humana.

Diferente das crenças das civilizações passadas, o espiritismo se estrutura


como uma doutrina monoteista, acreditando em um unico Deus, no entanto, os seres
humanos terrenos poderiam receber auxílio de espíritos desencarnados que já
passaram pelo seu período no plano físico, e que estão evoluídos ou em processo
de evolução.
Jacob Melo (2004), menciona que este processo evolutivo é consequência
de reencarnações, onde os espíritos encarnados na terra, buscavam através de
suas existência terrenas a remissão de suas impurezas para a sua evolução.

O autor ainda expõe que a relação entre o mundo espiritual e matéria se


torna imprescindível para que isso ocorra, assim, tanto os encarnados quanto os
desencarnados possam receber mutuamente o auxílio um do outro neste percurso.

Dessa forma, Kardec (1999) destaca que o espiritismo é uma doutrina


científica com aspectos religiosos, pois as suas afirmações sobre as explicações da
origem humana não eram resultantes de achismos ou ideologias místicas, mas
comprovada a partir do intermédio dos espíritos auxiliadores. Citando que a religião
e a ciência são as alavancas da inteligência humana.

Essa integração entre ciência e religião proposta pelo espiritismo, resultou


em uma ampla visão de muitos aspectos da humanidade. Entre eles, o estado de
saúde e doença que circulam os seres humanos, assim como, o processo de cura
de enfermidades. Onde, o espiritismo busca integrar a relação entre a existência
material, amplamente estudada pela ciência e a existência espiritual explorada pelas
religiões.

SAÚDE, DOENÇA E CURA PARA O ESPIRITISMO

Cavalcanti (2008) relata que para o espiritismo, o estado de saúde está


intimamente interligado ao plano material e espiritual, tendo em vista que, para essa
doutrina, a doença advém da natureza espiritual e se somatiza no corpo encarnado.

Com isso, o autor afirma que essa interligação é primordial para se


compreender o contexto de doença-saúde de forma ampliada. Assim, a literatura
que fundamenta o espiritismo não exclui o ser biológico da matéria humana, mas
pode ser um complemento ao conceito utilizado humanamente pela OMS, que é:
“Um estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas como a
ausência de infecções ou enfermidades”. Pois para o autor, essa junção melhora o
entendimento e a promoção de saúde para os indivíduos.

No livro “Nos domínios da mediunidade'', Chico Xavier e André Luiz (1955),


referem que o adoecimento humano é resultante de energias negativas que circulam
tanto a matéria, quanto o espírito. Segundo consta nos escritos, o ser humano por
não ter disciplina sobre sua mente e seu emocional acaba por ficar suscetível a
influência dessas energias magnéticas.

Os autores, aprofundam essas afirmações elucidando que os seres


humanos constantemente recebem energias do cosmos, da alimentação, respiração
e da interação entre outras pessoas. Essa carga energética é originada dos
pensamentos e sentimentos humanos, sendo esses processos estudados até
mesmo pelas ciências da saúde, como a psicologia, onde Dalgalarrondo (2008)
relata que as alterações dessas funções podem resultar em diversos adoecimentos.

A partir disso, é possível se visualizar a junção entre conceitos estabelecidos


pela ciência através de um olhar que vai além dos trâmites da assistência médica
tradicional. O espiritismo não busca substituir ou subestimar as práticas interventivas
das ciências da saúde para a cura de enfermidades, mas pode se caracterizar para
os adeptos à doutrina, como uma ferramenta de terapia alternativa como base em
suas crenças.

A FLUIDOTERAPIA E A FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA COMO MÉTODOS


INTERVENTIVOS

Entre as terapias para a cura de enfermidades utilizadas no espiritismo,


estão a fluidoterapia e a fluidificação da água. A base de ambas as técnicas estão
intimamente ligadas a um termo amplamente estudado pela ciência, o magnetismo.

Sennevoy (2021) explica que o ser humano é um ser magnético, tendo em


vista que as moléculas que compõem o ser humano, assim como todas as matérias,
possui uma carga magnética. Isso se dá devido a rotatividade dos elétrons com
cargas negativas e prótons com cargas positivas envolta do núcleo celular, gerando
assim, um campo magnético.

Este magnetismo é considerado pelo autor, como energias presentes em


todas as matérias, mas para o espiritismo, esta energia tem um significado ainda
mais amplo. Allan Kardec (1999) no evangelho segundo o espiritismo, ressalta que o
magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé quando posta em ação. É
pela fé que ele cura e produz fenômenos que antigamente foram qualificados como
milagres.

Dessa forma, estes processos de cura podem ocorrer por meio da


fluidoterapia e da fluidificação da água. Jacob Melo (2004) explica que na
fluidoterapia os médiuns magnetizadores administram com técnicas elaboradas, sua
energia magnética através do pensamento, sendo este o processo mental capaz de
disciplinar os fluidos magnéticos. Nisso, esses magnetizadores utilizam-se dessas
energias com auxílio dos espíritos desencarnados, a cura dos adoecidos.

Na fluidificação da água, Allan Kardec (2018) menciona que a energia


magnética não só vem do plano material, mas sobretudo, do espiritual. Nesta terapia
alternativa, os espíritos desencarnados realizam o manejo do magnetismo existente
nos dois planos, depositando na água os remédios necessários para a cura de
adoecimentos.

Dito isso, através do manejo dos fluidos magnéticos, Kardec revela que os
seres humanos têm a seu serviço, uma força que é capaz de realizar coisas
inimagináveis, somente a partir do desenvolvimento dos processos humanos.

MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

A pesquisa irá se reverberar no Centro Espírita Nosso Lar, localizado no


bairro do Vergel do Lago, através de uma pesquisa etnográfica. Segundo Silva et al.
(2015) este modelo valoriza a compreensão das pessoas frente ao estímulo
estudado, respeitando sobretudo, o simbolismo dos indivíduos. Sendo este o
objetivo que permeia esta pesquisa.

Assim, durante as sessões de fluidoterapia e de fluidificação da água, irei


acompanhar todo o processo com a permissão dos participantes documentada
através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), observando a
aplicabilidade dos ritos e os estímulos provocados nos adeptos.

Para além, será realizada uma entrevista gravada por áudio com os
participantes,em média de 20, a fim de avaliar inicialmente sua percepção frente ao
adoecimento e sua crença quanto a cura através do ritual. Nesta perspectiva,
aplicarei também a escala de Bem estar subjetivo de Lawrence e Liang (1988).

A escala será aplicada no primeiro dia dos pacientes nas sessões e ao


término do processo da terapia alternativa, em concomitância com outra entrevista,
tendo o intuito de aferir os sentimentos decorrentes da aplicação das técnicas sobre
o adoecimento e suas crenças sobre a cura após a intervenção terapêutica.
Assim como os adeptos, serão realizadas entrevistas com os médiuns
aplicadores de tais técnicas, para coletar dados sobre as raízes dos rituais e seus
efeitos nos adeptos. Estas coletas serão analisadas a partir da técnica de discurso
de Caregnato e Mutti (2006), que se configura na compreensão, avaliação e
identificação dos sentidos, tornando-se um método significativo para análise de
dados orais.

Durante o período de pesquisa, todos os momentos serão registrados em


diários de campo, para ter sob domínio todos os aspectos do dia vivenciado, como o
comportamento dos adeptos e médiuns pré e pós a realização dos ritos, a
preparação do ambiente, entre outros fatores . Esses diários serão analisados pela
técnica de rituais, estabelecida por Peirano (2002), que possibilita refletir sobre a
influência dos rituais nos adeptos.

ASPECTOS ÉTICOS

Caso a candidatura ao mestrado de antropologia for aprovada, o projeto será


submetido ao comitê de ética e pesquisa, como requer a resolução nº 466/12 e a
Resolução n. 510/16, proposta pelo ministério da saúde.

O projeto foi estruturado com base na resolução citada, no qual, a coleta de


dados, somente será possível após a assinatura do TCLE pelos participantes, onde
constará o objetivo da pesquisa e sua relevância social, constando ainda, medidas
que garantam a liberdade de participação, a integridade do participante da pesquisa
e a preservação dos dados que possam identificá-lo, garantindo, especialmente, a
privacidade, sigilo e confidencialidade e o modo de efetivação.

Também será exposto esclarecimentos sobre a forma de acompanhamento


e assistência a que terão direito os participantes da pesquisa. Garantido que
quaisquer danos não serão inferidos aos participantes, que através de sua escolha
voluntária, poderão, sem distinção de singularidades, participar da pesquisa.

CRONOGRAMA

Período de execução

SEMESTRE 2023.1 2023.2 2024.1 2024.2

X
1. Submissão do projeto ao comitê de ética
X
2. Frequência nas disciplinas do mestrado

X
3. Realização de proeminência em língua estrangeira

X
4. Realização de leituras na área

X
5. Realização da etnografia do campo

X
6. Análise dos dados

X X
7. Elaboração da tese e Redação de qualificação

X
8. Defesa da tese

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