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INTRODUÇÃO
A relação entre religião e a prevalência dos principais transtornos mentais tem sido um
tópico de crescente interesse científico . Embora a maioria dos estudos, principalmente
norte-americanos, aponte para uma possível acção protectora da religiosidade sobre a
saúde mental.

O objectivo do estudo da pesquisa é compreender as percepções de profissionais de


saúde, pacientes e seus familiares com relação ao impacto da religião nos transtornos
mentais. Para o estudo, será utilizada a análise de conteúdo. Categorias identificadas: 1.
Vivência religiosa/espiritualidade como factor que fortalece o indivíduo no
enfrentamento da doença; 2. Vivência religiosa/espiritualidade como factor que dificulta
o tratamento; 3. Dificuldades do profissional de lidar com a vivência
religiosa/espiritualidade de pacientes e familiares.

A relação entre religião, religiosidade, espiritualidade e saúde/doença mental tem sido um assunto de
interesse nas ciências sociais, comportamentais e de saúde.

A experiência religiosa e suas diferentes formas de expressão foram ignoradas por muito tempo na
abordagem ao paciente psiquiátrico, e, em contrapartida, algumas religiões desencorajavam ou
proibiam seus seguidores de procurar tratamento quando do adoecimento mental ( ALVES et al.,
2010).
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JUSTIFICATIVA
O Ministério da Saúde (MISAU) alerta para um novo fenómeno que se está a incubar
em vários estratos da sociedade moçambicana, caracterizado pelo aumento de doenças
mentais.
A nível global, um fenómeno cada vez mais preocupante é o facto de uma em cada
cinco pessoas poder ter um tipo de perturbação mental”, no entanto, a nível nacional o
sector de saúde se debate com um sério desafio em termos estatísticos sobre a nova
realidade.
As perturbações psicóticas, em geral, e por consumos de substâncias psicoactivas são
muito mais comuns entre os indivíduos do sexo masculino, enquanto as depressões e
ansiedades, que são doenças de fórum neurótico, são mais comuns as pessoas do sexo
feminino.
A escolha deste tema surge na sequência de uma observação minuciosa na explicação
religiosa sobre as doenças mentais e o crescente número de problemas mentais a nível
da cidade da Beira.
Espera-se com este tema contribuir para melhorar a percepção da sociedade sobre as
perturbações mentais e quais as contribuições da religião nesta área.
Em psicologia Clínica, porque as perturbações mentais constituem temáticas de
discussão, leccionação e pesquisa, contribuirá no fornecimento de conhecimentos
sistematizados e focados e deste modo constituir material bibliográfico de consulta para
todos que queiram produzir mais trabalhos de pesquisa nesta temática.
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PROBLEMATIZAÇÃO
A saúde é indubitavelmente um dos bens de maior importância para o ser humano,
imprescindível não apenas à sua sobrevivência, mas também à preservação da espécie e
a uma digna qualidade de vida. A busca pela saúde é uma preocupação presente desde
os primórdios da humanidade, em que a cura dos males que acometiam os homens se
dava por meio do curandeirismo, da feitiçaria, práticas eivadas de uma notável carga
mística.
Os problemas concernentes à sanidade e higiene estavam incutidos por ideias religiosas
ou mágicas, levando o homem a crer que a doença e a morte eram castigos divinos ou
outros fenómenos independentes da vontade humana.
Em Moçambique, em particular a cidade da Beira, a oferta reduzida dos serviços de
saúde com qualidade desejada como demanda o conceito de saúde pública que denota o
conceito "Saúde", como uma responsabilidade dos países de criar condições para o
"bem-estar físico e social" seja oferecido a população, pode estar a dar cada vez mais
espaço a religião para explicar e dar certo contributo principalmente na saúde mental
dos residentes na cidade da Beira o que é dado pelo grande crescimento em particular de
Igrejas que são também uma forma de representação da religião.
Embora as entidades Moçambicanas ligadas à gestão dos serviços de saúde
desenvolverem esforços no sentido reverter o actual cenário que se considera
preocupante pois segundo o MISAU há uma espécie de encubação em vários estratos da
sociedade moçambicana de algum tipo de perturbação mental.
Neste contexto e assumindo os pressupostos já mencionados, busca-se dar resposta ao
seguinte problema de pesquisa:

Quais os impactos da religião sobre a saúde mental dos residentes da cidade da


Beira?
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OBJECTIVOS DO TRABALHO
Objectivo geral
 Compreender os impactos da religião na saúde mental da população da cidade da
Beira.

Objectivos específicos
 Identificar as características físico-geográficas da área de estudo;
 Apontar os problemas mentais;
 Caracterizar os problemas mentais;
 Explicar o impacto da religião na saúde mental;

HIPÓTESES
O impacto da religiao na saude mental dos residentes na cidade da Beira pode ser
explicado por alguns factores, por isso avança-se as seguintes hipóteses:

 A fraca recorrência dos citadinos desta urbe aos serviços clínicos para cuidados e
tratamentos;
 O número reduzido de profissionais formados e afectos aos Centros de Saúde para
atender e dar seguimento a estas situações;
 A visão da religião como meio de solução de todos os problemas tanto
socioeconómicos;

DELIMITAÇÃO DO TEMA
Este estudo preocupa-se em analisar o impacto da religião na saúde Mental na cidade da
Beira. O estudo será realizado na cidade, portanto constituem aspectos de estudo, os
impactos da religião na saúde mental na cidade da Beira.

REVISÃO DA LITERATURA
Saúde
Segundo A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de
completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e
enfermidades”.
Para SÉGUIN (2005:28) Saúde é conceituada também como o que resulta “das
adequadas condições de alimentação, habitação, saneamento, educação, renda, meio
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer e acesso a serviços de saúde”.
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De acordo com HOUAISS (2001:2525) saúde “estado de equilíbrio dinâmico entre o


organismo e seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do
organismo, dentro dos limites normais para a forma particular de vida (raça, gênero,
espécie) e para a fase particular de seu ciclo vital”.

Em uma publicação de 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) reforça esse
conceito, apontando quatro condições mínimas para que um Estado assegure o direito à
saúde ao seu povo: disponibilidade financeira, acessibilidade, aceitabilidade e qualidade
do serviço de saúde pública do país.

Saúde Mental
A maior parte das pessoas, quando ouvem falar em “Saúde Mental” pensam em
“Doença Mental”. Mas, a saúde mental implica muito mais que a ausência de doenças
mentais.
Pessoas mentalmente saudáveis compreendem que ninguém é perfeito, que todos
possuem limites e que não se pode ser tudo para todos. Elas vivenciam diariamente uma
série de emoções como alegria, amor, satisfação, tristeza, raiva e frustração. São
capazes de enfrentar os desafios e as mudanças da vida quotidiana com equilíbrio e
sabem procurar ajuda quando têm dificuldade em lidar com conflitos, perturbações,
traumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida.
A Saúde Mental de uma pessoa está relacionada à forma como ela reage às exigências
da vida e ao modo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e
emoções. 
A Organização Mundial de Saúde afirma que não existe definição "oficial" de saúde
mental. Diferenças culturais, julgamentos subjectivos, e teorias relacionadas
concorrentes afectam o modo como a "saúde mental" é definida.

Religião
A religiosidade dá sentido à vida das pessoas e ajuda-as a lidar com o sofrimento e a
morte, de acordo com STROPPA e MOREIRA-ALMEIDA, (2008). Sabe-se também,
no entanto, que existem distintas formas de ser religioso.
O termo “religião” originou-se da palavra latina religião, cujo sentido primeiro indicava
um conjunto de regras, observâncias, advertências e interdições, sem fazer referência a
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divindades, rituais, mitos ou quaisquer outros tipos de manifestação que,


contemporaneamente, entendemos como religiosas. Assim, o conceito “religião” foi
construído histórica e culturalmente no Ocidente adquirindo um sentido ligado à
tradição cristã.
Para SILVA (2004) "Religião é um sistema comum de crenças e práticas relativas a
seres sobre-humanos dentro de universos históricos e culturais específicos."
Segundo PANZINI et al. (2007) definem religião como sendo a crença na existência de
um poder sobrenatural, criador e controlador do Universo, dando ao homem uma
natureza espiritual que continua a existir depois da morte do corpo.
PANZINI e BANDEIRA (2007) verificaram que a religião, espiritualidade ou fé
beneficiam na forma como as pessoas lidam com o estresse, e Paiva (2007) discutiu
como a religião pode ter a função de cura e recuperação nas doenças. Com relação ao
Revista Brasileira de História das Religiões. Peres et all (2007) analisaram como a
religiosidade/espiritualidade influenciam no indivíduo, acreditando que estas podem ser
utilizadas como recursos na promoção da saúde.

METODOLOGIA DO TRABALHO
Métodos e técnicas de procedimento
Pesquisa bibliográfica
GIL (2002:44) “a pesquisa bibliográfica é aquela que consiste na leitura de livros e
artigos científicos entre outras literaturas”.
Com este método far-se-á leitura de materiais escritos como sejam livros, artigos e
revistas científicas sobre a temática. Alguns dos materiais bibliográficos serão extraídos
na internet.
Com recurso à pesquisa documental, que de acordo com MARCONI e LAKATOS
(1999), a fonte de recolha de dados está restrita a documentos, escritos ou não, que
constituem fontes primárias que auxiliam o pesquisador na compreensão dos fenómenos
em estudo.

Observação directa
Para RICHARDSON (1999:82), a “observação é a técnica de colecta de informação e
utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade”. Não consiste
apenas em ver e ouvir mas também em examinar factos ou fenómenos que deseja se
estudar.
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Neste contexto, a aplicação desta técnica consistiu na observação do nível de adesão ao


aos serviços de saúde mental especializado em comparação com as que recorrem a
religião. A observação destes e outros aspectos será feita mediante uma ficha de
observação.

Entrevista
A entrevista representa uma técnica de colecta de dados na qual o pesquisador tem um
contacto mais directo com a pessoa, no sentido de se inteirar de suas opiniões acerca de
um determinado assunto. Assim o pesquisador, servir-se-á desta técnica de modo a ter
contacto com os seleccionados para colher sensibilidades que deia sustento a pesquisa.

Resultados esperados

Observa-se que os dados da pesquisa corroboram a produção científica na área, embora


apresentem os limites do contexto cultural na qual ela foi desenvolvida. Percebe-se que
os discursos dos colaboradores da pesquisa se entrelaçam em diferentes momentos, ora
se aproximando de um consenso com relação ao tema, ora se distanciando, e que,
mesmo quando divergentes, complementam-se.

Os resultados apontam avanços na percepção e na compreensão do tema pelos atores


envolvidos no estudo. Alguns avanços e recuos podem ser identificados, entre eles, a
necessidade de pesquisas com grupos em contextos específicos; a criação e a validação
de instrumentos para mensurar até quando as vivências religiosas/espiritualidade podem
ser benéficas ou não no tratamento dos transtornos mentais, já que os existentes foram
desenvolvidos e validados em contextos que nem sempre expressam a colectividade, e
existe a necessidade expressa do profissional de saúde de ter um parâmetro para avaliar
essa interface.
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CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES
Actividades Abr Mai Jun Jul Ag Set Out Nov
o

Pesquisa do tema X

Definição do tema X

Pesquisa bibliográfica x x

Colecta de Dados x x x

Apresentação e discussão dos dados x

Elaboração do projecto x x

Entrega do projecto x

ORÇAMENTO
Item Quantidade Preço Unitário TOTAL

Material de consumo (escritório) Variável variável 500,00

Serviços de terceiros 1 1 500 500

(assistência à pesquisa: sistematização de tabelas)

Serviços de terceiros 2: reprografia 10000 2,5 2500

Passagens e diárias Variável Variável 3500

Material bibliográfico (livros nacionais e importados) 30 50,00 1500,00

Notebook hp Core i7 / 2 gb ram / HD1000G 1 5000,00 5000,00

TOTAL GERAL - - 13.500,00


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Bibliografia
GIL, António Carlos, Projecto de Pesquisa, 4ª ed, Atlas, São Paulo 2002
LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Maria de Andrade, Fundamentos de
Metodologias de Investigação Científica, São Paulo 1999.
SÉGUIN, Elida. Biodireito. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro Salles. Dicionário Houaiss de língua portuguesa.
Rio de Janeiro: Objetiva. 2001, p. 2525.
World Health Report 2001 - Mental Health: New Understanding, New Hope, World
Health Organization, 2001»
SILVA, Eliane Moura. O Espiritualismo no Século XIX: reflexões teóricas e históricas
sobre correntes culturais e religiosidade. IFCH/UNICAMP, Col Textos Didáticos n. 27,
Campinas, 1999.
PANZINI, R. G. et al. Qualidade de vida e espiritualidade. Revista de psiquiatria
clínica, v.34 supl.1, 2007.
STOPPA, A. e MOREIRA-ALMEIDA, A. Religiosidade e Saúde. . In: M. Salgado &
G. Freire (Org.). Saúde e Espiritualidade: uma nova visão da medicina. Belo Horizonte:
Inede, 2008.
PERES, F., SIMÃO, M.; NASELLO, A. Espiritualidade, religiosidade e psicoterapia.
Rev. Psiq. Clín. 34, supl 1, p. 136-145, 2007.
PANZINI, R.; BANDEIRA, D. Coping (enfrentamento) religioso/espiritual. Revista de
Psiquiatria Clínica, 34, supl 1, p. 126-135, 2007.

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