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O artigo pretende demonstrar como o corpo e o xamanismo pensado em sua diversidade social
tem sido dois dos pontos mais centrais nas reflexões antropológicas e tem acompanhado minhas
reflexões nos últimos dez anos. Os estudos antropológicos sobre a diversidade das "técnicas
corporais" indica-nos para uma compreensão das representações sociais de grupos particulares,
mesmo que estes sejam considerados como grupos de alto contacto com a sociedade envolvente.
Neste caso, estas representações aparecem com maior evidência quando se estabelece o trabalho
etnográfico no campo, na permanência entre o grupo a ser estudado.
Contextualização
Esta abordagem defende que o corpo é um tema particularmente propício a uma análise
antropológica, porquanto pertence de pleno direito à estirpe identificadora do homem. Sem o
corpo, que lhe dá um rosto, o homem não existiria.
DOUGLAS (1966), categorizou o corpo como corpo físico e corpo social e o inter-
relacionamento contínuo entre ambos, onde “o corpo social determina a maneira de se perceber o
corpo físico”. As categorias sociais reconhecem e modificam a experiência física do corpo
sustentando uma visão cultural particular da sociedade e determinando certos padrões de
comportamento. Como resultado desta interacção, o corpo acaba por se tornar uma condição de
expressão altamente restrita e controlada pela sociedade.
Segundo o autor, dos corpos que se transformam dentro das sociedades indígenas, o do xamã é o
que passa por uma metamorfose mais complexa. Xamã nestas sociedades como "a pessoa fora do
grupo, reflectindo sobre ele e, por isso mesmo capaz de modificá-lo e guiá-lo".
O autor afirma que os xamãs Siona têm o daus como uma substância que cresce com seu corpo
após a primeira morte. O dau começa a crescer e se espalhar no corpo do aprendiz depois que ele
começa a ingerir yagé e a viajar entre os mundos. Quando ocorre um infortúnio dentro do grupo,
torna-se necessário descobrir a força invisível que o causou.
O uso que os Kaingàng fazem de seus corpos está ancorado em arranjos que lhes garantem
especificidade. Se for de um xamã, o xamã que cura deve ter mais dau que o atacante. O xamã
que tiver maior poder pessoal vencerá. O conhecimento antropológico é valioso para analisar
como se dá a compreensão das representações sociais, especialmente as representações
diferenciadas no contexto de cada cultura.
Os autores querem entender como os valores podem ser justificados. Ou ainda pensar na
diversidade, como o mais imediato, o próximo terreno onde as verdades sociais e as contradições
sociais se desenrolam, bem como um locus de resistência social pessoal, criatividade e luta.
Apreciação crítica
Fica claro que a antropologia do corpo é parte importante da ciência enquanto aquela que vai
procurar subsidiar de conhecimentos relacionados a área que muitas vezes fica relegado a
religião e a mitologia.
Neste contexto, o estudo do corpo na sua dimensão total físico, biológico e sociocultural abre-
nos o entendimento de que o corpo na sua construção e aperfeiçoamento é também resultado das
influencias sociais e grande parte dele a influencia cultural, daí o sentido do postulado por
LANGDON “1992”, “o corpo é um tema particularmente propício a uma análise antropológica,
porquanto pertence de pleno direito à estirpe identificadora do homem. Sem o corpo, que lhe dá
um rosto, o homem não existiria”.
No artigo o autor oferece saberes sucintos que apoiam a compressão aprofundado do tema apesar
da sua complexidade.
Bibliografia