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Uma vez que o mito, enquanto modelo exemplar, é apresentado como algo sagrado,
Mircea Eliade ainda aponta que ele é transmitido através da oralidade, em ocasiões
específicas, durante o tempo sagrado. Para exemplificar, o mesmo apresenta as
cantigas épicas de Gesar, recitadas entre os povos turco-mongóis e tibetanos. Esta, que
deve ser recitada apenas a noite, durante o inverno, traz sucesso durante a caça e
durante as guerras, ou seja, a tradição do canto traz sentido e significado a
organização social do seu grupo.
Por conseguinte, o mesmo ainda apresenta o conceito de mito cosmogônico, que faz
referência aos modelos de origem da existência do mundo, às narrativas fundacionais,
que perpassam desde as sociedades mesopotâmicas e indígenas, até ao catolicismo.
Conclui-se, portanto, que para o historiador os mitos fundamentam a existência
humana, possibilitando a reatualização das histórias míticas e a permanência dos
costumes dos entes ancestrais, exemplificada pelo autor através dos Kai da Nova
Guiné, que vivem sob o modo de vida e a organização do trabalho da forma como
feita pelos seus ancestrais míticos, o Nemu.
4) De acordo com Mircea Eliade, historiador romeno estudioso das religiões,
encontramos entre as características do mito a intuição compreensiva do real,
fundamentada na emoção e na afetividade, fixando modelos exemplares de ritos a
serem seguidos por determinado grupo social. - Com base na leitura do texto
discorra sobre a estrutura e função do mito.
Para além disso, o mesmo atribui ao mito a função de algo sagrado, pois envolve a
crença dos grupos humanos, além de revelar sobre as diferentes narrativas
fundacionais, ou seja, os mitos cosmogônicos de criação do universo e da existência
humana, explicando também sobre modos de comportamentos, tradições e ritos de
cada sociedade. Como exemplo dessa estrutura mencionada pelo autor, pode-se citar
os rituais de iniciação, a exemplo do batismo na religião católica, que traz a
simbologia da purificação do homem, sendo este um exemplo da maneira como a
sociedade é vista através da crença.
Outro ponto destacado pelo autor sobre a estrutura dos mitos refere-se ao fato de que
conhecer o mito é um sinônimo para conhecer a origem, conhecimento este
caracterizado como ritualístico e simbólico, seja ele narrado ou apresentado através
dos rituais, tornando possível reatualizar e rememorar os acontecimentos passados.
Por conseguinte, o autor define que rememorar o passado através dos mitos implica
dizer que o ser humano está saindo do seu tempo cronológico e passando a viver no
tempo primordial, ou seja, o momento em que aquela narrativa se iniciou. Buscando
definir a função dos mitos nas sociedades primitivas, o mesmo se utiliza de conceitos
propostos por Malinowski, onde o mito possui a função de reviver uma realidade, de
dar sentido a crenças, impor princípios de ordem moral e social que irão definir o seu
funcionamento, garantindo a eficiência dos ritos e proporcionando modelos de vida
humana.
O segundo eixo prioriza a abordagem cultural das religiões e suas múltiplas narrativas
sagradas, sendo estas as responsáveis por revelar as tradições seguidas por cada grupo,
além de atribuir significado ao conjunto de normas, regras e tradições que guiam as
práticas religiosas. O terceiro eixo é proposto com o objetivo de estudar as religiões e
suas influencias no meio social, buscando assim analisar os seus fenômenos, tradições,
doutrinas e regras sociais através de diversas áreas do conhecimento, como a
sociologia e os estudos antropológicos. Além disso, se propõe identificar a relação
entre religião e cultura.
O quarto eixo é definido pelo autor, a partir dos estudos de Guilouski; Costa (2012),
como atos simbólicos que expressam as crenças religiosas, uma vez que os ritos são
apresentados como a forma de se adentrar ao mundo dos seres divinos. Por fim, o
quinto e último eixo remete ao estudo dos valores, comportamentos e interrelações
éticas entre as múltiplas culturas, tradições e religiões na sociedade. Segundo os
estudos de Nilo Agostini, (1993), o ethos está presente na origem das normas e
diversidades culturais e religiosas.
Uma vez que inserido dentro de um contexto plural e tolerante, o ensino religioso
configura-se como um importante instrumento dentro do processo educativo pois
garante a perpetuação dos valores, tanto espirituais como morais, o que por sua vez
influencia diretamente na construção de jovens cidadãos tolerantes e aptos a lidarem
de forma respeitosa com a grande diversidade étnica e religiosa existente.
Com base nisso, faz-se necessário que o professor de ensino religioso atue na
formação crítica do aluno, pois, além de atuar na formação cidadã, auxiliando no
combate ao preconceito, o mesmo também deve auxiliar o aluno a identificar relações
intolerantes, uma vez que os valores sociais são processos de construção ao longo da
vida dos jovens e crianças.