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Cap 1

- Precisamos conversar Olívia. - Papai fala se sentando perto de mim.

- O que está acontecendo? - Pergunto preocupada.

Meu pai parece aflito, e vê-lo desse jeito está me deixando muito nervosa e com medo.

Já tem alguns dias que estou percebendo uma mudança no senhor Frederick, mas todas as
vezes que pergunto ele desconversa e não me diz nada.

O conheço bem o suficiente para saber que ele está escondendo algo, mas pelo jeito saberei
hoje o que está o afligindo.

- O que está acontecendo Fred? - Minha mãe pergunta. - É sobre aquele assunto?

- Eu não sei por onde começar a falar sobre esse assunto. - Ele abaixa a cabeça e suspira alto.

- Está me deixando preocupada. - Digo. - Por acaso o senhor está doente?

- Não. - Ele nega com a cabeça.

- Fale de uma vez Fred. - Minha mãe fala.

Papai se levanta e começa a caminhar de um lado para o outro, enquanto passa as mãos pelo
rosto diversas vezes.

- Você vai se casar em uma semana. - Ele fala de repente.

Jogo a cabeça para trás e começo a gargalhar alto, pela piada que meu pai acabou de contar.
- Por que está rindo? - Ele questiona.

- Está pensando em virar comediante? - Indago ainda rindo. - Muito engraçado o que o senhor
acabou de dizer.

- Estou falando sério Olívia.

- Tá bom. - Seguro o riso. - Eu nem ao menos tenho um namorado e vou me casar como?

Meu pai se senta em uma poltrona de frente para mim, e então me olha com seriedade, o que
começa a me deixar com medo.

- O senhor estava brincando não estava? - Pergunto.

- Não. - Ele nega com a cabeça.

- O quê?! - Arregalo os olhos.

- Já está tudo resolvido. - Ele fala. - Se casará em uma semana.

- Como assim me casarei em uma semana? - Me levanto rapidamente.

Olho para minha mãe que está de cabeça baixa, o que faz eu começar a desconfiar que ela
sabia sobre isso o tempo todo, por esse motivo ela sequer abre a boca para falar algo.

- Como você já sabe eu estava enfrentando alguns problemas na empresa, e...

- E o que isso tem a ver com casamento? - O corto.

- Você se casará com o novo presidente da empresa.


- O senhor está louco? - Indago incrédula.

- Me desculpe Olívia, mas essa foi a única forma que consegui salvar...

- Não acredito que o senhor foi capaz de me vender dessa forma. - O corto novamente.

Meu pai se cala e abaixa a cabeça, e minha mãe faz a mesma coisa ao invés de tentar me
ajudar.

- Pode desmarcar esse casamento, porque não tenho a intenção alguma de me casar com um
completo desconhecido. - Digo com seriedade.

- Você...

- Não quero que toque nesse assunto novamente. - O corto. - Em hipótese alguma me casarei
com alguém que não amo.

Deixo meu pai falando sozinho e então começo a correr em direção as escadarias o mais
depressa possível, para poder fugir dessa loucura.

Assim que paro em frente à porta do meu quarto a abro, e então adentro o ambiente e
caminho em direção à minha cama e me jogo nela.

- Eu devo estar tendo um sonho ruim. - Digo a mim mesma.

Belisco minha perna, mas para minha infelicidade acabo percebendo que tudo o que
aconteceu é bem real, e não coisa da minha mente.

Como meu pai pode fazer algo desse tipo? Eu sei que ele está tendo problemas no momento,
mas querer que eu me case com um desconhecido não é a melhor opção para salvar sua
amada empresa.

Sou uma ótima filha, e sempre estive disposta a obedecê-lo, mas dessa vez eu não darei
ouvidos as suas ordens.
Quando eu me casar será por amor, e não para poder salvar uma empresa. Talvez seja
egoísmo da minha parte, mas eu não quero ter que conviver com alguém que não conheço e
amo, por isso dessa vez eu serei egoísta sem  pensar duas vezes.

Minha vida se resumiu a fazer a vontade dos meus pais, e apesar de saber que teremos ainda
mais problemas não quero e não vou me arriscar em um casamento de conveniência.

- Olívia? - Minha mãe chama por mim. - Posso entrar?

Levanto a cabeça e a vejo me olhando da porta do quarto, e assim que faço sinal com a mãe
ela adentra o ambiente.

- Se veio tentar me persuadir sobre esse casamento, não perca seu tempo. - Falo.

- Quando você ver seu noivo mudará de ideia. - Ela sorri largo. - Ele é lindo.

- A senhora sabia disso o tempo todo? - Pergunto incrédula.

- Sim. - Ela assume envergonhada.

- Como a senhora e o papai tem coragem de tentar me casar com um estranho? - Indago.

Ela se senta na beirada da cama, pega minha mãe e aperta levemente e então fala:

- Quando tiver seus próprios filhos, vai querer protegê-los a todo custo, então entenderá
porque estamos fazendo isso.

- Pode ter certeza que não os obrigaria a se casar sem querer. - Retruco.

- Não estamos te obrigando Olívia. - Ela fala. - Você tem uma escolha.

- Escolho não me casar.


- Então teremos que enfrentar muitos problemas de agora em diante. - Ela diz triste.

Isso não seria ser obrigada a se casar? Se eu não fizer isso nossa família estará em apuros, e
saber que nosso futuro está em minhas mãos não ajuda em nada.

- Você sabe que aquela empresa é tudo para seu pai, e ele se agarrou a primeira oportunidade
que teve para salvá-la. - Mamãe fala. - Não estou dizendo isso para que se sinta culpada, mas
você é a única pessoa que pode salvar o legado do seu pai.

- Por que diz isso? - Pergunto.

- Derek estava disposto a ajudar seu pai, mas em troca ele quer você.

- Isso não é vender sua própria filha? - Reviro os olhos.

- Me desculpe por ter apoiado seu pai nisso, mas nós realmente não tínhamos outra
alternativa.

Eu sei que a empresa é a realização dos seus sonhos, mas ela é mais importante que eu? Vale a
pena entregar sua filha a um desconhecido apenas para salvar seu legado?

- Por que eu? - Indago. - Existe tantas filhas de homens bem mais importantes do que meu pai,
então por quê logo eu?

- Eu também não sei. - Ela dá de ombros.

- Esse homem deve ser louco. - Semicerro os olhos.

- Derek é um homem sério e reservado, mas ele é uma boa pessoa. - Ela fala. - Seu pai nunca
iria te entregar a um homem, se não soubesse que ele é decente.

- Estou tão aliviada. - Digo com sarcasmo.


Minha mãe pega minhas mãos e coloca uma em cima da outra, e então me olha com
preocupação e ternura.

- Antes de dar sua resposta final pense com carinho se realmente não vai aceitar se casar com
o Derek. - Ela fala.

- Eu já...

- Pense com carinho Olívia. - Ela me corta.

Eu já tenho a minha resposta, mas se eu disser alguma coisa agora minha mãe tentará me
persuadir, por isso me manterei calada.

- Derek jantará conosco essa noite. - Ela fala.

- O quê?! - Arregalo os olhos supresa.

- Quando o vir tenho certeza que mudará de ideia. - Ela sorri de canto. - Quase pedi o divórcio
para seu pai para eu poder me casar com ele.

- Não diga bobeiras mamãe. - Reviro os olhos.

Ela se levanta, e então começa a caminhar em direção à porta do quarto, e assim que se
aproxima dela a abre.

- Esteja pronta as vinte horas. - Ela fala antes de fechar à porta.

Eles devem ter planejado isso há dias, e somente hoje decidiram jogar a bomba sobre mim
porque o tal do Derek virá para jantar, mas eu não tenho intenção alguma de ser amigável, ou
aceitar esse casamento tão repentinamente.
Cap 2

- Por favor, se comporte Olívia. - Mamãe pede baixinho. - Não passe vergonha em mim e seu
pai.

- Quando eu fiz isso? - Bufo frustrada.

- Eu te conheço querida. - Ela sorri largo. - E por te conhecer muito bem sei como pode ser
impossível as vezes.

- Calúnia. - Olho para a ponta das unhas.

Minha mãe sabe que quando eu não gosto de algo ou alguém não consigo disfarçar, e é por
esse motivo que ela está morrendo de medo de que eu faça algo estúpido nesse jantar.

Assumo que minha vontade era de ficar no meu quarto e ignorar todos, mas eu sou educada
demais para não receber bem um convidado por mais que ele seja indesejado.

Papai aparece do nada com uma muralha de homem o seguindo, mas não dá para eu ver seu
rosto direito pois estou na entrada da cozinha. 

- Sente-se senhor Willson. - Meu pai aponta para o sofá.

- Obrigado. - Ele agradece. - E pode me chamar apenas de Derek.

- Tudo bem então, Derek. - Papai sorri abertamente.

Os dois continuam conversando tranquilamente, enquanto eu e minha mãe os observamos de


longe, e mesmo que seja por alguns segundos, assumo que fiquei curiosa para ver o Derek.
- Vamos conhecer seu noivo? - Mamãe pergunta baixinho.

- Ele não é meu noivo. - Retruco com irritação.

Percebo que acabei falando um pouco alto demais, quando meu pai olha em nossa direção.

Ele faz sinal com a mão para que eu a minha mãe nos aproximamos dele, e apesar de estar
levemente curiosa para conhecer Derek, estou com muito mais vontade de sair correndo.

- Vamos Olívia?

Mamãe coloca a mão nas minhas costas, e praticamente começa a me empurrar em direção à
sala, e a cada passo que dou sinto meu coração batendo ainda mais rápido no peito.

O que estou fazendo? Já deixei bem claro que não aceitarei esse casamento, então porque
tenho a sensação que uma parte de mim está pensando na possibilidade maluca de aceitar
isso?

Eu não tenho a obrigação de participar desse jantar já que eu não pretendo me casar com o
senhor Willson, mas por quê aqui estou eu? Por quê estou tão nervosa como se eu realmente
fosse uma noiva?

Não me recordo de ter ficado tão nervosa com algo em toda a minha vida. Não me recordo de
um dia que eu estive com tanto medo, mas ao mesmo tempo curiosa.

Só posso estar maluca, caso contrário eu já teria ido embora o mais rápido possível, sem ao
menos olhar para trás.

- Se aproxime querida. - Papai faz sinal com a mão. - Não tenha medo.

- Não estou com medo. - Minto.


Minha mãe me empurra com mais força do que devia em direção ao homem em minha frente,
e para minha surpresa e espanto acabo sendo amparada por ele.

Eu achei que quando enfim o visse de perto eu agiria com frieza, mas aqui estou eu com as
mãos em seu peitoral forte, e me hipnotizado em em olhos incrivelmente azuis.

- Des... desculpe. - Peço sem graça.

Me afasto rapidamente, e então me dou uns murros mentalmente por ter guaguejado em um
momento não inapropriado.

Era para eu agir de outra forma, mas o que acabou acontecendo? Agi como uma adolescente
quando vê um homem extremamente lindo.

- Esse é o senhor Willson. - Papai aponta para ele. - Seu futuro marido.

- Eu não...

Me calo quando sinto uma forte dor nas minhas costelas, e quando olho para trás dou de cara
com minha mãe sorrindo abertamente, como se não tivesse acabado de me beliscar.

- É um prazer enfim revê-lo senhor Willson. - Mamãe fala decentemente.

- O prazer é todo meu senhora Taylor. - Ele diz.

- Apenas Aurora por favor. - Ela sorri toda simpática.

- Só se a senhora me chamar apenas de Derek. - Ele também sorri.

- Trato feito.

Ela estende a mão, e ele retribui o apertado selando assim o acordo entre os dois.
Fico os observando agindo como se fossem uma família feliz, quando na verdade a minha vida
está toda bagunçada por causa desse homem.

Por que se casar comigo quando deve existir centenas de mulheres muito mais interessantes
que eu atrás dele?

Olhando ele mais de perto percebo o porque minha mãe pensou no divórcio quando o
conheceu, porque Derek realmente é um homem muito lindo.

Ele deve ter mais ou menos 1,90 de altura, e seu corpo forte mostra que ele deve gostar de
esportes ou musculação. Sua pele é clara, mas está levemente bronzeada, seus cabelos são
lisos e loiros, e seus olhos são tão azuis quanto o oceano, e por esse motivo acabei me
perdendo neles quando enfim o vi de perto.

Sua barba está por fazer, o que o deixa com um ar descuidado até, mas isso não interfere em
nada no seu jeito charmoso e atraente, e tenho que assumir que uma parte de mim gosta da
aparência praticamente perfeita do homem em minha frente, mas a outra parte que é realista
continua com medo.

Beleza não adianta de nada quando uma pessoa não se tem caráter, e como eu não conheço
Derek não sei que tipo de homem ele é, por isso seria loucura aceitar esse casamento.

Meus pais dizem que ele é uma boa pessoa, mas também o conhece há pouco tempo, então
Derek poderia muito bem estar se fingindo de ovelha, quando na verdade é um lobo
sorrateiro.

- Deveríamos ver se o jantar está pronto? - Papai conversa com minha mãe.

- Claro. - Ela confirma com a cabeça.

- Vocês podem conversar um pouco. - O senhor Fred fala.

Ele pega a mão da minha mãe, e praticamente foge da sala, mas como não tenho intenção
alguma de ficar sozinha com esse homem, também começo a caminhar, e quando vejo que
Derek continua na sala me viro para ele e falo:
- Por aqui senhor.

Ele começa a caminhar até mim, e a cada passo que ele dá sinto que meu corpo fica cada vez
mais miúdo, perto da exuberância dele.

- Não deveríamos conversar um pouco senhorita? - Ele questiona ao se aproximar.

- Podemos fazer isso depois? - Indago. - Estou com fome.

- Não...

Sou salva quando minha barriga ronca alto, e então ele se cala e sorri de canto.

- Bem... podemos fazer isso depois. - Ele diz.

- Obrigada. - Agradeço.

Lhe dou as costas e começo a caminhar em direção à sala de jantar, enquanto suspiro aliviada
por ter conseguido fugir por mais algum tempo.

Sinto que Derek está me seguindo de perto pois sinto minhas costas se arrepiando, e quando
olho para trás disfarçadamente percebo que eu estou certa.

É a primeira vez que fico boquiaberta perto de um homem, e agindo como uma boba que até
mesmo guagueja.

Ninguém nunca conseguiu me deixar nervosa e desconfortável, mas esse homem tem esse
poder é ainda mais.

Até mesmo calado Derek parece ser um homem forte e dominador, mas ao mesmo tempo tem
algo a mais no seu olhar que eu não consigo decifrar, e isso me deixou muito curiosa.

- Por que está aqui? - Mamãe pergunta baixinho.


- Porque estou com fome. - Respondo.

- Era para você conversar com seu noivo.

- Ele não é meu noivo, e sobre conversar faremos isso após o jantar. - Reviro os olhos. -
Satisfeita?

- Muito. - Ela sorri largo.

Bufo frustrada enquanto me distancio da minha mãe, e então puxo uma das cadeiras e me
sento rapidamente.

Papai empurra Derek para se sentar ao meu lado, e sua proximidade me causa ainda mais
desconforto e nervosismo.

- Sirva o jantar do seu noivo Olívia. - Papai fala.

- Por quê? - Cruzo os braços. - Até onde eu vi ele tem mãos sadias.

- Olívia...

- Está tudo bem. - Derek sorri largo. - Eu mesmo posso servir minha refeição.

- Desculpe a minha filha, ela sabe ser indelicada quando deseja. - Minha mãe sorri sem graça.

Agora serei repreedida porque não quis servir a comida do Derek, sendo que ele mesmo pode
fazer isso? Que bobeira é essa que meu pai está pensando? Ele quer que eu seja a noiva ou
uma empregada do marmanjo?

Tem que agradecer por eu não estar sendo tão indelicada quanto eu devia, porque não tenho
obrigação alguma de ser amigável nessa situação embaraçosa que estou.
- Sorria Olívia. - Mamãe se aproxima de mim e cochicha em meu ouvido.

- Assim? - Pergunto para ela forçando um sorriso.

Ela suspira alto, e então começa a balançar a cabeça em negação enquanto se afasta de mim.

- Você sabe muito bem como ser amigável com desconhecidos. - Derek fala baixinho ao se
aproxima de mim.

Me assusto inicialmente com sua repentina proximidade, mas assim que o susto inicial acaba
sorrio largo e falo com sarcasmo:

- Você não viu nada, posso ser ainda mais amigável.

Cap 3

- Podemos conversar agora? - Derek pergunta baixinho ao se aproximar de mim.

O jantar correu muito bem, e até mesmo comi como uma vaca para ver se assim espanto o
homem, mas parece não ter surtiu efeito algum.

Dava vontade de rir da cara de espanto e desgosto dos meus pais com as minhas atitudes, mas
é óbvio que me mantive calada, porque não sou tão louca a ponto de cavar minha própria
cova.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

- Ótimo. - Ele fala apenas.

Quando olho para meus pais, vejo o quanto eles estão animados com essa conversa, mas ao
mesmo tempo é visível sua preocupação.
- Deixaremos vocês a sós para ter mais privacidade. - Meu pai fala.

- Não...

- Se precisar de algo é só chamar. - Minha mãe me corta.

Ela se levanta juntamente com meu pai, e então saem da sala de jantar sem ao menos olhar
para trás.

Os conheço bem o suficiente para saber que ficarão espiando de longe, como dois
entrometidos.

A minha confiança de agora pouco acabou no mesmo instante que meus pais me deixaram
sozinha com Derek.

Pareço ser uma mulher forte e corajosa, mas na verdade não passo de uma covarde, e
provavelmente Derek já percebeu isso.

Quando percebo que estou demonstrando demais como estou ficando desesperada, tento ao
máximo me controlar, o que não é uma tarefa nada fácil.

- Parece que está um pouco nervosa senhorita? - Ele provoca.

- Não estou. - Minto.

- Sei. - Ele sorri de canto.

Olho para o lado enquanto resmungo baixinho, e dou um beliscão na minha perna para não
acabar xingando esse homem.

- Já deve ter conversado com seu pai sobre nosso casamento... - Ele começa a falar. - Gostaria
de saber se está disposta a aceitar isso, porque não vou obrigar ninguém a se casar comigo.

- Já disse para meus pais que não quero me casar, e digo o mesmo para você. - Falo.
- Poderia me dizer o por quê? - Ele questiona.

- Não tenho nada contra sua pessoa, mas para mim você é um completo desconhecido, e o
mais importante é que eu não o amo. - Respondo. - Seria loucura me casar nessas
circunstâncias.

Apesar de ter me provocado, e em alguns momentos ter um olhar gélido, Derek não parece ser
uma pessoa má, mas isso não quer dizer que eu vá aceitar me casar com ele.

Se eu tivesse tempo o suficiente para conhecê-lo, talvez eu poderia acabar tendo sentimentos
por ele no final das contas, mas me casar em uma semana está fora de cogitação.

Realmente não tenho nada contra Derek, é apenas essa situação que é louca e embaraçosa, e
isso me deixa com os nervos a flor da pele.

- Eu sei que parece tudo muito louco e repentino...

- Parece? - O corto. - Isso é loucura.

- Tenho que assumir que é mesmo. - Ele sorri de canto. - Mas eu gostaria que pensasse um
pouco antes de me dar uma resposta definitiva. Esse casamento será benéfico tanto para mim,
quanto para sua família.

Mais uma vez toda a esperança e salvação da empresa é jogada em minhas mãos, e isso acaba
me fazendo ter um pouco de dúvidas se realmente estou fazendo a escolha certa ao rejeitar
esse casamento.

Eu não quero ser a pessoa que deixará a empresa do meu pai afundar porque não quis deixar
meu orgulho de lado, mas também não quero me ver presa pelo resto da minha vida a um
homem que não amo.

Eu seria uma péssima filha se não aceitasse me casar? É tudo muito louco, mas é através disso
que a empresa do papai tem uma chance de se reerguer, mas eu estou complicando tudo.
- Poderia me dar um tempo para pensar? - Indago.

- Claro. - Ele confirma com a cabeça.

- Eu realmente preciso desse tempo. - Suspiro alto.

Antes de conversar com Derek eu tinha certeza da minha resposta mesmo sabendo que o
sonho do meu pai está em jogo, mas agora estou começando a me sentir culpada.

Eu sei que eu não deveria me sacrificar dessa forma, mas ele é meu pai, o homem que sempre
me amou e me protegeu, então talvez agora é a minha vez de fazer o mesmo por ele.

- Lembre-se que não temos muito tempo. - Derek fala. - Precisa me dar sua resposta o mais
breve possível.

- Ok. - Digo apenas.

Derek não deveria me apressar dessa forma, mas ele tem razão porque o casamento já está
marcado para daqui uma semana, por isso tenho que decidir o que farei o mais depressa
possível.

Se eu já me sentia nervosa antes, agora me sinto ainda pior, só que tento disfarçar ao máximo
o quanto estou com medo e receosa.

Não sou uma pessoa medrosa, mas essa situação está me deixando com os nervos a flor da
pele e com razão.

Estamos falando de um casamento que será realizado dentro de uma semana, e eu não sei
nada sobre o noivo!

Seria muita loucura eu aceitar esse destino cruel, mas ao mesmo tempo sei que se eu fugir
disso, meu pai ficará decepcionado comigo, e eu não quero isso.
Me casarei e serei infeliz, ou não me casarei e farei meu pai infeliz por perder sua empresa,
por isso eu realmente tenho que pensar muito bem, antes de tomar uma decisão por
definitivo.

Odeio essa sensação de estar de mãos atadas, e a única saída que sei que tenho é um
casamento arranjado, com um lindo e completo desconhecido.

- Bem... irei embora agora. - Derek fala.

- Ok. - Digo apenas.

- Me procure quando tomar sua decisão.

Aceno com a cabeça, enquanto Derek se levanta da cadeira e eu faço o mesmo, e logo em
seguida começamos a caminhar em direção a saída da sala de jantar.

Como eu havia previsto, meus pais estão com o rosto colado na parede, provavelmente para
ver se ouvia alguma coisa.

- Não tem vergonha de ficar espiando a conversa alheia não? - Seguro o riso.

- Desculpe. - Os dois pedem ao mesmo tempo.

- Que coisa feia. - Balanço a cabeça em negação.

Os dois estão extremamente sem graça, e eu como uma boa filha que sou, não deixo de
aproveitar a oportunidade para zuá-los.

- O jantar estava ótimo. - Derek fala de repente. - Muito obrigado pelo convite.

- Não precisa agradecer querido. - Mamãe fala sorridente.

- Será sempre bem vindo. - Meu pai dá um tapinha em seu braço.


Derek se despede de todos com a promessa de que voltará muito em breve, e então o levo até
à porta de saída da casa.

- Estarei esperando por sua resposta senhorita. - Ele fala.

- Obrigada por me dar um tempo para pensar.

- Era o mínimo que eu poderia fazer. - Ele dá de ombros.

Tenho a sensação estranha de que Derek tem algum motivo para ser tão compreensivo e
educado comigo, agora só me resta decidir se mandarei tudo pelos ares, ou me casarei e então
terei a chance de desvendar esse mistério.

- Tenha uma boa noite. - Ele fala ao sair da casa.

- Você também.

Derek acena com a cabeça, e então me dá as costas e começa a caminhar até seu carro em
passos largos.

Continuo o observando da porta de casa, e só a fecho quando ele enfim dá a partida no veículo
e vai embora.

Me viro para trás e me assusto no mesmo instante, ao dar de cara com meu pai e minha mãe
em cima de mim me olhando com curiodade.

- Vai se casar com ele? - Mamãe pergunta.

- Vocês não ouviram nossa conversa? - Retruco.

- Não deu de ouvir nada. - Papai fala.


Começo a caminhar em direção a sala enquanto os dois me seguem de perto, e assim que me
aproximo do sofá me sento rapidamente.

- Vai se casar com ele ou não? - Mamãe indaga novamente.

- Não. - Nego com a cabeça.

Posso não aceitar esse casamento, por isso não irei dar falsas esperanças a eles, por isso direi
alguma coisa quando enfim decidir o que farei da minha vida.

- Por que não Olívia? - Papai pergunta. - Não gostou dele?

- Não é questão de não gostar, e sim de ser realista. - Falo. - Estamos falando sobre um
casamento, e isso não é brincadeira.

Papai fica pálido de repente, e então se senta no sofá com calma enquanto leva a mão ao
peito.

- Está tudo bem querido? - Mamãe se aproxima dele e o olha com preocupação.

- Sim. - Ele responde com a voz falhando.

Me levanto rapidamente e então me aproximo dele, e então começo observá-lo atentamente


de perto.

- Está passando mal papai? - Pergunto com preocupação.

- Me ajude ir para o quarto querida. - Ele me ignora. - Estou cansado.

- Está bem.

Mamãe ajuda ele a se levantar, e quando tento me aproximar ele se afasta de mim, o que me
deixa sem entender nada.
- Tenha uma boa noite Olívia. - Ele deseja sem expressão alguma.

Minha mãe me olha em silêncio por um tempo, e parece querer me dizer algo, mas continua
calada, e então começa a caminhar enquanto segura o braço do meu pai.

Ele estaria doente? Por quê ficou tão abatido de repente? Será que a minha indecisão causou
isso em meu pai? Ter essas dúvidas só me deixa ainda mais preocupada e apreensiva, e eu não
me perdoaria se algo de ruim acontecesse com ele.

Cap 4

- Bom dia. - Cumprimento uma moça impecavelmente vestida.

- Bom dia. - Ela retribui o cumprimento.

- Derek já veio trabalhar? - Pergunto.

Ela arregala os olhos por eu ter dito seu nome, como se eu tivesse cometido algum crime.

- O senhor Willson está ocupado no momento. - Ela responde.

- Sabe se vai demorar? - Indago.

- Desculpe, mas eu não sei.

Olho para à porta fechada do seu escritório por um tempo, mas decido esperar até que ele
acabe seu compromisso.

Me aproximo de uma poltrona e me sento, enquanto eu tento criar coragem, mas assumo que
a minha vontade é de fugir.

- A senhorita tem horário marcado? - A moça pergunta.


- Não. - Nego com a cabeça.

- Desculpe, mas o senhor Willson só atende com horário marcado.

- Diga a ele que a Olívia quer vê-lo, ele me atenderá.

Ela parece confusa, mas acaba não falando mais nada, e eu agradeço mentalmente por isso.

Olho para o lado quando escuto uma movimentação, e então à porta do escritório do Derek é
aberta, e uma mulher sai praticamente correndo.

Derek não parece notar minha presença quando caminha em direção a sua secretária, e eu fico
o observando calada.

- Peça aos seguranças para não deixá-la entrar na empresa novamente. - Ele fala.

- Sim senhor. - Ele balança a cabeça em confirmação.

O que essa mulher fez para que Derek não permita sua entrada na empresa novamente? Será
que é alguma namorada que foi chutada por ele? Será que ele é o tipo de homem que gosta de
apenas diversão?

- Essa senhorita veio até a empresa para te ver senhor. - A moça fala. - Mas eu disse que o
senhor não atende ninguém sem horário marcado.

Derek se vira em minha direção, e só percebe a minha presença depois que a sua secretária
fala sobre mim. 

- Ela não precisa de horário marcado. - Ele fala.

- Sim senhor. - A moça balança a cabeça em confirmação.


Me levanto quando Derek começa a caminhar em minha direção, e a cada passo que ele dá
sinto meu coração batendo mais rápido.

- Tudo bem Olívia?

Continuo calada observando a exuberância do homem em minha frente, e nem mesmo


respondo sua pergunta.

- Olívia?

- Sim?

- Acabei de perguntar se você está bem. - Ele sorri de canto.

- Estou ótima. - Respondo sem graça. - E você como está?

- Também estou ótimo.

Forço um sorriso enquanto ele me observa atentamente, e tenho que assumir que minha
vontade é de me esconder atrás das poltronas.

Não consigo nem disfarçar que estou babando nele, e como Derek não parece um homem
lerdo deve ter percebido.

- Vamos conversar em meu escritório. - Derek fala.

- Ok.

Ele começa a caminhar e então sigo de perto, e após adentrarmos o escritório Derek fecha à
porta.

- Sente-se. - Ele aponta para um sofá.


- Obrigada. - Agradeço.

Derek se senta em uma poltrona que dica ao lado do sofá, e então me encara em silêncio por
um tempo.

- Se veio me ver, então quer dizer que já se decidiu? - Ele pergunta interrompendo o silêncio.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

- Então, qual é a sua resposta?

- Bem... Eu... Eu aceito me casar com você.

Derek se cala por um tempo, e até mesmo parece não acreditar no que acabei de dizer.

- Tem certeza disso? - Ele indaga.

- Tenho sim. - Confirmo com a cabeça.

Na verdade eu não tenho certeza de nada. Nesse momento eu queria estar longe de tudo isso,
mas infelizmente eu não tenho para onde fugir.

Minha mãe não quis me falar nada, mas pela sua expressão quando eu perguntei sobre meu
pai estar doente, percebi que eles estão escondendo algo.

Se meu pai realmente estiver doente, seu estado pode acabar se agravando ainda mais por
estar me negando a casar.

Ele parece estar escondendo algo de mim há um tempo, e por esse motivo e outros tenho
receio que meu pai acabe piorando ao ver sua empresa em ruínas se realmente estiver doente.

Como sua filha tenho obrigação de proteger seu legado mesmo que eu tenha que me sacrificar
para isso, mas ao mesmo tempo acho isso tão assustador, que tenho vontade de fugir.
- Poderíamos casar apenas no cartório? - Pergunto.

- Por que quer se casar apenas no cartório? - Derek indaga.

- Não vamos nos casar por amor, por isso eu acho melhor não envolver muitas pessoas nessa
farça.

- Você tem razão. - Derek balança a cabeça em concordância.

Na verdade nunca sonhei com um casamento glamoroso, e com centenas de convidados, e


agora que irei me casar apenas para proteger a empresa do meu pai, seria perca de tempo
investir tempo e dinheiro nisso.

Se alguém me dissesse há alguns dias que eu irei me casar em uma semana, e com um homem
que não amo, com toda certeza iria rir dessa pessoa.

Nunca achei que iria passar por isso algum dia, como também nunca achei que atráves de um
casamento arranjado eu fosse salvar o legado do meu pai.

Ainda não consigo acreditar que aceitei participar dessa loucura, mas será essa minha loucura
que nos salvará, mas onde fica a minha felicidade?

Eu queria me casar com um homem que amo e que me ama, e então construir uma família ao
seu lado, mas esse meu sonho não irá se realizar.

Agora estou presa a uma pessoa totalmente desconhecida para mim, e o pior de tudo, não
existe nenhum tipo de sentimento entre nós dois.

Posso nunca amar Derek e a mesma coisa acontecer com ele, mas eu realmente espero que
possamos ao menos ser amigos, então dessa forma será um pouco mais fácil aguentar viver ao
seu lado.

Não sei nada sobre ele, por isso Derek pode ser um completo imbecil e escroto, mas eu torço
para que ele seja um cara legal, e que possamos nos dar bem.
- Já contou a seu pai sobre a sua decisão? - Derek indaga.

- Ainda não. - Nego com a cabeça.

- Acho que eles ficarão animados. - Ele sorri de canto.

- Com toda certeza ficarão. - Sorrio fraco.

Se fosse pelos meus pais, eu já estaria casada com Derek, por isso eu tenho certeza que ficarão
muito animados quando souberem que eu aceitei me casar.

Agora eu não sei se meu pai quer que eu me case apenas para salvar sua empresa, ou se existe
outro motivo oculto.

Meus pais sempre deixaram eu viver livremente, como também sempre me apoiaram nas
decisões que já tomei em minha vida, por isso eu fiquei chocada quando ele falou sobre eu me
casar em uma semana sem ao menos perguntar se era aquilo que eu queria.

Meu pai não agiria assim se não estivesse acontecendo alguma coisa, por isso eu tenho quase
certeza que ele está escondendo algo de mim, agora resta descobrir o que é.

- Posso perguntar algo?

- Claro. - Derek balança a cabeça em confirmação.

- Por que quer se casar comigo?

- Porque eu gostei de você. - Derek responde.

- Gostou de mim? - O encaro sem entender nada. - Nunca nos vimos antes.

- Vi você uma vez em uma festa beneficente com seus pais há alguns anos.
- Isso é loucura.

Derek sorri de canto, mas por algum motivo tenho a impressão de que ele está debochando de
mim. Tenho certeza que ele não é o tipo de homem que se apaixona por uma desconhecida a
primeira vista, por isso eu sei que o que ele acabou de dizer é mentira.

Derek não me dirá a verdade da mesma forma que meu pai também não fará isso, mas eu
realmente gostaria de saber o porque estão se esforçando tanto para realizar esse casamento.

Como ninguém irá me falar nada, terei que descobrir tudo sozinha, e apesar de ter em mente
que poderá demorar um pouco, eu irei descobrir leve o tempo que precisar.

- Bem... Vou embora agora. - Digo me levantando.

- Te acompanho até à porta. - Derek também se levanta.

Começamos a caminhar juntos até à porta do escritório, e assim que paramos em frente a ela
Derek leva a mão a maçaneta e a abre.

- Conte ao seus pais sobre a sua decisão. - Ele fala.

- Ok. - Digo apenas.

- Tenho uma reunião importante daqui a pouco, por isso não terei tempo de te acompanhar
até sua casa.

- Não se preocupe. - Sorrio fraco.

Derek me estende a mão, e então eu fico o observando por um tempo, mas acabo retribuindo
o aperto.

- É bom fazer negócios com você Olívia. - Ele sorri.


Óbvio que eu sei que esse casamento não passa de um bom negócio para ambos os lados, mas
por algum motivo isso não parece tão agradável quando dito em voz alta.

Tenho que manter em mente que aqui não existe amor, por isso terei que aprender a ser
realista, ou acabarei me ferrando se por loucura do destino, eu comece ter sentimentos por
esse homem.

Cap 5

Bato na porta do quarto dos meus pais, e assim que escuto minha mãe gritar eu a abro.

- Posso entrar? - Pergunto.

- Claro querida. - Ela faz sinal com a mão.

Adentro o quarto, e então fecho à porta, e logo em seguida caminho até eles.

Meu pai está lendo um livro, enquanto minha mãe apenas está deitada ao seu lado.

Ele tem o hábito de ler para ela em suas horas vagas, e como ele não está mais trabalhando
tem tempo de sobra.

Papai já passou o comando da sua empresa para Derek, sem ao menos ter certeza se eu iria
me casar com ele ou não.

Ou ele tinha certeza absoluta que eu iria me casar, ou então ele perdeu completamente o
juízo.

Meu pai já está ficando velho e cansado, mas sua empresa é tudo para ele, e ver anos de
esforços saindo pelo ralo o deixou com a aparência ainda mais abatida.

Ele sempre foi bom no que faz, mas após alguns fracassos a empresa começou a declinar
terrivelmente.
Não posso dizer que foi por sorte que meu pai encontrou alguém disposto a ajudar, porque eu
ainda não sei o porque Derek iria querer assumir uma empresa falida.

Pessoas desse ramo nunca ajudaria alguém por pena, e tenho certeza que Derek pensa da
mesma forma já que ele é um importante homem de negócios.

Meu pai queria salvar seu legado para que eu pudesse comandá-la no futuro, mas eu não teria
a mínima ideia de como lidar com uma empresa, como também não é meu sonho.

Acho que foi porque eu nunca tive interesse na empresa, que ele acabou a passando para
outra pessoa, mas em troca disso teria que se casar com sua filha.

Papai parece acreditar que Derek tratá o prestígio perdido a empresa novamente, e eu
realmente espero que isso aconteça, porque se fosse depender de mim tudo estaria acabado.

A única coisa que posso fazer por meu pai nesse momento é aceitar esse casamento maluco,
enquanto eu torço para que eu não me arrependa depois.

- Deseja alguma coisa querida? - Mamãe pergunta.

- Quero conversar com vocês. - Digo me sentando na beirada da cama.

- Sobre o que deseja conversar? - Ela indaga.

Olho para meu pai que continua lendo seu livro me ignorando por completo, e essa atitude me
magoa.

Nunca tinha visto esse lado rancoroso dele, o que faz eu me perguntar se eu realmente
conheço meus pais.

- Ainda está bravo comigo papai? - Pergunto.

- Não. - Ele diz apenas.


- Percebi.

- Não ligue para seu pai. - Mamãe fala. - Agora diga sobre o que queria conversar.

- Aceitei me casar com o Derek. - Falo.

- O quê?! - Os dois gritam em uníssono.

Ambos olham para mim de olhos arregalados, como se não acreditassem no que acabaram de
ouvir.

- Você disse que aceitou se casar com o Derek? - Mamãe indaga.

- Isso mesmo. - Confirmo com a cabeça.

- Por que mudou de ideia? - Meu pai pergunta.

- Porque não quero que meu pai fique bravo comigo para sempre. - Respondo. - Mas tenham
em mente que se esse casamento for um fracasso, e Derek não for o que parece e começar a
fazer da minha vida um inferno, lembre-se que foi por causa de vocês que aceitei me casar.

Eles ainda tem a cara de pau de se sentirem envergonhados, mas mesmo assim tenho certeza
que não tentaram me persuadir.

- Tem certeza que não vai mudar de ideia? - Papai pergunta.

- Está preocupado sobre eu mudar de ideia, mas não está preocupado com a segurança da sua
filha? - Pergunto incrédula.

- Obvio que estou preocupado com sua segurança Olívia.

- Está mesmo? - Indago. - Pensou se eu seria feliz com isso tudo que está acontecendo? Se
preocupou em pedir minha opinião antes de marcar meu casamento com um estranho sem eu
ao menos saber?
Ele abaixa a cabeça e suspira alto, e quando olha para mim novamente fala:

- Eu não disse nada porque sabia que não iria aceitar.

- Está ouvindo o que acabou de dizer pai? - Questiono. - Estamos falando sobre um casamento
arranjado, é óbvio que eu não iria aceitar, mas ao menos deveria ter me perguntado antes de
jogar a bomba. Sei que sua empresa é tudo para você, mas a sua filha não é? Ela só serve para
salvar seu legado? Agora terei que viver ao lado de um homem que não conheço e que não
amo, apenas para que a sua preciosa empresa se reerga novamente.

- É seu legado Olívia.

- De que vale meu legado se terei uma vida solitária? Se não poderei me casar com alguém que
amo? De que valerá meu legado?

Terei dinheiro sim, mas eu trocaria tudo sem pensar duas vezes por um casamento por amor, e
por um pouco de felicidade.

De que valerá tanto dinheiro se minha vida estará uma bagunça de agora em diante? Tudo o
que eu queria era paz, mas infelizmente isso para mim é um sonho impossível.

Eu sei que não deveria estar jogando isso na cara deles quando eu decidi por mim mesma
aceitar esse casamento maluco, mas eu fiz isso para evitar dor de cabeça, e para que meu pai
não ficasse sempre bravo comigo.

Fico magoada porque eu achava que ele era o herói que sempre me protegeu e ainda iria me
proteger de tudo, mas na primeira oportunidade que teve o homem que eu confiava mais do
que tudo me vendeu por um pouco de dinheiro.

Fico ainda mais magoada com a minha mãe, que a todo tempo sabia de tudo e escondeu de
mim, como também apoio as maluquices do meu pai.

Eu sei que não devo guardar rancor de ambos, mas é meio difícil não ficar chateada com tudo
o que está acontecendo nesse momento.
Se dependesse de mim eu iria fugir e ficaria longe por um bom tempo, mas infelizmente eu
não terei a chance de fazer isso já que eu dei a minha palavra que iria me casar.

- Eu sei que está magoada e tem toda razão em estar, mas Derek não é um homem ruim Olívia.
Seu pai jamais a obrigaria se casar com um homem se não tivesse certeza do seu caráter.

- Só porque ele tem certeza que Derek é um bom homem, quer dizer que o que ele fez estava
certo? - Pergunto incrédula.

- Não foi isso que eu quis dizer. - Ela balança a cabeça em negação.

Ela está tentando caçar uma justificativa para as ações do meu pai quando não existe uma, e
isso me deixa ainda mais brava.

- Pois é o que pareceu.

- Agimos de forma errada sim Olívia, mas foi pelo seu bem.

- Pelo meu bem? - Pergunto embasbacada. - O que tem de bom em se casar com um homem
que não amo mamãe? Me diga o que tem de bom nisso?

- Seu pai...

- Vamos mudar de assunto. - Papai a corta. - Olívia já aceitou se casar, então está tudo
resolvido.

Parece que ela iria me dizer alguma coisa importante antes do meu pai interrompê-la, o que
faz eu ficar ainda mais curiosa sobre o que estão escondendo de mim.

- Esse casamento vai ser sem amor sim, mas dê uma chance ao Derek Olívia. - Papai fala. -
Depois que começarem a viver juntos e se conhecerem melhor, poderão acabar tendo
sentimentos um pelo outro.

Acho isso bem pouco provável, mas não irei falar nada porque seria perda de tempo discutir
com ele, já que ele já decidiu sobre tudo, e acredita que algum dia irei amar Derek.
Cap 6

- Acho que não ouvi bem. - Lily me olha incrédula. - Você acabou de dizer que vai se casar?

- Isso mesmo. - Confirmo com a cabeça.

- Está doida Olívia? Você nem tem um namorado e do nada me diz que vai se casar? -
Questina.

- Não tenho um namorado, mas vou me casar.

- Se você não está delirando, então quer dizer que está em um relacionamento e escondeu isso
de mim. - Ela me olha com seriedade.

Me jogo em minha cama, e alguns segundos depois Lily se deita ao meu lado.

- Você é minha melhor amiga, eu nunca iria esconder algo de você. - Falo.

- Então me diga o que está acontecendo, porque não estou entendendo nada.

- Meu casamento foi arranjado por meu pai. - Explico.

- O quê?! - Ela arregala os olhos.

- Irei me casar em quatro dias.

- Mas... você... Como assim? - Ela me olha sem entender nada.

- Para proteger sua empresa meu pai me vendeu.


Acho que vai levar um longo tempo até eu não sentir mais essa sensação horrível, de ter sido
vendida por meu próprio pai.

Nunca passou pela minha cabeça que ele fosse capaz de fazer algo desse tipo, mas isso serviu
para eu perceber que não se pode confiar em ninguém, nem mesmo na própria família.

- Isso é pegadinha Olívia? - Lily indaga. - Seu pai jamais seria capaz de fazer isso com você.

- Eu também achava isso minha amiga, mas ele foi capaz. - Suspiro alto.

- Não consigo acreditar nisso. - Ela continua me olhando incrédula.

- Pode acreditar. - Digo. - Infelizmente essa é a minha nova realidade.

Fugir é uma opção que não tenho, por isso terei que começar a me acostumar com o papel de
boa esposa, mesmo não tendo nenhum sentimento por meu futuro marido.

- Por que aceitou se casar Olívia? - Lily pergunta.

- Quando eu disse a meu pai que não iria me casar ele começou a passar mal e ficou sem
conversar comigo por um tempo. - Explico. - Fiquei com medo de que ele pudesse acabar
doente se eu continuasse rejeitando esse casamento, e então acabei aceitando essa loucura.

- Está louca Olívia? Por quê fez isso? - Pergunta. - Não tinha nenhuma obrigação em se
sacrificar dessa forma.

- Eu sei disso, mas eu fiquei com tanto medo do que poderia acontecer que acabei aceitando
me casar.

Se meu pai acabasse ficando doente ao ver sua empresa se afundando ainda mais, eu não me
perdoaria jamais.

Por medo do que poderia acontecer e amor a minha família decidi me sacrificar sem me
importar com as consequências da minha escolha, por isso eu realmente espero que eu tenha
uma mínima chance de ser feliz.
- Eu sei que pensou na sua família e de certo modo é admirável, mas você precisa pensar em
você também Olívia. - Lily fala. - Onde fica seus sonhos nisso tudo? E a sua felicidade?

- Talvez eu seja feliz. - Forço um sorriso. - Talvez não será tão ruim assim a minha vida a partir
de agora.

- Acredita mesmo nisso?

- Tenho que acreditar, caso contrário a minha vida será ainda mais complicada. - Suspiro alto.

Não faço ideia se terei a chance de ser feliz ou não, se terei a chance de correr atrás dos meus
sonhos ou não, mas mesmo eu não sabendo o que o futuro me reserva, não irei perder as
esperanças.

Derek realmente pode ser o bom homem que meu pai tanto diz ser, por isso estarei torcendo
para que ao menos possamos viver em harmonia.

Irei me casar com Derek sim, mas não tenho a intenção de fazer o papel de esposa boba e
obediente, que sempre baixa a cabeça para tudo.

Estaremos casados apenas no papel, e  viveremos sobre o mesmo teto como se fôssemos bons
amigos e nada mais.

Não tenho intenção alguma de me relacionar com um homem que não conheço ou amo, por
isso eu espero que Derek também pense da mesma forma.

Não sei se isso será capaz de acontecer algum dia, mas talvez com o tempo eu acabe confiando
nele ou até mesmo tendo sentimentos por Derek, mas enquanto isso não acontecer, em
hipótese alguma irei dividir um quarto com ele.

Não sou tão moderna a ponto de me divertir com um homem que não amo. Quando enfim eu
me entregar a alguém será por amor, e não apenas desejo passageiro.
Não conheço Derek, então não tenho como saber do seu caráter, mas mesmo não o
conhecendo praticamente nada, não acho que ele é o tipo de homem que forçaria uma mulher
fazer o que não quer, só espero que eu esteja certa quanto a isso.

- Tem certeza que vai se casar Olívia? - Lily me olha preocupada.

- Tenho sim. - Confirmo com a cabeça.

- Pense bem, ainda dá tempo de fugir.

- Eu queria fazer isso. - Assumo. - Mas irei me casar estando com medo ou não.

- Não sei se você é corajosa demais, ou burra demais.

- Talvez eu seja ambos. - Forço um sorriso.

Lily coloca a mão em meu ombro e aperta levemente, e de alguma forma me sinto confortada
por minha amiga.

- Se você já se decidiu, tudo que posso fazer é torçer por sua felicidade.

- Obrigada. - Agradeço.

- Mas me diga uma coisa... - Ela se cala e faz uma careta. - Seu pai escolheu um homem bem
mais velho do que você? Terá que se casar com um vovô rico?

- Não. - Digo.

- Fico aliviada. - Ela sorri largo.

- Derek é um homem muito charmoso.


Pego meu celular no criado mudo e então procuro pela foto que tirei dele quando Derek
estava despercebido, e então mostro para Lily.

- Esse é seu noivo?! - Ela arregala os olhos.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

- Uau! Que homem lindo!

Derek realmente é um homem muito bonito, mas isso seria a última coisa que eu iria procurar
em um homem. Não adianta nada ter uma aparência agradável se não tiver caráter, mas
estarei na torcida para que ele seja um bom homem.

- Será que seu pai conhece outro homem igual ele para arranjar nosso casamento? - Lily
questiona rindo baixinho.

- Não seja idiota. - Reviro os olhos.

- Se você mudar de ideia e não querer mais se casar, me apresente a ele por favor.

- Terei isso em mente. - Sorrio largo.

- Agora falando sério... - Ela se cala por alguns segundos. - Não estou tentando te deixar com
medo, mas deve ser irritante se casar com um homem tão bonito.

- Por que diz isso? - Pergunto.

- Porque sempre terá várias mulheres correndo atrás dele, dispostas a fazer o que você não
fará. - Lily fala. - E como não serão um casal verdadeiro, é bem provável que seu noivo acabará
te traindo.

Nosso casamanto não será real, então eu já tenho em mente que provavelmente Derek não
será fiel, mas por alguma razão eu me sinto extremamente desconfortável com essa
possibilidade. 
Mesmo não tendo amor na nossa relação, seria muito humilhante saber que meu marido se
envolve com outras mulheres enquanto estou em casa fazendo o papel de boa esposa.

Amando Derek ou não eu serei fiel a ele, mas eu não sei se ele também será fiel a mim, mas se
tratando de um homem jovem e cheio de vigor, é bem provável que isso não vá acontecer.

Lily tem razão ao dizer que outras mulheres darão a ele o que eu não darei, por isso acho que
será meio difícil para ele não acabar cedendo a algumas delas.

- Você é muito corajosa minha amiga. - Ela dá um tapinha em meu braço. - No seu lugar eu já
teria fugido faz tempo.

- Eu pensei nisso várias vezes. - Assumo. - Mas como eu sou uma mulher de palavra irei me
casar custe o que custar.

- Eu realmente espero que seja feliz. - Lily fala. - Mas se achar que é difícil demais para
suportar, me avise que daremos um jeito de sumir.

Conheço Lily bem o suficiente para saber que ela fugiria comigo se eu tivesse optado por isso,
e por saber que posso sempre contar com minha amiga, isso me deixa um pouco menos
apreensiva.

Cap 7

- Entre.

Derek me dá espaço para que eu entre na sua luxuosa casa, e tenho que assumir que estou
com um pouco de medo.

- Entre Olívia. - Ele pede novamente. - Não precisa ficar...

- Eu não estou. - O corto.


Ele sorri de canto, e todas as vezes que ele faz isso tenho vontade de socar seu rosto bonito,
porque parece que Derek está tirando sarro de mim.

- Estou percebendo.

- Já disse que não estou. - Reviro os olhos.

Entro na casa rapidamente, e então Derek fecha à porta, e no mesmo instante meu coração
começa a bater ainda mais rápido no peito.

- Não precisa ter medo de mim. - Derek fala.

- Eu não tenho medo de você. - Retruco.

Realmente não tenho medo do Derek, e sim dessa situação embaraçosa que estamos vivendo.

- Tem certeza Olívia? - Ele questiona dando um passo em minha direção.

- Tenho. - Respondo dando um passo para trás.

- Por que parece estar tão nervosa?

Derek continua andando lentamente em minha direção, enquanto eu continuo fugindo.

- Eu... Eu não estou. - Minto.

Me assusto quando minha perna se choca contra alguma coisa, no mesmo instante em que
Derek se aproxima ainda mais de mim.

Ele está a poucos centímetros de mim, e sua proximidade me deixa quase sem fôlego e
trêmula.
Ele me observa em silêncio por alguns segundos, e nesse meio tempo sinto meu coração
prestes a sair pela boca.

Por um momento achei que Derek fosse me beijar, mas ele apenas se distância, e por algum
motivo eu me sinto decepcionada.

O que está acontecendo comigo? Por quê estou me sentindo abalada por esse homem? É a
primeira vez que me sinto dessa forma, e por ser a primeira vez me sinto tão estranha.

Nos casamos hoje no cartório, e com apenas meus pais e Lily presentes, e um amigo do Derek.

Não foi uma tarefa muito fácil dizer sim a um desconhecido, mas como eu não tinha outra
alternativa acabei aceitando meu destino.

- Suas malas estão no nosso quarto. - Ele fala com a voz grave.

Havia feito minhas malas antes de ir me casar, e Derek mandou alguém para buscar meus
pertences para trazer para sua casa, mas tenho que assumir que me lembrei do que Lily falou
sobre fugirmos, e quando olhei para meus pertences todos arrumados eu realmente quis fugir.

- Ok. - Digo apenas.

Espere um pouco... Ele disse nosso quarto? Ele deve ter dito isso sem perceber, porque não
tenho a intenção de dividir um quarto com ele.

- Irei te mostrar o caminho. - Derek fala.

- Está bem.

Derek começa a caminhar em direção as escadarias, e eu o sigo a uma distância segura.

Depois de alguns segundos entramos em um corredor, e ao observá-la vejo alguns quadros na


parede, e vasos de flores pelo chão.
Por estar entretida olhando em volta acabo não percebo que Derek parou, e então acabo
trombando contra seu corpo.

- Desculpe. - Peço sem graça.

Ele apenas acena com a cabeça, e então abre uma grande porta de madeira e adentra o
quarto.

- Entre.

Faço o que Derek pede, e então ele fecha à porta enquanto eu começo observar em volta. Não
tem muitos objetos no quarto, mas mesmo assim não tira a beleza e simplicidade do
ambiente.

Tem dois criado mudo com abajures sobre eles ao lado de uma cama gigantesca que está no
meio do quarto, e provavelmente da para umas dez pessoas dormir nela tranquilamente.

Também tem alguns quadros de paisagens acima da cabeceira da cama, um lustre lindíssimo
bem no centro do quarto, mas o que realmente me deixou apaixonada foi um espelho
gigantesco, que ocupa praticamente todo um lado da parede do quarto.

As cores de quase todos os objetos e até mesmo da parede é amadeirado claro, o que indica
que esse quarto pertence a um homem.

- Esse quarto foi decorado especialmente para mim, mas pode mudar se quiser. - Derek fala.

- Não será necessário. - Balanço a cabeça em negação. - Está perfeito assim.

- Tem certeza? - Derek pergunta.

- Tenho sim.

A única coisa que quero é uma cômoda para guardar alguns dos meus objetos pessoais, e uma
linda poltrona para por em frente as janelas de vidro para eu observar o pôr do sol.
A casa do Derek é mais afastado da agitada Nova York, e tenho que assumir que amei esse
lugar porque possui um lago e muitas árvores por perto.

Sempre quis morar em um local mais calmo e com cheiro de natureza, e seu lar é exatamente
assim apesar de estarmos bem próximos de Nova York.

- Aquele porta pertence ao closet. - Derek aponta para tal. - Pode começar a guardar seus
pertences se quiser.

- Ok. - Digo apenas.

Caminho até minhas malas e então pego uma delas e começo a caminhar em direção ao closet,
e ao olhar para Derek vejo ele me ajudando com as malas.

- Pelo menos é cavalheiro. - Digo baixinho.

- O que disse? - Ele indaga.

- Obrigada. - Forço um sorriso. - Estou agradecendo pela ajuda.

Derek sorri de canto e então deixa as malas ao meu lado e começa a caminhar em direção a
outra porta do quarto.

Adentro o closet rapidamente, e quando olho em volta meu queixo praticamente cai aos meus
pés.

Acho que quando Derek disse "Nosso quarto" ele realmente estava falando sério, porque um
lado do closet está com seus pertences, e o outro lado está vazio.

Será que Derek quer que esse casamento seja real mesmo não nos amando? Se ele quer dividir
um quarto comigo, então quer dizer que ela também vai querer dividir a cama também.
Levo a mão ao peito quando sinto meu coração começar a bater mais rápido, e ao passar a
mão por meu rosto vejo que comecei a suar.

- Estou ferrada. - Murmuro baixinho.

Saio do closet rapidamente e então caminho até à porta em que Derek havia entrado, e assim
que me aproximo dela chamo por ele.

- Derek?!

- Sim?!

- Precisamos conversar!

- Entre, à porta está aberta! - Ele grita.

Levo a mão a maçaneta da porta e a abro, e assim que adentro o ambiente dou de cara com
um Derek muito nu.

Tapo meus olhos rapidamente e então me viro de costas, e se antes eu estava nervosa, agora
estou a ponto de ter um infarto.

- Por que não me avisou que estava pelado? - Indago.

- Sou seu marido Olívia. - Ele responde. - Até onde eu sei é normal um casal ver o outro nu.

- Sim... Mas... Não.. Eu... Você...

Estou tão em pânico e confusa que não consigo formar uma frase coerente, e quando sinto as
mãos de Derek sobre meus ombros começo a ficar ainda mais nervosa.

Ele me vira em sua direção, só que eu continuo tapando os olhos com as mãos, mas alguns
segundos depois ele tira minhas mãos dos meus olhos.
Deixo meus olhos fechados por um tempo, mas trato de abri-los rapidamente quando ele
ameaça:

- Se continar agindo assim irei lhe beijar.

- Já estão abertos. - Digo arregalando os olhos.

É a primeira vez que vejo um homem nu na minha frente, então é até compreensivo eu estar
agindo como uma idiota.

Tento disfarçar meu desconforto, mas é meio difícil quando se tem um homem extremamente
lindo e todo molhado em sua frente.

Derek passa a mão pelos cabelos molhados, e eu fico o observando boquiaberta. Ao mesmo
tempo que quero fugir, quero continuar perto dessa obra prima admirando seu físico
avantajado e perfeito.

- Por que está corando Olívia? - Derek pergunta.

- Não estou corando. - Dou uns tapinhas em meu rosto. - Acho que estou com febre.

- Você é uma péssima mentirosa. - Ele sorri largo.

- Não sou. - Cruzo os braços.

- É a primeira vez que vê um homem nu?

Derek é um homem esperto, não vai adiantar de nada tentar mentir para ele, então decido ser
sincera.

- Sim, é a primeira vez. - Assumo.


- Então... Isso quer dizer que você é virgem? - Ele parece incrédulo.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

- Não acredito nisso.

- Pode acreditar. - Digo orgulhosa de mim mesma.

Derek me olha de uma forma interrogativa, e parece querer ver se estou mentindo ou não.

- Me casei com uma virgem?

- Exatamente. - Confirmo com a cabeça.

- Ainda não consigo acreditar nisso.

É aceitável que ele não acredite em mim quando está ficando cada vez mais difícil encontrar
mulheres "cafonas" como eu, mas eu fiz uma escolha de vida e vou seguir com ela até eu amar
alguém.

Não faço parte do grupo de mulheres que vivem mais livremente, e não se importam em se
envolver com muitos homens ao longo de suas vidas.

Quando eu enfim me entregar a alguém será a pessoa que amo e que me amará de volta, e
não um completo desconhecido.

Não acho que minha escolha seja algo cafona, apenas sou apenas uma mulher que pensa de
uma forma diferente.

- Por que não consegue acreditar? - Pergunto para Derek.

- Talvez você esteja sendo sincera.


- Por que eu iria mentir sobre isso? - Indago. - Me orgulho de mim mesma, por isso não tenho
nenhum motivo para mentir para você.

- Terei que descobrir de outro jeito. - Ele sorri com malícia.

Dou um passo para trás enquanto abraço meu próprio corpo, e então indago com medo da
resposta:

- Que jeito?

Cap 8

Dou um passo para trás enquanto abraço meu próprio corpo, e então indago com medo da
resposta:

- Que jeito?

Derek dá um passo em minha direção, e eu afasto outro, e ele continua fazendo a mesma coisa
até minhas costas se chocarem contra a parede.

- Você é uma garota esperta Olívia, tenho certeza que sabe como...

- Está louco? - O corto. - Eu não vou dormir com você.

- Por que não? - Ele sorri de canto. - Somos casados, então...

- Somos casados sim, mas não nos amamos. - O corto novamente.

- Quem está falando de amor Olívia? Estou falando sobre diversão apenas.

- Vou fingir que não ouvi isso. - Bufo frustrada.


Empurro Derek e saio do banheiro rapidamente, mas quando sinto um gelo nas minhas costas
tenho certeza que ele está me seguindo.

- Poderia colocar uma roupa? - Pergunto. - Está me deixando constrangida.

- Não quero. - Ele retruca.

Me sento na beirada da cama e me viro de costas para Derek, e alguns segundos depois ele
aparece em minha frente.

Me viro para o outro lado, e a mesma coisa acontece, e isso está começando a me deixar
irritada.

- O que está tentando fazer Derek? - Pergunto.

- Nada. - Ele dá de ombros.

- Então vá colocar uma roupa por favor. - Peço.

- Vou fazer isso só porque me pediu com jeitinho. - Derek sorri largo.

Ele sai de perto de mim e eu suspiro aliviada por enfim poder respirar tranquilamente. Meu
coração ainda bate rápido no peito, mas aos poucos sinto que vou me acalmando.

- Esqueci que você atrapalhou meu banho. - Ele se volta para mim novamente.

- Então volte para o banheiro. - Reviro os olhos.

Me assusto quando de repente Derek me pega no colo e então começa a caminhar em direção
ao banheiro.

- O quê está fazendo? - Indago de olhos arregalados.


- Dessa vez eu quero compainha.

- Me coloque no chão. - Peço.

- Não quero. - Fala.

- Me coloque no chão agora Derek!

Ele entra no banheiro e continua comigo nos braços, e como ele não faz o que eu peço me
aproximo do seu ombro e o mordo com força.

Sinto gosto de sangue na minha boca, mas continuo o mordendo até que ele me coloca no
chão.

- Está louca Olívia? - Ele questiona passando a mão no local da mordida.

- Se tivesse me ouvido isso teria sido evitado. - Dou de ombros.

- Maluca.

- Maluco é você por pensar que vou tomar banho com você. - Retruco.

- Eu estava brincando com você mulher. - Ele bufa frustrado. - Queria  ver qual seria sua
reação.

- Bom, agora você já viu. - Dou de ombros.

Talvez ele esteja sendo sincero ao dizer que estava apenas brincando, mas eu acho isso bem
pouco provável, já que Derek é um homem, e provavelmente quer usufruir do meu corpinho.

- Vá tomar seu banho. - Digo saindo do banheiro.


Dessa vez ele não tenta fazer nada, e fecha à porta do banheiro assim que saio dele. Me dou
uns murros mentalmente por sentir que uma parte de mim desejava que ele tivesse insistido e
não desistido tão fácilmente, mas como eu sei que estou ficando louca decido ignorar o que
estou sentindo.

- Você realmente é uma maluca Olívia. - Digo a mim mesma.

Me jogo na gigantesca cama assim que me aproximo dela, e logo em seguida começo a me
espreguiçar.

Pego um travesseiro e o abraço, e no mesmo instante sinto o cheiro gostoso do Derek.

Começo a ficar sonolenta de repente, mas tento me manter acordada até Derek sair do banho
para podermos conversar, mas não demora muito acabo adormecendo enquanto espero por
meu marido.

Abro os olhos lentamente quando sinto uma sensação de esmagamento, e quando olho para
baixo vejo um braço em volta de mim, e uma mão gigantesca nos meus seios.

Levo a mão a boca quando sinto meu coração se acelerar, e então olho para meu corpo e
suspiro aliviada por eu estar completamente vestida.

- Por seu coração está tão acelerado Olívia? - Derek pergunta com a voz rouca.

- Não sei do que está falando. - Desconverso.

Me arrepio toda quando Derek beija meu pescoço de repente, e quando tento fugir ele me
segura com firmeza.

- Onde pensa que vai? - Ele questiona baixinho.

- Eu... eu... quero me levantar.


- Fique aqui só mais um pouco. - Ele pede.

- Não...

- Você cheira tão bem. - Ele me corta.

Fico pensando em mil formas de conseguir fugir, mas a mulher idiota que existe dentro de
mim quer continuar sendo abraçada por ele.

- Precisamos conversar Derek. - Falo depois de um tempo.

- Sobre o quê? - Ele questiona.

- Bem... Está planejando dividirmos o mesmo quarto?

- Sim. - Ele responde.

- Mas... Mas... Por quê? - Indago.

- Porque somos casados Olívia. Não é normal casais dividirem o mesmo quarto e dormirem
juntos?

- É normal, mas isso não serve para nós, já que não nos casamos por amor.

Derek se afasta de mim e no mesmo instante sinto um repentino vazio, mas trato de ignorar
esse sentimento pelo meu próprio bem.

Me sento na cama enquanto ele vai até o criado mudo e pego um grande envelope, e ao se
voltar para mim me entrega o objeto.

- O que é isso? - Pergunto.


- Olhe você mesma.

Abro o envelope, e quando começo ler o que está no contrato de casamento meus olhos se
arregalam a ponto de saltar do rosto.

- Que merda é essa Derek? - Pergunto incrédula.

- Você terá que cumprir o que está no contrato Olívia.

- É uma brincadeira não é? - Indago. - Está tentando fazer alguma pegadinha comigo?

- Eu pareço um homem que brinca com algo sério Olívia.

Como meu pai teve coragem de fazer eu assinar essa merda? Como eu fui tão burra que nem
ao menos li o que estava escrito e fui assinando tudo? Meu pai levou esses documentos para
mim, por isso eu não desconfiei de nada e acabei entrando em uma enrascada e das grandes.

- Como você acabou de ver não pode ter um amante...

- É sério isso? - O corto. - Pareço o tipo de mulher que trai o marido?

- Nunca se sabe. - Ele dá de ombros.

Não me afeta em nada o fato de ter essa cláusula sobre amante, porque eu não tinha intenção
alguma de me envolver com outro homem.

O que me deixa furiosa é o fato de eu ter que dividir o quarto com Derek gostando disso ou
não, e isso nem é a pior parte.

- Eu não vou ter um filho nessa situação em hipótese alguma.


- Me casei com você apenas porque preciso de um herdeiro Olívia. - Derek fala com frieza. -
Estou ficando velho, preciso...

- Não me interessa. - O corto. - Eu não vou ter um filho.

Derek quer que eu lhe dê um filho, mas se por acaso acabarmos nos divorciando ele ficará com
a criança, e eu terei que ir embora com uma porcentagem dos bens que ele possui.

Ele realmente acha que sou o tipo de mulher que venderia o próprio filho por um pouco de
dinheiro? Eu nunca faria o mesmo que meus pais, por isso em hipótese alguma eu terei um
filho seu.

Fui burra o suficiente para assinar esse contrato, mas agora eu terei que fugir o máximo que
eu puder das suas investidas. Podemos até dividirmos o mesmo quarto e a mesma cama, mas
se Derek pensa que será fácil lidar comigo ele está redondamente enganado.

- Se esqueceu que tudo relacionado a sua família está nas minhas mãos?

- Acha que depois dessa merda toda eu vou me importar com a minha família? - Pergunto
incrédula.

As pessoas que deveriam estar ao meu lado e me desejando o melhor, foram as mesmas
pessoas que me traíram e me venderam.

Se minha própria família teve coragem de fazer isso comigo, quem não teria? Depois de tudo
que aconteceu, por quê eu teria que bancar a boa filha e continar me sacrificando?

- Seus pais terão uma vida muito boa, mas é óbvio que tudo isso vai depender do seu
comportamento.

- Idiota. - Resmundo baixinho.

- O que você disse?

Pego um travesseiro e começo bater nele diversas vezes enquanto grito como uma louca.
- Que você é um idiota! Seu estúpido arrogante!

- Pare com isso Olívia. - Derek pede.

Só paro quando ele segura meus braços e me joga na cama, e se deita sobre mim
rapidamente.

- Gosto muito de mulheres valentes. - Ele sorri de canto.

Lhe dou uma cabeçada em seu nariz, e no mesmo instante o sangue começa a escorrer.

- Está louca?! Ele grita enquanto leva a mão ao nariz.

- Sim, estou louca! - Também grito.

Eu até poderia me sentir culpada nesse momento, mas estou com tanta raiva que não sinto
um pingo sequer de pena desse idiota.

- Deveria ter pensando duas vezes antes de me deixar furiosa Derek. - Digo com irritação.

Me levanto da cama, e então começo a caminhar rapidamente em direção à porta do quarto, e


assim que a abro dou de cara com um mulher escutando nossa conversa.

Cap 9

- Quem é você? - A mulher me pergunta 

- Quem é você? - Retruco.

- Sou Ana, a empregada do senhor Wilsson. - Responde.


- Eu me chamo Olívia, e sou a esposa do Derek.

Ela arregala os olhos surpresa com o que acabei de falar, então isso quer dizer que ela não
sabia sobre meu casamento com seu chefe.

- Esposa?!

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

Ela me olha de cima em baixo, e ao fazer isso não esconde seu desdém, mas eu pouco me
importo com sua atitude.

Ana não parece ser muito mais velha que eu, e nesse momento tenho quase certeza que terei
problemas com essa mulher.

- Desculpe atrapalhar, mas eu ouvi alguém falando alto, então fiquei preocupada.

- Não se preocupe. - Forço um sorriso. - Talvez seu chefe tenha quebrado o nariz, mas não é
nada que não se pode resolver.

Ela olha por cima do meu ombro procurando por Derek, e quando me viro também o vejo
saindo do banheiro com uma toalha suja de sangue em frente ao rosto.

- O que aconteceu senhor? - Ana corre em direção a ele.

- Fui atingido por uma louca. - Derek olha para mim.

- Por que está olhando para mim? - Indago. - Eu não fiz nada.

Minha vontade é de rir da cara de idiota do Derek, e da sua protetora super preocupada com
seu querido patrão, mas é óbvio que não irei provocá-lo logo após lhe agredir.

Pelo jeito que Ana olha para Derek já pude perceber que ela tem interesse nele, agora me
resta saber se Derek também sente o mesmo por ela, ou é apenas algo platônico.
Ana é uma mulher bonita, por isso eu não duvido nada que Derek a mantenha por perto para
seu bel prazer.

Posso estar errada, mas como eu não o conheço não tem como eu saber se tenho razão ou
não, mas como sou uma pessoa observadora descobrirei com o tempo.

Se Derek exige fidelidade da minha parte, também irei exigir da dele, porque apesar de não
sermos um verdadeiro casal, não tenho intenção alguma de fazer o papel de corna idiota.

- O senhor está bem? - Ana pergunta com preocupação.

- Estou. - Derek responde.

- Tem certeza? Não precisa ir ao hospital?

- Estou tocada com tamanha preocupação. - Digo com sarcasmo.

- É melhor não me provocar Olívia. - Derek diz com a voz ameaçadoramente baixa.

Caminho até ele lentamente, e quando me aproximo o suficiente envolvo meus braços em
volta do seu pescoço e o puxo ainda mais para perto de mim, e pergunto:

- Vai fazer o que se eu continar te provocando querido?

Derek fica surpreso com a minha ousada atitude, mas logo em seguida um sorriso largo se
forma em seus lábios.

Derek joga a toalha suja no chão, e então me levanta nos braços com facilidade e começa a
caminhar em direção a cama.

Estou prestes a entrar em pânico, mas tento me controlar porque quero que Ana perceba que
esse homem me pertence.
Não a conheço, mas eu sou boa em ler pessoas, e no instante em que coloquei meus olhos
sobre ela percebi que Ana não é uma boa pessoa, e raramente eu me engano sobre alguém.

Sei que estou brincando com fogo provocando Derek dessa forma, mas em hipótese alguma
vou deixar essa mulher ter alguma vantagem sobre mim.

Derek me joga na cama, e rapidamente se deita sobre mim e tenta me beijar.

- Espere um segundo. - Peço.

Empurro Derek para o lado e então me sento na cama, e quando olho em direção a Ana vejo
como ela está se controlando para não demonstrar seu ódio por mim.

- Você vai sair do quarto ou quer assistir o que vai acontecer? - Pergunto sorrindo de canto.

- Eu... Eu... Desculpe.

Ana sai praticamente correndo do quarto, mas eu sei que seu pedido de desculpas e sua cara
de boa moça não passa de uma farça sua.

- Feche à porta! - Grito.

Ela faz o que peço assim que sai do quarto, então me levanto da cama e caminho em direção à
porta, e quando eu a abro novamente dou de cara com Ana tentando ouvir alguma coisa
novamente.

Ela se assusta quando me vê, e então tenta disfarçar fingindo que está limpando um vaso de
flor com as próprias mãos.

- Esqueceu algo? - Indago.

- Não. - Ela nega com a cabeça.

- Então pode voltar ao trabalho. - Sorrio largo.


Vejo seu ódio mortal por mim através dos seus olhos, e como ela ela me encara de uma forma
petulante percebo que Ana será uma adversária a altura, e então também exibe um largo
sorriso o que parece deixá-la furiosa.

- Sim senhora.

Ela me dá as costas e começa a caminhar pelo corredor, mas para e se volta para mim quando
eu digo:

- É muito feio espiar seus chefes em um momento íntimo, espero que isso não volte a
acontecer.

- Prometo que isso não irá se repetir senhora. - Ela exibe um falso sorriso.

- Ótimo. - Também sorrio. - Porque não quero ter que te demitir de repente.

Ela se abala com a minha ameaça por alguns segundos, mas logo em seguida seu sorriso falso
está estampado em seus lábios novamente, e então Ana começa a caminhar novamente.

- Megera. - Resmundo baixinho.

Entro no quarto e fecho à porta, e quando me viro trombo no peitoral do Derek.

- O que estavam conversando? - Ele pergunta.

- Assunto de mulheres. - Forço um sorriso.

Começo a me sentir culpada por ter lhe dado uma cabeçada no nariz, então pego sua mão e
começo a caminhar em direção a cama, e assim que nos aproximamos dela faço Derek se
sentar.

- Vamos recomeçar de onde paramos? - Derek pergunta.


Ele envolve o braço em volta da minha cintura e me puxa para mais perto de si, e de repente
dá um beijo em minha barriga.

- Onde fica o kit de primeiros socorros? - Questiono me afastando.

- No criado mudo. - Respondo.

Caminho até o criado mudo e abro uma das gavetas, e depois de pegar o que preciso me volto
para Derek novamente.

Coloco o Kit sobre a cama ao lado do Derek e o abro, e então pego uma pomada para passar
no corte em seu nariz.

- Não gostei da sua empregada. - Assumo.

- Por que não gostou dela? - Derek sorri largo.

- Porque não. - Digo apenas.

- Não me diga que está com ciúme...

- Quem está com ciúmes? - O corto. - Não seja idiota.

Derek faz uma careta quando passo a pomada em seu nariz, e ao observar mais de perto vejo
que está começando a ficar com hematomas.

- Ana é uma boa garota. - Derek fala.

- Acredita mesmo nisso? - Indago.

- Ela nunca me deu motivo para desconfiar do seu caráter.


- Você é tão esperto em vários aspectos, mas é tão burro em outros. - Balanço a cabeça em
negação.

- O que está tentando dizer?

- Nada. - Suspiro alto. - Esqueça que eu disse alguma coisa.

Talvez Derek não tenha percebido a cobra que mantém em sua casa, mas nesse momento
seria perca de tempo falar alguma coisa porque provavelmente ele confia mais em Ana do que
em mim.

Ela já deve estar ao seu lado por algum tempo, e eu ele conhece há apenas alguns dias, por
isso deixarei que ele veja por si só que Ana não é tão bobinha e inocente como tenta parecer
em sua frente.

- Me desculpe. - Peço.

- Pelo quê? - Indaga.

- Por ter batido em você.

- Está desculpada. - Ele dá de ombros.

- Eu não deveria ter te agredido, mas fiquei tão irritada com o contrato que acabei
descontando minha raiva em você.

Derek também é culpado pelo contrato já que foi ele que o fez, mas ele não me fez assinar
nada, e sim meu pai que me enganou para eu fazer isso.

- O contrato ainda está de pé Olívia. - Derek fala. - Ainda terá que cumprir as cláusulas escritas
nele.

- O quê? - O encaro incrédula.


- Você o assinou, então...

- Eu fui enganada. - O corto.

- Não me interessa se foi enganada ou não, ainda assim o assinou, e deve cumprir as normas
escritas no contrato.

Me afasto do Derek antes que eu acabe acertando seu nariz novamente, porque é isso que
estou com vontade de fazer nesse momento.

- Não acredito que por um momento eu senti empatia por você. - Digo com raiva. - Mas tenha
em mente que se quer tanto um filho vai ter que me estuprar para ter um, porque eu não vou
felicitar nem um pouco para você Derek.

Cap 10

- Bom dia Senhora Wilsson. - Ana deseja fingida.

- Bom dia Ana. - Forço um sorriso.

Puxo uma cadeira e me sento à mesa, e quando Ana vem até mim para servir meu chá eu
recuso sua ajuda.

- Não precisa, eu mesma faço isso. - Digo com simpatia fingida.

Pego uma xícara e sirvo meu próprio chá tranquilamente, enquanto Derek continua em
silêncio lendo um jornal.

Estamos em pé de guerra há alguns dias, e como nenhum de nós dois tem a intenção de
facilitar a vida um do outro, continuamos nos ignorando o máximo que dá.
Ana está radiante porque pelo jeito já percebeu que esse casamento não passa de uma farça, e
ao olhar para seus olhos brilhantes e um sorriso sempre estampado em seus lábios, tenho
ainda mais certeza que ela tem certeza que não nos casamos por amor. 

Desde a discussão que tive com Derek, ele nem ao menos me olha nos olhos, a não ser quando
quer me dar ordens.

Como eu havia assinado o contrato me vi obrigada a dividir o mesmo quarto e a mesma cama
com Derek, mas se tratando de filhos eu não tenho intenção alguma de fazer essa loucura na
situação em que nos encontramos.

Não amo Derek, não confio nele, então por quê eu me arriscaria a me envolver com ele apenas
para lhe dar o filho que ele tanto deseja? Derek é louco se acha que vou concordar com isso.

Posso cumprir todas as normas do contrato mesmo achando absurdo, mas engravidar de um
homem que não conheço e amo está fora de cogitação.

Somos casados sim, mas esse casamento está apenas no papel, e eu espero que continue
dessa forma para que possamos pelo menos viver em harmonia.

Espero que Derek desista dessa ideia maluca de eu ter um filho, porque se ele continar
insistindo nisso acabarei tendo um bom motivo para fugir.

Não estou aceitando ter um filho dele não porque não quero ser mãe, mas sim por causa das
circunstâncias atuais.

Quando eu tiver meu bebê será em um casamento real, e com amor real, então a única coisa
que posso fazer é esperar até eu me ver livre do Derek para enfim construir a minha própria
família, sem a intervenção de ninguém.

- Esta noite teremos que ir a um jantar, então esteja pronta as vinte horas. - Derek fala.

- Ok. - Digo apenas.

- Se vista de forma elegante, e não parecendo uma adolescente.


Ana ri baixinho, mas se cala quando olho para ela com irritação.

- O que tem de errada na forma que uma adolescente se veste? - Retruco.

- Só não me envergonhe na frente de todos. - Derek muda de assunto.

- Não ousaria envergonhar meu maridinho. - Digo com sarcasmo.

Não fico irritada com Derek porque eu realmente me visto como uma adolescente para a
minha idade, mas como eu estava sempre ocupada com a faculdade não tinha tempo nem de
comer ou dormir direito, e última coisa que eu pensaria era fazer compras.

Agora que estou de férias posso respirar um pouco, mas logo logo começa a correria
novamente, então eu poderei ficar livre do Derek por algum tempo.

- Chame sua amiga e vão fazer compras. - Derek fala.

- Não é necessário.

Ele enfia a mão no bolso da camisa, pega algo e estende em minha direção.

- Eu insisto para que vá fazer compras.

Derek coloca um cartão de crédito sobre à mesa, em seguida volta a atenção ao jornal
novamente.

- Já que insiste. - Dou de ombros.

Bebo um gole do meu chá, enquanto olho para o cartão fingindo não estar animada.
Apesar do meu pai ter sido um homem muito rico no passado, nunca fui uma garota
esbanjadora e que vivia fazendo compras desnecessárias, mas já que Derek quer tanto que eu
mude meu estilo não irei negar o seu pedido.

- Não se esqueça Olívia, esteja pronta as vinte horas.

Derek se levanta, dobra o jornal e o coloca sobre à mesa, e então começa a sair da cozinha.

- Já vai trabalhar querido? - Pergunto.

- Sim. - Ele responde apenas.

Me levanto rapidamente e corro em direção ao Derek, e assim que me aproximo envolvo os


braços em volta do seu pescoço e o puxo para mais perto de mim.

- Não esqueceu de nada? - Indago sorrindo.

- O que está fazendo Olívia?

- Não vai me dar um beijinho antes de ir trabalhar? - Faço beicinho.

Olho de relance para Ana e vejo que ela está morrendo de raiva, mas eu me controlo para não
rir da sua cara.

- Não me provoque Olívia. - Derek fala baixinho. - Você não vai gostar...

Dou um beijo em Derek o fazendo se calar, e apesar dele demonstrar surpresa inicialmente,
logo em seguida ele envolve os braços em volta da minha cintura e me puxa para mais perto
de si.

Eu quero fugir nesse momento, mas por alguma razão também estou curiosa para saber qual é
a sensação de ser beijada por ele.
Dessa vez Derek toma meus lábios em um beijo lento, e se ele não tivesse me segurado
provavelmente estaria caída no chão, já que minhas pernas estão extremamente bambas.

- Não provoque se não aguenta as consequências Olívia. - Derek cochicha em meu ouvido.

Derek sorri de canto enquanto se afasta de mim, e eu fico parada no mesmo lugar incrédula
por ter acabado de retribuir seu beijo.

Minha intenção era apenas lhe dar um selinho para deixar Ana irritada, mas Derek acabou
aprofundando o beijo e eu deixei, e até mesmo assumo que gostei.

Caminho até à mesa boquiaberta com o que acabou de acontecer, e então pego o cartão sobre
a mesa e novamente começo a caminhar, mas dessa vez para fora da cozinha.

- Vai querer o que para o almoço senhora? - Ana pergunta me tirando dos meus devaneios.

- Não irei almoçar em casa. - Respondo. - Pode tirar o restante do dia de folga.

- Obrigada senhora. - Ela agradece fingida.

- Por nada querida. - Sorrio falsamente.

Não sou idiota a ponto de comer a comida da Ana enquanto Derek não está em casa, porque
eu não duvido nada que ela acabe fazendo alguma nojeira só para se vingar de mim.

Subo as escadarias assim que saio da cozinha, e ao adentrar o corredor que dá para os quartos
encosto na parede e levo a mão ao peito.

- O que você fez Olívia? - Indago a mim mesmo.

Eu sabia que estava mexendo com fogo ao provocar Derek daquela forma, mas eu achei que
ele iria me ignorar como tem feito, e não que iria acabar me beijando.
Pelo menos uma coisa boa aconteceu, já que Ana deve estar morrendo de raiva por ter visto
meu marido me beijar.

Mas ao mesmo tempo que fico animada por saber que Ana está irritada, também fico brava
comigo mesmo por ter gostado de ser beijada por Derek.

Era para eu ignorá-lo e odiá-lo, mas aqui estou eu me sentindo abalada por seu beijo, e o pior
ainda, desejando que isso se repita novamente.

- Que merda Olívia.

Em hipótese alguma posso me apaixonar por Derek, porque ele não quer ser amado, e sim
uma mulher para lhe dar um filho apenas.

Seria muita burrice da minha parte acabar gostando de um homem que me vê apenas como
uma barriga de aluguel e nada mais.

Por isso o melhor a se fazer é esquecer a sensação estranha e gostosa que senti ao ser beijada
por Derek, e então continar com nossa guerra infantil, porque só assim meu coração estará
blindado.

- Acorda Olívia.

Me dou um tapa no rosto e então adentro o quarto rapidamente, e quando fecho à porta e me
viro dou de cara com Derek saindo do Closet vestindo uma camisa preta.

- Poderia me ajudar? - Derek pergunta quando me vê.

- O que quer que eu faça? - Indago.

Derek começa a caminhar em minha direção lentamente, e como não sou idiota meus olhos
vão parar em seu tanquinho bem definido.

- Olívia?
- Hum? Sim? O que foi? - Pigarreio alto.

- Você não sabe disfarçar...

- O que você quer? - O corto.

Estou morrendo de vergonha por ter sido pega babando em seu corpo, mas como Derek
estava falando eu não sei disfarçar quando gosto ou desgosto de algo.

- Abotoe minha camisa. - Ele pede.

- Você...

- Minhas mãos estão dormentes. - Ele me corta.

Sei que Derek está mentindo, mas decido ajudá-lo mesmo assim, e no processo posso até tirar
uma casquinha já que não sou tão sonsa quanto pareço ser.

Me aproximo dele e então começo a abotoar sua camisa, e o cheiro dele invade minhas
narinas no mesmo instante.

Como um homem pode ser tão cheiroso dessa forma? Pegou bem no meu ponto fraco, porque
eu tenho uma queda por homens altos e cheirosos.

- Pronto querido. - Digo assim que termino de abotoar sua camisa.

- Obrigada querida. - Derek sorri largo. - Agora irei lhe dar uma recompensa.

- O que seria? - Indago curiosa.

Derek coloca as mãos em meu rosto, e alguns segundos depois junta nossos lábios em um
beijo rápido.
- Gostou da recompensa? - Ele cochicha em meu ouvido.

- Sim. - Assumo.

Me dou conta do que falei quando Derek sorri como se tivesse ganhado alguma coisa muito
importante, e no mesmo instante me dou conta do que ele está tentando fazer, e mais uma
vez me irrito comigo mesma por ser tão estúpida, e com Derek por ele estar jogando sujo
comigo.

Cap 11

- Esse ficou lindo. - Lily sorri largo.

- Tem certeza? - Indago.

- Tenho sim. - Ela confirma com a cabeça.

Me viro para o espelho, e pela milésima vez me olho procurando por algum defeito no vestido,
mas eu não acho nenhum.

- Não está muito exagerado? - Pergunto.

- Está perfeito Olívia.

Derek só me disse que vamos a um jantar essa noite, mas não especificou o que eu deveria
comprar.

Ele já pediu para eu não passar vergonha nele, e tenho que assumir que uma parte de mim
quis fazer isso me vestindo horrivelmente, mas não serei infantil dessa forma.

Sou uma mulher adulta e agirei como tal, mesmo que eu tenha vontade de fazer algumas
burradas as vezes.
O vestido é realmente muito lindo, e não sendo presunçosa achei que ficou perfeito em mim,
mas tenho medo de fazer a escolha errada, porque Derek vai reclamar em meu ouvido o resto
da vida.

- Pare de pensar demais Olívia. - Lily revira os olhos.

- Você tem razão. - Suspiro alto.

- Você está incrível.

Me viro para o espelho novamente e começo a me olhar, e então decido que será esse que irei
comprar.

O vestido é justo até acima do joelho, e na parte de baixo tem um babado godê de renda, e
isso o faz parecer fofo e sexy ao mesmo tempo. Sua cor preta combina muito bem com a
minha pele e meus olhos claros, mas tenho que assumir que não me sinto completamente
confortável com ele, porque o decote nas costas é um pouco avantajado demais, mas isso não
vai me impedir de ficar com essa belezura. 

Experimentei outros, mas nenhum me agradou dessa forma, então é torcer para que Derek
goste do vestido tanto quanto eu, porque não estou afim de ouvir reclamações.

- Seu marido vai ficar caidinho por você. - Lily sorri de canto.

- Não diga bobeiras. - Reviro os olhos.

- Até parece que não está torcendo por isso.

- Do que está falando? - Pergunto.

Lily se aproxima de mim tranquilamente, e quando está perto o suficiente ela cochicha em
meu ouvido:

- Vocês se beijaram não foi?


- Quem te falou isso? - Arregalo os olhos supresa. - Quero dizer... De onde tirou essa ideia?

- Sua safada. - Ela me dá um tapinha no braço enquanto sorri largo.

Não escondo nada da minha amiga, mas isso eu queria manter em segredo porque sabia que
Lily iria ficar toda animadinha.

- Não sei do que está falando. - Me finjo de desentendida.

Entro no provador rapidamente para fugir da minha amiga, antes que ela faça milhões de
perguntas, mas eu sei que é perca de tempo me esconder aqui, porque quando eu sair posso
me preparar para lhe contar tudo o que aconteceu.

- Merda. - Praguejo baixinho.

Tiro o vestido com cuidado, logo em seguida visto as minhas roupas, e quando abro à porta do
provador dou de cara com a Lily me encarando de braços cruzados.

Lily abre a boca para falar algo, mas eu saio correndo em direção a vendedora o mais depressa
possível.

- Irei ficar com esse. - Digo.

- Deseja mais alguma coisa senhora? - Ela questiona.

- Não. - Respondo. - Por hoje somente o vestido.

Pego o cartão de crédito que Derek me deu mais cedo, e então entrego a vendedora.

Hoje eu não estou animada para fazer compras, e só aceitei a sugestão do Derek porque eu
realmente não tenho roupas chiques como ele deseja, e porque não quero envergonhá-lo com
minhas roupas infantis.
🌻

- Me conte tudo Olívia. - Lily pede.

Saímos da loja de roupas há algum tempo, e e desde então Lily não tem me dado sossego
querendo saber o que aconteceu.

O taxista já deve estar perdendo a paciência com a minha amiga, porque ela passou
praticamente o caminho todo fazendo perguntas.

- Não tem nada para contar. - Minto.

- Se não começar a falar agora...

- Só estou te provocando. - A corto enquanto sorrio. - Vou te contar tudo.

- Então comece, estou esperando.

Olho para Lily, em seguida olho para o taxista, e mais uma vez volto minha atenção a ela.

- Quando chegar em casa te conto tudo.

- Mas...

- Tenha paciência Lily. - A corto.

Não vou ficar falando sobre a minha vida perto de um estranho, então ela que aprenda a
controlar sua curiodade até em casa.

- Está bem. - Lily bufa alto.

- Boa garota. - Dou um tapinha em sua coxa.


Lily vira para o lado fingindo estar emburrada, e eu me viro para a janela e começo a observar
tudo.

Já estamos quase chegando a casa do Derek, e ao olhar para o motorista vejo que sua feição se
suavizou um pouco já que Lily calou a boca.

- Estamos quase chegando. - Falo para Lily.

- Até que enfim. - Ela suspira alto.

Assim que o taxista para em frente ao gigantesco portão, o porteiro me vê e libera a nossa
passagem rapidamente.

- Precisam morar tão longe?

- Eu gosto daqui. - Sorrio largo.

Eu amo essa sensação de liberdade, e viver meio isolada de tantas pessoas e prédios a sua
volta é muito agradável para mim.

Lily não teria paciência para morar em um lugar tão calmo, já que ela ama agitação, o que é
bem diferente de mim.

- Uau. - Lily olha em volta com animação.

O táxi para em frente à porta de casa e mais do que depressa ela salta para fora do carro,
olhando tudo com curiosidade.

Pago o motorista e então saio do carro e fecho à porta, e fico o observando ir embora
lentamente.

- Incrível. - Lily diz boquiaberta.


- Isso é porque você não viu a piscina, o lago e o jardim.

Caminho em direção à porta de casa e assim que me aproximo coloco a senha e ela se abre.

Lily adentra o ambiente logo após eu ainda olhando em volta com curiosidade, e mais do que
depressa eu fecho à porta.

- Como não se perde nessa casa? - Ela questiona.

- Eu quase me perdi. - Assumo.

São tantas portas por todos os lados que eu realmente não sabia para onde estava indo, e
quando estava prestes a gritar por Derek eu enfim achei uma saída.

A casa do Derek é imensa em todos os sentidos, e na verdade eu acho que é muito exagero
para apenas um homem viver em um lugar tão grande, mas o dinheiro é seu e ele faz o que
bem entender com ele.

- Vamos para meu quarto. - Digo. - Vai que a megera ainda não foi embora.

- Megera? - Lily me olha sem atender nada.

Pego sua mão e então começo a caminhar em direção as escadarias rapidamente, enquanto
ela me segue de perto.

- Quem é megera Olívia? - Lily pergunta.

- A empregada. - Respondo.

Depois de alguns segundos paro em frente à porta do quarto e a abro, e após adentrar o
recinto com Lily ao meu lado a fecho.

Ana é uma cobra traiçoeira, então olho no banheiro e no closet para ter certeza que ela não
está por perto, e quando não a encontro suspiro aliviada e me deito na cama.
Eu guardo todos meus pertences de higiene pessoal na cômoda e a tranco, porque eu não
duvido nada que ela iria colocar minha escova de dente na privada só para se vingar de mim
em segredo.

- Me conte tudo o que está acontecendo. - Lily se deita ao meu lado.

- Está preparada?

- Eu nasci preparada meu bem. - Ela sorri de quanto.

Lily está louca para saber o que aconteceu até agora, e eu vou matar sua curiodade já que eu
não aguento guardar segredos perto da minha amiga.

- Que megera. - Ela se irrita.

Lily ficou mais incrédula com o fato da Ana ser uma cobra do que eu ter beijado Derek.

Contei tudo para ela, e a forma como Lily olha para o nada tenho certeza que ela está
pensando em uma forma de infernizar a vida da Ana.

Apenas não falei nada sobre o contrato e o real motivo que levou Derek a se casar comigo,
porque eu acho que isso deve ser mantido somente entre nós dois.

- Não está surpresa por eu ter beijado o Derek?

- Não. - Ela nega com a cabeça. - Achei que você iria resistir por mais tempo, mas eu sabia que
uma hora ou outra iria acabar cedendo ao seu charme.

- Não sou tão fraca quanto pareço.


- Nem um pouco. - Ela fala com sarcasmo. - Vocé é tão forte que beijou seu marido indejesada
uma semana depois do casamento.

- Isso não vai se repetir.

- Acredita mesmo nisso? - Lily sorri largo. - Porque não vi muita força de vontade ou confiança
no que acabou de falar.

Eu também não confio em mim mesma, porque e eu tenho quase certeza que se Derek me
beijasse novamente, eu não teria forças para resistir por mais que eu queira.

Cap 12

- Quem é você? - Indago curiosa.

- Me chamo Patrick, e sou o motorista do Senhor Wilsson. - Ele responde.

- Entendi. - Digo apenas.

É a primeira vez que vejo Patrick, e quando coloquei meus olhos nele me lembrei da Lily no
mesmo instante.

Minha amiga não pode ver um homem bonito que fica toda assanhada, por isso tenho certeza
absoluta que ela vai se interessar por Patrick quando o ver.

Patrick não é tão alto quanto Derek, mas ainda assim fico pequena perto dele. Por trás dos
seus ombros largos deve estar escondido um corpo musculoso e torneado, mas o seu real
charme está na sua pele negra e olhos verdes.

Meu gosto para homens é bem variado, mas agora sou uma mulher casada e tenho que seguir
regras, por isso terei olhos somente para meu maridinho.

Olhar não arranca pedaço, então Derek que me perdoe porque seu motorista é um homem
muito lindo.
Mesmo que nosso casamento não seja real, eu jamais teria coragem de traí-lo, mas isso não
quer dizer que não posso achar alguém bonito.

- O senhor Wilsson estava em uma reunião, por isso pediu para eu vir buscar a senhora. - Ele
explica.

- Entendi. - Digo apenas.

- Já podemos ir? - Ele questiona.

- Claro. - Confirmo com a cabeça.

Como Derek não gosta de atrasos me arrumei há algum tempo, e quando escutei a campainha
tocar e corri até à porta e a abri, assumo que me senti decepcionada por não ver ele.

É muita burrice da minha parte estar me deixando ser abalada por Derek, quando na verdade
ele não tem nenhum interesse por mim a não ser no meu útero.

Derek quer apenas um filho, por isso eu sei que amor será a última coisa que ele vai querer
vindo de mim.

- Cuidado com a cabeça senhora. - Patrick fala quando vou entrar no carro.

- Obrigada. - Agradeço pela sua preocupação.

Patrick acena com a cabeça e então fecha à porta do carro, e enquanto coloco o cinto de
segurança ele dá a volta no veículo rapidamente.

- Para onde estamos indo Patrick? - Pergunto assim que ele entra no carro.

- O senhor Wilsson não disse para a senhora? - Ele parece confuso.


- Seu chefe não é o tipo de pessoa que gosta de muita conversa.

- Isso é verdade. - Ele concorda comigo.

Dá para contar as palavras que Derek falou durante essa semana toda. Hoje foi o dia que ele
mais conversou comigo, e para quê? Me dar ordens.

- O senhor Wilsson tem um jantar com seu ex-sogro. - Patrick fala.

- Ex-sogro? - Arregalo os olhos supresa.

- Acho que ele está tentando te exibir. - Patrick sorri largo.

Como assim Derek tem um ex-sogro e eu não sabia de nada? Sei que não somos próximos o
suficiente para trocar informações pessoais, mas eu acho que ele deveria ao menos ter a
decência de me avisar sobre o que irei enfretar esta noite.

- Mas que merda está acontecendo? - Indago.

- Senhora? - Patrick parece incrédulo.

- Desculpe meu linguajar chulo. - Peço.

Patrick parece ser um homem culto e extremamente educado, e apesar de ter sido criada para
ser uma verdadeira dama estou longe de ser uma.

- Não fiquei surpreso pelo fato da senhora ter falado merda, e sim por não saber nada sobre o
jantar dessa noite. - Patrick fala. - Espero não estar encrencado.

- Não se preocupe. - O tranquilizo. - Foi bom ter me contado ou acabaria agindo como uma
idiota.

É isso que Derek quer que eu faça? Acabe fazendo papel se estúpida na frente das pessoas que
eram para ser sua família?
Ele deveria ter me contado para eu poder me preparar mentalmente, mas se escolheu ficar em
silêncio é porque quer me envergonhar, ou esfregar na minha cara que não sou sua única
opção.

Não sou uma pessoa que tira conclusões precipitadas, mas tudo indica que vou fazer papel de
trouxa esta noite.

- Por que eu não te vi antes Patrick? - Mudo de assunto.

- Eu estava de férias senhora. - Ele responde.

- Me desculpe pela pergunta, mas você tem uma namorada?

Patrick fica surpreso com a minha pergunta, e até mesmo guagueja quando a responde.

- Na... Não.

- Não me entenda mal, não estou dando em cima de você. - Sorrio largo.

- Fico aliviada por isso.

- Tenho uma amiga solteira, e acho que vocês dois combinam muito bem. - Explico.

- Será um prazer conhecê-la algum dia.

Nem bem conheci Patrick e já estou dando de cupido entre ele e minha amiga. Pelo menos
uma de nós merece um cara legal do lado, e tudo indica que ele é um.

- Assim que eu tiver uma oportunidade irei apresentá-los um ao outro. - Digo com animação.

Patrick não fala nada, mas eu vejo ele sorrindo, e nesse momento tenho quase certeza que
podemos ser bons amigos.
No passado eu sempre gostei de fazer amizades, mas infelizmente nenhuma das pessoas que
se aproximavam de mim eram porque gostavam da minha compainha, e sim porque estavam
interessados no fato do meu pai ser rico.

Lily é minha amiga desde sempre porque praticamente crescemos juntas, e posso dizer com
toda certeza que ela é a única pessoa que sempre foi sincera comigo em todos os aspectos.

Ela é o tipo de pessoa que pode contar com ela a qualquer momento, mas quando precisa dar
broncas ela faz isso sem pensar duas vezes, e esse tipo de pessoa que é bom manter ao lado.

Lily é a filha do motorista do meu pai, por isso passamos nossa infância e adolescência juntas.
Pessoas mesquinhas sempre me "Aconselhavam" a não me envolver com a filha de um
empregado, mas eu tive uma boa criação por meus pais, e sempre tratei muito bem as pessoas
não importa a sua classe social.

Não era porque Lily é filha de um dos empregados do meu pai que ela seria inferior a mim, por
esse motivo nunca escutei mal conselho de pessoas egoístas.

Quando eu estava tomando um rumo nada agradável em minha vida, foi ela quem jogou na
minha cara a realidade sem pena alguma, mas foi através disso que eu percebi o tipo de
pessoa que estava me tornando, e para falar bem a verdade era um lixo.

Somos irmãs de pais diferentes, e eu a amo tanto aquela garota que não me imagino sem
minha melhor amiga ao meu lado.

Sempre foi apenas nós duas e para mim não faz falta alguma ter mais amizades, porque eu sei
que ela sempre foi verdadeira e honesta comigo, por isso para mim é o suficiente ter Lily como
minha única amiga, irmã e confidente.

Em um mundo com tanta falsidade e pessoas maldosas, é uma dádiva ter amigos verdadeiros,
por isso é importante dar muito valor aqueles que valem a pena, e se libertar de amizades
tóxicas, que apenas nos destróem pouco a pouco.

- Já estamos quase chegando senhora. - Patrick me tira dos meus devaneios.


- Ok. - Digo apenas.

Patrick para o carro em frente a um portão, e quando o porteiro o libera ele começa a dirigir
novamente.

Olho pelo vidro do carro e de longe avisto a gigantesca casa, e nesse momento percebo que
essas pessoas gostam de ostentar suas riquezas.

A casa do meu pai é grande, mas não chega nem aos pés da exuberância da casa do Derek. Na
minha humilde opinião é um exagero, mas como eu disse antes cada um faz o que bem
entender com seu dinheiro.

- Chegamos. - Patrick fala.

Ele para o carro, e alguns segundos depois está abrindo à porta para mim enquanto eu tiro o
cinto de segurança.

Patrick me estende a mão e me ajuda a sair do carro, e logo em seguida ele fecha à porta atrás
de mim.

- Obrigada Patrick. - Agradeço.

- Por nada senhora. - Ele sorri largo.

Estou começando a ficar nervosa por não saber o que terei que enfretar esta noite, mas como
não sou o tipo de mulher que foge de uma boa luta começo a caminhar em direção ao
desconhecido.

À porta da casa está aberta, então eu a adentro calmante e já me assusto com o tanto de
pessoas conversando animadas.

Olho em volta procurando por Derek, e quando o avisto meu coração se acelera no mesmo
instante, mas não é de uma forma nada agradável.
Cap 13

Enquanto pessoas passam por mim e conversam animadas, fico observando Derek perto de
uma mulher.

Ela não tira as mãos dele, e pela sua feição ele está gostando, caso contrário já teria a cortado
e saído de perto.

Minha vontade é de me aproximar deles e socar a cara de ambos, mas eu sou uma pessoa
muito culta para me envolver em brigas por causa de macho.

- Boa noite. - Um desconhecido me cumprimenta.

- Boa noite.

- Vi você aqui sozinha e decidi vir conversar com você.

- Entendi. - Digo apenas.

- Parece que não gosta de muita conversa. - Ele sorri de canto.

Apenas forço um sorriso porque não estou nem um pouco afim de conversar com esse
homem, e por ser uma pessoa educada não saio de perto.

Ele me olha com interesse, e nem ao menos tenta disfarçar o que sente, e isso é muito
constrangedor e desconfortável.

- Como se chama? - Ele questiona.

- Olívia.

- Muito prazer Olívia. - Ele me estende a mão em cumprimento. - Me chamo Rodolf.


Minha vontade é de deixar ele no vácuo, mas acabo aceitando seu cumprimento por educação
fingida.

- Já está atacando Rodolf?

Olho para o lado e vejo Derek, e no mesmo instante ele puxa minha mão do aperto do Rodolf e
me abraça de uma forma possessiva.

- Essa... Essa...

- Essa é a minha esposa, então nem sonhe em se aproximar dela novamente. - Derek fala.

- Você não me dá ordens Derek. - Ele sorri desdenhoso.

Derek me solta e dá um passo em direção ao Rodolf, e no mesmo instante ele dá um passo


para trás assustado.

Quando Derek se aproxima dele coloca sua mão em seu ombro, e pela branquidão dos seu
dedos já dá para perceber que ele está o apertando com força.

- É bom me escutar, ou poderá não gostar muito das consequências.

- Tire sua mão de mim. - Rodolf o empurra.

As pessoas a nossa volta nos olham sem entender nada, mas logo em seguida começam a
ignorar a repentina discussão entre os dois.

- Pare com isso Derek. - Peço ao me aproximar dele.

Ele me olha com irritação por algum tempo, mas atende ao meu pedido e se afasta do Rodolf.

- Isso Derek, escute a sua esposa. - Rodolf provoca.


Derek dá um passo em sua direção, mas eu seguro seu braço antes que ele faça alguma
burrada.

- Ignore Derek. - Peço.

Ele faz o que eu peço e se aproxima de mim, e novamente volta a me abraçar, e por alguma
razão me sinto confortável em seus braços.

- Sua esposa é uma gata Derek, por isso cuide bem dela ou poderei tomá-la de você. - Rodolf
continua o provocando.

Sinto seu corpo enrigecer, e ao olhar para sua mão vejo seu punho fechado pronto para uma
briga.

- Não dê ouvidos. - Peço baixinho. - Ele está tentando te provocar.

Se antes eu já não tinha gostado do Rodolf, agora que não o suporto mesmo. Pelo jeito ele
deve provocar Derek, para que ele perca a cabeça e acabe fazendo alguma burrada, e Derek
sairia como o errado na história.

Derek ignora Rodolf como eu pedi, e volta a me encarar por alguns segundos, e então pega a
minha mão e começa a caminhar rapidamente em direção a uma porta.

- Poderia ir mais devagar? - Indago. - Estou de salto.

Ele atende meu pedido e começa a caminhar mais lentamente, e eu agradeço por isso ou teria
acabado levando um tombo.

Ao nos aproximamos da porta Derek a abre e adentra o recinto e eu faço o mesmo, e logo em
seguida ele a fecha.

Ele começa a andar de um lado para o outro, e pela sua feição carrancuda já posso me
preparar para os sermões.
- O que estava conversando com o Rodolf? - Derek pergunta depois de um tempo.

- Ele só se apresentou para mim. - Respondo.

- Só isso?

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

Derek não parece acreditar em mim, e a forma que ele me olha entrega isso.

- Se não tivesse tão animadinho conversando com aquela mulher, teria percebido quando eu
cheguei.

- Está com ciúmes Olívia? - Ele questiona com desdém.

- O único que parece estar com ciúmes aqui é você. - Retruco.

Derek joga a cabeça para trás e dá uma gargalhada desagradável, e a forma desdenhosa que
ele me olha me magoa.

- Sou sua esposa, e não sua propriedade. - Falo depois que ele para de rir. - Posso conversar
com quem eu quiser que não é da sua maldita conta.

Me irrito por Derek estar sendo tão idiota nesse momento, e se ele pensa que vou abaixar
minha cabeça para as suas grosserias está bem engano.

- Você gostou dele Olívia? - Ele questiona com a voz ameaçadoramente baixa.

- Eu pareço esse tipo de mulher Derek? - Indago incrédula.

Ele não fala nada, mas a forma que ele sorri de canto, e o sarcasmo estampado em seu rosto
diz tudo.
- Idiota. - Murmuro baixinho.

Me viro em direção à porta para sair daqui antes que eu acabe perdendo o pouco de paciência
que me resta, mas sou impedida quando Derek segura meu braço.

- Onde você vai? - Pergunta. - Ainda não terminei...

- Pois eu já. - Puxo meu braço do seu aperto. - Não quero discutir com você, então me deixe
em paz.

- Vai atrás dele não é? - Indaga. - Gostou de receber aten...

Antes que Derek termine de dizer algo lhe dou uma bofetada em seu rosto com toda força, e
sem pena alguma.

- Eu posso aguentar muita coisa vindo de você Derek, mas não pense que pode me humilhar
dessa forma. - Aponto o dedo em sua direção. - Eu não sou uma vadia, então pare de tentar
fazer de mim uma, só porque não aceita que está errado. Espero que essa seja a primeira e
última vez que você dúvida do meu caráter, porque se tiver uma segunda eu juro que nunca
mais você me verá, e estarei cagando para o seu maldito contrato.

Derek está com a mão no rosto onde lhe dei o tapa, e pela forma que me olha parece
levemente assustado com meu repentino surto.

Se ele pensa que irei aguentar esse tipo de merda em silêncio está muito enganado, porque eu
nunca permiti que ninguém duvidasse do meu caráter, e não será agora que irei deixar isso
acontecer.

Se eu tivesse lhe dado motivo para desconfiar de mim tudo bem, mas eu não fiz isso e mesmo
assim começou agir como um idiota comigo.

- Onde vai Olívia? - Derek pergunta quando me viro em direção à porta.

- Sair de perto de você. - Respondo.


Levo a mão a maçaneta, mas antes que eu tenha a chance de abrir à porta Derek me impede.

- Espere um pouco. - Ele pede.

- Para quê? - Indago. - Já não me ofendeu o suficiente?

- Não é isso. - Derek suspira alto.

Derek tem a cara de pau de se sentir envergonhado, mas em hipótese alguma terei pena dele
nesse momento.

- Eu percebi que Rodolf não era um cara legal assim que ele veio até mim, mas não foi ele que
tentou me fazer parecer uma vadia, e sim meu marido. Uma hora ou outra vai aparecer
pessoas que virão até mim com segundas intenções e outros não, mas você vai sempre agir
dessa forma? Irei me tornar uma mulher fácil apenas por quê fui educada ao cumprimentar
uma pessoa?

- Me desculpe por isso, eu agi errado. - Ele pede envergonhado.

- Quando eu cheguei na festa e te vi conversando com uma mulher, por mais que eu tenha me
sentido desconfortável eu não fui até vocês, como também não o acusei de ser um cafajeste
traidor, mas quando você me viu conversando com um homem no mesmo instante me tornei
uma vadia.

Derek pega minhas mãos entre as suas e segura contra o peito com firmeza, e apesar dessa
atitude me deixar um pouco menos irritada, ainda assim estou muito brava.

- Me perdoe. - Ele pede baixinho. - Fiquei muito bravo quando vi você com o Rodolf, mas
prometo que nunca agirei dessa forma novamente.

- É o que espero, porque eu já disse antes eu vou dizer novamente, nunca mais me acuse de
algo que não sou.

Derek beija ambas as minhas mãos, e se alguém nos visse nesse exato momento poderiam até
pensar que somos um casal verdadeiro.
- Espere um pouco... - Ele se cala por alguns segundos. - Você disse que ficou incomodada
quando me viu com Pietra?

Estava tão irritada que nem percebi que eu falei isso, mas agora é tarde demais para voltar
atrás.

- Não sei do que você está falando. - Desconverso. 

- Sabe sim. - Derek sorri largo. - Me lembro bem do que você falou.

- Isso é coisa da sua cabeça.

- Você não me engana Olívia.

Derek coloca ambas as mãos em volta da minha cintura e me puxa para mais perto de si, e
antes mesmo que eu tenha a chance de inventar qualquer mentira ele me beija rapidamente.

- O que pensa que está fazendo? - Pergunto.

- Beijando a minha esposa. - Ele sorri lindamente.

- Não te dei permissão para me beijar.

Tento empurrar Derek, mas ele me aperta ainda mais contra si, e apesar de estar fingindo não
gostar da nossa aproximação, na verdade não estou nem um pouco afim de me afastar dele.

- Você gosta de mim Olívia.

- Não gosto. - Nego com a cabeça.

- Gosta sim. - Diz convencido.


- Não gosto. - Minto novamente.

Derek aproxima seu rosto do meu lentamente, e automaticamente meus olhos param em seus
lábios rosados e convidativos, mas como hoje não é meu dia de sorte à porta é aberta antes de
Derek me beijar, e então a megera que estava grudada nele antes adentra o ambiente.

Cap 14

- Derek querido. - A mulher vem até nós. - Estava te procurando por toda parte.

- Derek querido. - Resmundo baixinho imitando a cobra.

Ele olha para mim e ainda tem a cara de pau de sorrir, mas quando lhe dou um olhar mortal
seu sorriso some no mesmo instante.

- Deseja alguma coisa Pietra? - Derek pergunta.

- Não. - Ela nega com a cabeça. - Só estava com saudades, você sabe que gosto de olhar para
você.

- Não diga bobeiras Pietra.

Derek está sério, mas a sua feição indica que ele está gostando do que está acontecendo, e
isso só serve para eu querer quebrar a cara dos dois.

- Você me faz ficar boba. - Ela sorri com malícia.

É sério isso? Vai ficar dando em cima do meu marido na minha frente? Tenho certeza que ela
sabe que sou a esposa do Derek mesmo que ele não tenha dito nada, e mesmo assim fica se
oferecendo para ele.

Derek não vai falar nada para a por no seu devido lugar? Vai ficar ouvindo suas ladainhas como
se fosse algo normal?
Não somos um casal verdadeiro, mas o mínimo que ele poderia fazer era me respeitar, o que
não está acontecendo agora.

- Com licença.

Me afasto dos dois e começo a caminhar em direção à porta, mas de repente sou impedida de
continuar a andar quando Derek segura meu braço.

- Onde você vai? - Ele questiona.

- Continuem conversando, eu não quero atrapalhar.

Puxo meu braço do seu aperto com brusquidão e me viro para sumir, mas sou surpreendida
novamente quando ele me segura.

- Essa é a Olívia, minha esposa. - Ele fala para Pietra.

- Que lindo, se lembrou que tem uma esposa. - Digo com sarcasmo.

Tento me afastar do Derek, mas ele me segura com ainda mais firmeza, e não me libera de
jeito nenhum.

- Muito prazer Olívia. - Pietra me estende a mão. - Como Derek já disse me chamo Pietra, e sou
a sua ex-noiva.

- O prazer é todo meu Pietra. - Forço um sorriso enquanto retribuo o aperto de mão. - Como
Derek já disse me chamo Olívia, e sou a sua esposa.

Se um olhar matasse eu estaria morta e enterrada neste exato momento, porque ela me olha
com tanto ódio, que sinto calafrios desagradáveis percorrer meu corpo.

- Fiquei muito surpresa quando soube do casamento do Derek. - Ela fala. - Tinha esperança de
que acabássemos juntos no futuro.
- Que pena, acho que acabei atrapalhando seus planos. - Sorrio fingida.

- Nunca se sabe o que poderá acontecer no dia de amanhã. - Ela me olha de cima em baixo
com desdém.

- Isso é verdade. - Confirmo com a cabeça. - Talvez eu acorde amanhã e acabe decidindo ter
um bebê, e dê ao Derek o filho que ele tanto deseja como prova do nosso amor.

Pietra me olha com raiva, mas de repente sua feição muda e ela se aproxima do Derek e tenta
tocar seu braço, mas eu dou um tapa em sua mão e no mesmo instante ela se distância.

- Desculpe, mas meu marido não gosta de outras pessoas o tocando a não ser eu. - Sorrio
largo.

Derek parece estar segurando o riso, ao mesmo tempo que parece estar gostando de ver
Pietra e eu nos alfinetando.

- No passado as coisas eram diferentes, Derek amava meu toque. - Ela exibe um sorriso cínico.

- As coisas mudam para melhor com o tempo. - Também sorrio. - Seu gosto agora é mais
refinado, por isso decidiu se casar com uma mulher a sua altura.

- O que quer dizer com isso? - Ela demonstra irritação. - Está dizendo que não sou culta?

- Você me ouviu dizer isso Derek? - Pergunto para ele.

- Não. - Ele nega com a cabeça.

- Eu não disse nada, é você quem está imaginando coisas, e o Derek está de prova. - Finjo estar
preocupada. - Mas se eu te magoei de alguma forma me perdoe, não foi minha intenção.

Pietra faz uma cara dengosa do nada e olha para Derek, e eu me esforço para não acabar rindo
dela fazendo esse papel ridículo.
- Por que você manteve sua esposa em segredo Derek? - Pietra indaga.

- Ela é muito linda para ficar a exibindo por aí. - Ele me olha e sorri.

- Lembra que comigo era bem diferente? Você amava me apresentar as pessoas?

Ele fica pensativo por um tempo enquanto Pietra espera por sua resposta, e eu também fico o
observando curiosa para saber o que Derek irá falar.

- Me desculpe, mas eu não me lembro. - Ele sorri de canto. - Depois que conheci Olívia eu
esqueci dos meus antigos relacionamentos, como também agora só tenho olhos para ela.

Derek me olha de uma forma tão profunda, que uma parte de mim até acredita no que ele
acabou de falar, mas eu sei que não passa se mentiras.

- Eu te amo tanto meu amor. - Sorrio largo.

Derek fica surpreso por alguns segundos, mas logo em seguida um lindo sorriso se forma em
seus lábios, e então ele se aproxima de mim e me dá um rápido beijo nos lábios.

- Eu também te amo.

Meu coração se acelera ao ouvir isso, mas eu tento ficar me lembrando que isso não passa de
um teatro entre nós dois.

- Você nunca será como eu Olívia. - Pietra começa mostrar as garras.

- Graças a Deus por isso. - Suspiro aliviada.

- Derek nunca vai te amar da forma que me amava. - Ela diz emburrada.
- Se ele te amava tanto assim por quê terminaram? - Indago. - Se Derek te amasse tanto
quanto você está dizendo não seria eu a sua esposa, e sim você minha querida.

- Porque... porque...

- Uma coisa você tem razão, ele não vai me amar igual amou você. - A corto. - Derek vai me
amar ainda mais, porque eu sou melhor do que você em todos os sentidos, então tenha um
pouco de amor próprio e pare de se oferecer ao marido de outra pessoa.

- Vai deixar ela falar assim comigo Derek?

- Você a provocou Pietra. - Ele dá de ombros.

Pietra ficou tentando me deixar irritada usando seu passado com Derek, mas ela acabou se
ferrando porque eu sei me controlar quando estou sendo provocada.

Se eu tivesse surtado não teria tido o prazer de ver sua cara de idiota agora, por isso é bom ser
bem controlada quando necessário.

- Não acredito que você vai ficar ao lado dela. - Pietra diz incrédula.

- Olívia é minha esposa, é óbvio que ficarei ao lado dela.

- Não sente a minha falta? - Ela indaga.

- Com uma mulher maravilhosa como eu ao lado, acha que ele vai sentir falta disso? - Aponto o
dedo para ela enquanto a olho com desdém.

- Não estou falando com você, e sim com o Derek.

- O que a Olívia disse está certo. - Derek fala. - Não sinto falta de nada do meu passado, e isso
incluí você.
Pietra bufa alto e começa a caminhar rapidamente em direção à porta do escritório, e quando
sai do recinto a bate com toda força.

- Acho que alguém ficou bem irritadinha. - Sorrio largo.

Me viro até ficar de frente para Derek que também está sorrindo, e então lhe dou um beliscão
no braço com força.

- Por que fez isso? - Ele questiona fazendo uma careta.

- Porque você é um idiota. - Respondo.

- O que eu fiz?

- Ficou em silêncio enquanto ela dava em cima de você, e relembrava seu relacionamento
perfeito do passado. - Reviro os olhos.

- Está com ciúmes Olívia? - Derek sorri de canto.

- Ciúmes? Eu?

Derek coloca ambas as mãos em volta da minha cintura e me puxa para mais perto de si, e
então me dá um rápido beijo na bochecha.

- Você fica linda quando está com ciúmes.

- Não faço ideia do que você está falando. - Me finjo de desentendida.

- Você sabe sim.

Ele se aproxima novamente, mas dessa vez me dá um rápido beijo nos lábios e se afasta em
seguida.
- Fiquei em silêncio porque eu sabia que você iria colocar Pietra em seu devido lugar. - Derek
fala. - E você fez isso de forma maestral.

- Tinha que mostrar para ela que você me pertence.

- Te pertenço? - Derek sorri largo.

Passo a mão por seu rosto enquanto me aproximo ainda mais dele, e dessa vez eu que lhe dou
um rápido beijo nos lábios.

- Sim, você me pertence!

Cap 15

- Derek?

Alguém chama por ele, e quando Derek e eu nos viramos vemos um homem vindo em nossa
direção.

- Obrigado por ter aceito meu convite para o jantar. - O homem agradece quando chega mais
perto. - E me desculpe por não ter conseguido te cumprimentar antes.

- Não se preocupe, eu sei que estava ocupado.

O desconhecido conversa com Derek por alguns segundos, e de repente começa a me encarar
com curiodade aparente.

- Então você é a famosa Olívia? - Ele sorri para mim.

- Famosa? Eu? - Também sorrio.

- Muito prazer querida. - Ele me estende a mão. - Me chamo Paul.


- O prazer é todo meu Paul. - Retribuo o cumprimento.

- Você é tão linda quanto Derek falou.

- Bondade da sua parte. - Sorrio largo.

Não faço ideia de quem seja esse homem, mas tudo indica que é o dono da casa, e pai da
cobra da Pietra.

- Mantenha distância Paul. - Derek balança a mão. - Sou um homem ciumento.

- Isso é novidade para mim. - Ele finje estar surpreso.

- Minha esposa é muito linda, tenho que mantê-la sempre por perto.

Derek envolve o braço em volta da minha cintura e me puxa para mais perto de si, enquanto
me olha como se estivesse apaixonado.

Como ele consegue fingir tão bem? Por alguns segundos eu até pensei ser real a forma
amorosa que ele me olhou, mas eu sei que a realidade é outra.

- Se ele pisar na bola com você venha até mim Olívia, irei te proteger e darei uma boa lição em
Derek. - Paul fala.

- Manterei isso em mente. - Aceno com a cabeça.

Mal conheço esse homem é já gostei dele. Paul e simpático e alegre, e parece ser um homem
legal, o que é bem diferente da filha.

- Não dê ouvidos a esse velhote. - Derek finje irritação.

- Você...
Antes que Paul tenha a chance de dizer algo, Pietra surge ao seu lado e o abraça, o que faz eu
ter ainda mais certeza que Paul é seu pai.

- O que estavam falando? - Ela questiona.

- Assunto de adultos. - Paul também abraça a filha.

- Eu sou adulta. - Ela revira os olhos.

- Para mim sempre será minha princesinha.

Vê-los agindo de forma carinhosa faz eu me lembrar do meu pai, e dos momentos felizes que
passamos juntos.

Éramos tão próximos antes de tudo acontecer. Meu pai era meu melhor amigo, era meu herói
e a pessoa que eu mais amo no mundo, e eu sinto muita falta daqueles momentos felizes que
passamos ao longo das nossas vidas.

Minha mãe também é tudo para mim e eu a amo muito, mas o meu relacionamento com meu
pai sempre foi mais próximo, por isso acabei tendo mais intimidada com ele.

Estou magoada no momento, mas eu ainda os amo e sinto muita falta de ambos, mas eu
realmente preciso de um tempo longe dos dois para poder me livrar desse sentimento ruim
que tomou conta de mim.

Algumas pessoas podem até achar que é exagero da minha parte, mas do nada tive que me
casar com um homem desconhecido porque meu pai precisava disso para salvar a sua
empresa.

Eu me senti usada, me senti como um objeto qualquer, e o pior de tudo é que foram as
pessoas que eu mais amo no mundo que fizeram eu me sentir assim.

Aquela sensação de traição ainda está cravada em meu coração, por isso eu preciso de um
tempo para poder enfim perdoar meus pais completamente.
- Você está bem? - Derek pergunta baixinho.

- Sim. - Forço um sorriso.

Ele me abraça com força e beija o topo da minha cabeça, e por um momento eu me esqueço
que estou perto de outras pessoas, e tudo que sinto é os braços do Derek em volta de mim
enquanto me sinto consolada por ele.

Acho que ele percebeu que fiquei abalada ao ver Paul sendo carinhoso com Pietra, e agora
está tentando me consolar.

Talvez Derek não seja tão insensível e idiota quanto eu pensei, talvez ele seja um cara legal e
amoroso no final das contas, só está se fazendo de durão para se proteger de algo.

- Quer ir para casa? - Ele questiona.

- Quero. - Respondo.

Derek beija o topo da minha cabeça novamente, e então se afasta um pouco de mim, mas
continua com o braço em volta da minha cintura me mantendo perto dele.

Gosto da sensação de estar juntinho dele, gosto de ser amparada e consolada por ele, como
também gosto dessa aproximação que estamos tendo pouco a pouco.

- Já está ficando tarde. - Derek olha no relógio sobre o pulso. - Se não se importar iremos
embora agora.

- É claro que não. - Paul balança as mãos.

- Fique mais um pouco Derek. - Pietra pede.

- Olívia já está cansada...

- Peça ao Patrick para levá-la e fique mais um pouco. - Pietra o corta.


- Não seja intrometida. - Paul lhe dá uma bronca.

- Desculpe papai.

Como ela finge tão bem ser uma garota legal perto do pai? Pietra está agindo de forma tão
educada, que nem parece a mesma pessoa que estava dando em cima do meu marido há
algumas horas.

Seu pai sabe qual é o seu verdadeiro caráter? Ou nem imagina que a filha é uma megera e
tanto?

- Venha me visitar quando quiser querida. - Paul fala comigo.

- O senhor também é bem vindo a nossa casa. - Sorrio largo.

Pietra está vermelha de raiva por ver seu pai ser tão gentil comigo, mas como está perto dele
continua fazendo seu papel de boa moça.

- Obrigado. - Ele agradece. - Mas vocês são recém casados e precisam de privacidade, não
quero incomodar se é que me entende.

- Por enquanto é bom evitar me visitar mesmo. - Derek sorri com malícia.

- Amor! - Lhe dou um tapinha no braço.

Estou agindo como se eu estivesse envergonhada, mas na verdade eu estou mesmo.

- O que foi? Estou sendo sincero. - Derek fala.

- Não seja indelicado. - O repreendo.


Derek beija minha bochecha demoradamente, e ao olhar para Pietra vejo que ela está prestes
a explodir de raiva. Sorrio internamente da sua cara de idiota, mas na verdade eu queria era
jogar na sua cara que esse homem é meu, e que ela já perdeu a chance que teve.

- Agora iremos embora. - Derek fala. - Estou com pressa para chegar em casa, se é que me
entendem.

Derek nem se despede do Paul, e então pega minha mão e começa a caminhar rapidamente
em direção à porta da casa.

- Foi um prazer te conhecer Paul! - Grito.

Apenas vejo seu sorriso e ouço sua risada antes de sairmos da casa, mas como nem tudo é
flores damos de cara com Rodolf.

- Já estão de partida? - Ele questiona.

- Não é da sua conta. - Derek se irrita.

- Precisa ser menos estressado. - Ele provoca.

- E você menos entrometido. - Derek retruca.

Derek faz sinal com a mão para Patrick que conversa animado com outros motoristas, e no
mesmo instante ele vai em busca do carro.

- Quer o número do meu celular Olívia? – Rodolf pergunta.

- Não. - Respondo apenas.

- Por quê? - Ele finje surpresa.

- Não precisa ter um porque, apenas não quero e ponto final.


Tive a má sorte de ter sentado ao lado do Rodolf no jantar, e se antes eu já havia o achado um
cara extremamente chato, estava a ponto de morrer de tédio das suas investidas
desagradáveis.

Por sorte não demorou muito até Derek trocar de lugar comigo, e então ficar ao lado desse
idiota, foi só então que eu tive um pouco de paz.

- Gostei de você. - Rodolf fala. - Na verdade acho que estou apaixonado.

- Mas eu não gostei de você. - Sorrio fingida. - Se está usando esse truque para me conquistar,
tenha em mente que a única coisa que estou sentindo é desprezo, por isso comece a agir como
um homem e pare de ser desagradável. Sou uma mulher casada e amo meu marido, então não
perca seu precioso tempo tentando fazer joguinhos comigo, porque não sou idiota para cair
nessa conversinha.

Rodolf não parece nem um pouco feliz com o que acabei de falar, mas ele é muito idiota se
pensa que vou acreditar nesse teatrinho dele.

- Você ouviu a minha esposa. - Derek exibe um largo sorriso. - Não seja desagradável e suma
da nossa frente.

Rodolf sai de perto de nós no mesmo instante em que Patrick aparece com o carro, e então
suspiro aliviada por estar indo embora.

- Vamos para casa amor. - Derek pisca para mim.

- Não precisa continuar fingindo.

Derek abre à porta do carro para mim, mas antes que eu o adentro ele se aproxima do meu
ouvido e cochicha:

- Quem disse que é fingimento?


Cap 16

- Você estava linda hoje. - Derek fala.

- Só hoje? - Finjo irritação. 

- Todos os dias para ser sincero. - Ele sorri largo.

Me aproximo da cama e me sento perto do Derek, e então coloco minha mão em sua testa
para ver se ele não está com febre.

- O que está fazendo?

- Estou vendo se não está doente. - Respondo.

- Por que eu estaria doente? - Indaga.

- Está sendo tão gentil comigo de repente, só deve estar delirando.

Não estou acostumada com esse Derek, e sim com o mandão, por isso eu acho que ele deva
estar doente.

- Estou muito bem de saúde.

- O que você está planejando agindo assim? - Pergunto.

- Assim como?

- Sendo tão legal comigo. - Respondo.


- Não estou planejando nada.

Não sei se acredito em Derek, porque hoje de manhã ele me tratou com frieza costumeira,
mas agora está sendo tão legal que acabo desconfiando.

- Você não confia em mim não é?

- Não é que eu não confie. - Forço um sorriso.

- Eu te entendo se esse for o caso. - Ele fala. - No seu lugar eu também ficaria receoso.

Talvez Derek esteja sendo sincero, mas eu ainda tenho muitas dúvidas a seu respeito, e isso faz
eu me sentir receosa como ele acabou de falar.

- Posso te fazer uma pergunta? - Indago.

- Claro. - Ele balança a cabeça em confirmação.

- Por que você e Rofold não se gostam? Percebi que ele é um idiota, mas deve ter algum
motivo por trás da rixa entre os dois.

Derek me encara em silêncio por um tempo, e quando acho que ele não vai responder minha
pergunta ele fala:

- Rodolf era amante da Pietra enquanto estávamos noivos.

- O quê?! - Arregalo os olhos.

- Descobri sobre os dois quando Pietra e eu começamos planejar nosso casamento, mas eu
cancelei tudo. - Explica. - Rodolf é o filho do melhor amigo do Paul, então eles acabaram se
aproximando porque eu sempre estava muito ocupado com o trabalho.  Quando eu coloquei
um ponto final em nosso relacionamento, Pietra me implorou para que eu não contasse a seu
pai sobre o motivo do término, e eu atendi seu pedido apesar de estar irritado. Rodolf achou
que eles continuariam juntos após terminarmos, mas Pietra não quis mais nada com ele, e
começou a me perseguir tentando reatar o noivado, por isso ele me odeia tanto.
- Que cretinos.

Eu iria perguntar sobre o fim do seu noivado com ela, e apesar de desconfiar que havia um
bom motivo por trás disso, nunca passou pela minha cabeça que terminaram porque Pietra o
traiu.

- Eu nunca quis me casar, mas eu amava Pietra, e por ela decidi me casar. - Derek fala.

- Por causa disso escolheu se casar com uma pessoa desconhecida? - Indago.

- Sim. - Confirma com a cabeça. - Eu fiquei magoado quando descobri tudo, porque confiei em
uma pessoa que entreguei meu coração. Por isso eu decidi não me envolver emocionante com
nenhuma mulher, então escolhi me casar com alguém que não conheço ou amo, apenas para
ter um filho e nada mais.

Derek ainda quer que eu lhe dê um filho? Após nos aproximarmos um pouco, ele continua me
vendo apenas como uma barriga de aluguel fiel a ele?

- Acho que acabei estragando seus planos. - Digo.

- No momento que coloquei meus olhos em você, eu percebi que não seria uma tarefa fácil
lidar com você. - Derek sorri largo.

- Você deveria ter escolhido melhor, pois eu não sou a pessoa certa para te ajudar.

- Por que acha que não é a pessoa certa? - Indaga.

- Porque eu nunca pensei em me casar com alguém que não amo, e acabei fazendo isso, mas
eu nunca seria capaz de ter um filho apenas por ter. Eu quero amor, quero um família real, e
quando eu tiver isso, só então decidirei qual o momento certo para ser mãe.

Derek acabou escolhendo a pessoa errada para se casar, porque eu não posso dar o que ele
deseja, e ele não pode me dar o que eu desejo, que é uma família e amor.
- Talvez você mude de ideia quando perceber que isso iria descomplicar nossas vidas.

- Pode passar o tempo que for que eu não mudarei de ideia. - Digo. - Então acho que a melhor
opção seria nos divorciarmos.

- Divorciar? - Ele arregala os olhos.

- Você quer ter um filho, eu não estou disposta a te dar um nas circunstâncias que vivemos,
por isso eu acho que divórcio é a melhor opção.

Ter um filho com um homem que não amo e não me ama, seria uma tremenda burrada. Derek
pode achar que viver em um casamento sem amor iria descomplicar nossas vidas, mas na
verdade acho que é o oposto.

Eu me conheço muito bem e sei que jamais teria coragem de fazer isso, por isso eu realmente
acho que se Derek quer tanto um filho deveria encontrar uma mulher que esteja disposta a lhe
dar um, mesmo que tenha que seguir suas regras.

Estamos casados a pouquíssimos dias, mas estou me acostumando com a sua presença mesmo
que na maioria do tempo ele me irrite, por isso uma parte de mim fica inquieta com a
possibilidade de ter que ir embora.

Mesmo sendo um homem mandão, e alguém que tira minha paciência e meu sossego na
maioria do tempo, ainda assim sinto que surgiu um sentimento diferente por Derek.

Não acho que seria uma tarefa muito difícil amá-lo conforme o tempo for passando, mas
Derek não quer isso, e um casamento não sobrevive com apenas um amando.

Em hipótese alguma eu aceitaria migalhas seja de quem for, porque eu me amo acima de tudo,
e isso vai continar até o fim da minha vida.

- Pietra pisou na bola com você e feio, mas não pode desistir do amor porque uma pessoa te
feriu. - Falo. - Imagino como deve ter sido difícil superar o que aconteceu, como também é
difícil confiar novamente, mas em meios as pessoas sem carater também existem as boas e
decentes. Deveria pensar se realmente vale a pena ter um casamento falso, sendo que tem a
oportunidade de amar e ser amado, e ter uma família real.
- Não acredito em contos de fadas Olívia.

- Você passou por algo desagradável, mas a sua vida sempre vai se resumir a isso? - Indago. -
Não seria muito melhor esquecer o que aconteceu?

Entendo o seu medo, mas infelizmente já aconteceu, e agora ele pode escolher entre ficar
relembrando o passado e fazendo escolhas ruins por causa de pessoas que não valem a pena,
ou seguir em frente sem olhar para trás e viver da melhor forma possível.

Não sei como iria reagir se algo como traição acontecesse comigo, mas eu tenho certeza que
jamais iria me tornar uma pessoa amarga, ou ficar perdendo tempo pensando em pessoas que
não valem o esforço.

O melhor jeito de deixar o passado de lado, é seguir com a vida da melhor forma possível, se
não eu estaria vivendo para a outra pessoa e não para eu mesma.

Por que eu faria escolhas estúpidas por quem não vale a pena? Por quê eu  me tornaria
alguém sem vida por causa de uma pessoa ruim e sem caráter?

- O que aconteceu marcou minha vida negativamente, e por causa disso eu realmente acabei
me tornando um homem que não conheço, mas essa foi a melhor forma que achei para me
proteger. - Derek fala.

- Você pode mudar sua decisão se quiser Derek.

- Eu sei disso, mas eu não sei se quero. - Ele suspira alto.

Derek é muito cabeça dura, acho que ele não vai mudar de ideia por mais que eu tente fazer
ele enxergar a realidade.

É uma pena que ele continue tentando se esconder atrás de algo desagradável, mas ele sabe o
que faz, sendo uma boa escolha ou não.
Cap 17

Derek

- Vamos conversar em meu escritório. - Falo para Eric.

- Ok.

Eric empurra a cadeira para trás e então se levanta calmamente, em seguida ele a coloca no
lugar e dá a volta na mesa até a Olívia, pega sua mão e leva até os lábios e a beija.

- Foi um prazer revê-la Olívia. - Ele sorri de canto.

- O prazer foi meu. - Ela acena com a cabeça e sorri timidamente.

- Virei vizitá-la com frequên...

- Poderia soltar a mão da minha esposa? - O corto.

Empurro Eric para o lado e só então ele solta Olívia, e rapidamente pego sua mão e esfrego o
local que ele beijou em minha calça.

- Está com ciúmes Derek? - Ele questiona.

- É óbvio que não, não seja ridículo. - Reviro os olhos.

Olívia se solta do meu aperto, e no mesmo instante parece decepcionada com o que acabei de
falar.

- Para ele sentir ciúmes deveria ter algum sentimento por mim não é mesmo? - Ela sorri sem
graça.
Fica um clima estranho entre nós, e depois de alguns segundos ela se levanta da cadeira
calmamente.

- Olívia...

- Vou limpar tudo e lavar a louça. - Ela me corta.

- Precisa de ajuda? - Eric questiona.

- Não. - Ela nega com a cabeça. - Podem ir conversar.

Sua feição indica que eu a magoei mais uma vez, e tenho ainda mais certeza disso quando
tento tocar em seu braço e ela se afasta.

- Vamos antes que você faça mais alguma merda. - Eric diz baixinho.

Ele coloca a mão em meu braço e me puxa para fora da cozinha, enquanto Olívia começa a
recolher a louça sobre à mesa.

- Você é idiota Derek? - Eric indaga.

- Cale a boca. - Me irrito.

Ao nos aproximamos do meu escritório abro à porta e o adentramos rapidamente, e logo em


seguida a fecho.

- Você é um idiota. - Ele afirma.

Eric se senta em uma das poltronas, e eu faço o mesmo, me arrependo do que eu falei, mas
agora é tarde demais.
O conheço muito bem para saber que Eric estava tentando me deixar com ciúmes, e ele
conseguiu, só que eu não assumi isso, e ainda magoei a Olívia.

- Você é um idiota. - Ele repete.

- Está bem, já entendi que fui um idiota. - Reviro os olhos.

- Como pode ser tão estúpido? - Indaga.

- Eu também não sei. - Suspiro alto.

Convidei Eric e a amiga da Olívia para jantarem aqui em casa, mas na última hora não deu para
Lily vir. Eric passou boa parte do seu tempo tentando parecer um galanteador na frente da
Olívia, e isso estava me irritando muito.

Ele sabia sobre a minha irritação e mesmo assim continuava dando encima da minha mulher
descaradamente, e quando enfim eu demonstrei estar com ciúmes, acabei fazendo burrada.

Antes de me casar com a Olívia, tentei comprar a empresa do seu pai várias vezes, mas ele
sempre se negou. Sua empresa era de renome e prestigiada, por isso eu a queria para mim, e
conforme o tempo foi passando eu a vi cair lentamente por causa do orgulho do Fred.

Ele não conseguiu comandar seu negócio mesmo tendo muitos anos de experiência no ramo, e
acabou a vendo ruir aos poucos, e foi então que eu fiz a minha proposta mais uma vez.

Fred aceitou vender sua empresa para mim, mas eu teria que me casar com sua única filha. No
momento que ele disse isso eu achei que o velho estava louco, mas quando percebi que ele
estava falando sério neguei no mesmo instante.

Naquele dia pensei muito, e acabei chegando a conclusão que já estava na hora de eu me
casar e ter um filho, e foi então que fui atrás do Fred e aceitei sua condição.

Por aceitar me casar eu conseguiria a empresa que sempre estive atrás, teria um filho para
continuar o meu legado, e o melhor de tudo é que eu não conhecia minha noiva, então eu não
precisaria me preocupar com amor, que é a última coisa que desejo em minha vida.
Fiz um contrato na esperança que minha noiva fosse seguir sem reclamar, mas quando eu vi
Olívia pela primeira vez no jantar na casa do Fred, eu percebi que minha vida não iria ser tão
fácil quanto estava pensando.

Assumo que meu coração palpitou no peito, mas acabei ignorando esse sentimento, porque a
última vez que me permiti amar alguém fui traído da pior forma possível.

Eu sabia que Olívia não iria ser uma mulher submissa, então acabei desistindo do nosso
noivado, e foi então que Fred me contou o real motivo de querer casar a filha mesmo sendo
contra a sua vontade.

Olívia acha que seu pai a vendeu, mas ela não sabe o porque ele pediu para eu me casar com
ela, e quando Olívia descobrir espero que ela me perdoe por ter mantido segredo.

Depois que Fred me falou acabei mudando de ideia novamente, e a aceitei como minha noiva,
mas ele me pediu para manter segredo, porque ele ainda não está pronto para lhe dizer o
porque quis que ela se casasse com um estranho.

- No que está pensando? - Eric pergunta me tirando dos meus devaneios.

- Em nada.

- Você é um péssimo mentiroso.

- Eu sei disso. - Sorrio fraco.

Eric se cala por alguns segundos, e a forma que ele me olha indica que está prestes a perguntar
algo.

- O que você quer saber? - Questiono.

- Soube que você e a Olívia foram no jantar na casa do Paul.


- Sim, nós fomos. - Confirmo com a cabeça.

- Pietra fez um escândalo?

- Tentou, mas Olívia a colocou em seu devido lugar. - Sorrio largo.

- Um ponto para nossa garota. - Eric também sorri.

- Nossa?

Eric coloca as mãos em volta da cabeça enquanto exibe um sorriso cínico, e para falar bem a
verdade quero socar sua cara nesse exato momento.

- Se você não quer tem quem queira meu amigo.

- Você quer morrer Eric? - Pergunto calmamente.

- Morrer nos braços de uma loira lin...

- Cale a boca. - O corto.

Após a morte dos meus pais em um acidente de carro quando eu estava na faculdade, comecei
a viver sozinho, e foi então que eu conheci Pietra e sua família.

Tive que me tornar o responsável pela empresa do meu pai, e então Paul me ajudou sem
pensar duas vezez. Muitas pessoas estavam a minha volta por interesse, mas ele se manteve
ao meu lado porque viu em mim um filho. Paul me ajudou a estar onde estou agora, e por isso
sempre lhe serei grato.

Pietra e eu já nos conhecíamos a alguns anos quando decidimos começar a namorar, e como
eu já imaginava Paul amou a ideia e nos deu seu apoio, mas enquanto eu estava trabalhando
para dar a Pietra um futuro melhor, ela estava me traindo pelas costas.
Depois da morte dos meus pais esse foi um dos momentos mais dolorosos da minha vida.
Alguém que eu amava e confiava me apunhalou no peito sem pena, e após o sofrimento
passar eu decidi nunca mais dar meu coração a outra pessoa.

Olívia estava certa ao tentar me fazer enxergar que as escolhas que fiz não são boas, mas não
vou arriscar meu coração mais uma vez, e por esse motivo continuarei evitando o amor até o
fim.

Meu casamento começou com um contrato, e se depender de mim continuará assim até eu
conseguir o que eu quero, então Olívia estará livre para ir.

Sei que é egoísmo da minha parte, mas eu prefiro ser egoísta a ter meu coração pisoteado
mais uma vez. Não vou correr o risco de me apaixonar e no final das contas acabar sendo um
idiota novamente.

Talvez Olívia seja diferente, talvez ela não seja tão baixa, mas Pietra também parecia ser uma
mulher decente, e no final das contas acabou me traindo, por isso prefiro não acreditar em
ninguém.

Eu sei que estou generalizando, como também sei que ainda existem muitas mulheres que
jamais seriam capazes de algo tão baixo, mas eu nunca teria certeza absoluta que a pessoa que
estivesse ao meu lado não fosse me machucar, por isso prefiro continuar levantando essa
barreira.

- Vai continar negando que gosta da Olívia? - Eric pergunta de repente.

Não tenho certeza se tenho sentimentos por ela, mas também não tenho certeza absoluta que
não tenho, e por estar tão confuso e me sentir dessa forma irei me afastar novamente.

- Eu não gosto da Olívia agora, e não vou gostar no futuro. - Falo com seriedade. - A única coisa
que quero dela é um filho e nada mais.

Cap 18

- Merda. - Praguejo baixinho.


Me abaixo e começo a juntar os cacos das xícaras que se quebraram, e no processo acabo me
cortando.

Faço uma careta de dor, mas continuo juntando os cacos, e alguns segundos depois percebo
que à porta do escritório se abre.

- O que aconteceu Olívia? - Derek pergunta.

- Eu acabei tropeçando. - Minto.

Eric surge ao meu lado de repente e começa a me ajudar a limpar a bagunça, mas para quando
vê meu dedo sangrando.

- Está ferida. - Ele fala mais alto que o necessário.

- Foi apenas um pequeno corte. - Forço um sorriso.

Não demora nada Derek também surge ao meu lado, pega minha mão, e me puxa para cima
me fazendo levantar.

- Se machucou muito? - Ele questiona com preocupação.

- Não. - Nego com a cabeça.

- Tem certeza? Quer ir ao hospital?

- Não é necessário. - Sorrio fraco.

Me solto do aperto do Derek, e então me abaixo novamente para continuar limpando minha
bagunça, enquanto Eric me ajuda.

- Deixe isso aí Olívia. - Derek fala.


- Eu sujei, eu limpo. - Digo.

Derek segura em meu braço e faz eu me levantar novamente, e então começa a caminhar em
direção a sala.

- O que está fazendo? - Pergunto.

Tento me soltar do seu aperto, mas ele me segura com ainda mais firmeza e não me libera.

- Me solta Derek. - Peço.

Ele atende ao meu pedido, mas só quando já adentramos a sala, e então aponta para o sofá.

- Sente-se.

- Preciso terminar de limpar a sujeira que fiz. - Digo.

Me viro para sair de perto dele, mas Derek me segura mais uma vez, e me força a se sentar no
sofá.

- Não se preocupe Olívia, vou limpar para você. - Eric fala ao se aproximar de mim.

- Não é necessário, eu mesmo faço...

- Irei te ajudar mesmo que não queira. - Ele sorri largo.

- Então, obrigada. - Agradeço envergonhada.

Eric me oferece mais um sorriso antes de sair de perto de mim, e quando volto minha atenção
para Derek, ele está se aproximando com uma caixa de primeiros socorro.

- Derek não seja ridículo, foi apenas um corte superficial. - Reviro os olhos.
- Mesmo assim pode infeccionar.

Derek se senta na mesinha de centro, em seguida abre à caixa do kit de primeiros socorros e
pega alguns itens para limpar meu dedo, e um tubo de pomada.

- Me dê sua mão. - Ele pede.

- Eu já disse que não...

- Apenas faça o que estou pedindo Olívia. - Ele me corta.

Bufo frustrada e então estendo minha mão para ele que a pega rapidamente, e então começa
fazer o curativo em meu dedo.

Olhando para Derek tão cuidadoso nesse momento, poderia até pensar que ele realmente se
importa comigo, mas a realidade é outra.

- Vai doer um pouco. - Ele fala.

- Já passei por coisa pior que essa, eu aguento.

Estava com a mão na maçaneta da porta do escritório do Derek para levar chá para ele e Eric,
quando eu ouvi ele falar em alto e bom som que irei servir apenas para lhe dar um filho e nada
mais.

Escutar isso foi como levar um chute no estômago, e apesar de saber que um filho é a única
coisa que Derek quer de mim, não foi algo muito agradável de se ouvir.

Acabei derrubando a bandeija no chão, e como previsto fez um barulho muito algo, e não
demorou muito para os dois perceberem a minha presença.

Eu achei que estávamos começando a nós entender, mas talvez ele tenha se aproximado de
mim apenas para conseguir o que quer, fingindo estar interessado.
Tenho quase certeza que sua demonstração de preocupação nesse momento não passa de
fingimento da sua parte, mas Derek está redondamente enganado se pensa que vou ser burra
para cair na sua lábia.

- Prontinho. - Ela fala depois de colocar o band-aid em meu dedo.

- Obrigada. - Agradeço.

- Não precisa agradecer querida. - Ele sorri largo.

Ao mesmo tempo que me sinto encatada com seu sorriso lindo, quero lhe dar um soco por
Derek ser tão cínico e fingido.

Eu não tenho certeza do que estou sentindo por ele, mas eu sei que estava começando a
confiar e gostar do Derek, mas ele como um bom cretino acabou me apunhalando pelas
costas.

Ele melhor do que ninguém sabe como é a sensação de se sentir traído e usado, mas Derek
não pensou duas vezes antes de fazer o mesmo comigo.

Tenho certeza que ele fará o papel de marido amável e prestativo apenas para conseguir o que
quer, e quando conseguir irá me chutar da sua vida sem pena alguma.

Ele só não imagina que eu ouvi o que ele disse, e sei bem que tudo não passará de fingimento
da sua parte.

Derek é muito burro se acha que vou ter um filho nessas circunstâncias, e se ele continar
insistindo neste esse assunto eu vou sumir sem deixar rastros sem pensar duas vezes.

- Por que ficou calada de repente? - Ele questiona.

- Não é nada. - Forço um sorriso.


- Entendi.

- Obrigada pelo curativo. - Agradeço novamente.

- Sou apenas um marido prestativo cuidando da sua linda esposa.

Como ele pode ser tão cínico? Derek acha que sou uma idiota? Qualquer um pode ver que ele
está fingindo nesse momento, até uma pessoa que não é nada esperta veria sua falsidade.

- Bem... Vou ver se Eric já terminou de limpar a sujeira que eu fiz.

Me levanto rapidamente, e antes que Derek tenha a chance de falar algo eu saio de perto
dele. 

- Idiota. - Resmungo baixinho.

De longe vejo Eric caminhando em minha direção com um balde e um esfregão, e após nos
aproximarmos ele fala:

- Já limpei tudo.

- Me desculpe por isso. - Peço sem graça.

- Não seja boba Olívia. - Ela sorri de canto.

- Derek te convidou para jantar, e não virar meu empregado.

- Posso ser o que você quiser. - Ele pisca para mim.

- Não posso ficar longe por alguns segundos que já começa a dar em cima da minha mulher? -
Derek aparece ao nosso lado de repente.
- Como eu disse antes, se você não quer, tem quem queira. - Eric fala com petulância.

Eu já percebi que ele fica fazendo gracinha para irritar Derek, mas na verdade acho que ele
está perdendo tempo. Derek pode até parecer estar com ciúmes, mas tudo não passa de
fingimento mais uma vez.

- Me dê isso Eric. - Aponto para os objetos em sua mão.

- Ok.

- Mais uma vez, brigada. - Agradeço novamente.

- Por nada querida.

Eric me entrega o esfregão e o balde, e mais do que depressa saio de perto deles porque a
cada segundo que passo perto do Derek quero quebrar sua cara.

Terei que ter muita paciência de agora em diante, ou acabarei fazendo alguma coisa que
poderia me arrepender depois.

Odeio essa sensação estranha que estou sentindo, mas infelizmente essa é a realidade que
vivo e não tenho para onde fugir.

Minha vida era muito boa antes do Derek aparecer e acabar bagunçando tudo, e agora tudo
que posso fazer é fingir que não sei de nada, enquanto ele faz o papel de marido incrível.

- Olívia?

- Quer me matar de susto? - Levo a mão ao peito.

- Me desculpe. - Ele pede sem graça.

- Está tudo bem. - O tranquilizo.


Eric se aproxima ainda mais de mim, e apesar de querer fugir continuo no mesmo lugar para
ver o que ele vai fazer.

- Você ouviu o que o Derek disse não foi? - Ele questiona baixinho.

- Do que está falando? - Me finjo de desentendida. - Derek disse algo que eu deveria ter
ouvido?

- O quê? - Ele tenta fugir do assunto. - Não, não.

Eric é o melhor amigo do Derek, por isso não tenho dúvida que ele iria contar para ele se eu
afirmasse ter ouvido a conversa, por isso irei fingir que não ouvi nada.

Quero ver até onde Eric vai encobertar a sujeira do amigo, e também quero ver até onde
Derek vai com suas mentiras.

- Acho que eu me confundi com algo.

- Acontece. - Forço um sorriso.

Eric é o melhor amigo do Derek sim, mas ele deveria ser mais humano e não deixar Derek
tentar me usar descaradamente, por isso ele é tão culpado quanto ele. Se pensam que podem
me enganar e me fazer de fantoche então muito enganados, porque Derek acabou escolhendo
a mulher errada para irritar.

Cap 19

- O que você acabou de dizer? - Lily arregala os olhos.

- Fale baixo. - Faço sinal com a mão. - Aqui em casa as paredes tem ouvido.
Ana tem o mal hábito de ficar escutando as conversas alheias, e quando eu a pego em
flagrante ela tenta disfarçar de todas as formas.

- Não consigo acreditar no que acabou de falar. - Lily balança a cabeça em negação.

- Pode acreditar minha amiga.

Lily se aproxima ainda mais de mim e então pergunta baixinho:

- Tem certeza que você ouviu bem?

- Infelizmente eu ouvi muito bem. - Respondo.

- Que idiota. - Ela esmurra o ar.

- Idiota fui eu que estava acreditando em tudo.

Eu estava me iludindo achando que Derek e eu poderíamos acabar nos entendendo e talvez
virássemos um casal real, mas ele estava planejando outra coisa enquanto me fazia de idiota.

- Se apaixonou por ele Olívia? - Lily indaga.

- Eu não sei. - Falo. - Na verdade nem eu estou entendo o que estou sentindo por ele.

- Se ficou tão magoada com o que o Derek fez, é porque gosta dele. - Lily fala.

Desde o dia que nos casamos eu soube o porque Derek quis se casar comigo, mas eu achei que
ele havia mudado de ideia, mas como sempre eu estava enganada.

Ouvir ele dizer em voz alta que só se interessa em ter um filho comigo, realmente me magoou
muito, mesmo que eu já sabia sobre isso.
- Eu acho que gosto dele o suficiente para querer ter uma família real. - Assumo.

- Você está ferrada Olívia.

- Eu sei disso. - Suspiro alto.

- Se quer ter um relacionamento real deveria dizer a ele como se sente.

- Depois do que eu ouvi ele falar desisti dessa ideia idiota. - Digo.

Mudei de ideia quando Derek agiu como um idiota, porque eu não tenho a intenção de dar
meu coração a uma pessoa que não merece, e porque Derek jamais será capaz de deixar o
passado de lado e amar e confiar alguém.

- Não é uma ideia idiota Olívia. Você apenas quer algo real, uma família real, e não seguir um
contrato estúpido.

- Eu ainda quero isso, mas não mais com o Derek. - Falo. - Continuarei com essa farsa porque
não tenho para onde fugir, então quando ele não conseguir o que quer talvez ele me deixe
livre para partir.

No momento em que pisou na bola comigo, Derek perdeu todo o respeito e carinho que
estava tendo por ele, e agora tudo o que resta é raiva e pena.

Pena por ele não ser capaz de seguir sua vida depois de tanto tempo, e raiva por ele estar me
usando sem pensar se me fará sofrer ou não.

- Não importa qual seja a decisão que tomará no futuro, estarei ao seu lado. - Lily sorri largo.

- Obrigada minha amiga. - Agradeço. - Não sei o que seria da minha vida sem você.

- Com toda certeza seria tão tediosa.

- Idiota. - Lhe dou um tapinha no braço.


Lily tem razão ao dizer que minha vida seria tediosa sem ela por perto, porque seria e muito.
Sempre fomos só nós duas, passando por bons e maus momentos juntas, então não me vejo
sem ela ao meu lado em hipótese alguma.

- Mas... O que você fará agora? - Lily indaga.

- Vou entrar no joguinho do Derek para ver até onde ele é capaz de ir. - Respondo.

- Cuidado para não se machucar ainda mais.

- Tomarei cuidado com isso. - Sorrio fraco.

Fingirei ser a esposa maravilhosa da mesma forma que Derek está fingindo ser um marido
incrível, e então quando eu ver que não consigo mais continar com esse teatro ridículo,
contarei o que eu ouvi.

Espero que nesse dia Derek dê a minha liberdade, para eu poder seguir com minha vida sem
ele ao meu lado me causando sofrimento e dor.

Mas uma parte de mim se sente triste com a possibilidade de deixá-lo no futuro. Depois de
saber que ele tem me feito de idiota, e apesar de estar muito brava por causa disso, ainda
assim parece que não desejo ir embora.

- Mudando de assunto. - Sorrio de canto. - Alguém diferente te ligou ou mandou mensagem?

- Não que eu me lembre. - Lily fica pensativa. - Por quê a pergunta?

- Talvez eu tenha passado o seu contato para meu mais novo amigo, mas é só talvez.

- Você fez o quê Olívia?!

- Não fique brava comigo. - Faço carinha de cachorro sem dono.


- Eu deveria lhe dar uma surra. - Lily semicerra os olhos.

Lily finje estar irritada, mas eu sei bem que não passa de fingimento da sua parte. Lily está
louca para arrumar um namorado, mas ela não assume isso em voz alta mesmo que esteja
com uma arma em sua cabeça.

- Quando conhecer Patrick vai me agradecer por estar dando uma de cupido. - Sorrio largo. -
Ele é muito gentil, simpático e lindo.

- Bem... talvez eu tenha ficado levemente curiosa para saber mais sobre esse tal de Patrick,
mas é só talvez.

- Fique para o jantar. - Digo. - Eu peço ao Derek para trazê-lo, e então eu te apresento a ele.

Espero que Lily aceite, porque não vejo a hora dos dois se conheceram, e meu plano de cupido
dê certo.

- Eu não trouxe roupas.

- Para sua sorte usamos o mesmo número querida. - Sorrio largo.

- Para minha falta de sorte. - Lily segura o riso.

- O que quer dizer com isso? - Semicerro os olhos.

- Você é uma mulher incrivelmente linda, e também é rica, mas não tem um bom gosto para
roupas.

- Isso é verdade. - Assumo. - Preciso renovar meu guarda roupa.

Faz tanto tempo que não faço compras que minhas roupas acabaram ficando infantil demais
para mim, e como não gosto de desperdiçar nada ou fazer compras desnecessárias, acabo
usando o que tenho mesmo.
Agora que sou uma mulher casada tenho que começar a ser mais elegante e madura com as
minhas vestimentas, porque com as roupas que possuo ficarei parecendo a irmã mais nova do
Derek.

Por minhas roupas parecer de uma adolescente não quer dizer que eu não seja elegante ou
saiba me vestir bem. Eu só não me importo muito com isso, e se dependesse de mim não iria
mudar nem tão cedo, mas farei essa pequena mudança por Derek, mesmo achando que ele
não mereça.

- Mas mudando de assunto, esse tal de Patrick é interessante mesmo? - Lily indaga curiosa.

- Ele é sim. - Confirmo com a cabeça.

- Vamos ver se tem razão. - Ela finge desinteresse.

Estava pensando em dar uma de cupido com a Lily e o Eric, mas quando conheci Patrick mudei
de ideia no mesmo instante.

Lily conheceu Eric no meu casamento, e não demonstrou nenhum interesse, mas quando
apenas falei sobre Patrick ela já ficou toda animada.

Apesar de achar Eric um cara legal, não acho que ele mereça minha total confiança, já que está
encobrindo a sujeira do amigo, mas também não o culpo completamente, porque se fosse eu
em seu lugar também iria encobrir as cagadas da minha amiga.

Na verdade não sou eu que tenho que escolher ninguém e sim a Lily, mas eu acho que ela tem
mais coisas em comum com Patrick, e ambos ficaram interessados quando somente comentei
sobre apresentar os dois, por isso acho que tem uma boa chance de surgir um romance entre
os dois.

- Já que você insiste eu irei ficar então. - Lily sorri largo.

- Boa garota. - Passo a mão por seu cabelo.

Olho para o lado quando escuto uma movimentação, e então Ana entra no quarto e caminha
até nós com uma bandeija nas mãos.
- Desculpe a intromissão. - Ela pede fingida. - Mas eu achei que estavam com sede, por isso
trouxe um suco.

- Muito obrigada. - Forço um sorriso.

Ana coloca a bandeija sobre o criado mudo lentamente, e então ela se despede e começa a
caminhar até à porta do quarto fechando-a após sair do recinto.

Lily se levanta, pega um copo e volta a se sentar ao meu lado novamente, e quando está
prestes a beber o suco eu falo:

- Não beba isso.

- Por quê? - Indaga sem entender nada.

- Ana provavelmente cuspiu ou mijou dentro desse copo.

- Credo. - Lily faz uma careta.

- Nunca coma ou beba nada que ela te oferecer, a não ser que o Derek esteja presente.

Tenho certeza que ela não faria algo nojento com a comida do seu querido patrão, mas comigo
é bem diferente já que ela me odeia.

- Obrigada por me avisar, manterei isso em mente. - Lily coloca o copo na bandeija novamente.

Ana se finge de trabalhadora exemplar, e quando está perto do Derek se torna uma pessoa
ainda mais meiga que o normal, mas eu não confio nela e continuo com meus olhos bem
abertos.

Se eu falar alguma coisa Derek achará que estou implicando com sua querida e perfeita
empregada, mas eu espero ansiosa pelo dia que ele verá a cobra que colocou dentro de casa,
pois só então terei um pouco de paz.
Cap 20

- Essa é a amiga que eu lhe falei Patrick. - Aponto para Lily.

- Muito prazer, como Olívia já disse me chamo Patrick. - Ele estende a mão para cumprimentar
minha amiga.

Lily fica o encarando boquiaberta em vez de dizer alguma coisa, e eu fico com vergonha por
ela.

- Diga alguma coisa. - Resmungo baixinho.

- Ham? - Ela me olha confusa.

- Seria educado retribuir o cumprimento do Patrick. - Sorrio sem graça.

- Sim. - Ela também sorri. - Muito prazer, me chamo Olívia.

- O prazer é todo meu Olívia.

Os dois trocam olhares profundos, e nesse mesmo instante tenho certeza que eu estava certa
ao querer apresentar os dois.

Nunca vi minha amiga agir dessa forma perto de um homem, mas quando viu Patrick ela ficou
sem reação alguma e até mesmo agiu como uma boba.

Eu a entendo, porque Patrick é um homem muito atraente, mas não é sua beleza que conta.
Ele é tão educado e gentil, que olhar para sua aparência física é a última coisa que eu faria.

Não estou tentando comparar meu marido com ele, só que já comparando, Derek também é
um homem muito bonito, mas a sua forma fria e distante com as pessoas não o torna tão
atraente.
Derek não é o tipo de pessoa que alguém tem liberdade para conversar despreocupadamente,
não é o tipo de pessoa carinhosa ou gentil, e isso de alguma forma tira um pouco da sua
beleza.

Eu prefiro muito mais um homem sem tanta formosura que irá me tratar como uma rainha, do
que um homem lindo que me trata com frieza.

- Bem, agora que as apresentações foram feitas, iremos deixá-los a sós até o jantar estar
pronto. - Derek fala.

- Não me deixe sozinha, estou nervosa. - Lily pede baixinho.

- Você vai se sair bem. - Sorrio largo.

Derek pega minha mão e começa a caminhar em direção as escadarias, e quando olho para
trás vejo Lily me encarar de olhos arregalados.

Realmente estou muito surpresa por Lily estar tão nervosa como nunca a vi antes. Ela deve ter
gostado muito do Patrick para estar agindo de forma tão estranha. É até engraçado vê-la dessa
forma, me mostra que ela é tão humana quanto eu.

Lily é sempre tão espontânea e corajosa, e quase nunca demonstra nervosismo, mas sempre
tem uma primeira vez para tudo.

- Acho que teve uma boa ideia quando decidiu apresentar Patrick a sua amiga. - Derek fala ao
entrarmos no quarto.

- Com toda certeza eu tive. - Sorrio convencida.

- Patrick não teve uma infância muito boa, e apesar de ter sofrido muito no passado não
desistiu de lutar. - Diz. - Ele é um bom garoto, merece ser muito feliz.

- Você deveria fazer o mesmo que ele. - Me sento na beirada da cama. - Não deveria desistir
por causa de um passado difícil.
Derek me olha em silêncio por um tempo, e quando parece que vai dizer algo ele ignora minha
alfinetada e então caminha em direção à porta do banheiro, e eu fico o observando fugir como
sempre.

Derek fez sua escolha de vida, e por mais que alguém tente o aconselhar a deixar o passado no
passado, ele tende a ignorar tudo.

Ele é um homem adulto e sabe o que faz, então não irei mais me intrometer em sua vida
tentando fazer ele enxergar o óbvio, por isso se ele quiser mudar ficarei feliz por ele, mas eu
não tocarei mais nesse assunto.

Se Derek ignorou todos os conselhos que lhe dei até agora é porque não se importa com a
minha opinião, e porque não deseja mudar, por isso eu acho que é perca de tempo tentar
ajudar Derek já que ele não deseja ser ajudado, e no seu caso é realmente uma tarefa
impossível.

Tentarei de todas as formas blindar meu coração enquanto eu estiver ao seu lado, porque só
assim eu não sairei machucado quando acabar tudo.

Eu sei que não será uma tarefa nada fácil, e também sei que ficará cada vez mais difícil
esconder como me sinto, ou tentar ignorar o que estou sentindo por ele, mas se eu quiser
manter minha dignidade e meu coração intacto, terei que ser forte até o fim.

- Hoje está tão calor.

Olho para o lado e então vejo Derek caminhando em minha direção com apenas a toalha
amarrada na cintura, enquanto abana o próprio corpo com as mãos.

- Tome um banho de água fria que melhora. - Digo.

A cada passo que Derek dá em minha direção tento desviar os olhos do seu corpo, mas como
se deve imaginar não é nada fácil ignorar sua presença máscula.

- Volto para o banho se você vir comigo. - Ele sorri de canto.

- Obrigada pelo convite, mas eu já banhei.


Derek se senta ao meu lado quando enfim se aproxima, e automaticamente me afasto um
pouco.

- Por que está fugindo Olívia? - Ele sorri de canto.

- Não estou. - Minto.

- Você tem medo do quê? - Indaga.

- De muita coisa, mas você não é uma delas.

Derek joga a cabeça para trás e gargalha alto, e mais uma vez meus olhos vão parar em seu
corpo forte.

- Minha esposa está com a língua afiada hoje.

- Imaginação sua querido. - Forço um sorriso.

Derek se aproxima mais um pouco de mim, e no mesmo instante sinto meu coração bater mais
rápido no peito. Me odeio por estar me sentindo assim, mas por mais que eu tente me
controlar é impossível.

- Até quando vai fazer eu correr atrás de você Olívia? - Ele questiona.

- Não faço ideia do que está falando. - Me finjo de desentendida.

- Você faz sim.

Derek coloca uma mexa do meu cabelo atrás da orelha, e mais uma vez me afasto um pouco
dele.

- Está se afastando por quê? - Indaga. - Tem mede de não...


- Já disse que não tenho medo de nada. - O corto. - Consigo muito bem resistir ao seu charme,
então pare de se achar irresistível.

- Está me desafiando Olívia?

- Homens. - Reviro os olhos. - Por quê nunca aceitam um não como resposta? Por quê acham
que quando uma mulher diz não ter interesse ou consegue resistir a ele, acabam achando que
tudo se resume a um estúpido desafio? Se eu disse que resisto a você é porque eu resisto, e
isso já basta como resposta.

- Por que está tão irritada? - Derek me olha interrogativo. - Só estava brincando com você.

Tenho que aprender a controlar meu temperamento, ou acabarei estragando tudo antes da
hora. Se eu continuar agindo tão desconfiada, Derek acabará percebendo algo, então
começarei a mudar minha forma de agir com ele.

- Me desculpe. - Finjo arrependimento. - É que estou de TPM, e nesses dias fico muito chata.

- Entendi. - Ele diz apenas.

- Me perdoe querido. - Peço.

- Vou te perdoar só se me dar um beijo.

- Te dou até dois se quiser. - Sorrio de canto.

Que merda estou fazendo com a minha vida? Eu deveria estar fugindo ou jogando em sua cara
que eu sei de tudo, e aqui estou eu brincando com fogo, e no final das contas poderei sair bem
queimada.

- Então eu quero os dois. - Derek sorri lindamente.


Tento não me deixar abalar por seu sorriso matador, e então lhe dou um beijo em cada lado da
bochecha e me afasto em seguida.

- Só isso? - Ele parece decepcionado.

- Eu disse que iria te dar dois beijos e eu dei. - Sorrio de canto.

- Isso não vale.

- Vale sim. - Balanço a cabeça em confirmação.

Derek voa sobre mim de repente, me fazendo deitar na cama com ele por cima de mim.

- O que está fazendo querido?

- Vou te dar um beijo decente. - Responde.

- O que seria um beijo decen...

Antes mesmo de eu terminar minha pergunta Derek toma meus lábios em um beijo sôfrego e
ardente, e eu mais do que depressa retribuo com o mesmo fervor.

Nesse momento tenho ainda mais certeza que não faço ideia do que estou fazendo, e que
acabarei me machucando ainda mais se me permitir sentir algo por Derek. Na verdade eu já
sinto, mas tenho que superar isso pelo meu próprio bem.

- Você é tão linda. - Derek fala ao pararmos de nos beijar.

- Sempre escuto isso. - Sorrio largo.

- O quê?! - Ele semicerra os olhos. - Quem ousa ficar elogiando minha esposa?
- Tem muitos homens de bom gosto por aí.

Derek aproxima seu rosto do meu e me encara profundamente, e então fala:

- Você é somente minha Olívia.

- Você é somente meu Derek. - Digo o mesmo que ele.

- Eu sou. - Ele sorri largo.

Estou admirada comigo mesma por estar me saindo tão bem nas circunstâncias atuais. Para
falar a verdade não achei que eu seria capaz de fingir não saber de nada, mas aqui estou eu
fingindo demência, enquanto Derek finge ser um bom marido.

- Eu... Bem... Acho que... Acho que estou me apaixonando por você Olívia.

Ao mesmo tempo que meu coração solta no peito ao ouvir isso, a parte de mim que sabe a
verdade se sente ainda mais decepcionada por Derek ser tão baixo a ponto de inventar algo
dessa forma.

Não passou por sua mente que isso me magoará profundamente? Ele é tão cruel que não se
importa em estar acabando com minha vida dessa forma?

- Eu...

Me calo e olho para o lado quando à porta do quarto é aberta, e então Ana adentra o
ambiente.

- O jantar está pronto senhor e senhora Wilsson.

- Poderia bater na porta antes de invadir meu quarto? - Pergunto com irritação.

- Me desculpe, é força do hábito.


- Provavelmente agia assim quando Derek era solteiro, mas agora ele é um homem casado,
então respeite a nossa privacidade se não quiser ser demitida. - Falo com seriedade. - Tenho
certeza que você foi bem educada, e como uma profissional deveria saber que não é legal
invadir o quarto dos seus patrãos antes de bater na porta.

Não estou tentando humilhar Ana, como não estou tentando jogar em sua cara que ela é uma
empregada e eu sou sua patroa, apenas quero que ela entenda que é falta de educação invadir
o quarto alheio. Ela sabe muito bem disso, mas acaba fazendo isso para me deixar irritada, e
acabar parecendo a vítima na frente do Derek.

- Me desculpe senhora, prometo que isso não irá acontecer novamente.

- Foi um acidente Olívia, não seja tão dura com a Ana. - Derek fala.

- Vai defendê-la? - Pergunto incrédula.

- Ana errou ao entrar no quarto, mas...

- Se gosta tanto da sua preciosa Ana deveria ter se casado com ela e não comigo. - O corto.

Me levanto da cama rapidamente e começo a caminhar em direção à porta do quarto, antes


que eu acabe socando a cara do Derek e dessa megera no chão.

Ana está conseguindo exatamente o que quer porque eu não sei controlar meu
temperamento, mas ela está redondamente enganada se acha que vai vencer essa guerra no
final das contas.

Cap 21

- Olívia? - Lily chama por mim.

- Sim?
- O que aconteceu? - Ela pergunta.

- Nada. - Digo apenas.

- Então por quê parece que está prestes a matar alguém?

- Porque eu estou. - Assumo.

Me sento rapidamente, antes que eu acabe voltando para o quarto e cometa um crime.

- Brigou com o Derek? - Patrick pergunta.

- Tivemos um pequeno desentendimento. - Confesso.

Ainda não consigo acreditar que Derek defendeu aquela megera bem na minha frente, e se
antes eu já estava irritada com ele, agora quero matá-lo.

Derek se acha um homem tão esperto em todos os sentidos, mas na verdade é tão burro que
ainda não percebeu que Ana não presta.

Quando eu a conheci assumo que achei que os dois tinham um caso, mas eu percebi que
Derek não tem nenhum interesse por ela, mas Ana parece bem apaixonada pelo chefe.

Ana é boa no trabalho, e quando está na frente do Derek se torna uma mulher educada e
compreensiva, e ele acredita na sua bondade.

Sei que Derek trata muito bem seus empregados, mas Ana está errada ao invadir nossa
privacidade, e ele deveria perceber isso e chamar a sua atenção.

Não estou implicando com ela apenas porque sei da sua paixão por meu marido, mas eu não a
quero por perto porque eu sei que Ana não é uma boa pessoa, mas se eu disser alguma coisa
Derek ficará ao lado dela como sempre.
- Acho que deveríamos ir embora. - Lily fala.

- Não. - Nego com a cabeça.

- Concordo com você Lily. - Patrick fala.

- Por favor...

- Vocês precisam se entender, e com Patrick e eu aqui será meio estranho. - Lily me corta.

- Não vão embora. - Peço.

- Teremos muitas oportunidades para jantarmos juntos. - Lily sorri largo.

Estou morrendo de vergonha por meus amigos estarem querendo ir embora por minha causa
e do Derek, mas se fosse eu no lugar deles também faria a mesma coisa.

- Me perdoem por isso. - Peço envergonhada. - Mas continuo insistindo para que fiquem.

- Não tem motivo algum para se sentir envergonhada. - Patrick fala.

- Mas eu estou. - Suspiro alto.

Lily se aproxima de mim e me puxa para um abraço, que é retribuído por mim, e quando nos
distanciamos ela fala:

- Fique bem minha amiga, e me ligue quando estiver mais calma.

- Farei isso. - Sorrio fraco.

Lily se afasta de mim e se aproxima do Patrick, e juntos caminham em direção à porta


enquanto eu os sigo.
- Para onde vocês vão? - Questiono com curiosidade.

- Vou levar Lily para um encontro. - Patrick assume.

- Não faça nenhuma...

- Cale a boca. - Lily me corta.

Ela está toda corada e agindo como se fosse a pessoa mais tímida desse mundo, mas eu sei
que Lily não é assim, por isso eu tenho certeza que Patrick seja o motivo da sua repentina
mudança. 

- Me ligue quando chegar em casa. - Peço para Lily.

- Ok. - Ela diz.

- E você cuide bem da minha amiga. - Falo para Patrick.

- Não se preocupe. - Ele sorri largo.

Abro à porta da casa e os dois saem rapidamente, e no mesmo instante percebo que talvez
eles não queiram ter compainha para o jantar, por isso usaram a minha discussão com Derek
como desculpa para irem embora.

Se estão interessados um pelo outro é normal que queiram ficar sozinhos, mas comigo e Derek
por perto seria meio difícil ter uma conversar mais particular.

- Safadinha. - Sorrio largo enquanto fecho à porta de casa.

Assim que me viro em direção à sala vejo Derek e Ana descendo as escadas, e eu me pergunto
o que conversaram já que demoraram alguns minutos no quarto.
- Onde estão nossos convidados? - Derek pergunta ao se aproximar de mim.

- Foram embora. - Respondo.

- Embora? Por quê?

- Não sei. - Minto.

Me afasto do Derek e então começo a caminhar em direção as escadarias, mas de repente sou
impedida de continuar a andar quando ele segura meu braço.

- Para onde vai? - Derek pergunta.

- Para o quarto.

- Não vai jantar comigo?

- Não estou com fome.

Puxo meu braço do seu aperto e começo a subir as escadas, mas paro novamente e me viro
em direção a ele quando Derek pergunta:

- Realmente não vai me fazer compainha?

- Chame sua querida Ana. - Aponto para a cobra. - Ela é tão prestativa em tudo que faz, e você
como um bom patrão deveria continuar a tratando com todo amor e carinho pelo incrível
trabalho que Ana faz, então chame ela para dividir à mesa com você, porque me parece que
ela é bem mais importante do que eu.

- Olívia...

- Tenham um excelente jantar. - O corto. - Agora se me derem licença, irei para meu quarto.
Começo a subir as escadas novamente ignorando os chamados do Derek, mas eu paro
novamente e me viro em sua direção quando me lembro de algo.

- Ah! Pode ficar no quarto dos hóspedes, porque não estou nem um pouco afim de dividir a
cama com você senhor Wilsson. - Forço um sorriso.

- Mas...

- Se quiser compainha na hora de dormir também, chame sua querida Ana. - O corto. - Tenho
certeza que ela ficará muito feliz em satisfazer seus desejos.

- Como pode dizer isso Olívia? - Derek me olha incrédulo. - Acha que eu faria isso?

- Você vai continar no quarto de hóspedes até perceber os erros que está cometendo dia após
dia. - Ignoro sua pergunta.

Derek começa a subir as escadarias correndo, e quando me viro rapidamente para fugir ele me
alcança.

- Eu disse que estou me apaixonando por você, e age assim do nada?

- Não acredito em palavras vazias Derek, e sim em verdadeiras demonstração de amor. - Falo
calmamente.

- Acha que estou mentindo? - Ele questiona.

- Não, eu não acho. - Nego com a cabeça. - Na verdade eu tenho certeza que está mentindo.

Quando ele disse que estava apaixonado por mim nem ao menos me olhou nos olhos. Eu sei o
motivo de Derek para mentir, mas mesmo se eu não soubesse não teria acreditado em suas
palavras, porque não tinha sinceridade alguma.

- Eu estava falando sério. - Derek insiste no assunto.


- Se continuar mentindo para mim tudo o que vai ter é meu desprezo, então não diga uma
coisa que realmente não sente, não seja covarde a esse ponto.

Derek ainda tem a cara de pau de parecer envergonhado, e apesar de eu querer entregar o
jogo me calo antes que eu acabe falando demais, e Derek perceba que eu já sei de tudo.

- Eu não gosto de dormir sozinho. - Ele muda de assunto. - Não me expulse do nosso quarto.

Derek me abraça do nada, mas eu estou tão irritada com ele que não me sinto nem um pouco
abalada por seu toque.

- Depois que jantar pegue seus pertences do quarto. - Digo me afastando dele.

- Mas...

- Eu já disse que não vamos dormir mais juntos enquanto não abrir seus olhos e ver o quanto
está sendo idiota, e onde está errando comigo. - O corto novamente. - E antes de achar que
sou louca ou que estou implicando com alguém, olhe em volta e observe tudo atentamente,
então verá que eu sempre tive razão.

Derek parece pensativo com o que acabei de falar, e a forma que ele me olha indica que ele
está começando a acreditar que não estou implicando com a Ana. Agora é só questão de
tempo até ela mostrar suas garras novamente, e nesse dia espero que Derek esteja por perto
para ver que sua querida ovelhinha não passa de um lobo mal.

Cap 22

Derek

- Olívia te expulsou do quarto? - Eric gargalha alto.

- Não tem graça. - Bufo frustrado.

- Que merda fez dessa vez? - Pergunta.


- Talvez eu tenha defendido a Ana em sua frente. - Assumo.

- Você fez o quê?!

- Olívia está implicando com a Ana faz tempo, por isso que eu a defendi.

Não sei porque Olívia está agindo dessa forma, mas eu conheço Ana há um bom tempo, por
isso tenho certeza que ela não é a pessoa ruim que Olívia acha.

- Se Olívia não gosta da Ana é porque deve existir um bom motivo. - Eric fala.

- Que seria?

- Isso é você que tem que saber e não eu. - Eric retruca.

- Eu sei que a Ana não é uma má pessoa.

- Prefere acreditar que Olívia está implicando com ela ao invés de saber o que está
acontecendo? - Eric indaga. - Não deveria acreditar em sua esposa?

Conheço Ana há muito anos, e Olívia eu conheço a apenas alguns meses, por isso tenho
certeza que conheço bem mais a minha empregada do que minha esposa.

- Eu não sei em que acreditar. - Confesso.

- Procure saber o motivo da Olívia não gostar da Ana, porque nenhum mulher implica com
outra sem ter uma boa razão. - Eric fala. - Ana pode não ser a pessoa amável e bondosa que
você tanto acha, e se não tomar cuidado meu amigo, vai acabar perdendo sua esposa por ser
tão cego.

- Você tem razão, irei ficar atento.


Ainda acho que Ana não é uma má pessoa, mas irei seguir os conselhos do Eric porque tem a
possibilidade dele estar certo, mesmo que eu não queira acreditar nisso.

De agora em diante ficarei atento aos pequenos detalhes, e se Eric e Olívia tiverem razão sobre
o caráter da Ana, a mandarei embora sem pensar duas vezes.

- Você tinha tudo para conquistar Olívia, e como sempre acabou estragando tudo. - Ele balança
a cabeça em negação. - Não se defende uma mulher na frente da sua esposa por mais que ela
esteja errada, ao fazer isso está pedindo para morrer.

- Como eu saberia disso? - Reviro os olhos.

- Agora sabe, e não cometa mais o mesmo erro se não quiser ser expulso do seu quarto.

Só tive um relacionamento em toda minha vida, então não sei muito bem como agir ou o que
falar, por isso eu acho que tenho muito a aprender se eu quiser conquistar a confiança da
Olívia.

- Não cometerei esse erro novamente. - Falo. - Preciso que Olívia confie em mim.

- Ainda continua com essa ideia idiota Derek? - Eric pergunta.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

- Escute meu conselho e pare antes que seja tarde demais. - Ele fala. - Não espere perder a
Olívia para poder assumir que está apaixonado por ela.

- Que bobeira é essa que está falando? - Indago. - Quem está apaixonado?

- Depois não diga que eu não te avisei.

Achei que estaria dando um grande passo ao dizer que estou apaixonado por Olívia, mas ela
não acreditou em mim, o que me deixou bem surpreso.
Sei que sou um idiota por mentir para ela dessa forma, mas se Olívia não quer me dar o que
preciso, terei que jogar sujo para conseguir.

Sou um tremendo cretino por estar tentando fazer Olívia se apaixonar por mim apenas para
me dar um filho. Isso é muito baixo da minha parte, mas eu continuo mentindo para ela dia
após dia.

Não será uma tarefa nada fácil fazer ela acreditar em mim, por isso terei que me esforçar ao
máximo, ou não conseguirei o que quero.

Tenho em mente que ela sofrerá quando descobrir a verdade, e apesar de isso me deixar
desconfortável não tenho intenção de parar o que comecei.

- Ainda verei o dia que você perderá Olívia por ser tão estúpido. - Eric diz. - Ainda verei o dia
em que você sofrerá por estar fazendo escolhas erradas.

- Começou a jogar praga agora? - Reviro os olhos.

- Não. - Eric nega com a cabeça. - Apenas estou dizendo o óbvio.

- Sinto muito por te decepcionar, mas esse dia nunca vai chegar meu amigo. - Falo com
convicção.

- Veremos quem tem razão no final das contas.

Eric está errado ao pensar dessa forma, porque eu não irei me apaixonar por Olívia como ele
acha que irá acontecer.

Assumo que gosto dela, mas não passa disso, e se depender de mim nunca passará, porque
não estou atrás do amor de quem quer se seja.

Olívia é uma boa garota e merece o melhor, mas infelizmente teve a má sorte de cruzar com o
meu caminho, e agora é tarde demais para voltar atrás.
Se ela quiser se ver livre de mim, terá que me dar o que eu quero para ter sua liberdade, mas
eu não acho que Olívia é o tipo de mulher que abandonaria um filho por dinheiro, só que terei
que tentar se esse dia chegar.

- O que vai fazer agora? - Eric pergunta.

- Continuarei fazendo o papel de marido incrível. - Respondo.

- Não direi mais nada porque eu sei que é perca de tempo, mas eu peço mais uma vez... - Eric
se cala por alguns segundos. - Pense muito antes de continuar agindo dessa forma, porque
poderá se arrepender amargamente no futuro.

- Eu sei o que estou fazendo Eric. - Falo calmamente. - E não se preocupe, porque não tenho
intenção alguma de sofrer ou me arrepender das minhas escolhas no futuro.

A forma que Eric me olha indica que ele não acredita em mim, mas ele deveria me conhecer
melhor já que somos amigos há muitos anos.

Não sonho em ter um casamento feliz, ou uma família feliz, por isso optei pelo mais fácil. Ter
um filho apenas para continar com meu legado, e depois disso minha vida voltará ao que era
antes.

- Hora de ir embora. - Digo olhando para o relógio sobre meu pulso.

Guardo alguns documentos em minha pasta enquanto Eric fica me encarando, e como o
conheço bem sei que ele quer dizer algo, mas continua calado.

- Quer dizer algo Eric? - Questiono.

- Não. - Ele nega com a cabeça. - Já disse o que penso, é perca de tempo tentar fazer você
mudar de ideia.

- Então não tente mais, porque realmente será perda de tempo.


Já fiz minhas escolhas, e mesmo que tenha certeza que não são boas não mudarei de ideia,
não importa o que me digam.

- Como seu amigo eu devo lhe aconselhar, mesmo que não me escute.

- Você é um bom amigo Eric, e eu sei que está querendo o melhor para mim, mas o problema
sou eu e não você. - Falo. - Eu fiz escolhas erradas porque eu quis, não se sinta culpado.

Eric sempre me dá os melhores conselhos, e como amigo ele é excelente, mas eu sou
responsável por tudo que faço ou escolho para minha vida.

- Quer vir comigo para casa? - Pergunto. - Olívia não está conversando comigo, talvez ela me
perdoe se você lhe...

- Não vou mentir por você Derek. - Ele me corta. - Sou seu amigo, mas não pense nem por um
segundo que eu vou entrar nessa com você, porque não tenho intenção de mentir para Olívia
para te ajudar.

- Você tem razão, me desculpe por isso.

Eu estar mentindo já é o suficiente, não deveria ter pedido isso para Eric também, não deveria
querer jogar meu amigo na minha sujeira.

- Bem... Mande um beijo para Olívia por mim. - Eric pede.

- Farei isso. - Sorrio fraco.

Eric se levanta da cadeira e eu faço o mesmo, e então começamos a caminhar em direção à


porta lado a lado.

- Quando Olívia te deixar, irei me manter por perto para consolá-la. - Eric sorri com malícia.

- Não seja idiota.


- Ela precisará de um ombro amigo, e eu ficarei muito feliz em ajudá-la.

Sei que Eric está apenas me provocando, porque ele não seria capaz de ser um traidor, e
mesmo se fosse eu não teria o direito de dizer nada, já que Olívia não é minha propriedade, e
já que não quero um futuro ao seu lado.

Coloco minha pasta sobre a cama, em seguida tiro o terno e a gravata e também jogo-os sobre
ela.

Caminho em direção à porta do quarto lentamente, e quando me aproximo coloco a mão na


maçaneta e a abro.

Vejo que Ana está parada em frente à porta do quarto da Olívia, então fecho à minha
rapidamente para que ela não me veja e fico a observando por apenas uma fresta.

Ana está com uma bandeija na mão, e quando menos espero ela pega o copo com suco e
enche a boca e faz gargarejo, em seguida cospe dentro do copo novamente.

- Mas que merda é essa? - Indago baixinho.

Ana abre à porta sem bater, em seguida o adentra rapidamente, e eu mais do que depressa
saio do meu quarto e me aproximo do da Olívia para ouvir a conversa.

- Quantas vezes eu já pedi para bater na porta antes de entrar? - Olívia pergunta com irritação.

- Desculpe senhora, eu me esqueci. - Ana fala.

- Saia do meu quarto por favor. - Olívia pede.

- Farei isso após deixar o suco que fiz para a senhora sobre o criado mudo. - Ana diz.

- Não quero esse suco, então pode beber você mesma.


Escuto uma movimentação, e ao olhar para dentro do quarto disfarçadamente vejo Ana
colocar a bandeija sobre o criado mudo.

- Gostaria de saber o que eu e Derek fizemos no quarto aquele dia que...

- Não me interessa o que vocês tenham feito. - Olívia a corta.

- Tem certeza? - Ana ri baixinho.

- Saia do meu quarto enquanto estou pedindo com educação Ana.

- Se eu não sair vai fazer o quê? - Ana pergunta. - Vai me bater? Derek já acha que está
implicando comigo, então seria interessante ter alguns hematomas. Uma mulher tão culta que
bate em sua empregada prestativa e bondosa por não gostar dela é algo tão absurdo. O que
seu marido iria pensar de você Olívia?

Entro no quarto rapidamente, e Ana não me vê porque está de costas para mim, mas Olívia
abre um largo sorriso quando nota minha presenta.

- O que você pensaria da sua esposa que agride sua empregada prestativa e bondosa, apenas
por quê não gosta dela Derek? - Olívia pergunta.

Ana se vira para trás, e me encara com os olhos tão arregalados que parece que vão saltar do
seu rosto a qualquer momento, e pela forma assustada que ela me olha, já percebeu que está
bem encrencada.

Cap 23

- Senhor Derek, faz tempo que chegou? - Ana pergunta assustada.

- Não, acabei de chegar. - Derek responde.

Ana parece ficar aliviada, porque tem a possibilidade de Derek não ter ouvido o que ela disse.
- O senhor quer que eu lhe traga um copo com suco? Acabei de trazer para a senhora...

- Vai cuspir dentro do meu copo também? - Derek a corta.

- Eu nunca seria capaz de fazer isso senhor, sabe que sou uma profissional. - Ana fala.

Se Derek está falando sobre ela cuspir em seu copo, então quer dizer que ele viu algo, e eu
sempre estive certa que Ana faria nojeiras com a comida ou bebida que me oferecia.

- Não sou idiota Ana, eu vi muito bem o que você fez. - Derek fala com a voz
ameaçadoramente baixa. - Na verdade sou um idiota sim, por acreditar que você era uma boa
pessoa.

- Senhor...

- Não perca seu tempo tentando se defender, porque eu vi o que você fez, e ouvi o que falou
para Olívia. - Ele a corta novamente.

Estou tão feliz por enfim ver a máscara dessa megera caindo, que fico até com vontade de
saltar pelo quarto com euforia.

Achei que esse dia nunca chegaria, mas até que enfim Derek chegou bem a tempo de ver sua
preciosa Ana mostrando as garras.

É visível a sua decepção, porque Derek tinha tanta certeza que Ana era uma boa pessoa que
até a defendeu e não acreditou em mim quando tentei o alertar sobre ela, mas agora ele viu
que eu estava certa e que não era apenas implicância da minha parte.

- Não precisa vir trabalhar mais, está demitida Ana. - Derek fala.

- Por favor, não me demita. - Ela pede.

- Não quero ver sua cara novamente. - Derek a olha com irritação.
Ana se aproxima dele e o abraça com força, mas Derek a afasta mais do que depressa.

- Fiz isso porque eu te amo, sempre te amei. - Ana fala. - Esperei você me notar por tanto
tempo, mas de repente você se casou e eu fiquei com tanta raiva.

- Está louca? - Derek a encara incrédulo. - Nunca lhe dei esperança de nada, porque sempre te
vi como uma boa amiga.

- Tinha esperança que retribuísse meu sentimento por você.

- Isso nunca vai acontecer Ana, perdeu seu tempo. - Ele fala.

Derek nunca vai abrir seu coração para ninguém, então se Ana realmente o ama como está
dizendo, perdeu seu tempo completamente.

Por saber que Derek jamais aceitará ser amado ou amará alguém, que estou tentando manter
meu coração bem guardado, porque eu sei que iria sofrer se me apaixonasse por um homem
que sabe ser cruel quando quer.

- Realmente nunca terei uma chance com você? - Ana pergunta.

- Sou um homem casado Ana, e eu amo minha esposa. - Derek fala. - E mesmo se eu não fosse
nunca iria me interessar por você.

- Me menospreza por ser uma empregada? Por não ter riquezas?

- Nunca te menosprezei, apenas estou dizendo que não tenho nenhum interesse por você, e
isso não é pelo fato de ser uma empregada.

Ana sabe ser cínica quando quer, mas ela realmente parece estar sofrendo nesse momento
pela rejeição do Derek.
Não gosto nem um pouco da Ana, mas assumo que estou sentindo pena dela, porque
querendo ou não acabo tendo um pouco de empatia.

Mulheres que não tem amor próprio ou não se valorizam sempre acabam fazendo estupidez
por amor, e pelo que parece Ana é uma dessas mulheres.

Ana é a prova viva de uma pessoa que se apaixonou por Derek e está sofrendo, e vai continar
sofrendo até superar o que sente por ele.

Ana teve a má sorte de entregar seu coração para um homem cruel, que jamais retribuirá o
que ela sente, e agora tudo que pode fazer é sofrer enquanto tenta se reerguer da rejeição.

Por não querer que aconteça o mesmo comigo irei me afastar antes que seja tarde demais,
porque não tenho intenção alguma de sofrer por um amor que nunca será correspondido.

- Aceito que nunca vá me amar, mas por favor não me demita. - Ana pede.

- Eu não confio mais em você. - Derek fala.

- Mas...

- Já tomei minha decisão Ana. - Ele a corta.

Sonhava com o dia em que Ana fosse mandada embora, mas agora estou com pena dessa
pobre coitada, por isso não sei se sou idiota demais, ou se tenho um coração bondoso demais.

- Dependo desse emprego para cuidar dos meu pais. - Ana diz. - Não me demita por favor. 

- Não faça isso Ana. - Derek suspira alto. - Não torne tudo ainda mais difícil.

- Arrume um emprego para ela em outro lugar Derek. - Falo.


Se Ana realmente precisa de um emprego para sustentar seus pais, seria crueldade não ajudá-
la. Ela pode estar mentindo como sempre, mas ela parece tão desesperada que acho que é
meio difícil fingir tão bem.

- Depois do que você fez eu não deveria te ajudar, mas farei isso porque a Olívia está pedindo.
- Derek fala.

- Eu sei que errei, me desculpe. - Ana olha para mim. - E obrigada por me ajudar mesmo depois
de tudo que fiz.

- Não estou fazendo isso por você, e sim por seu pais. - Falo.

- Agradeço mesmo assim.

Não confio em Ana por isso não a quero por perto, mas se ela precisa sustentar a sua família
precisa de um emprego novo. Eu acabaria me sentindo culpada em prejudicar pessoas que não
tem culpa da falta de caráter da filha.

Talvez agora ela decida ser uma pessoa melhor, ou poderá acabar machucando as pessoas que
ama por ser tão egoísta.

Eu não tenho o direito de julgá-la por estar sendo uma péssima filha. Desde o meu casamento
que não entro em contato com meus pais, e ignoro todas as mensagens ou ligações deles.

Fiquei tão magoada com tudo que aconteceu que acabei os abandonando, mas eu acho que já
está na hora de perdoá-los, porque apesar de saber que erraram muito comigo, ainda assim
são meus pais, as pessoas que me amaram e me criaram tão bem.

- Não se preocupe que lhe darei todos os seus direitos trabalhistas, e assim que encontrar
outro emprego entro em contato com você Ana. - Derek fala.

- Muito obrigada. - Ela agradece.

Ana se aproxima de mim e então pega minhas mãos e aperta com firmeza, enquanto me olha
profundamente.
- Me perdoe por tudo que eu fiz. - Ela pede.

- Esqueça o que aconteceu. - Digo.

- Tentarei. - Ela sorri fraco.

- Seja uma boa pessoa pelo bem dos seus pais Ana. - Falo. - Dê orgulho a eles e não decepção.

- Farei isso.

Ana se despede de mim e Derek, e então sai do quarto e fecha à porta logo em seguida, e
apesar de estar aliviada por estar livre dela, ao mesmo tempo sinto algo desagradável.

Passei tanto tempo sonhando com o momento em que Ana fosse desmascarada e mandada
embora por Derek, e agora que isso aconteceu não me sinto tão feliz quanto achei que ficaria.

Acho que é pelo fato dela cuidar dos pais, pois se Ana acabasse se ferrando como eu queria
que acontecesse, eles acabariam sendo prejudicados.

- Sobre o dia em que Ana estava falando que ficamos no quarto, estava pedindo para ela bater
na porta antes de abrir. - Derek fala. - Não fizemos...

- Não precisa se explicar. - O corto.

- Me desculpe por não ter acreditado em você. - Derek pede. - Achei que conhecia Ana, mas
acabei me enganando completamente.

- Esquece esse assunto. - Digo.

- Eu te devo um pedido de desculpas, mas aceito se não quiser me perdoar.


- Quando eu precisei que confiasse em mim achou que eu estava implicando com a Ana, e
agora que sabe da verdade é perca de tempo tentar se desculpar.

Derek só confiou em mim porque viu e ouviu o que Ana fez e falou, pois se não tivesse visto
ficaria achando que sou uma mulher implicante, e que Ana era a santa que ele pensava que ela
era.

Fico com raiva por Derek acreditar em mim apenas porque presenciou o que Ana fez, mas ao
mesmo tempo gosto de ver sua cara de idiota por não ter tido razão sobre ela.

- Fui um idiota como sempre. - Ele se senta na beirada da cama. - Me perdoe só mais dessa
vez.

- Como eu disse antes, esqueça esse assunto.

Derek se aproxima ainda mais de mim, em seguida pega minha mão e leva aos lábios e a beija.

- Continuo pisando na bola com você dia após dia, e mesmo assim continua ao meu lado.

- Não tenho outra alternativa não é? - Retruco.

- O que quer dizer com isso? - Derek pergunta.

- Nada.

Derek se afasta um pouco, mas continua me encarando com surpresa.

- Está ao meu lado por obrigação? - Ele questiona. - Não gosta nem um pouco de mim?

- E você Derek, está ao meu lado por quê gosta de mim? Quer me manter ao seu lado por quê
se importa comigo?

- Mas é claro que sim. - Ele mente. - Por qual outro motivo seria?
Mais uma vez ele mente na maior cara de pau, não pensando nas consequências dos seus atos,
não pensando se vai me magoar ou não.

Quando penso que Derek já foi cruel o bastante, ele ainda consegue me surpreender.

- Eu não sei. - Dou de ombros. - Talvez seria por quê quer me enganar para lhe dar um filho? E
depois me chutar como um mero objeto descartável?

Cap 24

- Talvez seria por quê quer me enganar para lhe dar um filho? E depois me chutar como um
mero objeto descartável?

- De onde tirou essa ideia maluca Olívia? - Indaga. - Acha que eu seria capaz de fazer algo tão
baixo?

Jogo a cabeça para trás e dou uma gargalhada alta, mas não é de alegria, e sim de pura
decepção.

- Como consegue ser tão cínico? - Pergunto.

- Do que está falando Olívia?

- Deixe eu refrescar um pouco a sua memória... - Me calo por alguns segundos tentando me
lembrar o que ele disse ao Eric. - "Eu não gosto da Olívia agora, e não vou gostar no futuro,
pois a única coisa que quero dela é um filho e nada mais". Foi exatamente isso o que você
disse não foi?

Derek arregala os olhos surpreso com o que acabei de falar, e quando tenta tocar meu braço
eu não deixo.

- Então você ouviu aquilo?

- Infelizmente eu ouvi. - Respondo.


- Acho que seria perda de tempo pedir perdão agora não é?

- Pode ter certeza que sim. - Falo.

Derek poderia ter tido essa ideia ridícula, e depois desistisse dessa maluquice, mas
infelizmente ele continuou mentindo para mim dia após dia, e continuaria tentando me
enganar se eu não tivesse dito que ouvi sua conversa com Eric.

- Se tivesse seguida o contrato que assinou eu não precisaria mentir. - Derek fala.

- Então a culpa é minha? - Indago incrédula. - A culpa é toda minha por quê você é um mal
caráter da pior espécie?

- Eu não disse que a culpa é sua Olívia.

- Foi exatamente o que você disse. - Retruco com irritação.

Derek foi muito covarde quando brincou com meu coração, e agora está sendo ainda pior por
colocar a culpa dos seus atos em mim.

- Eu sei que sou um mal caráter, também sei que não deveria ter mentindo, mas você não
colaborou com meus planos, por isso comecei a jogar sujo.

- Ao menos passou por sua mente como eu iria me sentir quando descobrisse tudo? Como isso
iria me afetar?

- Eu pensei apenas em mim Olívia.

Se os planos do Derek tivesse dado certo, eu estaria morrendo de amores por ele e lhe dado o
filho que ele tanto deseja, e logo em seguida eu seria descartada.

Se já não o amando sinto que meu coração foi dilacerado por Derek, então se eu o amasse
seria ainda mais cruel e doloroso passar por tudo que ele tinha planejado.
- Você ao menos tem um coração batendo no peito? - Pergunto.

- Tudo que eu fiz foi para evitar que eu sofresse no futuro.

- Então tudo bem fazer outra pessoa sofrer? - Questiono.

- Por que está tão magoada Olívia? - Ele pergunta. - Somos praticamente desconhecidos e não
temos sentimentos um pelo outro, não deveria estar tão...

- Você é tão cego que nem ao menos percebeu como eu me sinto. - O corto. - Está tão cego
por seus planos que não vê mais nada, não vê como faz as pessoas a sua volta sofrerem.

Olho para o lado quando meus olhos se enchem de lágrimas, pois a última coisa que quero que
aconteça, é Derek me ver chorando por ele.

Estou tentando me controlar, mas a cada segundo que passa me sinto ainda mais triste e
magoada com o que Derek fala.

- O que está tentando dizer ao falar que não percebi como você se sente? - Derek pergunta.

- Eu gosto de você seu idiota! Tenho que desenhar para você entender!

Derek já sabia como eu me sinto e tentou usar isso a seu favor? Ou realmente nunca passou
por sua mente que eu gosto dele?

- Do que está falando Olívia? - Ele me encara incrédulo. - Você tem sentimentos por mim?

- Sim. - Confesso.

- Não seja boba. - Ele passa a mão pelos cabelos com nervosismo. - Você sabe muito bem que
não tenho intenção alguma de me apaixonar por alguém, por isso é melhor esquecer o que
sente por mim, porque meus planos não mudarão.
- Eu sei que sou boba, sou uma idiota estúpida por gostar de um animal como você, mas
infelizmente não mando em meu próprio coração.

Na maioria do tempo Derek me tratava com frieza, e quando não me ignorava dizia algumas
poucas palavras. Sempre foi indiferente e frio na forma de me tratar, e só então começou a ser
gentil quando começou colocar seus planos em ação.

Como eu poderia acabar gostando de um homem desse? Se ao menos fosse um cara legal
desde o começo seria aceitável gostar dele, mas Derek quase sempre foi um idiota comigo, e
mesmo assim acabei tendo sentimentos que não deveria por ele.

- Lhe darei um tempo para superar o que está sentindo, mas lembre-se que depois disso terá
que cumprir o contrato você gostando dele ou não. - Derek fala.

- Depois de tudo vai continuar com essa ideia maluca? - Pergunto.

- Sim. - Ele confirma com a cabeça. - Para você pode até ter mudado algumas coisas nesse
tempo que já estamos casados, mas para mim nada mudou Olívia.

- Isso era tudo que eu precisava ouvir. - Sussurro fraco.

Se antes eu estava disposta a esquecer o que estava sentindo por Derek, agora tenho todos os
motivos para superar tudo.

Derek agir como um completo cretino só me deu ainda mais força para querer esquecê-lo, e
isso será exatamente o que farei.

- Se fazer o que eu quero você e seus pais terão um futuro garantido, mas...

- Além de ser um covarde comigo, agora vai usar meus pais para me ameaçar? - O corto.

- Não veja como uma ameaça, e sim um aviso.

Me levanto da cama tranquilamente e então começo a tirar minhas roupas, e no mesmo


instante Derek arregala os olhos surpreso.
- O que está fazendo? - Ele questiona.

- Estou garantindo meu futuro. - Respondo. - Não sou uma vadia interesseira, que ficará feliz
por dar um filho a você em troca de muito dinheiro?

- Pare agora Olívia. - Derek pede.

- Por quê? - Pergunto. - Não sou tão atraente aos seus olhos?

Derek se levanta da beirada da cama e se vira de costas para mim, mas eu continuo me
despindo.

- Eu não...

- Era o que você queria desde o início Derek. - O corto. - Agora pode me usar, estou lhe dando
minha aprovação.

Me sinto tão envergonhada por estar fazendo isso, mas eu sei que se eu não cumprir o
contrato, Derek irá usar meus pais para me chantagear. Posso estar brava com eles, mas ainda
são a minha família, e eu faria de tudo para protegê-los.

- Não quero que seja dessa forma Olívia. - Derek fala.

- Faça o que tem de fazer e acabe logo com isso. - Digo calmamente. - Não quer um filho?
Então eu te darei um como tanto deseja.

Derek me pega de surpresa quando se vira em minha direção de repente, e quando se


aproxima de mim sinto meu coração se acelerar mais rápido.

Estou louca para fugir, mas infelizmente eu não posso me dar ao luxo de fazer o que eu quero,
por isso tento ao máximo ficar sem expressão alguma no rosto, para que Derek não perceba o
quanto estou nervosa.
- Tem certeza que é isso que você quer Olívia? - Ele questiona.

- Não interessa o que eu quero, e sim o que você quer. - Respondo.

Derek tem a minha assinatura em seu contrato, e se eu não fizer o que ele deseja terei que
enfretar sérios problemas. Não me importaria se eu fosse prejudicada, mas infelizmente meus
pais também estão no fogo cruzado, e é por eles que irei me sacrificar.

- Sempre achei que seria diferente quando esse momento chegasse. - Derek fala.

- Diferente como? - Pergunto. - Que eu já estaria te amando e fazendo tudo por você?

- Sim. - Confirma com a cabeça.

- Não te amo, mas ainda assim vai conseguir o que quer. - Falo.

Derek se aproxima da cama e pega um roupão que está sobre ela, em seguida se volta para
mim e me cobre com ele.

- Eu não consigo fazer isso. - Ele fala.

- Por que não? - Pergunto.

- Eu não sei. - Ele suspira alto. - Só não consigo.

Continuo fingindo estar indiferente, mas estou tão aliviada nesse momento que eu poderia até
desmaiar.

Sempre achei que minha primeira vez fosse depois do meu casamento com o homem que eu
amo e que também me ama, mas eu sei que esse desejo pode estar com os dias contados.

Derek pode ter desistido hoje, mas isso não quer dizer que ele não mudará de ideia amanhã, e
então terei que estar preparada para fazer o que não quero pelo bem da minha família.
A vida exige sacrifícios às vezes, mas eu nunca achei que o meu fosse tão grande e sofrido, e
mesmo eu sabendo que não tenho culpa das maluquices do Derek, ainda assim me sinto suja.

- Você não é atraente o suficiente para mim Olívia, por isso eu quero o divórcio. - Derek joga a
bomba de repente.

Cap 25

- Olívia? - Mamãe me encara de olhos arregalados.

- Posso entrar? - Pergunto.

- É claro.

Minha mãe me dá espaço, então pego minha mala e arrasto para dentro de casa em seguida.

- O que aconteceu querida? - Minha mãe pergunta.

- Acabou. - Sorrio fraco.

- Acabou o que Olívia?

- Meu casamento. - Respondo.

- O quê?!

Me jogo no sofá ao me aproximar da sala, e mais do que depressa minha mãe se senta ao meu
lado.

- Aurora, preciso ir embo... Olívia?


Me viro para trás quando ouço a voz da Lily, que rapidamente se aproxima de nós.

- Oi Lily.

- Uau! - Ela arregala os olhos. - Estou surpresa com você visitando seus pais.

- Sobre isso, me perdoe por ter te ignorado e o papai por tanto tempo. - Peço a minha mãe.

- Somos os únicos culpados de tudo o que aconteceu, por isso nós temos que te pedir perdão,
e não você querida.

Já estava planejando visitar meus pais, mas agora que irei me divorciar voltarei para casa por
algum tempo.

Quero arrumar um apartamento para morar sozinha, e também quero arrumar um emprego
enquanto termino a faculdade.

Tenho em mente que não será nada fácil me levantar do tombo que tomei, mas não sou uma
pessoa que desiste na primeira vez que algo dá errado.

Irei me reerguer, irei ser ainda mais forte e corajosa do que antes, e com toda certeza irei lutar
por meus sonhos que ainda não se realizaram.

- Essa mala é sua? O que aconteceu? - Lily indaga curiosa.

- Irei me divorciar. - Respondo.

- O quê?!

- Derek pediu o divórcio.

- Mas... Mas... Como isso é possível? - Lily pergunta.


- Ele disse que não sou atraente o suficiente para permanecer casado comigo.

Eu deveria estar aliviada que tudo irá acabar, só que infelizmente eu não estou. Eu deveria
estar feliz por enfim estar livre, mas por quê sinto que estou perdendo algo?

- Vou matar aquele desgraçado! - Lily se irrita.

- Não vale a pena seu esforço.

- Eu achei que estavam se dando bem. - Mamãe fala.

- Por um tempo eu também achei, mas eu descobri que Derek só estava me tratando bem
porque queria que eu me apaixonasse por ele para lhe dar um filho.

Ainda me pergunto como Derek é tão frio a ponto de querer um filho dessa forma. Uma
criança deveria ser gerada pelo amor de um casal, e não apenas para ser um herdeiro.

- Um filho? - Mamãe me olha confusa.

- A senhora não leu o contrato que meu pai deu para mim assinar? - Pergunto.

- Nem eu e nem seu pai lemos o contrato. - Ela fala. - O advogado do Derek disse que era
apenas alguns trâmites legais sobre o casamento, e sobre sua parte na empresa.

- Vocês foram enganados.

Meus pais acabaram acreditando em mentiras da mesma forma que eu, e infelizmente só
descobrimos quando já era tarde demais.

- Como assim enganados Olívia? - Minha mãe pergunta.

- Aquele contrato era sobre regras que eu deveria seguir após o casamento, e uma delas era
sobre dar um filho ao Derek e depois sumir da sua vida e do meu filho. - Explico. - Eu seria
apenas uma mãe que gerou a criança, e teria que abandoná-la depois.
- Como isso é possível? Derek parecia ser um homem tão bom.

- As aparências enganam Aurora. - Lily fala.

Depois de conhecer Derek um pouco melhor eu também achei que ele era um bom homem,
mas que por causa das feridas do passado estava tomando um rumo desagradável na vida.

Infelizmente eu também me enganei, porque Derek é a pessoa mais cruel que eu tive a má
sorte de cruzar um dia.

Derek ter sofrido uma desilusão no passado não justifica as merdas que ele faz, e no processo
acaba machucando as pessoas sem se importar nas consequências dos meus atos.

Depois de tudo que Derek fez eu sofrer, poderia acabar me tornando igual a ele, mas eu
escolhi seguir minha vida ao invés de me tornar uma pessoa amarga.

O que iria adiantar viver do passado? Que benefício isso iria me trazer? Apenas ficaria presa a
algo que me fez sofrer, e automaticamente minha vida acabaria aos poucos sem eu ao menos
perceber.

Escolho seguir em frente por mais que seja difícil, escolho esquecer pessoas que me fizeram
sofrer, escolho ignorar sentimentos ruins, e escolho perdoar não porque sou uma idiota, mas
sim porque não quero ser como Derek.

Tudo o que aconteceu me serviu de aprendizado, e irei usar isso para ser uma pessoa mais
forte, e uma pessoa melhor do que eu era antes.

Estou magoada com Derek, mas ainda assim desejo que ele enxergue a tempo que suas
escolhas são más, e então decida viver corretamente e esqueça seu passado doloroso pelo seu
próprio bem.

- O que vai fazer agora Olívia? - Lily indaga.


- Irei dar o divórcio ao Derek, e seguirei minha vida como se nada estivesse acontecido. -
Respondo.

- Como consegue ser assim? - Lily revira os olhos. - Em seu lugar eu já teria arrebentado aquele
idiota.

- Ou eu sou calma demais, ou você é explosiva demais. - Sorrio largo.

- Você tem razão querida. - Mamãe aperta minha mão. - Não vale a pena perder tempo com
quem não merece.

- Olha aí para quem você puxou essa calma toda. - Lily aponta para minha mãe.

Às vezes eu me sinto idiota por ser tão calma como Lily está falando, mas logo em seguida me
lembro que não mudaria nada em minha vida se eu fizesse escândalos quando algo me
desagradasse, ou vivesse de uma forma explosiva, porque eu realmente prefiro ignorar e
seguir com minha vida como se nada estivesse acontecido.

Gosto de como eu sou, e não mudaria nada no meu jeito de ser, porque me sinto feliz e
completa dessa forma, e o que para alguns pode ser burrice, para mim é liberdade.

- Seu pai ficará surpreso quando souber o que aconteceu. - Mamãe fala. - Ele confiou tanto em
Derek.

- Onde ele está? - Pergunto.

- Já está dormindo. - Ela responde.

Meu pai dormindo tão cedo? Ele sempre era o último a ir para a cama, por isso estou surpresa.

- A essa hora? - A olho sem entender nada.

- Você jantou querida? - Mamãe pergunta.


- Não, mas não estou com fome. - Digo.

Mamãe ficou estranha e mudou de assunto de repente, e isso está me deixando bem confusa.
Ela sempre age dessa forma quando está escondendo algo de mim, e agora resta saber o que
minha mãe não está me contando.

- Vou buscar algo para você beber, não deveria ficar de estômago vazio.

Ela nem ao menos deixa eu dizer mais alguma coisa, e rapidamente foge para a cozinha.

- O que está acontecendo? - Pergunto para Lily.

- Eu também não sei. - Ela diz. - Visito seus pais quando tenho um tempo livre, e já havia
percebido há algum tempo que eles estão estranhos.

- Por que não me disse nada? - Indago.

- Porque eu queria ter certeza que algo estava acontecendo antes de dizer alguma coisa, não
queria te preocupar atoa.

Se eu precionar minha mãe sei que ela não me dirá nada, por isso irei observá-los enquanto eu
estiver por perto, e talvez assim eu descubra o que está acontecendo.

- Aqui querida. - Mamãe me entrega um copo com suco ao entrar na sala.

- Obrigada. - Agradeço.

- Converse mais um pouco com sua amiga, irei levar sua mala para seu quarto.

- Eu mesma faço isso. - Digo. - Está muito pesada.

- Tudo bem então. - Ela sorri fraco. - Então irei me juntar ao seu pai.
- Boa noite mamãe. - Lhe dou um beijo no rosto.

- Boa noite querida.

Ela se despede de mim e Lily, e em seguida caminha em direção as escadas calmamente.

- Como está se sentindo? - Lily pergunta.

- Estou bem. - Forço um sorriso.

- Não precisa mentir para mim.

- Era o que eu queria desde o começo não era? - Abaixo a cabeça. - Agora estou livre.

- Isso era antes de você se apaixonar por aquele cretino.

- Irei esquecê-lo com o tempo. - Digo com confiança.

Fiquei em choque quando Derek pediu o divórcio, e fiquei ainda mais surpresa por não ter
ficado nem um pouco feliz com aquilo. Há algum tempo eu estaria radiante por enfim estar
livre dele, mas infelizmente eu não me sinto assim nesse momento.

Tive a má sorte de me apaixonar por um homem sem escrúpulos algum, e por esse motivo eu
aceitei sem reclamar me divorciar do Derek.

Em outro momento talvez eu lutaria por nosso casamento, mas eu sou realista demais para
fazer algo inútil como isso, porque eu sei que por mais que eu me esforçasse, Derek jamais iria
retribuir meus sentimentos por ele.

- Tudo que eu quero é que seja feliz, você estando acompanhada ou não.- Lily fala.

- E eu já sou. - Digo. - E serei ainda mais no futuro.


- Muito bom minha amiga. - Lily bate palmas com animação. - Nada de ficar deprimida.

Não escondo que estou triste agora, mas eu sou uma mulher forte, e sofrer por homem até o
fim está fora de cogitação. Se não deu certo com Derek era porque não era para ser ele, então
irei esperar pelo amor da minha vida pacientemente, e se por acaso ele não aparecer serei
feliz sozinha.

Cap 26

Derek

- Você fez o quê? - Eric me olha sem entender nada.

- Pedi o divórcio para a Olívia.

Já faz uma semana que decidi me separar dela, mas só agora estou contando para Eric, porque
eu não poderia esconder isso por muito mais tempo.

- Por que raios fez isso?

- Eu não sei. - Suspiro alto.

- Você deve estar louco. - Eric balança a cabeça em negação. - Com toda certeza está louco.

Também acho que estou louco, porque depois de todo esforço que fiz acabei desistindo de
tudo quando enfim consegui o que eu queria.

- O que a Olívia falou sobre isso? - Eric pergunta.

- Ela aceitou.

- Vocês são dois idiotas. - Ele diz com irritação.


- Talvez sejamos. - Dou de ombros.

- Você é ainda pior. - Ele aponta o dedo em minha direção.

Óbvio que eu sou o culpado de tudo que aconteceu, e como Eric está dizendo eu sou um
completo idiota.

- Está perdendo a mulher que ama por não assumir isso para si mesmo.

- Pela milésima vez, eu não amo a Olívia. - Reviro os olhos.

- Tem certeza disso? - Ele questiona.

- Sim, eu tenho.

- Então tudo bem eu investir na Olívia agora que ela está solteira? - Eric sorri com malícia.

- Não ouse chegar perto dela.

- Por que não? Está dizendo que não gosta dela, então...

- Cale a boca. - O corto.

Só de imaginar Olívia com outro homem meu sangue ferve, mas eu não tenho o direito de me
sentir assim.

- Olívia é uma mulher maravilhosa e muito atraente, e é apenas questão de tempo até
aparecer algum homem em sua vida, então é melhor que seja eu.

- Se continuar com essa conversa vou quebrar sua cara.

- Fique a vontade. - Eric estende o rosto em minha direção. - Apamharia sem reclamar por ela.
Dou um murro sobre à mesa, mas Eric não se assusta e permanece no mesmo lugar me
provocando.

- Você está tirando a minha paciência Eric. - Resmungo.

- Está tão irritado por quê? Deixou bem claro que não ama Olívia, por isso não tem motivo
algum para ficar bravo comigo.

- Eu sei muito bem o que eu disse, mas é melhor você manter distância da minha mulher.

- Sua mulher? - Eric joga a cabeça para e gargalha alto. - Olívia não é mais a sua mulher, se
esqueceu desse pequeno detalhe?

Eric enfia a mão no bolso da calça e pega o celular que está tocando, e ao olhar para a tela do
aparelho um sorriso enorme se forma em seus lábios.

- Olá querida Olívia. - Ele atende a ligação.

Fico rígido sobre a cadeira, e no mesmo instante sinto meu coração começar a bater mais
rápido.

- Faço tudo que você quiser. - Eric gargalha alto. - Sou seu humilde servo.

Minha vontade é de socar sua cara para tirar esse sorrisinho dos seus lábios, mas estou
tentando me controlar.

- Sempre que precisar de um homem forte e másculo pode me ligar. - Ele diz.

Os dois conversam por mais alguns segundos, e nesse tempo Eric fica dando em cima da Olívia
descaradamente, e quando se despedem depois de um tempo Eric finaliza a ligação, e guarda
o celular no bolso da calça novamente.

- Bem... - Pigarreio alto. - O que a Olívia queria?


- Não é da sua conta. - Eric retruca.

- É melhor me dizer ou eu...

- Você não vai fazer nada. - Ele me corta.

Estou morrendo de curiosidade para descobrir sobre o que conversaram, mas infelizmente não
posso obrigar Eric a me dizer nada.

- Olívia me pediu para pegar o restante dos seus pertences na sua casa e levar para ela. - Eric
fala.

- Por que ela pediu isso para você? Eu mesmo levaria?

- Por que mais ela faria isso? - Eric sorri de canto.

- Não sei. - Suspiro alto.

- É porque ela não quer te ver idiota.

É aceitável que ela nunca mais queira me ver em sua frente, porque eu disse e fiz tantas coisas
cruéis, que não acho que Olívia irá me perdoar algum dia.

- Ah, tem mais uma coisa. - Eric coloca ambas as mãos atrás da cabeça. - Iremos jantar juntos.

- Você... você...

- Sou um homem solteiro em busca de um amor meu amigo, e com toda certeza Olívia se
encaixa perfeitamente ao meu lado. - Ele fala zombeteiro.

- É melhor você ir embora. - Aponto para à porta.


- Eu já ia de qualquer forma. - Eric diz se levantando da cadeira. - Tenho que me preparar para
meu encontro com Olívia.

Eric se vira de costas para mim e começa a caminhar em direção à porta assobiando todo feliz
da vida, e isso me deixa muito irritado.

Ele está fazendo isso só para me provocar? Ou realmente tem algum interesse em Olívia?

- Depois eu te conto como foi nosso encontro. - Ele fala antes de fechar à porta do escritório.

Por que estou me sentindo tão sufocado nesse momento? Parece que meu coração está sendo
esmagado em meu peito, e essa sensação não é nem um pouco agradável.

Eric estaria certo quando disse que eu amo Olívia e só não assumi isso ainda? Só de imaginar a
possibilidade dela seguir com sua vida ao lado de outro homem que não seja eu, me deixa com
uma sensação horrível.

- Merda. - Praguejo baixinho.

Desde o início do meu casamento eu queria apenas uma coisa da Olívia, que era um filho, e
conforme o tempo foi passando e eu percebi que ela não daria o que eu queria comecei a
jogar sujo.

Fui um completo imbecil quando tentei conquistá-la apenas para meu benefício próprio, mas
eu não contava que Olívia já sabia de tudo, e que estava disposta a me dar o que eu queria em
troca da proteção dos pais.

A forma que ela me olhava não sai da minha mente um segundo sequer. Era tanta dor e
deceção, e Olívia nem ao menos tentou disfarçar como se sentia, ela demonstrou e confessou
gostar de mim quando eu lhe dizia palavras duras.

Senti meu coração se acelerar mais rápido no peito quando ela disse ter sentimentos por mim,
porque eu não estava esperando por aquilo, e mesmo que uma parte de mim quisesse dizer o
mesmo eu ignorei aquele sentimento e continuei agindo como um idiota.
Eu podia ver em seus olhos que Olívia realmente gostava de mim apesar de tudo que eu já
tinha feito ela passar, mas meu medo de sofrer novamente falou mais alto como sempre.

Assumo que uma parte de mim ficou aliviado quando Olívia disse que me daria um filho, mas
quando ela começou a se despir em minha frente fiquei sem reação.

Olívia parecia tão sem vida naquele momento, que fiquei assustado. Não havia resquícios da
garota alegre e divertida de antes, e apesar de estar disposta a se sacrificar por sua família, era
visível como ela se sentia humilhada.

Todos os meus planos se acabaram naquele momento, porque ali eu tive certeza que jamais
seria capaz de usá-la para meu benefício próprio.

Antes eu me sentia envergonhado com as escolhas que fiz em minha vida, mas mesmo assim
continuava com meus planos, só que ali parado em frente a Olívia eu tive nojo de mim, e então
foi naquele momento que eu pedi o divórcio.

Decidi deixá-la ir porque eu não queria ser o motivo do fim do brilho inocente dos seus olhos,
decidi deixá-la ir porque eu não iria ser tão baixo e sujo com uma garota que não merecia ter
cruzado meu caminho, e que não tinha culpa alguma do meu passado turbulento, e foi então
que decidi lhe dar sua liberdade.

Eu poderia ter sido sincero e explicado o porque eu mudei de ideia sobre tudo, mas mais uma
vez eu disse coisas cruéis que a magoou profundamente.

Agora todos os dias que chego em casa ela está vazia e sem vida, quando eu chego em casa eu
já não sou mais recebido com um sorriso lindo e reconfortante de Olívia, e sim por um vazio
triste e cruel, e isso tudo é culpa minha.

Se eu tivesse assumido para mim mesmo como eu me sentia, poderia ter feito nosso
casamento ser real e feliz, mas agora é tarde demais para arrependimentos.

Eu disse tantas coisas cruéis para Olívia, que tenho certeza que ela jamais me perdoará, por
isso agora a única coisa que me resta é aceitar meu trágico destino sozinho.

Não posso culpar ninguém a não ser eu mesmo, porque a culpa é toda minha de eu estar
sozinho agora. Se eu tivesse seguido meu coração ao invés da razão, teria evitado tanto
sofrimento desnecessário, e ainda teria ao meu lado a mulher que eu acho que comecei amar
sem perceber.

Sinto falta do seu sorriso contagiante, sinto falta da sua gargalhada gostosa, sinto falta de tê-la
dormindo ao meu lado todas as noites, sinto falta do seu toque e do seu beijo, sinto falta de
apenas estar ao seu lado ouvindo sua respiração calma, sinto falta dos nosso momentos felizes
apesar de serem bem raros. Na verdade eu sinto falta das coisas mais simples, e agora eu
percebo o quanto esses momentos eram preciosos para mim e eu não sabia.

Sentir falta de alguém a ponto de querer ir atrás dela é implorar por seu perdão nem que seja
pelo resto da minha vida, e implorar para que ela volte para mim mesmo eu sendo um idiota,
isso quer dizer que eu amo essa pessoa? Isso quer dizer que estou apaixonado?

Faz tantos anos que não experimento esse sentimento, que acabei me esquecendo como é
realmente amar alguém, mas agora que tenho quase certeza que amo Olívia, ela não está ao
meu lado para que eu lhe diga e lhe prove isso.

Cap 27

- Derek está em seu escritório? - Pergunto a sua secretária.

- Sim. - Ela responde.

Caminho em direção à porta, mas antes que eu tenha a chance de abri-lá a mulher entra na
minha frente.

- O senhor Wilsson está ocupado no momento e pediu para não ser incomodado, poderia
aguardar alguns minutos? - Ela diz aprontando para as poltronas.

- Vou falar com ele nesse mesmo instante.

A moça parada em minha frente não é a mesma secretária petulante de antes, e parece que
ela me impediu de entrar no escritório porque está com medo de perder seu emprego.

- Sou a esposa do Derek. - Digo calmamente.


Ela arregala os olhos, e mais do que depressa dá um passo para o lado.

- Me desculpe senhora Wilsson. - Ela pede sem graça.

- Não precisa se desculpar. - Sorrio fraco.

- Deseja um café ou um chá? - Ela questiona.

- Não. - Nego com a cabeça. - Irei apenas entregar alguns documentos ao Derek e irei embora.

Ela apenas acena com a cabeça, e então volta para a sua mesa eu abro à porta do escritório.

Assim que adentro o ambiente dou de cara com uma mulher grudada em Derek, e quando ele
nota minha presença a empurra com força.

- Não é nada do que você está pensando Olívia. - Ele vem até mim rapidamente.

- Não me interessa o que está fazendo, então não perca seu tempo tentando me explicar.

Alguns segundos depois Pietra surge ao lado do Derek com um sorriso cínico nos lábios, e
então segura seu braço com firmeza.

- Deveríamos ter tomado mais cuidado querido. - Ela fala.

Derek tira a mão dela do seu braço com brusquidão, e se afasta da megera.

- Sai daqui Pietra. - Ele aponta em direção à porta.

- Sua esposa já descobriu tudo sobre nós, por quê está agindo dessa forma comigo? - Pietra se
faz de vítima.
- Eu disse para sair do meu escritório! - Derek grita furioso.

Pietra se assusta e arregala os olhos com medo do surto do Derek, e mais do que depressa se
afasta ainda mais dele.

- Por... por que...

- Já disse várias vezes, mas vou repetir mais uma vez para você não esquecer... - Derek
caminha em sua direção lentamente, enquanto ela retrocede alguns passos. - Não me ligue,
não venha até minha empresa, e se por acaso tiver a má sorte de me encontrar em algum
lugar finja que não me conhece, porque você está me deixando muito irritado, e quando isso
acontece talvez eu seja capaz de fazer coisas que irei me arrepender depois.

- Está... está me... me ameaçando? - Ela guagueja.

- Estou? - Derek retruca de uma forma sarcástica.

Pietra só para quando suas costas se chocam contra a parede, e então Derek se aproxima
ainda mais dela e fala em um tom ameaçador:

- Se quer viver em paz esqueça que eu existo, caso contrário não gostará nem um pouco do
que poderá te acontecer.

Pietra empurra Derek com força, e então corre até a poltrona e pega sua bolsa, e quando se
volta para nós diz:

- Vocês são loucos.

- Você ainda não viu nada minha querida. - Derek diz sarcástico. - Posso ser ainda pior quando
quero.

Pietra sai praticamente correndo da sala, e quando fecha à porta a bate com tanta força, que
eu fico o observando por um tempo para ver se ela não vai cair.

- Pietra invadiu meu escritório e me beijou. - Derek explica.


- Não precisa me dizer nada, você é um homem livre para beijar quem quiser.

- Mas eu não...

- Não me interessa o que aconteceu entre vocês dois, não é da minha conta. - O corto.

Levei um susto enorme quando entrei no escritório e vi os dois juntos, e com toda certeza uma
parte de mim queria arrebentar os dois, mas eu sei que não tenho o direito de ficar com
ciúmes porque já não somos mais um casal, então Derek pode se envolver com quem ele
quiser que não é da minha conta.

Apesar de tudo eu sei que Derek não seria tão burro a ponto de se envolver novamente com a
mulher que já o traiu antes, e isso de alguma forma me deixa aliviada mesmo eu não querendo
me sentir assim.

Se estou enganada sobre ele e Derek voltou com a Pietra depois de tudo que ela já o fez
passar, ele é mais idiota do que eu pensava.

Derek sofreu longos anos por ela, se tornou um homem amargo por ela, está sendo cruel
consigo mesmo e com outras pessoas pelo que ela fez com ele, e se no final das contas voltar
para ela depois de tudo que aconteceu, Derek perdeu completamente o juízo.

- Sei que não quer acreditar em mim, mas eu realmente sou inocente Olívia.

- Como eu já disse antes, sua vida particular não é da minha conta.

Eu acredito em Derek, mas ele não precisa saber desse detalhe, por isso manterei minha boca
bem fechado.

Derek foi muito idiota comigo, mas eu tenho certeza que ele não tornaria aquilo que o
machucou, por isso eu confio nele mesmo ele não merecendo.

Pietra é uma cobra peçonhenta, que fica procurando o melhor momento de atacar sua presa,
mas depois do susto que Derek deu nela, não acho que ela continuará o perturbando.
Até eu fiquei com medo do Derek, então ela teria que ser extremamente louca para continuar
atrás dele, mas se tratando daquela megera pode se esperar qualquer coisa.

- Sente-se. - Ele aponta para a poltrona em frente sua mesa.

Derek não continua tentando me convencer de que é inocente, e então começa a caminhar em
direção a sua cadeira.

Também me sento, e por alguns segundos ficamos nos encarando em silêncio, e ao observá-lo
mais um pouco percebo que sua feição está um pouco abatida.

Suas roupas estão abarrotadas, sua barba está por fazer, também tem olheiras profundas
abaixo dos olhos, e está tão desleixado que nem parece o homem extremamente impecável de
antes.

Derek está tão estranho e apático, que começo a ficar preocupada com ele. Será que ele está
doente?

- Não é da sua conta Olívia. - Resmungo baixinho.

- O que disse? - Ele questiona.

- Nada. - Minto.

Derek coloca os cotovelos sobre a mesa, e então coloca seu queixo sobre as duas mãos
fechadas e fica me olhando profundamente.

Seus olhos então se enchendo de lágrimas ou estou vendo coisas? Por quê ele está agindo
dessa forma tão estranha?

Derek se afasta da mesa e vira sua cadeira ficando de costas para mim, e apesar de querer ir
até ele para perguntar o que está acontecendo continuo em meu lugar.
- O que veio fazer aqui Olívia? - Derek indaga.

- Vim trazer o papel do divórcio. - Respondo.

Derek se vira para mim rapidamente, e então jogo o envelope sobre sua mesa e ele o pega
mais do que depressa.

Derek pega o papel do divórcio e o olha por alguns segundos, logo em seguida vira o envelope
sobre à mesa e no mesmo instante começa a cair alguns pedaços de papéis rasgados.

- O que é isso? - Ele questiona.

- Não quero seu dinheiro.

- Mas...

- Apenas fique com minha parte da empresa, mas em troca me dê a casa dos meus pais. - O
corto. 

Fiquei irada quando o advogado do Derek levou o divórcio até mim, e com ele também uma
alta quantia em dinheiro como pagamento por ter me casado com ele.

Estava tão furiosa que assinei o divórcio naquele momento, e rasguei todos os documentos
que falava sobre dinheiro. Eu estava prestes a mandar pelo advogado, mas acabei mudando de
ideia e eu mesma vim lhe entregar tudo.

Pedi para Eric pegar meus pertences na casa do Derek porque não queria acabar me
encontrando com ele, mas agora aqui estou eu, parada em sua frente agindo como um mulher
forte sendo que eu não sou.

Levei alguns dias até criar coragem o suficiente para lhe trazer o divórcio, mas como eu sabia
que não podia fugir por mais tempo decidi acabar logo com esse assunto para enfim seguir
minha vida em paz.
- Tem certeza que não quer o dinheiro Olívia? - Derek questiona. - Não vai se arrepender
depois?

- Não quero seu dinheiro. - Digo tranquilamente. - A única coisa qu eu desejo é ser livre de
você completamente.

Derek sorri fraco, mas a sua feição indica que ele está triste com o que eu acabei de dizer, e eu
gostaria de saber o motivo.

- Bem... Você não poderá ficar  completamente livre de mim como tanto deseja. - Derek pega o
papel do divórcio e o rasga.

Cap 28

- Você está louco Derek? - Questiono confusa. - Por quê rasgou o papel do divórcio?

- Porque eu não quero mais me divorciar de você. - Ele responde calmamente.

- Posso saber o por quê? - Indago.

- Porque eu acho que te amo.

Jogo a cabeça para trás e dou uma gargalhada alta, com a piada que Derek acabou de dizer.

- É alguma pegadinha. - Olho em volta. - Tem câmeras escondidas por seu escritório?

- Estou falando sério Olívia.

- Eu também estou. - Continuo rindo. - Acha que eu acredito nessa bobeira?


Derek se levanta da sua cadeira e rapidamente se aproxima de mim, e quando estou prestes a
me levantar para fugir, ele se senta na beirada da mesa, pega minha mão e coloca sobre o
peito.

- O quê está fazendo?

- Você sente isso? - Derek pergunta.

- Me solte. - Peço.

Tento puxar minha mão, mas ele a aperta ainda mais e não me libera.

- Sente meu coração batendo forte Olívia?

- Não. - Minto.

Derek aproxima seu rosto do meu lentamente, e enquanto ele chega para mais perto de mim,
automaticamente seu coração começa a bater mais rápido.

- Você está fazendo eu me sentir assim. - Ele fala baixinho.

Ao mesmo tempo que sinto em minha mão o coração do Derek batendo, também sinto que o
meu também começa a saltar no peito.

Puxo minha mão com força do seu aperto e me levanto rapidamente, antes que eu acabe
acreditando em Derek.

- Ignorava quando ouvia pessoas falarem que precisa perder alguém para dar valor, e agora eu
sei que estavam certos.

- Do que está falando Derek?


- Quando eu pedi o divórcio tinha certeza que não te amava, mas quando você foi embora
deixou um vazio enorme em meu peito, e a cada dia que passa sem você ao meu lado ele
aumenta ainda mais.

- Só pode estar brincando. - Balanço a cabeça em negação.

- Quando você disse que gostava de mim, eu comecei a falar coisas cruéis para que você me
odiasse ao invés de gostar de mim. - Derek fala. - Achei que eu era corajoso, mas quando eu vi
que você iria se sacrificar por sua família, naquele momento eu sabia que eu não seria capaz
de continuar com meus planos, e foi então que eu pedi o divórcio.

Se ele tivesse um coração batendo no peito poderia até acreditar em suas palavras, mas eu
melhor do que ninguém sei como Derek sabe ser sujo quando quer, por isso não confio em
mais nada que ele diga.

- Agora que me deixou eu acabei percebendo que eu tinha sentimentos por você, só não havia
assumido para mim mesmo.

Que bobeira é essa que Derek está falando? Está tentando me fazer de idiota novamente? Se
arrependeu de ter me mandado embora e agora me quer de volta para continuar com seus
planos.

- Isso é engraçado para você Derek? - Pergunto incrédula. - Que tipo de jogo doentio e esse
que está tentando fazer comigo?

- Estou sendo sincero Olívia, eu realmente gosto de você.

- Como pode mentir dessa forma?! - Me irrito com suas mentiras. - Como pode ser tão baixo?!
Já não me fez sofrer o suficiente?!

- Eu sei o que fiz, mas agora eu quero compensá-la por todo sofrimento que eu já te fiz passar.

- Eu não acredito em você.

Derek mentiu para mim diversas vezes e me usou como um objeto descartável, e agora vem
dizer que gosta de mim?
Posso ser idiota em vários aspectos da minha vida, mas não sou tão trouxa a ponto de
acreditar em seu repentino arrependimento.

- Eu sei que não irá acreditar em mim por mais que eu diga alguma coisa, mas eu irei te provar
com o tempo. - Ele fala.

- Não precisa perder seu tempo, porque eu não quero mais nada com você.

- Pode me rejeitar o quanto quiser, só que eu não vou desistir de reconquistá-lá Olívia.

Tenho certeza que Derek está mentindo, e mesmo se não tivesse eu não iria querê-lo em
minha vida novamente.

Derek me desprezou, me usou e me jogou fora, como também disse tantas coisas cruéis, e
agora vem dar uma de arrependido?

Jamais irei confiar nele novamente, por isso estará perdendo seu tempo tentando me provar
que mudou, porque pode passar o tempo que for, eu continuarei não acreditando em sua
palavra.

- Me envie os novos papéis do divórcio assim que estiverem prontos. - Peço.

- Eu não farei isso. - Ele nega com a cabeça.

- Você...

- Mesmo que me odeie não irei lhe dar o divórcio. - Ele me corta.

- Eu não quero ficar casada com um lixo como você.

Me arrependo do que acabei de dizer no mesmo instante, mas apesar de querer pedir
desculpas permaneço quieta.
- Você tem razão. - Derek sorri tristonho. - Realmente sou um lixo.

Meu coração se parte no meio ao vê-lo prestes a desmoronar em minha frente, só que eu
preciso me manter firme ou Derek achará que estou pensando em perdoá-lo.

Derek já disse coisas muito piores para mim, então não tem motivo algum para eu me sentir
culpada, só que infelizmente eu estou.

Não consigo ser tão fria e cruel com Derek mesmo tendo sofrido em suas garras, por isso
acabo me calando ao invés de falar tudo o que penso.

- Não complique ainda mais as nossas vidas Derek. - Digo. - Vamos seguir com nossos caminhos
separados sem olhar para trás.

- Me desculpe Olívia, mas eu não posso deixá-la ir.

- Você está tentando testar minha paciência droga?

- Me dê um tempo para te provar que estou sendo sincero, e se no final das contas não
acreditar em mim eu te dou o divórcio. - Derek pede.

- E por acaso tenho outra alternativa? - Reviro os olhos.

- Não. - Ele balança a cabeça em negação.

Por mais que eu diga alguma coisa ou me irrite, Derek não me dará o divórcio, então só me
resta esperar acabar esse tempo que ele pediu para eu me livrar dele completamente.

Espero que eu não me arrependa de estar lhe dando essa chance apenas para conseguir o
divórcio, caso contrário minha vida ficará ainda mais complicada.

Esse tempo servirá para eu ter ainda mais certeza que Derek está mentindo, e isso me fará ter
mais um motivo para querer ele bem longe da minha vida, e também servirá para Derek
acabar se cansando, e então desista desse seu jogo sádico que está tentando jogar comigo.
Com o tempo verá que está perdendo seu tempo tentando, e quando esse dia chegar terei
minha liberdade enfim.

Poderia dar uma de louca e exigir o divórcio agora mesmo, mas eu conheço Derek o suficiente
para saber que não iria fazer o que eu pedi, e isso só iria me dar ainda mais dor de cabeça, por
isso se ele estiver jogando como eu acho que está, também irei fazer o mesmo jogo sujo que
ele.

- Obrigado por me dar mais uma chance. - Derek agradece.

- Apenas acabe logo com isso para eu poder seguir minha vida.

Me aproximo da cadeira e pego minha bolsa, em seguida coloco a alça no ombro e quando me
viro dou de cara com Derek.

Sou surpreendida quando Derek me puxa para um abraço apertado, e quando tento empurrá-
lo ele me aperta com ainda mais força.

- Me solte Derek. - Peço.

- Eu senti sua falta. - Ele me aperta ainda mais.

Em outro momento eu estaria radiante e até mesmo sentindo meu coração palpitando no
peito, mas ele está me apertando com tanta força, que a única coisa que eu desejo é respirar.

- Quer me matar? - Pergunto com a voz meio estranha. - Não estou conseguindo respirar
direito.

- Me desculpe.

Derek afrouxa um pouco o aperto, mas continua me abraçando como se realmente tivesse
sentindo a minha falta.
- Poderia me soltar? - Peço. - Estou desconfortável.

- Me perdoe.

Derek se afasta e dá alguns passos para trás, e no mesmo instante sinto um vazio preencher
meu corpo.

- Não me abrace novamente. - Peço.

- Por quê?

- Lhe dei um tempo para me dar o divórcio porque eu sei que você não mudará de ideia pois
mais que eu diga alguma coisa, mas assim que seu tempo acabar eu o quero, então não se
engane, porque eu ainda irei querer minha liberdade. - Falo tranquilamente. - E porque eu lhe
dei esse tempo não quer dizer que poderá ter intimidades comigo, então mantenha suas mãos
bem longe de mim de agora em diante.

Ainda tenho sentimentos por Derek e  sei que terei por um bom tempo, mas confiança uma
vez quebrada é algo extremamente raro de se concertar, e quando Derek decidiu jogar sujo
comigo por diversas vezes, perdeu todo meu respeito e admiração que eu estava começando a
ter por ele. 

Cap 29

- Você chamou o Derek Olívia? - Lily indaga.

- Por que eu chamaria o Derek? - Retruco.

Patrick e Eric irão jantar comigo, meus pais e a Lily esta noite, e eu não chamei Derek porque
não tenho motivo algum para chamá-lo.

Não convidei meus amigos para jantarem com a intenção de ser vingativa e deixar Derek de
fora, apenas não acho que seja necessário chamar meu ex-marido para vir a minha casa depois
que já terminamos.
Eu e Lily estamos na sala de estar conversando enquanto os convidados não chegam, e como
fazia algum tempo que ela não tocava no nome do Derek já está começando a ficar
desconfiada.

- Não sei. - Ela dá de ombros. - Talvez seja por quê sente falta dele?

- Está ficando louca? - Pergunto.

- Pode fazer outras pessoas acreditarem em suas mentiras, mas você não me engana garota.

Preciso aprender a esconder meus sentimentos da Lily, pois ela sempre sabe quando estou
mentindo. É praticamente impossível esconder algo dela.

- Eu não sinto mais a falta do Derek. - Minto.

- Continue fingindo, você está se saindo muito bem. - Ela fala com sarcasmo.

- Vamos mudar de assunto por favor. - Peço.

Quando estou sozinha passo todo tempo pensando no Derek, então quando estou com minha
amiga quero que ela fale sobre outra coisa sem ser o meu ex.

Está sendo mais difícil do que eu pensava superar o que eu sinto por ele, e com Derek me
perturbando todos os dias se torna impossível esquecê-lo.

Derek está levando bem a sério o que ele disse sobre me reconquistar, e me provar que está
falando a verdade sobre gostar de mim.

Todos os dias recebo um buquê de flores diferente, e com um cartão com diferentes
declaração de amor. Minha casa está parecendo uma botânica, e se Derek continuar a mandar
flores não terá lugar para caminhar muito em breve.

Já pedi para ele parar por diversas vezes, mas é a mesma coisa que falar com uma parede,
porque ele não me ouve.
Eu deveria jogar tudo fora, e se ele visse talvez pararia de mandar as flores, mas infelizmente
estou me apegando a elas e não tenho coragem de me desfazer de nenhuma.

Eu sou uma fraca e idiota, mas não a ponto de me deixar abalar com flores. Se Derek acha que
pode apagar o passado fazendo isso está muito enganado, porque apesar de estar recebendo
as flores, isso não quer dizer que irei lhe perdoar.

- Você pede para mudar de assunto, mas quando se cala começa a pensar nele. - Lily sorri
largo.

- Você é tão... tão...

- Tão o quê? - Lily pergunta. - Uma amiga tão maravilhosa?

- Tão confiante em si mesma.

- É óbvio. - Ela diz convencida. - Se eu não ser confiante em mim mesma quem será?

- Você tem razão. - Dou um tapinha em sua perna.

Lily tem tanto amor próprio que é até mesmo engraçado de observar. Na verdade eu queria
ser como a minha amiga, mas ainda tenho um longo caminho a percorrer até ser um pouco
parecida com ela nesse aspecto.

- Eu sei que não quer falar sobre isso, mas realmente não vai perdoar o Derek? - Lily questina.

- Eu não confio nele, então seria perca de tempo voltar com um homem que sempre me
deixará receosa. - Respondo.

- Você sabe o quanto eu fiquei com raiva do Derek depois que ele terminou com você, mas eu
acho que ele está sendo sincero Olívia. Pelo que pude perceber ao observá-lo atentamente por
um tempo, deu para ver o quanto ele está sofrendo, e o quanto está se esforçando para te
provar que te ama.
- Talvez ele esteja sendo sincero, só que eu não consigo acreditar no que ele diz. - Suspiro alto.

- Ambos estão sofrendo por serem tão teimosos. - Lily revira os olhos.

Derek já me magoou o suficiente, por isso não quero passar por tudo que já passei novamente,
e a melhor forma de evitar isso é mantendo distância dele.

Lily acha que Derek realmente me ama, e apesar de uma parte de mim desejar que isso seja
real, eu sei que não é.

Derek jamais será capaz de amar alguém, e ficar se iludindo achando que isso iria acontecer
algum dia é perca de tempo, e pedindo para ter ainda mais dor de cabeça.

- Eu sei que já decidiu que ele nunca será capaz de ter sentimentos por alguém, mas eu como
sua amiga devo te aconselhar mesmo que não queira falar sobre esse assunto. - Lily fala. -
Quero que ao menos dê uma chance a ele de provar que está falando a verdade, porque
poderá se arrepender amargamente no futuro.

- Eu não vou. - Nego com a cabeça.

- Não diga isso, pois você não sabe o que o futuro te reserva. Talvez agora tenha certeza que
não se arrependerá, mas poderá acordar um dia arrependida por não ter dado ouvidos aos
meus conselhos.

Há alguns dias Lily estava querendo a cabeça do Derek em uma bandeija, e agora está
convencida que ele me ama.

Talvez eu esteja sendo cega demais e não estou vendo a sinceridade do Derek em suas
atitudes e palavras, ou talvez a minha amiga tenha sofrido uma lavagem cerebral.

Acredito mais na possibilidade de eu estar errada, porque Lily jamais estaria me aconselhando
a dar mais uma chance ao Derek, se ela tivesse certeza que ele está mentindo para mim.

Lily é bem mais observadora que eu, como também consegue manter a calma em alguns...  Na
verdade em pouquíssimos momentos críticos, mas agora ela consegue se controlar um pouco
para não acabar sendo precipitada.
A minha amiga de antes jamais estaria dando o benéfico da dúvida ao Derek, mas conforme o
tempo foi passando tanto eu como ela amadurecemos muito, e agora ela não age por impulso
como antes.

- Vai pensar no que eu disse? - Lily indaga.

- Eu tenho outra alternativa? - Retruco.

- Mas é claro que sim. - Ela balança a cabeça em confirmação. - Você escolhe o que faz da sua
vida. Perdoar ou não? Confiar ou não? Dar outra chance ou não? Esquecer o passado ou ficar
preso nele? Essas são perguntas que você deve fazer a si mesmo, e se as respostas forem não,
estarei ao seu lado juntando seus cacos até se reerguer por completo.

- Odeio quando você coloca dúvidas em minha mente. - Semicerro os olhos.

Eu já tinha decidido acabar com tudo sem ao menos olhar para trás, mas agora eu já não tenho
mais tanta certeza se é realmente isso que quero fazer.

E se eu tiver errada sobre Derek não me amar? E se eu me arrepender de não ter me arriscado
e confiado em sua palavra? Mas... E se eu acabar cedendo e no final das contas sofrer ainda
mais?

São tantas perguntas em minha mente, e nenhuma delas tem resposta. Ser uma pessoa que
não consegue ter confiança em si mesma é tão frustrante, e é por isso que eu acho que preciso
ser mais um pouco parecida com Lily. 

- Escute os conselhos dessa sua velha amiga. - Ela sorri largo. - Se eu tiver errada e Derek ser
um maldito escroto, eu prometo que deixo você raspar minha cabeça.

- Agora estou torcendo para que ele seja, apenas para te ver careca. - Gargalho alto. - Entre o
amor e ter a chance de raspar sua cabeça, escolho raspar sua cabeça.

- Você é tão cruel. - Lily semicerra os olhos.


- Talvez eu tenha aprendido isso com você. 

Quando estávamos estudando para entrar na faculdade, Lily teve a brilhante ideia de que se
alguma de nós duas não passasse no vestibular, teria que raspar a cabeça.

Por medo de acabar ficando careca, passamos dias e noites estudando, e no final das contas o
medo serviu de alguma coisa, pois nós duas passamos no vestibular com sucesso.

- Irei pensar um pouco sobre o que você disse. - Falo.

- Promete?

- Prometo. - Sorrio fraco.

- Fico feliz com isso. - Ela também sorri.

Já não tenho mais nada a perder mesmo, então irei deixar o medo um pouco de lado e irei
observar Derek por um tempo como Lily tanto deseja. Espero que minha amiga também esteja
certa dessa vez, porque se não, irei lhe ver sem cabelos com toda certeza. 

- Agora...

Me calo quando alguém toca a campainha da casa, e antes mesmo de eu ter a chance de me
levantar Lily já está perto da porta. Tudo isso é saudade do Patrick?

- Sejam bem vindos. - Ela fala com animação.

Me levanto do sofá calmamente, e quando me viro em direção à porta, meu coração se


acelera no mesmo instante ao dar de cara com Derek me observando de longe.
Cap 30

- Sejam bem vindos. - Lily recebe os convidados com um sorriso largo nos lábios.

Ela fecha à porta da casa assim que todos entram no recinto, e logo em seguida guia todos até
à sala.

Patrick me cumprimenta assim que se aproxima de mim, em seguida vai para junto da Lily
novamente.

- Como você está Olívia? - Eric pergunta ao se aproximar.

- Estou ótima e você? - Sorrio largo.

- Melhor agora que estou vendo minha deusa. - Ele sorri de canto.

- Não seja exagerado. - Gargalho alto.

Olho de relance para Derek e vejo o quanto ele está irritado com o amigo, mas se mantém
calado por mais que pareça querer arrancar a cabeça do Eric.

Se eu fosse uma mulher imatura poderia aproveitar a oportunidade para fletar com Eric
apenas para deixar Derek irritado, mas eu sou madura o suficiente para não fazer isso.

Prefiro ignorar certos tipos de coisas a agir como uma pessoa sem caráter apenas para ferir
outra.

Conheço Eric bem o suficiente para saber que ele fica dando em cima de mim na frente do
Derek apenas para deixá-lo furioso, e pela cara dele Eric está conseguindo.

- Sentem-se.

Eric se senta em uma das poltronas, Patrick e Lily se sentam no sofá, e eu e Derek ficamos nos
encarando de pé mesmo.
- Olá Olívia.

- Olá Derik.

Se instala um silêncio ensurdecedor entre nós, mas continuamos nos encarando pelo que
parece uma eternidade.

- Você está linda. - Derek fala alguma coisa enfim.

- Obrigada, eu acho. - Agradeço sem graça.

- Podemos conversar em particular por alguns minutos? - Ele questiona.

- Sim.

Começo a caminhar em direção ao escritório do meu pai com Derek em meu encalço, mas de
repente paro e me viro para Lily e falo:

- Diga aos meus pais que os convidados chegaram.

- Ok. - Ela acena com a cabeça.

Começo a caminhar novamente, e a cada passo que dou sinto meu coração se agitar ainda
mais no peito, mas continuo caminhando rumo ao desconhecido.

Se fosse antes eu iria negar seu pedido com toda certeza, mas eu prometi a Lily que iria dar o
benefício da dúvida ao Derek, por isso irei ouvir o que ele tem a falar.

- Entre. - Digo assim que paro em frente à porta e a abro.

Derek adentra o escritório em silêncio, e eu faço o mesmo e fecho à porta logo depois.
- Sente-se. - Aponto para uma das poltronas.

- Obrigado. - Derek agradece.

Me sento de frente para ele e começo a observar Derek atentamente, e percebo o quanto ele
parece nervoso.

Vê-lo agindo assim é uma grande surpresa para mim, porque eu nunca vi ele demonstrar tanto
nervosismo em todo o tempo que o conheço.

- Como você tem passado Olívia? - Ele questiona.

- Estou muito bem. - Minto. - Melhor impossível.

- Fico feliz por isso. - Derek sorri fraco.

- O que queria conversar comigo Derek? - Questiono. - Se fosse para me perguntar como eu
tenho passado poderia ter feito isso na frente de todos.

- Bem... Eu...

Derek se cala e então passa a mão pelo resto com nervosismo, e eu tenho que assumir que é
até engraçado ver ele agindo dessa forma.

Derek é sempre tão centrado e nunca demonstra nervosismo com nada em sua vida, mas
agora ele está tão estranho que é incrivelmente surpreendente.

- Tem recebido as flores que estou mandando? - Ele questiona.

- Sim. - Confirmo com a cabeça. - E já que tocou nesse assunto quero pedir para que pare.

- Por que? - Indaga. - Não gostou delas?


- Não. - Minto. - E isso é muito incômodo.

- Me desculpe. 

Derek abaixa a cabeça sem graça, e no mesmo instante me pergunto se não fui muito rude
com ele.

- Soube pelo Eric que você está procurando um emprego. - Derik muda de assunto de repente.

- Sim, eu estou.

Pelo jeito meus amigos devem estar falando para Derek tudo que estou fazendo ultimamente,
mas cuidar da própria vida deles não querem.

- Se precisa da minha ajuda é só falar.

- Obrigada, mas eu quero fazer isso sozinha. - Digo.

Eu sei que se eu tivesse a ajuda do Derek arrumaria um emprego até mesmo nesse mesmo
instante, mas eu realmente quero um trabalho pelos meus próprios esforçar.

Tenho em mente que não será tão fácil, mas mesmo assim estou confiante de que alguma boa
alma vá me ajudar em breve.

- Está adiantando de alguma coisa os meus esforços Olívia? - Derek pergunta. - Está
acreditando em meu amor por você nem que seja um pouquinho?

- Me desculpe, mas eu ainda não confio em você. - Assumo.

Eu decidi observar Derek por um tempo, só que ele não precisa ficar sabendo disso, por isso eu
não irei dizer nada.
- Acho que não estou me esforçando o suficiente. - Ele diz tristinho.

Derek está se esforçando sim, mas sou eu que tranquei meu coração e decidi não confiar nele,
mas agora eu irei observar se ele realmente está sendo sincero, e poderei saber com o tempo
se valeu a pena dar essa chance ou não.

- Já perguntou tudo que queria? - Indago me levantando. - Se sim vamos voltar para a sala.

Nem espero Derek me responder e então lhe dou as costas e começo a caminhar em direção à
porta, mas sou surpreendida quando ele me abraça por trás.

- O que está fazendo Derek? - Tento me soltar.

- Só me deixe de abraçar por alguns segundos. - Ele pede.

Tento me soltar do seu aperto, e como previsto Derek me aperta ainda mais fazendo a minha
tentativa ser inútil.

- Me solte. - Peço.

- Só um minuto por favor. - Ele pede.

Derek afrouxa o seu aperto apenas para me virar de frente para ele, em seguida começa a me
abraçar com força novamente.

Se antes eu queria fugir agora eu não quero mais, porque me sinto em segurança em seus
braços. Me sinto tão confortada e feliz, que desejo que Derek nunca se afaste de mim.

- Você não faz ideia de como eu sinto a sua falta Olívia.

- Eu também sinto a sua. - Assumo.

- Você... Você o quê? - Ele se distancia e me encara de olhos arregalados.


- Eu te amo Derek, e esse sentimento não vai embora da noite para o dia. - Falo. - Mesmo eu
não querendo eu sinto a sua falta.

- Fala de novo.

- Falar o quê? - Pergunto.

- Que você me ama.

- Eu disse isso? - Me finjo de desentendida. - Não me lembro.

Derek abre um largo sorriso, e se antes ele estava me olhando com tristeza e desânimo, parece
que depois do que eu disse ele ficou animado de repente.

- É a primeira vez que você diz que me ama. - Ele fala.

- Não me lembro de ter dito isso.

- Mas eu me lembro, e jamais irei me esquecer. - Diz.

Derek me abraça novamente, em seguida beija o topo da minha cabeça enquanto eu aceito
suas demonstrações de carinho e afeto.

Eu deveria estar mantendo distância, mas eu sinto tanto a sua falta que não estou me
importando com nada no momento a não ser estar em seus braços.

- Eu te amo Olívia. - Derek fala.

Me afasto dele e fico o observando atentamente, para assim ver se de alguma forma percebo
alguma mentira em suas palavras.
- Eu te amo. - Ele repete. - Depois que você entrou em minha vida descobri o que é o amor
real, e ao mesmo tempo descobri como é sofrer por esse amor.

Antes eu estava preso ao passado, e até mesmo pensava que nunca seria capaz de amar outra
pessoa como eu amei Pietra, mas depois que eu te perdi percebi o quanto eu estava errado,
porque foi então que eu percebi que meu amor por você era bem maior do que eu poderia
imaginar. Fui tão idiota que só assumi meus sentimentos para mim mesmo depois que você foi
embora, e foi então que comecei a sofrer, mas eu realmente espero que me dê mais uma
chance para te provar que estou sendo sincero, mesmo que eu não mereça nada vindo de
você a não ser desprezo.

- Eu não...

- Eu não disse isso para que se sinta obrigada a me dar uma resposta. - Derek me corta. - Irei
esperar por você leve o tempo que precisar Olívia.

Gosto de que ele não esteja me jogando contra a parede e esteja me dando liberdade para eu
fazer o que desejo, e por causa disso Derek ganhou um ponto comigo.

- Só não me deixe esperando por muito tempo, porque eu quero você em nossa casa
novamente. - Ele sorri largo.

Derek passa a mão por minha bochecha e então começa a aproximar seu rosto do meu
lentamente.

Eu deveria colocar uma distância segura entre nós dois, mas continuo parada no mesmo lugar
esperando pelo toque dos seus lábios nos meus, só que para minha completa frustração Derek
beija apenas a minha bochecha.

- Acho... Acho que é melhor voltarmos para a sala. - Digo sem graça.

Praticamente corro em direção à porta do escritório e a abro, e então começo fugir o mais
depressa possível antes que eu acabe fazendo algo que possa me arrepender depois.

- Espere por mim! - Derek grita.


Continuo caminhando rápido, mas é apenas questão de segundos ele surge ao meu lado de
repente, o que faz meu coração saltar ainda mais no peito.

Assim que nos aproximamos da sala encontramos todos conversando com animação, e
quando notam nossa presença se calam no mesmo instante.

- E então querida? Decidiu perdoar seu marido? - Papai pergunta do nada.

Cap 31

- E então querida? Decidiu perdoar seu marido? - Papai pergunta do nada.

Me sento ao seu lado ignorando a sua pergunta, mas eu o conheço bem o suficiente para
saber que o senhor Fred não ficará em silêncio.

- O senhor está lindo esta noite.

- Não mude de assunto mocinha. - Ele semicerra os olhos.

- Olívia não me perdoou ainda. - Derek diz se sentando ao meu lado. - Mas irei lutar para que
isso aconteça muito em breve.

- Bom garoto. - Papai sorri largo.

Minha mãe continua calada, e pela sua feição não está nem um pouco animada como meu pai
está.

Papai ficou furioso quando soube que eu e Derek havíamos terminado, mas sua raiva passou
logo após conversar com o Derek.
Gostaria de saber sobre o que eles falaram, e até mesmo perguntei ao meu pai, só que ele
ficou quieto e me deixou na curiosidade.

Ou Derek é muito bom em manipular as pessoas, ou ele realmente está sendo sincero dessa
vez, a ponto de convencer meu pai que gosta de mim em apenas uma conversa.

Minha mãe ainda está irritada com ele, e provavelmente ficará até Derek provar que
realmente está sendo sincero sobre seus sentimentos.

- Tem certeza que vai dar uma chance ao Derek? - Eric pergunta.

- Estou pensando nisso.

- Não faça isso. - Ele balança a cabeça em negação. - Sou muito melhor que o Derek.

- Vou quebrar a sua cara. - Derek fala com irritação.

- Pode até tentar meu amigo, mas conseguir é outra história. - Eric o provoca.

Minha mãe olha para mim de uma forma estranha, o que faz eu ter certeza que ela quer
perguntar algo.

- O que quer saber mamãe? - Pergunto.

- Nada. - Ela responde.

- Tem certeza? - Indago.

- Está pensando em dar outra chance ao Derek porque se sente pressionada por nós? Ou por
quê realmente quer fazer isso?

- Eu quero fazer isso. - Sorrio fraco.


- Não tenho o direito de dizer nada depois de eu e seu pai te obrigar a casar, mas eu...

- Não quero mais falar sobre esse assunto mamãe. - A corto. - Esse assunto está no passado e
eu quero que fique lá.

Agora é tarde demais para arrependimentos, por isso eu prefiro que ninguém toque nesse
assunto, para evitar de abrir minhas feridas novamente.

Quando escolhi perdoar meus pais pelo que fizeram, decidi enterrar o passado junto com
minha mágoa por eles, e ficar relembrando o que aconteceu não é nem um pouco agradável.

- Talvez seja melhor contar a ela Fred. - Mamãe fala.

- Fique quieta mulher. - Papai a repreende.

- Me contar o quê? - Pergunto.

- Se não dizer a ela o que está acontecendo, eu mesma direi. - Mamãe fala com seriedade.

Meu pai olha para ela com irritação, mas ao mesmo tempo parece implorar para que ela se
cale, e os dois agindo dessa jeito está me deixando preocupado.

- A Aurora tem razão Fred. - Derek fala. - Já está na hora da Olívia saber de tudo.

- Alguém vai me dizer o que está acontecendo? - Me irrito. - Pelo jeito sou a única que não
sabe de nada.

Todos ficam em silêncio enquanto olham para mim penosos, e isso só serve para deixar eu
ainda mais preocupada.

- Promete que não ficará brava comigo? - Papai pergunta.

- Eu já estou brava. - Retruco. - Mas prometo que farei o possível para entender a situação.
Meu pai pega minha mão e aperta com firmeza, e a forma que ele me olha faz meu coração
doer no peito.

- Eu estou morrendo Olívia. - Ele joga a bomba de repente.

- Que brincadeira sem graça é essa? - Pergunto incrédula.

- Não é brincadeira. - Ele abaixa a cabeça.

Me levanto e me afasto um pouco, e ao voltar a minha atenção para eles vejo que todos estão
tristes e cabisbaixo.

- Por favor me diga que isso é apenas uma brincadeira de mal gosto papai.

Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto ele se levanta e vem até mim lentamente, e
assim que se aproxima ele me puxa para um abraço apertado.

- Eu gostaria que fosse querida. - Ele fala baixinho.

- Por que escondeu isso de mim?! - Indago.

- Eu não queria te deixar preocupada.

Me afasto do meu pai e enxugo as lágrimas, mas elas insistem em banhar meu rosto.

- Todos sabiam menos eu? - Questiono.

- Sim. - Papai responde.

- Como pôde esconder isso de mim?


- Me perdoe meu bem, eu estava errado. - Ele abaixa a cabeça.

Meu coração dói tanto nesse momento, que a única coisa que consigo fazer é chorar
descontroladamente.

- Se acalme meu bem. - Papai me abraça novamente.

Então esse era o motivo do meu pai e a minha mãe estarem agindo tão estranhos comigo
desde que eu voltei para casa.

Já havia percebido uma mudança considerável na aparência do meu pai, e até mesmo na
forma de se locomover, mas eu achei que era porque ele estava triste por ter perdido sua
empresa.

Eu até mesmo achei que ele tava doente, mas quando tocava nesse assunto sempre
desconversava ou me ignorava. Eu deveria ter percebido que era isso, mas infelizmente acabei
esperando eles me contarem o que está acontecendo, e por isso acabei desistindo de fazer
perguntas.

Ele passava a maior parte do tempo se escondendo em seu quarto, e como eu não queria
incomodar acabei dando liberdade ao meu pai.

- O que o senhor tem? - Questiono.

- Estou com leucemia.

- Mas não tem cura? - Pergunto esperançosa.

- Não mais. - Ele nega com a cabeça. - Descobri tarde demais.

- Mas... mas...

- Eu estou bem com isso querida. - Ele sorri largo.


- Mas eu não. - Falo. - Não estou bem sabendo que meu pai pode morrer a qualquer momento.

- Não quero que meus últimos momentos seja vendo minha filha triste.

Como ele pode esperar que eu fique feliz com essa situação? Meu pai está morrendo e não a
nada que eu possa fazer para ajudá-lo.

- Eu sei que foi um baque para você saber o que estava acontecendo, mas eu quero que
continue agindo como a Olívia feliz de sempre. - Ele fala.

- Irei tentar. - Digo.

Sei que não será fácil agir como antes, mas eu também não quero que os últimos dias ou
meses de vida do meu pai, seja vendo a sua filha sofrendo.

Farei o que tiver ao meu alcance para que ele seja feliz nesse tempo, mesmo que eu tenha que
esconder como eu realmente estou me sentindo.

- Estou muito brava com todos vocês. - Aponto o dedo para todos.

- Me desculpe. - Lily pede envergonhada.

- O segredo não era meu, eu não tinha o direito de dizer nada. - Eric fala.

- Nem eu. - Patrick levanta as mãos em sinal de rendição.

- Nem eu. - Derek faz o mesmo.

Como tiveram capacidade de esconder algo tão sério de mim? Tenho certeza que meu pai fez
todos prometerem guardar segredo, mas isso não é algo que deva ser escondido de alguém
em hipótese alguma.
Como eu iria me sentir quando recebesse a notícia da morte do meu pai de repente, e depois
soubesse que todos sabiam sobre a sua situação menos eu? Iria passar o resto da minha vida
me culpando e me achando uma péssima filha por não perceber o que estava acontecendo.

- Vamos nos sentar.

Papai pega minha mão e começa a caminhar em direção ao sofá, e assim que nos
aproximamos nos sentamos lado a lado.

- Descosbri sobre a minha doença alguns dias antes de vender a empresa ao Derek. - Ele
começa a explicar. - Como eu sabia que não teria a chance de reerguê-la eu decidi a passar
para o Derek, mas em troca ele deveria se casar com você. Você pensou esse tempo todo que
eu te vendi para salvar o meu legado, mas na verdade eu queria achar alguém que seria capaz
de proteger você e sua mãe quando eu me fosse. Implorei para Derek se casar com você
porque eu sabia que ele era um bom homem, e você estaria protegida com ele. Derek pode ter
agido como um idiota antes querida, mas ele foi capaz de assumir seu erro e está lutando para
te provar que te ama, e ao observá-lo eu tenho certeza que fiz a escolha certa.

- Por que não me disse nada? - Pergunto. - Por quê me deixou pensar o pior do senhor esse
tempo todo?

- Eu sabia que se eu te contasse a verdade, você não iria aceitar o casamento. - Ele responde.

Saber disso só faz eu me sentir ainda mais culpada por ter o odiado, e mantido distância por
achar que meu pai seria capaz de me vender por causa da sua empresa, mas na verdade ele só
estava tentando cuidar de mim enquanto eu pensava o pior dele.

- Me perdoe. - Peço. - Me perdoe por tudo que eu disse e fiz.

- Não precisa me pedir perdão bobinha. - Ele aperta minha bochecha.

Abaixo minha cabeça quando meus olhos se enchem de lágrimas novamente, porque não
quero começar a chorar e deixar meu pai triste.

De repente me vem algo em mente e não é nem um pouco agradável a minha dúvida. Derek
está falando sério sobre me amar, ou só está com pena do meu pai e quer que seus últimos
momentos sejam com todos a sua volta?
Cap 32

- Por que está tão quieta Olívia? - Derek pergunta.

- Não é nada. - Forço um sorriso.

- Me diga o que está acontecendo. - Ele pede. - Talvez eu possa te ajudar.

Derek se senta na beirada da minha cama, e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Por que não me disse nada sobre a doença do meu pai? - Pergunto.

- Porque eu não tinha o direito de revelar seu segredo. - Ele responde. - Eu queria te contar,
mas não podia.

Eu não sei se eu conseguiria esconder um segredo desse de uma pessoa. Se tratando da vida
de alguém, acho que não conseguiria manter minha boca fechada mesmo que tivesse
prometido segredo a pessoa.

- Me perdoe por não ter te contado antes. - Derek pede.

- Me sinto tão culpada por odiá-los tanto.

- Como poderia saber o por quê seu pai fez o que fez? Qualquer filho agiria da mesma forma
que você.

Eu sei disso, mas só porque eu sei não quer dizer que alivia a culpa que estou sentindo.

Mative distância deles por estar brava, e nesse meio tempo meu pai poderia ter falecido, e aí
eu iria me sentir ainda mais culpada quando soubesse o que tinha acontecido.
Agora que eu sei a verdade me sinto estranha e ao mesmo tempo agradecida, porque acabei
tendo a chance de conhecer o Derek.

Se fosse eu no lugar do meu pai talvez faria tudo diferente, porque eu iria preferir contar a
verdade ao invés de esconder coisas, mas como não estou em seu lugar não estou em posição
de opinar.

Mas ainda assim acho que ele deveria ter me dito a verdade ao invés de me casar com um
desconhecido, porque eu saberia me cuidar sozinha quando ele se fosse.

Agora é tarde demais para arrependimentos ou mudanças de planos, por isso o melhor a se
fazer é aceitar o que está acontecendo mesmo que seja difícil.

Quero que os últimos dias de vida do meu pai seja alegre e divertido, e mesmo eu sabendo
que não será uma tarefa nada fácil fingir que não estou destruída por dentro, ou agir como se
nada estivesse acontecendo, ainda assim me manterei de cabeça erguida por ele até o fim.

- Já está tarde. - Derek fala olhando no relógio sobre o pulso. - Preciso ir embora.

Não quero que Derek me deixe essa noite, mas se eu pedir para ele ficar ele ficaria?

- Posso te pedir algo? - Pergunto.

- Sim. - Ele balança a cabeça em confirmação.

- Fica comigo essa noite. - Peço. - Não quero ficar sozinha.

- Tem certeza? - Ele indaga.

- Tenho sim.

Todos agiram como se nada tivesse acontecido durante o jantar, mas apesar de todos estarem
brincando e rindo, eu podia ver no olhar de todos tristeza pelo meu pai.
Depois que todos foram embora apenas Derek ficou um pouco mais para me fazer compainha,
mas eu realmente não quero que ele vá embora.

- Deite-se ao meu lado. - Peço.

Derek levanta o cobertor e faz o que eu peço o mais depressa possível, e após se deitar ele me
abraça com força.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Claro que sim. - Responde.

- Está agindo assim comigo, por quê sente pena do meu pai? - Questiono.

- Que bobeira é essa Olívia?

- Por alguns segundos passou por minha mente que você disse que me ama e está tentando
convencer todos disso, porque quer cumprir sua promessa ao meu pai. - Assumo.

Derek se vira de frente para mim, me olha bem de perto e fala:

- Eu te amo mais do que tudo nesse mundo, nunca duvide disso.

Derek parece estar sendo sincero, e por isso decido confiar em sua palavra mais uma vez, e por
isso espero não me arrepender.

Não posso dizer que o conheço completamente, e Derek pode até mesmo estar jogando
comigo por ser um cretino, mas eu decidi confiar nele de agora em diante.

Se tenho intenção de lhe dar mais uma chance, seria ruim para nós dois se eu ficasse
desconfiando dele dia após dia.
Vou esquecer o que aconteceu porque eu o amo e acho que podemos nos dar bem juntos, e
no momento que eu o perdoar o passado ficará no passado, e não irei mais tocar ou relembrar
o que aconteceu.

Acho que essa é a melhor forma de seguir em frente, porque se eu o perdoasse e continuasse
sempre jogando em sua cara os erros que cometeu, nunca teríamos a chance de sermos
felizes.

Não posso dizer que confio plenamente em Derek, mas estou lhe dando uma chance para me
mostrar que realmente está sendo sincero, porque eu o amo, e quero acreditar no que ele diz.

- No que está pensando? - Ele questiona. - Ainda acha que estou mentindo para você?

- Eu seria uma mentirosa se dissesse que confio plenamente em você, mas eu decidi lhe dar
um chance porque quero acreditar em sua palavra. - Confesso.

- Se está disposta a acreditar em mim já é o suficiente, porque irei te convencer de que


realmente te amo leve o tempo que precisar Olívia.

Me aconchego ainda mais em Derek e ele me abraça com ainda mais força, em seguida ele
beija minha testa rapidamente.

- Eu te amo. - Ele diz baixinho.

- Eu também te amo.

Quando estou em seus braços me sinto segura e confortada, e é exatamente onde quero estar
o resto da minha vida.

Deveria ser estranho estarmos tão próximos depois de ter terminado nosso relacionamento,
mas para mim não é nem um pouco, e tenho que assumir que eu amo isso.

- Se seus pais souberem que passei a noite aqui, provavelmente vão ficar irritados.

- Minha mãe talvez, mas o papai vai ficar radiante. - Falo.


- Preciso reconquistar a confiança dela em mim. - Derek suspira alto.

- Você fará isso, só dê um pouco de tempo a ela.

Depois de tudo é aceitável que a mamãe esteja desconfiada, mas se Derek está sendo sincero
irá provar isso a todos nós.

- Estou com medo de ser expulso. - Derek ri baixinho.

- Você é meu marido, é normal que passamos à noite juntos.

Derek se afasta um pouco e então o olho, e ao vê-lo sorri com malícia já sei que ele vai sugerir
algo.

- Acho que seu marido merece um beijo. - Ele faz um biquinho ridículo.

- Vou pensar um pouco sobre isso.

- Pense com carinho. - Ele pisca para mim.

- Talvez você mereça um beijinho. - Digo sorrindo.

- Só um?

- Só um. - Confirmo com a cabeça.

Derek aproxima seu rosto do meu, e no mesmo instante sinto meu coração começar a se
acelar como se fosse a primeira vez que ele me beija.

Envolvo meus braços em volta do seu pescoço e o puxo para mais perto de mim, porque amo a
sensação de estarmos tão colados um no outro, a ponto de sermos apenas um.
Derek se afasta de repente, e automaticamente sinto um vazio que não gosto nem um pouco,
mas que disfarço para que ele não perceba.

- Acho melhor pararmos por aqui. - Ele fala ainda meio ofegante.

- Eu não quero parar.

Derek começa a tossir freneticamente enquanto me encara de olhos arregalados, e parece não
acreditar no que acabei de falar.

- Acho que estou ouvindo mal. - Ele bate levemente nas orelhas com as mãos.

- Você está ouvindo muito bem.

- Mas... Mas...

- Mas o quê Derek?

- Tem certeza disso? - Ele pergunta ainda incrédulo.

- Sim, eu tenho certeza do que eu quero.

Já está na hora de fazermos o nosso casamento ser real em todos os aspectos possíveis, e se
realmente queremos que isso dê certo, não poderei continuar fugindo.

Estou prestes a ter um infarto de tanto que estou nervosa, mas estou fingindo não estar
porque não quero parecer uma virgem bobona e medrosa, não que isso seja uma coisa ruim.

- Realmente está falando sério? - Derek ainda me olha desconfiado.


Me aproximo do seu rosto e lhe dou um beijo na testa, em seguida beijo ambos os lados da
sua bochecha e seus lábios rapidamente, tentando assim de alguma forma criar um pouco
mais de coragem.

- Sim, eu estou falando sério. - Respondo.

Cap 33 – Penúltimo Capítulo

Já tem alguns minutos que acordei, e desde então estou observando Derek dormir
tranquilamente.

Passo a mão por seu rosto levemente, mas paro quando ele começa a se mexer.

Como esse homem consegue ser tão lindo até mesmo nesse momento? Eu durmo com a boca
aberta, e de vez em quando acordo com baba escorrendo pelo canto da minha boca, coisa que
não é nem um pouco atraente.

- Eu te amo. - Digo baixinho.

- Eu também te amo.

- Desde quando está acordado? - Pergunto.

- Desde o momento que passou a mão por meu rosto. - Ele sorri largo.

- Por que não disse nada? - Questiono.

- Porque eu queria que continuasse fazendo carinho em mim, mas você parou.

Deito minha cabeça no peito do Derek, e no mesmo instante ele começa a fazer cafuné em
minha cabeça, coisa que eu amo.
- Você está acordada desde quando? - Ele questiona.

- Faz um tempinho. - Respondo.

- Por que não me acordou?

- Gosto de te observar dormindo. - Respondo.

Derek beija minha testa, em seguida começa a fazer cafuné em meu cabelo novamente.

- Como está se sentindo? - Indaga.

- Melhor impossível.

- Tem certeza? - Sua voz soa preocupada.

- Tenho certeza.

Derek foi carinhoso, cuidadoso e gentil em todos os aspectos possíveis na nossa primeira noite
juntos, por isso não tive motivo algum para reclamar ou ficar traumatizada.

- Acho que deveríamos nos levantarmos. - Derek fala.

- Não quero.

- Nem eu. - Ele ri baixinho.

Por mim eu passaria o dia todo deitada em seus braços, não seria sacrifício algum fazer isso.

- O que vamos fazer agora? - Pergunto.


- Agora vou te levar para nossa casa. - Ele responde.

- Não estamos nos apressando demais?

- Não. - Derek responde. - Quero ir dormir com você ao meu lado todos os dias, e quando eu
acordar também quero você junto de mim.

- Eu também quero isso.

Se podemos estar juntos desfrutando do nosso amor todos os dias, por quê nos mantermos
distantes um do outro?

Não quero mais ficar longe desse homem, por isso nossa história juntos recomeçará do zero,
onde não lembraremos mais coisas desagradáveis do passado.

- Será uma boa ideia voltar a morar com você e deixar meu pai nesse momento? - Pergunto.

- O que você decidir fazer eu aceito.

- Obrigada por me entender. - Agradeço.

- Não precisa me agradecer meu amor.

Derek beija minha testa rapidamente, e quando se afasta um pouco me abraça com força me
confortando.

Não quero deixar meus pais sozinhos, mas também não posso abrir mão do meu marido
mesmo que ele seja tão compreensivo.

Meu pai quer que continuamos agindo como antes, por isso voltarei a morar com Derek, mas
dessa vez virei visitá-los todos os dias.

- Vou voltar para casa com você. - Digo.


- Tem certeza? - Derek pergunta.

- Tenho sim. - Digo com convicção.

- Não vai se arrepender ou se culpar depois?

- Não. - Balanço a cabeça em negação.

Tenho certeza que estou fazendo a escolha certa, como também tenho certeza que meu pai irá
apoiar a minha decisão.

- Se tem tanta certeza do que quer, então vamos para casa.

- Vamos. - Sorrio largo.

Me sinto nas nuvens como uma adolescente apaixonada, mas ao mesmo tempo tenho medo
de que eu acorde de repente, e perceba que tudo não passou de um sonho bom.

- Agora deveríamos nos levantarmos. - Derek fala.

- Você tem razão. - Concordo com ele.

Derek começa a passar o dedo polegar por meu ombro, o que me causa calafrios agradáveis, e
apesar de dizermos que precisamos levantar, continuamos deitados.

Realmente não tenho vontade alguma de me levantar, porque terei que voltar ao mundo real,
onde a dor me espera sem pena alguma.

- Se continuar me abraçando dessa forma, não conseguirei...

- Apenas fiquei quieto. - O corto.


- Sim senhora. - Derek ri baixinho.

Derek começa a mexer em meu cabelo novamente, e a cada segundo que passa me sinto cada
vez mais sonolenta.

- Está dormindo Olívia? - Ele pergunta.

- Ainda não. - Digo baixinho.

- Está cansada?

- Um pouquinho. - Assumo. - Você acabou com as minhas energias noite passada.

- Quanta mentira. - Derek gargalha alto.

Me aconchego ainda mais em seu corpo enquanto eu também sorrio igual uma boba
apaixonada, e Derek volta a passar a mão por meus cabelos.

- Olívia?

Pela voz parece ser minha mãe me chamando enquanto bate na porta do meu quarto, e no
mesmo instante meu corpo gela.

Me levanto rapidamente e corro em direção à porta, com medo de que meu pai tenha
falecido, e ao abri-la me tranqulizo um pouco pois minha mãe não parece estar desesperada e
nem chorando.

- O que foi mamãe? - Pergunto. - Aconteceu algo?

- Não. - Ela nega com a cabeça. - Só vim ver como você estava, pois não é acostumada a ficar
até tarde dormindo.
- Bem... - Sorrio sem graça.

- Bom dia sogra. - Derek a cumprimenta.

Ele esta enrolado em meu cobertor encarando minha mãe com um largo sorriso nos lábios, e
quando o vê ela arregala os olhos surpresa, e após o susto inicial mamãe começa a ficar toda
corada.

- Bom... Bom dia. - Ela guagueja.

- Como passou à noite? - Ele questiona. - Dormiu bem?

- Muito bem e você?

- Sua filha não deixou eu...

- Cale a boca. - Lhe dou um chute na perna de leve.

Se antes minha mãe parecia sem graça, agora ela parece prestes a sair correndo.

- Não vou mais incomodá-los. - Ela fala.

- Não está incomodando mãe. - Digo.

Ela apenas acena com a cabeça e então sai de perto de nós rapidamente, e após eu observá-la
por alguns segundos fecho à porta.

- Você e sua boca grande. - Semicerro os olhos.

- Ela perguntou se eu dormi bem, e como sou um genro prestativo e sincero tive que falar a
verdade.
- Me mata de vergonha. - Balanço a cabeça em negação.

Caminho em direção a cama rapidamente enquanto Derek me segue de perto, e assim que me
aproximo dela começo a arrumá-la com a ajuda do Derek.

- Preciso de outro banho. - Digo após arrumar a cama.

- Ótima ideia. - Derek sorri com malícia.

Corro em direção à porta do banheiro ligeiramente, e assim que o adentro tranco-a


rapidamente.

- O que está fazendo Olívia? - Derek bate na porta.

- Vou tomar banho sozinha. - Digo enquanto sorrio baixinho.

- Por favor me deixe entrar. - Ele pede.

- Não.

- Mas...

- Eu já disse que não. - O corto.

Derek resmunga algumas coisas que não entendo, e após alguns segundos eu abro à porta e
dou de cara com ele sentado na beirada da cama emburrado.

- Vai ficar daí me olhando ou vai entrar no banheiro? - Pergunto.

Derek se levanta mais do que depressa e corre em minha direção, e dessa vez com um sorriso
nos lábios.
- Você é tão má.

- Quer que eu te expulse do banheiro? - Finjo irritação.

- Não. - Ele nega com a cabeça.

- Ótimo. - Lhe dou um tapinha no traseiro.

Começo a me despedir enquanto Derek faz o mesmo, mas ainda fico meio sem graça perto
dele, porque ainda não me sinto confiante o bastante para me expor para outra pessoa dessa
forma, mesmo que ele seja meu marido.

- Está envergonhada? - Derek parece perceber.

- Sim. - Confesso.

- Não precisa. - Ele fala calmamente. - Você é perfeita em todos os aspectos possíveis, e
mesmo se não fosse te amaria da mesma forma.

- Se estivéssemos com os dentes escovados iria te beijar nesse mesmo instante. - Sorrio largo.

Acho muita falta de higiene ficar se beijando com bafo, e espero que Derek também pense da
mesma forma que eu, porque não quero beijá-lo nessas condições.

- Vamos resolver isso agora mesmo. - Ele também sorri.

Derek pega minha escova e me entrega após passar o creme dental, em seguida pega uma
escova reserva que sempre guardo e também começa a escovar os dentes.

Parecemos dois idiotas e agindo como idiotas enquanto fazemos palhaçadas um para o outro,
e esse momento que para muitos seria infantilidade da nossa parte, para mim será mais uma
lembrança boa guardada em minha mente.

- Preparada? - Derek pergunta após terminarmos o que estávamos fazendo.


- Sempre. - Sorrio largo.

Derek me puxa para mais perto de si, em seguida junta seus lábios com os meus e me beija
com sofreguidão, e eu retribuo com a mesma intensidade, esquecendo assim por mais algum
tempo meus problemas.

Cap 34 – Último capítulo

Derek

- Cuide bem das minhas garotas quando eu não estiver mais por perto. - Fred pede.

- Não precisa se preocupar quanto a isso. - O tranquilizo. - Fiz uma promessa e a manterei.

- Eu sempre soube que você era um bom homem. - Ele sorri largo.

- Estou tentando ser.

Fred veio até mim furioso quando soube sobre o contrato e o fim do meu casamento com a
Olívia, mas naquele momento eu já sabia que a amava, então me humilhei e implorei por seu
perdão.

Fred tem um bom coração por ter me perdoado tão fácil, porque se fosse comigo, e um
homem tivesse feito minha filha sofrer, iria lhe dar uma boa lição.

- Só de olhar para vocês da para perceber o quanto se amam. - Fred sorri largo.

- O senhor não faz ideia do quanto eu realmente amo sua filha. - Digo.

- Isso me deixa muito feliz e aliviado.


Por longos anos não fui um cara decente e nem ao menos me preocupava em magoar as
pessoas, mas depois que eu conheci Olívia comecei a sentir vergonha de mim mesmo.

Decidi mudar de vida por ela e por mim mesmo, porque eu não queria mais continuar naquela
vida, como também não queria que Olívia vesse apenas o pior de mim.

Por nós dois fui capaz de mudar e ainda estou mudando, e eu não me arrependo nem um
pouco das novas escolhas que fiz em minha vida.

Me sinto livre das amarras que me prendeu por tantos anos, e tudo isso se deve ao fato da
Olívia me mostrar que se a vida te derrubou uma vez, não é motivo algum para continuar no
chão.

Confio cegamente na mulher que tenho ao meu lado, porque eu sei que Olívia nunca será
capaz de me trair, da mesma forma que eu jamais farei o mesmo com ela.

Não sou mais um homem neurótico e medroso, um homem que apenas pensa e espera o pior
das pessoas, e com toda certeza não sou mais o Derek sem amor e sem caráter de antes.

Tive que perder para aprender a dar valor, tive que sofrer para perceber que a dor que senti
no passado não chegava nem perto de quando Olívia me deixou.

Com ela eu senti a verdadeira dor de perder alguém especial, mas também foi com ela que
reaprendi amar e confiar, e por isso serei eternamente grato.

Olho para o lado quando escuto uma movimentação, e então vejo apenas Aurora caminhando
até nós.

- Já terminaram de fazer as malas da Olívia? - Fred pergunta a ela.

- Olívia ainda está organizando algumas coisas. - Ela responde.

Depois de dizer aos pais que iria voltar a morar comigo Olívia foi arrumar seus pertences e sua
mãe foi junto.
Como previsto Fred ficou feliz com a notícia, mas Aurora não parece nem um pouco animada
comigo.

Depois de tudo que eu fiz é aceitável que ela me odeie ou que não confie em mim, por isso irei
lhe provar que eu amo a sua filha, e que em hipótese alguma irei sair do seu lado.

- Podemos conversar um pouco Derek? - Aurora pergunta.

- Claro. - Balanço a cabeça em confirmação.

Aurora começa a caminhar em direção a cozinha, e mais do que depressa me levanto do sofá e
a sigo a uma distância segura.

- Não seja tão dura com ele Aurora! - Fred grita.

Tenho sorte de ter o meu sogro ao meu lado, caso contrário minha vida estaria ainda mais
complicada.

- Sente-se. - Aurora aponta para a cadeira.

- Obrigado. - Agradeço.

Me sento rapidamente, e ela fez o mesmo ficando de frente para mim.

- Desde o começo eu achei absurdo casar minha filha com um homem desconhecido, e até
mesmo não ajudei Fred com seus planos malucos no começo. Acabei concordando depois de
descobrir sobre sua doença, mas ainda assim não queria forçar Olívia a nada, mas acabei me
calando no final das contas porque achei que você era um homem tão bom quanto Fred dizia
que era.

- Me desculpe por desapontá-la. - Peço.

- Achei que com o tempo acabariam se amando, mas quando Olívia voltou para casa eu te
odiei, mas me odiei ainda mais por ter sido uma mãe tão fraca, e me mantido calada quanto
aos planos do Fred. Depois de ter sido tão negligente com Olívia não tenho o direito de falar
nada, mas eu quero te pedir para que cuide da minha filha.

Como assim Aurora não está me detonando? Quando ela me chamou para conversar com
achei que era para dizer o quanto me odeia.

- Eu farei isso. - Digo.

- Se realmente ama Olívia como diz a faça muito feliz, mas se tem alguma dúvida quanto a isso
a deixe em paz e suma da sua vida. - Ela fala. - Será bem mais fácil para ela superar enquanto
está tudo tão recente.

- Eu amo sua filha e não tenho intenção alguma de deixá-la tanto agora, como no futuro. - Digo
com convicção.

Nunca tive tanta certeza de uma coisa como tenho sobre amar Olívia. Ela foi a melhor coisa
que aconteceu em minha vida, e em hipótese alguma a deixarei escapar de mim.

- Se realmente está sendo sincero, estarei torcendo para que sejam muito felizes.

- Eu agi muito mal com todos vocês, e apesar de achar que não mereço seu perdão ou sua
confiança eu ainda os desejo.

- Não posso dizer que confio plenamente em você, mas o meu perdão você já o tem. - Aurora
sorri largo.

- Obrigado minha sogra. - Agradeço.

Leve o tempo que precisar irei reconquistar a confiança de todos em mim, e apesar de saber
que pode levar um bom tempo, não tenho intenção alguma de desistir.

- Cuide bem da nossa garota. - Seus olhos se enchem de lágrimas.

- Eu prometo que farei isso.


- Obrigada. - Aurora agradece.

- Não precisa agradecer.

Aurora se levanta da cadeira e eu faço o mesmo, e após colocá-la no mesmo lugar começo a
caminhar para fora da cozinha.

- Eu já ia até vocês. - Olívia fala ao nos ver. - O que estavam conversando?

- Segredo. - Sorrio largo.

Olívia olha para a mãe de forma interrogativa, mas Aurora da de ombros enquanto fala:

- Se Derek disse que é segredo, então é segredo.

Aurora começa a andar em direção ao Fred que assiste TV tranquilamente, e ao olhar para
Olívia percebo o quanto ela está curiosa.

- O que a mamãe disse? - Indaga. - Te ameaçou?

- Sim. - Confirmo com a cabeça. - Ela disse que iria arrancar meu coração se eu te fizesse
sofrer.

- Mentiroso. - Olívia sorri largo.

- Aurora pediu para eu cuidar bem de você. - Digo.

- Só isso? - Pergunta.

- Disse outras coisas, mas você não precisa saber curiosa.


Envolvo meus braços em volta da sua cintura e a puxo para mais perto, e logo em seguida lhe
dou um beijo na testa.

- Já está pronta para ir para casa? - Pergunto.

- Sim. - Olívia sorri lindamente.

- Seremos muito felizes.

- Nós seremos sim. - Ela confirma com a cabeça.

Lhe dou um rápido beijo nos lábios, e quando nos afastamos pego sua mão e aperto com
firmeza enquanto caminhamos até os pais da Olívia.

- Vamos voltar para casa papai. - Olívia fala. - Qualquer coisa me ligue.

- Não se preocupe com esse velho e apenas aproveite seu casamento. - Fred sorri largo.

- Como se isso fosse possível. - Ela resmunga baixinho.

Olívia abraça o pai e a mãe ao mesmo tempo, e é perceptível o quanto ela está se segurando
para não começar a chorar na frente deles.

Eu sei como é difícil perder os pais, e sei que essa dor jamais vai embora por mais que deseje
isso, por isso estarei ao seu lado lhe confortando quando for necessário.

- Espero que sejam muito felizes. - Aurora deseja.

- Nós seremos. - Olívia fala.

- Eu te amo minha pequena. - Fred diz. - Te amo mais que tudo nesse mundo.
- Eu também te amo papai.

Olívia beija o rosto do pai e se afasta dele com os olhos marejados de lágrimas, e tenho que
assumir que até eu estou com um nó na garganta e prestes a começar a chorar.

- Por que estão tão desanimados? - Fred pergunta. - Sorriam, estão prestes a recomeçar a vida
de vocês juntos como um casal que se ama.

Olívia pega minha mão é aperta com firmeza enquanto me olha profundamente, e nesse
momento percebo mais uma vez o quanto tenho sorte por ter o amor dessa mulher.

- Nós seremos muito felizes. - Olívia sorri largo.

Levo sua mão aos lábios e a beija com carinho, em seguida a puxo para um abraço apertado
que é retribuído por ela.

- Sim meu amor, nós seremos muito felizes. - Digo com convicção.

Epílogo

🌻Três anos depois🌻

- Enfim consegui fazer Fred dormir.

Derek se joga na cama, e mais do que depressa me aproximo dele e deito minha cabeça em
seu peito.

- Foi tão difícil assim? - Pergunto.

- Com toda certeza foi, você sabe que ele descobriu como fazer birras e agora não para mais.

- Acho que ele puxou isso de alguém. - Sorrio largo.


- De mim que não foi.

- Até parece que não querido. - Gargalho alto.

Derek sabe fazer birras quando quer, e ele também sabe como é infantil fazer isso, mas ele
continua fazendo sem vergonha alguma.

- Fred acha que é gente grande e quer ir dormir tarde. - Derek ri baixinho.

- Ele está crescendo.

Já tem algum tempo que Fred começou a querer ir dormir tarde, por isso temos que obrigá-lo
a se deitar mais cedo, pois ele ainda é uma criança.

Já tem algum tempo também que ele começou a fazer birras, e tudo isso se deve ao fato da
dona Aurora fazer todos os seus gostos.

Quando ouvia dizer que avós estragam os netos não achava que isso era verdade, até meu
filho nascer e minha mãe mimá-lo mais que o necessário.

Agora Fred sempre faz manhas quando eu ou Derek dissemos não para alguma coisa, mas
como uma boa mãe que sou resolvo tudo com diálogos.

Fred tem apenas dois anos, mas se ele já sabe fazer birras para conseguir o que quer, também
tem que entender quando eu falo com seriedade com ele.

Crianças tem que aprender desde cedo a obedecer e a aceitar um não quando necessário, caso
contrário crescerão e acabarão sendo jovens fúteis e mimados.

Eu sei disso porque eu fui assim na minha adolescência. Sempre que eu queria alguma coisa
fazia chantagem emocional e isso desde bem novinha, e então meus pais me davam tudo o
que eu queria.
Como era de se esperar me tornei uma adolescente ingrata e mimada, e isso tudo se deu ao
fato de eu ter recebido poucos nãos dos meus pais.

Se Lily não tivesse praticamente esfregado em minha cara toda minha arrogância, talvez eu
não teria percebido a tempo como eu estava me tornando um ser humano desprezível.

Quis mudar depois que eu caí na real e desejei não ser uma pessoa horrível, e eu devo
agradecer a Lily por ter me ajudado a enchegar isso antes que fosse tarde demais.

Por saber como eu era na minha infância que irei criar meus filhos bem diferente de como eu
fui criada, e apesar disso não dar garantia alguma de que serão boas pessoas, ainda assim farei
tudo diferente.

Meus pais foram bons até demais comigo, e se na maioria das vezes tivessem me dito um não
ao invés de fazer meus gostos, muita dor de cabeça teria sido evitado.

- Não deveríamos ter outro filho? - Derek pergunta do nada.

- Fred ainda é muito novinho, vamos esperar por mais algum tempo.

- Então vamos treinar enquanto isso.

- Isso eu concordo. - Sorrio largo.

Quero mais filhos sim, mas quero que Fred seja um pouco mais velho, porque eu não quero
ser uma mãe negligente.

Se eu tiver um bebê agora, terei que dar mais atenção a ele, e em hipótese alguma quero que
Fred se sinta menos amado ou excluído porque a maioria da minha atenção estará voltada ao
irmãozinho.

- Aurora deu notícia? - Derek pergunta.

- Ela voltará para casa semana que vem.


- Quanta coisa ela terá comprado para Fred nessa viagem?

- Provavelmente alugará um avião só para transportar os presentes do neto. - Sorrio largo.

Minha mãe está realizando o sonho da sua vida que é viajar pelo mundo, e em todas as
viagens que faz sempre trás muitas coisas para Fred.

Tem um quarto da casa que já está praticamente cheio só dos presentes que ela compra, e por
mais que pedimos para ela parar, é a mesma coisa de pedir para as paredes.

Desde muita nova mamãe tinha vontade de viajar por vários lugares diferentes, mas nem ela e
nem o papai tinham condições para bancar tamanho luxo, e quando enfim começaram a ter
lucros na empresa, papai ficava tão ocupado que não tiveram tempo para fazer isso.

Uma semana após a morte do meu pai, mamãe descobriu que ele planejou sua viagem para
vários países diferentes. Acho que ele fez isso para que ela tivesse a chance de realizar seu
sonho depois de anos, e porque ele sabia que de alguma forma isso a ajudaria passar pelo luto.

Minha mãe não queria viajar, porque ela desejava ter feito isso na compainha do seu marido, e
ela só acabou concordando depois que eu insisti muito para que ela aceitasse.

Um mês depois de ter me contato sobre sua doença, papai veio a óbito enquanto dormia. Não
foi nada fácil para todos nós, e mesmo que tenha se passado anos após sua morte, ainda assim
é difícil me lembrar dele e não sentir um aperto no peito.

A dor da perda de alguem que se ama é uma coisa que jamais vai embora por mais que deseje
isso. Pode ser mais fácil de lidar com ela conforme o tempo for passando, mas esquecer
completamente é algo impossível de acontecer.

Coloquei o nome do meu pai no meu filho, e isso faz eu me lembrar deles todos os dias, mas
eu me recordo do meu velho com amor, e graças a Deus não tenho arrependimentos ou
traumas por ter o maltratado em vida, ou por ter sido uma péssima filha.
O único arrependimento que tenho e de ter ficado um tempo sem conversar com ele após o
meu casamento com Derek. Perdi alguns meses da sua vida porque eu estava brava, e esse
tempo perdido eu poderia ter passado ao seu lado.

Se eu soubesse o real motivo que o levou a me casar com um desconhecido, teria sido tudo
mais fácil, como muita coisa teria sido evitada, mas agora é tarde demais para
arrependimentos.

Não posso voltar no tempo e mudar tudo por mais que eu queira, por isso tive que aceitar o
que aconteceu e seguir com minha vida.

- No que está pensando? - Derek pergunta.

- No meu pai. - Respondo.

- Você sente muita falta dele não é?

- Todos os dias. - Assumo.

Infelizmente papai não teve a chance de conhecer o neto, e ele não teve a chance de ver meu
casamento com o homem que ele escolheu para mim dar certo.

Em pleno século 21 isso é considerado um absurdo, e até eu mesma acho isso, mas eu tive a
sorte grande de ter me casado com um bom homem e que me ama de verdade.

Derek foi uma das melhores coisas que pode acontecer na minha vida, e isso se deve ao fato
do meu pai o ter escolhido para ser meu marido.

Quando me disseram que eu teria que me casar com um homem que eu nunca havia visto
antes, fiquei perplexa e muito brava. Em momento algum passou por minha mente que meu
casamento teria um futuro, e aqui estamos nós, nos amando e respeitando cada dia mais.

Se alguém me dissesse no passado que eu iria me casar sem amor, e depois de alguns meses
de casada estaria amando meu marido, com toda certeza riria da cara dessa pessoa e a acharia
louca.
Isso tudo aconteceu, e por mais que seja louco eu sou tão grata por meu pai ter visto meu
futuro ao lado do Derek quando eu ainda nem o amava.

Conheci o amor da minha vida em circunstâncias malucas, e apesar desse amor ter me ferido
no passado, não me arrependo nem um pouco de ter lhe dado mais uma chance.

Por um período de tempo fiquei receosa e com medo de que Derek estivesse mentindo para
mim, mas conforme o tempo foi passando eu percebi que ele realmente me amava, e isso só
faz eu ter ainda mais certeza que havia feito a escolha certa ao perdoá-lo.

Algumas pessoas podem até pensar que sou burra por ter dado mais uma chance ao homem
que me usou e me feriu, mas eu prefiro perdoar, e não me arrependo por isso.

Temos nossas diferenças, e como todo relacionamento o nosso também não é perfeito, mas
sabemos respeitar o espaço um do outro. Eu o amo a cada dia mais e sei que meu amor é
retribuído, e isso é o que realmente importa para mim.

- Olívia?

- Sim?

- Eu te amo. - Derek fala.

- Eu também te amo. - Sorrio largo.

Derek começa a mexer em meu cabelo, e eu fecho os olhos porque amo essa sensação.

- Eric pediu a namorada em casamento hoje. - Derek fala.

- Até que enfim. - Sorrio largo.


Eric começou a namorar uns dois meses depois que voltei para casa, e até agora não tinha
tocado no assunto de casamento. Eu já estava pensando que ele estava enrolando a pobre
moça, mas ainda bem que eu estava errada.

Patrick também pediu Lily em namoro na mesma época, só que eles se casaram alguns meses
depois. Lily não esperou muito tempo para ser mãe, e o mais incrível foi que nossos filhos
nasceram no mesmo dia. Qual a probabilidade disso acontecer?

- Já está dormindo amor? - Derek pergunta.

- Não. - Respondo.

- O que acha que começar o nosso treinamento agora mesmo?

- Acho uma ótima ideia. - Sorrio largo.

Derek deita sobre mim de repente, e então beija minha testa, em seguida beija minha
bochecha e meu pescoço.

- Eu te amo tanto. - Ele fala.

- Eu também te amo.

Envolvo meu braço em volta do seu pescoço e o puxo para mais perto de mim, e então beijo
seus lábios convidativos.

Derek começa a aprofundar o beijo, mas de repente sinto meu estômago embrulhar e mais do
que depressa o empurro para o lado e me levanto da cama.

Corro em direção ao banheiro, e assim que o adentro levanto a tampa do vaso e coloco para
fora todo meu jantar.

- Você está bem? - Derek passa a mão por minhas costas.


Dou a descarga no vaso e então me levanto muito irritada, e quando Derek vê minha feição ele
da um passo para trás.

- Se tiver me engravidado eu vou te matar Derek! - Digo muito brava.

🌻Fim🌻

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