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Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa

2º ano da Licenciatura em Fisioterapia


Ano letivo 2021/2022

Relatório final
Estudantes universitários e o seu consumo máximo de
oxigénio

Trabalho realizado no âmbito da Unidade Curricular Fisiologia do


Exercício
1º semestre
Regente:
Professora Maria Teresa Tomás
Docente:
Professora Maria Teresa Tomás
Professora Hermínia Dias
Professora Patrícia Mota
Discente:
Beatriz Afonso Genízio n° 2020325
Daniela Rodrigues Tavares n.º 2020695
Grupo E
Lisboa, dezembro de 2021
Índice
Índice de Imagens.....................................................................................................................................ii
Índice de Anexos ......................................................................................................................................ii
Glossário ..................................................................................................................................................iii
1. Introdução ....................................................................................................................................... 1
2. Enquadramento teórico .................................................................................................................. 1
3. Método ............................................................................................................................................ 3
3.1. Procedimento .......................................................................................................................... 3
4. Discussão ......................................................................................................................................... 5
5. Conclusão ........................................................................................................................................ 8
6. Referências Bibliográficas................................................................................................................ 8

Índice de Imagens
Tabela 1. ........................................................................................................................................................ 5
Tabela 2 ......................................................................................................................................................... 5

Índice de Anexos

Anexo A
Consentimento informado ................................................................................................................. 9
Anexo B
Valores standartizados para o fitness cardiorespiratório medidos num teste ergométrico de
passadeira...................................................................................................................................... 10
Valores standartizados para o Índice de Massa Corporal (IMC) ..................................................... 11

ii
Glossário
Escola Superior de Saúde e Tecnologia – ESTeSL
Queen’s College Step Test – QCST

Consumo máximo de oxigénio - 𝑉̇O2máx

Consumo de oxigénio - 𝑉̇O2


Frequência Cardíaca – FC
Frequência Cardíaca Máxima - FCmáx
Volume sistólico – VS
Diferença do conteúdo arteriovenoso misto – D(a-v)O2
Ventilação Minuto – VE
Escala de Borg – RPE
Índice de Massa Corporal – IMC
Horas de sono por dia – HSD
Horas de estudo por dia – HED

iii
1. Introdução

No âmbito da Unidade Curricular de Fisiologia do Exercício, do 1.º semestre do 2° ano


da licenciatura de Fisioterapia na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa
(ESTeSL), foi-nos sugerido a realização de um relatório sobre um dos testes de exercícios
submáximos lecionados em aula de forma a aprofundar e fundamentar a matéria associada à
realização do mesmo.
O teste escolhido foi o Queen’s College Step Test (QCST) para a avaliação da
capacidade aeróbia de 8 indivíduos (5 raparigas e 3 rapazes) dentro da mesma faixa etária
de forma a comparar os resultados obtidos com os valores de referência disponíveis.
Atualmente o nível de fitness físico é definido através de características que os indivíduos
possuem ou alcançam. Estas características relacionam-se com a habilidade da performance
do exercício físico, pelo que se dividem em dois tipos de componentes: componentes
relacionadas com a saúde e componentes relacionadas com a habilidade. As componentes
relacionadas com a saúde englobam a capacidade aeróbia, força muscular, flexibilidade,
resistência muscular e composição corporal, pelo que as componentes relacionadas com a
habilidade incluem a agilidade, equilíbrio, coordenação, velocidade e tempo de reação. A
capacidade aeróbia foi estabelecida, por estudos mais antigos, como um dos melhores
preditores quando avaliada a taxa de mortalidade e morbilidade em portadores de doenças
coronárias1 .
A energia usada pelas fibras musculares contráteis usadas durante o exercício físico não
podem ser medidas diretamente. Existem diversos métodos em laboratório que podem ser
usados para calcular a energia despendida em repouso e durante a atividade física, sendo
um deles o Queen’s College Step Teste (QCST), que permite avaliar o estado físico do
organismo do indivíduo que é sujeito ao mesmo, através do uso da frequência de recuperação
(FCrecuperação).

2. Enquadramento teórico

O 𝑉̇O2máx pode ser determinado utilizando o valor da ventilação–minuto (VE) dado


através de uma prova de esforço onde é feita uma análise de gases ou por meio de testes
máximos ou submáximos. Os testes submáximos, ao serem comparados com os testes
máximos, mostram ser menos precisos pelo valor do 𝑉̇O2máx ser obtido através de cálculos
através de uma equação pré-definida. Apesar dessa condição e devido a preocupações
quanto à segurança, eficácia do equipamento, custo, gestão e tempo, os testes submáximos
acabam por ser os mais utilizados para este efeito. Normalmente, os step test são os testes

1
de eleição pelo facto de requerem de pouco espaço e de um curto intervalo de tempo para a
realização dos mesmos sendo bastante convenientes para a comparação com outros testes2.
Há diversas modalidades de execução de testes que incluem testes de campo, testes de
passadeiras, testes de bicicletas ergométricas e testes de step. O teste utilizado nesta análise
será um teste de campo, o Queen’s College Step Test (QCST), que requer a utilização de um
step com uma altura de 41,25cm. Devido às suas vantagens de custo e uso mínimo de
equipamento, este tem a possibilidade de ser utilizado em diversas populações de modo a
determinar o 𝑉̇O2máx, quando não há disponibilidade para utilização de equipamentos mais
sofisticados3.
Existem dois tipos de step test: múltiplas fases (incremental multi-stage) e uma única fase
(single-stage)3. O QCST enquandra-se nos testes de única fase uma vez que é de curta
duração (3 minutos) e usa a frequência de recuperação para a estimação do 𝑉̇O2máx.
Este teste apresenta valores de 𝑉̇O2máx validados desde 1972, sendo assim um teste
válido para a caracterização do estado físico do indivíduo1.
O consumo máximo de oxigénio, relaciona-se o Princípio de Fick que é caracterizado pelo
produto entre os componentes centrais, como o volume sistólico (VS) e a frequência cardíaca
(FC) e os componentes periféricos, diferença do conteúdo arteriovenoso misto (D (a-v) O2),
sendo a sua equação final a seguinte: 𝑉̇O2 = VS x FC x D (a-v)O2. O 𝑉̇O2 é assim o produto
entre o débito cardíaco (DC), dado através do produto entre VS e FC, e a diferença do
conteúdo arteriovenoso misto de oxigénio.
É assim a quantidade de O2 consumida para satisfazer as necessidades de produção de
energia mecânica. Logo, quanto mais O2 consumido, maior é a capacidade de produção de
energia mecânica4. Conhecer a capacidade respiratória ou o consumo de oxigénio máximo
(𝑉̇O2máx) dos indivíduos é uma vantagem para a monitorização, prescrição ou diagnóstico
daqueles que pertencem a grupos de risco.
Como resposta ao exercício físico agudo há mudanças que ocorrem ao nível da resposta
cardiovascular, sendo uma delas o aumento do fluxo sanguíneo para os músculos que se
encontram em trabalho4. Um outro ajuste que ocorre é na variação da FC que vai permitir
evidenciar as alterações contínuas entre o sistema parassimpático-simpático que controlam o
ritmo sinusal.
A análise desta variação é um método não invasivo que torna possível quantificar as
contribuições relativas do sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático.
O QCST utiliza uma equação onde uma das variáveis é a FC, uma vez que esta revela
informação essencial sobre o stress cardiovascular, sendo um bom indicador sobre a
intensidade do exercício4.

2
Durante o teste vai ocorrer o aumento da FC, em relação a valores pré-existentes, que
permanece durante a prática da atividade física devido à resposta vagal, pelo que acontece
de forma diretamente proporcional com o aumento da mesma, até à ocorrência da
aproximação ao nível de exercício máximo 4. Sendo um teste submáximo o QCST não atinge
a FCmáx pelo que é suposto atingir, no máximo, 85% da mesma.
A FCmáx é o valor mais alto que a FC de um indivíduo pode assumir até ao aparecimento
da fadiga, que, depois de determinada, é um valor altamente fiável e que não se relaciona
com a atividade ou inatividade do indivíduo, mas sim com a sua idade (FCmáx =220- idade)4.
No teste QCST é utilizada uma escala de forma a classificar a percepção de esforço dos
participantes. A escala é a Escala de Borg (RPE), uma vez que possui uma correlação com o
consumo máximo de 𝑉̇O2 e com a FC.
Esta permite clarificar se determinado exercício ou intensidade se adequa ao indivíduo em
avaliação.4 Apresenta um intervalo de valores de 6 a 20, sendo que os exercícios de
intensidade moderada assumem, normalmente, uma pontuação entre 12 e 16, e os exercícios
de alta intensidade assumem, por norma, valores de 16 a 20.4 Quando a sua utilização é feita
corretamente, tem provado ser bastante precisa no que consta à monitorização da percepção
de esforço, daí ser a escala eleita na maioria dos testes de exercícios submáximos.

3. Método
3.1. Procedimento
Para a realização do teste foi necessário a utilização de um step de 41,25 cm, um
metrónomo e um cronómetro.
O teste foi aplicado a estudantes da ESTeSL dos cursos de Fisioterapia (5 alunos) e
Ortótica e Ciências da Visão (3 alunos) com idades compreendidas entre 18-20 anos sem
qualquer tipo de patologia que possa ser exacerbada pela realização do teste, como
taquicardia ou bradicardia, patologias do foro músculo esquelético que agravem com a prática
de exercício físico, estenose ao nível da artéria coronária ou da válvula aórtica, desequilíbrio
eletrolítico, hipertensão severa, condições psiquiátricas e doenças metabólicas não
controladas. Apenas 4 dos participantes praticam exercício físico.
Todos os participantes assinaram um consentimento escrito, que se encontra em anexo
(Anexo A).
Foi solicitado a todos os participantes que estivessem em jejum 2 horas antes do teste,
não ingerissem quaisquer tipo bebidas estimulantes (como café e/ou refrigerantes) 2 horas
antes da realização do teste, não praticassem exercício físico nas 24 horas anteriores à
realização do mesmo e que não tomassem beto-bloqueantes. Estas exigências devem se ao
facto da precisão dos valores do VO2máx estarem diretamente relacionados com a resposta

3
que a FC do indivíduo vai ter durante o teste, daí terem sido excluídos fatores que alterassem
esta resposta.
Para garantir a resposta mais fiável da FC, todos os indivíduos estiveram em repouso,
sentados numa cadeira, durante 3 minutos antes da realização do teste. Após estes 3 minutos
foram recolhidas informações pessoais e foi feita a medição do pulso radial durante 15
segundos, tendo depois sido efetuada a multiplicação desse valor por 4, para obter o valor
dos 60 segundos. Todos os dados recolhidos encontram-se representados na Tabela 1.
Previamente à realização do teste, o mesmo foi executado por uma das avaliadoras de
forma a que os participantes visualizassem o que era pretendido. Depois de garantir que o
teste tinha sido percebido foram dadas as seguintes indicações
“Agora vai subir e descer o degrau ao ritmo que está a ouvir. Não deve parar, mas caso
sinta essa necessidade, não tem problema, pode fazê-lo. Irei avisar de minuto a minuto, sendo
que o teste é de apenas 3 minutos. A meio da prova terá de trocar a perna com que está a
subir, mas não se preocupe que darei aviso quando chegar a altura.
Quando o tempo acabar volta a sentar-se na cadeira que se encontra ao lado do step.
Deve permanecer sempre com a máscara colocada.”
O metrónomo foi colocado a 88 bpm para as raparigas e 96 bpm para os rapazes, dando
assim um total de 22 passos por minuto e 24 passos por minuto, respetivamente.
Após os 3 minutos de teste, os estudantes avaliados voltaram a sentar-se e foi feita
novamente a medição do pulso radial aos 3:05min, durante 15 segundos (3:20min), sendo
este o valor da FCrecuperação.
Através da FCrecuperação foi calculado o valor predito de VO2máx de acordo com as
seguintes equações:

Homens: 𝑉̇ 𝑂2𝑚á𝑥 (𝑚𝑙 ∙ 𝑘𝑔 − 1 ∙ 𝑚𝑖𝑛 − 1 ) = 111.33 − (0.42 × 𝐹𝐶𝑟𝑒𝑐𝑢𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜)

Mulheres: 𝑉̇ 𝑂2𝑚á𝑥 (𝑚𝑙 ∙ 𝑘𝑔 − 1 ∙ 𝑚𝑖𝑛 − 1 ) = 65.81 − (0.1847 × 𝐹𝐶𝑟𝑒𝑐𝑢𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜)

Todos os valores obtidos encontram-se representados na Tabela 2

4
Desvio
A B C D E F G H Médias
(+/-)

Género F F F F F M M M s.d s.d


Idade
20 19 19 19 19 20 18 19
(anos) 19,13 0,64
Peso
70 62 58 55 52 95 104 70
(Kg) 70,75 19,02
Altura
1,71 1,55 1,62 1,64 1,61 1,75 1,85 1,82
(m) 1,69 0,11
IMC
23,94 25,81 22,10 20,45 20,06 31,02 30,39 21,13 24,36 4,35
FC rep
72 76 56 64 87 96 92 72
(bpm) 76,88 13,87
HSD
7 6 7 7 8 6 7 7
(horas) 6,88 0,60
HED
4 2 5 5 4 1 2 4
(horas) 3,38 1,51
Tabela 1 . Dados gerais dos estudantes universitários (Género feminino (F) masculino (M); Idade;
Peso; Altura; Índice de Massa Corporal (IMC); Frequência de repouso (FCrepouso); Horas de
Sono por Dia (HSD); Horas de Estudo por Dia (HED)

A B C D E F G H

FC Predita (bpm) 200 201 201 201 201 200 202 201
FC repouso (bpm) 72 76 56 64 87 96 92 72
FC recuperação (bpm) 92 100 80 108 164 166 132 136
VO2máx (ml/Kg/min) 48,82 47,34 51,03 45,86 35,52 41,61 55,89 54,21
Percentagem de FC utilizada
46,00 49,75 39,80 53,731 81,592 83,00 65,35 67,66
(%)
Percentil (%) 80/85 80/85 85/90 70/75 40/45 25/30 75/80 70/75
RPE 19 17 6 9 14 11 14 9
Tabela 2 . Cálculo do consumo máximo de oxigénio (VO2máx) através da frequência cardíaca de
recuperação do indivíduo, a sua comparação com os valores estabelecidos para o seu género e
faixa etária e a perceção de esforço que cada indivíduo sentiu através da Escala de Borg.

4. Discussão
De acordo com a evidência explorada serão fundamentadas as diferenças obtidas nos
valores de 𝑉̇O2máx. Serão analisadas as diferenças obtidas do mesmo quando utilizados
fatores como a idade, o género, o IMC, o número de horas de estudo por dia e a atividade
física, que poderão influenciar de uma forma positiva ou negativa.
A evidência científica utilizada para fundamentar este trabalho foi acedida através das
bases dados PubMed, Google Académico e B-on.
Os resultados das estudantes A e B não são válidos, uma vez que ambas efetuaram
paragens durante a execução do teste. A estudante A fez três paragens sendo que duas delas

5
foram de duração relativamente longa (cerca de 20 segundos cada), o que lhe permitiu ter
tempo suficiente para que a sua FC recuperasse, isto é, o resultado de 𝑉̇O2máx não é o real,
tendo em conta que neste teste não é suposto haver paragens. A estudante B também efetuou
paragens, mais especificamente, 3 paragens, mas de durações mais curtas, pelo que a
recuperação não foi tão elevada como no caso da estudante A. Através da visualização dos
valores no Anexo B, é possível constatar que ambas obtiveram um 𝑉̇O2máx dentro percentil
entre 80 e 85, o que demonstraria uma boa capacidade cardiorrespiratória. Como ambas
pararam e por um tempo significativo, não podemos validar os seus resultados, visto que a
FCrecuperação não é verdadeira, uma vez que tiveram tempo para descansar no tempo das
pausas efetuadas, pelo não serão utilizados estes valores nas comparações que irão ser feitas
posteriormente.
As estudantes C, D, E, F, G e H obtiveram resultados válidos uma vez que foi
necessário efetuar nenhuma paragem e conseguiram estar sempre dentro do ritmo que estava
imposto para o seu teste (88bpm e 96bpm). Os indivíduos E e F encontram-se num percentil
inferior ao esperado no que diz respeito ao consumo de oxigénio máximo, sendo que os seus
valores foram 40/45 e 25/30, respetivamente. Os restantes indivíduos C, D, G e H encontram-
se em percentis mais elevados, atingindo valores de 85/90, 70/75, 75/80 e 70/75,
respetivamente.
Um dos fatores que altera os valores do consumo de oxigénio é a idade devido ao
processo de sarcopénia que é caracterizado como a perda de massa muscular a partir dos 30
anos de idade. Uma vez que a nossa população em estudo não está dentro deste intervalo
de idades não será abordado no mesmo.
Comparando os valores de 𝑉̇O2máx dos estudantes F, G e H com os valores dos
estudantes C, D e E podemos observar uma diferença nos mesmos, sendo que o primeiro
grupo apresenta valores superiores. Esta diferença pode ser explicada através da fisiologia
dos homens e mulheres. Os homens têm um maior aporte de massa muscular e menor
percentagem de gordura, em relação às mulheres, o que faz com que o seu nível de
hemoglobina seja mais elevado, permitindo uma capacidade superior no transporte de
oxigénio. Sabendo que 𝑉̇O2máx é determinado em função da capacidade do sistema
ventilatório, cardiovascular e neuromuscular, é possível concluir que as mulheres irão possuir
um valor inferior de 𝑉̇O2máx em comparação com os homens1.
Avaliando agora o IMC, isto é, o quociente entre o peso e a altura ao
𝑃
quadrado (𝐼𝑀𝐶 = 𝐴2 ) dos estudantes, podemos constatar, com recurso à tabela que se

encontra no Anexo B, que C, D, E e H se encontram na categoria de peso normal, isto é, o


seu peso é indicado para a sua altura, enquanto F e G têm excesso de peso pertencendo às
categorias obesidade e obesidade de classe I, respetivamente. Comparando os valores de

6
𝑉̇O2máx de indivíduos do mesmo género, mas com diferentes IMC’s, é possível observar que
o sujeito H possui um 𝑉̇O2máx superior ao indivíduo F, mas inferior a G, pelo que tal facto
pode ser explicado pela idade dos indivíduos. A diferença entre os valores do consumo de
oxigénio máximo para indivíduos não obesos, podem ser explicadas pelo facto de
apresentarem uma melhor função cardiorrespiratória comparativamente aos participantes
obesos5.
Relativamente à variável horas de estudo diárias (HED), abordada no nosso estudo, é
uma atividade que implica poucos movimentos, ou seja, é considerada inativa fisicamente,
pelo que maiores valores de horas de estudo sugerem maior inatividade física5. É notório que
as raparigas apresentam horas de estudo diárias superiores em relação aos rapazes, sendo
que este poderá ser um motivo para o seu 𝑉̇O2máx ser inferior como podemos observar
através da Tabela 1, onde os participantes C, D e E possuem valores de HED superior a F,
G e H. Comparando o indivíduo C e D que estudam cerca de 5 horas por dia com os indivíduos
G e H, que estudam respetivamente 2 e 4 horas, podemos observar que C e D apresentam
valores de 𝑉̇O2máx inferiores, o que vai de encontro com as evidências científicas
referenciadas anteriormente. É importante ressalvar que esta diferença não se deve apenas
ao HED, uma vez que existem fatores como o género que vão afetar o valor de 𝑉̇O2máx, tal
como foi referido anteriormente. É possível observar que, em participantes do mesmo género,
ter um maior HED não é indicativo de um menor 𝑉̇O2máx como é constatado quando
comparados os indivíduos C e D com o E, uma vez que este último apresenta um valor de
VO2máx inferior aos outros dois, mas possui um menor HED, logo, esta variável não será a
mais indicada para comparações entre os valores de 𝑉̇O2máx.
É importante analisar os valores de RPE relatados pelos indivíduos após a execução
do teste, uma vez que estes dizem respeito à perceção subjetiva de esforço por parte de cada
um, sendo que este registo pode ser observado na Tabela 2. Os participantes E e G
apresentam o valor mais elevado na RPE, o que pode ser explicado pelo facto de não serem
indivíduos fisicamente ativos, sentindo uma maior sensação de esforço e/ou cansaço, por não
estarem na posse de uma capacidade aeróbica tão desenvolvida como a dos restantes
indivíduos.
Os participantes C, D, F e H são indivíduos fisicamente ativos, contrariamente aos
estudantes E e G, podendo justificar o facto de relatarem valores inferiores relativos à sua
sensação de esforço. O indivíduo F, apesar de treinado, relatou o maior valor de RPE, pelo
que é retirado como conclusão que tal se deve ao facto de este realizar apenas treinos de
hipertrofia e não realizar treinos de cardio, ou seja, treinos que melhorem a sua capacidade
aeróbia.

7
Devemos evidenciar que estes valores de RPE podem não ser totalmente verdadeiros,
uma vez que certos participantes relataram sentir um maior cansaço pela utilização da
máscara durante a realização da prova. Numa outra oportunidade este teste deve ser
realizado sem a utilização da máscara, de modo a constatar a possibilidade colocada
anteriormente.

5. Conclusão
Desta forma, concluímos que os estudantes do género masculino possuem valores de
𝑉̇O2máx superiores comparativamente às estudantes do género feminino. Isto deve-se ao
facto de os homens apresentarem uma fisionomia diferentes das mulheres no que diz respeito
à massa muscular. Por norma, os homens apresentam valores superiores de massa muscular
e menos gordura em relação às mulheres, o que faz com que possuam um nível mais elevado
de hemoglobina, determinando, desta forma, uma capacidade superior no transporte de O2,
contribuindo para valores mais elevado de VO2máx.
Concluímos também que as horas de estudo diárias dos estudantes, associadas a
horas de inatividade física, podem ser um motivo para menores valores de VO2máx nas
raparigas, comparativamente aos rapazes, uma vez que é considerada uma atividade de
pouca movimentação e, portanto, inativa fisicamente.

6. Referências Bibliográficas
1. Varghese RS, Dangi A, Varghese A. VO2 Max Normative Valeus Using Queen’s College Step
Test in Healthy Urban Indian Individuals of Age Group 20-50 Years. International Journal of
Science abd Research . 2020 Jun;9(6).

2. Seulgi-Choi, Sim S, Minjin-Kim, Hong JH, Lee DY, Yu JH, et al. Affect of different intensities of
queens college step tests on cardiopulmonary function and body composition in students.
Medico-Legal Update. 2019 Jul 1;19(2):441–6.

3. Hong SH, Yang HI, Kim D il, Gonzales TI, Brage S, Jeon JY. Validation of submaximal step tests
and the 6-min walk test for predicting maximal oxygen consumption in young and healthy
participants. International Journal of Environmental Research and Public Health. 2019 Dec
1;16(23).

4. Larry Kenney W, Wilmore J, Costill D. Physiology of Sport and Exercise. 2015.

5. Koju B, Chaudhary S, Joshi LR, Shrestha A. Cardio-respiratory Fitness in Medical Students by


Queen’s College Step Test: A Cross-sectional Study. Med Coll [Internet]. 2019;7(1). Available
from: https://doi.org/10.22502/jlmc.7i1.268

8
Anexo A
Consentimento informado
Somos estudantes do 2.º ano de Fisioterapia da Escola Superior de Tecnologia da Saúde
de Lisboa.
No âmbito da Unidade Curricular de Fisiologia do Exercício vimos convidá-lo a
participar num teste que visa avaliar a sua capacidade cardiorrespiratória. Este terá como
objetivo analisar os dados obtidos através do mesmo, de forma a perceber o estado físico em
que se encontra o seu corpo, de modo a poderem ser utilizados num trabalho realizado por
nós. A participação inclui uma breve entrevista, onde será feito o preenchimento do formulário,
que a seu pedido lhe poderá ser entregue previamente à entrevista (duração aproximada de
10 minutos) e a realização do teste (duração de 3 minutos) que será previamente demonstrado
à sua execução.
A sua participação é voluntária e as suas respostas serão confidenciais. Em nenhum
momento será identificada ou serão recolhidos dados que possam levar à sua identificação.
O teste poderá ser interrompido a qualquer momento sendo que este terá de ser
realizado nas instalações da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, visto que
será necessário a utilização de instrumentos específicos para a execução do mesmo.
Agradecemos muito a sua disponibilidade. Qualquer dúvida ou sugestão poderá
contactar uma de nós (Daniela Tavares – 961609494; nicastavares@gmail.com ; Beatriz
Genízio – 924232098; beatriz.genisio@gmail.com ).

Para a realização do teste pedimos que cumpra rigorosamente os pontos abaixo descritos:
• EVITAR exercício físico nas 24h anteriores ao teste
• NÃO consumir bebidas energéticas, álcool ou café nas 4h anteriores ao teste
• EVITAR ingerir qualquer tipo de alimento ou bebida nas 2h anteriores ao teste
• NÃO tomar betabloqueantes nas 24h anteriores ao teste

Este teste NÃO é aconselhado para pessoas com as seguintes condições:


• Taquicardia ou bradicardia
• Patologias do foro músculo esquelético que agravem com a prática de exercício físico
• Estenose ao nível da artéria coronária ou da válvula aórtica
• Grávidas
• Desequilíbrio eletrolítico
• Hipertensão severa
• Demência ou outras condições psiquiátricas
• Doenças metabólicas não controladas

Caso seja portador de alguma destas condições, por favor contacte-nos.

Local e data: __________________(local)_______(dia)___________(mês)_____(ano)

Assinatura de quem pede consentimento

9
Declaro ter lido e compreendido este documento, bem como as informações verbais que me
foram fornecidas pelas pessoas que acima assinam. Foi-me garantida a possibilidade de, em
qualquer altura, recusar participar neste estudo sem qualquer tipo de consequências. Desta
forma, aceito participar neste estudo e dou autorização para que os dados recolhidos durante
o estudo possam ser do conhecimento dos membros da equipa de investigação, sempre que
necessário para o estudo.

Assinatura:___________________________________________ Data:__/___/____

Anexo B
Valores standartizados para o fitness cardiorespiratório medidos num teste
ergométrico de passadeira
Idade de grupo
Homens
Percentil Grau 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79
90 Superior 61,8 56,5 52,1 45,6 40,3 36,6
80 Excelente 57,1 51,6 46,7 41,2 36,1 32,6
70 Bom 53,7 48 43,9 38,2 32,9 29,5
60 50,2 45,2 40,3 35,1 30,5 26,8
50 Médio 48 42,4 37,8 32,6 28,2 24,4
40 44,9 39,6 35,7 30,7 26,6 22,5
30 Fraco 41,9 37,4 33,3 28,4 24,6 20,6
20 38,1 34,1 30,5 26,1 22,4 18,9
10 Muito fraco 32,1 30,2 26,8 22,8 19,8 17,1

Idade de grupo
Mulheres
Percentil Grau 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79
90 Superior 51,3 41,4 38,4 32 27 23,1
80 Excelente 46,5 37,5 34 28,6 24,6 21,9
70 Bom 43,2 34,6 31,1 26,8 23,1 20,5
60 40,6 32,2 28,7 25,2 21,2 19,3
50 Médio 37,6 30,2 26,7 23,4 20 18,3
40 34,6 28,2 24,9 21,8 18,9 17
30 Fraco 32 26,4 23,3 20,6 17,9 15,9
20 28,6 24,1 21,3 19,1 16,5 14,8
10 Muito fraco 23,9 20,9 18,8 17,3 14,6 13,6
Fonte: Haff & Dumke, 2010

10
Valores standartizados para o Índice de Massa Corporal (IMC)
Rapazes

-3SD -2SD -1SD médio 1SD 2SD 3SD

18;0 15,7 17,3 19,2 21,7 24,9 29,2 35,4


18;1 15,7 17,3 19,3 21,8 25 29,3 35,4
18;2 15,7 17,3 19,3 21,8 25 29,3 35,5
18;3 15,7 17,4 19,3 21,8 25,1 29,3 35,5
18;4 15,8 17,4 19,4 21,9 25,1 29,4 35,5
18;5 15,8 17,4 19,4 21,9 25,1 29,5 35,5
18;6 15,8 17,4 19,4 22 25,2 29,5 35,5
18;7 15,8 17,5 19,5 22 25,2 29,5 35,5
18;8 15,8 17,5 19,5 22,1 25,3 29,6 35,5
18;9 15,8 17,5 19,5 22,1 25,3 29,6 35,5
18;10 15,8 17,5 19,6 22,1 25,4 29,6 35,5
18;11 15,8 17,5 16,9 22,2 25,4 29,7 35,5
19;0 15,9 17,6 19,6 22,2 25,4 29,7 35,5

Raparigas

-3SD -2SD -1SD médio 1SD 2SD 3SD

18;0 14,7 16,4 18,6 21,3 24,8 29,5 36,3


18;1 14,7 16,5 18,6 21,3 24,8 29,5 36,3
18;2 14,7 16,5 18,6 21,3 24,8 29,6 36,3
18;3 14,7 16,5 18,6 21,3 24,8 29,6 36,3
18;4 14,7 16,5 18,6 21,3 24,8 29,6 36,3
18;5 14,7 16,5 18,6 21,3 24,9 29,6 36,2
18;6 14,7 16,5 18,6 21,3 24,9 29,6 36,2
18;7 14,7 16,5 18,6 21,4 24,9 29,6 36,2
18;8 14,7 16,5 18,6 21,4 24,9 29,6 36,2
18;9 14,7 16,5 18,7 21,4 24,9 29,6 36,2
18;10 14,7 16,5 18,7 21,4 24,9 29,6 36,2
18;11 14,7 16,5 18,7 21,4 25 29,7 36,2
19;0 14,7 16,5 18,7 21,4 25 29,7 36,2
Fonte: Organização Mundial de Saúde
1SD – Excesso de peso; 2SD – Obesidade; -2SD – Abaixo do peso

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Adultos (>20)
IMC Estado de nutrição
menor que 18,5 subpeso
18,5-24,9 peso normal
25,0-29,9 pré-obesidade
30,0-34,9 obesidade classe I
35,0-39, Obessidade classe II
acima de 40 Obesidade classe III
Fonte: Organização Mundial de Saúde

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